Jornal O VETOR | 2ª quinzena de março/2016

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M i xxxxxxx scelanea

Luto

Drogas

Aos 12 anos de idade

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Naná Vasconcelos - Alunas são presas após Estudo traz dados morre um colocarem pimenta na preocupantes sobre o percussionista genial bebida de professora uso ilícito de opiáceos e maconha

Alto Paraíso, Março de 2016 - R$ 2,00

www.ovetor.com.br/ ovetor@ibest.com.br

Ano X - Edição LXXXXIII

8 prEm BaBa

Um guru para inspirar os políticos brasileiros às ações corretas

Em entrevista ao portal ac24horas, o paulistano Janderson Fernandes conta sua trajetória de vida até se tornar um Guru (mestre espiritual), depois de se encontrar, na Índia, com seu mestre Maharaji Shri Saccha. Prem Baba fala também de política e do despertar da consciência para a realidade. Páginas 9 e 12

8 alto paraÍSo

Conscientização sobre destinação correta do lixo e reciclagem ganha cada vez mais adeptos no município Empresa Reciclealto, em parceria com a prefeitura, conseguiu destinar para a reciclagem, nesse primeiro momento, uma média de 10% do montante de lixo reciclável que iria diretamente para o Lixão. Página 05

8 pESquiSa

Pequi em cápsula promete combater envelhecimento e inflamações.

Página 02

8 SaúdE Em ato na Câmara, profissionais alertam para prevenção de doenças renais.

Página 04

8 comunidadE participativa

Política definirá uso sustentável do capim-dourado

Elaboração do documento estadual conta com a participação das comunidades tradicionais de Tocantins. Página 04

8 Educação

Nova etapa do Pronatec oferece 2 milhões de vagas

O governo federal lançou na terça-feira(9), nova etapa do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), com a meta de oferecer 2 milhões de vagas em 2016: 372 mil para cursos técnicos e 1,627 milhão para cursos de qualificação profissional. Página 03

8 agEtop

Ação exige devolução de indenização Página 03 paga em razão de má gestão.

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artigo

A água nossa de cada dia, nos dai hoje

Página 05

João Beltrão Filho

8

doutrina ESpÍrita

O HOMEM E AS CALAMIDADES POEMA RIO QUE SANGRA

Roberto Cury

Página 06

8

litEratura & dirEitoS SociaiS A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FEMININA NA LITERATURA BRASILEIRA: A EVOLUÇÃO DA MULHER DE CLARISSA A MÚSICA AO LONGE, DE ERICO VERISSIMO

Larissa Cardoso Beltrão

Página 10


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BrASil

8 rEDução DE gAStoS

Março de 2016

8 SAÚDE

Agências dos Correios não vão mais abrir Pequi em cápsula promete aos sábados combater envelhecimento pesquisAs motrAm que o pequitem propriedAdes Anti-inflAmAtóriA e é especiAlmente funcionAl pArA pAcientes de lupus e diAbetes, Além de AjudAr no combAte à pressão AltA e ser indicAdo pArA AtletAs.

A pArtir de sábAdo (19),A mAioriA dAs AgênciAs dos correios não vAi mAis Abrir Aos sábAdos.A medidA é umA formA de reduzir

os gAstos dA empresA e tentAr chegAr Ao fim do Ano com o orçAmento em diA.ApenAs As AgênciAs com grAnde movimentAção, como em Aeroportos e rodoviáriAs, continuArão AbertAs Aos sábAdos.

O presidente dos Correios, Giovanni Queiroz, diz que até o fim do ano, a empresa espera economizar R$ 1,6 bilhão com ações de redução de despesas. Sabrina Craide**

O presidente dos Correios, Giovanni Queiroz, diz que até o fim do ano, a empresa espera economizar R$ 1,6 bilhão com ações de redução de despesas“Queremos fazer um ajuste financeiro para, que ao final deste ano, os Correios não tenham déficit como no ano passado”, explicou o presidente dos Correios, Giovanni Queiroz. O balanço de 2015 da empresa ainda não foi concluído, mas no final do ano passado, Queiroz estimava que o déficit da estatal chegaria a R$ 2 bilhões. Segundo o presidente, muitas agências são deficitárias e com baixo fluxo de clientes aos sábados, como a de Teófilo Otoni (MG), onde a receita média aos sábados é R$ 416 e a despesa para abrir é R$ 6,6 mil. “Não há nada que justifique estar aberta ao sábado”, diz. A medida não vale para as agências franqueadas dos Correios, só para as agências próprias. Atualmente, os Correios têm 6.471 agências próprias e 1.011 franqueadas. Redução de despesas Até o fim do ano, a empresa espera economizar R$ 1,6 bilhão com diversas ações de redução de despesas. Os Correios estudam a possibilidade

de fundir agências que estejam próximas, realocando os funcionários e fechando as que dão prejuízo. Ainda neste mês, um projeto-piloto deve começar a funcionar no Distrito Federal e depois pode ser levado para outras cidades do país. Queiroz deu o exemplo de sua cidade natal, Redenção (PA), onde atualmente há duas agências dos Correios, mas uma delas é pequena e deficitária. “Tem uma agência maior, em que faltam funcionários, e tem muito mais condições, fica a 800 metros da outra. Não faz sentido manter essa outra, porque tem um custo muito alto”, diz. Ele garante que nenhum município ficará sem pelo menos uma agência dos Correios. O presidente fez uma recomendação para que todas as agências reduzam o pagamento de horas extras e o trabalho noturno dos funcionários. No ano passado, a empresa pagou R$ 720 milhões com hora extra. “Em nenhuma circunstância vamos prejudicar o serviço, vamos fazer um ajuste de gestão”, garante. O corte pela metade dos gastos com publicidade e patrocínio, que no ano passado significou R$ 380 milhões, também é objetivo dos Correios para economizar. Outras

medidas administrativas, como revisão de contratos de aluguel, redução do uso de carros, telefone, viagens e diárias serão adotadas. Também será feita uma auditoria na folha de pagamento para detectar pagamentos irregulares de benefícios. Aumento de arrecadação Para aumentar as receitas, os Correios vão começar a prestar os serviços de telefonia móvel virtual, chamada de MVNO (Mobile Virtual Network Operator). A concorrência para escolher a operadora de celular que irá fazer a parceria com os Correios para vender o chip com a marca da empresa será feita nesta semana. Com o serviço, a empresa pretende arrecadar R$ 282 milhões nos cinco anos de contrato. Outra medida para aumentar a arrecadação dos Correios será a ampliação do número de agências que oferecem a venda de consórcios, como de veículos e imóveis, de 190 para 3,2 mil até o fim do ano. A estatal também vai investir no setor de logística e já iniciou a negociação para ser o operador logístico oficial de todos os setores do governo federal, como já faz com a distribuição de livros didáticos e de medicamentos. **Repórter da Agência Brasil

e inflamações Maiana Diniz **

A cor amarela do caroço do pequi, de onde a polpa cremosa é raspada, indica que o fruto é rico em betacarotenos, agentes antioxidantes capazes de combater radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce. O cheiro adocicado mostra que o alimento é rico em frutose, o açúcar bom das frutas. “Além disso, o óleo do pequi é chamado Ômega 9 e combate o colesterol ruim no sangue. Tem funções boas para o aparelho cardiovascular”, explica o biólogo César Grisólia, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), que estuda o fruto há 18 anos. Os benefícios do fruto são tantos que o pesquisador – com a contribuição de alunos da graduação e da pós-graduação da UnB – desenvolveu técnicas para transformar a polpa em cápsulas gelatinosas que conservam os nutrientes e devem ser ingeridas diariamente. Grisólia chama de “fantástico” o conteúdo nutricional do pequi. Típico do cerrado, ocorre com maior frequência nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Bahia e no Distrito Federal. É um alimento tradicional na culinária mineira e goiana, mas divide opiniões pelo cheiro e gosto fortes, o que também dificulta que seja ingerido diariamente. “Na polpa do pequi, 33% são fibras e sais minerais e os outros 66% são óleo. Por isso, a digestão dele é difícil”, explica o biólogo. “A gente fez o pequi em cápsulas para disponibilizálo o ano inteiro, porque o pequi só é encontrado em feiras entre novembro e fevereiro. E as pessoas podem tomar pequi todos os dias, sem ficar com esse desconforto de ficar com o estômago pesado”, acrescentou. Segundo Grisólia, a cápsula não tem o gosto forte, próprio do pequi.

lupus e diabetes, além de ajudar no combate à pressão alta e ser indicado para atletas. “Trabalhamos com atletas maratonistas, corredores de longas distâncias. Esses corredores passam por um estresse físico muito grande. O pequi inibe a formação de radicais livre nessas pessoas.” A recomendação são duas cápsulas por dia, sem contraindicação. O produto foi registrado na Agência de Vigilância Sanitária como nutracêutico, ou seja, uma substância de origem natural que melhora as funções orgânicas, como a renal e a cardíaca. Burocracia O pesquisador disse estar satisfeito pelas cápsulas de pequi chegarem aos consumidores após anos de estudo sobre o fruto. “É dificílimo levar a pesquisa ao mercado. A burocracia é pesada, mata a gente”, destacou. Grisólia argumentou que as leis atuais que regem as parcerias das universidades públicas com a iniciativa privada ainda desvalorizam os cientistas, apesar dos avanços trazidos pelos Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação – conjunto de regras que tem como uma das metas

transformar o conhecimento desenvolvido nas universidades até o setor produtivo. O pesquisador defende que o país precisa incentivar mais o desenvolvimento de patentes nacionais e, para isso, precisa valorizar os pesquisadores. “No processo, todo mundo ganha, mas o criador intelectual é o que menos ganha. Isso desmotiva quem faz ciência nas universidades públicas do Brasil. A regra tem que mudar.” Segundo o acordo firmado entre a UnB e a Farmacotécnica RTK, a empresa vai comercializar as cápsulas a partir de 14 de abril e pagar 2% de royalties para a UnB. “Nós não vendemos, nós licenciamos os direitos de uso. Foi uma transferência de nossos direitos de uso para a empresa”, explicou o cientista. Desse valor, dois terços vão para a universidade e um terço vai para o pesquisador. “Desse um terço que vem para mim, vou dividir com meus alunos que contribuíram com o estudo”, disse Grisólia. “A patente fui eu que desenvolvi com alunos, mas, pelas regras, a patente é minha e da UnB juntos”, acrescentou. ** Repórter da Agência Brasil

Propriedades Pesquisas mostram que o pequi tem propriedades antiinflamatória e é especialmente funcional para pacientes de

Jor­nal­o­Ve­tor Editado pela empresa Yabumoto e Naborfazan Ltda - CNPJ:­00544909/0001-00. Avenida João Bernardes Rabelo s/n – sobreloja –Setor Paraisinho – CEP 73770-000 - Alto Paraíso – Goiás. E-mail: ovetor@ibest.com.br / www.ovetor.com.br - Ge­ren­cia­do­Si­te­- Sumaya Naborfazan Jor­na­lis­ta­Res­pon­sá­vel Co­lunista­e­Articulista Roberto Cury Roberto Naborfazan rob cury@hot mail.com RP 1905/Mtb-GO - (62) 99583103 (naborfazan@gmail.com) Cir­cu­la­ção Goiânia e Região Metropolitana - Nordeste Goiano - Ti­ra­gem 10.000 (dez mil) exemplares

Di­a­gra­ma­ção Paulo Roberto (62)9138-0050 jornal10@gmail.com

Ar­ti­gos­as­si­na­dos­são­de­res­pon­sa­bi­li­da­de­de­seus­au­to­res­e­não­ex­pres­sam­ne­ces­sa­ria­men­te­a­li­nha­edi­to­ri­al­do­jor­nal

Artigos, cartas, sugestões ou reclamações deverão ser enviados para Rua 8, Qd. 12 Lt. 23, Bairro Cardoso II Aparecidade de Goiânia (GO) CEP: 74934-060 Fone: (62) 81491433


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cidAdAniA

Março de 2016

8 educAção

8 BolsA FAmíliA

O gOvernO federal lançOu na terça-feira(9), nOva etapa dO prOgrama naciOnal de acessO aO ensinO técnicO e empregO (prOnatec), cOm a meta de Oferecer 2 milhões de vagas em 2016: 372 mil para cursOs técnicOs e 1,627 milhãO para cursOs de qualificaçãOprOfissiOnal.

mp editada pela presidente dilma abriu créditO de r$ 420 milhões para Os ministériOs da ciência, tecnOlOgia e inOvaçãO, da defesa e dO desenvOlvimentO sOcial e cOmbate à fOme.

Nova etapa do Pronatec oferece2 milhões de vagas Ana Cristina Campos e Felipe Pontes**

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), um dos destaques desta etapa do programa é o fortalecimento do Pronatec EJA (Educação de Jovens e Adultos). A ideia é que os jovens e adultos que interromperam seus estudos tenham a oportunidade de participar do programa, tendo seus conhecimentos – oriundos do trabalho e de experiências anteriores – valorizados e aproveitados ao longo dos cursos. “Temos que dar a oportunidade que esse país não deu para os trabalhadores e trabalhadoras que quiserem voltar a estudar. Vamos associar o ensino técnico e a qualificação profissional com a educação de jovens e adultos. Ao mesmo tempo em que ele está se qualificando no Pronatec, ele pode concluir o ensino fundamental,

O Pronatec foi criado em 2011 pelo governo federal com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica

pode concluir o ensino médio. Nós queremos que eles voltem a estudar regularmente junto com a qualificação profissional”, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante cerimônia de lançamento do programa, no Palácio do Planalto.

O MEC também informou que os estudantes poderão optar pelo e-Pronatec, que permite à pessoa estudar online onde e quando preferir, de acordo com sua disponibilidade. Segundo a pasta, o aluno vai estudar por meio de plataformas digitais, simuladores, anima-

ções e outros métodos de aprendizagem na internet, na TV Escola e em outros canais educativos, oferecidos principalmente pelos institutos federais e pelo Sistema S. "Junto com o Senai estamos criando uma plataforma muito moderna que é o 'MecFlix'", disse Mercadante. "Vamos ter videoaulas lá, exercícios sempre disponíveis para fazer os cursos. Vai ter simuladores, orientação dos professores, uma sala para os estudantes poderem dialogar entre eles." O Pronatec foi criado em 2011 pelo governo federal com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. De 2011 a 2015, o Pronatec registrou 9,4 milhões de matrículas entre cursos técnicos e de qualificação profissional. No ano passado, foram 1,3 milhão de matrículas. **Repórteres da Agência Brasil

8 AgendA BrAsil

Aprovados incentivo à reciclagem e destinação local para multas ambientais Tércio Ribas Torres**

Uma das matérias aprovadas foi o substitutivo ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 187/2012, do senador Paulo Bauer (PSDBSC), que permite a dedução do Imposto de Renda de valores doados a projetos de reciclagem. O relatório final, do senador Fernando Bezerra Coelho (PSBPE), contém algumas alterações. O substitutivo estabelece, além das deduções, que o Poder Executivo fixará anualmente os limites absolutos para as deduções por pessoas físicas e jurídicas. Outra mudança prevê que os projetos de reciclagem que poderão receber os recursos das deduções também serão selecionados e fiscalizados pelo Executivo. Para o relator, o projeto colabora com a defesa do meio ambiente. A reciclagem de materiais e produtos é estratégica para o Brasil. Essas atividades integram uma extensa e abrangente cadeia produtiva, com benefícios econômicos, ambientais e sociais, pilares fundamentais do desenvolvimento sustentável — afirmou Fernando Bezerra. O texto original, do senador Paulo Bauer (PSDB-SC), determinava uma dedução de até 50% do valor total das doações feitas por pessoas jurídicas ou físicas. O texto de Bauer define o teto para doação de cada contribuinte: 4% do total do Imposto de Renda devido pelas empresas e 6% no caso de pessoas físicas. O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) apresentou sugestões ao projeto. Ele sugeriu que 5% do montante anual de doações sejam investidos em

A Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional aprovou, na quartafeira (2), dois projetos relacionados à pauta ambiental. A comissão é responsável pela análise dos projetos da Agenda Brasil — pauta apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, com o objetivo de incentivar a retomada do crescimento econômico do país.

cursos de capacitação. Outra emenda apresentada pelo senador prevê que o beneficiário deverá prestar contas do uso dos recursos recebidos. Ambas as emendas foram acatadas pelo relator, que ainda inseriu o prazo de cinco anos para a validade da lei. Como se trata de substitutivo, a matéria será submetida a turno suplementar de votação na comissão, na reunião da próxima semana. Multas A comissão também aprovou o PLS 741/2015, que estabelece que os recursos arrecadados com as multas em razão de crimes ambientais devem ser aplicados na recuperação das localidades onde o dano aconteceu. A proposta, do senador AntonioAnastasia (PSDB-MG), foi motivada pelos rompimentos das barragens do município de Mariana (MG), em novem-

bro do ano passado. A lama tóxica causou dezenas de mortes e deixou um rastro de destruição ambiental do leste de Minas até o litoral do Espírito Santo. O senador Fernando Bezerra apresentou um substitutivo com “aprimoramentos para atender algumas situações”. Este projeto é uma das melhores respostas ao desastre ambiental de Mariana, pois estamos eliminando as burocracias para que os recursos cheguem rapidamente ao lugar atingindo por uma tragédia — disse o relator. A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) elogiou o projeto e disse que “os recursos das multas precisam ir para o município atingido”. Por ser um substitutivo, a matéria volta à pauta na próxima reunião, para apreciação em turno suplementar. Saúde

Outro projeto aprovado foi substitutivo ao PLS 313/2011, do ex-senador Paulo Davim (PV-RN), relacionado à destinação dos prêmios das loterias federais que não forem resgatados pelos vencedores. O relator, senador Douglas Cintra (PTBPE), apresentou um substitutivo “para corrigir as falhas de técnica legislativa”. Pelo texto, os recursos de premiação não procurados pelos contemplados dentro do prazo de prescrição serão destinados prioritariamente ao financiamento dos cursos da área de saúde, na forma estabelecida pelo Ministério da Educação. É uma forma de manter os recursos na área de Educação, mas focados na Saúde — disse o relator. O texto original destinava ao Fundo Nacional de Saúde, para financiamento do Programa Saúde da Família, os recursos de premiação das loterias federais administradas pela Caixa não procurados pelos contemplados. Hoje, a lei destina esses recursos ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Simone Tebet manifestou preocupação com o projeto, dizendo que não se pode “descobrir um filho para cobrir outro”. Ela elogiou o substitutivo, que “avançou em relação ao projeto original”, mas se absteve da votação. Cintra disse que conversou com representantes do Ministério da Educação sobre a matéria e disse que, segundo o governo, não faltariam recursos para o Fies. O texto será votado mais uma vez na comissão, por ser um substitutivo. **Agência Senado

Governo envia R$ 300 milhões para atendimento a gestantes A presidente Dilma Rousseff editou a Medida Provisória 716/2016 para abrir crédito de R$ 420 milhões em favor dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Defesa e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A maior parte do recurso -

R$ 300 milhões - é destinada à aquisição de insumos para prevenção e proteção de gestantes beneficiárias do Programa Bolsa Família. A decisão está publicada no Diário Oficial da União (DOU) da segunda-feira (14). Fonte:Estadão Conteúdo

8 Agetop Ação exige devolução de indenização paga em razão de má gestão

a prOmOtOra de Justiça fabiana ZamallOa está pedindO na Justiça que O ex-presidente da agência gOiana de transpOrtes e Obras (agetOp), carlOs rOsenberg dOs reis, e três exdiretOres dO órgãO e dO antigO dergO seJam cOndenadOs a ressarcir O eráriO estadual em r$ 61.433,96.

Cristina Rosa**

Consta na ação que o expresidente e Carlos Maranhão (diretor-geral do antigo Dergo), Rogério de Mendonça Lima (diretor de Operação e Conservação) e Nelson Henrique Ribeiro (diretor administrativo) autorizaram a contratação ilegal de servidores em burla à regra do concurso público. Segundo apurado, em 1999, o Departamento de Estradas e Rodagem de Goiás (Dergo), que foi sucedido pela Agetop, celebrou contrato com a Cooperativa de Trabalho para Prestação de Serviços Multidisciplinares no Estado de Goiás (Copresgo), tendo como objetivo a locação de mão de obra para a prestação de serviços de manutenção das rodovias estaduais pavimentadas. Este contrato foi assinado pelos ex-diretores Carlos Maranhão e Rogério de Lima. No ano seguinte, Carlos Rosenberg e Nelson Ribeiro aditivaram este contrato, acrescentando como objeto a contratação de pessoal para a prestação de serviços de digitação, processamento de dados, secretariado e outras atividades pertinentes a técnicos de nível superior. De acordo com a promotora, na realidade, os contratos objetivavam a contratação, por interposta pessoa, de mão-de-obra para serviços típico da autarquia, numa total afronta à previsão constitucional da realização de concurso público.

Acionados pelo Ministério Público do Trabalho em razão dessa contratação irregular, a Copresgo, o Dergo e o Estado foram condenados ao pagamento de dano moral coletivo no valor de R$ 20 mil, por causarem lesão ao direito da coletividade de ter os quadros da administração pública devidamente providos, conforme prevê a Constituição. Assim, em junho de 2010, o Tribunal Regional do Trabalho requisitou ao Estado o pagamento de precatório relativo à ação condenatória. Desse modo, a promotora argumenta que a conduta ilegal dos réus causou dano ao erário, devendo ser cobrado dos réus. Ela observa ainda que, embora não seja possível, em razão do tempo decorrido, aplicar aos réus as sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa, o dano aos cofres públicos causado pela conduta lesiva deve ser ressarcido, tendo em vista a imprescritibilidade, imposta pelo artigo 37, parágrafo 5º, da Constituição Federal, às ações de ressarcimento ao erário. O valor cobrado, assim, é acrescido de correção monetária e juros legais. Fabiana Zamalloa esclarece ainda que, apesar de a Copresgo ter contribuído para a ilegalidade, a cooperativa não foi incluída no polo passivo da demanda por ter sido “baixada”, conforme informação obtida na Junta Comercial do Estado de Goiás.

**Assessoria de Comunicação Social do MP-GO


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CidAdes

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8 ComunidAde PArtiCiPAtivA

8 sAúde

Elaboração do documEnto Estadual conta com a participação das comunidadEs tradicionais dE tocantins.

Em ato na Câmara, profissionais alertam para prevenção de doenças renais

Política definirá uso sustentável do capim-dourado Marta Moraes*

Com o intuito de debater a sustentabilidade ambiental e social do artesanato de capimdourado e seda de buriti, símbolo do estado de Tocantins, foram realizadas, no início de março, uma série de consultas públicas que terminou na segunda-feira (07), com o encontro realizado em Palmas. Promovidas pelo governo de Tocantins, em parceria com as ONGs Pesquisa e Conservação do Cerrado (Pequi) e Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), as consultasabordaramestudos e normas já existentes no estado de Tocantins, e a experiência e as sugestões de artesãos e extrativistas. O objetivo de tais encontros é obter a colaboração de diversos segmentos de atores locais, que incluem as lideranças de comunidades extrativistas – inclusive quilombolas, indígenas Xerente e Krahô – órgãos municipais estaduais e federais; universidades e instituições do terceiro setor, garantindo diversidade de perspectivas e contribuições em prol de uma política adequada aos anseios da comunidade e do meio ambiente. As consultas públicas integram o processo de elaboração da Política Estadual de Uso Sustentável do Capim-dourado e do Buriti, que visa o manejo sustentável destes recursos naturais no estado, aliando a conservação das respectivas espécies e do Cerrado à melhoria da qualidade de vida dos artesãos e ex-

dourado no Tocantins constitui em alternativa de conservação do Cerrado, aliada à geração de emprego e renda para comunidades rurais e locais. No entanto, para que essas vantagens persistam de forma sustentada é necessário que o extrativismo seja feito ordenadamente, respeitando os limites da planta, bem como do frágil ambiente em que ela ocorre. Assim, é importante que os volumes de hastes extraídas e de artesanato comercializado sejam estabelecidos considerando-se técnicas de O artesanato de capim-dourado confeccionado na região do Jalapão passou a ser divulgado em todo o estado, em grandes cidades brasileiras manejo racionais para a espécie e também no exteriora partir de meados da década de 1990. e não apenas regras de mercado. trativistas. gras de colheita do capim-douDesde 2002, o Instituto Brasirado de forma a garantir a sus- leiro do Meio Ambiente e de RePróximo passo tentabilidade do extrativismo e cursos Renováveis (Ibama), órAs sugestões e demandas ou- a conservação das áreas de cam- gão vinculado ao Ministério do vidas durante as consultas pú- pos úmidos e veredas, onde Meio Ambiente, em parceria blicas serão compiladas e a par- ocorrem as espécies. com a ONG Pequi, desenvolve tir delas, as equipes do ISPN e na região do Jalapão projeto de Pequi farão a primeira proposta Sucesso pesquisa para promover a conde um projeto de lei estadual, O artesanato de capim-dou- servação e o uso sustentável do que será apresentada em um se- rado confeccionado na região capim dourado e dos campos minário aberto aos diversos ato- do Jalapão passou a ser divulga- úmidos na região. res sociais interessados. “Depois do em todo o estado, em granOs estudos contam com o desta etapa, a proposta revisada des cidades brasileiras e tam- apoio das Unidades de Conserserá encaminhada ao Conselho bém no exteriora partir de mea- vação da região: Parque EstaEstadual de Meio Ambiente do dos da década de 1990. O brilho dual do Jalapão e Estação EcolóEstado do Tocantins (Coema), e e a originalidade das peças arte- gica Serra Geral de Tocantins, após avaliação do Coema, enca- sanais chamaram a atenção, fa- essa última administrada pelo minhada à Assembleia Legisla- zendo sucesso imediatamente e Instituto Chico Mendes de Contiva para votação”, explica Isa- a comparação com ouro não fica servação da Biodiversidade bel Belloni Schmidt, pesquisa- apenas no nome, ou na cor, da (ICMBio), órgão vinculado ao dora especialista em capim- planta. A comparação também MMA. O projeto também condourado. vem sendo feita porque o arte- tou com a colaboração de várias Segundo ela, a expectativa sanato tornou-se importante associações da região, entre elas dos artesãos e extrativistas que fonte de renda na região, garan- a Associação Capim-Dourado participaram dos encontros é tindo melhoria na qualidade de do Povoado da Mumbuca. Fonque a lei estadual promova um vida a muitas famílias. te:Assessoria de Comunicação Soaumento da fiscalização das reO extrativismo de capim- cial (Ascom/MMA)

EvEnto foi rEalizado para lEmbrar o dia mundial do rim, comEmorado no dia 10 dE março. Ana Gabriela Braz**

A Câmara dos Deputados realizou, na quarta-feira (9), um ato pela conscientização das doenças do rim. O evento, feito na véspera do Dia Mundial do Rim, 10 de março, foi organizado em parceria com a Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (FENAPAR), da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT). As doenças renais são silenciosas e os sintomas são sutis. Dificuldade para crescer e ganhar peso, anemia que não responde ao tratamento e alterações no volume urinário e na pressão arterial são alguns possíveis sinais de doença renal crônica. Na opinião do presidente da FENAPAR, Renato Padilha, o ideal é começar os cuidados desde a infância: "Se você é um descendente de diabético ou de uma família que tem pressão alta, já é um indício para começar a acompanhar a criança desde o pré-natal para que ela não desenvolva obesidade, para que ela faça exercício físico, tenha cuidado com a alimentação. Os cuidados

lá no pré-natal vão possibilitar uma boa prevenção para que a criança não desenvolva a patologia". O vice-presidente da Frente Parlamentar de Incentivo à Captação e Doação de Órgãos, deputado Vinícius Carvalho (PRBSP), também participou do ato: "O que temos visto é que muitas vezes a pessoa que chega ao estado de ter que fazer hemodiálise é porque nunca fez a prevenção, e quando aparece o problema, já é irreversível”. O deputado elogiou o trabalho de conscientização da população, mostrando que grande parte dela tem a predisposição genética para desenvolver doenças nos rins. “Cabe aí o alerta: faça os exames periódicos preventivos". Vinícius Carvalho também encorajou entidades e profissionais da área a levarem demandas e propostas do setor para serem discutidas na Frente Parlamentar de Incentivo à Captação e Doação de Órgãos. **Agência Câmara

8 Alto PArAíso

CMEI Criança Feliz participa da caminhada de luta contra a Dengue

Caminhada fez parte do dia de luta contra o Aedes Aegypti em Alto Paraíso

Roberto Naborfazan Iniciativa do Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz, apoiada pelas Secretárias de Educação e Saúde, Polícia Militar, Conselho Tutelar e Correios, com participação dos membros do Terço dos Homens da Paróquia de Alto Paraíso, funcionários do posto de saúde do Setor Novo Horizonte, pais, amigo e familiares dos alunos,

aconteceu no dia 11 de março a caminhada de incentivo no combate ao mosquito transmissor da dengue. Monitoradas por diretores e professores do CMEI, crianças de 01 a 05 anos caminharam pelas ruas do bairro, caracterizadas como mosquitinhos, portanto faixas e cartazes conclamando a população

Monitoradas por diretores e professores do CMEI, crianças de 01 a 05 anos caminharam pelas ruas do bairro.

a se engajar na luta contra a proliferação do mosquito.

Segundo a diretora do CMEI Criança Feliz, Rosimar da Silva, a caminhada fez parte do dia de luta contra o Aedes Aegypti em Alto Paraíso, que envolveu toda a comunidade escolar do município em uma grande passeata pela cidade. As crianças do CMEI fizeram um trajeto diferente devido a pouca idade, mas de-

ram os primeiros passos no aprendizado do trabalho cole-

tivo e dos valores do exercício da cidadania.


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regionAl

Março de 2016

8 Alto­PArAíso

Conscientização sobre destinação correta do lixo e reciclagem ganha cada vez mais adeptos no município EmprEsa rEciclEalto, Em parcEria com a prEfEitura, consEguiu dEstinar para a rEciclagEm, nEssE primEiro momEnto,uma média dE 10% do montantE dE lixo rEciclávEl quE iria dirEtamEntE para o lixão. Roberto Naborfazan

Um dos pontos turísticos mais frequentados do País, o município de Alto Paraíso, região da Chapada dos Veadeiros, no nordeste do estado de Goiás, é também um dos 1.559 municípios brasileiros que continuam despejando lixo em áreas abertas, contaminando o solo, o lençol freático e a água e, consequentemente, colocando em risco a saúde de sua própria população. No inicio das administrações que se encerram em dezembro próximo, embalados por um projeto do governo estadual, prefeitos dos municípios de Alto Paraíso, Colinas do Sul, Teresina de Goiás, Cavalcante e São João D’Aliança se uniram para a criação do Consórcio Intermunicipal da Chapada dos Veadeiros, com o objetivo da adoção de medidas conjuntas para proporcionar o desenvolvimento regional nas seguintes áreas: Saneamento Básico, Turismo e Assessoria Técnica. Um dos temas mais debatidos a época foi a questão da reciclagem e destinação correta do lixo. Infelizmente o consorcio não prosperou, deixando as comunidades envolvidas sujeitas a todos os males originados pelos famigerados lixões, entre eles, o

Sede da Reciclealto - Principal dificuldade é a conscientização da população

ataque de moscas nos comércios de alimentos e contaminação do lençol freático. Segundo dados de órgãos ligados a defesa do meio ambiente, se somar os aterros controlados, são mais de 3,3 mil municípios que não descartam seus resíduos de forma adequada (o Brasil tem cerca de 5,5 mil cidades), e ai se inclui a capital federal. Brasília carrega o desonroso título de maior lixão a céu aberto da América Latina, o Lixão da Estrutural. O artesão e ambientalista Luis Carlos, o Luisaço, fundou a RecicleAlto, que, em parceria com a prefeitura, conseguiu destinar para a reciclagem, nesse primei-

ro momento, uma média de 10% do montante de lixo reciclável, que iria diretamente para o lixão. Segundo Luisaço, 2015 foi um ano de conquistas para Alto Paraíso, com o aumento da quantidade de resíduos sendo destinados de forma correta, no entanto, afirma “ainda estamos longe do ideal. É perceptível que a principal dificuldade é a conscientização da população, acerca da importância de separar seus resíduos e se engajar, destinando de forma correta seu lixo”. Luisaço relata que foram destinados para a reciclagem no ano passado, 84.292 toneladas de Resíduos Sólidos (plásticos e papéis); 89.550 toneladas de Resí-

Lixão de Alto Paraíso – Moscas e contaminação do solo estão entre os males

duos Ferrosos (sucatas, alumínio, ferro fundido e inox); 800 quilos de pilhas e baterias e 100 quilos de lâmpadas “Alto Paraíso produz, em média, 210 toneladas de lixo por mês, das quais 75 toneladas são recicláveis. Podemos dizer que a Reciclealto no ano de 2015 conseguiu destinar para a reciclagem uma média de 10% deste montante de lixo reciclável, que iria diretamente para o lixão” pontua, entusiasmado. “Acreditamos que estes números, em 2016, aumentarão muito mais, o que evidencia um cenário bastante positivo. A título de exemplo, Goiânia

recicla menos de 5% de seu lixo, de acordo com um jornal local. Segundo a CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem), apenas 14% dos municípios reciclam seus resíduos no Brasil, sendo 86% no Sul e Sudeste” Finaliza. Quem também entrou nessa batalha foi o terapeuta Agni Santoro (Prem Agni), do projeto Alto Paraíso Sustentável, que tem dado exemplo ao separar e amontoar para a coleta os lixos deixados pela falta de consciência após eventos na cidade. Agni acredita que, com o

exemplo e um maior trabalho de conscientização da população como um todo, com todos os setores da sociedade focados em fazer sua parte, Alto Paraíso será referência em desenvolvimento sustentável. Neste panorama, é muito importante lembrar que a reciclagem é uma atividade que gera inúmeros benefícios para as cidades. No caso de Alto Paraíso, que é conhecida mundialmente por suas belezas naturais, o caminho da reciclagem é o único que viabiliza a redução da quantidade de material que vai para o Lixão, que é altamente perigoso para o meio ambiente, pela poluição do solo e até do ar, quando há queimadas, o que acontece com frequência na Chapada dos Veadeiros no período de seca. “Apoiar esta cadeia com seu lixo e sua consciência e ação sobre ele, não só ajuda a manutenção do meio ambiente saudável, como contribui para a geração de empregos locais, melhorando a exposição da cidade para os turistas e passando a ser um exemplo de sustentabilidade” Conclui.

A r t i ­g o A água nossa de cada dia, nos dai hoje Sem querer ser e já sendo repetitivo, repiso, “a água é vital para a vida”. Quem quer que sejamos, onde quer que vivemos, o que quer que façamos, dependemos todos dela para viver e ou sobreviver. “A água mantém viva a vida no planeta e também é o sustentáculo de toda humanidade. De forma indispensável, é usada para consumo, higiene, produção de alimentos, navegação, geração de energia, dentre outros” (sic). A água é possivelmente o único recurso natural que afeta a civilização em todos os sentidos, seja na vida humana, na agricultura, pecuária, na dessedentação de animais, nas indústrias, nas fábricas, nas usinas, nos veículos, na produção de bens e muito mais. Em resumo, não existindo água, não existe vida. A água, cantada e louvada em tantos versos, prosas, poesias e canções, serve de inspiração a poetas, escritores e artistas plásticos, é parte integrante da cultura mundial. A água tem papel fundamental na religiosidade dos povos. Tida como purificadora, em muitas religiões os batismos nas igrejas são praticados com água, simbolizando o nascimento de um novo ser. Em várias passagens bíblicas é fácil perceber a importância que sempre teve a água desde os primórdios. Quando do Dilúvio, a água foi o instrumento utilizado por Deus para punir os corruptos e corruptores que desobedeceram ao Senhor, disseminando o pecado. Foi também nas sagradas águas do Rio Jordão o batismo do seu Filho Unigênito e nosso Pai Senhor Jesus Cristo. Foi nas águas do Rio Nilo que Deus, por intermédio de Moises, revelou a primeira praga aos Egípcios que culminou com a libertação dos Hebreus. E assim em muitas outras ocasiões a água é evidenciada como um sinal sagrado da existência de Deus. Ter água doce, perene, cristalina, abundante e de boa qualidade é o sonho que acalenta todo ser vivo racional que habita esta terra. Nós, moradores do pequeno e aprazível município de Campos Belos, não somos diferentes. Loalizado na região nordeste, notadamente a menos favorecida do estado, Campos Belos tem ex-

perimentado nas últimas décadas um forte sopro de progresso e desenvolvimento e a olhos vistos temos percebido que nos últimos anos as autoridades políticas do estado têm voltado ainda que de forma tímida e tardia suas ações para nossa “esquecida” região, ainda é pouco, mas continuamos esperançosos em melhores dias. Em que pese termos ainda que conviver com os problemas estruturais que afligem a esmagadora maioria dos municípios brasileiros, a nossa cidade tem um comércio pujante, uma pecuária forte e uma vertente promissora para o turismo e a mineração, faltando um pouco mais de investimento do governo nestas áreas. Um dos maiores gargalos que impedem o progresso e o desenvolvimento do município é a péssima qualidade da água “ofertada” a um alto custo aos nossos munícipes pela empresa Saneamento de Goiás S/A – SANEAGO, concessionária da prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário do estado. A água fornecida é salobra, dura, tem um sabor horrível, e é publico que o Rio Montes Claros onde é feita sua captação em pouco tempo não resistirá à ação antrópica do homem, encontra com sua mata ciliar desmatada, assoreado e parte das suas águas desviadas para outros fins, dando sinais reais que pode secar a qualquer momento. Disse o saudoso poeta Raul dos Santos Seixas que “Sonho que se sonha só, é só

um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Pensando assim, irmanados em um só desejo, o povo de Campos Belos e o seu Prefeito Aurolino José dos Santos NINHA, acalenta um sonho de mais de 30 (trinta) anos, o da realização das obras de captação e canalização das águas doce do Rio Mosquito e sua distribuição na cidade. A água doce do Rio Mosquito é de boa qualidade, cristalina, saborosa e abundante. Segundo especialistas, pode ser consumida “In natura”. No ano de 2014 recebemos jubilosos a feliz noticia que o Governador Marconi Perillo, com a prestimosa ajuda do Vice Governador José Éliton e do Deputado Iso Moreira assinou ordem de serviço para realização do “tão sonhado sonho”, a mais esperada obra da nossa história, a captação, canalização e distribuição da água doce do Rio Mosquito e mais, ainda premiaria a cidade com a Universalização do Esgoto Sanitário, um investimento de mais de cinquenta milhões de reais. Foi uma felicidade só, muitos não acreditavam quando chegavam carretas e mais carretas de tubos e materiais para o começo das obras. E o serviço foi iniciado a todo vapor, licitação realizada, empresa contratada, funcionários a postos, máquinas locadas, escritórios alugados, tudo certinho, e nosso povo era só alegria, dava gosto de ver. Passados alguns meses vejo com tristeza e muita

João Beltrão Filho

preocupação o ritmo das obras minguar, o escritório da empresa contratada foi desativado, funcionários demitidos, as máquinas locadas dispensadas e os serviços seguem a passos lentos, devagar, devagarzinho quase parando, receio que as obras sejam paralisadas ou não concluídas, o que será para todos nós uma indescritível desilusão, um incalculável prejuízo socioeconômico e um imensurável desgaste político. Tenho Fé inabalável em Deus e na palavra do homem, por isso, venho por meio deste importante meio de comunicação, com toda humildade e muito respeito implorar, suplicar, pedir, rogar, ao Senhor Governador Marconi Perillo e seus colaboradores, em especial o Vice Governador, José Éliton que tão bem conhece nossas aflições, e em quem depositamos nossas maiores esperanças, que pelo amor de Deus, que por tudo que é mais sagrado, não permitam que esta obra seja paralisada, não frustrem o sonho da população de uma cidade inteira alimentado por anos a fio. Sou cônscio das dificuldades financeiras por que passa o país e o estado, mas segundo informações este recurso já existe e está empenhado para este fim. Ademais, esta é uma obra autossustentável, visto que a comunidade pagará caro pela água e o esgoto que fizer uso. As gerações futuras haverão de vos agradecer. Acredito e confio na sensibilidade e na seriedade do Senhor Governador e sei que sua palavra quando empenhada não volta atrás. “O nosso sonho não pode se tornar esperanças perdidas”. É o desabafo de um cidadão sonhador. Que Deus nos guie, nos abençoe e nos guarde, hoje e sempre. Amém.

João Beltrão Filho, Técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica Federal de Rio Verde/GO, Licenciado em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Goiás UEG, Pós Graduado em Educação Ambiental pela Universidade Cândido Mendes/RJ - UCAM.


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Cultura e religião

Março de 2016

D o u ­t r I ­N A ­e S P­ Í ­r I tA Fa­le­Co­no­nos­co:­rob­cury@hot­mail.com

Vi­s i­t e­nos­s o­blog­de­ar­t i­g os­es­p í­r i­t as:­www.ro­b er­t o­c ury.blog­s pot.com

O HOMEM E AS CALAMIDADES Roberto Cury

Pelo menos uma vez a cada ano, da primeira metade do século passado até agora, temos assistido, pela televisão, os horrores das calamidades mundiais, algumas naturais e outras, consequências da incúria humana ou até mesmo provocadas pelas violências religiosa, racial ou paroquial. Vez em quando me pergunto: - por que tanta fúria no nosso planeta? A natureza que se rebela e então vêm maremotos, tsunamis, terremotos, ciclones, vendavais, erupções vulcânicas, excessivas chuvas provocando desabamentos, enchentes e mortes por soterramentos, por afogamento, deslizamentos de montes e de aclives, causando miséria, fome, perda total ou parcial dos bens materiais, destruição generalizada, pragas ecológicas e doenças incuráveis dizimando populações e plantações. Destacam-se os ciclones constantes nos Estados Unidos, o Tsunami na Ásia, as erupções vulcânicas e a movimentação das placas tectônicas nas camadas subterrâneas cujas fissuras têm causado desabamentos, soterramentos e danos irreparáveis em várias partes do mundo; o terremoto e o maremoto no Japão, os tremores de pequena intensidade, mas, que assustam em alguns lugares do território brasileiro, a tragédia barrenta de Mariana aqui no Brasil que, além de muitas vidas ceifadas e destruição do patrimônio de inúmeras famílias, praticamente extinguiu o Rio Doce que fornecia água e alimentos a várias cidades mineiras, matando os peixes e as colônias de crustáceos, cuja lama continua contaminando a terra com resíduos tóxicos transitando pelo Estado do Espírito Santo e agora atingindo o mar na desembocadura daquela corrente fluvial. O incêndio do cinema em Santa Maria, no Rio Grande do Sul que ceifou a vida de mais de duzentos jovens. O desmatamento desenfreado tem causado danos irreparáveis ao sistema e ao clima, principalmente no nordeste onde a seca destrói toda a possibilidade de vida vegetal e animal e agora na região amazônica, cuja floresta, reiteradamente, tem sido agredida alterando o meio ambiente, provocando as enchentes dos rios, a invasão das águas para além das margens dos cursos fluviais, fazendo divisar a criação inexorável de um grande deserto num futuro breve. Doenças incuráveis como a AIDS e o Ebola, a gripe suína, a gripe asiática, a febre amarela, a peste negra causaram e ainda causam verdadeiras hecatombes entre os humanos desde a Idade Média. O homem ora se distingue como centro, ora como objeto das grandes mortandades desde a libertação dos escravos na maioria do mundo ocidental, mas, infelizmente ainda há escravidão em alguns pontos do planeta terreno, principalmente nas regiões mais pobres e sofridas, especialmente na África. Até aqui no Brasil, vez em quando chega ao conhecimento público de que em fazendas mais afastadas do nosso continental País, há exploração do trabalho escravo a que são submetidos nossos irmãos mais simples e ignorantes, na roçagem, na plantação, na colheita de insumos agrícolas, inclusive na queima de árvores para produção de carvão vegetal. Os desastres aéreos, afundamentos de navios de grande calado e de barcos superlotados por fugitivos de regimes totalitários ou de revoluções intestinas, vindos do Oriente Médio ou da África que tentam refugiarem-se em outros países da Europa explodindo ou afogando centenas de pessoas em cada evento fatídico. Outras calamidades são os morticínios deliberados por facções que se arvoram em religiosas e que matam, sem julgamento, naturais e estrangeiros que não comungam de suas crenças fanáticas sendo passados a fio de espada, degolados a sangue frio, ou a tiros em escaramuças

nas quais as vítimas sequer têm como se defender, tudo à frente do mundo inteiro pois que as execuções, muitas vezes, vêm sendo filmadas a vivo e a cores e transmitidas pela televisão. Homens e mulheres bombas que acreditam que irão diretamente para o paraíso, cujos fanatismo e ódio os incapacitam de reconhecer que sendo responsáveis por sua morte e a de terceiros, criam uma impossibilidade, transitoriamente intransponível, para a entrada no Éden Celestial, pois ali é o lugar para onde vão os justos, os bons, os que amaram e amam a todos como irmãos, sem distinção de raça, de cor, de religião, jamais os que se utilizaram ou usam da violência, da agressão, do assassinato covarde. Guerras, guerrilhas, revoluções armadas, morte de inocentes, principalmente de crianças e de mulheres, na busca do poder, da supremacia de uma raça sobre a outra, por ambição econômica, para apoderar de riquezas minerais, para dominação política, para submeter o povo local às suas vontades de conquistadores e outras idiossincrasias, têm sido constantes neste mundo de Provas e de Expiações. Um dos povos mais perseguidos no Mundo é o formado pelos curdos. Os curdos são um grupo étnico que se considera como sendo nativo de uma região frequentemente referida como Curdistão, que inclui partes adjacentes do Irã, Iraque, Síria, Turquia, Armênia e Geórgia. Também há comunidades curdas no Líbano, Azerbaijão (Kalbajar e Lachin, a oeste de Nagorno-Karabakh) e, em décadas recentes, em alguns países europeus e nos Estados Unidos. Etnicamente aparentados com outros povos iranianos, eles falam curdo, uma língua indo-europeia do ramo iraniano. Todavia, as origens étnicas curdas são incertas. O grupo deixou a cidade de Sinjar por serem curdos, minoria social e religiosa no país. Lá, eram perseguidos políticos. Para fugir da morte, eles cruzaram fronteiras do Iraque, da Turquia e do Brasil. Tentavam chegar à Alemanha pela Argentina, mas os passaportes albaneses ilegais, descobertos no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, interromperam a travessia. O Estado Islâmico ocupa o território iraquiano e destrói tudo por onde passa. “Nossa cidade acabou. Ela era linda, tinha prédios e construções bonitas. Acabou tudo. Por fim, vivíamos em campos de refugiados” A perseguição religiosa atinge várias regiões do mundo e afeta milhões de famílias. Na África, o extremismo cristão também faz vítimas há mais de 30 anos. Segundo relatório das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC) e do Conselho Norueguês de Refugiados (NRC), a violência do Exército de Resistência do Senhor (LRA, sigla em inglês) atinge as populações de quatro países da África Central, onde 440 mil pessoas se viram forçadas a deixar suas casas e cidades. O grupo atua principalmente na República Democrática do Congo, em Uganda, no Sudão do Sul e na República Centro-Africana, onde deixa rastros de massacres,

mutilações, estupros e sequestros. Há relatos também de que crianças e adolescentes têm sido raptados para a escravidão sexual, o trabalho servil e os combates, como soldados. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, em duas províncias, que são alvo do grupo rebelde, a pobreza atinge 87,7% da população. No continente africano a ação de grupos radicais como BokoHaram, Al-Shabaab e outros, que lutam para impor seus ideais religiosos, a violenta perseguição religiosa junto com a seca e fome tem feito da vida dos cristãos um verdadeiro inferno. Recentemente, quatro pessoas que viajavam do Quênia para uma ilha popular na costa da Somália foram sequestradas por membros da Al-Shabaab e mantidas na floresta por alguns dias. Três deles muçulmanos foram libertados; o quarto era cristão; foi sumariamente executado. Esse é outro exemplo da luta constante entre o islã radical e o cristianismo e outras minorias religiosas na África. A Al-Shabaab é uma insurgência islâmica radical que detém o controle de largas faixas ao sul da Somália. Há quem afirme que os grupos estão convertendo as pessoas à força e ou escravizando aqueles que não concordam com sua ideologia. Recentemente as redes sociais mostraram um jovem muçulmano que teve decepados a mão direita e o pé esquerdo porque não aceitou aderir às crenças dos radicais. Outro grande exemplo: milhões têm sido desalojados de seus lares, no Sudão do Sul que estão enfrentando uma seca extrema e uma indisfarçável fome pois a ajuda humanitária é incapaz de chegar às áreas atingidas devido ao conflito. Enquanto os olhos do mundo pareciam fixos para a Síria e o Iraque em 2014, a vida dos cristãos piorou de maneira ainda mais profunda na África, segundo a publicação de relatório anual sobre a liberdade religiosa. A situação deteriorou-se mais rapidamente na África subsaariana, em países onde o extremismo islâmico é a principal fonte de pressão sobre os cristãos e, também, em partes da Ásia e da América Latina, regiões onde as condições eram relativamente favoráveis em anos anteriores. O ranking World WatchList, coproduzido pela Missão Portas Abertas, publicada desde 1993, classifica os 50 países considerados mais hostis aos cristãos durante um período de 12 meses. Ele examina a liberdade religiosa para os cristãos em cinco áreas: privado, família; comunidade, nacional e da igreja. Também mede os índices de violência com morte. A lista aponta que 4.344 cristãos foram mortos por causa da sua fé no ano passado, mais que o dobro dos 2.123 do relatório de 2013, e mais que o triplo dos 1.201 de 2012. A maioria dessas mortes ocorreu na Nigéria, onde 2.484 vítimas foram mortas, e na República CentroAfricano, onde 1.088 pessoas pereceram. A violência contra os cristãos vem numa ascendência sem paralelo nas últimas décadas.

ro­ber­to­cury

“É justo dizer que o extremismo islâmico tem dois centros globais de atuação. Um no Oriente Médio árabe, mas o outro está se firmando na África subsaariana, onde até mesmo estados de maioria cristã estão experimentando níveis sem precedentes de exclusão, discriminação e até a violência”, afirmou Ron Boyd-MacMillan, diretor de estratégia e pesquisas da Portas Abertas. Tiffany Lynch, analista política da Comissão Internacional Sobre Liberdade Religiosa, acredita que o grande catalizador do último ano foi o fortalecimento da organização terrorista Estado Islâmico. Por causa disso, grupos como BokoHaram e al-Shabaab, grupos islâmicos que atuam na África, foram estimulados a subir o grau de violência. Com exceção da Coréia do Norte, que permanece como número 1 na Lista desde a sua criação, onde a motivação para perseguir é ideológica e não religiosa, nos outros países essa é a tendência. Líderes hindus e budistas fundamentalistas sentem-se ameaçados pelo crescimento do cristianismo e tem reagido fortemente em locais como Laos, Sri Lanka e Índia. Publicado no começo de julho, o mais recente Mapa da Violência mostra que o número de homicídios no Brasil sobe a cada ano. Em 2012, o ano com os dados mais recentes, 56.325 brasileiros foram vítimas de homicídio, o que resulta em uma média de 154 mortes por dia. Já no confronto entre Israel e Palestina, desde o dia 8 de julho, quando Israel começou a investida contra o Hamas em Gaza, foram contabilizadas 1.901 mortes (1.834 palestinos e 67 israelenses). O que resulta numa média de 66 mortes por dia. Essa triste estatística de nosso País, desencoraja muitos ensejando o abandono da fé por um sem número de pessoas de boa índole. Entretanto, como alertou o Cristo de Deus: “É preciso que venham os escândalos, mas ai daquele por quem vierem os escândalos”. Oremos para que a Natureza se tranquilize e a Terra não sofra mais os horrores das intempéries, também pelos injustiçados e ainda para que os grupos radicais se amenizem, se harmonizem, se entendam com todos os perseguidos para que a paz reine no mundo e a humanidade encontre a felicidade e o bem-estar. Mantenhamos nossa fé, enfrentemos os dissabores, as intolerâncias, as discriminações, as cruezas que os maus impingem aos mais simples e sigamos humildes, como o Cristo de Deus que permaneceu sereno e forte durante todo o Calvário até ao seu desenlace na cruz.

POEMA RIO QUE SANGRA (Tributo ao Rio Doce) Edna Vejan Um rio de lágrimas vermelhas Escorre sangrando pelas fendas Em seu corpo indefeso Sangra turbilhões de dores... Dor da mãe que perdeu um filho Cego, tonto sem rumo Já não caminha, escorre de dor Da casa que perdeu a família. Morre a fauna, a flora, a vergonha A multa que não paga, não apaga A lama, a qual chora e clama, A justiça divina, o milagre que não chega. O desrespeito sangrando Rasgando o peito Embalando o peito Embalando mortes, mortos Em seu leito. O grito do descaso é vermelho Denso, viscoso e pesado. O Rio que era doce Agora é amargo, salgado.


07

institucional

Alto Paraíso Março de 2016


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social

s

Março de 2016

em censur@ @

ROBERTO NABORFAzAN

“Os espíritos protetores nos ajudam com os seus conselhos, através da voz da consciência, que fazem falar em nosso íntimo - mas como nem sempre lhes damos a necessária importância, oferecem-nos outros mais diretos, servindo-se das pessoas que nos cercam”. Allan Kardec

Sassá Mutema vem ai!!!

Em reuniões que pipocam por todo o estado, começam a (re)aparecer os salvadores das comunidades que ajudarão seus candidatos a levar “saúde, educação, segurança, infraestrutura” e tudo que possa fazer o povão feliz, caso o candidato que apoiam sejam eleitos. Passada a eleição, se escondem nas maracutaias e conchavos de sempre e só ressurgirão em 2018, sem nada ter feito. Ai será a vez dos prefeitos e vereadores eleitos com o apoio dos canalhas dizerem - se o povo de nosso município ajudar a eleger esse fulano, ele nos trará saúde, educação, segurança, infraestrutura e etc. Moto-contínuo na politica brasileira.

naborfazan@Gmail.com

O programa Experiências na Natureza, que faz parte do Circuito Vivências ao Ar Livre, dentro do Programa Goiás Experiências Inesquecíveis, da Goiás Turismo e está sendo desenvolvido em cooperação técnica com a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), que teve sua etapa em Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros foi um tremendo sucesso, como relata a Secretária de Turismo de Alto Paraíso, Uaira Veneziani. “ Esse evento veio fomentar o cicloturismo e a ciclovia que temos na estrada parque que liga Alto Paraíso a São Jorge. A expedição foi até o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, onde os ciclistas puderam aproveitar também um banho de rio. Somos gratos pelo apoio pela SECIMA, Saneago, Polícia Militar, Polícia Ambiental, Polícia Rodoviária Estadual e Corpo de Bombeiros, Prefeitura Municipal de Alto Paraíso e Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICM Bio). O evento resultou ainda na doação de aproximadamente 500kg de alimentos. Em nome dos 103 ciclistas e da prefeitura, quero agradecer ao presidente da Goiás Turismo, Leandro Garcia, ao gerente de produtos e projetos turísticos, João Bittencourt Lino e toda equipe. Nas fotos, Uaira e João Lino com os alimentos doados e os ciclistas participantes.

Não larga o osso

Suja, cheia de buracos, professores municipais insatisfeitos, população assustada com tanta violência, essas são algumas das mazelas enfrentadas pela comunidade de Campos Belos de Goiás, no extremo nordeste goiano. Eleito com o lema: Se não roubar, o dinheiro dá, o atual gestor, Aurolino Ninha faz de conta que não é com ele e joga a culpa para o governador do estado, Marconi Perillo. Para mostrar sua “insatisfação” com o governador, Ninha, mais uma vez, troca de partido e se diz animado para disputar a reeleição. Aliás, por quantos partidos já passou esse senhor?. Nunca gostou de Marconi e estava no ninho tucano por conveniência política. Esperava que o governo do estado lhe desse o motivo para uma estátua em praça pública, a transposição das águas do Rio Mosquito para as torneiras do povo, como foi prometido. Sem estátua, sem amizade. E tome impropérios e falação contra o governador nos bastidores.

Recém-chegado à Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Campos Belos, o Padre Luiz Alberto criou a Pastoral da Comunicação (PASCOM) . A pastoral surgiu da necessidade da Igreja Católica de comunicarse, tanto através de meios impressos, quanto dos veículos de mídia, como rádio, internet, redes sociais e aplicativos. De acordo com a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, “a Pastoral da Comunicação coloca-se como parceira de todos os que, pela comunicação, querem fazer uma sociedade mais solidária, justa e fraterna. A comunicação não é apenas um meio para a solidariedade; é a primeira e mais básica manifestação de solidariedade. A Pastoral da Comunicação, portanto, procura ajudar na integração da comunidade e, ao mesmo tempo, participar da ação da comunidade na sociedade, sempre sem perder de vista a construção do Reino a que somos chamados por Cristo”. A PASCOM deve atuar, portanto, nos mais diversos espaços e de forma integrada, como sugere o Documento de Puebla, “Evangelizar é comunicar”. Nessa perspectiva, o pároco Luiz Alberto afirma o seguinte “Todos nós somos comunicadores por natureza, o objetivo da PASCOM em nossa Paróquia, é para fortalecer entre nós essa missão que é de todos, comunicar o Evangelho. Fazer isso com responsabilidade e compromisso. Por isso, a Pastoral da Comunicação tem esse propósito, nos ajudar a comunicar de forma mais eficiente, acompanhando a realidade atual em que vivemos. Além de ter a função de promover a integração de todas as Pastorais e Movimentos da Paróquia, proporcionando assim um ambiente fraternal, informado e formado a partir da Boa Nova, que é o Evangelho de Jesus Cristo”. Na foto, os voluntários que compõem a Pastoral da Comunicação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição.

No evento que marcou a filiação do deputado federal Delegado Waldir ao Partido da República (PR) e o lançamento de sua candidatura a prefeito de Goiânia, a deputada federal Magda Mofattomostrou que está decidida a buscar vaga no senado federal em 2018. Na presença de grande nomes do partido, entre eles o senador Wellington Fagundes, o presidente do PR Nacional, o ex-ministro Alfredo Nascimento e da presidente do PR Mulher, Gracilene Batista,Magda Mofatto afirmou “O PR cresceu e floresceu em Goiás e sob a batuta do presidente estadual Flávio Canedo, não será apêndice de nenhuma coligação, será um partido de candidatos sérios, comprometidos com as mudanças políticas que a sociedade almeja”. O caminho para sua candidatura passa pelas eleições neste ano, quando o PR pretende eleger prefeitos em no mínimo quarenta, dos duzentos e quarenta e seis municípios do estado. Com a candidatura do delegado Waldir em Goiânia e pela forte presença de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e lideranças politicas de várias regiões do estado no encontro do Partido, no dia 04, está adiantada a pavimentação de seu caminho rumo ao Senado.

Um dos nomes que se destacam junto a comunidade goianiense é o jovem Frederico Michell Feliciano,presidente estadual da juventude, 2º vicepresidente nacional e membro da executiva nacional do Partido Progressista. Com boa movimentação junto as principais autoridades do estado, ele é ligado ao vice-governador e secretário de segurança pública, José Eliton, ao senador Wilder Morais e ao deputado federal Sandes Júnior, Frederico é forte candidato à uma das vagas no pleito para a Câmara de vereadores de Goiânia, em outubro próximo. Locutor de rodeios, formado em gestão pública pela faculdade Anhanguera, é coordenadordos seminários promovidos pela fundação Milton Campos, com o tema“Juventude: Qual é a sua ideia? E sua responsabilidade?”, voltados aos jovens que buscam uma renovação política em nosso estado. Na foto, Frederico e a esposa, Patrícia Almeida.


Março de 2016

8 PREM BABA

Um guru para inspirar os políticos brasileiros às ações corretas Em EntrEvista ao portal ac24horas, o paulistano JandErson FErnandEs conta sua traJEtória dE vida até sE tornar um Guru (mEstrE Espiritual), dEpois dE sE Encontrar, na Índia, com sEu mEstrE maharaJi shrisaccha. prEm BaBa Fala tamBém dE polÍtica E do dEspErtar da consciência para a rEalidadE. Nelson Liano Jr. (de Rishikeh, índia)**

Nascido há 50 anos, em São Paulo (SP), batizado na igreja católica como Janderson Fernandes, ninguém poderia imaginar, que um menino de classe média baixa faria sucesso como mestre espiritual. Ainda mais ser reconhecido como guru na índia, país de cultura milenar relacionada à espiritualidade e ao conhecimento do Ser. Andando pelas ruas de Rishikesh, no Norte da Índia, região dos Himalaias, é comum ver em lojas e outros estabelecimentos fotos de Prem Baba. Numa primeira visão se parece com qualquer um dos milhares de gurus indianos que servem de guias e professores ao hindus indianos. Mas a diferença é o fato de ser um brasileiro fazendo parte dessa galeria ancestral de mestres espirituais. Rishikesh é um dos principais centros de peregrinação do hinduísmo. Uma cidade encravada nas montanhas do Himalaia, repleta de templos e ashrans (escolas espirituais), ao longo do esverdeado Rio Ganges, considerado sagrado pelos indianos. Foi nesse lugar que Prem Baba, ainda como Janderson, um buscador espiritual paulista, encontrou seu mestre MaharajiShriSaccha. Tinha 33 anos e havia experimentado vários caminhos espirituais no Brasil. Inclusive, participou de uma das tradições religiosas mais importantes do Acre e da Amazônia, o Santo Daime, fundado pelo Mestre Raimundo Irineu Serra, no Alto Santo, em Rio Branco. Prem Baba reconhece a influência essencial do Daime para a sua inspiração, conhecimento e transformação que o levou a ser um mestre espiritual para milhares de pessoas de distintas religiões e de diversos países do mundo. Na verdade, ainda criança, com 13 anos, Janderson tinha sonhado com um homem de olhar penetrante e barbas longas que o conhecia mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Durante a sua primeira visita à Índia, ainda como buscador, foi visitar um ashram. Esse homem abriu a porta e o reconheceu como seu discípulo imediatamente. Estabeleceu-se a relação de mestre e discípulo ou de professor e aluno. No passar dos anos a relação entre os dois se aprofundou e antes de falecer, em 2011, fez a transmissão em vida da sucessão da tradição ShriSacchaVedicSamsthan, ao seu discípulo brasileiro, Prem Baba. A política como instrumento de transformação Entrevistei Prem Baba em um dos seus Ashrans, DyamMandir, em Rishikesh, por quase três horas. Ele me recebeu com muita humildade. Em nenhum momento senti distanciamento pelo fato dele ser re-

meiro ministro da Índia, NarendraModi, um dos mais populares da história do país. Vale lembrar que a Índia é o país do chamado grupo dos Brics, ou em desenvolvimento, que mais cresce economicamente. NarendraModi, que criou o inédito Ministério da Yoga, quer uma aproximação maior com o Brasil através da senda cultural milenar indiana, a yoga. Ao contrário do que muitos imaginam, a yoga, não é apenas uma prática de posturas corporais complexas ou de meditação. Mas um realizar de atividades artísticas, sociais e culturais, etc., com a consciência desperta para a realidade superior que permeia todos os seres. Prem Baba poderá incorporar mais essa missão.

conhecido como mestre espiritual. Foi um bate-papo descontraído sobre diversos assuntos, sem restrições. O que me impressionou foi o fato de Prem Baba estar antenado com os assuntos cotidianos que afligem as pessoas do mundo inteiro. O guru brasileiro falou também de política. Não como uma coisa abjeta ou corrupta, mas como um importante instrumento de transformação social através daquilo que os indianos chamam de dharma, ou ação correta. A política dhármica pressupõe o serviço desinteressado, ou seva, para ajudar a humanidade na sua evolução material e espiritual. Claro que estamos ainda longe dessa realidade no Brasil. O ego, as vaidades pessoais e a busca insana pelo poder contaminaram a política brasileira. Mas quem sabe esse momento caótico que o país atravessa justamente pela ação predadora de parte dos nossos políticos seja propício às transformações. Prem Baba tem se encontrado constantemente com importantes representantes da nossa política no intuito de implementar ações da sua Fundação Awaken Love que atua em diversas áreas sociais relacionadas à educação, ao meio-ambiente e à saúde pública. Nessa peregrinação entre os políticos Prem Baba manteve conversações com os acreanos, governador Tião Viana (PT) e a ex-senadora, ministra e presidenciável Marina Silva (Rede). No cenário nacional esteve com os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), senador Aécio Neves, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), entre muitos outros. Sempre no intuito de sugerir ações sociais que beneficiem a população. Sem nenhum ranço partidário ou ideológico. Na pequena cidade do interior de São Paulo, Nazaré Paulista, onde fundou a sua primeira escola de ensino espiritual, conseguiu implantar, com a aquiescência do prefeito local, um evoluído método de ensino nas escolas municipais, que inclui a meditação diária dos alunos. E antes que alguém queira relacionar meditação com religiosidade, posso afirmar que não tem nenhuma ligação. A meditação é simplesmente um instrumento para limpar a mente para receber com fluidez os ensinos tradicionais aplicados. Qualquer pessoa, seja da religião que for, pode e deve meditar para se harmonizar e se fortalecer diante da inconstância do mundo. Embaixador do intercâmbio político-cultural Índia-Brasil Essa postura de Prem Baba de atuar no mundo prático, além da religiosidade e do misticismo, deve leva-lo a ter em breve um encontro com o pri-

A entrevista, na íntegra.

Prem Baba “Se o brasileiro não der conta de lidar com essas dores que carrega de humilhação, de exclusão, não conseguirá lidar com essa atuação distorcida do poder”.

Reportagem– Prem Baba com tantas tradições religiosas e místicas no Brasil por que você veio se tornar um guru, um mestre espiritual, aqui na Índia? Prem Baba – Esse caminho me escolheu. Creio que aquilo que está destinado a acontecer não temos como evitar. Eu havia transitado por diferentes religiões e escolas iniciáticas, conhecido mestres que me ensinaram muitas coisas. Mas com 31 anos de idade entrei numa profunda crise existencial onde todo aquele conhecimento que eu havia adquirido não estava me servindo. Foi no auge dessa crise que eu fiz uma oração sincera ao universo. Se existisse uma verdade nesse mundo que está além das criações da minha própria mente, por favor, que se manifestasse porque eu havia chegado ao fim da linha. Entrei em meditação e tive uma visão de um velho de longas barbas brancas que estava nos Himalaias meditando. Ele me falou: “Você vai fazer 33 anos e venha para Índia, em Rishikesh”. Nesse momento eu me lembrei de quando era menino, com 13 ou 14 anos de idade e tinha feito a minha primeira prática de yoga, ouvindo um canto devocional hindu. Entrei num transe e era como se conhecesse aquele idioma. Ouvi uma mensagem muito parecida a respeito do que tinha que fazer aos 33 anos, ir para Índia. Mas eu ainda era um menino e foi uma surpresa pra mim porque não tinha cultura global, era de uma classe média baixa. O que eu sabia da Índia era que Pedro Alves Cabral se desviou dela para encontrar o Brasil (risos). Me esqueci disso e tratei de viver a vida. Trabalhar e estudar, até que cheguei nessa crise e no auge dela, em meditação, vi novamente o velho de barbas brancas falando a mesma coisa. Então pensei: “tem algo para mim na Índia”. Até então eu tinha uma admiração pela cultura indiana, fazia yoga e meditação e sabia que tudo isso vinha

da Índia. Mas esse não era o meu principal caminho. Estava conectado com outras tradições que são mais comuns no Ocidente. E o que tinha conhecido do Yoga era superficial. Na época então acabei indo parar na Índia. É uma história longa, mas vou resumir. R- Fica a vontade para contar Prem Baba- Começaram acontecer uma série de eventos em sincronia. Quando cheguei emRishikesh, no AshramSacchaDham, em que estava à porta o mestre que cuidava do lugar, eu vi o mesmo velho da minha visão. Cai de joelhos aos pés dele e ali encontrei as respostas que eu procurava. Me vi diante de um ser que emanava silêncio e amor. Naquele momento minha mente se aquietou e meu coração se abriu. Eu tinha tantas perguntas e tudo desapareceu. Mas consegui falar um pouco do que estava se passando comigo. Ele me falou que o que faltava era eu me entregar para um guru vivo. Para ficar com ele por 15 dias e ver se era o que eu estava precisando. Naquele momento não pude ficar com ele, mas no ano seguinte eu voltei e me iniciei e fui me aprofundando e me reconhecendo nesse caminho. Até que dado um momento, três anos depois, em 99, compreendi aquele encontro. Então me encaixei naquele mundo, reconheci o meu trabalho e o meu mestre Maharaji confirmou. O trabalho de guiar as pessoas em direção a Deus. De lá pra cá comecei a ficar mais tempo na índia e o restante do tempo divido entre o Brasil e outros lugares do mundo. R - Qual é a prática principal que o seu mestre Maharaji te ensinou? Prem Baba – O japa, repetição de um nome sagrado num mantra e a meditação. Isso com objetivo de purificação e de concentração. Porque nesse caminho o despertar se dá através do shaktipat, a transmissão direta da benção e da graça do mestre. O nosso trabalho é conseguir a conexão. Quando isso ocorre a graça é transmitida e não precisa fazer nenhum esforço. É só entrar em comunhão. Tudo fica claro. No início para poder purificar a mente e o coração e desenvolver a concentração fazemos a prática de japa e de meditação. O mantra é dado a cada discípulo no momento da iniciação espiritual. Além de seva, que é fazer serviço desinteressado. E assim vai purificando as mazelas criadas por conta dos equívocos e do autoengano. É seguir no caminho para que a graça possa fluir e quando menos se espera podese entrar no êxtase da comunhão com o divino. A clareza e a instrução vão chegando. CONTINUA NA PÁGINA 12


laricinhabeltrao@hotmail.com

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& Larissa Cardoso Beltrão

Literatura Larissa Cardoso Beltrão

Direitos sociais ² SILVA, JULLyANE PRADO AMARAL DA ¹ BELTRÃO, LARISSA CARDOSO

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FEMININA NA LITERATURA BRASILEIRA: A EVOLUÇÃO DA MULHER DE CLARISSA A MÚSICA AO LONGE, DE ERICO VERISSIMO A mulher brasileira conquistou seu espaço após anos de submissão, desprezo e desigualdade, mas atentamo-nos para a época de silêncio que vivenciou e como era caracterizada pelo sexo masculino. As definições acerca da construção do chamado sexo frágil são muitas, dentre as quais destacamos uma fala atribuída a Santo Tomás, segundo o qual “a mulher é um homem incompleto, um ser "ocasional".” (BEAUVOIR, 1970, p. 11, grifos do autor), pensamento este que representava o que uma boa parcela da comunidade conjecturava. No século XVIII, a sociedade brasileira era regida pelo patriarcalismo e compreende-se que tal fato não veio do acaso ou por culpa da colonização, pois desde a existência da humanidade o homem foi considerado soberano e absoluto, devido a sua estrutura física possuir uma resistência maior, enquanto que o ser feminino é considerado o “outro”, pois precisa sobreviver mensalmente a uma descarga de hormônios, sem esquecer a gestação que transforma completamente o físico e o psicológico. O patriarcado possuía como finalidade reunir pessoas frágeis ou pobres no regaço de um chefe forte e temido, de forma que os integrantes dessa “sagrada família” eram escravos, filhos e mulheres, sim, o patriarca detinha o poder de senhorear mais de uma esposa. As leis que regiam o país foram compendiadas pelos homens, de forma que estes beneficiaram a si e converteram essas leis em princípios que afirmavam que uma mulher que se prezasse devia casar e com sagacidade proibiam o divórcio, os anticoncepcionais e o aborto, só restava a ela aceitar a condição de dona de casa submissa e mãe. Nesse contexto, é importante destacar que a ficção escrita a partir de 1930 constituiu-se como uma das mais ricas da história literária brasileira, uma vez que “a prosa, liberta e amadurecida, se desenvolve no romance e no conto (...)” (CANDIDO, 2000, p. 123) colaborando fortemente para que as obras retratassem os problemas do país, assumindo um aspecto de denúncia social; nessa perspectiva pode-se citar como exemplo o fato de Erico Verissimo abordar a vida complicada nas cidades gaúchas, as quais estavam sofrendo com as rápidas modificações provocadas pela industrialização, apesar de que mesmo o cenário sendo no Rio Grande do Sul, os temas em sua maioria, era recorrente em todo o Brasil. O Modernismo, sem sombra de dúvidas, foi um grande movimento na história da literatura brasileira e para Massaud Moisés e Afrânio Coutinho, dois dos maiores estudiosos deste período, Erico Verissimo foi um dos autores brasileiros da época, uma vez que ao lado de Jorge Amado compartilha êxito inquestionável junto ao público. Para Alfredo Bosi, Verissimo pertence às ten-

dências contemporâneas, e este ainda elucida que o romancista utilizou em suas obras uma linguagem impressionista suave, lugares comuns para retratar a sociedade gaúcha, é notável em seus enredos a influência de escritores americanos, devido ele ter traduzido diversas obras, como por exemplo, de Huxley; sabiamente usou o contraponto em seus escritos, de modo que conseguiu representar as mais diversas camadas sociais sem precisar analisar intrinsecamente os conflitos internos dos personagens, evitando assim uma trama enfadonha. Clarissa foi o primeiro romance de Erico Verissimo, nele o leitor encontra uma história alicerçada no frescor da juventude, que apresenta a oposição entre um adulto maduro com uma adolescente pueril, representados por Amaro e a protagonista, que dá nome à obra. O enredo da narrativa denota o cenário rural e patriarcal em contradição com Porto Alegre, a descrição de ambos os lugares corroboram para a compreensão das hostilidades sociais, do machismo vigente e das tradições que permeiam a família de Clarissa. Publicado em 1933, possui uma influição do simbolismo, haja vista, que a linguagem é extremamente descritiva e pitoresca, todavia a obra cumpre seu papel de denúncia social. Ao escrever Música ao Longe que foi publicado em 1935, Verissimo continua a narrar a vida de Clarissa que agora retornou a cidade natal, Jacarenga, atuando como professora e enfrentando junto com sua família os dramas do empobrecimento. Uma obra marcada por traços regionalistas que preza a descrição da mansão dos Albuquerque e o cenário da pacata cidade do interior com o patriarcado antifeminista, na qual a imigração é um tema bem presente e a denúncia social não deixa de ocorrer. Clarissa e Música ao Longe, duas obras escritas com destreza e que apresentam diversos temas, os quais problematizam a realidade social não só da década de 30, mas também do mundo contemporâneo, de modo que ao observar a vida da protagonista Clarissa constata-se os anseios de uma jovem mulher que almeja conquistar o seu espaço. Os dois romances de Erico Verissimo Clarissa e Música ao Longe possibilitam vislumbrar as representações femininas nas mais variadas esferas sociais; desde a adolescente ingênua descobrindo a si mesma e ao mundo, até a mulher madura seja ela dona de casa submissa ao marido

ou com relacionamento estável e infiel e ainda aquela que sustenta o lar e as regalias do companheiro, estas são as múltiplas faces da classe feminina nas décadas de 30 e 40 e que Verissimo soube delinear com maestria através da protagonista Clarissa e das personagens secundárias como Eufrasina, Ondina, mulata Belmira, Dudu e D. Clemência. Clarissa possui uma linguagem extremamente descritiva com um narrador onisciente contribuindo para a veracidade dos fatos e para que as personagens não sejam apenas pintura do mundo real, mas criaturas autênticas e cheias de vida como afirmou o próprio autor no prefácio que escreveu para o livro em 1961, todavia percebe-se que tal fator é uma característica marcante do movimento simbolista como já foi mencionado no capítulo anterior e que marcou este primeiro romance de Verissimo, no qual também se faz presente o contraponto, um método usado para esboçar as contradições entre a doce menina Clarissa e o ressentido Amaro, ela advinda do seio de uma família rica e tradicional enquanto que ele tem sua raiz fincada em um lar humilde. Em Música ao Longe o leitor contempla novamente Clarissa, porém já não é mais uma adolescente ingênua e sim uma jovem professora convivendo com a falência da família e suportando a frieza do pai e os vícios dos tios; o patriarcado está em decadência, grandes fábricas ousam se instalar nas casas que outrora pertenciam aos Albuquerque, pois estes para manter a boemia vão hipotecando todos os bens que possuem, restando apenas o casarão de João de Deus, pai de Clarissa, onde toda a família se abriga. É importante ressaltar que nessa obra há relatos do diário da protagonista, uma técnica literária que introduz uma narrativa no interior de outra narrativa maior, pois além do narrador ser onisciente e seu foco ser a personagem Clarissa, é possível ao leitor conhecê-la melhor através dos devaneios que escreve em seu diário. Mediante ao que é apresentado nas duas obras citadas acima, é possível vislumbrar a literatura em caráter de denúncia social, pois o autor não poupa críticas a desigualdade social, o ócio dos homens e a submissão das mulheres, assim como expõe a dificuldade de sobreviver em cidades que estão permeadas pela queda do patriarcado rural e a ascensão da industrialização, é co-

mo afirma Antonio Candido “A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal, que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os sentimentos” (CANDIDO, 2006, p. 61), de modo que em Clarissa, é possível acompanhar a protagonista transitando da infância para a juventude e voltando seu olhar para o mundo que a cerca ao mesmo tempo em que o narrador faz uma crítica a sociedade e elucida seus problemas. Como afirma Tristão de Athayde (1978), a obra Música ao Longe é marcada pelas dualidades que a vida impõe, observa-se que existe uma enorme tensão entre o feminino e o masculino, e Verissimo busca oprimir o machismo com o eterno feminino “que aparece como a própria vingança do humilhado contra o opressor, uma filosofia do anti-heroísmo belicoso como símbolo do verdadeiro heroísmo. Por isso é que, em sua obra, o chamado sexo fraco representa o sexo forte” (ATHAYDE, 1978, p. 98), ou seja, a mulher se constitui como o verdadeiro herói, porque desbravou as imposições machistas, em meio à opressão e a ausência de liberdade de expressão conquistou seu espaço e a tão sonhada liberdade; Os romances Clarissa e Música ao Longe denunciam a realidade feminina na década de 30 assim como apresentam a silenciosa e árdua revolução das mulheres que buscaram igualar-se ao sexo masculino e que apesar de terem sido hostilizadas, não precisaram agredir para conquistar o seu espaço. ¹ Mestra eM Letras e LinguístiCa peLa universidade FederaL de goiás (uFg), proFessora de Literatura

BrasiLeira na universidade estaduaL de goiás (ueg), CaMpus CaMpos BeLos. ² aLuna do iv ano de Letras da universidade estaduaL de goiás (ueg), CaMpus CaMpos BeLos.

reFerÊnCias atHaYde, tristão de. erico verissimo e o antimachismo. in: CHaves, Flávio Loureiro (org.). o Contador de Histórias. porto alegre: globo, 1978. p. 86-102. Beauvoir, simone. o segundo sexo: a experiência vivida. 2 ed. são paulo: difusão européia do Livro, 1967. Candido, antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 8 ed. são paulo: t. a. Queiroz, 2000. verissiMo, erico. Clarissa. são paulo: Companhia das Letras, 2005. .Música ao Longe. 3 ed. são paulo: Companhia das Letras, 2005.


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8 LUTO

aos 12 anos de idade

naná vasconcelos, um dos maiores percussionisTas do mundo e o mais revolucionário no género da hisTória da música do brasil, morreu na manhã na quarTa-feira, 9, aos 71 anos, víTima de cancro de pulmão.

naná vasconcelos - morre um percussionista genial NuNo PaCheCo*

Nascido no Recife, Pernambuco, no dia 2 de Agosto de 1944, Naná Vasconcelos tocava múltiplos instrumentos, do berimbau à queixada de burro. Durante a sua longa carreira, tocou ou gravou com músicos como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Egberto Gismonti, Joyce ou Marisa Monte, no Brasil, e com nomes como B.B. King, Paul Simon, Talking Heads, Nigel Kennedy ou gigantes do jazz como Miles Davis, Don Cherry, Pat Metheny, ArtBlakey Jan Garbarek, Tony Williams, Gato Barbieri ou Jean-Luc Ponty, durante os anos que passou nos Estados Unidos e na Europa. Atuou várias vezes em Portugal, a solo ou acompanhando outros músicos. Naná Vasconcelos (o apelido ganhou-o da avó), de seu verdadeiro nome Juvenal de Holanda Vasconcelos, tinha sido internado no hospital Unimed III, no Recife, na sequência de complicações relacionadas com um cancro do pulmão, que lhe foi diagnosticado em 2015. Naná iniciou-se na música muito novo, acompanhando o pai. Nessa altura, tocava maracas e bongô. A sua formação fez-se entre as músicas latinas então em voga nos cabarés e gafieiras (mambos, boleros, cha-cha-chas) e a música dos Estados Unidos, em particular o jazz, que ele ouvia na rádio Voz da América. E, logo que comprou a primeira bateria, tornou-se um baterista destacado na sua terra natal. Mas a sua carreira internacional, começou com uma viagem para

Naná Vasconcelos foi classificado como Melhor Percussionista na lista anual da revista DownBeat durante sete anos consecutivos.

Portugal no início da década de 1960, com o Quarteto Yansã. Tinha pouco dinheiro, não conhecia ninguém no país que visitava e não tinha qualquer espetáculo marcado. Por sorte, meio perdido em Lisboa, encontrou na rua o célebre cantor brasileiro Agostinho dos Santos (que viria a morrer num desastre aéreo em 1973) e ele ajudou-o, como fizera já com outros músicos pernambucanos. Quando Naná se instala no Rio de Janeiro, em finais da década de 1960, o seu principal objetivo era conhecer Milton Nascimento. E cumpriu-o, gravando depois com ele. Não só. Viria depois a tocar nos discos de JardsMacalé, Mutantes e Gal Costa. Ao mesmo tempo, multiplicavase naquilo que tocava, acrescentando outros instrumentos de percussão à bateria, entre eles o berimbau, no qual se tornou exímio. O impulso pa-

ra isso, como ele explicou ao Jornal do Commercio, veio de Milton: “A música de Milton não era bossa, não era samba. Em vez de fazer o ritmo, comecei a improvisar, imaginar uma paisagem para aquela música, criar sons para ilustrar as letras das músicas.” Mas ouvir Jimi Hendrix influenciou a sua forma de tocar e improvisar no berimbau, dando-lhe uma alma que ele até aí não tinha: “Não era simplesmente um instrumento feito para ser tocado na capoeira. Era um instrumento para ser tocado. Escutando Hendrix vi que os instrumentos não têm limitações”. Com mais de vinte discos gravados em nome próprio ou com o grupo de jazz Codona, do qual fez parte (o primeiro disco que gravou em nome individual foi Africadeus, de 1972, e o último foi 4 Elementos, de 2013), Naná Vasconcelos viveu durante

alunas são presas após colocarem pimenta na bebida de professora meninas Teriam se vingado após professora adverTir uma das meninas por Ter jogado cola na mochila de um esTudanTe As meninas foram levadas para a delegacia na noite da última quinta-feira (25) após denúncia da própria professora, segundo informou o jornal britânico "The Guardian". De acordo com um portavoz da polícia local, uma das meninas teria ficado brava pelo fato de a professora, de 52 anos de idade, ter advertido a jovem por ter colocado cola na mochila de outro aluno no início da semana. Na terça-feira (23,02), a menina levou pimenta vermelha picada para a escola e colocou na lata de refrigerante que estava na mesa da professora. Segundo a polícia, as outras meninas colaboraram com a traquinagem: Uma distraiu a professora e a outra ajudou a executar o plano da

primeira garota. Quando a professora bebeu o refrigerante, ela começou a tossir e a sentir falta de ar, vindo posteriormente a sentir dores na garganta e no estômago. Ela só descobriu os pedaços de pimenta em seu refrigerante após colocar a bebida em um copo de vidro. As estudantes serão encaminhadas a um centro de detenção infantil em Daytona Beach, no Estado da Flórida. Duas meninas são acusadas por adulteração de produto para consumo e envenenamento, enquanto a terceira aluna responderá por adulteração de produto para consumo e por planejar o envenenamento. As informações são do jornal local "Florida Today".

duas décadas nos Estados Unidos e na Europa até voltar ao Recife, onde passou a morar em definitivo a partir de 1999. Classificado como Melhor Percussionista na lista anual da revista DownBeat durante sete anos consecutivos, Naná continuou a tocar e a gravar com músicos de várias áreas, que acolhiam com gosto e honra o toque de gênio que conferia às percussões. Ao mesmo tempo envolvia-se em projetos sociais, como aquele que uniu crianças de três continentes (América do Sul, Europa e África) sob a designação de “Língua Mãe.” A propósito de crianças, declarou ele ao Jornal do Commercio online, em 2013: “Eu aprendi a fazer música na vida. Sou autodidata. Hoje eu me sinto feliz em poder ensinar. Gosto muito de trabalhar com crianças. Penso que elas devem ter toda nossa atenção. Elas são o futuro”.

drogas

estudo traz dados preocupantes sobre o uso ilícito de opiáceos e maconha Terapias se mosTraram pouco efeTivas para usuários de heroína; maconha pode aTrofiar desenvolvimenTo do cérebro O uso de drogas ilícitas é sempre alvo de campanhas e muitos esforços, principalmente da classe médica e dos governos, para informar a população sobre riscos e consequências. Recentemente, estudos científicos fizeram soar alertas sobre duas situações em franco crescimento. Liderado por uma equipe de pesquisadores da Philadelphia, nos Estados Unidos, o primeiro deles colocou em dúvida o auxílio efetivo dos acompanhamentos psicológicos de drogados (especialmente viciados em heroína). Segundo o estudo, apesar de quase todas as instituições de apoio e tratamento recomendarem sessões de terapia para usuários de drogas, seu efeito parece ser muito discutível. A pesquisa levou em conta

outras pesquisas: de 22 estudos recentes, em diferentes partes do mundo, mais da metade indicam que tratamentos psicológicos têm impacto menor nos viciados em heroína, por exemplo. A “força” desse tipo de droga é tão avassaladora que as sessões de terapia se mostram pouco efetivas. O problema com os opioides (substâncias derivadas do ópio) nunca foi tão grave. As taxas de uso desse tipo de droga, incluindo overdoses fatais, aumentaram muito na última década. Um estudo de 2015 estimou que, só nos Estados Unidos, mais de 900 mil pessoas usaram heroína no ano anterior, enquanto 4,3 milhões de indivíduos usaram analgésicos à base de opioides para usos não-médicos.

Os pesquisadores concluíram que adultos que usam maconha têm cinco vezes mais chance de desenvolver também o alcoolismo.

Vale lembrar outro dado sobre os opióides: a taxa de mortalidade entre seus usuários é 14 vezes mais alta que a da população em geral. Outros estudos relacionados às drogas que se mostraram muito preocupantes dizem respeito à maconha. Enquanto a legalização segue em discussão pela sociedade, a ciência dá sua participação pa-

ra ser levada em conta nessa pauta. Maconha mais potente triplica risco de psicose, diz estudo O primeiro estudo foi organizado por duas universidades em Nova York (EUA), uma divisão da Columbia University e outra da CUNY, City Universityof New York. Os pesquisadores concluíram que adultos

que usam maconha têm cinco vezes mais chance de desenvolver também o alcoolismo. Quando o indivíduo já usa ambos, álcool e maconha, a tendência de o problema persistir ao longo da vida e dificultar qualquer tratamento também cresce. “Nossos resultados mostraram que o uso da cannabis, associada ao álcool, aumenta potencialmente a vulnerabilidade e o desenvolvimento do alcoolismo mesmo em quem nunca teve esse histórico”, diz RenneGoodwin, da equipe da Columbia University. O estudo observou mais de 27 mil adultos cadastrados em um programa de recuperação do governo norte-americano. A maconha também teve seus efeitos observados pelo centro de saúde mental da Universidade do Texas. Um grupo de estudiosos afirmou que, após analisar 42 usuários recorrentes de maconha, a conclusão é que a idade em que se inicia o consumo pode dizer mui-

to sobre os efeitos de longo prazo no cérebro. A pesquisa mostrou que os participantes do estudo que começaram a usar maconha com a idade de 16 anos ou menos demonstraram variações que indicam perda de desenvolvimento no córtex pré-frontal, a parte do cérebro responsável pelo julgamento, o raciocínio e o pensamento complexo. Já os indivíduos que começaram a usar maconha após os 16 anos de idade mostraram o contrário, sinais de acelerado envelhecimento cerebral. “A ciência mostra que as mudanças causadas no cérebro durante a adolescência são complexas”, diz a médica Francesca Filbey, pesquisadora-chefe do estudo. “Não apenas a idade de início do uso tem grande impacto nas mudanças cerebrais, mas a quantidade utilizada também – podendo influenciar na maturação geral do cérebro”, finaliza.

**Fonte: Site Coração & Vida (coracaoevida.com.br)


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Continuação da reportagem da Página 09

8 PREM BABA

Um guru para inspirar os políticos brasileiros às ações corretas “Queremos Que o município de Alto pArAíso (Go) se torne umA referênciA mundiAl em meio-Ambiente e sustentAbilidAde”. prem bAbA. R – Você se tornou um bramhachari, ou seja, abandonou posses materiais, sexualidade, poder mundano? Prem Baba – Sim, isso foi acontecendo naturalmente. Quando cheguei aqui na Índia eu tinha acabado de casar e vim passar a lua de mel. No momento que eu conheci o Maharaji vi claramente que meu casamento havia acabado (risos). Tenho uma filha com a minha exesposa que atualmente é uma amiga, que me dá muita força. Ela está no mesmo caminho também e compreende o que aconteceu. Ela se tornou minha discípula e também do Maharaji. R – O Maharaji já fez a passagem espiritual (faleceu)? Prem Baba – Sim, em 23 de outubro de 2011. Então eu me considero um renunciado, mas um neo-renunciado porque eu vivo no mundo, viajando, tenho um ashram em Nazaré Paulista (SP), outro em Alto Paraíso (GO), outros ashrans aqui na Índia. Viajo pelo mundo e tenho essa proposta também de fazer ações sociais que requerem muitos diálogos com políticos, governantes, empresários. É um trabalho bastante intenso. R - O que você está fazendo nesse sentido de ações sociais? Você já está tendo contatos com os políticos? Prem Baba – Sim. Nós criamos o Instituto Awakem Love Accion. Um nome que criei para facilitar essa missão. É um movimento para acordar a consciência amorosa através de alguns valores. O Instituto atua na educação, na saúde pública, no sistema prisional, meio ambiente e gestão pública. Nesse momento estamos conseguindo dar mais força para a educação. A gente conseguiu que 100% do município de Nazaré Paulista adotasse essa metodologia que visa popularizar a meditação. A criança quando chega para aprender o ensino secular começa também a meditar. Começa com um minuto de meditação, quando chega e vem do recreio. No segundo ano, dois minutos de meditação, No terceiro, três minutos e assim vai indo. Mas a meditação se associa com valores humanos, através de histórias que são contadas. Um espaço para se lidar com sentimentos, principalmente, os de natureza sombrias. A criança em casa não aprende a lidar com o ciúme, a raiva, como transformar isso. É importante dar um espaço para a criança extravasar. Isso obviamente começa dando formação aos educadores. E não envolve religiosidade. É um sistema completamente laico.

Em Alto Paraíso, Prem Baba recebeu o governador de Goiás, Marconi Perillo, a atriz Maria Paula, o prefeito Álan Barbosa e autoridades dos governos estadual e municipal.

R – Como foi esse processo com a prefeitura de Nazaré para implantar esse sistema de ensino? Em quais outros lugares estão trabalhando para implantá-lo? Prem Baba – Entramos num acordo. Evidentemente que não passamos a conta à prefeitura. Nós buscamos apoio na inciativa privada para custear as despesas. Estamos conversando com vários outros municípios brasileiros para implantar esse sistema. Vamos levar isso para o Distrito Federal, estamos com as conversas avançadas com o governador Rodrigo Rollemberg. Estamos tentando levar para o Rio de Janeiro, através do prefeito Eduardo Paes. Inclusive a minha relação com o governador do Acre, Tião Viana, é por conta desse método que poderá ser implantado lá também. Em Brasília, estamos conversando também sobre a questão ambiental relacionada a água. Em 2018, vamos sediar uma conferência internacional sobre o tema. Estamos mantendo diálogo com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Queremos que o município de Alto Paraíso (GO) se torne uma referência mundial em meioambiente e sustentabilidade. Apoiei as 17 metas da ONU para facilitar a criação de projetos de sustentabilidade. Alto Paraíso tem vocação para ser essa referência na questão das águas, protegendo os mananciais, mas em outros sentidos. Estamos em parceria com a Fazenda da Toca, do Pedro Paulo Diniz, que está fazendo um trabalho agroflorestal maravilhoso. Tecnologia de ponta para recuperar terras degradadas e plantar

árvores, produzir alimentos em abundância e prosperidade para todos. Temos navegado nessas áreas do meio-ambiente procurando encontrar respostas para essa crise ambiental e climática que estamos vivendo. Estou bem empenhado nesse assunto.

“ExistEm aspEctos da consciência humana quE prEcisam sEr dEspErtados. sE ExistE uma cura para EssE mundo, é o amor”.

PREM BABA R – Como é o trabalho que vocês estão fazendo com saúde pública? Prem Baba – Estou dando uma aula no Hospital Albert Einstein de medicina integrativa, convidado como mestre espiritual para falar sobre compaixão e cura. E a partir dai criamos um curso de medicina integrativa para levar aos profissionais da área de saúde. Fizemos um piloto no ABC paulista, na grande São Paulo (SP), ensinando muitos profissionais de saúde para humanizar o atendimento. Entender que o ser humano tem uma alma. Os pacientes precisam não só de um atendimento técnico, mas também de um olhar e de uma atenção. R – Quais foram os políticos com quem você esteve recentemente para pedir apoio a esses projetos?

Prem Baba -Estive recentemente conversando com a Marina Silva, com o ex-senador Suplicy em São Paulo , com o Aécio Neves, o Marcondes Perillo, Rodrigo Rollemberg, Tião Viana, além de vários deputados e prefeitos. Por onde passo sinto que tenho que deixar alguma coisa. Qual o sentido dessa vida se não podermos oferecer algo? Nesse momento essas ações precisam acontecer em larga escala. E para ser em larga escala precisa ter realmente esse apoio das lideranças políticas. A base de tudo isso é o entendimento que só haverá uma mudança de consciência se houver o autoconhecimento que precisa se tornar uma política pública. Claro que estou sonhando alto. Mas por que não sonhar alto também? Nós estamos vivendo um momento muito crítico. Atravessando um nódulo kármico que pode resultar numa profunda transformação. A forma como nós escolhemos viver faliu. É só observar. O sistema capitalista não está mais nos servindo, a economia não está mais nos servindo, a educação não está nos servindo, não está mais no propósito de educar as nossas crianças. A violência está crescendo, a miséria está crescendo, as doenças estão crescendo. Se formos olhar a pelo viés da psiquiatria vamos ver que a nossa sociedade é psicótica ou neurótica. E estamos construindo isso através desses sistemas. E eu entendo que essa crise que vivemos é eminentemente espiritual. Há uma desconexão com a alma da vida. Então eu tenho tentado colaborar mostrando o caminho do autoco-

nhecimento. Para que isso possa de alguma maneira fazer a diferença na economia, na educação, no sistema prisional, em todos os sentidos. Existem aspectos da consciência humana que precisam ser despertados. Se existe uma cura para esse mundo, é o amor. O que a gente vive hoje é o desamor. E o amor é despertado através de alguns valores. Estamos propondo a honestidade como primeiro valor junto com a autoresponsabilidade. R – O Mahatma Gandhi, libertador da Índia, conseguiu uma coisa inédita no mundo que ainda não foi compreendida. Sem disparar um tiro, na base do sacrifício, Gandhi conseguiu libertar a Índia do domínio inglês. Se tornou um herói nacional e, no final, Gandhi não tinha nada. Se vestia com uma tanga e uma túnica de algodão. Ele falava muito em política Dhármica, a ação correta, o propósito de servir. Você esteve com todos esses políticos como mestre espiritual fomentando trabalhos de percepção. O quê acha desse momento que o Brasil vive em que a questão principal que corrói o país é a corrupção? As pessoas estão governando em beneficio próprio e com apego ao poder. Em que você, como guru, quer influenciar esses homens que detém o poder no Brasil que poderiam ter a visão da política como instrumento de transformação, mas não tem? Prem Baba – Quando eu me encontro com essas pessoas eu vejo além da personalidade. Estou olhando para a alma. Assim como lido com

todas as pessoas que vem até mim, de todas as classes sociais e de distintas religiões. Olho para aquele ser que está ali passando por um grande desafio. Mesmo que a pessoa não peça uma luz espiritual, no meu silêncio estou emanando uma oração para que se encontre. Então independente dessas pessoas que estão no poder, eu vejo os brasileiros passando por um desafio kármico para poder encontrar o seu dharma, a ação correta. O desafio é poder superar algumas mazelas. Em primeiro lugar o egoísmo. Nós temos uma visão distorcida sobre isso. A gente acha que o brasileiro é altruísta, que ajuda quando se tem uma catástrofe. Mas se a gente olhar bem, estão todos preocupados consigo mesmo. Querendo se libertar de um desconforto, do sentimento de culpa. Por trás dessa corrupção existe muito egoísmo. Estão todos querendo proteger a sua família, proteger os seus em detrimento da sociedade. Pensam assim: “se o meu está garantido a sociedade que se exploda”. E também existe uma grande vaidade. O brasileiro é muito vaidoso. Quer comprar uma roupa de marca, às vezes, se endividando para mostrar ao outro, para se sentir superior. Por trás do egoísmo e da vaidade existe a dor. Isso tudo gera muito maldade. Não quero falar em pecado porque a visão é distorcida. Pecado, na verdade, significa aquilo que está fora do alvo. O pecado é a gula, a preguiça, a avareza, a inveja, a ira, o orgulho, a luxúria, o medo, a mentira. Isso tudo, na realidade, são mecanismos de defesa e, por trás disso tudo tem muita dor. Se o brasileiro não der conta de lidar com essas dores que carrega de humilhação, de exclusão, não conseguirá lidar com essa atuação distorcida do poder. R – Então você está me dizendo que essa corrupção é um pouco o próprio reflexo da maneira de agir da população brasileira? Prem Baba – Claro que sim, porque somos nós que escolhemos os nossos líderes. É um reflexo daquilo que a gente tem dentro de nós mesmos. Sinto que nós precisamos de uma mudança de consciência que para poder se manifestar e surtir o efeito precisa começar com a educação. Só quando as nossas crianças conseguirem mudar essa visão de mundo haverá transformação real. Até lá nós ainda vamos passar por várias turbulências. **Reportagem originalmente publicada no portal de notícias ac24horas.com


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