O Vetor | Primeira Quinzena | Agosto de 2015

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Mxxxxxxx iscelanea

Ano VIII Edição LXXXV

Cultura

Adoniran Barbosa: 105 anos de nascimento do pai do samba paulista

Ciência

Pesquisadores descobriram cirurgia que cura enxaqueca

Alto Paraíso, 1ª quinzena de gosto de 2015 - R$ 2,00

Comportamento

Dicas para não deixar religiões diferentes estragarem a relação do casal

8 MArchA DAs MArgArIDAs

"Não permitiremos retrocessos nas conquistas sociais e democráticas", afirma Dilma Em cerimônia de encerramento da 5ª Edição da Marcha das Margaridas, presidenta compromete-se a manter o diálogo com as mulheres brasileiras para garantir políticas voltadas para a igualdade de gênero. Página 04

8 chAPADA Dos VEADEIros

Povos tradicionais de Goiás, do Brasil e do mundo se reuniram para o XV Encontro de Culturas Tradicionais Entre os dias 17 de julho e 1 de agosto, a Vila de São Jorge abrigou o XV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. o evento começou com a realização da Aldeia Multiétnica, voltada à vivência e discussão de desafios políticos e sociais enfrentados cotidianamente pelos povos indígenas. Página 05

8 norDEstE goIAno

Vice-governador participa de encontro com Kalungas

José Eliton esteve em audiência pública promovida pelo Tribunal de Justiça e Corregedoria Geral de Justiça de Goiás. Página 03

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Alto PArAíso nA rIDE

Câmara aprova inclusão de 13 municípios Região vai privilegiar municípios dependentes do Distrito Federal com recursos e convênio em áreas como infraestrutura, Página 12 transporte, educação e saúde.

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InfrAEstruturA

Programa de energia injetará R$ 186 bilhões no setor

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51 Anos no trAbAlho socIAl

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DoutrInA EsPírItA

Romilda e Andalécio, um casal a serviço do BemPágina 09 SEMPRE O AMOR POEMA: UNIVERSO

Roberto Cury

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lItErAturA & DIrEItos socIAIs Larissa Cardoso Beltrão

O NASCIMENTO E A FORMAÇÃO DA HEROÍNA ANA TERRA, DE ÉRICO VERÍSSIMO Página 10

Asfaltamento de rodovias, um grande passo para o desenvolvimento do nordeste goiano Página 02


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panOrama

Asfaltamento de rodovias, um grande passo para o desenvolvimento do nordeste goiano.

1ª Quinzena de Agosto de 2015

8 OperaçãO COmpadriO

Judiciário prorroga prisão temporária de detidos

Roberto Naborfazan

Há um “cheiro” de esperança circulando nos ares do nordeste goiano. A esperança de que, enfim, a região possa se aproximar do nível socioeconômico das outras regiões do estado, apagando, definitivamente, o estigma de corredor da miséria. Muito ainda precisa ser feito, principalmente nos setores da educação, saúde e o de geração de empregos. Mas, passos largos estão sendo dados na busca por melhorias. O bonde do desenvolvimento já passou pelo nordeste goiano no início dos anos 80, mas a sordidez de um grupo politico, capitaneado pelo ex-governador Iris Rezende, tirou o bonde dos trilhos e deixou o povo, literalmente, de braços cruzados a beira da estrada. O Projeto Alto Paraíso, criado pelo então governador Ari Ribeiro Valadão, iniciou o cultivo de frutas nobres, baseado em estudos feitos por técnicos daquele governo em iniciativas bem sucedidas em Israel e França, aproveitando o clima de Alto Paraíso, que fica próximo de 10 graus durante boa parte do ano nos pontos mais altos, e temperaturas mais elevadas nos pontos de planície. Um grande grupo empresarial já havia comprado a ideia e se preparava para comprar a produção de frutas nobres como pera, uva, maça e frutas tropicais como manga abacaxi, , laranja, melancia e tantas mais. O projeto era ambicioso e desencadearia uma gama de outras produções que se interligariam, gerando milhares de empregos e consequentemente, melhoria de renda e qualidade de vida para a população. Um peemedebista histórico, Senhor Aldo Galli, que mora em Alto Paraíso desde 1977, reconhece o desatino do ex-governador, que por pura birra politica e vingança pessoal contra Ari Valadão, abandonou o projeto. “O Ari fez acordo com os donos das terras para desenvolver o projeto, parcelou o pagamento e pagou em quan-

Estrada Parque Divaldo William Rinco (GO 239), Ciclovia, sinalização e belo visual para os usuários.

to estava no governo, o Iris, infelizmente, provocou um grande atraso para nossa região ao parar de pagar. Foi ficando tudo abandonado, os maiores tirando os menores, invasão de sem terra, deu nisso, acabou o que era para ser a maior fonte de emprego para nosso povo” lamenta Seo Aldo, que tinha na época um caminhão e ajudou a distribuir algumas mudas abandonadas para chacareiros interessados, o quanto foi possível aproveitar. Foi um tempo de vingança em que o maior prejudicado foi o povo nordestino goiano. Ao priorizar a interligação por asfalto das duas micro regiões que formam o nordeste goiano, a da BR 020 e a da GO 118 (BR 010), e o norte ao nordeste, o atual governo trás a esperança do desenvolvimento e da geração de empregos e rendas. Ao inaugurar, no dia 23 de julho último, o asfaltamento da Estrada Parque Divaldo William Rinco (GO 239), com pista sinalizada, ciclovia e passagem para animais silvestres, no trecho entre Alto Paraíso e a Vila de São Jorge, Marconi fortalece um dos grandes potenciais da região, o turismo ecológico, que será plenamente explorado ao se concluir até o meado de 2016, conforme previsto, o asfaltamento da Vila de São Jorge até Colinas do Sul e dali até o trevo para o Muquém, em Niquelandia, e a pavimentação da GO-132, entre Colinas do Sul e Minaçu, além de possibilitar maior volume de negócios entre o norte e nordeste do estado por estas vias.

O asfaltamento, com obras bastante adiantadas, da GO 447, entre Monte Alegre e Divinópolis de Goiás, cria um dos maiores corredores de desenvolvimento da região, visto que dará maiores e melhores condições aos produtores, comerciantes, viajantes e comunidades em geral de Goiás, Tocantins, Bahia e Distrito Federal, para escoar suas safras e produtos, e aos turistas, de criarem roteiros mais amplos, incluindo ao mesmo tempo as belezas da Chapada dos Veadeiros e os mistérios das Grutas de Terra Ronca, em São Domingos. A interligação por asfalto entre Iaciara/Nova Roma, Iaciara/São Domingos, Iaciara/Posse, Posse/Guarani, e a recuperação do asfalto na GO 112 que liga os municípios de Buritinopolis, Mambai, Damianopolis e Sitio D’Abadia fortalece o comercio intermunicípios e atrai novos investimentos. A chegada de uma empresa de grande porte a São João D’aliança, a Avícola Catarinense, que fará inicialmente investimentos de R$ 20 milhões com a geração de 58 empregos diretos e 174 indiretos, já é reflexo dessa melhoria nas vias de transportes, neste caso, a recuperação total de 400 km da GO 118, entre São Gabriel, São João D’Aliança, Alto Paraíso, Teresina de Goiás, Monte Alegre, Campos Belos, divisa com estado do Tocantins. Em entrevista ao Clube dos Repórteres de Goiás, o presidente da AGETOP, Jaime Rincon, nos assegurou que até o fim deste ano entregará,

enfim, o Aeródromo de Alto Paraíso, outra importante obra para o desenvolvimento do nordeste goiano e que enfrenta vários entraves desde seu início, também no governo de Ari Valadão. Há um grande líder que se coloca em evidência e é uma realidade na defesa dos interesses da região nordeste, o vice-governador e secretário da SED, José Eliton, que conhece as necessidades e anseios de nossa gente como poucos e tem trabalhado para realiza-los, com apoio do governador. Sua visita ao Vão das Almas, comunidade Kalunga no município de Cavalcante, acompanhado do comandante geral da Policia Militar, Cel. Silvio Benedito, mostra que está antenado com os problemas da comunidade. Eliton e Silvio entregaram um caminhonete com tração nas 4 rodas para atendimento exclusivo das comunidades Kalungas, dando mais segurança aqueles que moram em local de difícil acesso. O asfaltamento de suas principais rodovias torna o nordeste goiano um corredor de prosperidade, com alta capacidade de desenvolvimento, desde que aja esforço concentrado entre governo do estado, senadores goianos, para buscar recursos no governo federal, deputados federais e estaduais, com bons projetos e emendas parlamentares e lideranças classistas e da sociedade organizada, porque o povo do nordeste goiano, este, é guerreiro, trabalhador, empreendedor e ama sua região.

Ex-deputado Sebastião Costa Filho, preso na operação compadrio

A juíza Placidina Pires atendeu a solicitação do MPGO e decidiu pela prorrogação da prisão temporária de detidos na Operação Compadrio, deflagrada pelo MPGO na terça-feira (11/8). Dos sete presos temporários, que têm o prazo da detenção vencendo hoje, os promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) solicitaram a prorrogação por mais cinco dias de

quatro deles, que são José Marcos de Freitas Musse, Sandra Beatriz Correia e Costa, Ednei Moreira Borges e Osmar Pires de Magalhães. Também continuam detidos Sebastião Costa Filho e Geraldo Magella Rodrigues, que estão com a prisão preventiva decretada. Os promotores e a Justiça entenderam que ainda se faz necessária a continuação da prisão destas pessoas para a continuidade das investigações.

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Cidadania

1ª Quinzena de Agosto de 2015

8 nordeste goiano

Vice-governador participa de encontro com Kalungas José Eliton EstEvE Em audiência pública promovida pElo tribunal dE Justiça E corrEgEdoria gEral dE Justiça dE goiás Fotos: André Saddi

Redação** O vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, José Eliton, participou na quinta-feira, 13, do projeto Audiências Públicas, promovido pelo Tribunal de Justiça e pela Corregedoria Geral de Justiça de Goiás. A atividade ocorreu na região do “Vão de Almas”, próximo às cidades de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre, território onde vivem diversas comunidades Kalunga. A ação teve como foco principal as denúncias de abusos sexuais contra crianças e adolescentes dessas comunidades que estão sendo investigadas pelo Poder Judiciário. O projeto Audiências Públicas foi criado para ouvir a população sobre suas necessidades e buscar coletivamente soluções para os problemas. José Eliton, que representou o governador Marconi Perillo, parabenizou o Poder Judiciário pela iniciativa e anunciou a entrega de uma viatura (caminhonete com tração nas 4 rodas) que ficará 24 horas à serviço da Polícia Militar atendendo exclusivamente os moradores das comunidades Kalunga. “Estamos aqui numa missão que busca preservar valores im-

José Eliton“Estamos aqui numa missão que busca preservar valores importantes e evitar situações que ferem aqueles que têm menos condições de se proteger”.

portantes e evitar situações que ferem aqueles que têm menos condições de se proteger”, disse o vice-governador. No encontro, que reuniu diversos líderes Kalunga durante a festa de Nossa Senhora da Abadia (realizada até o dia 17 de agosto), foram apresentadas também questões estruturais, como regularização fundiária e

8 CavalCante Comarca terá banca permanente de conciliação a comarca dE cavalcantE tErá sua primEira banca pErmanEntE dE conciliação, quE vai funcionar no fórum local, acompanhando sEu ExpEdiEntE diário. Lilian Cury**

A intenção é dar maior celeridade aos processos e melhorar a prestação jurisdicional, conforme afirmou o juiz respondente, Lucas de Mendonça Lagares . A instalação e funcionamento foram disciplinados segundo portaria de nº 019/2015, assinada pelo magistrado. De acordo com o documento, a servidora designada para atuar como con-

ciliadora/mediadora foi Carla Daniele Pinto Rabelo, que tem cargo de assistente, sem prejudicar suas funções ordinárias. A medida segue recomendação nº 8 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a de nº 16, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), para dar continuidade ao movimento pela conciliação. **(Centro de Comunicação Social do TJGO)

Lançado oficialmente no dia 10 de junho deste ano, durante solenidade no 10º andar Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia, com a presença do governador Marconi Perillo e do presidente da Goiás Turismo, Leandro Garcia, o Circuito Gastronômico Goiás 2015,que é uma iniciativa da Goiás Turismo, começou com o 10º Festival Gastronômico de Pirenópolis, que aconteceuentre os dias 11 a 14 de junho. A comunidade de Alto Paraíso, Chapada dos Veadeiros, no nordeste goiano viver agora a expectativa de sua participação no circuito, programado paraos dias 08 a 11 de dezembro. No dia 03 deste mês de agosto, o presidente da Goiás Turismo Leandro Garcia recebeu o prefeito de Alto Paraíso, Álan Gonçalves Barbosa (foto), visando dar sequencia ao planejamento para este importante evento.

Entrega de uma viatura (caminhonete com tração nas 4 rodas) que ficará 24 horas à serviço da Polícia Militar atendendo exclusivamente os moradores das comunidades Kalunga.

construção de estradas, entre outros. José Eliton informou aos presentes que a região do nordeste goiano foi a que recebeu maior atenção do governo estadual desde 2011. Segundo ele, foram mais de R$ 500 milhões investidos. Ele citou alguns benefícios, entre eles a pavimentação de estradas que interligam a região, como a que foi inaugura-

da recentemente ligando Alto Paraíso à vila de São Jorge; outras que beneficiam as cidades de Iaciara, Simolândia e Colinas do Sul; a construção de adutoras de água; construção e reforma de colégios estaduais, entre outras obras. Sobre o programa Gleba Legal, voltado para a regularização fundiária e que irá beneficiar famílias que ainda não têm a documentação oficial de suas terras, José Eliton anunciou que até 2018 o governo do Estado irá concluir os processos. “Tenho compromisso com a região. Sei das dificuldades, mas também sei do potencial que temos aqui. Essa é uma região de gente trabalhadora. Falta oportunidades, mas estamos viabilizando isso”, afirmou. Além de vice-governador e do corregedor Geral de Justiça, desembargador Gilberto Marques, estiveram presentes na atividade o comandante geral da Polícia Militar, coronel Sílvio Benedito, juízes e procuradores de justiça, os prefeitos das cidades de Teresina de Goiás, Josaquim Miranda, e de Cavalcante, João Neto, e diversos líderes da região. **Com informações da Comunicação Setorial da SED



regional

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1ª Quinzena de Agosto de 2015

8 Chapada dos Veadeiros

Povos tradicionais de Goiás, do Brasil e do mundo se reuniram para o XV Encontro de Culturas Tradicionais do os anos, Doroty Marques cria um espetáculo com os alunos do projeto e apresenta para a Vila de São Jorge. Neste ano, em meio a um momento turbulento, a arte-educadora fez do espetáculo um adeus a seu companheiro, Ted. Edson F. Lima, o Ted, fez parte de toda a construção do projeto Turma que Faz ao lado de Doroty. Ele era responsável pela construção dos bonecos e cenários do grupo. Ted faleceu no dia 18 de julho, antes que o final da Opereta Saga da Maria Manteiga estivesse definido. A Aldeia Multiétnica, voltada à vivência e discussão de desafios políticos e sociais enfrentados cotidianamente pelos povos indígenas. Redação

Entre os dias 17 de julho e 1 de agosto, a Vila de São Jorge abrigou o XV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. Como de costume, o evento começou com a realização da Aldeia Multiétnica, voltada à vivência e discussão de desafios políticos e sociais enfrentados cotidianamente pelos povos indígenas. Este ano, estiveram presentes as etnias Krahô, Machineri, Kaiapó, Xavante, Fulni-ô, Kamaiurá, Kariri-Xocó, Trucá e Yawalapiti. Em duas semanas, muitas pessoas e culturas passaram pela pequena Vila, distrito do município de Alto Paraíso, que em seus dias normais abriga cerca de 500 moradores. A comemoração dos 15 anos de Encontro de Culturas foi marcada por momentos ímpares. Alguns felizes, outros, nem tanto. Logo no início do Encontro, o artista Ted, companheiro da arte-educadora Doroty Marques, faleceu, deixando para trás uma opereta interminada, que veio a ser um dos momentos mais significativos deste XV Encontro. Outros destaques do XV Encontro foram a visita do Governador Marconi Perillo, que esteve na Vila para inaugurar o novo trecho de asfalto que liga São Jorge a Alto Paraíso, e o reconhecimento vindo do 28º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Encontro de Culturas foi premiado na Categoria II do prêmio - Iniciativas de excelência em promoção e gestão compartilhada do Patrimônio Cultural. Dentre tantos momentos marcantes, recorremos à Agência de Notícias Cavaleiro de Jorge – que faz a cobertura oficial do evento – e selecionamos algumas das principais atrações, conversas e atividades que movimentaram a Chapada dos Veadeiros durante as duas últimas semanas do mês de julho. Acompanhe! Aldeia Multiétnica A abertura oficial da IX Al-

Arte-educadora Doroty Marques, que ensina teatro e percussão a crianças e jovens da Vila de São Jorge teve, neste ano, duas apresentações, uma na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge e outra no palco principal do evento.

deia Multiétnica ocorreu no sábado (18), com a inauguração da 1ª Tenda Literária Indígena, um espaço de troca, onde aconteceram rodas de prosa, projeção de filmes e debates. O local também contou com uma biblioteca com rico material sobre questões indígenas e quilombolas. Três convidados de peso deram largada ao evento: Creusa Krahô, Lucas Machineri e Daniel Munduruku, grandes representantes da cultura indígena. Creusa Krahô, a primeira de sua etnia a fazer mestrado, contou sobre seus estudos na Universidade de Brasília e a luta pelas questões indígenas. A demarcação das terras indígenas norteou toda a conversa. Creusa diz que entrou na universidade para saber ainda mais sobre como ajudar seu povo nessa discussão. “Não serei jovem para sempre para lutar. Quando me tornar anciã, poderei apenas ensinar sobre como conviver com o homem branco”, alerta. “Por isso, incentivo os jovens a estudar e a entrar na universidade. Na Funai, por exemplo, deveríamos ter mais indígenas resolvendo nossos problemas, não homens brancos”. O segundo convidado, Lucas Machineri, da etnia Machineri, do Acre, também é mestrando na Universidade de Brasília e frisou em seu discurso a importância da demarcação das terras. “Invadiram nossa casa e agora não querem ceder um espaço para vivermos nossos costumes”, falou. “No Acre, o problema é o governador não reconhecer nossos direitos. Quere-

mos apenas ter nosso território, uma vida saudável, com nosso conhecimento e a articulação de uma política própria”. Por fim, o historiador Daniel Manduruku começou dizendo que ali naquele encontro não enxergava índios e não-índios. “Em lugares como esse não existem os curiosos que chegam para nos olhar como exóticos. Estou vendo um monte de parentes”, disse. “Todos filhos da mesma terra, irmãos de sangue. Não são para vocês que preciso falar sobre os nossos problemas”. Ao todo, 8 etnias participaram da festa, apresentando seus costumes, danças, cantos, trajes e trazendo seus problemas sociais e políticos para o debate. Palco e Cavaleiro Conhecido por sua versatilidade dentro do universo das culturas tradicionais, o Encontro deste ano trouxe ao público de São Jorge uma gama variada de apresentações artísticas do Brasil e de países como França e México. O Projeto Turma que Faz, comandado pela arte-educadora Doroty Marques, que ensina teatro e percussão a crianças e jovens da Vila de São Jorge teve, neste ano, duas apresentações, uma na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge e outra no palco principal do evento. A primeira apresentação foi o espetáculo Penha Folclórica, com músicas típicas da América do Sul, que faz parte do projeto Todos Nós – uma iniciativa patrocinada pela Petrobrás. “Vamos cantar a América do Sul esque-

cida, a América do Sul desconhecida”, apresentou Doroty. As atrações do palco foram compostas por artistas locais, nacionais e internacionais. Nesta edição, uma das atrações locais de destaque foi a Orquestra Kokopelli, de Alto Paraíso de Goiás, que esteve no palco do XV Encontro de Culturas na quarta-feira, 29 de julho. Ela faz parte da associação homônima, criada em 2015 pelos professores Pétala Gonzaga e Fabiano Selva. No total, 60 alunos de 7 a 18 anos recebem educação musical gratuita em 2 horas de aula por semana. Eles tocam flauta doce e violão. Outra atração de impacto foi o encontro de violeiros Arreuní, comandada por João Arruda, que recebeu seus amigos Katya Ferreira, Levy Ramiro e Nádia Campos. Também foram presenças garantidas os grupos de Congo de várias partes do Brasil, que sempre passeiam por São Jorge, em forma de cortejo, abençoando a Vila. Este ano, estiveram presentes o Terno de Moçambique de Perdões, Minas Gerais, comandado por Seu Júlio Antônio; os Congos de Niquelândia e de Monte Alegre, de Goiás; e mais quatro grupos de Cariacica, no Espírito Santo. As apresentações de Juraildes da Cruz – acompanhado do grupo Tambores do Tocantins –, do grupo francês La Pifada e dos mexicanos do Grupo Venado Azul completam o time de destaques do XV Encontro de Culturas. Comunidade Kalunga A encenação do Império Kalunga, feita pela Comunidade Quilombola do Vão de Almas, integra o Encontro de Culturas desde a sua primeira edição, em 2001. Desta vez, ela ocorreu nos dias 25 e 26 de julho, com o hasteamento do mastro com a bandeira do Divino Espírito Santo, no sábado à noite, e a procissão do imperador no domingo durante o dia. Turma que Faz Como de costume, os últimos dias do Encontro foram marcados pela apresentação da Opereta da Turma que Faz. To-

história é uma crítica à falta de contato com a natureza por parte de crianças que já nascem rodeadas pela tecnologia dos ipads e smartphones. No dia 31, a apresentação da opereta foi dedicada a Ted. Esta foi a segunda vez com que Doroty teve que lidar com uma perda pessoal durante o evento. Em 2012, a musicista perdeu seu irmão, o violeiro Décio Marques, a poucas semanas do evento. Como na primeira vez, ela encontrou força em sua arte e nas crianças de São Jorge.

Marconi Perillo prestigia o Encontro de Culturas Tradicionais

Marconi Perillo após participar da roda junto ao cacique, que para os Fulni-ô, é sinal de respeito e de legitimidade de seu cargo mediante seus ancestrais, declarou sair de lá energizado com a experiência. (Acesse www.ovetor.com.br e assista o vídeo).

Narelly Batista** Na tarde da quinta-feira (23), o governador do estado de Goiás, Marconi Perillo esteve na Vila de São Jorge, no município de Alto Paraíso, para inauguração do asfalto do trecho que liga Alto Paraíso à Vila. Na ocasião, o chefe do estado visitou a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, entidade responsável pelo Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, e afirmou que é preciso garantir que as manifestações culturais e tradicionais sejam preservadas. Na visita à Cavaleiro de Jorge, Marconi Perillo, conheceu um pouquinho da cultura que nasce em meio às dificuldades das comunidades tradicionais e indígenas do Brasil. A cozinheira Tôca, remanescente de quilombo, do Sítio Histórico Kalunga, serviu comidas tradicionais à comitiva e, na sequência, Dona Daínda trocou algumas palavras com o governador sobre a dificuldade de morar em Vão de Almas, também território Kalunga, em meio às serras da Chapada dos Veadeiros, que recentemente foi notícia na imprensa goiana por denúncias de exploração sexual de menores e de trabalho infantil. Ao final da atividade, os Fulni-ô juntaram-se à comitiva que celebrava a visita. Entre cantos e danças, Marconi Perillo foi convidado a participar da roda junto ao cacique. Com muito entusiasmo participou da roda que, para os Fulni-ô, é sinal de respeito e de legitimidade de seu cargo mediante seus ancestrais. Marconi declarou sair de lá energizado com a experiência. Após a dança, Towê, o cacique, presenteou o governador com uma lança de sua etnia, agradeceu a visita e o reconhecimento a sua cultura e modo de vida, mas também solicitouajuda à Aldeia Multiétnica, que celebra a união entre os povos e o respeito às causas indígenas, e que este ano não conseguiu todos os recursos necessários para garantir a presença de todos os indígenas e atividades já tradicionais. Nas palavras de Towê, “o Encontro é algo sagrado para nós.” A declaração de Towê corrobora com o ideal de que entidades não governamentais com ações como a da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge são extremamente importantes para dar visibilidade e garantir os direitos dos povos indígenas e tradicionais do Brasil. Em entrevista, o vice governador do estado, José Eliton, que também esteve na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, falou sobre os casos de denúncia de exploração sexual e do trabalho infantil de crianças Kalunga no município de Cavalcante. Segundo ele, o governo do Estado visitaria Cavalcante na primeira semana de agosto para acompanhar o caso. **Agência de Notícias Cavaleiro de Jorge


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Cultura e religião

1ª Quinzena de Agosto de 2015

D o u ­t r I ­N A ­e S P­ Í ­r I t A Fa­le­Co­no­nos­co:­rob­cury@hot­mail.com Vi­s i­t e­nos­s o­blog­de­ar­t i­g os­es­p í­r i­t as:­www.ro­b er­t o­c ury.blog­s pot.com

SEMPRE O AMOR O Mundo se apresenta violento e irascível. Ninguém tem paciência com ninguém. Ninguém compreende ou quer compreender o outro. Há cizânia em toda parte. Desentendimentos por qualquer coisa. Cada um entende que a sua razão é sempre maior que a do outro, até mesmo os que estão desprovidos do menor direito ou faltos de bom senso, creem que são os donos do mundo e que todos os demais devam se vergar diante de suas vontades, transformando-as em verdades irrefutáveis. Não se pode dizer, nem garantir, que qualquer das instituições ou pessoas estejam isentas desse sentimento de irascibilidade ou de sua manifestação violenta, pois o que se observa é uma intolerância exacerbada que contraria frontalmente o convite de Jesus. Acentuam-se os defeitos de caráter dos seres que habitam o globo terrestre e desaparecem as virtudes de alguns poucos que ainda acreditam que o Mundo tem conserto e que as pessoas podem se recuperar formando nações unidas, alegres, saudáveis e felizes. Aqui e ali, uma guerra, uma guerrilha, uma escaramuça armada, vidas ceifadas, geralmente dos mais fracos, quase sempre inocentes. Uma ou outra vez, a televisão mostra, em rápidos clichês, alguns feitos dignificantes que via de regra são sempre exemplos da elevação espiritual e moral de seres menores na classificação social, mas que ninguém nota ou finge não notar. São as manchetes estapafúrdias que se propagam vertiginosamente, mostrando a brutalidade do ser humano no trato das pessoas, dos animais, das coisas. O noticiário violento, destacando o crime e ou o criminoso, com os detalhes e requintes de crueldade é que vende jornais ou rende audiência no rádio e na televisão. Até revistas periódicas têm se dedicado à noticiação desenfreada da violência social, proporcionando-lhes vendas maiores de cada tiragem, pois, parece, que é disso que o povo gosta, do destempero, do desequilíbrio, da violência, como se antegozasse em cada crime, em cada atitude criminosa. A concupiscência, muitas vezes, tem sido a causa de tantos desatinos sociais. Outras vezes, a inveja, a ignomínia, a aversão, a ignorância, a incompreensão, a esperteza, a sagacidade, a malandragem proliferando no meio mais pacato e sereno e daí é como se alguém colocasse uma batata podre no meio de uma saca inteira de belas e saudáveis batatas; em pouquíssimo tempo todas as batatas estarão apodrecidas. Ou, ainda, colocando-se um doente portador de doença contagiosa, em menos de um dia, todos os que mantivessem contato com ele estarão contaminados, salvo aqueles que se apresentassem resistentes aos vírus e bactérias nocivos. O pessimismo grassa em todos os setores da sociedade organizada ou não. A desesperança, os desencontros, os desequilíbrios sociais, os destemperos de autoridades, os desenganos, as traições, o tripudiar sobre os mais fracos, as falcatruas comerciais, a má qualidade na produção de bens de consumo, a diminuição das embalagens de produtos para manutenção de preços, aparentemente, baratos, o engodo nas transações gerais, tudo isso e muitos outros “trambiques” têm demonstrado que o homem busca enganar o seu próximo, enrodilhando-o nas suas “traquitanas” sempre visando o lucro ou simplesmente o gosto de “passar o outro para trás”. O furto, o roubo, o latrocínio, o assalto à mão armada, a indução do outro ao engano, ou a brutalidade física, nada disso jamais nos conduzirá a seguir as pegadas do Cristo de Deus. Assim, também, tem sido a vida, infelizmente.

Via de consequência, o processo de Regeneração do Globo Terrestre, prometido para este terceiro milênio, tem se colocado em posição de atraso. Nós, os nascidos ainda no século XX, fomos estigmatizados com a pecha dos “sem rumo”, daqueles que lutam para sobreviver ainda que a custa da prática de ações contrárias à boa moral, nebulosas, inconvenientes, inconsequentes. Assim, nos perdemos nos labirintos que construímos ao nosso redor. Mas, os tempos são chegados e é preciso que a Terra se transforme no Mundo de Regeneração habitada somente por espíritos imbuídos de boas atitudes, tranquilos, serenos, equilibrados. Como bem nos lembra Jaime Facioli, em alentado artigo sobre “Comportamento”, no jornal “O Clarim” nº 12, de julho de 2015: “A Terra é um planeta de expiações e provas, no alvorecer do mundo de regeneração e albergará os espíritos que já se melhoraram a ponto de merecê-la.” Percebe-se nas crianças nascidas já no terceiro milênio que são mais dóceis, mais inteligentes, mais perspicazes, mais sábias e que esses herdeiros contribuirão significativamente com a progressão do globo. Trazem a alegria espraiada em doces e reveladores sorrisos onde se notam a paz interior e a felicidade radiante na gesticulação. Sobretudo destaca-se a brandura completamente avessa à violência e aos desequilíbrios que tanto têm sufocado nossos companheiros de jornada terrena. Do mesmo texto citado de Facioli, destacamos: “Chico Xavier assevera com muita propriedade que o Cristo de Deus não pediu para ninguém escalar o Monte Everest, mas sim amarmo-nos uns aos outros. Por essa razão evocar a reflexão de o Evangelho de São Mateus, 5; 4 estabelecendo: “Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra”. Por esta máxima, Jesus faz uma lei que provém da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês que alguém possa usar com seus semelhantes.” “Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o Reino dos Céus”, ensinou o Mestre. Com isso o Rabi da Galiléia, com sua incomensurável doçura, advertiu que os pobres de espírito são os humildes e que humildade significa reconhecer nossa pequenez diante da grandeza do Universo, além de que devemos nos conscientizar de que tudo que existe é criação divina, pois, como transeuntes, somos apenas usuários da Terra e que nada, daqui, é nossa propriedade. Somos todos irmãos, portadores da mesma centelha divina. Assim, a humildade é uma virtude fundamental para

que possamos compreender que todas as dificuldades, pelas quais passamos, são necessárias à nossa evolução. Quando instado pelo doutor da Lei sobre qual o maior mandamento, Jesus, sorrindo, respondeu: “Amarás o senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito, ou seja de todo o teu entendimento e ao próximo amarás como amas a ti mesmo. Eis aí toda a Lei e os profetas”. Ao afirmar que o Amor a Deus devia ser de todo o espírito quis dizer que esse Amor estaria de acordo com o entendimento de cada ser humano, pois há quem tenha já maior compreensão do que outros e assim, amaria mais o próximo, pois o Amor é sempre proporcional ao conhecimento que cada um adquire em cada encarnação. Mas, o que é o Amor? Maior dos absurdos, há quem afirme que sem ciúmes não existe o amor. Infelizmente, ainda, muitos se perdem no torvelinho da violência contra seu cônjuge, seu companheiro, principalmente a mulher tem sofrido terrivelmente nas mãos enceguecidas do outro, esteja desposada ou simplesmente namorando ou convivendo maritalmente com o desditoso ser. No dizer de João Prezado: “Amar é respeitar, confiar, libertar, permitir à pessoa amada a oportunidade de crescer. Amar é permitir ao outro o direito de respirar livremente de ser feliz”. Podemos amar, se quisermos, inúmeras pessoas, cada uma no grau, no gênero e na espécie do Amor. Amor entre marido e mulher, amor entre companheiros, amor entre namorados, amor entre colegas, amor entre amigos, amor entre irmãos, como o Mestre dos Mestres nos amou, indistintamente e não por questões físico-sexuais. Um homem encontrava-se assentado num banco do jardim com seu olhar perdido no espaço. No seu cérebro urdia colocar fim à sua vida sem graça e sem léu. A desesperança tomara conta, definitivamente, do seu coração, pensava ele. Então uma criança de uns seis ou sete anos aproximou-se, sentou a seu lado e disse, sem mais rebuços: “olha que linda flor e sinta o seu perfume suave e delicioso”. Em seguida colocou-a na mão do senhor que a olhou e viu que ela já estava murchando, sem viço e o cheiro não era mais agradável. Pegou a flor oferecida e o menino sorriu-lhe, um sorriso lindo e inocente que se vê na face das crianças. Foi então que ele notou a dificuldade: a criança ao se levantar tateou à sua frente como que procurando algum empecilho que lhe obstaculizasse a passagem. A criança era cega. O homem caiu das nuvens e chorou de emoção. A criança sem olhos de ver, via e sentia a beleza da flor mesmo murcha e ele, saudável, com

ro­ber­to­cury

excelente visão se perdia na escuridão dos seu desatinos mentais. Levantou-se e antes que a criança partisse, apertou-a nos braços e tacoulhe um beijo na face, dizendo: “Deus te abençoe meu anjo, Deus te abençoe pelo bem que trouxeste”. Novamente a criança sorriu e saltitante, perdeu-se no meio de tantas outras que brincavam no parque. “A felicidade é como um perfume.... quando você o passa nos outros, fica um pouco do cheiro em suas mãos”. Momento Espírita . Jesus nos convida ao Amor, mesmo que estejamos cansados, carregados ou em sofrimento. Ele está sempre presto a nos aliviar. Por que então não nos corrigimos de nossas agressividades, nossas violências, nossas ignorâncias? Por que não emplacarmos a calma, a brandura, a paz e exercitarmos o Amor sempre, em todas as ocasiões e circunstâncias? Façamos como Martin Luther King: “É melhor tentar e falhar que ocupar-se em ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão, que nada fazer. Eu prefiro caminhar na chuva a, em dias tristes, me esconder em casa. Prefiro ser feliz, embora louco, a viver em conformidade. Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização. Mesmo se eu soubesse que amanhã o mundo se partiria em pedaços, eu ainda plantaria a minha macieira. O ódio paralisa a vida; o amor a desata. O ódio confunde a vida; o amor a harmoniza. O ódio escurece a vida; o amor a ilumina. O amor é a única força capaz de transformar um inimigo num amigo. O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício. Nossa eterna mensagem de esperança é que a aurora chegará”. Pior será sempre para aqueles que não buscam o Amor como lema porque: “Os que ainda persistirem no mal reencarnarão em outros planetas de conformidade com sua evolução” Facioli, enquanto, que os que muito amarem herdarão a Terra no Terceiro Milênio. Amemo-nos, a partir de agora, para que, num futuro breve, possamos nos encontrar aqui como herdeiros desta Terra Bendita. Muita paz.

POEMA

UNIVERSO Roberto Cury Quem diria que o Universo Se resume num ponto E esse ponto tem vida E respira e se alimenta E pula e corre E sonha? Quem diria Que nesse sonho Há forma, Há cor, Há brilho E luz E vida? Pois que esse ponto Se confunde com o sonho E o ponto ou o sonho Tem contorno Tem graça E beleza. É o próprio universo E o Universo é você! Santa Helena de Goiás, 05/06/78 corrigido em Goiânia em 23/setembro/2008.


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comportamento

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8 Loja virtuaL

Brechó das Divas, um negócio do bem Ao criAr A fAnpAge Brechó dAs divAs, desApegAAmigA, no fAceBook, A professorA universitáriA LArissA cArdoso BeLtrão uniu umA oportunidAde comerciAL com A vontAde de AuxiLiAr nA mAnutenção de umA ong protetorA de AnimAis. Roberto Naborfazan Etimologicamente, e num sentido mais alto, a palavra negócio deriva do latim, e quer dizer a negação do ócio; e foi essa negação que fez surgir a ideia na cabeça da professorauniversitária Larissa Cardoso Beltrão para criação de uma loja virtual focada na comunidade de Campos Belos de Goiás, na região nordeste do estado. Assim nasceu o Brechó das Divas , Desapega amiga, que em um curto espaço de tempo, viu o número de seguidoras se multiplicando e já passa a contar com pessoas de outras localidades. Aliada a perspectiva de um bom negócio, surgiu também a possibilidade de auxiliar um grupo de pessoas que trabalham na defesa e proteção de animais, como relata a professora Janaína Nunes de Oliveira, tesoureira da ONGOPA – Organização Protetora dos Animais -presidida pela empresária Dinha Terra, “A ideia do Brechó das Divas surgiu como luz no fim do túnel em um dos momentos de crise da Organização Nunes Protetora dos Janaína de Oliveira, tesoureira da Animais de ONGOPA Campos Belos. O que chamamos de ONG na verdade é um grupo de ami-

gos que, por iniciativa da Dinha Terra, busca soluções para o problema dos animais abandonados pelas ruas do município. Não há ainda registro oficial como Organização Não Governamental e nem um tipo de incentivo financeiro de qualquer natureza. Os animais abrigados (cerca de 50) estão em uma propriedade particular, pois as tentativas de conseguir um espaço junto ao poder público foram todas frustradas. Os custos com alimentação e saúde Rafaela destes e de Guimarães, tantos outros seguidora do que são cuiBrechó dados ainda morando nas ruas a cada dia se tornam mais altos e são poucas as doações da comunidade em geral. Diante desse quadro, o Brechó tem se mostrado uma alternativa viável, além de arrecadar fundos, divulga o trabalho da ONG e acrescenta mais gente nesse time, pois é necessário uma ação conjunta da sociedade para ao menos amenizar o problema, retirar os animais das ruas, dando-lhes um mínimo de dignidade e ainda contribuir para a saúde pública, evitando a transmissão de zoonoses”. Entusiasmada a maquiadora profissionalRafaela Guimarães,

Prosa rápida com a idealizadora da loja virtual. Por telefone, Larissa Beltrão fez um breve relato de o que é e como funciona o Brechó das Divas. OV - Das paranoias do ócio até a loja virtual, qual foi o caminho de ideias para criar o Brechó das Divas? Há um foco específico? LB - Como descrevi no excerto que antecede as regrinhas do grupo, o Brechó das Divas surgiu a partir de um desejo de tirar do guarda-roupa, principalmente, as peças que compramos para usar em uma situação específica – aniversário, casamento, formatura, dentro outros – usamos uma vez, e pronto. A peça fica esquecida no armário e não desapegamos por não ter oportunidade de passa-las para frente. Foi essa a motivação que deu vida ao grupo. Como foco, até para desenvolvermos uma contribuição social, a cada negócio realizado a ONGOPA – Organização Protetora dos Animais recebe, ao menos, 1 (um) quilo de ração. Dinha Terra, presidente da Organização Protetora dos Animais

25 anos, postou o seguinte comentário “Gente esse grupo é Demais havia comprado um vestido para usar na pecuária e havia ficado muito curto. Vendi o mesmo aqui,e ai fiquei sem op-

ção para usar na festa.. E ai me apareceu esse lindo vestido que comprei da Larissa Cardoso Beltrão, ameiiii... Já tenho vestido agora para usar na festa.. ❤❤.

OV - Já são quase mil e quinhentas seguidoras, o volume de negócios tem acompanhado este crescimento de integrantes? LB - Sim, em pouco mais de um mês, somos quase 1500

Larissa Beltrão, idealizadora da loja virtual Brechó das Divas, Desapega amiga!!

Divas. Na medida em que aumenta a quantidade de membros, cresce proporcionalmente a quantidade de negócios fechado. Hoje, por dia, são fechadas cerca de 20 (vinte) negociações. OV - O que se encontra e como é feita a transação comercial no Brechó das Divas? LB - No Brechó há um pouco de tudo: roupas, sapatos, óculos, perfumes e cosméticos, enxoval, utensílios domésticos, e muitos outros intens.A transação é feita diretamente entre vendedora e compradora. Sendo que, em via de regra, a vendedora leva o produto arte a suposta compradora, caso a negociação não aconteça, esta última deve devolver a peça à sua dona.

Da criação e funcionamento do grupo A página é resultado das paranoias do ócio produtivo: arrumar guarda roupas e armários, gastar, comprar, eliminar, doar. Ainda que constantemente eu separe peças para doação, percebi que há algumas que estão comigo há algum tempo, especialmente o que compramos para usar em uma ocasião especial, usamos uma vez, e pronto! São peças que, geralmente, não doamos porque sabemos que serão comercializadas com valor muito abaixo do que pagamos. Sendo assim, nasce aqui uma tentativa de tentarmos comercializar nossos desapegos de maneira

fraterna e justa. Sendo assim, para que alcancemos nossos objetivos, prezaremos pela observação à algumas regrinhas.

Vamos às regrinhas:

1. O grupo não tem fins lucrativos, assim cada uma ficará responsável pela comercialização e recebimento dos seus desapegos. 2. Só adicionaremos ao grupo, que é fechado, divas que manifestarem o interesse em entrar. 3. Para que não fujamos da proposta, devemos nos restringir à comercialização de desapegos semi novo

4. Os desapegos publicados devem estar em bom estado de conservação, pois nossa proposta é de troca e/ou venda de semi novos, não de usados. 5. Desde que em bom estado, poderá ser comercializado todo e qualquer desapego, inclusive infantil e/ou masculino. 6. A diva vendedora, deverá comprometer-se a entregar o produto conforme combinado com a diva compradora: estado de conservação, prazo, e demais situações combinadas. 7. Divas, lembrem-se de postar o tamanho e

valor do desapego! 8. Item facultativo: a cada venda realizada, a diva vendedora poderá doar um quilo de ração para a ONG protetora dos animais. 9. Na medida em que as comercializações alcançarem êxito, montaremos uma comissão de articulação para que façamos bazares beneficentes com fundos destinados às instituições de filantropia locais. Em atendimento à regra número 09, na primeira quinzena de outubro será realizado o I Bazar das Divas, cuja renda será revestida, em sua totalidade, em obras sociais.


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social

s

em censur

ROBERTO NABORFAzAN

Os organizadores da exposição agropecuária de Campos Belos neste ano merecem aplausos. Bons shows, com destaque para a dupla Rio Negro e Solimões, Cia de rodeio bem estruturada e a grande novidade, um helicóptero para voos panorâmicos diurnos e noturnos. Velhos problemas persistem, como a ampliação dos banheiros masculinos e femininos e a falta de lixeiras, mas nada que tirasse o brilho da festa. O volume de negócios, quase 3 milhões, mostra a força do agronegócio na região. Expositores e o público em geral elogiaram a festa comandada por José Luiz e Hélio Cruz, presidente e vice, respectivamente, do Sindicato Rural de Campos Belos.

@

naborfazan@Gmail.com

Nos anos 80, tínhamos um grupo animado em Campos Belos. Formamos uma comissão, denominada Nova Era, e com ela promovemos vários carnavais de rua e de salão. No carnaval de rua, agitávamos a cidade e o balneário do rio Bezerra com batucadas homéricas, cantávamos os sambas de enredo do ano e antigos e lançamos o sambanejo, que mais tarde se espalhou pelo Brasil. Mais tarde fundamos o Renascença F C, que além do futebol, promovia grandes festas, entre elas o carnaval de salão no antigo Clube da cidade, um galpão já demolido, que ficava onde hoje é uma quadra poliesportiva atrás do hotel Serra Verde. A turma era grande e disposta, além de batuqueiros, nos transformávamos em garçons, cozinheiros, porteiros e todas as funções que permitissem fazermos uma grande festa. Um dos personagens de destaque em todas as ocasiões era Luiz Félix Fernandes, regionalmente conhecido como Luiz Paçoca, sanfoneiro e cantador que quebrava o pé de coco em quanto havia festa. No mês de julho último fizemos uma reunião com pequena parte daquele pessoal no Bar do Peixe, de meu amigo Francino (Chico), no Centro Olimpico. Valtinho e Mara Rúbia, Sérgio Mamão e Maria Alice, Geovan, João Beltrão, Noemir e eu, nos unimos a nova geração, filhos e agregados, para rememorarmos velhos sambas e os velhos tempos. A coisa foi tão boa e animada que já ficou agendado o 2º encontro dos batuqueiros da velha guarda para o próximo ano e germinou-se a ideia de um bloco carnavalesco. Estive, no mesmo dia, com meu amigo João Beltrão, visitando o velho Luiz Paçoca, que aos 85 anos, como ele diz, ainda come muita carne de vaca dos outros e só não usa o Viagra porque Compadre Fulano (cita o nome de um patriarca de tradicional família) morreu porque tomou. Muitas risadas e boas lembranças. Luiz se lembrou de uma batucada organizada por uma turma neo petista daquela época, para acompanhar a apuração no segundo turno entre Collor e Lula. Quando começou a apuração, conta Luiz Paçoca, Lula disparado na frente e todo mundo batucando, subiram a rua do comércio gritando Lula lá, brilha uma estrela e aquela coisa toda, quando chegaram na churrascaria Mangueira, Collor tinha virado e ganho a eleição. A turma petista debandou, e Luiz, se acabando de rir, disse que foi uma trabalho danado para juntar todos os instrumentos largados sobre as mesas. Meu Campos Belos querido, são estes verdadeiros amigos e as milhares de boas lembranças que me prendem a você, sou grato a Deus por isto.

ExpoBelos 2015

1ª Quinzena de Agosto de 2015

“Antes de me despedir, deixo Ao sAmbistA mAis novo o meu pedido finAl. não deixe o sAmbA morrer, não deixe o sAmbA AcAbAr, o morro foi feito de sAmbA de sAmbA pArA gente sAmbAr...”. Versos de edson Gomes da conceição e Aloísio silva, imortalizados por gente como Jair rodrigues e Alcione.

Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, nordeste goiano, é o recanto que muitas celebridades, e também gente comum, escolheu para viver. Artistas, filósofos, intelectuais, jornalistas, ambientalistas, enfim, um lugar onde uma diversidade de pessoas com nacionalidade e cultura diferente se harmonizam. Meu amigo Júnior Tana é uma dessas pessoas. Artista com currículo invejável e musicalidade impar, teve seu profissionalismo reconhecido, sendo nomeado secretário de cultura do município. O Setor teve novo e grande impulso depois que Tana assumiu. Um cara do bem, que merece nosso respeito. Salve, Júnior Tana!!

Se não Roubar o Dinheiro dá

Esta frase foi estampada pelas ruas e avenidas de Campos Belos no inicio do mandato do perfeito Ninha, que enfrenta agora uma CPI na Câmara de vereadores por indicio de fraudes em licitações envolvendo a empresa P H Miranda, de um seu parente. Pelo jeito, o dinheiro não está sobrando nem para a higiene da prefeitura, o prédio está um lixo foto). A comissão será presidida pelo vereador Nego da Patrol, com Márcio Valente como relator e Denilson Teixeira como membro.


1ª Quinzena de Agosto de 2015

8 51 anos no trabalho social

Romilda e Andalécio, um casal a serviço do Bem

Sede da Associação Assistencial Paulo de Tarso

Em mais dE cinco décadas, dona Romilda E sEoandalécio usaRam gRandE paRtE dE sEus REcuRsos no auxílio dos mEnos favoREcidos. um casal dEdicado ao ampaRo dE pEssoas dE todas as idadEs, Raças E REligiõEs.

Dona Romilda e Seo Andalécio com os filhosn Divaldo e Marcos Rinco, família dedicada ao trabalho social. Roberto Naborfazan

Um lugar cercado pelo misticismo, porto para muitos navegantes da vida, que encontram nas belezas naturais e na energia dos cristais seu refúgio para encontrar o Ser Superior que existe dentro de cada um. Assim é Alto Paraíso, município referencia na Chapada dos Veadeiros, na região nordeste do estado de Goiás. Foi neste porto que em 1964 o casal Romilda e AndalécioRinco ancorou suas vidas e a de sua família. Oriundos de Espirito Santo dos Pinhais, interior de São Paulo, vieram se juntar a outros beneméritos trabalhadores do bem na recém-fundada (Dezembro de 1963) Cidade da Fraternidade, uma comunidade espírita a serviço dos desemparados e do próximo como um todo. Foram 20 anos laborando naquela comunidade, até que se mudaram para a fazenda Posse e, em 1986, fundaram a Associação Assistencial Paulo de Tarso, onde criaram um abrigo para pessoas carentes. A partir de 1997, iniciou-se os trabalhos as-

sistenciais na sede do município, com três salas de aulas, e por fim, em 2006, mudou-se toda a estrutura, definitivamente, para onde está hoje a sede da Associação, na Avenida João Bernardo Rabelo.Na fazenda Posse atendia-se crianças de 0 a 17 anos, já na cidade, com a nova estrutura da Associação, passou-se a atender na creche as crianças de 2 a 6 anos, e os alunos do ensino fundamental, até o 9º ano. Recentemente, o casal Romilda e Andalécioconstruiu um anexo, com madeiras tiradas e tratadas na Fazenda Posse, material de boa e durável qualidade, onde inauguraram o Lar de Luara, um abrigo para crianças carentes de 0 a 10, que terão assistência 24 horas e, em muitos casos, com apoio do conselho tutelar, aguardarão possíveis adoções. O processo de encaminhamento, por triagem, será feiro pela Secretaria de Assistência Social do município. Um novo e grande desafio para o casal e todo o corpo de funcionários e voluntários. Questionada se há apoio dos poderes públicos à instituição,

dona Romilda relata “Recebemos mensalmente R$ 400,00 do programa pão e leite, do governo estadual, através da Secretaria de cidadania e mais R$ 413,00 da merenda escolar, através do governo federal.Até o final de 2014 nos aguentamos manter a instituição, enquanto Divaldo estava aqui (filho do casal, Divaldo Rinco foi prefeito do município e durante seu segundo mandado, foi covardemente assassinado no dia 02/09/2010), entre nós, ele dizia, mãe, enquanto a senhora puder, vai fazendo, a prefeitura é pobre não tem ainda estrutura, mas acontece que, de 50 crianças que assistíamos, pulou para 120. E, apesar de ser sua obrigação,a prefeitura não tinha vagas. Então nós pedimos ajuda, se não teríamos que limitar. Eu falei, se tivermos ajuda, vou fazer mais uma sala, vou ampliar, vou dar um jeito para não deixar estas crianças sem assistência, então, desde janeiro deste ano a prefeitura passou a contribuir com R$ 5.000,00 para a educação infantil. Mas até então a gente vinha aguentando, meu

Alegria constante para os alunos da escola Francisquinho, da Associação Assistencia Paulo de Tarso

marido, Andalécio, sempre foi um guerreiro dedicado a esta causa”, frisa a benfeitora. SeoAndalécio, que chega aos 80 anos de idade no dia 16 de agosto, amparado pela boa espiritualidade, é o pilar que sustenta as ações da Associação Assistencial Paulo de Tarso. “O trabalho social que realizamos é a energia que nos move. São muitos os colaboradores fraternos que nos auxiliam nesta jornada. O Lar de Luara, uma pequena homenagem à um espirito de luz que que nos presenteou com sua presença em nossa família, mesmo que por curto período, dará abrigo a crianças órfãs ou com lares desestabilizados. São estas ações que nos dão o vigor físico e alimentam nossos espíritos”, relata o patriarca da instituição. São mais de cinco décadas dedicadas ao bem fazer pela comunidade, sem se prender ao apego material de trabalhar para ganhar dinheiro e cuidar somente de seus parentes. Durante todos esses anos, Dona Romilda e SeoAndalécio usaram grande parte de seus recursos no auxílio dos menos favorecidos. Um casal dedicado ao amparo de pessoas de todas as idades, raças e religiões.

Abrigo Lar de Luara, que dará assistência a crianças em situação de abandono. No detalhe a pequena Luara, que voltou precocemente ao mundo espiritual.

Crianças terão assistencia integral com conforto e carinho.


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1ª Quinzena de Agosto de 2015

& Larissa Cardoso Beltrão

LITErATurA

DIrEIToS SoCIAIS

laricinhabeltrao@hotmail.com

BELTRÃO, LARISSA CARDOSO

CARVALHO, GISLANE RIBEIRO

CRuz,ANA CLÉCIA DIAS

JESuS,VANESSA SANTOS, MARIzA SILVA, JuLLyANE PEREIRA C. NASCIMENTO PRADO AMARAL

DA

DE

DOS

DA

O NASCIMENTO E A FORMAÇÃO DA HEROÍNA ANA TERRA, DE ÉRICO VERÍSSIMO “Uma geração vai, e oUtra geração vem; porém a terra para sempre permanece. e nasce o sol, e volta ao seU lUgar onde nasceU. o vento vai para o sUl, e faz o seU giro para o norte; continUamente vai girando o e volta fazendo seUs circUitos.” ECLESIASTES – I, 4, 5, 6 Escrito à princípio como uma dos capítulos de O continente, um dos romances da trilogia O tempo e o vento, de Érico Veríssimo, Ana Terra tornou-se uma publicação independente, podendo ser considerado um bildungsroman que, em português pode ser compreendido como “romance de formação. Sob o aspecto gramatical, bildung = formação e roman = romance, mas em alemão, idioma de origem, refere-se a um subgênero do romance no qual há uma tensão entre o homem e o mundo das instituições ao qual ele pertence, ou seja, o romance de formação “representa a formação do protagonista em seu início e trajetória até alcançar um determinado grau de perfectibilidade”, levando dessa forma, ao desenvolvimento do próprio leitor (MORGENSTERN apud MAAS, 2000, p. 19). O enredo do romance ocupa-se na história de uma família tradicional, como tantas outras: o pai Maneco Terra, a mãe D. Henriqueta, Horácio e Antônio filhos do casal e Ana Terra, a única mulher. Os Terra vivem em uma estância, onde cultivavam a denominada economia de subsistência. Os homens cuidavam dos afazeres da lida, enquanto as mulheres se encarregavam das obrigações domésticas. E é nessa atmosfera que se forma Ana Terra, a heroína do romance que, ao longo do romance, faz a observação “Sempre que me acontece alguma coisa importante está ventando”. (VERÍSSIMO, 1997, p. 73). Ela, como todas as meninas gaúchas de seu tempo, foi criada sob o signo da obediência. Seu destino era comandado por seu pai até o dia em que o caminho de Pedro Missioneiro se cruza com o seu. A leitura da obra Ana Terra de Erico Veríssimo permitenos refletir sobre a imagem da mulher do século XVIII. A partir da trajetória de sua personagem principal, uma jovem de personalidade forte que enfrenta o destino cruel de engravidar de um índio, perder toda sua família e ser obrigada a deixar as terras para viver em outro lugar. Percorreremos o caminho da forte e brava Ana Terra, com intuito de discorreremos a respeito da visão social, destacando o papel que a mulher desempenhava no contexto familiar, assim como sua persistência e o instinto maternal. Tendo em vista que ela, ao longo da narrativa, se constitui como uma guerreira perseverante que resiste ao autoritarismo masculino da época. No decorrer deste trabalho enfatizaremos com mais detalhes as angústias da figura feminina gaúcha. Nesse sentido, sabemos, pois, que a visão da mulher tem sido associada e limitada desde muito tempo aos afazeres domésticos: ser mãe, esposa e dona de casa. Não se levando em consideração a sua importância fora dos limites do lar. Estes são realmente os paradigmas que elas buscam jogar por terra desde muito tempo. No século XVIII, o sexo feminino era visto naturalmente frágil, já que o detentor da força era o homem, o qual possuía autoridade máxima sobre a mulher, de forma que, antes do casamento associado à imagem do pai e após o casa-

mento a dominação era passada ao marido. Érico Veríssimo nos apresenta com destreza um enredo literário que retrata de forma precisa como era a condição feminina dentro de uma sociedade extremamente machista, que tratava assuntos como a sexualidade de forma totalmente obscura, uma mulher que se valorizasse jamais poderia tratar essas questões nem mesmo com o próprio marido. Nos ambientes sociais, as mulheres eram tratadas como “objetos decorativos”, jamais em meio á um evento ou jantar poderiam interagir ativamente, e nem tão pouco demonstrar suas vontades, assuntos como: política e economia, que eram restritos aos homens. É importante destacar que, é nesse período que verificamos as influências do Iluminismo e da Revolução Francesa, que vinham da Europa, trazidas por aqueles jovens brasileiros que eram enviados pelos pais para estudar, e quando voltavam vinham carregados de visões renovadoras que propunham liberdade, e sem dúvidas podemos ver esses anseios na literatura da época, que apresenta a mulher sobre uma perspectiva diferente, uma mulher capaz de sobreviver mesmo sem as figuras masculinas que eram vistas como porto-seguro. Nesse período, a economia do Rio Grande do Sul baseava-se na pecuária, e, além disso, este estado estava enfrentando diversos conflitos, de forma que os homens se ocupavam mais das atividades políticas, criação de gado e das guerras, enquanto que as mulheres se tornavam responsáveis pela subsistência familiar. Apesar de haver nessa época muitas esposas comandando estâncias e chefiando a família, estas ainda eram submissas à autoridade masculina. No romance Ana Terra, podemos contemplar inicialmente uma jovem gaúcha que se dedica extremamente as atividades domésticas: “Os Terras tinham acabado de comer e Ana tirava da mesa os pratos de póde-pedra”. (VERISSIMO, 2006, p.17). Representando assim uma parcela das mulheres

do sul que se dedicavam ao lar, e como uma jovem solteira, a protagonista desta obra estava sendo preparada para o papel de esposa e mãe futuramente, já que o casamento era considerado um ritual para a sociedade. Mas Ana quebra todos os paradigmas sociais acerca da pureza de uma moça, ao engravidar de Pedro Missioneiro, um índio, de forma que se inicia uma nova fase em sua vida: a maternidade. A partir desse momento, a moça se vê desprezada pelo pai e pelos irmãos e seu contexto familiar se torna ainda mais conturbado. Mas o ponto culminante da obra é quando a jovem perde a família em um massacre, e a partir de então passa a representar outras camadas de mulheres que precisam suster a casa e cuidar da estância e dos filhos sozinhas. Veríssimo, com toda sua maestria criou uma protagonista que possui a capacidade de representar todas as figuras femininas do Rio Grande do Sul, desde a que está no poderio do pai e dos irmãos ou marido, até aquela que cuida da estância sozinha, mas que não deixa de ser objeto do machismo. No prelúdio da obra, Ana Terra se submete a autoridade do pai, mas quando o perde, ela se abriga nas terras de Ricardo Amaral, de forma que apesar de sua “autonomia”, estará sempre condicionada a um homem. No desenrolar da trama, diante das dificuldades que a protagonista enfrentava, é evidente que o sofrimento proporcionava grandes motivos para desanimá-la, e até mesmo desejar a morte, já que, a vida na estância, um lugar isolado, era ruim, cheio de más lembranças, não tinha mais sentido, sua vida era atribulada, sua beleza já estava diluindo devido ao infortúnio. Mas em meio tanto padecimento, tinha algo em seu interior que à impulsionava a não desistir de lutar. Agora, o que dava sentido à vida de Ana Terra, era saber que ia ser mãe, ela sentia “[...] alegria ao pensar que dentro de suas entranhas havia um ser vivo, e que esse ser era seu filho e filho de Pedro, e que esse pe-

queno ente havia de um dia crescer...” (VERISSIMO, 1997, p.108). A única felicidade daquela jovem, era saber que a criança que estava sendo gerada em seu ventre, precisava do seu aconchego materno para sobreviver. Com esse pensamento, ela decidiu lutar pela vida. Houve um momento no livro em que Ana foi violentada pelos castelhanos, e quando ela acordou, encontrou tudo destruído, se viu sozinha toda suja, e, o que a faz animar, é saber que o filho poderia estar vivo em algum lugar. Portanto, ela se levanta e vai correndo procurar sua criança. Ana sentia-se animada, com vontade de viver. Sabia que por pior que fossem as coisas que estavam por vir, não podiam ser tão horríveis como as que já tinha sofrido. Esse pensamento dava-lhe uma grande coragem. E ali deitada no chão a olhar para as estrelas, ela agora se sentia tomada por uma resignação que chegava quase a ser indiferença. Tinha dentro de si uma espécie de vazio: sabia que nunca mais teria vontade de rir nem de chorar. Queria viver, isso queria, e em grande parte por causa de Pedrinho, que afinal de contas não tinha pedido a ninguém para vir ao mundo. Mas queria viver também de raiva, de birra. A sorte andava sempre virada contra ela. Pois Ana agora estava decidida a contrariar o destino. (VERÍSSIMO, 1997, 127). O vínculo estabelecido com Pedrinho desde o nascimento, até a conivência solitária, forçada pela reação de seu pai e de seus irmãos, fez de Ana uma mulher feroz. O desejo de vê-lo crescer, e o compromisso com o futuro do filho deram vida à heroína Ana Terra que, disposta a contrariar o destino, deixa a condição submissa e parte em busca do novo. Temos, a partir de então, a construção do perfil de uma nova mulher. Ao partir com a caravana de Marciano Bezerra, a protagonista do romance, (re) descobre-se. A representação da mulher Ana terra, apresenta-nos um panorama histórico-social. No desenrolar da trama acompanhamos o desenvolvimento de uma mulher que sai dos recônditos da fazenda para colaborar na formação da cidade de Santa Fé. Símbolo da mulher gaúcha, Ana Terra ficou reconhecida pelo enfrentamento das dificuldades vividas e pela personalidade férrea, características que lhe permitiram resistir aos embates enfrentados, tanto no aspecto físico, quanto no psicológico. Sem sombra de dúvidas, é uma das mais fortes personagens femininas da Literatura Brasileira, por isso é, constantemente, associada à tenacidade e garra. REFERÊNCIAS MAAS, W. P. M. D. O Cânone mínimo: o bildungsroman na história da literatura. São Paulo: UNESP, 2000. VERÍSSIMO, Erico. O Tempo e o Vento – O Continente I. 35ª ed. Globo: São Paulo, 1997. VERISSIMO, Erico. Ana Terra. 3ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.


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8 música

CiênCiA

Pesquisadores Adoniran Barbosa: 105 anos de descobriram cirurgia nascimento do pai do samba paulista que cura enxaqueca Por Portal EBC O nome verdadeiro era João Rubinato, nascido em Valinhos (SP) em 6 de agosto de 1910. Cantor, compositor, humorista e ator brasileiro, ele ficou conhecido mesmo por Adoniran Barbosa, nome de uma de suas personagens famosas dos programas de rádio. Na quinta-feira, 6 de agosto, completarram-se 105 anos do nascimento de Adoniran, que ficou conhecido como "o pai do samba paulista". Entre os seus principais sucessos estão o Trem das Onze, Saudosa Maloca e Bom dia tristeza, canções clássicas do samba. Ele morreu em novembro de 1982, vítima de um enfisema pulmonar. O programa Momento

Três, da Rádio Nacional FM de Brasília comemorou, na data, os 105 anos de Adoniran Barbosa, que cantava com aquele sotaque próprio dos paulistas descendentes de italianos. O plural podia até ficar esquecido, mas a criatividade nunca. Um homem simples, que cantava pelo puro prazer de contar histórias que vivenciava e observava. Todos os personagens, inclusive o famoso Arnesto, existiram mesmo. Alguns personagens eram inspirados em recortes de jornal, outros nos amigos de longa data. Assista também à matéria do Repórter Brasil sobre o sambista: https://youtu.be/TA6gx4bP 4Eg

Por Marina Demartini

Adoniran Barbosa, por J. Bosco

ComPortAmento

Dicas para não deixar religiões diferentes estragarem a relação do casal Por Giovanna Tavares**

Mais do que aceitar a religiosidade, é preciso ter tolerância e respeito com as práticas e as visões de mundo do outro, não tornando a crença pessoal num obstáculo ao relacionamento A novela “Babilônia” tem mostrado como as diferenças religiosas podem inviabilizar uma relação. Na trama que a Globo apresenta às 21h, Rafael (ChaySuede) é filho de um casal lésbico e foi criado livremente sem doutrina de fé. Já a sua amada Laís (Luisa Arraes), vem de uma família religiosa e extremamente conservadora, que condena o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Sem conseguir conciliar essas visões de mundo díspares, eles não têm conseguindo permanecer juntos, mesmo se amando. Ao contrário do que aparenta, esse tipo conflito tem mais a ver com a falta de disposição do casal em tolerar outras formas de pensar do que as diferenças religiosas em si. Porque exercer a tolerância não significa que um dos lados deva ceder e se converter à religião do parceiro, mas respeitar o que o outro acredita. “Não importa a religião, tem que existir a tolerância com a prática dos outros. Compreender não significa partilhar, mas não posso ficar ridicularizando e criticando a opção alheia. Não preciso ir à igreja, por exemplo, se não me sinto confortável com isso. As pessoas têm que respeitar os limites do outro, sem forçar a barra”, explica Antonio Carlos Amador Pereira, psicoterapeuta e professor de Psicolo-

Em "Babilônia", o amor de Rafael (ChaySuede) e Laís (Luisa Arraes) não têm dado certo por conta da intolerância às diferenças religiosas

gia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Saber tolerar é um aprendizado contínuo e vale para tudo na vida, não só no que diz respeito à escolha religiosa. Política, valores, ideais e outros tópicos importantes para um relacionamento saudável também devem ser pautados pelo respeito e pela compreensão. Só se alcança essa concordância por meio diálogo sincero e aberto, no qual o casal consiga expor receios e dúvidas sobre o ponto de vista do outro. O segredo é lembrar que os relacionamentos não são binários, sujeitos apenas a dois tipos de orientação. É possível conviver com outros pontos de vista, crenças e ideais. Essa troca, aliás, tem tudo para ser proveitosa para o casal. É uma oportunidade de abrir a mente para novas ideias e valores, que enriquecem e vitalizam o dia a dia. Para o casal Monique e Flávio França, ter crenças diferentes nunca foi um problema sem solução. Quando se conheceram, Flávio, que é evan-

gélico, era menos praticante que Monique, que é católica. Com o passar do tempo, os papéis se inverteram, mas nenhum dos dois precisou convencer ninguém a seguir essa ou aquela religião específica. O acordo entre o casal foi respeitar a escolha religiosa de cada um. Mesmo com tolerância e respeito, alguns atritos podem surgir, ocasionalmente – principalmente em situações em que é preciso escolher uma religião, como no casamento. Foi aí que o casal precisou sentar e conversar sobre a decisão que iriam tomar. Flávio não fazia questão de uma cerimônia religiosa, mas a família de Monique não conseguia aceitar que a advogada celebrasse a união fora da Igreja Católica. “Para a gente, casar foi bem difícil. Ele não fazia questão justamente por conta dessa nossa diferença, para não existir briga, mas a minha família pressionou muito. Então, fizemos a cerimônia na Igreja Católica, mas bem tranquila. Tivemos a presença de pouquíssimos familiares, sem

nenhum convidado de fora, só para não passar em branco. Depois, fizemos uma festa e aí sim comemoramos com todos os familiares e amigos”, lembra ela. Esse é outro ponto que deve ser abordado com um pouco de cautela pelo casal. É natural que a família exerça algum tipo de influência em decisões mais importantes, como a escolha da cerimônia de casamento ou o batizado dos filhos. Para o psicanalista Paulo Miguel Velasco, o caminho é combinar os limites dessa interferência, para que nenhum dos lados seja prejudicado. “A opinião de terceiros deve ser ouvida, porém, deverá prevalecer a opinião do casal. A base de um relacionamento saudável nesse caso é a conversa, franca e madura. Se existem valores que são muito importantes, os parceiros não devem passar por cima. É preciso que eles discutam e entendam juntos que caminho seguir”, reforça o psicanalista. O batizado de Ana Júlia, filha de Monique e Flávio, é o atual embate do casal. Um lado da família quer que a criança seja batizada na Igreja Evangélica, enquanto os familiares de Monique defendem a escolha da Igreja Católica. A advogada confessa que dessa vez está pendendo para o lado de Flávio, mas só para o batizado. “Eu acho que ceder é mais importante, por mais que naquele momento você não acredite ou não queira. O casamento é isso, cada um cede um pouco pelo bem do outro. Nunca brigamos por causa de religião, o respeito vem em primeiro lugar”, afirma Monique França.*** iG São Paulo

Pesquisadores da Universidade de Parma, na Itália, descobriram um novo método cirúrgico que elimina os sintomas da enxaqueca em 90% dos pacientes. A enxaqueca é uma dor relacionada à compressão de nervos na cabeça. Para liberar essa pressão, os médicos italianos fizeram pequenos cortes em músculos localizados na região frontal ou na parte occipital do cérebro. O procedimento precisa apenas de uma anestesia local para fazer um corte, de poucos centímetros, no couro cabeludo. Segundo o estudo, a cirurgia dura cerca de duas horas e os pacientes são liberados após uma noite de descanso. Participaram do estudo 43 homens e mulheres, entre 18 e 75 anos. Todos eles tinham mais de 15 enxaquecas ou do-

res de cabeça crônicas diárias. A pesquisa colheu dados desses pacientes durantes os anos de 2011 e 2013. Dos 43 indivíduos, 15 foram monitorados durante esses dois anos. Desses, 14 (93,3%) relataram uma resposta positiva para a cirurgia. Cinco deles (33,3%) não tiveram mais enxaquecas. Além disso, nove (60%) sentiram uma redução de pelo menos 50% na intensidade ou frequência da dor. Apenas um (6%) não notou qualquer alteração. A enxaqueca, segundo a OMS, atinge 10% da população de todo o planeta. No entanto, a doença é três vezes mais comum em mulheres, devido alterações hormonais e o uso de anticoncepcionais. Caracterizada por uma dor constante e forte, acompanhada de náuseas, uma crise de enxaqueca pode durar entre 4 a 72 horas.

Dez dicas para uma boa relação com parceiros de religiões diferentes: 1 – Tolerância: aceitar que o outro pensa diferente é um exercício trabalhoso, mas que vale a pena. A base de um relacionamento saudável é o respeito, e não a crença no mesmo Deus. 2 – Respeito: piadas e comentários preconceituosos sobre a religião do outro podem machucar e, com o tempo, minar a relação. Cada um tem o direito de seguir a doutrina que mais lhe convém, e merece ser respeitado por isso. 3 – Interesse: por que não buscar se informar melhor sobre aquilo em que o parceiro acredita? Não significa que você precisa concordar ou se converter, é só mais uma maneira de mostrar que você se importa com aquilo, mesmo que não seja a sua praia. 4 – Diálogo: dúvidas e receios devem ser esclarecidos desde o início da relação. É o diálogo franco e aberto que permite a aproximação do casal, mesmo que cada um tenha uma crença diferente. 5 – Família: a pressão para que o casal tenha apenas uma religião vem de todos os lados, principalmente dos familiares. Se vocês estão começando uma vida a dois, é bom estabelecer os limites dessa interferência e seguir o caminho que julgam melhor. Foto: 6 – Equilíbrio: o tema religioso não precisa ser algo proibido em casa. A educação dos filhos, por exemplo, pode ter valores das religiões de ambos, para que ninguém se sinta anulado . 7 – Respeito aos rituais: missas, eventos sociais, sessões... Cada religião tem rituais específicos, e os parceiros precisam ter liberdade e respeito para continuar com as práticas, em casa ou não . 8 – Sem doutrinação: tentar forçar o outro a concordar com a sua religião é um dos erros mais comuns e fatais dos relacionamentos. Ficar falando o tempo, dando exemplos e tentando desqualificar a escolha alheia é desgastante e chato. 9 – Honestidade: será que você realmente consegue aceitar uma outra forma de pensar? Muitas pessoas se enganam e acabam se frustrando com o tempo, além de magoar a outra pessoa. Questione-se antes de concordar com essa situação. 10 – Convidar, não impor: ninguém é obrigado a frequentar ambientes em que não se sente à vontade. Faça o convite para conhecer o espaço da comunidade religiosa uma vez. Se não existir a disposição, apenas deixe para lá.


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8 Alto PArAísonA rIDE

Infraestrutura

câmara aprova inclusão de 13 municípios regIão vaI prIvIlegIar munIcípIos dependentes do dIstrIto federal com recursos e convênIo em áreas como Infraestrutura, transporte, educação e saúde.

InvestImentos Irão garantIr expansão da

geração de energIa e das lInhas de transmIssão, além de contrIbuIr para a dIversIfIcação do uso de fontes renováveIs na matrIz energétIca. Portal Brasil

Carol Siqueira**

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira, 13, proposta que inclui 13 novos municípios na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE). A proposta foi aprovada com 399 votos, unanimidade entre os votantes da sessão, e agora segue para análise do Senado Federal. O projeto inclui na região os municípios goianos de Alto Paraíso; Alvorada do Norte; Barro Alto; Cavalcante; Flores de Goiás; Goianésia; Niquelândia; São Gabriel; São João d’Aliança; Simolândia; Vila Propício; e as cidades mineiras de Arinos e Cabeceira Grande. Outros 22 municípios compõem atualmente a Região de Desenvolvimento, prevista na Lei Complementar 94/98. O texto aprovado é uma subemenda ao Projeto de Lei Complementar 25/15, do deputado Rogério Rosso (PSDDF). Na última versão, foi in-

programa de energia injetará r$ 186 bilhões no setor

Alto Paraíso é um dos municípios que passam a fazer parte da RIDE

cluído o município de Goianésia, por iniciativa do deputado Daniel Vilela (PMDB-GO). Os deputados preferiram o texto de Rosso ao projeto original (PLP 311/13), do Senado, que incluía menos cidades na Região de Desenvolvimento. Recursos federais Autor da proposta, Rogério Rosso argumenta que ampliar a região vai privilegiar municípios dependentes do Distrito Federal com recursos e convênios em áreas como infraes-

trutura, transporte, educação e saúde. “A RIDE hoje é uma entidade jurídica e, como tal, pode receber recursos federais. A partir disso, esses municípios também serão contemplados, além de convênios técnicos de formação profissional e diversas atividades comuns”, explicou. Para o relator, deputado João Campos (PSDB-GO), o próximo passo é lutar para que mais recursos sejam destinados à RIDE, a fim de contemplar os novos municípios incluídos. “Vamos fazer um

trabalho para aumentar os recursos da União para a RIDE e corrigir a desigualdade nessa região”, disse. Ele lembrou que, há muitos anos, o governo do Distrito Federal incentivou a migração para a região, e muitas pessoas, não contempladas por programas de habitação, se instalaram em municípios vizinhos. “Isso gerou uma sobrecarga para Minas Gerais e para o Goiás, sem contrapartidas”, disse. A RIDE, segundo ele, veio para minimizar esse impacto. ** Agência Câmara

Para ampliar a produção de energia no País a preços competitivos com o mercado internacional, o governo anunciou na terça-feira (11) o Programa de Em 2014, apenas a produção de energia eólica gerou 37 mil novos postos de trabalho. Investimento em Energia Elétrica mil megawatts. (PIEE). O plano prevê uma inO programa também vai jeção, até 2018, de R$ 186 bi- contribuir para a manutenção lhões para a expansão da ge- e diversificação do uso de ração de energia e das linhas fontes renováveis na matriz de transmissão. O lançamen- energética, além de impulsioto contou com as presenças nar o crescimento econômico da presidenta Dilma Rousseff e auxiliar na geração de eme do ministro de Minas e pregos. Em 2014, apenas a Energia, Eduardo Braga, que produção de energia eólica detalhou o programa. gerou 37 mil novos postos de Os leilões do setor vão trabalho. atrair investimentos de R$ De acordo com o ministro 116 bilhões para adicionar en- Eduardo Braga, a previsibilitre 25 mil e 31,5 mil mega- dade gerada pelos investiwatts ao parque gerador do mentos do programa é imporPaís. Outros R$ 70 bilhões tante para o ambiente de neirão garantir a ampliação das gócios no setor elétrico. “O linhas de transmissão em 37,6 Brasil precisa ter previsibilidamil quilômetros. A expansão de nesse setor, que é intenso das energias renováveis, com em capital e precisa de planeexceção da hidrelétrica repre- jamento com antecedência”, senta quasemetade da potên- afirmou o ministro durante o cia adicionada, de 10 mil a 14 lançamento do PIEE.

Nem todo LIXO, é LIXO A reciclagem reduz, de forma importante, impacto sobre o meio ambiente: diminui as retiradas de matéria-prima da natureza, gera economia de água e energia e reduz a disposição inadequada do lixo. Além disso, é fonte de renda para os catadores.

A preservação do meio ambiente começa com pequenas atitudes diárias, que fazem toda a diferença. Uma das mais importantes é a reciclagem do lixo. As vantagens da separação do lixo doméstico ficam cada vez mais evidentes. Além de aliviar os lixões e aterros sanitários, chegando até eles apenas os rejeitos (restos de resíduos que não podem ser reaproveitáveis), grande parte dos resíduos sólidos gerados em casa pode ser reaproveitada. A reciclagem economiza recursos naturais e gera renda para os catadores de lixo, parte da população que depende dos resíduos sólidos descartados para sobreviver.

RECICLE SEUS HÁBITOS, PRODUZA MENOS LIXO. Prefeitura municipal de Alto Paraíso


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