Revista Olhares Múltiplos 3ª Edição

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Revista dos cursos de Design da Univali Gráfico, Industrial Jogos e Moda

Cultura Global Case Biblioteca Comunitária As tendências em evidência Objetos do cotidiano viram coleções Prata da casa Design e criatividade no Pixel e BGS


Olhares Múltiplos

Revista Digital dos Cursos Editorial de Design da Univali

Diretora geral

Bianka Cappucci Frisoni

Editora

Graziela Morelli

Diretora de arte e diagramação Mary Meürer

Projeto Gráfico

Mary Meürer Fernanda da Silva Vanessa Outeiro

Fotografia

Vinicius de Oliveira

Colaboradores Anderson Alves Carol Macam Deivid Hodecker Isabela Bugmann Marco Aurélio Petrelli Marco Aurélio Santos Maria Ligia Carvalho Michelle Moltini Thiago Grzybowski Thiago Ficagna

Revisão

Graziela Morelli

Contato

Campus Balneário Camboriú Bloco 02 Sala 103 5ª Avenida s/n Bairro dos Municípios CEP 88337-300 Balneário Camboriú – SC Telefone: (47) 3261-1304 www.designunivali.com

editorial Cultura Global. Esse é o tema da terceira edição da Revista Digital Olhares Múltiplos, produzida pelos cursos de Design da Univali. A ideia de cultura global foi o ponto de partida para a elaboração desse número que procura englobar temas de discussão relacionados ao design, às práticas da universidade e trazer à tona assuntos para discussão e reflexão na formação acadêmica. Apresentada como uma macrotendência por grandes agências de pesquisa de comportamento, mercado e moda, a ideia de cultura global está associada a uma visão nova das formações sociais, das culturas nacionais e dos hábitos de consumo que interferem e influenciam toda a relação do design com a sociedade. Nesta edição produzida de forma coletiva e múltiplos olhares apresentamos alguns dos TGIs - Trabalho de Graduação Interdisciplinar que se destacaram no primeiro semestre de 2011 nos cursos de Design de Moda, Design Gráfico e Design Industrial. Na seção Olhares e Mercado Múltiplo trazemos duas belas contribuições dos professores Marco Aurélio Petrelli e Thiago Ficagna que escrevem sobre o Pixel Show e o Brasil Game Show aproveitando para debater sobre a criatividade e o mercado de games. O texto escrito pelo Prof. Petrelli relata ainda a viagem de ônibus de Balneário Camboriú até São Paulo até o Pixel Show com os diversos momentos de euforia, diversão e cultura vivenciados pelos alunos. A seção Mostraí está presente mais uma vez com a colaboração de ilustrações e fotografias criadas por alunos dos cursos de Design e a participação deles se estende a um desafio proposto a duas estudantes do curso de Design de Moda que se colocaram numa situação atípica com o intuito de repensar nossos valores e nossa forma de consumir. Confira as propostas que fizemos na seção E se… Movidos pelo tema da edição discutimos a Cultura Global na matéria de capa e em três editoriais produzidos nos nossos laboratórios. As inspirações foram os grandes temas relacionados desenvolvidos a partir da leitura das macrotendências: Hipercultura, Eco Hedonismo e Neutralidade Radical. E, aproveitando o caminho das pesquisas de tendências produzimos duas matérias: a primeira chamada de “A era das tendências” em que refletimos sobre as tendências de moda e comportamento e o crescimento desse mercado de agências de pesquisa; e a segunda, mais nostálgica, falamos sobre as coleções e a relação emocional que temos com os objetos que revelam nossos gostos e nossa vida. A nova Biblioteca Comunitária inaugurada no Campus de Balneário Camboriú é o case desta edição. Na seção Vida no campus, a coordenadora dos cursos de Design conta sobre a criação da identidade visual da Biblioteca Comunitária feita pela Of Design - Oficina Acadêmica de Design. Ainda podemos nos deliciar com dois editoriais: um deles produzido com o curso de Cosmetologia e Estética e outro produzido a partir do curso de Extensão de Produção de Moda para Editoriais e Passarela. E, finalmente, para fechar com chave de ouro entrevistamos nossos egressos para saber por onde andam depois que deixam a universidade para trilhar novos caminhos. Em A Prata da Casa conversamos com designers formados pela Univali nas áreas de Gráfico, Moda e Industrial. Não perca! Graziela Morelli


sumário TGI 05 Olhares 12 Mercado Múltiplo 16 Pesquisa de Tendências 18 Capa Cultura Global 26 Memória 48 Case Biblioteca 54 Prata da Casa 58 Vida no Campus 66 Imagem + Ação 74 E se... 80 Charge 84


Ana Paula Design de Moda - 4° período


TGI Design

O Trabalho de Graduação Interdisciplinar TGI dos cursos de Design da UNIVALI, é uma atividade prática de projeto gráfico, desenvolvida pelos acadêmicos no último período do curso como requisito parcial para a conclusão da sua graduação. O TGI consiste no desenvolvimento de um projeto individual completo, onde o aluno deve integrar os conhecimentos adquiridos durante todo o curso nas diversas disciplinas e atividades de pesquisa, extensão e estágio. Os projetos são apresentados publicamente e defendidos oralmente perante uma Banca Examinadora, que procede a avaliação do mesmo, sempre objetivando a adequação às áreas do Design Gráfico, Industrial ou de Moda. A seguir são apresentados os TGIs que se destacaram no primeiro semestre de 2011. São projetos desenvolvidos para diversos segmentos e representam a inovação, tecnologia, criatividade e preocupação social presentes nos cursos de Design.

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TGI Design

Gráfico

Livro interativo para crianças cegas Aluno: Camila Pereira Bitencourt Orientador: Mary Vonni Meürer O objetivo era desenvolver o projeto gráfico de um livro de literatura infantil para crianças cegas de 3 a 7 anos, valorizando a utilização de recursos táteis, sonoros e olfativos, trazendo mais interatividade para o livro.

Aplicativo para iPad focado no empreendimento imobiliário da construtora Mendes Sibara Aluno: Karen Canuto Orientador: Mary Vonni Meürer O objetivo do projeto era criar um aplicativo para iPad para o empreendimento ‘Marina Beach Towers’, da construtora Mendes Sibara de Itajaí, a fim de aperfeiçoar o atendimento ao cliente.

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Conscientização de abandono e maus tratos animais através de intervenção urbana Aluno: Ricardo de Almeida Orientador: Luiz Roberto de Lima O objetivo do projeto era causar uma reflexão no dia-a-dia da sociedade da região do Vale do Itajaí sobre os maus tratos e abandono animal, trazendo conscientização e preocupação, e assim atingir o público de forma estranha e agressiva por meio de ilustração.

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TGI Design

Industrial

FLET HELMET capacete com sistema de iluminação para os ciclistas Aluno: Bruno Rebelo Orientador: Carlos Eduardo de Borba O FLET HELMET é um capacete com sistema de iluminação para os ciclistas de MTB Mountain Bike – Cross Country. O projeto é composto por aplicações de métodos e ferramentas, abordando toda a criação e conceituação do produto com suas devidas informações sobre aspectos estéticos, técnicos e de marketing atribuindo ênfase a sustentabilidade. Esta nova proposta de produto envolvendo o sistema de iluminação integrado a superfície do capacete utilizando energia alternativa poderá conscientizar os ciclistas e sua nova geração pela importância da sustentabilidade no esporte, podendo assim melhorar a qualidade de vida das pessoas e contribuir ao meio ambiente tornando-o mais ecológico.

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LIBRUM Food Dispenser Aluna: Mariana Letícia de Moraes Orientador: Carlos Eduardo Mauro O projeto aborda temas relacionados ao desenvolvimento de um produto que seja facilitador e adaptável, onde segundo as pesquisas realizadas detectou-se a necessidade de modificar conceitos de autosserviços, agregando referenciais palpáveis a fim de possibilitar uma escolha pratica e saudável de alimentos.

MECHA Arbalete para iniciantes Aluno: Diego Manoel Mafra Orientador: Georgio Leandro de Souza Alguns dos equipamentos utilizados na pesca subaquática ainda apresentam aspectos que podem ser melhorados através do design. Com base nesta premissa este projeto foi elaborado. O projeto visa o sistema de preparação do arbalete para o disparo, pois a referida preparação é composta por uma seqüência de procedimentos que apresentam diversos pontos críticos.

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TGI Design

Moda

OPOSTOS Dusty and New Luxury Editorial de Moda Aluna: Ana Cristina Pellizzaro Correia Orientadora: Bianka Cappucci Frisoni Este projeto propõe um debate entre o novo luxo e a moda de rua, por meio da produção de um editorial de moda ambientado no espaço urbano, analisando e demonstrando as possibilidades de associação entre as novas formas de consumo autoral e o mercado antes inacessível de produtos de moda cada vez mais disponíveis a todas as classes. Ao invés de fronteiras que demarcam as diferenças de poder aquisitivo entre os indivíduos, a proposta do editorial fomenta o acesso ao consumo como uma tendência comportamental.

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UNIOFFICE Vestimentas Profissionais para a empresa Toka Som Aluna: Ana Carolina Dagostin Orientadora: Egéria Höeller Borges Schaefer Esse projeto apresenta uma proposta de vestimenta profissional para a empresa de sonorização Toka Som que proporcionasse conforto, segurança e eficácia no exercicio de suas funções. Elaborados a partir de tecidos técnologicos e modelagens funcionais, complementa a identidade visual por meio de peças que harmonizem com o conceito, finalidade e missão da empresa, e proporcionando praticidade e funcionalidade preservando ainda as caracteristicas pessoais de cada usuário.

ECOFRIENDLY SHOES Coleção de calçados de salto alto para o verão 2012 Aluna: Emanoella Schweder de Lima Orientadora: Taiza Kalinowski O objetivo deste projeto é desenvolver uma coleção de calçados femininos de salto alto para o verão 2012, levando em consideração as questões estéticas, de conforto e sustentabilidade a fim de satisfazer as necessidades do público alvo. Este projeto explorou a falta de conforto nos calçados de salto alto, procurando minimizar o problema através da utilização de materiais já existentes no mercado e que foram desenvolvidos para solucionar esta questão. TGI 11


olhares

Por Marco Aurélio Petrelli

Realizado nos dias 15 e 16 de outubro passado, o Pixel Show nunca contou com um grupo tão grande de participantes de Design da Univali (75 inscritos) entre professores e alunos das diferentes habilitações: Moda, Industrial, Gráfico e Games. Até a Unidade Ilha esteve representada nesta viagem. Sei que não é fácil passar mais de 10 horas dentro de um ônibus, escutando cantores desafinados, brincadeiras “sem graça” tirando o sono de praticamente todo mundo. “- Como conseguem?” perguntam os que não estavam na mesma “vibe”, tentando tirar alguns momentos de descanso para aproveitar melhor o evento. Acredito que o bacana em participar de um evento como o Pixel não esteja somente relacionado às palestras principais, ou as demais atividades programadas pela organização, mas sim, pelo contexto de sua existência e das histórias ocasionadas por ele.

Dos passeios por São Paulo em decorrência da falta de direção de nossos motoristas; das brigas por parceiros de assento no ônibus e pelo acompanhante no quarto; da festa até altas horas no hotel e das estratégias criadas para fugir das reclamações dos recepcionistas. Situações vivenciadas por todos os presentes, demonstram que participar de um 12 Olhares

evento como este pode representar uma grande aventura sem um roteiro definido, o que o deixa sob certo aspecto, mais interessante. Imaginemos então, um evento paralelo, aonde tudo acontecesse exatamente como o previsto e sem estas características? Não seria tão interessante, não é? Aos que aceitaram este desafio, perceberam ainda que a receita de misturar: ilustração, motion graphics, design gráfico, quadrinhos, 3D, artes visuais, graffiti, moda, cinema, games e outros… foi um grande sucesso. Conhecer de perto um pouco mais do trabalho (os processos, as ferramentas, as técnicas, explorando os bastidores dos portfolios) de alguns dos nomes mais expressivos do cenário criativo contemporâneo, não tem preço. Percebo que na volta, muitos tenham se transformado e realmente tenham sido tocados pelas diversas horas de debate em razão da Criatividade e de suas várias maneiras de expressá-la. Precisamos realmente começar a dialogar com o mercado e deixar de olhar o mundo “pelo monitor de nossos computadores”, afinal de contas, nem tudo está disponível ou acontece no mundo virtual. Pudemos estabelecer novos laços de amizades, forjados nas inacabáveis horas de ônibus, por exemplo. Conversar com profissionais de diversas partes do Brasil, ampliando nosso network; conhecer novas maneiras de ver o Design, além de obviamente, sair de nossas rotinas.


Aos que por algum motivo não puderam participar de nossa aventura, “o mundo não acabou!”. Experimente digitar “Eventos de Design” no Google. O resultado pode assustar aos despreparados; uma vasta lista de oportunidades. Há não muito tempo atrás, esta procura poderia ser considerada uma grande jornada, mas nos tempos de hoje, fica não mais do que “a um clique” de distância. Basta olhar para portais como o Designbrasil (www.designbrasil.org. br) e ter acesso aos principais eventos do segmento, saciando os mais diferentes gostos, objetivos e interesses. Se o seu objetivo é o de conhecer o melhor do Design nacional, eventos como a Bienal Brasileira de Design ou a Bienal de Design Gráfico, são grandes oportunidades, pois apresentam diversas atividades (exposições, oficinas, etc) concomitantemente com a mostra oficial. Aos que se interessam pela pesquisa científica, o Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design (P&D Design) e o Congresso Internacional de Pesquisa em Design (ANPE Design) são um prato cheio, pois oportunizam conhecer os resultados dos melhores estudos científicos dos principais temas relacionados ao Design. Já, se o seu interesse é por um tema mais criativo, participar dos eventos destinados a estudantes de design são uma ótima pedida. Os Encontros Regionais (R Design) e os Encontros Nacionais (N Design), realizados anualmente, proporcionam uma ótima oportunidade para discutir o ensino do Design no Brasil, bem como, conhecer de perto um pouco mais sobre a realidade de outros estudantes, ampliando seu network e ainda participar de palestras, workshops e exposições e é claro, não esquecendo as tão faladas festas temáticas. Ainda abordando o tema criatividade, eventos como o Pixel Show (www.pixelshow.com.br) podem ser considerados “imperdíveis” pois criam uma grande ponte de diálogo com o mercado. De certa maneira, nada melhor do que escutar os grandes nomes do mercado, dizendo como trabalham, apresentando seus projetos, abrindo seus sketchbooks, além das atividades paralelas, como os murais para intervenções.

A lista dos eventos de nossa área não para por aí e só tende a aumentar, uma vez compreendida a amplitude de atuação, de abordagem e de conhecimentos a que um designer é posto a prova em cada um de seus projetos, forçandoo a uma busca constante por informação. Sei que nos encontramos em um mundo de compromissos e agendas apertadas, onde praticamente não temos tempo para sequer respirar, mas será que participar de eventos de nossa area não deveria ser considerado como uma obrigação de cunho pessoal? Será que ao me colocar como agente passivo neste processo estaria realmente vivenciando todas as possibilidades de estudar e aprender o que realmente é ser Designer?

Por fim, vale a pena lembrar que todo acadêmico dos Cursos de Design da Univali deve obrigatoriamente participar de Palestras, Cursos, Workshops como forma de cumprir as 240 horas de Estudos e Práticas e só assim conseguir seu diploma. Por que então não unir o útil ao agradável e preparar o seu roteiro para 2012?


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João Pereira Design Gráfico - 7° período TGI 15


mercado múltiplo

O mercado de jogos no Brasil e no mundo tem se mostrado um campo profissional cada vez mais promissor Por Tiago Ficagna

Não são apenas algumas fontes que sugerem ou mostram dados crescentes sobre esse mercado, mas todas as mídias importantes ou influentes demonstram por números que, cada vez mais, os jogos eletrônicos encabeçam as listas dos mercados mais lucrativos é considerado também um dos mercados que mais precisa de profissionais qualificados. Um dos fatores associado a isso se deve ao aumento crescente de investimento por parte das pessoas em lazer e diversão.

de dólares. Isso ultrapassa em muito o mercado cinematográfico, que até então era a meca de arrecadação no mercado de entretenimento. Vale ressaltar que não estamos falando de um mercado de games voltado apenas para homens. Para se ter uma ideia, estatísticas indicam que só em jogos para celulares existam cerca de 465 mil jogadoras no Brasil. Com um potencial de crescimento desse tipo as empresas estão contratando bons profissionais que têm interesse em ingressar na carreira de jogos.

Segundo o site SuperDataResearch, em 2010, o Brasil gastou no mercado online de jogos aproximadamente 165 milhões de dólares e a previsão para 2014 é dobrar esse valor.

No site Game Industry existem cerca de 1300 vagas abertas ao redor do globo para as mais diversas áreas.

Segundo a consultoria Newzoo, hoje no Brasil, existem 35.000.000 (trinta e cinco milhões) de jogadores ativos, e cerca de 47% desses jogadores gastam com seus jogos. Segundo o site Industry Gamers, em 2015, a cifra global para o mercado de jogos aproxima-se de 100 bilhões

É interessante destacar que o mercado de jogos é amplo e existe uma atuação forte em várias frentes.

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Esse número é bastante expressivo se considerarmos que esse mercado é relativamente recente e exige um alto grau de especialização profissional.


Podemos citar os jogos casuais em sites de entretenimento, jogos em redes sociais, jogos voltados para celulares e agora, com bastante expressividade, os jogos voltados para tablets, jogos online (o mais famoso World of Warcraft possui hoje uma base com cerca de 11 milhões de usuários pagantes, porém no seu auge haviam 14 milhões de usuários pagantes), e os jogos para vídeo games e computadores.

Essas cifras representam não apenas uma tendência de mercado, mas sim uma mudança profunda de comportamento das pessoas ao redor do mundo. As pessoas estão escolhendo jogar como forma de entretenimento, ou seja, em seu momento de descanso as pessoas estão conectadas ou estão segurando um controle adentrando num mundo virtual de fantasia e ilusão, se divertindo, sentindo, e interagindo cada vez mais com pessoas ao redor de todo o globo. Portanto, nos resta aproveitar essa oportunidade e criar conteúdos inteligentes, informativos, que despertem o interesse do público, para que possamos também “comer” uma fatia desse bolo maravilhoso e lucrativo que é o mercado de games.

De 5 a 9 de outubro aconteceu o Brasil Game Show, a maior feira de games da América Latina. Os alunos do curso de Design de Jogos e Entrenimento Digital marcaram presença na feira e puderam acompanhar os principais lançamentos dos jogos que estão acontecendo no país. A feira contou com cerca de 90 expositores e bateu recorde de público com aproximadamente 60 mil visitantes. Este número demonstra o crescente interesse dos brasileiros em prestigiar eventos que tenham como assunto principal a área de jogos eletrônicos. A feira contou com as “grandes” do setor de jogos no Brasil como Microsoft, Sony, Level Up e NC Games. Essas empresas trouxeram seus principais lançamentos apresentando-os em seus estandes montados com bastante tecnologia para realmente impressionar as pessoas que por ali passavam. Houve também diversas conferências e eventos musicais voltados para alegria das pessoas que se identificam com a cultura pop dos games. Os alunos da UNIVALI mais uma vez se engajaram e participaram de um dos eventos mais importantes da área, e vale ressaltar o nome do aluno Alexandre de Lima que organizou e oportunizou a ida a esse evento. Valeu CHAVES!


18 Pesquisa de TendĂŞncias


A ERA DAS TENDÊNCIAS Os personagens responsáveis e as dinâmicas por trás das grandes influências do consumo Por Graziela Morelli e Michelle Moltini Ilustração Deivid Hodecker e Thiago Grzybowski Diagramação Isabela Bugmann

O PROCESSO DA INFORMAÇÃO

Falar que o minimalismo está em alta, que a transparência estourou nas últimas passarelas de moda ou apenas afirmar que a eco-sustentabilidade veio para ficar é relacionar diretamente com uma palavra: tendência. Nos últimos anos o termo entrou em ascensão e tornou-se sinônimo de diretrizes dos mais variados segmentos. E por que falamos tanto nisso? Pelo fato de grandes empresas estarem investindo pesado para conhecer a fundo o comportamento humano e extraindo resultados detalhados das nossas futuras tendências. Alegar que este é um negócio recente também não é possível, afinal há quase um século a The Color Association of United States, antiga Textile Color Card Association (19151955) firmava um comitê formado pelos provedores de tecido para criação de uma cartela de cores definida para a estação. Ainda hoje, duas vezes ao ano, este comitê e outras instituições organizam e promovem a padronização entre as várias indústrias.

Os primeiros centros de pesquisa ou mesmo os birôs de estilo, inicialmente organizados para atender a indústria da moda que se firmava através do prêt-à-porter, surgiram nos anos 60 e, por volta dos anos 90 houve crescimento do setor e uma mudança de rumos instigada pela globalização e a chegada da internet. Foi então que esse segmento percebeu a necessidade de desenvolver conceitos e desejos, atendendo de forma antecipada as vontades do consumidor, realizando relatórios, anuais ou mensais, e mostrando às indústrias interessadas o que realmente o cliente quer consumir. Dentro deste contexto existe uma figura de grande destaque para manter toda essa rede de informações, o coolhunter. Mais conhecido como ‘caçador de tendências’ é o olhar dele que examina o que acontece ao nosso redor. Como um radar, está sempre atento a encontrar o cool e defende que são poucos os que podem exercer esse talento. Com uma percepção apurada e uma visão contemporânea, faz previsões além de seu tempo. É comum remeter o perfil desses caçadores a pessoas modernas e descoladas que desde o tempo de escola estavam em evidência no seu grupo de amigos.

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O coolhunter trabalha com a sensibilidade, intuição e observação. Suas análises envolvem questões antropológicas, sociológicas e etnográficas, sendo esta última um de seus métodos mais frequentes. A etnografia permite investigar os costumes, crenças e histórias de uma comunidade observando os hábitos cotidianos. Há alguns anos, os resultados dessas pesquisas despontavam de lugares que transbordavam de pessoas irreverentes nas ruas, como Londres, que por muito tempo foi referência de estilo. Hoje, o olhar do cool volta para o mundo. Mas toda essa percepção e essa pesquisa tem uma inspiração. Ao descrever o coolhunter não é difícil lembrar do famoso personagem de Charles Baudelaire, poeta do século XIX, o flâneur. O flâneur surgiu na modernidade no momento em que a industrialização dos séculos XVIII e XIX trouxe a urbanização das cidades européias e, como consequência disso, a formação das multidões e dos conglomerados humanos. Um grande observador, o flâneur dedicava seu tempo a vagar pelas ruas no intuito de observar o que acontecia ao seu redor, apreendendo cada detalhe, sem ser notado, sem se inserir na paisagem buscando uma nova percepção da cidade. Ele tinha a rua como matéria-prima e fonte de inspiração.

“O coolhunter trabalha com a sensibilidade, intuição e observação. Suas análises envolvem questões antropológicas, sociológicas e etnográficas, sendo esta última um de seus métodos mais frequentes” O alcance da internet possibilitou novas formas de pesquisas, sem contar na facilidade da interação. O mundo virtual é um diário aberto para tirar fortes conclusões. Nunca nos expomos tanto como nos dias de hoje, onde relatamos a cada momento, através das redes sociais, nossas vontades e preferências. Sem dúvida 20 Pesquisa de Tendências


uma grande oportunidade, porém é preciso ter capacidade para filtrá-las, caso contrário a informação se massifica. O coolhunter, na maioria das vezes, trabalha sozinho e seus dados são repassados para os centros de pesquisas. Estes, por sua vez, seguem abastecidos de conteúdo para repassar aos seus clientes. No entanto, tanta informação tem seu valor. Uma assinatura de um portal de tendências pode começar próximo ao valor de 3 mil reais/ano em um site como o Use Fashion, ou é possível escolher uma das empresas líderes do setor, o WGSN, que possui sede em diversos países com uma ampla equipe e sua assinatura não sai por menos que 15 mil dólares anuais.

Transformando o cool em produto

A importância do coolhunter desenvolveu-se muito nos últimos anos. Parece estranho se comparar o acesso a informação que se tem hoje ao que se tinha há 15 anos, mas é exatamente por conseguir filtrar e captar melhor as sensibilidades junto a um mundo de links, notícias, movimentos etc que o ‘çaçador de tendências’

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ganha força. Numa era em que as pessoas e as empresas estão hiperconectadas, as empresas precisam tomar decisões cada vez mais assertivas e prever o interesse do consumidor antes mesmo dele saber disso. Segundo Andrea Bisker, diretora do WGSN para a América Latina em entrevista ao FFW, com a quantidade de informações disponíveis no mercado, a pesquisa e a antecipação de tendências é fundamental. E isso não acontece mais só com o mercado de vestuário: “agências de publicidade e empresas de tecnologia já entendem a importância de olhar mais pra frente”, avalia Camila Toledo, diretora de tendências do Stylesight também em entrevista ao FFW.

As oportunidades do mercado

Na era contemporânea, viabilizar a informação em forma de negócio tornou-se uma oportunidade. Conhecer a própria estrutura empresarial é fundamental para manter sua missão e conceito no mercado e a grande vantagem de ter um suporte de coolhunting, seja interna ou externamente a empresa, é tentar desmitificar o futuro. Os relatórios não são garantias de nada, apenas norteadores de previsões estudadas, mas inúmeras empresas vêm destacando o aperfeiçoamento de suas pesquisas. Algumas empresas estão incluindo na sua própria estrutura um setor voltado

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especialmente à pesquisa de tendências e consumo. Interpretar a necessidade do consumidor de forma individual permite criar um maior vínculo com a empresa permitindo que o cliente se identifique cada vez mais com a marca. Com grande destaque no setor da indústria têxtil no Brasil, a Tecelagem Santaconstancia possui uma diretoria internacional de estilo, representada por Consuelo Blocker, neta de Gabriella Pascolato - fundadora da empresa. Residente na Itália, Consuelo é presença frequente nas semanas de moda, está sempre viajando em busca de referências culturais e captando os novos sinais de


comportamento. Procura olhar para o que vai além do óbvio, analisando tudo o que está a sua volta. Questionada sobre como se detecta uma tendência, afirma:

“É preciso estar sempre, sempre ligado no que está acontecendo, ter uma cultura de moda para entender o ciclo da moda e... intuição.” Para Suzana Caroline dos Santos Lobo, egressa do curso de Design de Moda da Univali e designer da empresa RenauxView, “a informação multiplica as possibilidades de articulação para quem investiga as tendências”. Utilizar diversos métodos de coleta de dados é essencial para obter uma ampla pesquisa e uma boa filtragem do conteúdo, facilitando abordar os resultados no desenvolvimento do produto e na sua forma de comercialização e comunicação. Em relação à análise do cenário atual do mercado e profissionais, Suzana aconselha aos interessados ser fundamental

“apurar o olhar, ter posicionamentos críticos e criteriosos, conectar as informações de forma inteligente”. Sobre o interesse no setor as agências de pesquisas podem se considerar aliviadas. Segundo uma pesquisa realizada pelo site Use Fashion, em 2011, em entrevista com mais de 500 estudantes da área de moda, expressivos 55% afirmam querer trabalhar na área de pesquisas. Essa porcentagem compõe-se, na sua maioria, de jovens entre 21 e 25 anos e do sexo feminino. A atenção voltada ao setor cresce justamente por estar ligado a uma parcela jovem da população. As características desta nova geração competem com suas habilidades em desenvolver diversas atividades simultaneamente. Desenvolvem a curiosidade pelo conhecimento e aguçam a vontade por este campo de atuação. A previsão para o setor é otimista e oportunidades não faltam para atender as exigências do mercado.

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www.designunivali.com/npdesign



cultura GLOBAL

A ideia de supermercado cultural global apresenta novos comportamentos e tendências de consumo Por Graziela Morelli e Bianka Frisoni

Durante o segundo semestre de 2011, o tema abordado no desenvolvimento dos projetos dos cursos de Design da Univali foi intitulado de Cultura Global. A ideia da cultura global está associada a uma visão nova das formações sociais, das culturas nacionais, dos hábitos de consumo… Sim, isso é o que estamos vivendo e, de certa forma, o termo parece refletir as nossas realidades. Mas será que estamos entendendo tudo isso? Será que esses conceitos têm alguma relação com as nossas identidades? Vamos procurar entender um pouco mais a respeito disso. 26 Capa


A ideia de cultura sempre foi estudada e pesquisada por diversas áreas das ciências mas, em particular, a antropologia se ocupou de definir a cultura por entender como seu campo mais amplo de atuação. Em muitos momentos usamos o termo cultura para indicar se alguém ou um grupo possui ou não cultura. É o que é chamado por Guatarri (1986), filósofo francês, de “cultura-valor” que corresponde a um julgamento que determina quem tem e quem não tem cultura. É uma noção que descreve a organização simbólica de um grupo onde algumas pessoas têm mais cultura que outras e estes valores estão relacionados ao conhecimento das artes visuais, literatura, música, etc. Mas o campo da antropologia está fundamentado numa segunda definição do termo cultura. A cultura pode ser entendida como o contexto onde os fatos são produzidos, percebidos e interpretados. A cultura de um grupo é o conjunto articulado dos significados que os membros daquele grupo sancionam, visando lidar com o mundo natural que os cerca e definir as relações que mantêm com os outros seres humanos.

E global? O que se entende por global ou globalização? Até o final do séc XX conseguíamos identificar “culturas nacionais”, ou melhor, identificávamos as culturas de determinados grupos, estados ou países a partir de alguns elementos que eram comuns ou que entendíamos como característicos daquelas regiões.

A partir da década de 90, nos encontramos com a globalização, um processo que atua numa escala global atravessando fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaçotempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado (McGREW apud HALL, 2006). Giddens (citado por HALL, 2006) também explica que globalização implica em um sistema que se concentra na forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço. Esse processo de globalização passou a interferir amplamente na definição ou na prática da cultura.

Lucia Santaella (2003) explica: “a cultura se refere aos costumes, às crenças, à língua, às idéias, aos gostos estéticos e ao conhecimento técnico, que dão subsídios à organização do ambiente total humano, quer dizer, a cultura material, os utensílios, o habitat e, mais geralmente, todo o conjunto tecnológico transmissível, regulando as relações e os comportamentos de um grupo social com o ambiente”.

Alguns autores passaram a sugerir o conceito de supermercado cultural global. Como pensar em culturas nacionais quando uma boa parcela da população mundial, diariamente, escolhe aspectos da sua vida nas prateleiras de um supermercado cultural global? As opções de escolha disponíveis a todos são inúmeras: tratando-se de comida, Capa 27


por exemplo, pode-se comer ovos e bacon no café da manhã, lasanha no almoço e sushi no jantar; como entretenimento, pode-se ouvir jazz, samba, reggae e salsa; no campo da religião, pode-se escolher entre se tornar cristão, budista, sufi ou ateu. O antropólogo Clifford Geertz sugeriu uma definição de cultura que ficou conhecido como conceito semiótico de cultura. A cultura é como um conjunto de teias de significados que o indivíduo constrói durante sua vida. É constantemente relembrada, trabalhada, exercida, modificada, no sentido que é possível incorporar novos conceitos, fenômenos, tecnologias, ou seja, novos elementos à teia. Não se trata, portanto, de algo que tende a se enfraquecer ou que corre o risco de desaparecer com as novidades advindas da globalização, porque a teia de significados, aquele elemento que permite ao indivíduo rir de uma piada ou entender o significado de uma piscadela burlesca, não pode ser transformada em objeto de consumo. Tathyane Costa, no artigo “A mundialização da cultura e os processos de homogeneização e formação da cultura global”, cita Hannerz procurando explicar que essa cultura global não é uma forma de homogeneização da cultura e nem se dá de uma forma imposta. A cultura global está assinalada por um organismo de diversidade e não por uma repetição de uniformidade. São as culturas locais e suas relações, trocas, contatos cada vez mais acentuados que formam a cultura global. São partes importantes, cada qual com suas particularidades, que formam uma rede de subculturas. Por exemplo, as pessoas podem se sentir “mais globais”, ou mesmo pertencentes a essa cultura global, ao acenderem um incenso, adquirirem uma escultura africana, usarem roupas indianas, assistirem a filmes iranianos ou jantarem num restaurante japonês. É essa diversidade de opções que compõe a mundialização cultural e que é compartilhada – e não sobreposta – com os símbolos e significados da cultura local. 28 Capa


A transformação da observação em tendência Essas observações e constatações a respeito das definições de cultura e globalização e a evolução de uma cultura global foi traduzida para o apontamento de uma tendência, ou seja, a percepção de que esse caminho da cultura global é uma realidade que tende a se transformar num comportamento real, observado aqui, entre nós e que vai nos guiar nas próximas estações ou anos para o desenvolvimento de novos produtos e projetos e para a compreensão do comportamento de consumo. As agências de pesquisa de tendências WGSN e UseFashion apresentaram leituras que sinalizam alguns desses novos comportamentos que vão, conforme o conceito de Geertz, formando teias de significados novos, a cada novo encontro, a cada movimento.

eco hedonismo

Este tema tem suas raízes fincadas na sustentabilidade. A natureza e a ecologia e um novo modo de pensar o consumo e o desenvolvimento de produtos está relacionado a esse tema que traz uma nova ideia de luxo. Tudo que é natural ganha uma abordagem sofisticada, da moda ao comportamento, da gastronomia à beleza.

neutralidade radical

A neutralidade radical dá uma chacoalhada nos valores humanos. Seu foco está em duas vertentes: a androginia e o minimalismo. O gênero se torna mais aberto a traduções à medida em que os estilos de vida e sexualidades múltiplas se tornam mais comuns. O individualismo se infiltra no genérico e a uniformidade é usada como um inesperado veículo de statements complexos.

hipercultura Assista o video conceitual sobre Cultura Global produzido por Vinicius de Oliveira e Euclydes da Cunha Neto

A hipercultura que intitula esse tema trata de uma nova ordem visual que aparece a partir de uma grande mistura de estilos, valores e ícones promovida pelo design cross-cultural e pelas novas formações sócio-econômicas. A combinação de antigas tradições com a tecnologia desenvolvida através da internet e das redes que relacionam uma nova geração de artistas, designers e pensadores marcam esse tema que busca transcender seus limites para criar algo novo. Capa 29


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luxo sustentรกvel


Produção Executiva Jéssica Pinn Estilo Kauana Amaral Fotografia Celso Peixoto Cenário Fernanda Azanha, Jéssica Philippi , Amanda Lunelli Look Rosemari Moser , Rafaelle Bortolin Modelo Lurdiana Tejas Maquiagem Vanessa Guerra Auxiliar de produção Carla Michelle Bocarte, Amanda Carvalho Tratamento de Imagem Anderson Alves Auxiliar de fotografia/Making off Charles Kobayashi Disciplina fotografia de moda Prof. Vinicius de Oliveira

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Momento de afirmar o prazer como o supremo bem da vida humana entendido de forma mais ampla como felicidade. Prazer moderado pela razão numa interrelação com as condições de luta pela existência respeitando a economia da natureza da vida.

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neutral+

indiferença • imparcialida básico.o essencial se torna drástico, profundo e decisiv intransigente nas ideias ou n recebe reformas profundas • lugar a experiências perigosa do ser vivo que se comporta como fêmea • é a qualida presença de flores masculi i n f l o r e

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+i+dade

ade • é fundamental e completo e total • tudo é vo • o que é inflexível ou nas atitudes • o que é radical • as posições extremistas dão as e arriscadas • a qualidade simultaneamente como macho e ade do indivíduo que apresenta inas e femininas na mesma s c ê n c i a

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tolerância • liberdade • crença nas diferenças de opinião • organismo • substânc

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cia que possui afeto

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...coragem de ser • mostr ideologia e atitude • sem original • ser eu •

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rar o que penso • adotar uma ideia sem medo • ter declarar em alto e bom som • usar um tom seguro e amar • intenso • transparente • incondicional.

Produção Executiva Elisa Michels Fotografia Vinicius Oliveira Modelos Gabriel Garcia, Henrique Silvestre, Débora Barbosa Maquiagem Mateus Correia Tratamento de Imagem Vinicius Oliveira Auxiliar de fotografia/Making off Charles Kobayashi Texto Mix List Diagramação Bianka Capucci Frisoni

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cultura global

brasil

Uma conexão global em que a localização geográfica não nos mostra mais onde estamos. Um mix de culturas, hábitos, valores no mundo interconectado, instantâneo e globalizado. Um mundo onde é possível absorver e conhecer tudo num lugar só e onde as referências de cada espaço, de cada cultura, de cada história se transforma em uma única, a do homem global e contemporâneo. Japão, Turquia, Brasil, México e África do Sul conectam-se nessa viagem que protagoniza nesse ensaio as influências da moda.

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africa

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japao

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mexico

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turquia

Beleza Marcia Gomes De Souza Produção de Moda Andressa Dallazen, Carla B Souza , Fernanda De Chaves Hadassa Machado, Joseane Dos Santos Larissa Freitas e Michelle Moltini Modelo Vilma Lundt Fotografia Vinicius Oliveira e Charles wKobayashi Tratamento de Imagem Michelle Moltini Disciplina Produção de Moda Prof. Graziela Morelli

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Memória

Item de colecionador Objetos do cotidiano nos ajudam a construir nossa identidade e nossa relação com a sociedade de hoje e de ontem. Por Graziela Morelli Diagramação Marco Aurélio Soares

Vivemos o mundo do consumo e dos objetos. Somos rodeados pelos mais variados tipos de objetos que vão nos acompanhando (ou não porque também existem aqueles totalmente desapegados) pela nossa vida. Alguns têm hábito de descartar frequentemente e outros vão carregando aquelas coisas consigo por grande parte da vida. O fato é que através das roupas que vestimos, dos livros que lemos, das músicas que ouvimos, dos objetos que ocupam os espaços e decoram a nossa casa mostramos quem nós somos, representando nossas escolhas e dizendo muito sobre nós. E mais: muitas vezes nos apegamos de tal forma a esses objetos que desenvolvemos uma relação emocional. Um professor de psicologia e educação

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Você conhece alguém que coleciona alguma coisa? É fácil encontrar pessoas que gostam de colecionar objetos dos mais diversos, desde a tradicional coleção de selos, moedas, bolinhas de gude até obras de arte, carros, aparelhos eletrônicos etc.

Mas por que as pessoas colecionam e juntam objetos? E mais: você já olhou para os objetos que têm em casa e se perguntou o que eles dizem sobre você? da Universidade de Chicago visitou 80 famílias americanas e perguntou para cada uma delas o que era mais importante dentro de casa. A grande maioria não indicou nada que tivesse alto valor monetário, mas algo de valor afetivo: a cadeira de balanço que foi do avô,

a mesa de estudos da adolescência, a máquina de costura que pertenceu a tia. Isso mostra que os artefatos têm participação no nosso cotidiano organizando práticas sociais, influenciando comportamento e representando quem somos. “O mundo acabou” é um livro maravilhoso e divertido escrito por um jornalista chamado Alberto Villas que faz a arqueologia do próprio passado apresentando um inventário de personagens, hábitos, produtos, nomes, marcas e objetos que se eternizaram na memória de muitos brasileiros, principalmente aos que hoje passaram dos 40. No livro, o autor faz uma busca por uma série de produtos e marcas que já não existem mais mas que ficaram na nossa memória como por exemplo, a


ficha de telefone, o tênis bamba, os slides ou o forte apache. Em cada um deles, uma história - a dele - e a sua lembrança para com aqueles objetos que permeiam a memória de muitos de nós. Essas histórias e objetos estão cada vez mais presentes na vida de cada um. Numa era em que tudo se move a uma

velocidade absurda, em que nos relacionamos cada vez com menos pessoas ou a distâncias cada vez maiores, eles fazem com que possamos nos sentir mais seguros, mais estimados. São eles que nos fazem recordar bons momentos, pessoas especiais, nossas origens, nossos desejos, nossos valores e nossa personalidade.

O lar como extensão de nós mesmos Já prestou atenção nas casas das pessoas? São fantásticas quando realmente permitem-se expor e organizar suas “preciosidades”.

Hoje em dia, com tantas facilidades e opções de móveis, eletrodomésticos e objetos, podemos criar ambientes que são a nossa cara ou mostrar que simplesmente não conseguimos saber quem somos. Objetos trazidos de viagens, coleções de obras de arte ou fotos de família, plantas, cartazes de filmes ou objetos herdados, móveis

antigos convivendo com peças antigas, cantinho de criação ou equipamentos de alta tecnologia podem fazer parte de um lar reproduzindo muito da personalidade, dos gostos e valores daquela pessoa ou daquela família. Marcelo Sommer, estilista paulista da marca Do Estilista, é famoso por colecionar brinquedos e pela sua moda lúdica. Recentemente, o estilista lançou uma linha de móveis para a marca de decoração Micasa fabricadas a partir de peças de acervo do designer. Além de tapetes e telas de estamparia, foram usadas camisetas e calças. O resultado? Tapetes com estampa de dominó e luminárias em forma de boneco.

mmer or Marcelo So p as d ia cr s ça Pe

para a Micasa.

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Objetos que viram coleções

Muitas vezes os objetos que habitam a nossa casa e a nossa vida tornam-se coleções. Na infância ou na vida adulta, os indivíduos identificam-se com peças ou tipo de peças e passam a colecioná-las. O poeta paulistano Haroldo de Campos colecionava livros, bengalas e gibis do personagem Asterix. Eduardo Loos, dentista de Brusque, coleciona aparelhos eletrônicos. “Tive contato com esse universo muito cedo. Em 1978, meu pai comprou o primeiro videogame lançado no Brasil, o Telejogo. Depois, ganhei um Intellivision, em 1983”, conta Duda Loos que, um ano mais tarde, ganhou seu primeiro computador, o TK 85. Desde então, vem acompanhando a evolução dessas máquinas. A ideia de colecionar microcomputadores e 54 Memória

videogames só surgiu em 1997, como nostalgia de uma “época que teve muita inovação e criação de coisas que estavam à frente do seu tempo, uma época de se divertir e fazer muitas amizades” define o colecionador.

É interessante perceber que o valor de uma coleção vai muito além do simples objeto que a constitui. O que há de valor numa coleção de apitos, por exemplo? Valor de mercado pode não haver algum, mas valor sentimental para o colecionador tem, e muito.

Maxwel Mueller, egresso do curso de Design Industrial da Univali, cultiva uma paixão pelos personagens da Disney desde criança. Sua habilidade em desenhar foi muito exercitada a partir das ilustrações que fazia, e ainda faz, dos desenhos e personagens da Disney. Sua paixão se transformou em coleção quando começou a adquirir as estatuetas dos personagens produzidas pela Disney, muitas delas numeradas e produzidas artesanalmente, com certificado de colecionador. Maxwel comenta que existe uma relação forte com todo esse universo e que elas o acompanham sempre, tanto que se mantém expostas na sua casa e não guardadas. “Preciso olhar para elas todos os dias”, diz.


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Maxwel M ue Paixão pe ller los perso nagens d habilidad aD es de ilus trador ao isney e suas retratá-lo s.

Assim, percebemos que nessa vontade de registrar a memória e de se relacionar com a própria história desenvolvemos um sentimento de preservação, presente nas coleções particulares ou acervos de museus - seja da memória das coisas e dos lugares, seja de nós mesmos, da nossa vida, de quem somos e do que apreciamos.


O Mundo Acabou Zebrinha do Fantástico. “Ela era a estrela do Fantástico nas noites de domingo. Era uma zebrinha muito simpática, com uma vozinha fina, que anunciava o resultado da loteria esportiva mexendo apenas a boca”. Atirei o pau no gato. “Nunca tive um gato. Minha mãe dizia que gato dá aZma. Com medo de ver a filharada sem fôlego, ela preferiu o cachorro, os passarinhos, os pombos e até mesmo tartaruga. Tudo menos gato. Pensava sempre no gato da Dona Chica, como ele deve ter sofrido. Quantas crianças não atiraram o pau no gato e o gato não morreu? Passei minha infância inteira atirando o pau no gato e com dó da Dona Chica, que assistia tudo e sempre ficava admirada com o berro que o gato dava”. Colcha de chenille. “Foi da noite para o dia que em todas as camas do Brasil se estenderam colchas de chenille. Só minha tia Lili comprou seis numa promoção. Uma vinho, uma vermelha, uma amarela, uma azul, uma branca e uma verde-água. Elas tinham uns desenhos cafonas em alto-relevo e costumavam soltar um pouco os pelos quando eram sacudidas na janela todas as manhãs”.

Bambolê. “Ao som de Bill Halley e Seus Cometas, subi ao palco com um bambolê no concurso de twist do colégio. Um assombro. Baixou alguma coisa em mim, que não conseguia mais largar aquele bambolê. Eu requebrava para cá, requebrava para lá e o bambolê se mantinha firme na minha cintura. Fui aplaudido de pé”.

Nata de leite. “O leite pasteurizado era colocado num vidro e entregue por uma camionete Chevrolet adaptada com um galão enorme. Logo que o leite chegava, todos os dias, minha mãe colocava numa panela de alumínio para ferver e ficava ali, do lado do fogão, para que ele não entornasse quando atingisse o ponto de ebulição”.

Crush. “O meu primeiro Crush foi, me lembro bem, na lanchonete das Lojas Americanas, ao lado da minha mãe. A onda era a Coca-Cola, e nas festas de aniversário, o Guaraná Champagne Antarctica. Até que apareceu o Crush, diferente, numa garrafa estilosa, completamente diferente dos outros refrigerantes”.

Enceradeira. “Chão era taco. Para deixar o taco brilhando, era preciso passar palha de aço, depois cera e enceradeira. Na minha casa tinha uma enceradeira moderna e minha mãe tinha um xodó especial por ela. Guardava as escovas numa caixinha de madeira que meu pai fabricou”.

Mico preto. “Eram vinte e poucos casais de bichos e um pobre mico preto. Embaralhávamos as cartas e dávamos cinco para cada um. A partir daí, o objetivo era formar os casais e se livrar daquele maldito mico preto”. Uniforme de gala. “Sapato de verniz, meias brancas, calça azul-marinho e um paletó branco de mangas

compridas com o distintivo criado, acredito eu, pelo irmão Champagnat. Minha mãe passava sempre uma brilhantina Myrurgia no meu cabelo”.

Papel almaço. “Era uma folha grande, pautada e com margem fina em vermelho. Era vendido em papelarias em bloquinhos de cinco. Quando olhava para uma folha de papel almaço vinha-me sempre à cabeça a imagem de Mr. Élcio, meu professor de inglês, que nunca me deu nota superior a 5”. Bombril na antena. “Bombril tem mil e uma utilidades! Essa era a propaganda. Sempre fiquei muito encucado com essa história de mil e uma. Mil tudo bem. Mas por que mil e uma? Até que descobri que a milésima primeira utilidade era melhorar a imagem da televisão. Nas pontas da antena da televisão da sala de qualquer casa elas estavam lá: duas bolotas de Bombril”.

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Vida no Campus

Identidade Modular

Case da Biblioteca Comunitária Univali

Em 10 de Agosto de 2011 foi inaugurada a nova Biblioteca da UNIVALI. Um espaço diferenciado para atividades de pesquisa, leitura, estudo, etc. Com um acervo que envolve cerca de 23.655 títulos e 72.421 exemplares à disposição da comunidade. O projeto do espaço teve caráter sustentável, procurando fazer uso no prédio de novas tecnologias de construção com intuito de proporcionar luminosidade e controle da temperatura com o mínimo de gasto, além de reaproveitar a água da chuva e ter menos resíduos do que uma obra comum. Estas soluções pretendem garantir uma economia de até R$ 20 mil ao ano para a universidade e impacto reduzido ao meio ambiente. Além da atividade da equipe de arquitetura que desenvolveu criativamente o projeto estrutural e acompanhou e implantou a obra, outras áreas também colaboraram para tornar

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o lugar bonito, eficiente e confortável tais como os profissionais de design de interiores e de design gráfico, trabalhando o layout interno, ambientando e sinalizando o mesmo.

Para a realização do projeto de identidade visual e sinalização da Biblioteca Comunitária utilizou-se a própria construção como inspiração. Tomou-se a estrutura como iconografia e ponto de partida para o conceito do projeto. Tem-se como definição para a equipe do projeto gráfico que: Identidade visual é o conjunto de elementos formais que representa visualmente, e de forma sistematizada, um nome, ideia, produto, empresa, instituição ou serviço. Esse


conjunto de elementos costuma ter como base inicial o logotipo, um símbolo visual e conjunto de cores. A confecção de um logotipo ou de um símbolo visual capaz de representar a assinatura institucional da empresa deve ser estabelecido através de um documento técnico ao qual os designers nomearam de manual da identidade visual. Esse documento serve para estabelecer normas e critérios técnicos de reprodução da marca nos mais variados suportes existentes no atual estado da técnica como por exemplo: suportes gráficos (impressão) e suportes eletrônicos (interfaces). Ressalta-se que mesmo sendo uma biblioteca e de caráter Institucional, um dos pontos fortes do projeto é justamente a flexibilização de alguns conceitos tradicionais e rígidos do design gráfico, puxando a ideia do mesmo para uma proposta mais contemporânea e de acordo com o mercado.

Para a construção do conceito foi realizada uma pesquisa de mercado e algumas identidades institucionais serviram de referência, principalmente: a da cidade de Melbourne, o MIT Media Lab, a Queen Rania Foundation, SPAIN arts & culture e a Casa da Música. A ideia foi de perspectivar a forma 3D da estrutura do prédio em multifacetas 2D, mais especificamente a parte do telhado. A proposta do projeto desde o início foi permitir a identificação da Biblioteca como um investimento diferenciado através de sua identidade, porém sem se tornar um elemento independente da Instituição.

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Além de identificar a biblioteca, o desafio foi criar uma imagem gráfica que pudesse dar oportunidade para derivações a partir da mesma e assim identificar outros organismos que dela derivem como por exemplo: um projeto de cinema na biblioteca entre outros que futuramente venham acontecer e que necessitem de uma identidade, mas que não fuja da referência visual da biblioteca.

O Conceito se firmou em: “Flexibilidade e abertura para inovar. Ser várias, mas representar uma só”. Vivemos numa era de total interatividade em que o dinamismo e a versatilidade não podiam ficar de fora. 60 Vida no Campus


Desta forma optou-se por uma solução modular - composta por unidades que se unem de formas diferentes. Sistemas não rígidos sem fixação em manuais de identidade à cumprir à risca, uma proposta que tenha uma pegada de arte digital generativa em que a própria logo se re-modifica. Além de receber uma influência do PIXEL que marca fortemente as tendências nas artes gráficas e também na arquitetura através dos chamados Flares (sistemas modulares) que transformam as paredes das edificações contemporâneas. A vontade é que a marca chegue ao público passando: fidelidade, confiabilidade, segurança, admiração, sentimento de pertencer às pessoas a que se dirige, atualidade, referência, comunicativa e sólida.

No projeto da identidade foi explorado: cor, forma, tipografia, lema, slogan, logotipo, símbolo, textura, som, cheiro, sabor sempre tendo como referência o material trabalhado pelas equipes de arquitetura e interiores. Síntese dos Pré- requisitos estabelecidos • cartela de cor: levou em conta a combinação com o ambiente; • forma: modular/adapta conforme a necessidade das aplicações; • utilização de maxi tipografia em algumas aplicações da marca; • disposição dos elementos e do símbolo que informe e de sentido de movimento; • uso de linhas mistas nas sinalizações usando opostos e contrastes para dar suavidade, leveza, direção e movimento. Ex. Letras robustas dispostas amparadas por grafismos em movimento.


Na sinalização para se manter a unidade estético formal utilizou-se a própria tipografia para criar os elementos visuais como por exemplo na indicação dos banheiros e o próprio símbolo como grafismo. Destaca-se no projeto também a importância da proximidade com um tipo de cliente especial - os funcionários da Biblioteca e a direção do Ceciesa CTL - pois só assim podese ter um briefing consistente e traçar uma proposta bem alinhada com as expectativas do público alvo tão eclético – professores, alunos e comunidade em geral. Acredita-se que este seja um bom exemplo de trabalho multidisciplinar onde cada um fez seu papel e além disso, viu-se claramente o poder de um projeto gráfico em transformar um espaço que poderia ser simples em destaque e referência.

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Visite a Biblioteca da UNIVALI. Fica a dica! Campus da UNIVALI de Balneário Camboriú na Quinta Avenida 1100 no Bairro dos Municípios. SC.

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Prata da Casa

E depois, o que vem? Egressos dos cursos de design

contam suas experiências profissionais, suas realidades e expectativas no mercado.

Por Graziela Morelli, Michelle Moltini e Mary Meürer Fazer um curso superior em Design, mesmo sendo uma área tão ampla, com tantas possibilidades de atuação e rica no seu olhar, sempre desperta algumas inseguranças aos estudantes, do início ao final do curso. A Univali possui uma história de 13 anos de Design e já levou ao mercado muitos profissionais que fazem sucesso por aí, com pre-

miações, empregados em grandes empresas ou ralando para montar sua própria empresa, fazer o que gosta e ser feliz.

Entrevistamos egressos dos cursos de Design Gráfico, Moda e Industrial que nos contaram o que fizeram de suas profissões depois de levar o canudo do curso de Design da Univali.

Design Gráfico Gabriel Rech, Rafael Mondini e Thomas Balem são formados pelo curso de Design Gráfico da Univali em 2008 e, entre as conversas de corredor e os projetos desenvolvidos no curso, criaram a Atraka Studio Gráfico. Aqui, eles contam um pouco dos desafios da carreira.

Olhares Múltiplos: Depois da graduação, como vocês procuraram complementar a formação? Atraka Studio: Nós três nos formamos em 2008 e, desde então, procuramos por workshops e cursos de acordo com o que cada um tem mais afinidade dentro da agência. As últi64 Prata da Casa

mas experiências foram com o Rafael que participou de um workshop de fotografia de alimentos em Curitiba, direcionado principalmente a food styling e técnicas de fotografia para alimentos, e o Thomas que vem procurando participar de workshops direcionado a mídias digitais.


OM: Antes de montar o escritório quais foram as experiências profissionais dos sócios? AS: O único que realmente teve experiências com Design antes de montarmos a agência foi o Thomas, que trabalhou durante 4 anos na Tempo Brasil, no setor de criação e desenvolvimento de websites, mailing e outras ferramentas para internet. O Gabriel trabalhava na própria universidade na área de informática, supervisionando os laboratórios de informática e o Rafael trabalhou durante 8 anos com vendas, no ramo de laticínios, atendendo mercados da região do Vale do Itajaí.

OM: Quando surgiu a idéia de montar o Atraka? AS: Durante a faculdade, nos últimos semestres, já cogitávamos, durante os intervalos, a possibilidade de abrir uma agência em que todos que trabalhassem fossem realmente Designers, no caso, com habilitação em Design Gráfico. Isso porque após muitas palestras, assistidas na faculdade, percebiase que raramente havia alguém formado em Design Gráfico dentro da empresa, ou então eram em áreas que não condiziam com o que aprendíamos na faculdade, pessoas de outros ramos de atividade criando assinaturas visuais, identidades corporativas e sites sem nem ter a base que nós, estudantes de Design Gráfico temos.

OM: Como foi o processo para viabilizar recursos, estrutura, conquistar os primeiros clientes? AS: O início foi bem complicado, e não vou dizer que agora, após 3 anos, está sendo fácil. A estrutura no início era sempre a casa de um dos integrantes, mês em um local, mês em outro, o que tornava ainda mais complicado formar uma carteira de clientes, pois sem um local físico definido, fidelizar um cliente se tornava um processo muito complicado. Nosso primeiro cliente, conseguimos ainda durante a faculdade, o desenvolvimento de rótulo e criação de um nome para o produto. Após pouco mais de 1 ano, conseguimos um local em Itajaí onde estamos até hoje, onde podemos receber clientes e ter um finalmente um lugar próprio.

OM: Gostariam de destacar alguns projetos? O que consideram os

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“melhores momentos” desde que o escritório foi criado? AS: Todos os projetos são únicos para a gente, isso porque não nos utilizamos de um padrão para criação, cada projeto é um novo começo. Temos a parte de pesquisa de segmento, criação, apresentação e finalização do projeto. Em 3 anos de mercado podemos destacar alguns casos curiosos que aconteceram com a gente, como por exemplo o nosso primeiro trabalho. Tratava-se de produtos em conserva, a empresa já tinha um nome, porém por ter o nome “SADDAI” e lembrar nome de um ditador “SADAM”, o processo de exportação ficou parado até que se trocasse o nome, principalmente porque este produto seria exportado para os Estados Unidos. Após longa pesquisa, desde saber para onde seria exportado até que tipo de público iria atender, elaboramos um nome e rótulo e o processo para exportação foi concluído. Outro caso interessante que foi o nosso primeiro contrato anual, de uma empresa de malhas de Guaramirim, a Alenice Malhas. Foi um trabalho muito gratificante, que aprendemos muito sobre o ramo têxtil que até então não tínhamos nenhuma experiência neste segmento. Os trabalhos para esta empresa envolveram o redesign da marca que possuía uma tipografia complicada de se compreender, e outros materiais como outdoor, flyer, folder, website, hotsites, material de papelaria, banner, crachá e tag. Todos os trabalhos que fizemos até hoje e que faremos tem um significado e importância para a gente, porém acredito que estes dois têm um destaque maior por ser o primeiro trabalho e o primeiro contrato que tivemos.

OM: Quais as principais dificuldades encontradas?

Projetos desenvolvidos pelo Atraka

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E os próximos desafios? AS: As principais dificuldades que ainda enfrentamos são a competição desleal, por parte de gráficas, que oferecem o serviço de criação de arte grátis cobrando apenas a impressão, e empresas não especializadas que oferecem o mesmo trabalho, com qualidade questionável muitas vezes, por um valor inferior ao praticado por qualquer agência. Outro problema é a prospecção de clientes. Na verdade, isso se reflete diretamente ao nosso primeiro problema, o pouco conhecimento das pessoas a respeito do Design Gráfico, que são profissionais que têm o estudo necessário para solucionar o problema dela. Em alguns casos as pessoas/empresários só procuram a gente quando a primeira alternativa não surtiu efeito. Com certeza este é o nosso maior desafio, mudar este pensamento de todos diante de um profissional de Design Gráfico.


Design Industrial José Chaves Neto é formado em Design Industrial pela Univali desde 2006, teve uma passagem pela Itália e Reino Unido e, de volta ao Brasil, está consolidando sua carreira em gerenciamento de projetos na Catarina Yachts.

OM: Como foram suas principais experiências profissionais até chegar à empresa atual?

JC: Quando estava fazendo o curso, trabalhei na Of Design e, enquanto fazia o mestrado na Itália, trabalhei em um empresa de eletrodoméstico a AE – Appliances Engeneering. Minha tomada de decisão de retorno ao Brasil aconteceu devido a premiação num concurso brasileiro e a classificação para o Design Awards nos EUA com o SKIMER esquisubaquático.

Olhares Múltiplos: Como você complementou a formação depois de ter se formado?

José Chaves: Logo que me formei, em 2006, viajei para a Itália onde fiz mestrado em Design de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos no Politécnico di Milano e, em 2007, após o término do Mestrado, estudei Inglês na Inglaterra por um ano e retornei ao Brasil em 2008. Por aqui, iniciei o MBA em Gerenciamento de Projetos em Joinville.

SKIMER - Projetos de Conclusão de Curso

Assim, em meio a crise de 2008, a falta de trabalho mesmo tendo dupla cidadania, falando inglês e Italiano, as empresas não estavam contratando. Na volta ao Brasil, me instalei em Curitiba onde consegui uma vaga de assessor comercial na empresa Gift do Brasil com a promessa de também ajudar na parte de desenvolvimento de produtos. Durante os seis meses que fiquei por lá, tive contato com diversos setores como a compra de materiais, estoques, vendas, marketing, produção, administração etc agregando muito conhecimento. Com o custo de vida um pouco elevado em Curitiba, resolvi retornar a Santa Catarina e fui contratado pela Catarina Yachts para a área Prata da Casa 67


de design. Com a evolução dos meus estudos no MBA em Gerenciamento de Projetos fui também convidado a dar aula na Univali onde lecionei por 1 ano.

OM: Qual a sua função atual na empresa? Comente os principais projetos desenvolvidos até o momento. JC: Sou coordenador de Planejamento e Controle da Produção. A empresa trabalha com moldes de embarcações em fibra de vidro fazendo desde a modelagem em 3D, usinagem com CNC de 5 eixos construindo assim o modelo e tirando seu molde para posterior retirada de peças de embarcações de fibra de vidro, carbono ou kevlar.

OM: Quais as principais dificuldades encontradas na carreira como designer? E os próximos desafios?

JC: As principais barreiras que encontrei quando voltei para o Brasil foi a falta de networking, pois havia ficado 2 anos fora do país e perdido praticamente todos os meus contatos. No Brasil ainda temos um pouco de dificuldade quanto a valorização deste profissional dentro das empresas. A partir dessa percepção, notei que, como designers, temos um leque grande de opções de atuação. No meu caso optei pela área administrativa me encaminhando para o MBA em Gerenciamento de Projetos. De qualquer forma, não abandonei totalmente o design - projeto de produto. Hoje em dia dou consultoria a pessoas que querem desenvolver novos produtos.

Design de Moda

Assinatura visual criada pelo Atraka Stúdio Gráfico

Daniela Colzani formou-se em Design de Moda na Univali em 2006 e, depois de ganhar experiência em algumas empresas da região, foi para a Itália se especializar e buscar um rumo para sua profissão. O resultado? Vencedora de um concurso europeu do setor de lingerie e a criação de uma marca de corseteria. Olhares Múltiplos: Após a conclusão do

curso de Design de Moda, você procurou por alguma especialização?

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Daniela Colzani: Assim que me formei, minha intenção era a especialização em gestão, já que meu plano era abrir um negócio próprio. Cheguei a iniciar o curso na própria Univali, mas abandonei quando decidi abrir meus horizontes conhecendo uma nova cultura. Foi então que resolvi ir para Milão, um dos berços da moda. Cheguei em agosto de 2008 sem saber em qual instituição iniciaria uma especialização. Pesquisando, comecei a notar que grandes escolas como Marangoni, IED, Naba, Accademia del Lusso, entre outras, estavam focadas para o ensino teórico, enquanto o que eu buscava, era a prática. Foi aí que me identifiquei com o Istituto di Moda Burgo e me inscrevi para iniciar a especialização em Estilismo. OM: Como foi sua ida para Itália, já tinha algum objetivo ou curso para o qual estava se destinando? DC: Minha viagem para a Itália foi meio que um acaso do destino. Eu não estava satisfeita com o meu emprego, tinha o salário padrão de todo


recém formado. Queria algo a mais, pensava muito maior do que eu realmente poderia ser com pouco tempo de experiência. De tanto reclamar, meu pai, Eurides dos Santos, teve a iniciativa de me propor a ida até Milão para ver se eu me adaptava ao sistema europeu. Ele disse que se eu realmente encontrasse o que eu estava buscando em termos profissionais, ele poderia me dar uma ajuda inicial.

OM: Recentemente foi premiada em um concurso de moda. Como teve conhecimento e como foi sua participação até sua vitória? DC: Quando cheguei em Milão comecei a pensar de que forma eu poderia ganhar espaço no mundo da moda aqui na Europa. Minha grande paixão sempre foi a Alta Moda, mas concorrer com o europeu, que domina o mundo em termos de Haute Couture, seria perder tempo. Então comecei a perceber uma abertura para moda praia, moda íntima, acessórios, entre outros. Por eliminação, acabei ficando com a lingerie. Coincidentemente, durante minha especialização, eu notei um cartaz que eu sempre observava mas nunca tive interesse de saber o

Daniela Colzani e uma de suas criações

que era. Certo dia, estava com um colega do curso e li sobre o concurso “The Link/Mare di Moda”, um concurso europeu de beachwear e underwear na França. Naquela ápoca eu estava criando uma coleção inspirada no tema “Moulin Rouge”, o cabaré mais famoso da França. Resolvi arriscar, mandei esse projeto e fui uma das escolhidas entre 100 participantes de toda a Europa no setor moda íntima. Foi destino mesmo, não existe outra palavra.

OM: Após sua participação quais foram resultados que você obteve com a visibilidade da premiação? DC: Inicialmente o projeto era lingerie, mas como sempre gostei da corseteria, mandei criações de corset também. No final, eu teria que escolher sete dos dez desenhos criados e executá-los. Uma das exigências do concurso é que tudo deveria ser feito pelo criador. Eu não sabia absolutamente nada de costura, entendia pouco, quase nada de modelagem, mas já entendia por causa das fichas técnicas que nós estilistas temos que fazer para a modelista entender a criação e a costureira saber o que esta sendo feito. Foi então que me joguei de cabeça em mais uma especialização no IMB de modelagem em período integral e, duas vezes por semana tinha aula até a noite. Cansei de ir pra casa e ainda continuar trabalhando para poder fazer o projeto, afinal de contas, era cheio de detalhes, muito uso de pedrarias como swarovski, pérolas, cristais, rendas francesas. Enfim, consegui executar as peças e depois disso essas criações foram para a feira de lingerie e moda praia na França, aonde os visitantes e empresas do Prata da Casa 69


setor votariam no melhor. Eu ganhei o prêmio em 1° lugar e, com isso, minha vida tomou um outro rumo. Comecei a ser procurada na Itália por amigas, amigas das amigas, para fazer corsets. Essa moda voltou com tudo e tem ganhado muito espaço em todo o mundo. Fui convidada pra trabalhar em empresas, tanto no Brasil como na França. Aqui na Itália eu praticamente me fechei para meu pequeno público e comecei a vender para conhecidas. O melhor de tudo era ver o retorno, comecei a pagar meu curso com minhas vendas, isso foi uma das coisas mais gratificantes!

OM: Atualmente você tem uma marca própria, como descreve sua busca por inspiração para suas coleções?

sensibilidade muito grande por ser um pouco artista, mulher, intuitiva. Deixo-me levar pelos meus sentimentos e instintos, não permito que minha emoção seja bloqueada, libero minha cabeça e quando menos espero a coleção já esta pronta. Quando se trabalha em uma empresa existe todo um processo diferente, confesso que não é minha grande paixão, mas me adapto ao sistema com facilidade. Mentes criativas devem ser treinadas, porque nunca se sabe o dia de amanhã. É sempre importante estar preparado para tudo, não acredito na estabilidade, imprevistos sempre existirão, cabe a nós sermos criativos, usarmos a sabedoria pra resolver os problemas.

OM: Quais as próximas novidades ou desafios que você espera alcançar em breve? DC: A nova coleção está sendo feita, pretendo executá-la em breve, podem não nego que tenho muita vontade de entrar numa grande empresa para adquirir mais experiência ao trabalhar com pessoas renomadas no mercado. Porém, se isso não acontecer, vou oficializar a marca Daniela Colzani Corsets e seguir carreira como corsetterie de inicio.

OM: Daniela, através da experiência que você teve com sua formação e ascensão da carreira profissional, qual sua dica para quem está iniciando na área?

DC: Minha marca leva meu nome, Daniela Colzani Corsets. Estou sempre trabalhando, desenhando, fazendo coleções novas, costurando, fazendo a modelagem, enfim, parada só se eu estiver doente. Confesso que adoro essa vida frenética de Milão! Quando vou para o litoral no verão e vejo as lojas fecharem às 12h fico enlouquecida. Minha busca por inspiração geralmente é ligada ao momento de vida que estou passando ou sentindo. As participações em feiras de tendências em Milão (Milano Única, famosíssima) também ajudam. Tenho uma 70 Prata da Casa

DC: A dica é estar sempre atento ao mundo, às notícias, porque elas influenciam constantemente. É necessário estar ligado e conectado com seu “eu”, ser persistente, ter foco e disciplina. Geralmente criadores não são muito disciplinados. É preciso aceitar que erros existem, mas não permitir que façam parte da sua vida. Errar é humano, mas persistir no erro é falta de inteligência. Trabalho só é reconhecido e valorizado quando é feito com sabedoria e inteligência, ligados a um grande profissionalismo.

Você é ex-aluno dos cursos de Design da Univali? Então escreva pra nós contando como está a vida depois da faculdade. contato@designunivali.com


Max Yan Design Gráfico - 7º período www.flickr.com/photo/maxyan_


Vida no Campus

Olhar, Sensibilidade e Criatividade nos Processos de Produção de Moda Por Carol Macam

Várias são as formas de reproduzir IMAGENS! Marcas, produtos, segmentos, apelos sensitivos e o mercado extremamente competitivo necessitam todos de mensagens capazes de surpreender.

Pesquisas, processos, CONCEITOS e mentes exploram cotidianos que chegam ao limite do imaginário. Criações que comunicam estilos, efeitos e estéticas, profissionais integram conhecimentos para resultar em materiais que marcam épocas, criam estilos e ditam tendências.

Fotografia Vinicius Oliveira Tratamento de imagem Karin Romano Curso de Extensão em Produção de Moda Professores Carol Macam e Clé Carrer

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Corpos, expressões, linhas, formas, cores, volumes, texturas são linguagens capazes de tocar o mais profundo do emocional, transmitindo arte e proporcionando reflexões. O profissional que passa a trabalhar e pensar moda deve compreender e detectar necessidades humanas através de seus profundos comportamentos e emoções. Deve transitar por lugares que ultrapassam hemisférios, trocar experiências e conhecimentos pelos meios sociais, manter a informação sempre atualizada, conectar-se às exigências futuras para um bom entendimento com a contemporaneidade. Com isso, vem a necessidade de colocar no mercado ofertas de cursos que possam suprir e principalmente estimular o poder da sensibilidade, criatividade e aguçar a estética do olhar desses profissionais.

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Os cursos de extensão possuem esse objetivo e formato: poucas horas e uma intensidade de material e formas de aplicação na atuação para o mercado, intensificando formas e experiências, agregando material ao currículo e possibilitando integração de alunos e comunidade de outras regiões. A experiência prática pode ser observada no resultado do Curso de Produção de Moda para Editoriais e Passarela ministrado pelos profissionais Carol Macam e Clé Carrer, que explorou conteúdos teóricos de suma importância além de finalizar a experiência com um material fotográfico de qualidade que registrou uma produção criativa de coletivo. Para 2012 a agenda dos Cursos de Extensão da Univali terá muitas novidades, sempre preocupada em atender as necessidades de mercado e proporcionar aos alunos possibilidades de intensificar novas formas de conhecimento.

Mais informações sobre os cursos de extensão da Univali pelo e-mail extensao.bc@univali.br 76 Vida no Campus


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Jerson Figueroa Design Gráfico - 6° período http://www.flickr.com/photos/little_slim_spirit/


Jose Rene Aguilar Moreno Design Industrial - 4° período http://www.flickr.com/photos/jose-moreno/


Imagem + Ação

Produção de Beleza Pessoas criativas são produtivas e usam todo seu potencial em trabalhos que possam ser reconhecidos e admirados por outras pessoas, imergir os alunos em um mundo de imagens é fornecer experiência visual para ensinar a comunicar com os olhos. A teoria é linda e simples mas, na prática, muitas vezes num ambiente com muitos alunos, despertar o interesse para se criar uma fotografia é um trabalho de etapas a serem cumpridas, aonde o processo criativo é dinâmico e enriquecido pela diversidade dos interesses individuais. As imagens não são apenas escolhidas, tratadas como números e correções técnicas, são transformadas em arte a partir de um foco tanto criativo quanto informativo. A informação deriva de um acontecimento, um fato, uma história, um poema ou uma música. E, se tratando de música, falamos de uma arte universal entre os humanos. Revelar uma canção graficamente exige sensibilidade, ousadia, alegria, e principalmente compreensão das entrelinhas para serem ilustradas através da luz em termos de intensidade, cores, contraste e direção. Hoje em uma cultura global, os acordes fotográficos produzidos pelos alunos são expressão da associação livre das linguagens artísticas, qualquer forma que a fotografia tome é, no entanto, o fundo que é impossível negar. Prof. Vinicius de Oliveira

Tropicalismo Música Trem das cores / Caetano Veloso Fotógrafo Celso Peixoto Diretora de produção Amanda Carvalho Diretora Executiva Jessica Philippi Modelo Thayse Pereira Maquiadora e Hairstyle Michele Bezerra Tratamento de imagem Laura Laus Disciplina Fotografia de Moda Prof. Vinicius de Oliveira

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Música Águas de Março / Tom Jobim Fotografia Fernanda Azanha Produção executiva Rafaelle Bortolin Auxiliar de produção Rosemari Moser, Carla Michelle Bocarte Maquiagem Fabiana Thives, Mateus Correa Modelo Ana Santos Tratamento de imagem Laura Laus Disciplina fotografia de moda Prof. Vinicius de Oliveira



Música Super Mulher / Ana Canãs Produção Executiva Amanda Lunelli Fotografia Jéssica Pinn Estilo Kauana Amaral Ilustração Eduardo Vaso Maquiagem Fabiana Thives Modelo Bruna Werner Tratamento de imagem Laura Laus Disciplina fotografia de moda Prof. Vinicius de Oliveira

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Ana Paula Design de Moda - 4° período


E se...

Quebrando paradigmas OU

Conscientizando o consumo

Você já imaginou passar uma semana utilizando apenas seis peças de roupa? Ou restringir o uso da cor preferida de suas roupas? Desafiamos e provamos que é possível rever alguns conceitos e descobrir novas alternativas conscientes. Por Graziela Morelli e Michelle Moltini Muito se fala em sustentabilidade nos dias de hoje. Produtos ecologicamente corretos, atitudes de preservação e consciência de que é preciso mudar diversas coisas. Ao analisar a questão, muitas vezes, não nos damos conta que pequenos hábitos podem auxiliar em um novo pensamento sustentável. Propomos um desafio. Duas alunas do curso de Design de Moda foram convidadas a participar sobre uma reflexão

do consumo. Será possível passar cinco dias usando apenas seis peças de roupa? E brincar com as cores para descobrir novas alternativas de se ter um guarda roupa inusitado? Personalidade e estilo contaram muito para executar a tarefa. Afinal, reduzir o consumo e prolongar o ciclo de vida de um produto é uma boa forma de conquistar novos hábitos.

Dianeú, mero 1 te n

an a desafi

te studan e é l e umm gn de Diane D íodo de Desi a é id er do 8° p ua cor prefer s dores Moda e la pelos corre rá-la nt Vêca enco omo preto. fi i n g i s ali mc da Univ preto. Ela te aioria o m para a vestind s r o c a us look cia e n s ê r s e o f d re es fio posiçõ se desa m s o e c a s a e t d ar atamen a: deix e foi ex foi convidad 5 dias, que ela reto durante is as ma ir p de vest do um pouco ário. an arm explor idas do r o l o c peças

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Yasmin ,

a desafi

ante nú

mero 2 Yasmim Fassbin de Des der, alu ig n de esti n de Moda, é a do 4° perío lo. Gos do b logue ta de p toque eças ca ira e cheia de irre sua ver a ela fo i escolh ência. O desa is com um fio er s roupa para pa eis peças no proposto seu gu ssa looks d arda iferent r a semana e es para compo r o seu d ia a dia As peç . as esco 1 – T-sh lhidas foram: ir 2 – T-sh t branca irt listr ada 3 – Sho 4 – Car rts jeans dig 5 – Saia ã marrom es 6 – Ves tampada tido flo ral


Diane

1° dia no primeiro dia, Foi difícil fugir do preto sinha manga 3/4 né? Calça jeans clara, blu saco de oncinha com estampa frontal, ca e Melissa aranha preta.

2° dia

ns, blusinha Rosa, aí vamos nós! Calça jea mesclado rosa (sim! é minha), casaqueto e roubei do rosa e cinza (confesso que ess tênis branco. guarda-roupas da mamãe!) e ora me esNeste dia até minha orientad eu estava tranhou e perguntou por que funcionade rosa! E eu pensei “uau, tá bizarro é ndo essa experiência!” O mais diversas que já usei essa blusa rosinha der! vezes na faculdade.. vai enten

3° dia

nados! riado, dia de fi Quarta-feira fe fio... gi do meu desa fu o ã n im ss a rts jeans E mesmo oiaba com sho g r co a h n si lu rata. B e rasteirinha p

4° dia

inha rosa, Rosa mais uma vez! Blus manchada, calça jeans com lavagem co jeans claro. rasteirinha prata e casa

5° dia

mo look. Tinha Finalmente, o últi um pouco, né? Me que “extravasar” ao tentar lembrar perco na memória ei uma blusinha a última vez que us esta ! Tive que roubar estampada assim . -roupas da mamãe também do guarda ! usar um shorts E finalmente pude inha florida, casaco Shorts jeans, blus op vermelha. jeans e Melissa ho

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Yasmin

1° dia O primeiro dia é sempre o mais difícil. Coloquei todas as peças sobre da cama e não fazia ideia do que usar! Preferi escolher as peças mais simples e complementar o look com acessórios. Usei a t-shirt branca, o shorts jeans e o cardigã marrom, mas resolvi fechar todos os botões do cardigã e colocá-lo por dentro do shorts, somente na parte da frente, deixando à mostra o cinto de animal print. Outras peças utilizadas: bolsa carteiro preta, sapato oxford preto, óculos de grau Wayfarer, cinto com estampa de onça e colar de coroa dourado.

3° dia Após um look m ais elaborado, re solvi vestir algo bem simples. Usei o vestido de estampa flo ral como blusa, o que é uma ótima opçã o quando se tem poucas peças (tamb ém dá para usá -lo como saia, colocando uma t-shirt por cima ou como saia de ci ntura alta, com uma blusa dobrada e um cinto para segu rá-la). Usei o short de cintura mais alti nha por cima, para “esco nder” melhor a p arte de baixo do vestid o. O cardigã é u m a ótima escolha para a p rimavera, já que nunca se sabe se vai es tar quente ou fr io. Outras peças uti lizadas: bolsa ca rteiro preta, ankle bo ot preta, colar d e coroa dourado e óculo s de grau aviado r.

5° dia

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2° dia No segundo dia, resolvi monta r um look mais ousado, com mistu ra de estampas, uma tendência qu e sempre tive dificuldade para rep roduzir. Para isso usei a saia floral, be m colorida, e a t-shirt listrada, em cores mais neutras. Procurei equilibr ar o look através dos acessórios pre tos, que ajudaram a unir as duas peças. Outras peças utilizadas: chapé u panamá, bolsa carteiro preta, cinto preto, colar de relicário doura do, óculos gatinho e sapato oxford pre to.

4° dia No quarto d ia do desafi o escolhi fa um look ma zer is folk-româ ntico, usand a saia estam o pada, t-shir t básica bra e o cardigã n c a marrom, co m acessório de couro m s arrom e ouro envelhecido O ar mais fo . lk ficou marc ado pelo mocassim c om franjas e o chaveiro de pelo, en quanto o ro m ântico vem da saia e a tr ança feita n a franja. Outras peça s utilizadas: bolsa carteiro ma rrom, chave iro fox tail, cinto fi no marrom , m ocassim marrom e óculos ma rrom.

O quinto dia foi o mais quente do desafio, e por isso resolvi investir em um look navy, com listras e cores típicas desse estilo. O look é bem simples, formado basicamente por shorts, t-shirt e sneaker, porém o maxi colar de cavalos marinhos e o lenço usado no cabelo deram um “up”, deixando-o mais divertido. Outras peças utilizadas: colar de cavalos marinhos dourado, lenço de poá vermelho e branco, bolsa preta e All Star cano médio branco.


Look Extra Look extra: Resolvi estender um pouco o desafio e criar também um look para a noite, para mostrar mais ainda o quanto poucas peças certas podem ser usadas em qualquer lugar. Neste look usei apenas o vestido estampado, com uma bota wedge preta e carteira de tachas. O que deu um ar mais “glam” ao look foi o cabelo preso de lado e a maquiagem com batom vermelho.

A opinião de

“Ao chegar no final do desafio eu ainda tinha tantos outros looks com essas peças na cabeça que me deu vontade de ficar o resto do mês usando só elas! Foi um ótimo desafio e pretendo fazer isso com outras peças, principalmente peças que uso pouco, para descobrir outras formas de usálas e não deixá-las em esquecimento no fundo da gaveta”. Experiências e exercícios como esse provam que a criatividade vale muito e que é possível viver com menos - menos roupas, menos consumo e mais criatividade e consciência. Segundo Yasmin: “Tentem fazer isso em casa, porque é muito mais simples e divertido do que parece!”.

O desabafo de Cinco dias sem preto. ‘Ok, eu tiro de letra, tenho roupas de outras cores!’ foi o primeiro pensamento. Mas não foi bem assim. A primeira e maior preocupação foi se ficasse frio. Pois é - só tenho casacos pretos -. Durante o dia era tranquilo, solzão, mas para quem sai cedinho de casa e volta anoitecendo, o ventinho está ali pra acompanhar e, claro que devido ao desafio, a semana tinha que ser mais fria, né? Senão não teria graça. Em época de TGI não há muito tempo para pensar em looks, então eles são do gênero ‘tô saindo de casa pra passar o dia com essa roupa, então tem que ser confortável’. Mesmo sendo liberada de usar acessórios e calçados pretos tentei ao máximo não usar.

Yasmin

Diane

Durante toda a semana fui ‘monitorada’ por diversas pessoas: amigos, colegas, MÃE principalmente (que aliás ADOROU a ideia!). E eu que achei que seria moleza, não foi tanto assim. Não tenho uma super diversidade de peças de outras cores. Essas são as mais diferentes que tenho! A maior parte da cartela de cores do meu guarda-roupa vai do preto para o branco. Algumas cores eu nem possuo no meu armário! E estampas coloridas, quem diga. Talvez se tivesse tempo pra pensar nos looks teria abusado mais, porém além de ser difícil conseguir pensar nas peças e combinações com cores aleatórias, a correria do TGI não permitiu. Admiro muito mais quem consegue montar looks coloridos legais! É um baita aprendizado, mas realmente não consigo viver sem o preto!


Anderson Lisboa Alves Design Gráfico - 7° período www.flickr.com/photos/anderson-alves 90 E se...


Max Yan Design Gráfico - 7º período www.flickr.com/photo/maxyan_


Charge

Você é aluno dos cursos de Design da Univali e passa por situações parecidas? Então escreva pra nós ilustrando como é sua vida de designer. contato@designunivali.com

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Jackson Duarte Design Gráfico - 8° período


Ilustração Anderson Alves

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Conselho Diretor Mário Cesar dos Santos,Prof. Dr. Reitor Amândia Maria de Borba, Profa. Dra. Vice-Reitora Cássia Ferri, Profa. Dra. Pró-Reitora de Ensino Valdir Cechinel Filho, Prof. Dr. Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação Extensão e Cultura Mércio Jacobsen, Prof. MSc. Secretário Executivo da Fundação Universidade do Vale do Itajaí Vilson Sandrini Filho, Prof. MSc. Procurador Geral da Fundação Universidade do Vale do Itajaí Carlos Alberto Tomelin, Prof. Dr. Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas Comunicação, Turismo e Lazer Bianka Cappucci Frisoni, Profa. MSc. Coordenadora dos Cursos de Design de Moda Industrial, Gráfico, Jogos e Entretenimento Digital


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