32 em Movimento - Janeiro

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32 em Movimento São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

"Do culto da epopéia máxima surge das trincheiras do tempo o Jornal 32. Celebrando nossos mortos São Paulo estará mais vivo do que nunca."

Edição número 01 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

Paulo Bomf im Página 01

Com a palavra, O Presidente por Cap. Gino Struffaldi

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento cívico-militar único no mundo pela sua espontaneidade. Não r eivindicava poder, territ ório, recursos f inanceiros ou vantagens de qualquer natureza. Sua f inalidade exclusiva era a recondução do Brasil à legalidade democrática, o que conseguiu, mesmo sem ser vitoriosa no campo de batalha, com a entrada em vigor da ConstItuição de 1934, que restabeleceu a Lei Magna em nosso país. Não obstante o fato de ter sido o Governo d o Estado d e S ão Paulo abandonado pelos outros dois governos estaduais que se haviam comprometido a lutar, na mioria dos demais Estados houve manifestações de apoio aos constitucionalistas, inclusive combates com muitas mortes, como ocorreu em

Óbidos, no Pará e em Soledade, no Ro combatentes, cerca de duzentos do lado Grande do Sul. do governo central e de seiscentos do lado É, por isso, imperioso envidar constitucionalista, entre os quais havia todos os esforços para manter viva a brasileiros de todos os estados e memória desse glorioso movimento. Essa estrangeiros aqui residentes. deve ser a missão de todos os brasileiros, Se considerarmos os que vieram a orientados e liderados pela Sociedade falecer mais tarde em conseqüência de V e t e r a n o s d2eMM 3 DC. f e r i m e n t o sed o e n ç a s O “Jornal de 32”, que adquiridas nas trincheiras, está sendo lançado por um grupo chegaremos a cerca de 2000 de verdadeiros patriotas, é mais vidas sacrif icadas nessa uma voz destinada a enaltecer os gloriosa epopéia. feitos dos que tombaram no O “Jornal d e 32” campo de batalha e a ser um lembrará aos nossos clarim de alerta que incentivará governantes da necessidade de os brasileiros a amarem a sua agirem sempre com ef iciência, Pátria, respeitando os seus honestidade, d ignidade e valores e reverenciando os seus patriotismo, trabalhando para heróis. conduzir o nosso querido A história registra que perderam Brasil em sua marcha triunfal ... rumo ao suas vidas mais de oitocentos i n f i n i t o.

Soldado do Mês: 78 anos da morte do tenente Mario Dallari por Cel. Mario Fonseca Ventura

Falece o TENENTE MARIO HILÁRIO DALLARI. Ele partiu de São Paulo integrando o 2º Batalhão da Força Pública “Marcílio Franco”. O tenente Mário Dallari, no dia em que partiu para o “front”, em 13 de julho de 1932, enviou aos seus familiares, em Serra Negra, uma carta em que prenunciava a sua própria morte: Bendita e Adorada mãe, querido pai, inesquecíveis irmãos, sobrinhos e cunhados: A Deus peço ter-vos sob sua bendita guarda. Talvez, entes do meu coração, ao chegar estas linhas em vossas mãos, já o meu corpo se corrompa na podridão esfalecedora dos vermes asquerosos, ou talvez ainda eu esteja me batendo pela causa sacrossanta de São Paulo e do nosso amado Brasil. Se vos endereço esta carta, no dia de minha partida para o “front”, é para pedir-vos perdão pelos desgostos que vos tenho dado e dizer-vos que, se parti para a

frente de batalha, não foi por falta de beijarei a imagem do sagrado coração de conselhos de meus queridos amigos Jesus, da medalha, e pedirei perdão a meu Aurélio Leme de Abreu, Dr. Nelson, Roque, pai, e o sagrado c oração d e Maria dona Ainda e meu tio Ferrúcio, que me Santíssima, como sendo minha mãe. pediram muita prudência para tomar essa Não culpem ninguém por este decisão. meu ato. Se eu morrer, sentir-me-ei Parti, porque assim me honrado morrendo por São Paulo e pelo ordenava o coração e assim Brasil. Lembranças minhas aos padrinhos exigem os meus brios de paulista Felipe e Maria José e aceitem um forte e de brasileiro. Levo sobre o meu abraço do f ilho que vos pede a bênção, do coração, a medalha que minha irmão, tio e cunhado, Mário. abençoada mãe me deu, quando Viva São Paulo, Viva O Brasil. deixei minha casa para servir o Viva A Democracia. São Paulo, 13 de julho Exército. de 1932. Se, por desventura, uma bala me ferir e eu tenha tempo,

O bravo serrano Mário Dallari, que, pela sua coragem e espírito guerreiro, foi logo promovido ao posto de 2º Tenente, morreu a 10 de setembro, quando, comandando um pelotão, tentava a travessia do Rio das Almas, na região de Itapetininga. Um dos parentes do Dr. Hélcio, Nello Dallari, escreveu o livro Sob O Céu Azul Da Estância De Serra Negra e, nas páginas 63 e 64 narra o episódio do tenente Mário Dallari. Esses dados foram fornecidos pelo doutor Hélcio Dallari Júnior, secretário particular do governador Cláudio Lembo, no dia 19 de maio de 2006.


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Balanço 2010 Sociedade Veteranos de 32 MMDC por Camila Giudice

2010 foi um ano de Renovação. Renovação de ambiente, de pessoas, de idéias de energia. A Sociedade cresceu. Tornou-se mais forte. Aumentou a família. E essa família cada vez se torna mais unida e orgulhosa de seus feitos, de sua contrubuição p ara a grande família Paulista e também a grande família brasileira. Esse foi o ano da paixão. Da paixão renovada pelos heróis. Da emoção

Calendário de Eventos

vinda das lágrimas de discursos calorosos sem a ajuda de todos nossos familiares de e inflamados, de recordações, 32, não seria possível. Essa conquista é de homenagens, preservação e perpetuação todos! Por isso a importância de sempre da memória de nossos entes queridos. mantermos a união e continuarmos Por isso, a Sociedade tem o prazer transpondo todas barreiras! de comunicar nossas conquistas esse ano, O que tudo indica que em 2011, que começamos muito bem, com a nossa cresceremos ainda mais! Queremos sede reformada, muito mais agradável econtar com todos para fortif icar essa digna para recebermos todos nossos união e não deixar a chama de 32 se apagar familiares de 32. de nossos corações! É com imenso prazer que anunciamos a trajetória deste ano, e que

© Fotos: Raimund Schmidt - 2010

Aniversário de 457 anos da Fundação da Cidade de São Paulo A Sociedade Veteranos de 32 - MMDC tem o prazer de compartilhar o convite para a Comemoração aos 457 anos da Fundação da Cidade de São Paulo, no evento realizado pelo Instituto Histórico e Geográf ico de São Paulo, na Igreja do Pateo do Collegio,sita à Praça Pateo do Collegio, nº 02, Centro - São Paulo - SP, na data de 25 de Janeiro de 2011, terça-feira, às 15 horas. Comemoração do Dia dos Aniversáriantes de Janeiro e Palestra: "Um breve relato de 23 de Maio de 1932", ministrada por Clóvis Bispo Dia 26 de Janeiro, às 15 horas na Sede da Sociedade Veteranos de 32 MMDC Mais informações pelo telefone: 11 3105-8541.


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Retrospectiva PARCERIAS A Sociedade Veteranos de 32 MMDC, começou o ano com grandes parcerias e no decorrer dele, houve o fortalecimento das relações com a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Câmara Municipal dos Vereadores de São Paulo, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Veteranos da FEB, Associação Comercial do Estado de São Paulo, Polícia Militar e Civil de São Paulo, Corpo de Bombeiros, Forças Armadas Brasileiras (Marinha, Aeronáutica, Exército),Tribunal Regional Eleitoral, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Maçonaria, Instituto Geográf ico, sites como: Tudo por São Paulo 1932, São Paulo Antiga & Abandonada, Museus e grandes parceiros escritores, historiadores, colecionadores, artistas, advogados, engenheiros, enf im, todos nossos amigos que tem contribuído cada vez mais com nossa paixão. Somente temos a agradecer aos nossos amigos e parceiros ao tempo dedicado, ao investimento, a alegria de estarmos sempre juntos nessa causa tão especial, que somente engrandece e nos dá credibilidade ao trabalho desempenhado. Sem essa união, não seria possível nosso crescimento.

COMUNICAÇÃO O Departamento de Comunicação da Sociedade Veteranos de 32 -MMDC, traz novidades! Neste ano, contamos com muitas realizações de parcerias, para a montagem de atividades culturais, material de divulgação, realização de eventos, envio de comunicados, relacionamento com a mídia e também tivemos a criação de um site of icial: www.sociedademmdc.com.br e também participamos do Twitter: www.twitter.com/MMDC32. Constatamos também que a visualização na Mídia neste ano foi bem maior do que anos anteriores, tanto na cobertura dos eventos, reportagens com veteranos, tanto na mídia impressa e televisiva. O site e o twitter estão sempre atualizados com as notícias da Sociedade, convites, fotograf ias, e parte histórica. Uma das conquistas foi a confecção do folder referente ao Dia do Jovem Constitucionalista, 23 de Maio, que fez grande sucesso como material de divulgação da Sociedade. Em breve, o folder do Monumento Mausoléu ao Soldado de 1932 (Obelisco do Ibirapuera) será repaginado.

CRIAÇÃO COMISSÃO DOS FAMILIARES DOS HERÓIS DE 32 - COFAM A criação da COFAM, Comissão dos Familiares dos Heróis de 32, foi uma iniciativa que visa o futuro da Sociedade Veteranos de 32 MMDC. Atualmente temos conhecimento que há 53 ex-combatentes vivos, e o mais novo tem 94 anos. Por isso, tivemos que pensar em quem dará a continuidade da memória da Revolução Constitucionalista de 32 e de todo o trabalho que tem sido realizado, para que não seja em vão. Concluímos portanto que os descendentes desses heróis deverão levar a luta adiante! A Sociedade Veteranos de 32 MMDC, precisa de sangue novo, de novas idéias, de projetos sociais, de levar a cidadania adiante e preservar a memória de seus entes queridos. Por isso, convocamos a todos descendentes, cuja paixão corre em seu sangue, para que junte-se a nós nesta trincheira, para que ela nunca se renda, e se propague no futuro, formando bons cidadões e honrando o sangue do nosso sangue derrubado em batalha. Eles f izeram pelo futuro! Nós também o faremos!

HOMENAGENS A Sociedade Veteranos de 32 - MMDC, esteve presente em diversos eventos neste ano, onde foi agraciada com homenagens, citações e condecorações. Citamos alguns deles: e Homenagem aos 100 anos do Corpo de Bombeiros e Solenidade do 23 de Maio, Dia do Jovem Constitucionalista, realizado no Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 32. e Solenidade em Homenagem ao 23 de Maio, Dia do Jovem Constitucionalista, realizada na Câmara Municipal do Estado de São Paulo. e Palestra Cívica na Loja Grande Oriente do Estado de São Paulo em comemoração ao Dia do Jovem Constitucionalista. e Entrega do Colar Carlos Souza de Nazareth na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e Palestra Cívica no Centro de Integração Empresa Escola - CIEE e Desf ile do 9 de Julho e solenidade no Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 32. e Solenidade alusiva ao 9 de Julho na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e Palestra na Associação Paulista de Medicina sobre a Revolução Constitucionalista de 32. e Troca de Comando do 12º. Batalhão da Polícia Militar e Desf ile do Sete de Setembro e Almoço comemorativo ao Sete de Setembro na Sede da Sociedade Veteranos da Força Expedicionária Brasileira FEB. e Homenagem aos Ex-combatentes de 32 no Clube Regatas Tietê e Comemoração dos 78 anos das Cessação das Hostilidades da Revolução de 32 no Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 32. e Solenidade em Comemoração dos 78 anos da Cessação das Hostilidades da Revolução de 32 na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. e Hasteamento da Bandeira e homenagem a Comemoração dos 78 anos das Cessação das Hostilidades da Revolução de 32 na Câmara Municipal do Estado de São Paulo. e Comemoração dos 40 anos da Rota Rondas OstensivasTobias de Aguiar e Instituto Histórico e Geográf ico de São Paulo Solenidade em Comemoração dos 78 anos da Cessação de Hostilidades da Revolução de 32. e Concerto de Natal no Obelisco, um presente para São Paulo em Parceria com a Polícia Militar do Estado de São Paulo e Instituto de Engenharia na Solenidade aos 56º aniversário da Sociedade Veteranos de 32. e Almoço de Confraternização do Conselho Cívico e Cultural da Associação Comercial e Almoço de Confraternização da Sociedade Veteranos de 32 MMDC na Associação dos Of iciais da Reserva e Reformados da da PMESP. e Comenda Assis Chateaubriand da FALASP Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo. e Homenagem da Escola Superior de Soldados de Pirituba

MONUMENTO MAUSOLÉU AO SOLDADO CONSTITUCIONALISTA DE 32 Hoje temos 788 heróis em seu repouso merecido no Mausoléu. Uma das conquistas recentes, em parceria com o 12º. Batalhão da Polícia Militar, com pessoas muito honradas e admiradoras e respeitadoras da causa, conseguimos a abertura do Mausoléu para visitação escolar, que iniciou-se em Novembro deste ano, como projeto experimental, e foi um sucesso, com palestras e visitação monitorada. Encerramos também o ano de 2010 com um maravilhoso evento, o Concerto de Natal no Obelisco, um presente para São Paulo, com a participação e apoio da Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.


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Os símbolos de sua importância na vida do homem por Tiago José Berg

O f ilósof o Er nst Cassirer costumava classif icar o homem como um animal symbolicum, por def inir que um dos aparatos de maior desenvolvimento do ser humano frente às outras espécies não foi o desenvolvimento da fala, o uso de instrumentos ou mesmo as características biológicas da espécie, mas a capacidade que o homem possui de criar “símbolos” e deles abstrair conceitos. Esse lento e longo processo se caracterizaria como um dos mais importantes passos na nossa história evolutiva. Nossa vida está repleta de símbolos, um mundo tão cheio de códigos, que mostra o quantos eles são importantes instrumentos de comunicação e transmissores da cultura: obras de arte, placa s de trânsito, bandeiras, brasões, partituras, mapas, camisas de futebol, gestos religiosos, ícones de computador e claro, a escrita, formam part e des se ar cabouço de símbolos do nosso cotidiano. Estamos tão acostumados com eles que esquecemos o quanto é complexo para nós a aquisição dessa estrutura comunicativa e sua codif icação. Pense em uma criança aprendendo a escrever, por exemplo, ela tem que usar sua capacidade mental para transformar um conjunto de traços em uma letra do alfabeto, como a

letra “A”, para correlacioná-la à fala “a”, e daí somar esses símbolos da escrita para formar sílabas “ba, bo, bu...”, surgindo depois as palavras (abacate) e saber que aquele conjunto de letras arranjadas daquela forma refere-se ao tal fruto “abacate”. Usando a escrita o homem pode transmitir conhecimento de forma ef iciente e precisa, pois diferente da transmissão oral, a escrita é um código que permite ir além da sua existência orgânica. É como apenas saber tocar uma música de ouvido versus a tocar mesma música escrita em uma partitura; sendo esta um código universal pelo conjunto de linhas, tempos e notas, ela permite que sejam preservadas as características da música original criada pelo músico, mesmo há séculos atrás. Outros exemplos de codif icação são ainda mais complexos, como um mapa topográf ico, que exige entender um conjunto específ ico de símbolos, linhas e valores para correlacionar uma realidade geográf ica sob uma determinada escala. Quando conseguimos “ler” um mapa da mesma forma que um texto, podemos abstrair muitas informações de um determinado local e planejar melhor as

ações que queremos tomar, como uma viagem, a busca de um endereço, uma intervenção militar, a melhor rota de carro... Os símbolos também ajudam na comunicação humana de uma importante forma: eles transmitem a cultura. É através da cultura que o homem busca melhorar s ua v ida, torná-la mais agradável, explicar os dilemas, preservar a memória, como também criar signos de identif icação para si, para seu grupo e para os outros. Foi assim que surgiram, por exemplo, os primeiros objetos parecidos com as bandeiras, que ajudavam a identif icar à distância os clãs amigos dos inimigos, as tropas militares, as procissões religiosas, os lugares sagrados. Bandeiras e brasões formam parte desse universo de símbolos que compõem a nossa “cultura cívica”. Saber mais sobre eles e conhecer os seus signif icados nos ajuda a entender a importância e o valor que possuem em nossa vida enquanto cidadãos. Será esse o objetivo dos artigos aqui apresentados nas próximas edições.

Pronunciamento por Cel. Antonio Carlos Mendes

Antonio Carlos Mendes, Vice-Presidente da Sociedade Veteranos de 32 MMDC, Coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo e Chefe de Gabinete do Grande Oriente de São Paulo. Colaboro com a Sociedade desde os tempos de capitão PM, dedicando-me mais intensamente após o ano de 1991, quando passei para a inatividade. Como Secretário da Comissão de Outorga de Medalhas, sou responsável

pelo recebimento de propostas, Academia Militar e amigo, Cel. Mario e a provação d as medalhas Fonseca Ventura, pela feliz iniciativa da MMDC, Constitucionalista e criação do “32 EM MOVIMENTO” e Governador Pedro de Toledo. coloco-me à disposição dos associados e P a r a t a l , r e c e b o a s i n d i c a çsõi ems p a t i z a n t e s d o M o v i m e n t o dos Comandantes das Forças Constitucionalista, nos seguintes Armadas (Marinha, Exército e contatos: Aeronáutica) , do Comandante Sociedade: 3105-8541 da Polícia Militar e da Guarda Maçonaria: 3346-7082 Civil Metropolitana, do Celular: 7534-4072 ou 9614-0114 Delegado Geral de Policia e das E-mail: mendes@gosp.org.br ou Entidades que mantêm parceria com a coronelmendes@pop.com.br Sociedade. Cumprimento meu colega de Feliz 2011 a todos os leitores.


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Cobertura de pano - Batalhão Rio Grande do Norte por Ricardo Della Rosa

Trago hoje uma belís sima cobertura de pano, com os carimbos do célebre Batalhão Rio Grande do Norte que lutou na frente Leste em 1932 e entregou às páginas heróicas da revolução nomes como os dos heróis tombados Segundo Murari (morto em Eleutério) e Jacinto

Kerry Valente (morto em Amparo). Encontrar marcação de algum batalhão em alguma peça de uniforme é motivo de gr ande alegria para o colecionador, pois a maioria destes símbolos acaba se apagando com o tempo. No caso desta cobertura temos dois carimbos visíveis e na parte interna, o selo f iscal que era usado na época. Uma lembrança f antástica de um dos batalhões mais combativos de 32! Site: www.tudoporsaopaulo1932.blogspot.com

O Abandono do Túnel 9 de Julho por Douglas Nascimento

D i a r i a m e n te , m i l h a re s d e pessoas cruzam o Túnel 9 de Julho tanto em direção ao centro de São Paulo como aos bairros, e sequer percebem que o mais famoso e emblemático túnel da cidade está em péssimo estado de conservação e com uma polêmica absurda envolvendo o seu nome. Inaugurado em 1938 em uma cerimônia que contou com a presença do Prefeito Prestes Maia e do então Presidente da República Getúlio Vargas, o túnel foi rapidamente adotado pela imprensa paulista e pelos cidadãos como “Túnel 9 de Julho” e rapidamente tornouse em um dos maiores orgulhos do paulistano, juntamente com outros símbolos de 1932, como o Obelisco do Ibirapuera. Entretanto, há anos o complexo que envolve o túnel,o mirante, escadarias e seus chafarizes, estão em completo abandono tornando-se em um vergonhoso cartão de visit as par a paulistanos e turistas que visitam a cidade. Suas escadarias exalam forte odor de urina, e pela manhã, muitas vezes é

preciso descê-las com cuidado para não pisar em excrementos que costumam estar por lá, deixados por pessoas que fazem do local um banheiro público. Os dois belíssimos chafarizes que compõe as laterais do túnel estão em completo abandono, desligados e sujos, servindo de abrigo para pombos e lixo. O túnel, em seu interior, apresenta goteiras e inf iltrações de água (veja galeria no f inal do artigo) assim como manchas de umidade em suas paredes. Além disso, não há qualquer policiamento ou controle do mirante existente sobre o túnel. O que foi criado para ser um ponto turístico, tornou-se um perigoso gueto para o c onsumo d e d rogas e esconderijo de toda a sorte de gatunos que se valem do abandono do local para se esconder. Durante o dia, estes usuários de drogas f icam escondidos no mirante, normalmente no canto sobre a pista sentido centro. Já à

noite, sem qualquer policiamento seja da PM ou principalmente da Guarda Civil Metropolitana, eles tomam conta de todo o mirante, fazendo fogueiras para se aquecer e consumo de drogas deixando rastros visíveis, tais como seringas e marcas de fogo pelo local. Moradores de um dos edifícios vizinhos, que não quiseram se identif icar, contataram o Blog São Paulo Antiga e pediram ajuda para divulgarmos o abandono deste que importantes e conhecidos cartão postal da cidade de São Paulo, que passa ano após ano sem qualquer mudança signif icativa, conforme diz o porteiro deste mesmo prédio “A Prefeitura agora mandou instalar luzes de natal na entrada do túnel, mas isso nã resolve os problemas do local. É uma forma de disfarçar o problema, de enganar a população”, diz. Leia reportagem na íntegra: www.saopauloantiga.com.br


Paixão Paulista São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

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Os Jovens de 32 por Paulo Bomf im

onde estais com vossos ponchos, os fuzis sem munição, os capacetes de aço, os trilhos do trem blindado, o leme de vossas vidas, a saga de vossos passos... onde estão? em que ossário vossa audácia fala aos que dormem por fuga, em que campo vossa morte clama aos que morrem em vida, em que luta vosso luto amortalha os tempos novos? voltai daquelas trincheiras, voltai de vosso martirio, voltai com ou sem aqueles ideais, voltai com o sangue que destes, voltai com os brios de julho, voltai ao chão ocupado, voltai à causa esquecida, voltai à terra traida, voltai , jovens soldados... Apenas ...voltai !

Túnel da Mantiqueira por Camila Giudice

Obra da Artista Plástica Camila Giudice, reproduz um dos mais importantes cenários da Revolução Constitucionalista de 32. Esta tela pertence ao acervo do 2º Batalhão da Polícia Militar do Estado de São Paulo, na Vila Guilhermina Esperança, feita com exclusividade, com o detalhe das Bandeiras Paulista e Brasileira. Para conhecer mais sobre as obras e a artista, que a cada ano produz uma obra, que é batizada em Desf ile em carro aberto no 9 de Julho, para que seja encaminhada a uma de nossas estimadas instituições da Sociedade Paulista, entre no site: www.camilagiudice.com.br.

Terra Paulista por Frances de Azevedo - 10/2009

Não mais ecoam os tiros Dos fuzis da liberdade Da luta pela igualdade Das dores e dos suspiros! Não mais a Revolução Que f indou naquele Outubro Onde o chão se fez sepulcro De jovens pela nação! Não mais o inverno cruel A castigar na Batalha Que se fez em represália Ante o governo revel Não mais o grande tormento De um ideal ultrajado Onde o Civismo aflorado À Pátria deu novo alento! Não mais na Terra Paulista A intervenção degradante Onde o povo conf iante Da lei foi protagonista!

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32 em Revista São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

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Os Janeiros da Revolução por Cel. Mario Fonseca Ventura

A Sociedade Veteranos de 32MMDC lança o primeiro número de seu jornal neste 25 de janeiro de 2011 em homenagem às festividades da criação da cidade de São Paulo. Muita coisa poderse-ia escrever sobre os feitos e os fatos da Revolução Constitucionalista de 1932. Naturalmente este jornal tratará sempre do assunto, mas de uma maneira que o leitor possa entender os motivos causadores da Epopéia de 32. Há 80 anos, em 2 de janeiro de 1931, realiza-se um almoço das Forças Armadas em homenagem ao Governo Provisório de Getúlio Vargas. A confraternização acontece no Forte de São João no sítio Estácio de Sá. O General Tasso Fragoso faz a saudação ao Chefe da Nação. Acredita-se nas medidas que o governo revolucionário tomará, pois Getúlio assevera que empregará todos os esforços na criação e desenvolvimento dos meios necessários para o engrandecimento do Brasil. Em 24 de janeiro de 1931, três meses após a vitória da Revolução de 30, as classes operárias são convocadas para uma reunião no Campo de Santana, no Rio. Fato inédito. Ouve-se a voz pungente de Joaquim Pimenta e a massa operária segue para o Catete, em homenagem a Getúlio Vargas. O país sente-se amparado. Está no governo o homem certo. Um ano após o cenário é completamente dif erente. O povo descobre que o Brasil está em plena ditadura. As eleições prometidas não se realizam. Em 25 de janeiro de 1932, na Praça da Sé, uma multidão imensa reúnese contra o governo arbitrário de Getúlio Vargas. Tendo Antônio Prado Júnior à

frente, entoam-se marchas e hinos e o caravelas de Martim Afonso de Souza e as estribilho é “São P aulo, São P aulo que traziam a cruz vermelha de Aviz autônomo. São Paulo livre! O povo planteada ao centro. A multidão delira, paulista exigia o f im da ditadura. agitando chapéus ao ar, “dando a Guilherme de Almeida, impressão de encapeladas ondas, no dizer aclamado, pronuncia uma de sua orações de Paulo Nogueira. imortais: “Paulistas. Dizem que há por aí, E aí veio o 23 de maio, onde onze jovens no ar, suspenso sobre nossas foram metralhados, morrendo quatro cabeças, um “caso” paulista. deles: Martins, Miragaia, Dráuzio e Dizem que, para sua solução, Camargo, dando suas iniciais ao que é a solução da vossa Movimento MMDC, bandeira sagrada da felicidade, o governo central, Revolução de 32. O poeta da Revolução que se conferiu o direito de Constitucionalista, Guilherme de decidir dos vossos destinos, Almeida, canta em “A Santif icada”: ainda não encontrou uma E houve uma noite de heroísmo fórmula. A ditadura vacila, Que marcou o teu batismo de glória; hesita, bambeia, tr opeça, e por isso é que Tens quatro letras gravadas disfarça, protela, gagueia, Nas quatro estrelas douradas titubeia...Dizem que ela quer Do topo: MMDC saber a vontade de São Paulo. Ora, essa E em 9 de julho de 1932 tem início vontade ainda não foi dita... Não valem a contra-revolução que balança o Brasil manifestos, entrevistas, conciliábulos em prol de uma nova constituição. secretos, conferências reservadas. Não. A Este j ornal i rá l evar ao única palavra que pode valer, que pode conhecimento dos leitores como logicamente signif icar a vontade de São transcorreu essa luta invencível, que Paulo é a palavra que o povo de São Paulo trouxe ao Brasil a reconstitucionalização há de dizer livremente, em massa, coeso, esperada, a vitória de um povo que não f irme, unido num só. Para isso aqui está suporta ditaduras, qu e não aceita o este comício grandioso. São Paulo, aqui vilipêndio da Carta Magna, que anseia por neste instante de evocação de seu passado liberdade, que quer o bem da Nação sob a e de decisão de seu futuro, é, como sempre égide da democracia plena. o foi, um só: um só pensamento e uma só Falaremos em fevereiro da ação. Ele vai exprimir a sua vontade. heroína Maria José Barroso, mais Paulistas, escolhei, decidi. Ou esta conhecida como Maria Soldado, que unif icação engrandecedora e invencível, faleceu em fevereiro de 1958. Na edição de em que estais neste instante e estivestes maio daremos ênfase para o episódio do 23 em todo o vosso passado ou aquele de Maio. Em julho teremos uma edição f racionamento, aquela dispersão especial, f ocalizando 9 de Julho. o Enf im, partidária, em que há quinze meses vos a Sociedade Veteranos de 32-MMDC aniquilais, vos destruís. Escolhei! Decidi” encontra nesse meio de comunicação o À sombra destas bandeiras, quatro séculos caminho certo para a divulgação do maior vos contemplam!” feito dos brasileiros: o Movimento Ao a lto d a Catedral d a S é Constitucionalista de 1932. tremulam ao vento bandeiras das


Polícia Militar em destaque São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

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Legalismo Paulista - Uma história de longa duração por Capitão PM Herbert Moraes

Parte I abordagem, um outro enfoque no que diz Por muito tempo o estudo da respeito ao estudo da História. história p rivilegiou o s g randes Os historiadores dos Annales acontecimentos, os principais eventos foram os pioneiros na abordagem do que seriam fundamentais para a estudo de estruturas históricas de longa compreensão do presente. O enfoque, o duração ("la longue durée") para explicar objeto de estudo da História resumiu-se à eventos e transformações políticas, vida dos monarcas e dos grandes fazendo uso de outras áreas de estudo de estadistas, dos grandes conflitos bélicos e maneira interdisciplinar como a dos grandes encontros diplomáticos paraGeograf ia, cultura material e o que a assinatura dos decorrentes tratados de posteriormente os annalistas chamariam paz e para a partilha do butim de guerra, mentalidades (psicologia da época, mas sobretudo dos grandes estruturas mentais coletivas). Sem negar a acontecimentos na área econômica, importância dos grandes eventos, das verdadeira panacéia a explicar as agruras grandes estruturas econômicas e das da civilização humana. A estrita divisão grandes personalidades históricas, o novo das Ciências Sociais (História, Sociologia, pensamento histórico advogava que a vida Psicologia, Economia, Geograf ia cotidiana, os problemas sociais vividos humana) foi a forma encontrada para pela grande massa pobre, a carestia ou entender seu conteúdo mesmo e dissecar a fartura em determinados períodos, a vida humana em sociedade. Em regra, as construção dos espaços geográf icos, os vozes ouvidas foram as vozes dos grandes e registros cartoriais, mas sobretudo as poderosos, assim como das elites e seus mentalidades coletivas tinham muito a intelectuais pensadores que sempre os contribuir p ara o e ntendimento d a acompanharam, e, assim, a História foi verdadeira dimensão dos acontecimentos escrita pelos vencedores, construtores dashistóricos. Os grandes eventos seriam o versões of iciais, aqui ou lá fora, no Brasil ápice de uma miríade d e pequenos ou em qualquer parte do mundo. A partir acontecimentos e de pequenos dos meados da década de 1920, no entendimentos e tendências não menos entanto, surge um pensamento diverso do importantes. As construções históricas usual, que rompe com as estruturas poderiam ser dissecadas para que se positivistas conceituais do estudo da justif icassem ou não. O viés particular História e que privilegia uma abordagem característico de cada historiador poderia pluridisciplinar. Liderada por naturalmente proclamar seu ponto de historiadores do calibre de Lucien Febvre vista ao invés de invocar uma neutralidade e Marc Bloch - a primeira geração - , a inexistente. Além da História tradicional, Escola dos Annales ( Annales d'histoire poder-se-ia conceber uma “história vista économique et sociale ) sugere uma outra de baixo”.

A segunda geração dos Annales foi liderada por Fernand Braudel. Formado em História pela Sorbonne de Paris, em 1935 vem ao Brasil, onde por t anos se dedica, junto com um grupo de intelectuais franceses, a colaborar na organização da Universidade de São Paulo, donde daí se depreende a força do inovador pensamento historiográf ico no Brasil. A qui p ermanece a té 1937 f inalizando assim um período em que o próprio historiador classif icou como um dos mais felizes da sua vida. É com Jacques Le Goff, o principal líder da terceira geração, que os Annales encontram seu zênite. O pensamento fundado por Febvre e Bloch passa a ser conhecido por “Nova História” (Nouvelle Histoire), e o que antes era considerado por muitos puristas como apenas um exotismo passageiro, ganha aura de pensamento fundamental e grande tendência historiográf ica. A História das Mulheres, a História da Infância, a História da Prostituição, a História da Vida Privada, e tantas outras histórias passaram a gozar de amplo interesse c om d ireito a inúmeras dissertações e teses acadêmicas. Poder-seia argumentar, entretanto, que a História, ao atingir esse nível de individualização, perderia seu objeto ao transformar-se em “história e em migalhas”. Em que pese tal argumento, é imperioso que se ressalte a importância da Nova História para o real entendimento da História da Civilização Humana. Continua na próxima edição


Polícia Militar em destaque São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

Edição número 01 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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Uma herança histórica por Cel. PM Mario Fausto Rodrigues Pinho

Desde menino sempre ouvi contar nas reuniões de família fatos e histórias sobre 32, porem sem me dar conta de que aqueles fatos envolviam diretamente pessoas de minha casa. Os anos se passaram, conheci o Mausoléu do Ibirapuera, li alguns livros sobre a participação de São Paulo nesse importante evento, conversei com velhos companheiros de meu pai,e já como Capitão da Polícia Militar acompanhei minha mãe na solenidade em que ela recebeu a medalha do MMDC, em homenagem póstuma ao meu pai. Mas por incrível que pareça eu ainda não conhecia a verdadeira história da participação dele nos fatos. Isso só veio a acontecer há alguns

anos, quando resolvi escrever um livro histórico biográf ico da sua vida na Fôrça Pública. No início o foco principal da obra centrava-se na sua atu ação como comandante da tropa de choque e as alterações que isso trouxe em toda sua vida prof issional. Foi quando, pesquisando velhos documentos de família, encontrei uma grande quantidade de cartas, registros e outras anotações que mostravam sua verdadeira participação na Revolução de 1932. Realmente nunca havia me dado conta da sua grande contribuição na

história, fato que ele como um verdadeiro herói e grande personagem nunca deixou transparecer. Coisa, alias, própria de pessoas verdadeiramente nobres de valores éticos e morais. Desde então passei a procurar mais informações e cheguei, através de amigos, a essa tão nobre e importante entidade Sociedade Veteranos de 32MMDC, verdadeira guardiã da memória da história de São Paulo e de todos aqueles heróis que escreveram com suas vidas a história desse pais. Hoje sinto orgulho de ser associado dessa instituição e membro do COFAM,e procuro divulgá-la em toda as oportunidades e lugares.

participação de trabalhadores civis, estudantes de faculdades e do ensino médio, militares das forças armadas e nossa tradicional Força Pública onde prestaram serviço de valor para o engradecimento de nossa revolução. Além desta pesquisa, é realizada também uma formatura com uma brilhante demonstração, encenada por Cadetes e Alunos soldados sobre o 23 de Maio, dia onde foram mortos Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo, um desf ile

com a réplica da farda caraterística da época, além de um contigente a cavalo. Parte deste trabalho desenvolvido tem-se passado para as escolas p úblicas e que o s mesmos sirvam de fonte de pesquisa Por último também realiza-se uma exposição d materiais, fardas, c artas e muitos utensílios utilizados nesta época.

O MMDC na área de Ensino por Cel. PM Codelo

Toda história e trajetória da Revolução de 32, tem sido desenvolvida em um excelente trabalho em toda área de ensino da Polícia Militar do Estado de São Paulo, principalmente com destaque na Academia de Polícia Militar do Barro Branco através de seus Cadetes e também na Escola Superior de Soldados. Pratica-se uma meta para todo corpo docente, através de pesquisa sobre o tema “MMDC”, onde verif ica-se o início desta r evolução, t odo mecanismo desenvolvido, os locais desta destacada luta pela atualização da Constituição Federal do Brasil, os meios utilizados, a


Polícia Militar em destaque São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

Edição número 01 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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A Força Pública na Revolução de 1932 por Cel. PM Ricardo Jacob

A Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo entre os meses de julho e outubro de 1932, teve por f inalidade a derrubada da Ditadura de Getúlio Vargas e a promulgação uma nova Constituição para o Brasil. Foi também de certa forma uma resposta do povo paulista à Revolução de 1930, que acabou com a autonomia concedida aos Estados pela Constituição de 1891. O dia 9 de julho marca o início da Revolução de 1932, o maior movimento cívico da história de São Paulo e a data cívica mais importante do Estado. Foram 87 dias de combates (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932) com um saldo of icial de 934 mortos (estimativas não of iciais af irmam que morreram cerca de 2.200 pessoas). Com São Paulo ocupado pelo Governo Provisório, a Ditadura nomeou interventores militares de outros lugares do país para dirigir o Estado e estes procuraram enfraquecer a Força Pública com uma ação direcionada à retirada de seus destacamentos, armas e veículos. A gota d'água foi a nomeação do Major Miguel Costa para comandá-la, pois ele havia sido expulso de suas f ileiras quando tentou derrubar o governo paulista na Revolução de 1924. Para reduzir, cada vez mais, o poder da Força Pública, Vargas arquitetou revoltas dentro de suas f ileiras para, assim, justif icar os cortes drásticos que promoveu em prejuízo da Organização, pois temia uma possível reação paulista ao Golpe dado contra o Governo de Washington Luis, temor justif icado se levarmos em consideração que a Força Pública, antes da Revolução de 1932, com sua Infantaria e Aviação Militar, era o segundo maior corpo armado da América Latina, perdendo somente para o próprio Exército Brasileiro. A Força Pública, ao entrar no conflito, estava com seu arsenal em estado precário, pois desde a Revolução de 1930 não era abastecido, além do fato de ter sofrido com a eliminação de sua Artilharia e Aviação por um Decreto de 1931. Realmente, a situação era crítica. Em 10 de julho de 1932, sua tropa, com cerca de 10.200 homens, dispunha de 8.685 fuzis de diversos modelos, a maioria em péssimo estado de conservação (o 2 º Exército contribuiu com 7.800 fuzis,

dos quais 5.000 estavam defeituosos). São com chapas de aço. Uma composição com Paulo, com uma força constituída de pouco dois carros, sendo um de cada lado da mais de trinta e cinco mil homens, muitos máquina e revestidos com duas placas de dos quais voluntários sem qualquer preparo aço entremeadas de pranchões de cerne de militar, contava com armas obsoletas e com peroba duríssima, camuflado (pintado pouca munição, tudo isso agravado pelo fato com listas de diversas cores) e equipado de que, com suas fronteiras bloqueadas, com canhão de 75 mm e metralhadoras estava impedido de adquirir fora do país o pesadas nos flancos e, ainda, portando dois armamento e a munição que precisava. Já do potentes holofotes na parte superior, que outro lado, o Governo Federal, com seus cem eram acionados quando o trem entrava nas mil homens, todos treinados e equipados posições inimigas iluminando suas com farto e moderno equipamento bélico trincheiras, levando o terror à tropa adquirido no exterior, reunia todas as getulista, que corria apavorada sob o fogo condições para sustentar das metralhadoras. um conflito armado por Quanto à matraca, simplesmente tempo indef inido. uma roda dentada com uma manivela, que, São Paulo precisou quando girada em alta velocidade, faz os de muita criatividade e dentes da roda rasparem em uma lâmina improvisação naqueles três de aço produzindo forte sonoridade. Os meses de combate, tendo, soldados paulistas, utilizando a matraca por exemplo, recorrido à em suas trincheiras, conseguiam espantar utilização d o blindado os inimigos, pois o ruído produzido “lança-chamas”, do “trem imitava o matraquear das metralhadoras e, blindado” e da matraca. assim, os paulistas conseguiam barrar o O blindado, avanço das tropas federais, que possuíam armamento da Seção de Carros de Assalto da um poder bélico muito superior. Força Pública, havia sido desenvolvido um São considerações breves diante ano antes da revolução pelo Tenente Dr. da magnitude da Revolução Reynaldo Ramos de Saldanha da Gama com Constitucionalista de 1932 e da apoio da Escola Politécnica. Era um blindado participação da Força Pública (atual de lagartas, na cor cinza, construído sobre o Polícia Militar do Estado de São Paulo) chassi de trator agrícola Caterpillar (muito nesse importante movimento cívico comum na década de trinta), com chapas de militar da História Paulista, quando os aço rebitada, com torre giratória e armado nossos soldados enfrentaram, com imensa com um lança-chamas e quatro desigualdade, as tropas da Ditadura de metralhadoras Hotchkiss de 7mm, pesando Vargas. Luta fratricida, onde São Paulo quatro t oneladas e b astante l ento. buscou, com imenso patriotismo, o Posicionadopróximo à entrada de uma ponte restabelecimento da democracia. Luta em na região de Cruzeiro, SP, não conseguia que os paulistas, derrotados no campo de transpô-la, pois a ponte era de madeira e o batalha, foram vitoriosos em seus blindado muito pesado. Junto a ele os propósitos, com a eleição da Assembléia soldados paulista armados de fuzis e Constituinte de 1933 que culminou com a metralhadoras pesadas enfrentavam as terceira Carta Magna da nação brasileira, tropas federais que, do outro lado do rio, proclamada em 1934. Luta em que a nossa queriam avançar para ocupar aquela ponte Força Pública, mesmo com seu poderio estratégica, mas quando o avanço começou o bélico drasticamente reduzido, foi o blindado começou a “cuspir” fogo e disparar grande sustentáculo do Exército suas duas metralhadoras frontais, levando o Revolucionário Paulista durante os três pânico à tropa inimiga de São Paulo, quemeses q ue d urou o confronto, e m “bateu” em retirada, diante daquele artefato combates onde os seus poucos mais de dez estranho e assustador. mil homens derramaram o sangue nos O “trem blindado” era um trem campos paulistas, lutando com bravura, revestido com uma couraça resistente feita denodo e heroísmo.


Reserva Cultural São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

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Curta Metragem SP 32 por Cássio Martin

Baseado em fatos reais. comum, q ue sai para gu erra como Scaranto, Renato Murakami, Simone Durante o s últimos d ias d a “soldado voluntário”. Xavier, Billy Santiago, Diego Tame, Thia Revolução Constitucionalista de 1932, em Estudantes, Médicos, Tavares, Rafael Arruda e Jean Paulo São Paulo, dois soldados voluntários,Advogados, de trabalhadores, homens e Vernochi. Dir eção: Cás sio Martin classes sociais diferentes refletem sobre mulheres de todas as idades, se Produção: Jorge Henrique Santalmei e suas vidas e sobre o futuro do Brasil. apresentam como soldados para combater Marco Antônio Beatriz. Fotograf ia: Tony Soldado José, um estudante de direito, de o então ditador Getúlio Vargas. Assim foi Ciambra. família rica e Soldado Antônio, um em 1932, um dos maiores movimentos sapateiro de origem humilde, f ilho de cívicos da história de São Paulo e do Brasil. Conf ira o trailer desse curta que imigrantes Italianos. O Trailer do Curta Metragem SP em breve estará disponível. O Filme não aborda os fatos 32, produzido em mini-DV como piloto . Link: http://tiny.cc/curta_32 políticos da questão, e também não tem Um Tributo aos Heróis e Veteranos de nenhum aspecto “documentário”, 1932. nenhum dos l ados da revolução é Elenco: Eric Lenate, Evandro valorizado, o foco principal da trama é o Palma, Rogério Costa, Reinaldo Villela, lado humano, a condição do homem Rui Xavier, Lucas De Araújo, Aless


Cartas São Paulo, 25 de Janeiro de 2.011

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Manifesto Popular: Pensão de 32 Prezado Exmo.Sr.Governador dr.Geraldo Alkmim Minha mãe Mafalda Barbieri Pagliaruli, de 101 anos recebe pensão da revolução de 1932, da qual meu pai participou. Peço ao sr. Governador estudar, com muita justiça, o aumento da pensão dos restantes participantes e viuvas. Minha mãe é portadora de demencia senil e não tem movimentos. Precisamos interná-la em uma casa de repouso por condições físicas e f inanceiras de mantê-em minha casa. Está muito onerosa para minha irmã e eu suprir suas necessidades que são muito dispendiosas. Certa de sua apreciação favoravel à nossa causa , um aumento da pensão, agradeço sua atenção.

Durante as comemorações de 9 de julho do ano passado, ex-combatentes comunicaram que recebem R$450,00 a título de pensão. Todos têm idade avançada e sua famílias dividem com eles o orgulho de terem lutado e mostrado seu amor por São Paulo. O candidato José Serra disse em campanha que no nosso Estado ninguém recebia menos que R$590,00 mensais, o que se pode notar que não é verdade. Sr. Governador Alckmin, está em suas mãos o estudo do reajuste dessa pensão. Eles foram nossos heróis e merecem consideração e respeito. Maria Lucia B. Marques

Eu sou a f ilha responsavel: Nair M.Yedda P.Camargo Penteado

Aniversariantes de Janeiro 01/01 Cel. João Claudio Valerio 01/01 Tizuko Hassegawa Mikan 01/01 José dos Reis Mariano 08/01 Cap. PM Cicero da Silva Pires 10/01 Maria Odete Cruz Pinto 12/01 Cel. Edson Ferrarini 20/01 Dr. Max Basile 21/01 Aurélio Pequeno Santos 24/01 Cel. PM Ricardo Jacob 24/01 Cel. PM Elyseu Guilherme Salgado Rocha 25/01 Dra. Maria Lucia Camargo 29/01 Francisco Giannoccaro 29/01 Cap. Helio Tenorio dos Santos 29/01 Sgto. Marcelo Clemente 30/01 Elaine Gomes

Parabéns a cidade de São Paulo pelos 457 anos! EXPEDIÇÃO: Publicação: Sociedade Veteranos de 32 - MMDC Endereço: Rua Anita Garibaldi, 25 - 01018-020 - São Paulo - SP Telefone: (11) 3105-8541 E-mail Sociedade: mmdc.32@terra.com.br E-mail para contribuições: veteranos32@gmail.com Site of icial: www.sociedademmdc.com.br Twitter: www.twitter.com/MMDC32 Publicação: 25 de janeiro de 2011

Produção executiva: Camila Giudice - Dir etora de Comunicação Social Redação: Diversos autores Criação e diagramação: Markus Runk Agradecimentos: A todos nossos colaboradores que possibilitaram a criação deste jornal e o apoio que tivemos de todos nossos amigos. Tiragem: Eletrônico


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