32 em Movimento - Janeiro2012

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32 em Movimento

“Do culto da epopeia máxima surge das trincheiras do tempo o Jornal 32 em Movimento. Celebrando nossos mortos São Paulo estará mais vivo do que nunca.” Paulo Bomfim

São Paulo, 31 de Janeiro de 2.012

Edição número 13 -­‐ Sociedade Veteranos de 32 -­‐ MMDC

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Caros amigos, colaboradores, leitores! É com muita satisfação que completamos neste dia 25 de Janeiro o primeiro ano do Jornal 32 em Movimento! A ideia de ter um jornal, já era muito antiga, lembrada sempre pelo Cel. Ventura, e um pedido da nossa grande amiga e poetisa Frances de Azevedo, impulsionou para que se tomasse um rumo! A partir de então, começamos os primeiros esboços do nosso jornal virtual! Queríamos um nome que denotasse que 32 ainda está vivo, e com a palavra do nosso grande amigo, parceiro e Presidente do Conselho Deliberativo Paes de Lira, chegamos ao 32 em Movimento! Logo recebemos os materiais que solicitamos aos nossos amigos, amantes de 32, que já desenvolviam grandes feitos, e com o trabalho conjunto do nosso Diretor de Cerimonial Markus Runk, tornou-­‐se possível a criação da 1a edição do 32 em Movimento, que foi recebida com muito carinho. Um dos maiores presentes que ganhamos, foram as preciosas palavras inaugurais do nosso amado e muito estimado amigo, o Príncipe dos Poetas, Paulo Bomfim, que dizem “Do culto da epopeia máxima surge das trincheiras do tempo o Jornal 32 em Movimento. Celebrando nossos mortos São Paulo estará mais viva do que nunca.” Estas, sempre estarão presentes no topo da primeira página em todas edições. A repercussão foi tamanha, que atravessou as fronteiras brasileiras e hoje contamos com leitores dos países mais inusitados! Ganhamos frontes de correspondências, mais colaboradores, mais associados, mais amigos! E o principal que ganhamos foi o carinho e respeito de vocês leitores, que nos acompanham, nos permitem crescer, nos motivam a dedicar a este maravilhoso trabalho, e fortalecemos nossas crenças por um São Paulo mais forte, pela paixão de 32, pela memória e respeito aos nossos heróis! Agradecemos a todos nossos colaboradores, que nos enviam belíssimas e prazerosas matérias, e queremos que continuem sempre conosco, para dar vida a nossa epopeia de celebrar e manter vivo o ideal de 32! Viva São Paulo! Vivam os heróis de 32!

Abraços no coração! Camila Giudice Diretora de Comunicação Social e Editora do Jornal 32 em Movimento


32 em Movimento

“Do culto da epopeia máxima surge das trincheiras do tempo o Jornal 32 em Movimento. Celebrando nossos mortos São Paulo estará mais vivo do que nunca.” Paulo Bomfim

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Com a palavra, o Presidente por Cel. Mário Fonseca Ventura

O leve bater das asas de uma andorinha pode causar um vendaval de acordo com a teoria do caos. Mas sempre precisamos ter o controle nas mãos. Assim foi com a criação do n o s s o j o r n a l eletrônico “32 EM MOVIMENTO”. U m a m e n s a g e m d e nossa associada F R A N C E S D E A Z E V E D O , e m fi n s d e 2 0 1 0 , solicitando a criação de um jornal da Sociedade Veteranos de 32-­‐MMDC, causou toda essa tempestade de ideias. Levada a sugestão para a dupla dinâmica -­‐ CAMILA, nossa Diretora de Comunicação Social, e MARKUS, diretor do Cerimonial -­‐, surgiu, com d e d i c a ç ã o í m p a r , o “ 3 2 E M MOVIMENTO” no dia 25 de janeiro de 2011. O impacto causado veio gerar a aplicação da TEORIA DO CAOS no MMDC. Essa teoria é o estudo de sistemas dinâmicos complexos não lineares. A constante alteração no clima e um exemplo de um sistema dinâmico não linear. Propõe que os

eventos sejam tão aleatórios que parecem não ser governados por nenhuma lei. Ainda que sob este aparente caos reina uma ordem imprópria. A globalização aproxima as pessoas. Qualquer parte do planeta pode receber uma mensagem. O IDEAL DE DIREITO da EPOPEIA DE 32 passou a ser mundialmente c o m p a r t i l h a d a . O s a v a n ç o s d a i n f o r m á t i c a t r a n s f o r m a r a m completamente o conceito da nossa querida Sociedade. A modificação do MMDC dos princípios dos anos 2000 para os momentos de hoje é gritante. A ideia de separatismo de São Paulo na Revolução Constitucionalista de 32 é coisa do passado. O mundo, hoje, a t r a v é s d a i n f o r m á t i c a , s a b e perfeitamente que o Brasil queria se livrar do ranço da ditadura VARGAS, lutando pela reconstitucionalização da Nação e nada mais. Nosso jornal eletrônico trouxe, em 2011, a ideia de criação de um núcleo de correspondência pelo Professor JEFFERSON BIAJONE, de ITAPETININGA. Projeto ousado, fugindo de um sistema não linear, que

deveria ser abraçado pela Sociedade, pois era esse o futuro de uma Entidade que não poderia mais se sujeitar a uma rotina enfadonha de transmitir aos pósteros, com muita dificuldade, os feitos e os fatos da EPOPEIA DE 32. Em pouco tempo surgiria o segundo núcleo, o de PIRACICABA, sob a presidência de EGYDIO TISIANI, que foi orientado pelo BIAJONE na funcionalidade e nos propósitos estatutários da Sociedade Veteranos de 32-­‐MMDC. A instituição passou a ser conhecida em outros países, segundo as estatísticas demonstradas pelo sistema “google”. E de uma maneira vertiginosa, tal qual o farfalhar da asa da andorinha que criara um vendaval. Sim, os princípios que norteiam nossa a s s o c i a ç ã o s ã o c o n h e c i d o s globalmente, embora existam céticos que não acreditam no fenômeno. Os i d e a i s d o s h e r ó i s d e 3 2 s ã o transmitidos para o mundo. Dizia o nosso poeta PAULO BOMFIM “Do culto da epopeia máxima surge das trincheiras do tempo o jornal 32 celebrando nossos mortos, São Paulo estará mais vivo do que nunca”. »

Índice MMDC Acontece Núcleo de Correspondências Personagens Memorial

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EXPEDIÇÃO Publicação: Sociedade Veteranos de 32 -­‐ MMDC Site: www.sociedademmdc.com.br Contribuições: comunicacao@sociedademmdc.com.br Produção: Camila Giudice -­‐ Diretora de Comunicação Social Editores: Camila Giudice e Markus Runk Redatores: diversos autores

Paixão Paulista PM em Destaque 458 anos de São Paulo

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Fotografia: diversos autores Criação e diagramação: Markus Runk Agradecimentos: A todos que possibilitam o desenvolvimento deste jornal e a todos os leitores! Publicação: Mensal -­‐ Tiragem: Eletrônico -­‐ Distribuição: Gratuito


MMDC Acontece São Paulo, 31 de Janeiro de 2.012

Mas a coisa não ficou somente em ITAPETININGA e PIRACICABA. Surgiu o Núcleo de Correspondência de ITAPIRA, sob a presidência de um jovem de 22 anos, ERIC LUCIAN APOLINÁRIO e, bem mais recente, em 22 de janeiro de 2012, o Núcleo de SÃO VICENTE, com mais um jovem, agora de 20 anos. Quando na PRAÇA DA SÉ, em 22 de janeiro deste ano, reuníamo-­‐nos para anunciar a Abertura do JUBILEU DE CARVALHO do Movimento Constitucionalista de 1932, lá estavam CAMILA, MARKUS, ERIC e o jovem GUILHERME de SÃO VICENTE, juntos com nossos associados que entendem perfeitamente a abrangência da estrutura montada neste 2012. É uma mentalidade nova que vem se somar com a maturidade dos nossos poucos combatentes de 32 (45 no total) na luta pelos mesmos princípios daquela época que hoje distancia 80 anos de nós. Mas a novidade principal em tudo isso é que essa plêiade de jovens luta pela moralização da nossa Nação. Todos são voluntários, não ganham nada com essa nova revolução que estamos

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encetando. Uma revolução no mundo das ideias, combatendo a corrupção desenfreada que passou a ser até banal, pois todos usam hoje a “Lei de GÉRSON”. Quem ganha com isso é o Brasil, com a conservação do passado nas mãos jovens dos idealistas que eternizam no mundo o que de melhor se pode pensar no JUBILEU DE CARVALHO da Revolução de 32. Jovens como RICARDO DELLA ROSA, DOUGLAS DO NASCIMENTO, ARTHUR PASCHOAL precisam, pois t a m b é m s ã o f r u t o s d e u m a mentalidade sadia, que propugna pela perpetualidade de 1932, se unir definitivamente à Sociedade Veteranos de 32-­‐MMDC. Fazem parceria conosco, mas o ideal é se juntar a nós, já que a UNIÃO FAZ A FORÇA. Vamos melhorar esta Sociedade, que em 2004 esteve às portas da falência e que se ergueu pela coragem d e u m j o v e m d e 3 2 , G I N O STRUFFALDI. Há um divisor de águas no MMDC. Pode-­‐se falar, sem sombra de errar, que há o antes e o depois de GINO. Em 2005, quando GINO assumiu a presidência se dizia que a Sociedade era a moderna FÉNIX, que

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renascera das cinzas. Nasceram os núcleos da LAPA, GUARULHOS, Z O N A L E S T E , B U T A N T Ã , BOTUCATU, ITAPEVA, inclusive um núcleo maçônico. Foi ele presidente por seis anos, deixou um legado de grandes projetos que devem ser levados avante e isso o faremos, com o apoio de uma mentalidade jovem, que se une aos heróis de 32, para a concepção de uma nova teoria, aproveitando as ferramentas da informática, coisa que até então não acontecera nesta Sociedade. E o importante de tudo isso é que os nossos associados comungam com a transição que está acontecendo, principalmente os participantes da COFAM, uma Comissão dos Familiares dos Heróis de 32, criada em 9 de julho de 2010, que deverá ser o futuro desta Sociedade. Os descendentes dos veteranos deverão ocupar os lugares deixados pelos abnegados voluntários de um tempo que não morreu, que nunca morrerá, pois traz no bojo um legado sadio de princípios que o Brasil de hoje precisa acima de tudo. ◊

Reunião COFAM

Aniversariantes de Janeiro

Participe da reunião da COFAM (Comissão dos Familiares dos Heróis de 32) e da comemoração dos "Aniversariantes do Mês", que acontecerá no dia 11 de fevereiro às 15 horas na Sede da Sociedade Veteranos de 32-­‐ MMDC, excepcionalmente nesta reunião, haverá a comemoração dos aniversariantes de Janeiro e Fevereiro. ◊

01/01 – CEL PM JOÃO CLAUDIO VALÉRIO 01/01 – TIZUKO HASSEGAWA MIKAN 01/01 – JOSÉ DOS REIS MARIANO 02/01 – EDILBERTO DE OLIVEIRA MELO 08/01 – CAP PM CICERO DA SILVA PIRES 09/01 – PEDRO NUNES DE SOUZA FILHO 10/01 – MARIA ODETE CRUZ PINTO 12/01 – EDSON FERRARINI 20/01 – DR. MAX BASILE 20/01 – MOACIR UBIRAJARA FERRAZ 21/01 – AURÉLIO PEQUENO SANTOS 24/01 – CEL PM RICARDO JACOB 24/01 – CEL PM ELYSEU GUILHERME SALGADO ROCHA 25/01 – Dra MARIA LUCIA CAMARGO 28/01 – Dr. UMBERTO BORGES D’URSO 29/01 – FRANCISCO GIANNOCCARO 29/01 – CAP. HELIO TENORIO DOS SANTOS 29/01 – Sgt MARCELO CLEMENTE

Bemvindos novos ASSOCIADOS MILTON MORASSI DO PRADO BEATRIZ DE ASSIS BASTOS MORASSI THIAGO DE SOUZA MORAES NEUSA VENANCIO CARLA DE SOUZA MORAES


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Grandioso Evento em São Paulo em 22 de Janeiro de 2012 por Éric Lucian Apolinário, do núcleo www.itapira.sociedademmdc.com.br

Uma linda manhã de domingo aos pés do Palácio da Justiça e da Catedral da Sé. Foi assim que iniciou-­‐ se, ao som do Hino Nacional o evento d e a b e r t u r a d o s 8 0 A n o s d o Movimento Constitucionalista. Após o H i n o N a c i o n a l , f o i e n t o a d a a magnífica marcha Paris Belfort, adotada em 1932 como Hino da Revolução pela Radio Record, ainda hoje, ganha mais força a cada vez que é executada pela incrível Banda da Polícia Militar. Membros de vários Núcleos da Capital e Interior estiveram presentes, além de entusiastas e curiosos que também prestigiaram o grande evento. Não podemos nos esquecer do apoio da Polícia Militar de São Paulo, que ajudou em toda a organização do evento. Alguns membros da Sociedade subiram ao palco, e, a convite do Cel. Mário Ventura, discursaram sobre o ideal paulista de 1932, sobre o Movimento Constitucionalista, sobre seus respectivos trabalhos com os Núcleos.

Abertura Oficial feita pelo Presidente da Sociedade Veteranos de 32, Cel. Mário Ventura

Palavras do Presidente Eric, do Núcleo Cel Francisco Vieira

Professor José Carlos de Barros Lima, Coordenador do Núcleo da Lapa e Presidente da Comissão do Resgate da Memória do Movimento Constitucio-­‐ nalista de 1932.

Palavras da Diretora de Comunicação Social da Sociedade Veteranos de 1932 -­‐ MMDC, Camila Giudice.

Corpo Musical da PMESP. ◊

Vice-­‐Presidente Deliberativo da Sociedade Veteranos de 1932 -­‐ MMDC, Sr. Pedro Paulo Penna Trindade, que declamou a linda poesia "Eu Te Amo São Paulo".

Acompanhe os diversos eventos em comemoração ao Jubileu de Carvalho dos 80 anos da Revolução Constitucionalista de 32


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Novidades do mundo virtual Foi criado um novo NÚCLEO DE CORRESPONDÊNCIA DE SÃO VICENTE www.saovicente.sociedademmdc.com.br, denominado “CAPACETES DE AÇO”. Seu presidente-­‐fundador GUILHERME ANDREOLLI CORREA. A partir desta edição acompanhe os trabalhos de pesquisa. Um outra novidade, está em desenvolvimento uma nova padronização virtual para aperfeiçoar a comunicação da Sociedade para com os seus leitores, consolidando os núcleos e facilitando a navegabilidade. Acompanhe ao longo das próximas semanas. O primeiro passo já foi dado, todos os núcleos agora possuem um endereço vinculado à Sociedade Veteranos de 32 de uma maneira simples e de fácil compreensão, basta digitar: www.[nome da cidade ou área].sociedademmdc.com.br

Sessão Solene dos 458 anos da Cidade de São Paulo IHGSP por Ricardo Della Rosa

Realizou-­‐se no dia 25 de janeiro no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo a Sessão Solene dos 458 anos da Cidade de São Paulo e dos 450 anos da morte do Cacique Martim Afonso Tibiriçá. Nesta ocasião tive o grande prazer de ver nada menos que quatro amigos tomando posse no Instituto: Alfredo Duarte, Milton Basile, Douglas Nascimento e CEL PM Paulo Telhada. Foi uma cerimônia muito interessante para todos aqueles que cultuam as tradições paulistas e

certamente o início de uma grande responsabilidade para os novos membros de manter a chama desta instituição sempre acesa. Estiveram presentes meus grande amigos da Sociedade Veteranos de 32 -­‐ CEL PM Mario Ventura, Markus Runk e a adorável Camila Guidice. Veja matéria na íntegra no site


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Inauguração oficial do Núcleo de Correspondencia em Itapira por Eric Lucian Apolinário, do núcleo de www.itapira.sociedademmdc.com.br

Em nome do Núcleo MMDC Itapira -­‐ Cel. Francisco Vieira, gostaria de convidá-­‐los para o evento público, no dia 12 de Fevereiro, domingo, com início às 10h00 na Câmara Municipal de Itapira. ◊

Revolução Vitoriosa por Guilherme Andreolli Corrêa, do núcleo www.saovicente.sociedademmdc.com.br

No contexto da revolução de 1930, Getúlio Vargas sagrou-­‐se vitorioso, e auto-­‐intitulou-­‐se “Chefe do Governo Provisório”. Sob esse título, Vargas suspendeu a constituição vigente e instaurou no Brasil uma ditadura. Iniciada em 09 de julho de 1932, a r e v o l u ç ã o s u r g i u c o m o u m descontentamento contra o governo G e t ú l i o V a r g a s . O s r e v o l t o s o s pretendiam tirá-­‐lo do poder e instituir uma nova carta magna.

Ocorrida entre julho e outubro do mesmo ano, a revolução teve seu pontapé inicial com a morte de quatro estudantes, (Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa, Antônio Américo Camargo de Andrade) executados por tropas governistas. A partir daí, a sigla MMDC passou a ser sinônimo de uma causa. A causa constitucionalista. A Revolução de 32 pode ser considerada vitoriosa sobre dois

aspectos: não obstante ter perdido no campo militar, venceu no campo político, pois o governo promulgou uma nova constituição (Constituição de 1934). O segundo aspecto é psicológico. A revolução 32, mais que isso, mostrou que uma luta de ideais baseada em princípios pode ser concretizada, mesmo contando uma série de fatores negativos. ◊

Natal Meira Barros por Egydio Tisiane, do núcleo www.piracicaba.sociedademmdc.com.br

Na manhã de 27 de agosto de 1932, Natal Meira Barros, voluntário do 2º Batalhão dos Funcionários Públicos, e s t a v a o c u p a n d o , c o m o u t r o s elementos do mesmo batalhão, uma trincheira na Frente Norte, setor de Pinheiros, quando recebeu ordem de buscar numa trincheira próxima um pau para barraca. Cumprindo ordem, com mais três rapazes, tomou ele um caminho que passava atrás de um bambual, de maneira a ficar oculto às vistas do adversário. Não lhe valeu a prudência. Uma bala partida de uma posição

ocupada pela polícia pernambucana, a l c a n ç o u -­‐ o m e s m o a t r a v é s d o bambual, ferindo-­‐o gravemente no pescoço.

Recolhido ao Hospital de Sangue de Cruzeiro, não resistiu à grave hemorragia produzida pelo ferimento. Seu corpo está sepultado em sua terra natal. Dados Biográficos: Nascido em Piracicaba a 25 de Dezembro de 1914, filho do Sr. Josué Meira Barros e de d. Bianca Bulchini de Barros, Natal era uma moço forte, esportista dedicado e exercia sua atividade no comércio. Era solteiro e foi por algum tempo instrutor do Tiro de Guerra de Piracicaba, onde residia. ◊


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Cabo “blindado” Durvalino de Toledo por Ten. Jefferson Biajone, do núcleo www.itapetininga.sociedademmdc.com.br

Parte 2 Com relação ao seu ingresso naquele time, Carlos Fidêncio, nos a l e r t a n a p á g i n a 3 7 2 d e " I T A P E T I N I N G A O N T E M -­‐ HOJE" (1986) que Durvalino por dois anos fora goleiro desse batalhão sediado em Itapetininga, até que, em fins de 1931, o comando do mesmo d e l i b e r o u q u e s e e l e q u i s e s s e permanecer no time, teria que assentar praça na Força Pública. Seja como for, a paixão pelo futebol realmente falou mais alto e deixar a prática desportiva que tanto gostava seria algo impensável para o Durvalino na plenitude de seus vinte e quatro anos. Que sentasse praça, então! trocava a profissão de pedreiro pela de soldado da Força Pública, mas não deixaria o time do coração que tantos gols já havia defendido e haveria ainda de defender. Provavelmente foram esses, sem dúvida, os pensamentos que povoaram a mente de Durvalino e o motivaram a envergar a mesma briosa farda cáqui de seus companheiros de futebol. Não obstante, desconhecia o jovem itapetiningano que dali a menos de um ano, a decisão de assentar praça lhe acarretaria participar ativamente do maior movimento cívico do Estado d e S ã o P a u l o , a R e v o l u ç ã o Constitucionalista de 1932. E assim foi. Da bola para o fuzil Quando da deflagração da Revolução Constitucionalista de 1932, na memorável jornada de 9 de julho daquele inesquecível ano, o prédio da atual sede da 2º Diretoria Regional do Departamento de Estradas e Rodagem

de Itapetininga tornou-­‐se o Quartel General do Exército Revolucionário do Setor Sul, sob o comando do insigne coronel de Artilharia do Exército Brasileiro Basílio Taborda. Foi neste prédio que o então s o l d a d o D u r v a l i n o m u i t o provavelmente conhecera tanto a Francisco Trindade, quanto a Osvaldo Santiago, atualmente os dois últimos veteranos de 32 de Itapetininga em vida em 2011, e, com eles travara sólida amizade, se muito provavelmente até não foram destacados para servirem juntos em um dos vários batalhões de voluntários que ali se formaram a 12 daquele mês. Seja como for, Carlos Fidêncio não soube precisar que batalhão pertencera o soldado Durvalino por ocasião da Revolução de 32, mas o então capitão Dilermando Cândido de Assis, oficial de estado maior das forças legalistas que enfrentaram nossos paulistas em Itararé, para onde Durvalino e cerca de oitenta outros companheiros foram enviados na jornada de 15 de julho, relata na página 1 0 8 d e s e u l i v r o " V i t ó r i a o u Derrota" (1936) que as unidades por São Paulo ali presentes eram o 8º Batalhão de Caçadores Paulista (8º BCP) e o 1º Regimento de Cavalaria Paulista. Ora, sendo Durvalino soldado de infantaria e tendo ele assentado praça no 8º BCP, chances plenas são de que ele tenha partido pertencendo à fração dessa unidade (provavelmente um pelotão ou companhia) para ter o seu batismo de fogo nas sangrentas trincheiras de Itararé nas jornadas de 17 a 18 de julho. Nos combates desses dois dias, a historiografia militar nos consta que sagraram-­‐se vitoriosas as forças

legalistas, quer pela superioridade numérica de efetivos, quer pelo expressivo poder de fogo de artilharia, nas palavras do próprio capitão "mais de 12 bocas de fogo de 75mm atirando ao mesmo tempo" (ASSIS, 1936, P. 122) os quais colocaram em retirada os defensores de Itararé, mas restando prisioneiros bravos 45 destes. Durvalino, porém, fora um dos que conseguira retrair com sucesso, mas não antes de enterrar alguns dos companheiros tombados na véspera. O soldado blindado Caída a posição de Itararé, contam-­‐nos os anais da História Militar brasileira que a primeira resistência do Setor Sul, seguiam as forças getulistas em direção à Itapetininga, mas estas não haveriam de lograr o seu intento sem antes enfrentar a garra do soldado paulista. A s e g u n d a p o s i ç ã o d e resistência passou agora a ser em Ibiti, na qual reagrupadas foram as tropas revolucionárias, mas novo revés sofreram em face do grande número de armas automáticas, farta munição, a l é m d o c r e s c e n t e e f e t i v o d e infantaria, cavalaria, artilharia e aviação. D e I b i t i n o s s o s p a u l i s t a s recuaram para a estação ferroviária de Engenheiro Maia, dali para Itapeva e tomada esta, para o município de Buri, onde, nos dizeres de Carlos Fidêncio, e l e s " fi n c a r a m o p é " ( p . 3 7 3 ) conseguindo então resistir ao avanço inimigo por algum tempo. Continua na próxima edição


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Vicente Venancio Junior por Thiago de Moraes (neto)

Vicente Venancio Junior, nascido em 19/07/1900, natural de Paranagua-­‐PR, Guarda livros, Escrivão de Policia Civil, Perito Criminal, e Juiz Paz no Oeste Paulista. Antes do alistamento e partida para o combate foi funcionário do Instituto Brasileiro do Café-­‐Superintendência do Serviços do Café em São Paulo-­‐Capital. Residia a Largo do Café, n• 12 quando alistou-­‐ se como voluntário e foi incorporado ao 3• Batalhão do Regimento "9 de Julho" conforme boletim numero 10 de 2 9 / 0 7 / 1 9 3 2 . C l a s s i fi c a d o n a 3 • Companhia, foi designado para Secção de Metralhadoras Pesadas, prestou juramento a Bandeira em 04/08 e no mesmo dia as 18h00 partiu para zona de operações. Lutou bravamente pelos ideias constitucionalistas. Afinal, tudo em respeito aos que lutaram e tombaram nesse conflito, que não visava à separação de São Paulo do Brasil ( c o m o d i f u n d i u a p r o p a g a n d a difamatória de Getúlio Vargas), mas o contrário. Irrompeu-­‐se a luta armada buscando uma nova Constituição para o país, para tirá-­‐lo do atraso, da

insegurança jurídica e do despotismo federal pós Revolução de 30. O coração bandeirante de VICENTE VENANCIO JUNIOR (in memoriam) bateu forte em razão dos feitos de seu povo. Toda a economia voltada para a guerra; mulheres substituindo os homens em tarefas industriais, pois estes estavam nos campos de batalha e a mobilização voluntária de toda a sociedade para o conflito. São Paulo, em defesa da Constituição, produziu, improvisou e adaptou de tudo: granadas, capacetes, munições, morteiros e canhões. Uma imensa rede de civis auxiliava os soldados, não deixando que nada lhes faltasse, até o limite dos suprimentos. Senhoras cosiam meias e toucas, pois era julho, inverno. Escoteiros levavam correspondências e etc. Assim Vicente Venancio Junior (in memoriam) contava. Lamentavelmente, o Voluntário Vicente Venancio Junior veio a falecer em 10 de agosto de 1959 na cidade de Campos de Jordão.

Foram dias... meses e anos a lutar contra um mal maior que as forças tuas. Foste muito feliz pela tarefa cumprida. Tiveste até à triste hora da partida!

Vovô Vicente ,descanse em Paz!

Migalhas Janeiro por Cel. Mário Fonseca Ventura, do ventura-­‐memriasdoventura.blogspot.com

Nasce o ex-­‐combatente da Revolução Constitucionalista de 1932, ANÍZIO CISOTTO, em 1º de janeiro de 1910. Falece em 6 de setembro de 2002. Pertenceu ao BATALHÃO ROMEU TORTIMA e ao BATALHÃO DA JUSTIÇA. Combateu no setor de ITAPIRA. Falece o ex–combatente da Rev. 3 2 , C O N C E I Ç Ã O R O D R I G U E S , nascido em 2 de julho de 1910. Falece em 1 º de janeiro de 1955. FALECEU o ex-­‐combatente de 32, do BATALHÃO PIRASSUNUNGA, AUGUSTO CRISTAFANI, em 1º de janeiro de 2002. Nascido em 19 de

j a n e i r o d e 1 9 1 4 . E r a s ó c i o d a SOCIEDADE VETERANOS DE 32-­‐ MMDC desde 7 de outubro de 1982 (sócio no. 9251). Nasce o ex-­‐combatente da Revolução Constitucionalista de 1932, EUCLIDES PANNARONI, em 4 de janeiro de 1915. Pertenceu à LEGIÃO P A U L I S T A , E S Q U A D R Ã O D E CAVALARIA. Falece no dia 25 de agosto de 2004. Nasce o ex-­‐combatente da Revolução Constitucionalista de 1932, EUCLIDES PANNARONI, em 4 de janeiro de 1915. Pertenceu à LEGIÃO P A U L I S T A , E S Q U A D R Ã O D E

CAVALARIA. Falece no dia 25 de agosto de 2004. Nasce o ex-­‐combatente do Movimento Constitucionalista de 1932, GUMERCINDO CAMARGO, no dia 5 de janeiro de 1894. Pertenceu à Segunda Companhia do Batalhão de V o l u n t á r i o s “ 2 3 D E M A I O ” – DESTACAMENTO JOÃO DIAS. Falece em 27 de setembro de 1966. Falece o Coronel Capelão Monsenhor AURISSOL CAVALHEIRO FREIRE, em 5 de janeiro de 1979. P e r t e n c e u à R e v o l u ç ã o Constitucionalista de 1932; à 2ª Grande Guerra e às forças de paz da ONU em


Personagens São Paulo, 31 de Janeiro de 2.012

S U E Z . F o i p r e s i d e n t e d a Sociedade Veteranos de 32-­‐MMDC. Nasce ULYSSES PIRES, em 9 de janeiro de 1910. Foi o sócio número 62 da nossa Sociedade, núcleo existente em RIO CLARO. Na sede, ele era o número 8.656, tendo se filiado no dia 23 de março de 1979. Veio a falecer no dia 14 de dezembro de 1991, aos 81 anos de idade. Falece o TENENTE-­‐CORONEL ALCIDES DO VALE E SILVA, no dia 9 de janeiro de 1975. Nasceu em SANTA RITA DO PASSA QUATRO, no dia 26 de novembro de 1898. No dia 7 de agosto de 1919, aos 20 anos, se alista como voluntário na FORÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, no Batalhão de Infantaria. Aos 22 anos, no dia 16 de dezembro de 1960, é promovido a cabo. No dia 8 de abril de 1921, recebe suas divisas de 3º Sargento; em 8 de julho de 1921, é promovido a 2º Sargento; do dia 24 de dezembro de 1923, aos 25 anos, é escalado a ASPIRANTE A OFICIAL; no dia 18 de março de 1924 é promovido a 2º Tenente; em 13 de outubro de 1925 é promovido a 1º Tenente; em 28 de fevereiro de 1927 é promovido a Capitão; no dia 15 de março de 1927, assume o Comando da Companhia de Metralhadoras do 5º Batalhão; em abril de 1931 é encarcerado junto com outros revoltosos da Força Pública; em 27 de julho de 1931, é libertado e anistiado pelo chefe de Governo Provisório; em 24 de novembro de 1931, pouco antes de completar 33 a n o s , a c u m u l a o c a r g o d e 1 º Subdelegado de Polícia da 6a . Circunscrição Militar. No dia 11 de julho de 1932, constitui e assume o Comando do V Batalhão Patriótico de AVARÉ. No dia 16 de agosto de 1932 acumula o Comando da Praça Militar de OURINHOS. É ferido em combate no dia 5 de setembro de 1932. Em 20 de setembro de 1932, reassume o

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Comando. No dia 2 de outubro de 1932, antes de completar 34 anos, é promovido a MAJOR. Esta patente não foi reconhecida pelos vencedores da Revolução de 1932, no dia 17 de agosto de 1935. Numa decisão tomada em 10 de julho de 1951, sua reforma é retificada para o posto de MAJOR. Em 5 de abril de 1939, aos 40 anos, é nomeado como Superintendente da Guarda Noturna de SÃO PAULO. Em 2 38 a. da reunião do CONSELHO S U P R E M O D A S O C I E D A D E VETERANOS DE 32-­‐MMDC em 28 de janeiro de 1974, presidida pelo Senhor GERALDO FARIA MARCONDES, para a posse do novo conselheiro, eleito na reunião extraordinária de 5 de dezembro de 1973, o poeta PAULO LEBÉIS BOMFIM. 2 de dezembro de 1942, solicita exoneração da Guarda Noturna de SÃO PAULO. Em 12 de fevereiro de 1951, aos 52 anos, recebe a promoção para o posto de TENENTE-­‐CORONEL. Foi homenageado no dia 1º de maio de 1976, com a fundação da ARLS ALCIDES DO VALLE E SILVA. Em 1977, a Câmara dos Vereadores de SP nomeia uma rua do Bairro da Saúde com o seu nome; nesse ano, foi criado o CENTRO CULTURAL MAÇÔNICO ALCIDES DO VALLE E SILVA. Nasce WADY CALIXTO EM RIBEIRÃO CORRENTE, NO ESTADO DE SÃO PAULO, COMARCA DE FRANCA AOS 10 DE JANEIRO DE 1 9 1 4 , P O R É M S O M E N T E REGISTRADO EM 27 DE SETEMBRO DE 1915. FILHO DE IMIGRANTES ÁRABES PASSOU sua infância em Monte Azul Paulista e sua juventude em Franca, onde estudou no Colégio Champanhat. Concluiu seus estudos e m S ã o P a u l o , n o C o l é g i o Arquidiocesano FORMANDO-­‐SE EM BACHAREL EM ciências e letras. Prestou O Serviço Militar no “Tiro de Guerra” SOB O COMANDO

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DO SARGENTO BAPTISTA EM FRANCA, E DAÍ foi CHAMADO A pertencer à “Mocidade Integralista”, sob o Comando de Plínio Salgado, que tinha, como seu “porta-­‐voz” o General Isidoro Dias Lopes, acreditando na ÉPOCA na salvação do Brasil através do General Isidoro, que se posicionava contra tudo que estava acontecendo em nosso país. FOI ENTÃO ENVIADO para GUERRILHA em Richaina, fronteira com minas gerais onde ficou em trincheiras perdendo VÁRIOS companheiros com as bombas jogadas pelo ENTÃO Brigadeiro Eduardo gomes. DUAS PASSAGENS MERECEM DESTAQUES JÁ QUE POUCO SE LEMBRA Das CIDADES EM QUE LUTOU: Uma delas em são paulo quando os “camisas verdes” fugiam da policia próximo da catedral da sé. O padre da paróquia os guiou até um túnel dentro da própria catedral, e me seguida evitou a entrada da cavalaria jogando bolinhas de gude na escadaria fazendo com que os cavalos caíssem. Outra uma prisão por ter arriscado a própria vida ao buscar o corpo de companheiro da tropa num combate contra minas. Casou-­‐se aos 22 anos com YOLANDA PIRRO com quem teve 4 filhos mudando-­‐se para LONDRINA em 1947 para trabalhar como fiel depositário do Banco do Brasil. Mais tarde estabilizou-­‐se no beneficiamento de algodão trabalhando para a empresa japonesa SOITE TARUMA, maior indústria algodoeira do norte do Paraná. Viúvo reside ainda hoje em LONDRINA entre parte dos 17 netos e 13 bisnetos. Leia o restante das migalhas no site


Memorial São Paulo, 31 de Janeiro de 2.012

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A fauna brasileira escondida na Catedral da Sé por Glaucia Garcia, do www.saopauloantiga.com.br

A cidade de São Paulo está c o n s t a n t e m e n t e s o f r e n d o transformações urbanísticas onde o passado não é respeitado e muito menos preservado. Podemos afirmar q u e v i v e m o s e m u m a c i d a d e provisória, onde mudanças são habituais.Casas antigas deram lugares a grandes prédios, hoje já antigos também, e que ainda perpetuam no cotidiano paulistano.

Mas essas demolições, em nome do progresso e da modernidade, não são virtudes apenas de casas, casarões, prédios e indústrias. Um exemplo deste processo de urbanização é a antiga Igreja da Sé inaugurada em 1764 e demolida em 1911. A inauguração da nova edificação que conhecemos hoje ocorreu em 25 de janeiro de 1954 em comemoração ao IV centenário de São Paulo, mas ela ainda não estava totalmente finalizada. Hoje ela é denominada como Catedral da Sé e não é apenas local de peregrinação, mas também ponto turístico, um dos mais belos de São Paulo. A nova Igreja da Sé nasceu da iniciativa de Dom Duarte Leopoldo

Silva, o primeiro arcebispo de São Paulo e foi projetada pelo alemão Maximilian Emil Hehl que também desenhou a Igreja da Consolação. Já a maioria das esculturas que está na Catedral sairam das mãos do escultor Francisco Leopoldo Silva, irmão de Dom Duarte e autor do primeiro nu colocado em uma necrópole paulista que está no Cemitério da Consolação. A Catedral da Sé foi palco de diversos momentos importantes que influenciaram na história do Brasil. Líderes religiosos e de diversas identidades culturais já passaram por este espaço religioso. Em 1975 foi realizado um ato ecumênico onde 8 mil pessoas se reuniram em memória do jornalista Vladimir Herzog. Sua praça, que é o marco zero de São Paulo, também foi palco do comício Diretas Já em 1984 onde os brasileiros exigiam o fim do regime militar que se arrastava desde 1964. Em virtude da sua importância histórica, artística, cultural e turística, ela está em processo de tombamento pelo CONDEPHAAT. A C a t e d r a l d a S é p o s s u i fachadas elevadas e aberturas ogivais que são algumas características da arquitetura neogótica, porém houve uma aculturação onde elementos da nossa fauna brasileira acabaram parando dentro do templo religioso, mas em forma de esculturas.

Tatu, garça, lagarto e tucanos fazem parte deste complexo religioso. Eles estão em um lugar de grande c i r c u l a ç ã o , p o r é m p a s s a m despercebidos pelas pela população que utiliza o espaço. Essas esculturas não são tão pequenas e não estão em lugares tão altos. É só prestar um pouco de atenção que elas irão dar o ar da graça. Escondidas no pequeno hall de entrada, elas estão posicionadas na primeira abóboda, uma em cada canto. Parecem que brincam de esconde-­‐ esconde. Aliás, é certo desses animais brincarem de esconder, pois correm o risco de serem extintos. Ainda bem que essas esculturas estão preservadas dentro da Catedral pois só Deus mesmo para preservar o passado!◊ Veja mais fotos no site

A Sociedade Veteranos de 32 parabeniza Douglas Nascimento pelos 3. Aniversário do site São Paulo Antiga.


Memorial São Paulo, 31 de Janeiro de 2.012

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Fotos da São Paulo Antiga por Ricardo Della Rosa, do www.tudoporsaopaulo1932.blogspot.com

No final da década de 50 a "Edições Marfim LTDA." publicou uma coleção de cartões p o s t a i s i n t i t u l a d a "Documentário No 1 -­‐ São Paulo Antigo" trazendo um envelope com 25 aquarelas de José Wasth Rodrigues. Essas aquarelas retratam paisagens da cidade de São Paulo nos séculos 18 e 19, desenhos que só Wasth Rodrigues poderia conceber -­‐ fruto dos estudos sobre nossa história aos quais o pintor dedicou boa parte de sua vida. Para nós, meros observadores, a impressão no entanto é que Wasth Rodrigues esteve lá ao retratar de forma tão sublime a bucólica São Paulo de outrora. Vinte e três originais desta série encontram-­‐se no acervo da Pinacoteca Municipal e dois deles em um acervo particular. As imagens abaixo são digitalizações dos postais da Marfim, cujo autor deste artigo possui um exemplar. A reprodução destas imagens não tem caráter comercial, s e n d o a p e n a s u m a f o r m a d e h o m e n a g e a r o M e s t r e W a s t h Rodrigues e a cidade que ele tanto amou, que faz aniversário. Veja mais fotos no site! Parabéns São Paulo! ◊

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O brasão de armas da cidade de São Paulo (parte 1) Por Tiago José Berg

O brasão de armas da cidade de São Paulo é formado por um escudo em estilo português, em campo de goles, isto é, todo na cor vermelha, simbolizando a herança cultural, colonizadora e formadora do povo brasileiro.

O vermelho também simboliza as vitórias, os ardis e as batalhas que ocorreram na cidade e no próprio Estado desde o período colonial. Sobre ele se assenta um braço armado, movendo-­‐se do flanco esquerdo do escudo (sinistra), representado ao estilo do século XVI – composto de articulações imbricadas no braço e lisas no antebraço, com espaldeira, cotoveleira e manopla. Ele segura uma haste lanceada em acha-­‐de-­‐armas

(machado de guerra), portando uma flâmula farpada de quatro pontas – que simboliza os quatro pontos cardeais –, onde está estampada a figura da Cruz da Ordem de Cristo, em vermelho. A peça de armadura, a lança e o machado simbolizam a ação desbravadora dos bandeirantes paulistas. A cruz, por sua vez, recorda a fundação da cidade pelos jesuítas, a l é m d a h e r a n ç a d e i x a d a p o r portugueses e bandeirantes, que se fez sobre a épica bandeira desta mesma cruz descobridora de mundos. Todas estas peças se apresentam na cor prata (branco), símbolo da nobreza, da pureza e da glória, indicando a lealdade e as boas ações do povo paulistano em prol da pátria brasileira. Acima do escudo aparece a coroa mural, toda revestida de ouro, com cinco torres e com seus portões em vermelho. Ela representa a cidade de São Paulo e seu metal indica que ela é a capital do Estado. O escudo está adornado por dois ramos de café, ambos frutificados e ao natural, como símbolo da maior riqueza da cidade e do próprio Estado de São Paulo ao longo da história. Por fim, há uma fita vermelha sob o escudo onde se escreve divisa em latim: NON DUCOR DUCO, quer dizer “Não sou conduzido, conduzo”. Esta frase procura valorizar as ações desenvolvidas pela cidade e pelos paulistanos desde o período

colonial, além de seu papel empreendedor na formação do próprio Estado e do país. O brasão da cidade de São Paulo foi adotado em 8 de março de 1917, pelo ato n.º 1.057, expedido pelo prefeito Washington Luís, tendo recebido novo desenho pela mesma lei que instituiu a b a n d e i r a m u n i c i p a l , e m 1 9 8 7 . Apresentamos a versão oficial e também uma versão errada do brasão da cidade, com um fundo cinza, muito comumente estampada nos ônibus coletivos deste município. ◊

QUER VISITAR O OBELISCO? Visite o Obelisco com especialistas sobre a história da Revolução Constitucionalista de 1932 e a simbologia do Mausoléu. Agendamentos para visitas escolares, grupos de turismo ou familiares. Entre em contato com a Sociedade Veteranos de 32 -­‐ MMDC. veteranos32@gmail.com ou 11 3105 -­‐ 8541.


Paixão Paulista São Paulo, 31 de Janeiro de 2.012

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Restauração dos capacetes

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por Arthur Pascoal

Chocou-­‐me ver o abandono dos capacetes de aço, os mesmos quais foram financiados pela campanha do ouro, abandonados e em um estado lamentável de abandono, descaso e praticamente putrefação. Tomei então a iniciativa de restaurar os quantos eu puder, para que 80 anos de história não se percam, e que o patrimônio paulista, do estado não se perca por definitivo. Lamento não ter tirado fotos das condições de armazenamento dos mesmos, mas a situação é triste. Seguem algumas fotos do processo de restauração, o qual eu estou fazendo em doação, no meu tempo vago para o MMDC e porque não para a sociedade paulista, pois esse patrimônio, na verdade é ou deveria ser do estado.

Tributo aos Paulistas por Frances de Azevedo

Julho que ficou na história. Julho da história em nossa memória. Julho de luta em todas as frentes. Julho que resta indelével em nossas mentes! Estado médio dos capacetes

Ano de 32: da revolução contra o ditador. Ano de 32: da união dos Estados na dor. Ano de 32: de guerreiros Constitucionalistas. Ano de 32: de grandes heróis paulistas! Salve, salve os grandes nomes do Movimento! Salve, salve os não lembrados no momento! Salve, salve a raça de um povo! Salve, salve,pois fariam tudo de novo!

Aplicação da base primer

19 capacetes restaurados e pintados

www.poemasde32.blogspot.com

Eu te amo São Paulo por Paulo Bomfim

www.paulobomfim.com

Eu te amo, São Paulo, em teu mistério de chão antigo, em teu delírio de cidades novas; e porque teus cafezais correm por meu sangue e tuas indústrias aquecem o ritmo de meus músculos; pela saga de meus mortos que vêm voltando lá do sertão, pela presença dos que partiram, pela esperança dos que vêm vindo – eu te amo, São Paulo! Em teu passado em mim presente, em teus heróis sangrando rumos, em teus mártires santificados pela liberdade, em teus poetas e em teu povo de tantas raças, tão brasileiro e universal – eu te amo, São Paulo! Pela rosa-­‐dos-­‐ventos do sertão, pelas fazendas avoengas, pelas cidades ancestrais, pelas ruas da infância, pelos caminhos do amor – eu te amo, São Paulo! Na hora das traições, quando tantos se erguem contra ti, no instante das emboscadas, quando novos punhais se voltam contra teu destino – eu te amo, São Paulo! Pelo crime de seres bom, pelo pecado de tua grandeza, pela loucura de teu progresso, pela chama de tua história – eu te amo, São Paulo! Desfazendo-­‐me em terra roxa, transformando-­‐me em terra rubra, despencando nas corredeiras do meu Tietê, rolando manso nas águas santas do Paraíba, vivendo em pedra o meu destino nos contrafortes da Mantiqueira, salgando pranto, dor e alegria na areia branca de nossas praias, na marcha firme dos cafezais, nas lanças verdes do canavial, no tom neblina deste algodão, na prece de nossos templos, no calor da mocidade, na voz de nossas indústrias, na paz dos que adormeceram – eu te amo, São Paulo! Por isso, enquanto viver, por onde andar, levarei teu nome pulsando forte no coração, e quando esse coração parar bruscamente de bater, que eu retorne à terra donde vim, à terra que me formou, à terra onde meus mortos me esperam há séculos; por epitáfio, escrevam apenas sobre meu silêncio, minha primeira e eterna confissão: – eu te amo São Paulo!


PM em Destaque São Paulo, 31 de Janeiro de 2.012

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Museu da PM por José Augusto Fontes , via www.museupm.com.br

Sob a proteção divina, no dia de nossa Senhora de Fátima, iniciei o processo para resgatar o valor histórico do Museu de Polícia Militar, dando ênfase à participação dos c o l a b o r a d o r e s e à p a r c e r i a democrática com as unidades que fizeram e fazem a história do terceiro milênio.

Agradeço ao Coronel Álvaro Batista Camilo, DD Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que ao atribuir-­‐me a missão de administrar o MPM e preparar o

futuro histórico de nossa atualidade, cujo desafio, nesta etapa de minha vida, despertou o sonho do cadete de 1964 e o entusiasmo do aspirante de 1965. O sonho e o entusiasmo foram os r e spon sá ve i s pe la s e st r a d a s percorridas com o ardor do infante, que ao final triunfante, transformou o sonhador em herói. Muitos são os heróis sem reconhecimento de seus méritos. É chegada a hora de resgatar o valor d a q u e l e s q u e l u t a r a m p a r a democratizar o acesso da população aos bens culturais e a vida dos heróis nas campanhas desenvolvidas pelas m a i s d i v e r s a s o r g a n i z a ç õ e s e atualmente pela Polícia Militar. Cabe-­‐nos registrar e divulgar os fatos que demarcaram o curso da participação de São Paulo, na luta pela manutenção dos ideais e princípios que nortearam a conduta dos heróis

paulistas de todo Brasil e, tornar realidade a visão futurista em que a juventude possa acessar, através da internet e suas redes, os detalhes dos caminhos percorridos pelos que cumpriram suas missões com o sacrifício da própria vida.

Rua Doutor Jorge Miranda, 308 -­‐ Luz Próximo à Estação Tiradentes do Metrô Telefone: (11) 3311-­‐9955 / 3227-­‐3793

Operação Centro Legal por Assessoria da Polícia Militar de SP, via www.policiamilitar.sp.gov.br/hotsites/centrolegal/index.html

A Operação Centro Legal, na r e g i ã o d a N o v a L u z , é u m a continuidade dos trabalhos da Ação Integrada Centro Legal, iniciada em 2009. Os trabalhos atuais são, portanto, uma evolução a partir das experiências anteriores e foram m i n u c i o s a m e n t e e s t u d a d o s e preparados, tendo sido realizadas reuniões com todos os órgãos e s e t o r e s envolvidos há m a i s d e u m m ê s , o q u e culminou com a s a ç õ e s p r á t i c a s , iniciadas em 3 de janeiro. Segundo

o Coronel Camilo, Comandante da PM, a Operação é uma ação integrada entre o Estado e o Município para resgatar as pessoas em estado de vulnerabilidade, combater o tráfico e criar um ambiente propício para as ações sociais. O s t r a b a l h o s s e r ã o desenvolvidos em 3 fases.

Objetivo A estimativa é que a ação mais intensa de polícia tenha duração de 30 d i a s , t o d a v i a o p o l i c i a m e n t o intensificado na região permanecerá por tempo indeterminado, e na sequência as ações de sociais e de s a ú d e . N a c o n t i n u i d a d e , espera-­‐se que e m 6 m e s e s tenha início a fase mais difícil q u e é a manutenção da s a l u b r i d a d e p ú b l i c a n a região.


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Seu Walter Taverna é a história viva do Bexiga por Marcela Rodrigues Silva, do Blog do Jornal da Tarde

A história do comerciante Walter Taverna, de 77 anos, se confunde com a do bairro do Bexiga. Fundador da Sociedade de Defesa das Tradições e Progresso da Bela Vista, o neto de sicilianos já fez fama por suas invenções inusitadas. Criou a Festa da Nossa Senhora de Achiropita com o formato que tem hoje. Fez um bolo de aniversário de São Paulo de 1,5 km, a m a i o r p i z z a , c o m 5 5 4 m d e comprimento e o maior sanduíche, com 600m. E por causa dessas três últimas proezas, foi parar no livro dos recordes, o Guinness Book. O maior feito, no entanto, ele repete todos os dias: o de cativar e encantar a clientela. Ver seu Walter em ação é uma experiência única e pode ser conferida há quase dez anos, na sua cantina Conchetta. Os cabelos brancos destoam do sorriso maroto que ele abre ao som de Funiculì, Funiculà. Primeiro, atira bandejas ao chão. Depois, pega duas grandes tampas de panela e as faz de pratos musicais. O público se surpreende e vibra. Mas o show dura pouco. Minutos depois, lá está seu Walter no caixa, quietinho. Após dois fartos pratos de macarrão, q u e f e z q u e s t ã o d e s e r v i r à reportagem, falou ao JT: Como surgiu a ideia para a festa? Em 1978, eu era da Comissão de Festejos da igreja. A ideia era fazer na igreja, mas achei que não arrecadaria nada. Sugeri a rua.

Como surgiu o ritual de bater as panelas? Uma vez eu estava servindo mesas, me desequilibrei e caí. As pessoas ouviram o barulho e riram. Daí tive a ideia de pegar tampas de panela e bater durante a tarantela. As pessoas até acham que é uma tradição italiana, me fotografam. Entre tantas invenções, qual emocionou mais? Em 1983, quis homenagear as famílias brasileiras e italianas. Então, pensei num varal, uma lembrança típica familiar. Peguei mais de mil peças e pendurei pela rua. Mas a Prefeitura tirou tudo. Peguei o que sobrou e fui pendurando de novo. Um mendigo perguntou o que era. Quando expliquei, ele tirou o paletó que vestia e me deu. Aquilo me emocionou tanto que saí colocando de novo o varal pela rua, uma loucura. Sempre morou no Bexiga? Nasci numa cocheira na Rua Treze de Maio. Aos 8 anos, minha família foi expulsa de casa e cada um foi para um canto. Fui morar com uma tia, mas o marido dela me expulsou porque quebrei uma vidraça com a bola. Morei na rua por seis meses até outra tia me acolher. Lá pelos 17 anos,

abri um armazém e reuni a família n o v a m e n t e . M o r á v a m o s e trabalhávamos lá. Cheguei a barbear defunto para ganhar dinheiro. Não teve tempo de estudar? Eu só pensava em trabalhar para ajudar a família. Em 1958, meus pais, três irmãs e duas sobrinhas foram a uma festa em São Roque. Morreram t o d o s n u m a c i d e n t e . F i q u e i desnorteado. E o senhor se casou? Sim, tive três filhos. Em 1975, um deles, Junior, morreu em casa, aos 18, ao disparar uma arma sem querer. Hoje, sou viúvo e tenho três netos. Como conseguiu superar tanta coisa? Na época, achei que fosse ficar louco. O médico que me indicou um tratamento: trabalhar 24 horas. É o que faço desde então. Assim me distraio, invento essas coisas e já vou dormir cansado. Quem o ensinou a cozinhar? Meu pai, que era cozinheiro. Em 1960, abri a primeira cantina, mas faliu. Depois, montei outra e outra. Hoje, tenho quatro, todas no bairro. Vem alguma ideia nova por aí? Pretendo criar uma parede toda com parafusos. As pessoas trariam os c a d e a d o s e t r a n c a r i a m u m pensamento positivo nele. É uma tradição italiana ligada à fé. Não pensa em descansar? Preciso me distrair. Não vim a esse mundo para ficar de braços cruzados. Gosto de tomar a iniciativa. Para mim, se você faz uma pessoa sorrir está bom. É o mais importante.◊

Conheça o restaurante do Walter Taverna: o Conchetta, situada à Rua 13 de Maio, 580 na Bela Vista.


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O que representa o Obelisco por João Mellão Neto, do O Estado de São Paulo

Trata-­‐se de uma homenagem tardia a SÃO PAULO, mas, no meu entender, ela deve ser feita. Um povo não é um povo se não guarda na memória os seus valores, a sua história e o seus heróis. Heróis, sim, porque em todos os lugares existem heróis. Pouco importa se sua glória nasceu de um único momento de bravura ou de toda uma vida de trabalho honesto e extenuante. A biografia de um herói não mais pertence a ele ou aos seus familiares. Ele se transformou num símbolo e, assim, depositário de todas as virtudes cívicas que cada um dos cidadãos se esforça por ter. Um povo que ignora a sua história não é um povo, é uma massa amoldável aos interesses de seus governantes. Neste último 25 de janeiro – dia do aniversário desta capital e também do Estado – de tudo o que li e ouvi, m u i t o p o u c o s e d i s s e s o b r e a Revolução de 32. Ainda é tempo para reparar. O t r á f e g o é i n t e n s o n a s imediações do Parque do Ibirapuera, de modo a que ninguém preste atenção ao Obelisco que lá existe. O Monumento às Bandeiras – ao qual Vitor Brecheret dedicou mais de 30 anos – encontra-­‐se logo adiante e tem destaque muito maior. Mesmo dos que observam de mais perto o Obelisco, poucos sabem o que ele representa. Ora, obeliscos existem em todas as grandes cidades do mundo, dirão alguns. Outros sabem que o monumento é uma h o m e n a g e m à R e v o l u ç ã o Constitucionalista de 1932, mas mesmo assim não lhe dão maior valor: “Afinal, essa foi uma guerra que SÃO PAULO perdeu, não é verdade?” As crianças em outros Estados são ensinadas sobre o episódio como a “Guerra Paulista”, na qual as elites paulistas teriam instigado a população

a um confronto suicida com as tropas federais. Segundo essa versão, as oligarquias de SÃO PAULO e MINAS GERAIS – que tinham em suas mãos o domínio do governo federal – estavam inconformadas por tê-­‐lo perdido para um gaúcho, GETÚLIO VARGAS, “o qual governava pensando no País inteiro”.

“O que SÃO PAULO pretendia era separar o Estado do restante do BRASIL”, dizem outros. Eu, como paulista, tenho outra visão. A Revolução Constitucionalista representou, de forma inquestionável, o momento mais heróico de toda a História do povo de SÃO PAULO. Ela merecia aquele Obelisco e muito mais. Mas SÃO PAULO perdeu a guerra, alegarão alguns. Pouco importa. O fenômeno a ser ressaltado aqui é o de que nunca um movimento político obteve tanto engajamento, apoio e ardor de toda a população quanto a Revolução Constitucionalista paulista. Tanto os partidos e facções da política local como também os agricultores, os industriais e os comerciantes do Estado se uniram

pela causa comum. Na campanha “doe ouro para o bem de SÃO PAULO”, nem mesmo a população mais humilde deixou de contribuir. Desde grandes colares até alianças de casamento, cada cidadão contribuiu de acordo com as suas posses. De todos os cantos do Estado se apresentaram para o alistamento. Ninguém tinha experiência anterior de combate. Depois de feita a seleção, restaram 40 mil homens aptos para os campos de batalha. N o s s o e x é r c i t o n ã o e r a composto por soldados profissionais, mas por voluntários. De militar, realmente, só havia o apoio da FORÇA PÚBLICA – que, muitos anos depois, viria a se transformar na POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. A corporação tem todos os motivos para se vangloriar de seu passado: ela foi criada nos tempos em que o PADRE FEIJÓ era regente, durante a menoridade de dom PEDRO II. As tropas federais contavam com um número muito maior de soldados, mais preparados para um teatro de operações de guerra. Acabamos por ser militarmente derrotados. O sangue de pelo menos 800 paulistas foi derramado nos campos de batalha. Milhares foram presos e deportados. Pergunta-­‐se aos de fora: nós nos arrependemos disso? A resposta é um absoluto não! Getúlio Vargas atendeu a p r a t i c a m e n t e t o d a s a s n o s s a reivindicações. E isso não aconteceu por acaso, nem por uma suposta benevolência dos vencedores. SÃO PAULO já era, então, o principal pólo de criação de riquezas no BRASIL. Grande parte do café da incipiente indústria brasileira provinha daqui. »


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Mas se cuidou de enfraquecer o nosso poder político. A nossa cota de deputados federais é pouco maior que metade da que deveríamos ter se o c r i t é r i o f o s s e r e a l m e n t e o d e proporcionalidade da população nacional. E dos impostos federais que são recolhidos aqui, não mais que um décimo retorna em nosso benefício. Q u e m m e l h o r d e fi n i u o problema foi o GENERAL GOLBERY DO COUTO E SILVA, ideólogo do movimento de 1964:”Quem tem o poder econômico não pode também pretender ter o pode político”. Ou seja, SÃO PAULO está até hoje pagando

Edição número 13 -­‐ Sociedade Veteranos de 32 -­‐ MMDC

“ i n d e n i z a ç õ e s d e g u e r r a ” a o s vencedores... Mas não nos arrependemos de nada. Continuamos a acreditar nas mesmas causas e persistiremos em ostentar as mesmas bandeiras. Defendemos o que tinha de ser defendido e é só. Hoje, oito décadas passadas, são poucas as pessoas com idade bastante para terem presenciado o fervor revolucionário daquela época, o suficiente para terem vivido e vibrado com a causa paulista. A verdade, todavia, é que nunca antes – e nunca mais depois de 1932 – os paulistanos e os paulistas vibraram de forma tão

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unida pelos mesmos ideais. Perdemos a batalha, mas, ao mesmo tempo, vencemos uma guerra: o Obelisco do Ibirapuera, como uma sentinela, em pé, significa que nunca mais ninguém se atreverá a confrontar SÃO PAULO. Em homenagem aos nossos heróis de 32, estão gravados nas paredes da FACULDADE DE DIREITO DO LARGO DE SÃO FRANCISCO estes versos de TOBIAS BARRETO, que resumem em poucas palavras o espírito e a disposição dos paulistas: QUANDO SE SENTE BATER/ NO PEITO, UMA HERÓICA PANCADA/ DEIXA-­‐SE A FOLHA DOBRADA; ENQUANTO SE VAI MORRER”. ◊

Quando o relógio do Pateo do Colégio parou por Carlos Eduardo Entini, no Blog do Estado de São Paulo

trecho do palácio, aparentemente em boas condições. Os ponteiros parados do relógio podem ser mera coincidência de horário na captação das imagens. Mas Pátio, no destaque da pintura de Thomas Ender (1817) p o d e m t a m b é m sugerir o início do O tempo parou no Pátio do descaso com a região. A diferença na Colégio no fim do século 19. Duas conservação dos dois edifícios, ambos fotos do local tiradas com nove anos i n e x i s t e n t e s n os d i a s d e hoj e , de diferença, mostram o relógio da s i m b o l i z a m u m a s é r i e d e antiga igreja do Bom Jesus marcando o acontecimentos que transformam o mesmo horário: 4h30. local que guarda a história de várias O primeiro registro, feito em histórias. Visíveis e invisíveis. 1887 por Militão Augusto de Azevedo, C o n s i d e r a d o o m a r c o d a mostra o então palácio do governo e a fundação da cidade de São Paulo, que igrega construída pelos jesuítas que hoje comemora 458 anos, o Pátio do ocupavam o local em bom estado de Colégio foi descrito, pintado e conservação. O segundo, captado em fotografado por diferentes olhares ao 1896 após um desabamento do teto longo desses anos. causado pela chuva, é de autoria Em 1585, deu a impressão ao desconhecida e mostra apenas a igreja padre jesuíta Fernão Cardim de estar em condições precárias. No canto “passeando numa quinta minhota”. Lá esquerdo, é possível ver um pequeno encontrou um “colégio bem instalado, com oito cubículos para residência dos

religiosos, uma biblioteca de quinze mil volumes, um poço de boa água (…) grande chácara com árvores frutíferas europeias e nacionais, legumes, hortaliças, e muitas flores cobrindo as cercas”. Essa visão bucólica de onde foi fundada a cidade de São Paulo tem fim na primeira expulsão dos Jesuítas, em 1640. A partir daí o Pátio do Colégio foi testemunha de diversos conflitos entre Igreja e Estado que atravessaram todos os períodos até seu fim, na República. Da fundação da cidade até 1979, o que conhecemos como Pátio do Colégio, foi reformado, demolido e reconstruído diversas vezes. Foi pátio e largo. Conheceu várias técnicas de construção, desde o pau-­‐a-­‐pique até o concreto armado. Foi colégio e igreja dos jesuítas, palácio de governadores e secretaria de Estado. Hoje é também museu. A primeira igreja da cidade, atual capela, até já mudou de santo.◊ Conheça algumas histórias do Pátio Colégio, acesse o site.


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