32 em Movimento - Abril

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32 em Movimento São Paulo, 25 de Abril de 2.011

"Do culto da epopéia máxima surge das trincheiras do tempo o Jornal 32. Celebrando nossos mortos São Paulo estará mais vivo do que nunca." Paulo Bomf im

Edição número 04 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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Com a palavra, O Presidente por Cap. Gino Struffaldi

No próximo dia 29 teremos eleição dos Presidentes da D i r e t o r i a Executiva e dos Conselhos Deliberativo e Fiscal de nossa Sociedade. Em 7 de julho vindouro, se Deus permitir, passarei o cargo ao novo Presidente, após 6 anos de gestão. Não nos cabe julgar se a gestão foi boa ou má. Isso é atribuição dos conselheiros e associados. Cabe-nos, sim, af irmar que muito trabalhamos para manter viva a memória da Revolução Constitucionalista de 1932, comparecendo a muitos eventos cívicos, organizados pelo Governo Estadual, pela Assembléia Legislativa, pelo Tribunal de

Justiça, pelos altos Comandos das Forças Armadas aqui lotadas, pelo Comando Geral da Polícia Militar e de diversas unidades a eles subordinadas, sediadas na Capital ou em outros municípios do Estado, com os quais mantemos cordial relacionamento. E ainda, de estabelecimentos de ensino, dos Institutos Históricos e Geográf icos de São Paulo e de Sorocaba, da Ordem dos Advogados do Brasil SP, da Associação Comercial de São Paulo e entidades de Escoteiros. Estivemos também em Santos Dumont-MG onde, juntamente com nossos Vice-Presidente e Secretário, fomos condecorados por uma unidade do Exército que, em 32, lutou contra nós, mas que hoje reconhece ter sido a Revolução Constitucionalista um movimento patriótico a favor do Brasil e não separatista como apregoava o Governo central. Estivemos também em Campo

Grande, a convite do Governador de Mato Grosso do Sul, Sr. André Puccinelli, em evento organizado pelo cerimonial daquele Estado, quando tivemos a honra de condecorar altas autoridades, civis e militares. inclusive o próprio governador e o General Comandante Militar do Oeste cuja jurisdição abrange dois estados. Até este momento, temos conhecimento de apenas um candidato ao cargo de Presidente da Diretoria Executiva, por sinal pessoa altamente conf iável. Porém esperamos outros candidatos, por entendermos ser a disputa sempre saudável. Assim, não obstante este jornal seja divulgado somente no dia 25, muito perto do dia da inscrição, faço um apelo para que outros candidatos se manifestem, também para os cargos eletivos dos Conselhos Deliberativo e Fiscal. E que vença o melhor!


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Eleição da nova presidência por Cap. Gino Struffaldi

São Paulo, 11 de Abril de 2011. Caro Associado, Levo ao conhecimento de V.Sª que foi publicado nos próximos dias no Diário Of icial o Edital de convocação da Assembléia Geral Eleitoral para o dia 29 de abril de 2011, a realizar-se na sede da Sociedade Veteranos de 32-MMDC, com início às 15:00 horas, em obediência aos artigos 34 e 35 do Estatuto da Entidade. Os senhores associados deverão votar nos cargos de Presidente da Diretoria Executiva, Presidente do Conselho Deliberativo e Presidente do

Conselho Fiscal, para o biênio de 7 de julho de 2011 - 7 de julho de 2013. De acordo com o artigo 11 do Estatuto é direito do associado candidatar-se aos cargos de direção (menos para Presidência do Conselho Deliberativo, cujo candidato será um conselheiro). Os candidatos deverão se manifestar até as 15:00 horas do dia 27 de abril de 2011. A mesa eleitoral, em reunião do Conselho Superior, de comum acordo entre os candidatos, deverão estar presentes na reunião de 28 de abril às 15 horas.

VOCÊ TEM UM DEVER A CUMPRIR! Em devoção aos interesses da nossa Sociedade, tal como cumpriram os seus deveres os heróis de 1932. Para exercer o direito de votar e ser votado, o associado deverá estar quites para com os cofres do MMDC. Sua presença é imprescindível, pois o destino da Sociedade depende do seu voto. Valho-me do momento para reiterar a V.Sª os meus protestos de alta consideração e estima.

Calendário de Eventos Eleição nova Diretoria Dia 29 de abril , 15 horas, na sede da Sociedade Veteranos de 32 Mais informações: (11) 3105-8541 O Sentido Nacional do Movimento Constitucionalista de 32 Dia 14 de junho, 19 horas, no Salão Nobre da OAB/SP na Praça da Sé. A Comissão de Resgate da MEMÓRIA da OAB/SP sobre a Revolução de 32 convida para ouvir o palestrante Coronel Mario Fonseca Ventura (Secretário da Sociedade Veteranos de 32). 23 de maio Dia 23 de maio, 09 horas, no Obelisco Comemoração do dia do Jovem Constitucionalista em solenidade com outorga de medalhas

Novos associados Apresentamos os novos associados da Sociedade de Veteranos de 32 - MMDC. Sejam muito bemvindos! MOACYR PEREIRA DA COSTA ANDERSON LUIZ ALVES DOS SANTOS MARKUS RUNK ARTHUR AMÉRICO PORTO ALEXANDRE JOSÉ DE ARAUJO ANDRÉ MANOEL DA SILVA GERSON RODRIGUES REDICOPA JUNIOR LEANDRO VALTER RODRIGUES MATOSO MANOEL FLÁVIO DE CARVALHO BARROS JOSÉ RICARDO NAHRLICH JUNIOR EDUARDO GARCIA DA COSTA MARQUES

RICARDO DE GOES CORREIA CAP PM DANIEL RODRIGUES PRADO ROGÉRIO FERREIRA GOMES DENE GIANAZI BENJAMIM EDUARDO CENEVIVA BERARDO CEL PMUBIRAJARA DIAS FERNANDES WALTER CASTRO GARCIA CARLOS ALBERTO PROTTI MAURO FONSECA VENTURA JEFFERSON BIAJONE


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Comemoração da Páscoa no Obelisco por Camila Giudice

No dia 16 de Abril de 2011, a Sociedade Veteranos de 32 MMDC em um ato inovador, brindou a sociedade paulista com a Primeira Comemoração da Páscoa no Mausoléu, com o intuito de propagar o espírito do renascimento da Sociedade no cunho f ilantrópico. Nesta cerimônia, foi solicitada a entrega de bolinhos tipo Pullman, e as doações recebidas foram entregues à Igreja de São Judas, seguindo a idealização do nosso amigo Vitsha Nicolas Romano de Almeida, que desenvolve belíssimos trabalhos com a sociedade paulista . Conseguimos anunciar este evento na Virada Cultural de São Paulo, o que já foi um grande passo para a divulgação de novas atividades no Obelisco! Tivemos a honra de contar com a presença dos alunos e pais da Escola Benjamin Constant e do Grupo de Escoteiro Nove de Julho. O Evento foi conduzido com muita empolgação e se tornou uma verdadeira aula de história ministrada pelo Cap. Gino Struffaldi, Cel. Ventura e a declamação entusiasta de nossa estimada amiga e poetisa Frances de Azevedo. Os convidados tiveram o prazer de percorrer todo o Monumento, muito bem ciceroneados com nossos

especialistas do Mausoléu, os PM's Claudemir e Teodoro, que não se cansaram de explicar e mostrar com muita alegria todas as curiosidades! Foram brindados também com a apresentação de um documentário sobre a Revolução Constitucionalista de 32 e de uma belíssima mostra de fotograf ias elaborada pelo Ricardo Della Rosa do Museu Virtual. Também tiveram o prazer de escutar músicas e discursos de 32! Só temos a agradecer por todos nossos amigos e colaboradores da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que sem eles não conseguiríamos realizar este maravilhoso evento! Foram de suma importância em todos aspectos, desde a preparação, divulgação, contato com escolas, e tudo feito com muito carinho, o que nos deixa muito orgulhosos em termos tão ilustres parceiros! O Mausoléu f icou aberto nesta data para visitação ao público. Gostaríamos de anunciar que mais eventos deste tipo serão correntes neste ano, para que haja a oportunidade de divulgar cada vez mais a história de 32. “Viver a história é viver a vida. Não há palavras para expressar a emoção deste local.” Professora Sílvia Maria Saltini Colégio Benjamin Constant.

QUER VISITAR O OBELISCO? Visite o Obelisco com especialistas sobre a história da Revolução Constitucionalista de 1932 e a simbologia do Mausoléu. Agendamentos para visitas escolares, grupos de turismo ou familiares. Por gentileza entrar em contato com a Sociedade Veteranos de 32 - MMDC. veteranos32@gmail.com ou 11 3105 - 8541.


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Migalhas de Abril por Cel. Mário Fonseca Ventura

No dia 1º de abril de 1941 falecia José Alcântara Machado de Oliveira. Foi autor do projeto do Código Penal de 1940. Nascido em Piracicaba, em 19 de outubro de 1875, ingressou muito cedo no curso jurídico, colando grau em 1893, com menos de 20 anos. Iniciou a vida pública em 1911, como vereador à Câmara Municipal de São Paulo, onde permaneceu até 1915, quando se viu eleito deputado estadual. Propôs a criação do Manicômio Judiciário, convertido em lei, em 1927. Após a derrota militar da Revolução Constitucionalista de 1932, Alcântara Machado candidatou-se à Assembléia Constituinte Nacional, pela legenda da “Chapa Única por São Paulo Unido”, que se opunha à ditadura de Vargas, sendo eleito com dezessete outros correligionários da mesma coligação política, de cuja bancada , na Câmara dos Deputados federais seria o líder, com grande destaque na discussão do projeto governamental. Com a promulgação da Constituição de 1934, que adotava o sistema de eleição indireta para a escolha dos novos governadores e senadores da República, através da própria Assembléia Legislativa local, o nome de Alcântara Machado foi novamente sufragado para o Senado Federal, em 1935, enquanto o seu ilustre correligionário Armando de Salles Oliveira, tornava-se Governador do Estado, ao derrotar Altino Arantes, então candidato do Partido Republicano Paulista (PRP). Pouco antes, em abril de 1931, viu-se eleito para a Academia Brasileira de Letras, na vaga de Silva Ramos, para ocupar a cadeira número 37, sendo recebido por Afrânio Peixoto, que pronunciou brilhante oração como padrinho de recipiendário. Alcântara Machado era f ilho de outro acadêmico, Brasílio Machado, e neto do Brigadeiro José Joaquim Machado de Oliveira, que foi político de grande prestígio nos primórdios da independência. Herdou de seus avoengos o gosto pelo estudo e o talento de escritor, que praticou ao longo da vida. Escreveu “Vida e Morte do

Bandeirante”, magníf ica análise dos primeiros povoadores da Capitania, que, submetendo tribos selvagens e arrostando febres e a própria indiferença da Metrópole, afastaram o meridiano de Tordesilhas até as fronteiras do Peru. Por um singular capricho do destino, a vaga aberta pelo seu falecimento, na Academia Brasileira de Letras, seria ocupada, posteriormente, por Getúlio Vargas, a q u e m e l e co m b a te u n a c á te d ra universitária, nos dias tormentosos de 1932, quando na d a t a d a comemoração da fundação dos cursos j u r í d i c o s pronunciou brilhante discurso, espalhando no éter pelo milagre do rádio, como se contemplasse, em meio a algazarra do Salão Nobre, as sombras de Ramalho, Crispiniano, José Bonifácio, o moço, João Monteiro, Brasílio Machado, Pedro Lessa e João Mendes Júnior, que tomavam assento na ala doutoral. Pouco depois, em 1935, a perda do f ilho querido Antônio representou tremendo golpe na alma de Alcântara Machado, que truncou prematuramente a promissora carreira do jovem escritor, aos 34 anos de idade, como festejado autor de “Laranja da China” e “Braz, Bexiga e Barra Funda”. Na Academia Paulista de Letras, onde ocupou a poltrona número 1. sucedendo ao próprio pai, em 1919, o autor de “Vida E Morte do Bandeirante” deixou indelével rastro de sua prof iciente administração como presidente da Casa, eleito por seus pares para substituir Amadeu Amaral (1929), onde instituiu um prêmio que ostenta seu nome a f im de estimular o interesse pela cultura. Em novembro de 1937 aceitou o convite do então Ministro da Justiça, Francisco Campos, para elaborar um projeto do Código Penal em substituição à Consolidação das Leis Criminais, de Vicente Piragibe, tendo ele

apresentado a “parte geral” ao governo no mês de maio de 1938 e a parte especial no mês de agosto, cuja divulgação pela imprensa foi recebida com geral interesse nos meios forenses, embora com algumas restrições da crítica especializada. Alcântara Machado, de longa data, alimentava a idéia de escrever a biograf ia do rio Tietê, mas a morte aos 66 anos impediu-o de realizar essa derradeira inspiração, que permaneceu apenas no projeto. Seu último discurso de fôlego verif icou-se no dia 28 de setembro de 1940, por ocasião da recepção, como padrinho do acadêmico Plínio Ayrosa, mas, o que permanece vivo sob as Arcadas, é o eco de outro discurso, como padrinho dos bacharelandos de 1932, aos dizer-lhes com alusão à elevada missão atribuída à sua escola, na formação da consciência jurídica da mocidade que “amar é compreender” e, assim não pode amar de verdade sua terra, quem não lhe saiba o passado”. Na comovente alocução de 11 de agosto de 1932, como estímulo e solidariedade àqueles jovens que “deixaram a folha dobrada” para nas trincheiras combater a Ditadura, lembrou o legado moral do “paulista de quatrocentos anos”, que se orgulhava de sua nobilíssima estirpe e soube honrar como estudante, professor e político a escola que ele tanto amou, tornando-se nume tutelar da “Velha e Sempre Nova Academia”. Em 18 de outubro de 1990, a cadeira número 1 da Academia Paulista De Letras, que pertenceu a Alcântara Machado, foi preenchida pelo nosso conselheiro do MMDC, José Benedicto Silveira Peixoto. Em seu discurso de posse, Peixoto, discorre sobre o Brigadeiro Machado de Oliveira, sobre José Joaquim M a c h a d o d e O l i ve i ra ( f i l h o d o Brigadeiro), sobre o Barão Brasílio Machado De Oliveira (neto) e José de Alcântara Machado De Oliveira, que vem a ser o bisneto do brigadeiro. Em 5 de abril de 1933 era realizada a Convocação da Assembléia Nacional


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Constituinte. Foi instalada em 15 de novembro de 1933. A nova Constituição foi promulgada em 16 de julho de 1934, exatos 723 dias depois do 9 de Julho de 1932, quando “estourou” a Revolução Constitucionalista. Falece o exrevolucionário do Movimento Constitucionalista de 32, Laerte Teixeira de Assumpção, em 5 de abril de 1950. Foi diretor do jornal Comércio de São Paulo. Fundador e presidente do Partido Constitucionalista, em 1934. Presidente da Constituinte. D e p u tad o E s tad ua l , 1 935 / 1 937 e presidente da Assembléia Legislativa do

Estado de São Paulo em 1935/36. Major Ref. Vicente Teodoro dos Santos, ex-combatente de 1932 também falece em 5 de abril de 1999. Esse veterano nasceu em 10 de março de 1898 vivendo 101 anos. No dia 7 de abril de 1888 nasce Benedicto Augusto de Freitas Montenegro, em Jaú. Falece em São Paulo, no dia 23 de agosto de 1979. Foi cirurgião adjunto da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e do Sanatório Santa Catarina em 1911/1918. TenenteCoronel e chefe da Missão Médica Brasileira durante a Primeira Guerra Mundial, servindo como

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médico voluntário no Exército da FRANÇA, que em reconhecimento concedeu-lhe a “Legião de Honra”. Participou da Revolução Constitucionalista de 32. Foi membro de diversos órgãos representativos da área médica no Brasil e no exterior. Autor de vários livros, notadamente de interesse da medicina. Foi jogador de futebol do Team de Hans Nobling, posteriormente S.C. Germânia e atualmente E.C. Pinheiros. Pioneiro da cirurgia plástica no Brasil. Foi deputado estadual em 1935/36. Site: ventura-memriasdoventura.blogspot.com

Attilio Colletti por Alcy Luiz Colletti

Tudo começou quando Washington Luís era governador do estado de São Paulo (1920 -1924) fazia dois meses havia assumido o governo, a c a p i ta l p a u l i s ta f o i ocupada por um contingente de revolucionários, que objetivavam depor os governos, estadual e o federal. Em três semanas de lutas os revoltosos abandonaram a capital rumando para o oeste do Paraná, onde em abril de 1925 se juntaram as tropas insurretas gaúchas, da Coluna Miguel Costa Prestes. Em 1925 Washington Luís assumiu uma cadeira no senado, e na co nve n ç ã o n a c i o n a l d o P a r t i d o Republicano no Rio de Janeiro, foi indicado candidato a presidente da república, concorrendo como candidato único, se elegeu presidente do Brasil. No inicio de 1929 indicou para sucedê-lo, o presidente de São Paulo Julio Prestes, esta escolha desagradou os políticos de Minas Gerais, de acordo com a

“política café com leite”, nesta eleição o candidato deveria ser mineiro, respeitando a alternância de candidatos. Contrariados, os mineiros, se aliaram aos g a ú c h o s e p a ra i b a n o s formando a Aliança Liberal, indicando e apoiando Getúlio Vargas a presidente da republica e João Pessoa, que era governador da Paraíba, a vice-presidente. Na eleição realizada no dia primeiro de março de 1930, Julio Prestes, indicado e apoiado pelo presidente Washington Luís, derrotou Getúlio Vargas, o resultado provocou um desconforto e muita tensão e revolta, Julio Prestes após a vitória declarou em Buenos Aires, ser favorável à política Marxista, provocando violenta reação da Frente Liberal, das classes empresariais, principalmente em São Paulo. No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa que fora candidato a vice de Getúlio, presidente da Paraíba foi assassinado em Recife, por intrigas políticas.

Como o resultado eleitoral fora contestado por setores da Aliança Liberal, que alegavam à ocorrência de fraudes no pleito, o assassinato de João Pessoa, no dia 26 de julho em Recife que fora candidato a vice de Getulio, mais as declaração Julio Prestes, começaram a articular um m ov i m e n to p o l í t i co - m i l i ta r q u e depusesse Washington Luís. Deflagrado no dia 3 de outubro em Porto Alegre às 17,30 horas, o movimento logo se estendeu para todo o país. A partir do dia 11 de outubro o comando do movimento passou a ser exercido por Getulio. No dia 24 de outubro às 17,00 horas com a mediação do cardeal Leme, o presidente Washington Luís consentiu em se retirar do palácio, na condição de prisioneiro. O governo f icou a cargo de uma junta governativa, durante alguns dias, dos generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo contra-almirante Isaías de Noronha. Em 3 de novembro, o poder foi entregue, após certa relutância por parte dos membros da junta, à Getulio Vargas comandante das forças revolucionárias. E Washington Luiz rumou para o exílio. Passado o tempo de transição, para a redemocratização do país, iniciaram as divergências políticas, com o


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presidente Dr. Getúlio. Os gaúchos que ocupavam cargos de destaque no governo federal, dentre outros, eram o Dr. Maurício Cardoso, de Soledade (Ministro da Justiça), o Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, nascido em Caçapava-RS-, (foi presidente do estado durante 25 anos no período de 1898 a 1908 e de 1913 a 1928), o Dr. Raul Pila (líder do Partido Libertador), Batista Luzardo (Chefe de Policia do Distrito Federal), João Neves da Fontoura (Consultor Jurídico do Banco do Brasil exonerou-se no dia 3-3-32), Lindolfo Collor (Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, responsável pela criação da Legislação Trabalhista e o inicio do sistema previdenciário brasileiro, com as Caixas de Assistência Privada, de onde se originaram os Institutos de Previdência) acompanharam os paulistas e exigiram fosse providenciada a eleição de um novo presidente, como fora acertado quando da sua posse, no que o Dr. Getúlio não concordou. Em conseqüência foi rompida a unidade política iniciada em 1930, os representantes gaúchos exoneraram-se das funções que exerciam no governo federal, retornando ao Rio Grande do Sul. Em agosto de 1932 João Neves da Fontoura, com o apoio dos gaúchos, passou a articular o movimento revolucionário se associando aos paulistas, iniciado em São Paulo no dia 9 de julho de 1932 para a derrubada do Presidente Dr. Getúlio Vargas. No entanto o interventor do estado o General Honorário, Dr. José Antônio Flores da Cunha, que de inicio aderira ao movimento criando os “Corpos Auxiliares” suprindo-os com armamentos, munição e dinheiro, que por pressão federal passou a trabalhar em defesa do presidente Dr. Getúlio, determinando aos “Corpos Auxiliares” de voluntários se articulassem para marchar em direção a São Paulo, como reforço ao Exercito Nacional, no combate dos constitucionalistas. Em Soledade, o Cel. Cândido Carneiro Júnior, f iliado ao P a r t i d o L i b e r t a d o r, n o m e a d o

comandante do 33° Corpo Auxiliar, e o advogado Dr. Pedro Correa Garcez, f iliado ao Partido Republicano, nomeado comandante do 44° Corpo Auxiliar. Os lideres do movimento no estado, Dr. Borges de Medeiros, Batista Luzardo e o Soledadense Dr. Mauricio Cardoso, foram a Soledade, para tratar na concentração de tropas e estratégias da ação revolucionária de apoio aos paulistas. Depois de demorada reunião com os políticos e lideranças da sociedade civil, o Cel. Cândido Carneiro, numa demonstração de civismo e coragem, comunicou por escrito ao Interventor do estado Dr. Flores da Cunha, que se manteria f iel ao movimento dos revolucionários constitucionalistas e enfrentaria as forças públicas se fosse preciso. No dia seguinte o Cel. Cândido Carneiro Junior foi a Espumoso, participou de uma reunião com as lideranças locais, convocou a população e os ex-pracinhas do Tiro de Guerra, extinto em f ins de 1929, para aderirem ao movimento em apoio aos paulistas, para depor o ditador presidente Dr. Getúlio. Nos últimos dias de agosto foi formado o grupo, de voluntários Espumosenses, liderados pelo Sr. Pedro Bambini. Cada um devia conseguir um cavalo com arreios, armamentos, m u n i ç ã o, e co u b e a o co m a n d o providenciar suprimentos e medicamentos. Eis a relação dos voluntários, lembrados, pelo Attílio Colletti. Alexandre Tramontini Algemiro Bacio Angelim Lupattini Angelim Pastori Attilio Colletti Bastião ( morto em combate). Bibiano Camargo Manoel da Silva Corralo Pedro Bambini Pedro Cavalli Ângelo Ticiani Victor Bresolim Vitor Mozella

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E outros dois que não fora lembrados, eram aproximadamente quinze revolucionários. A COLUNA DE PROVISÓRIOS EM TUPANCIRETÂ A 9 de julho de 1932 irrompeu em Mato Grosso sob a chef ia do Gen. Bertoldo Klinger, o movimento revolucionário que se alastrou rapidamente até São Paulo e Rio Grande do Sul. Em Tupanciretã (RS) sob o comando de Marcial Terra foi formada uma coluna de provisórios a qual se incorporou Lindolfo Collor. Durante cerca de 40 dias com ela percorreu vários municípios rio-grandenses, dormindo muitas vezes ao relento tendo a cela do cavalo por travesseiro. F inalmente, em setembro, cercada a coluna de Marcial Terra por tropas legalistas, foi este obrigado a capitular. Um dos of iciais da força vencedora acompanhou Lindolfo Collor até a fronteira, que atravessou em Paço de los Libres levando apenas a roupa do corpo. Exilados Lindolfo Collor, Raul Pilla, Batista Luzardo e João Neves da Fontoura assinaram um “Manifesto ao Rio Grande do Sul, a São Paulo e a Nação” relatando todo o processo da conspiração anterior à Revolução Constitucionalista de São Paulo e atribuiu a responsabilidade da derrota ao interventor do Rio Grande do Sul. (Mello - Leda Collor de, Retrato de Lindolfo Collor, 1988, SERGASA, Maceió).

Continua na próxima edição.


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Abrilada por Cel. Mario Fonseca Ventura

No dia 28 de abril de 2011 completar-se-á os oitenta anos da revolta do 6º Batalhão de Caçadores, no Cambuci (em 28 de abril de 1931). Esse episódio que antecipou o Movimento Constitucionalista de 1932 f icou conhecido na história como “Abrilada”. Barricadas, tiros esparsos e nada mais. Embora já houvesse o ânimo de se contrapor à ditadura Vargas, faltava a estrutura. Ela viria somente em julho de 1932. O jornal O Estado de São Paulo, edição de 29 de abril de 1931, estampava irritado telegrama de Getúlio Vargas a João

Alberto, assegurando-lhe conf iança e apoio. O ministro da Guerra tivera ordens para terminar com o incidente a qualquer preço e providenciar para que outros não tomassem a mesma posição. Trezentos milicianos da Força Pública foram presos na Imigração e levados, dali, para a Colônia Correcional de Taubaté. O Comando Geral da Força Pública foi ter às mãos de Miguel Costa, adornado com os galões de general-debrigada honorário. O general Isidoro Dias Lopes, que o governo suspeitava tivesse o coração

oscilando entre dois amores: uma revolução a mais em sua carreira e a solidif icação do movimento de outubro de 1930, viu-se compelido a entregar a Região Militar a Góis Monteiro, a respeito de cuja animosidade em relação aos perrepistas em particular e aos paulistas em geral não pairavam dúvidas. Completadas essas medidas, Vargas e João Alberto, o Clube Três de Outubro e a Legião Revolucionária diagnosticaram situação sob controle total.

Marca histórica do blog Tudo por São Paulo Por Ricardo Della Rosa

Recentemente o blog Tudo por São Paulo atingiu a marca de 60.000 page views e ultrapassou os 25.000 visitantes. Para comemorar à altura, queria colocar algo realmente especial. Site: http://www.tudoporsaopaulo.com.br

Expedição ao campo de batalha em Eleutério por Ricardo Della Rosa

Neste último f im de semana tive a oportunidade de visitar o local de uma das mais sangrentas batalhas da revolução, no vilarejo de Eleutério - na divisa de São Paulo com Minas Gerais. A convite de um ávido leitor do blog e conhecedor da região, adentramos na mata percorrendo o caminho da antiga estrada de ferro e subimos no topo de um dos morros da região para lá encontrarmos uma trincheira paulista praticamente intocada 79 anos após a revolução. A emoção de estar em um local tão histórico foi muito grande e nos deixou pensando no sacrifício daqueles que por ali f icaram. Agradeço ao Sr. Gonçalo e ao seu f ilho José Luís, ao Waldemir Oliveira e ao meu sogro Attílio pela experiência sem igual que tive nesta jornada! No início de agosto de 1932 o pacato vilarejo de Eleutério f oi subitamente transformado em um dos principais teatros de operações da revolução quando as tropas paulistas

recuaram de suas posições em Minas Ge r a i s p a r a e s t a l o c a l i d a d e . Estavam no setor as tropas do Major Hygino, elementos do Batalhão de Voluntários de Campinas sob o comando do Capitão Moura, o Batalhão Paes Leme sob o comando do Major Pietscher, o Batalhão Esportivo e posteriormente o Batalhão 9 de Julho reforçou as trincheiras paulistas. As tropas de São Paulo começavam a ser cercadas em Eleutério por um adversário resoluto em alcançar a linha Itapira-Mogi-Campinas, mas resistiam bravamente. "Inimigo continua despejando tropa Sapucaí. Peço reforço urgente; nossa tropa exaustíssima, incapaz resistir contra-ataque inimigo que naturalmente será mais ef iciente. Major Pietscher" (Telegrama, início de agosto de 1932) Leia a matéria na íntegra no site.


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Nosso Brasão de Armas por Tiago José Berg

Guilherme de Almeida (1890-1969) é proclamado como “O poeta da Revolução de 32”. Não por menos, além de combatente na Revolução Constitucionalista de 1932, o poeta dedicou sua obra maior de amor a São Paulo, com o poema intitulado “Nossa Bandeira”, escrito em 1934. É também de sua autoria o “Hino dos Bandeirantes”, que hoje é o hino of icial do Estado de São Paulo. Além

disso, escreveu a belíssima letra da “Canção do Expedicionário”, com música de Spartaco Rossi, referente à participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Mas Guilherme de Almeida também se destacou na heráldica o estudo e arte dos brasões com a co-autoria com José Wasth Rodrigues do brasão da cidade de São Paulo, sendo também criador dos brasões de Petrópolis-RJ, Volta Redonda-RJ, e da

capital Brasília. Foi por causa de seu poema que a bandeira paulista ganhou of icialmente o número de treze listas. A versão original, criada por Júlio Ribeiro em 1888, era em um total de quinze e durante o ardor revolucionário havia variantes da bandeira com onze, treze ou quinze listas. A obra de Guilherme de Almeida ajudou a consolidar a bandeira de São Paulo como a conhecemos hoje, em uma das mais belas interpretações de seu simbolismo.

Bandeira da minha terra, Bandeira das treze listas: São treze lanças de guerra Cercando o chão dos paulistas!

Poema do nosso orgulho (Eu vibro quando me lembro) Que vai de nove de julho A vinte e oito de setembro!

Linhas que avançam; há nelas, Correndo num mesmo f ito, O impulso das paralelas Que procuram o inf inito.

Prece alternada, responso Entre a cor branca e a cor preta: Velas de Martim Afonso, Sotaina do Padre Anchieta!

Mapa da pátria guerreira Traçado pela vitória: Cada lista é uma trincheira; Cada trincheira é uma glória!

Desf ile de operários; É o cafezal alinhado; São f ilas de voluntários; São sulcos do nosso arado!

Bandeira de Bandeirantes, Branca e rota de tal sorte, Que entre os rasgões tremulantes Mostrou as sombras da morte.

Tiras retas, f irmes: quando O inimigo surge à frente, São barras de aço guardando Nossa terra e nossa gente.

Bandeira que é o nosso espelho! Bandeira que é a nossa pista! Que traz, no topo vermelho, O coração do Paulista!

Riscos negros sobre a prata: São como o rastro sombrio, Que na água deixava a chata Das Monções subido o rio.

São os dois rápidos brilhos Do trem de ferro que passa: Faixa negra dos seus trilhos Faixa branca da fumaça.

Página branca pautada Por Deus numa hora suprema, Para que, um dia, uma espada Sobre ela escrevesse um poema:

Fuligem das of icinas; Cal que as cidades empoa; Fumo negro das usinas Estirado na garoa!


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Monumento ao soldado de 1932 é depredado Transcrição da matéria de Glaucia Garcia de Carvalho por Douglas Nascimento

O patrimônio histórico e cultural no Brasil não é tratado com a dignidade que merece. Por todo o país vemos constantes atos de desrespeito e vandalismo que mostram que a nossa memória sempre está relegada ao segundo plano ou ao completo esquecimento. E, desta vez, fomos informados de um grande e repugnante descaso referente a um monumento que nos remete à Revolução de 1932. Monumento ao Soldado de 1932 em Jaú é alvo de vandalismo Situado na Praça da República, o Monumento ao Soldado Constitucionalista Jauense foi terrivelmente depredado na madrugada do último dia 13 de março. O monumento possuía um muro de quase dois metros de altura com uma pequena plataforma, onde repousa um capacete constitucionalista chumbado no cimento que ainda resiste em meio aos atos de vandalismo recentes. Segundo pessoas da cidade, sucessivos chutes na parede f izeram com que a parte traseira do monumento viesse ao chão, atingindo o capacete que também f icou danif icado. Os infratores não f o r a m identif icados. O que sobra é lastimar-se pelo o desrespeito à memória e aguardar quando que a prefeitura de Jaú irá reparar o dano.

O monumento está parciamente destruído.

O monumento antes da depredação

Site: www.saopauloantiga.com.br


Paixão Paulista São Paulo, 25 de Abril de 2.011

Edição número 04 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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Canção do expedicionário Por Guilherme de Almeida

Você sabe de onde eu venho? Venho do morro, do engenho, das selvas, dos cafezais, da choupana onde um é pouco, dois é bom, três é demais. Venho das praias sedosas, das montanhas alterosas, do pampa, do seringal, das margens crespas dos rios, dos verdes mares bravios, de minha terra natal. Por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá sem que leve por divisa esse "V" que simboliza a vitória que virá: Nossa Vitória f inal, que é a mira do meu fuzil, a ração do meu bornal,

a água do meu cantil, as asas do meu ideal, a glória do meu Brasil! Eu venho da minha terra, da casa branca da serra e do luar do sertão; venho da minha Maria cujo nome principia na palma da minha mão. Braços mornos de Moema, lábios de mel de Iracema estendidos para mim! Ó minha terra querida da Senhora Aparecida e do Senhor do Bonf im! Você sabe de onde eu venho? É de uma pátria que eu tenho no bojo do meu violão; que de viver em meu peito foi até tomando um jeito

de um enorme coração. Deixei lá atrás meu terreiro meu limão meu limoeiro, meu pé de jacarandá, minha casa pequenina lá no alto da colina onde canta o sabiá. Venho de além desse monte que ainda azula no horizonte, onde o nosso amor nasceu; do rancho que tinha ao lado um coqueiro que, coitado, de saudade já morreu. Venho do verde mais belo, do mais dourado amarelo, do azul mais cheio de luz, cheio de estrelas prateadas que se ajoelham, deslumbradas,

Soldado Paulista por Frances de Azevedo - 07/2006

Partiu o soldado para a trincheira, Ato que valeu uma vida inteira. Não mais a submissão ao vil poder Que a dignidade faz fenecer. Partiu o bravo defensor de um ideal, Desta terra de um povo tão leal! Partiu, sim, o soldado paulista: Grande herói nacionalista, Que, não só por sua terra lutou, Senão pelo país que tanto amou. Partiu pela união dos Estados, Onde os Direitos tão ultrajados! Partiu na fria manhã de julho, Com grande espírito de orgulho. Mas, não retornou ao lar de Anchieta, Lá f icou ao som da triste trombeta. Partiu, porém, aqui deixou o grão Para nossa Constituição! Site: http://poemasde32.blog.spot.com

Soldados paulistas em Itararé - 1932 Foto: Claro Jansson


Polícia Militar em destaque São Paulo, 25 de Abril de 2.011

Edição número 02 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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Legalismo Paulista - Uma história de longa duração por Capitão PM Herbert Moraes

Parte final Ministro da Economia da gestão anterior, Getúlio Vargas concorre à presidência da República na chapa oposicionista, já em 1930. As urnas obstam sua ambição elegendo Julio Prestes, de São Paulo. Inconformado com a decisão do povo, Getúlio reúne tropas sulinas e marcha para a capital, proclamando-se chefe do governo provisório. Promete chamamento de eleições e passa a nomear interventores em quase todos os Estados da Federação, inclusive em São Paulo. Sucessivos interventores não-paulistas nomeados por Vargas fracassam em submeter São Paulo. Estão lançadas os dados e a sorte da Revolução Constitucionalista. O agora ditador não chama eleições, estas viriam bem depois do conflito armado que eclode em 9 de julho de 1932, com o massacre por parte das forças federais que primeiro atingiu Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Tropas paulistas do Exército brasileiro engajam-se à Força Pública para conter o ímpeto do ditador. A indústria volta-se toda para a produção bélica. O povo unese em torno do ideal de retorno à normalidade constitucional. A sociedade civil mobiliza-se para o esforço de guerra, e os aptos, de forma irrestrita, alistam-se para participar dos combates. Os verdadeiros voluntários da pátria não foram os alistados para a Guerra do Paraguai, estes o foram à força. Aqui os voluntários de fato o eram. Explicações possíveis para o entendimento da Revolução Constitucionalista poderiam residir nos acontecimentos imediatos e manipulação elitista dos grandes e poderosos, na ambição desmedida e sanguinária de Getúlio e na liderança belicista dos líderes militares, sobretudo integrantes da Força Pública de São Paulo. Outras, tão

recorrentes quanto as primeiras, baseiamse na aspiração separatista paulista e no lucro fácil da guerra para a indústria bélica. Todos esses argumentos, em certa medida, integram os componentes para o real entendimento das causas do conflito, mas são insuf icientes, quer individualmente, quer em conjunto. Ora, o povo brasileiro nunca possuiu amor, gosto ou pendor para a guerra, e as grandes mudanças políticas sempre aconteceram a sua revelia. A ambição manipuladora de Getúlio Vargas embora formidável não justif ica o apoio popular irrestrito. Os líderes militares da Revolução conduziram o conflito e comandaram as refregas, mas sempre estiveram sob as ordens do poder civil e não possuíam ascendência ou influência suf iciente para incutir na população o desejo de revolta. A Revolução em si não foi, em absoluto, separatista. A idéia de separatismo, embora presente em alguns setores, não possuía amplitude e nem consistência suf iciente para arrebanhar o populacho. Ao cabo e sobretudo, a guerra não é bom para os negócios e embora a indústria bélica fosse importante, jamais o foi a ponto de promover um conflito pelo lucro. O que faz um pai de família, residente em uma pacata localidade distante do grande centro, juntar-se aos revoltosos, pegar em armas, arriscar sua vida e derramar seu sangue? O que faz uma dona de casa que luta com as dif iculdades da vida a doar um anel, um brinco ou até mesmo sua aliança de casamento - sua única jóia - para a causa da revolução - ouro por São Paulo? Por que o povo arriscou tanto? Por que as famílias permitiam-se expor seus f ilhos às circuns tâncias da sorte? Pela manipulação dos poderosos? Pela ambição de Getúlio? Pelo gosto à guerra? Pelos líderes militares? Pela mania

gigantista? Pela causa separatista? Não, não e não. Não a todas estas indagações. Uma leitura possível é atribuir a adesão popular à mentalidade paulista, às estruturas mentais históricas da época, gestadas desde tempos coloniais. A legalidade e a normalidade constitucional fora tomada. O paulista escolhido Presidente pelo povo nas urnas fora escorraçado do Catete. Interventores não paulistas a quererem conduzir os destinos dos paulistas, logo o Estado mais rico da Federação - “a locomotiva forte a puxar vinte e tantos vagões vazios”. A promessa vazia de eleições imediatas. E agora sim, os demais ingredientes antes listados. A intervenção das elites interessadas em autonomia estadual, a ambição de Getúlio, a mania gigantista de São Paulo, a liderança dos líderes militares feridos em sua honra militar e a perniciosa idéia separatista presente em certos setores importantes. O legalismo paulista, com a Revolução Constitucionalista de 32, cristalizou-se. Desde então as instituições governamentais, se não são, buscam parecerem ser legalistas até o cerne. Sua legitimidade junto ao povo, seu patrão, reside na legalidade mesma. A antiga Força Pública, hoje Polícia Militar microcosmo a representar a sociedade como um todo porque é dela que emerge clama como atributo fundamental o legalismo rígido, intransigente. É uma história de longa duração. Há poucos dias, logo após a transmissão dos cargos de Presidente da República e Governador do Estado de São Paulo, tive uma conversa com um de meus sargentos. Perguntei o que ele achava de um e de outro, Presidente e Governador. Ele disse-me o diabo. De um de de outro. - Então o que podemos fazer - perguntei - se são tão ruins assim? A resposta foi rápida e f irme: Esperamos as próximas eleições.


Polícia Militar em destaque São Paulo, 25 de Abril de 2.011

Edição número 04 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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Entrega de Viaturas da Rota

Aniversário do Corpo Musical

por Ten. Cel. PM Telhada - Comandante da Rota

por Cel. Mário Fonseca Ventura

No dia 15 de abril foi realizada a solenidade de Entrega de Viaturas da Rota juntamente com honrarias.

No dia 07 de abril comemorou-se o aniversário de 154 anos do Corpo Musical da Polícia Militar na Capelania Militar. O Corpo realiza concertos, apresentações e projetos sociais, com foco no bem estar das pessoas

Pensamentos por Major PM Aderson Guimarães Pereira

"Engana-se a pessoa que acredita que o sentido da vida está no que se tem, pois na verdade está em quem se tem." "O segredo do sucesso está na dedicação, no aperfeiçoamento prof issional e na humildade de reconhecer que todos ao seu entorno são importantes." "Tratar com dignidade as pessoas não é só questão de direitos humanos. É ter visão de futuro." "O equilíbrio nas ações é o melhor remédio para a longevidade." "A vida é como uma trilha a ser percorrida, sendo que nesta haverá várias dif iculdades e facilidades. Porém, para chegar ao f inal, caminhe passo a passo e não desista, mesmo que se sentir cansado. Estacione, sente-se e oriente-se, mas continue em frente, pois cada passo é a proximidade para o sucesso." “A honestidade é uma luz divina e não a escuridão das trevas." "Até a mais bela flôr de um jardim perde suas pétalas e deixa de ser exuberante com o passar do tempo." “A exuberância de um jardim está na diversidade das flores existentes. Cabe ao jardineiro, para manter esta beleza, regar todas com carinho.” "A música é o suspiro dos Deuses nos ouvidos dos homens." "A experiência do idoso é a luz da sabedoria para o jovem." “A limpidez da água e o caminho para a existência da pureza da alma.” “A pior dor não é a sensação física dolorosa intermitente, mas a psicológica contínua inserida na consciência do homem.” “A compreensão, generosidade e paciência são caminhos para a paz.” “O amor é efêmero, mas o respeito pode ser eterno.” “As vitórias do homem ecoam pela eternidade.” “Ser comandante é dedicar-se ao verdadeiro sacerdócio.” “Ao caminhar descalço sobre pedras com mariscos na beira do mar não corra, pise nas pedras lcom cuidado e f irmeza, sendo que ao término do percurso, caso não tenha nenhum ferimento nos pés, considere-se um vitorioso.” “Ser irredutível não é uma atitude sensata, pois até a pedra se esmorece mediante a queda contínua de gotas d'água sobre sua superfície, após determinado tempo.” “Na gestão de pessoas o bom administrador deve identif icar os seus doze apóstolos e saber que um dia poderá traído.” “Na gestão empresarial o bom administrador joga dama, mas o excelente joga xadrez.” "O poder é efêmero, mas as amizades podem ser duradoras.”


Reserva Cultural São Paulo, 25 de Abril de 2.011

Edição número 04 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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Reserva Cultural São Paulo, 25 de Abril de 2.011

MMDC Recomenda

Edição número 04 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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Cartas São Paulo, 25 de Abril de 2.011

Edição número 04 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC

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MMDC luta pela melhoria da pensão especial dos heróis de 32 e suas viúvas Exmo Sr. Geraldo Alckmin, Governador do Estado de São Paulo Meu nome é Maria Antonia de Aguirra, venho por meio desta solicitar para que o Sr. melhore a nossa pensão, pois o que recebemos não da para as nossas despesas, não compro nada de supérfluo, tenho acompanhamento médico, gasto muito em remédio, não posso f icar sem, mas está f icando dif icil para comprar. Sr. Governador já foi o nosso Governador e muito competente, gostamos muito e por isso votamos novamente para que o Sr. fosse eleito, porque é uma pessoa como o Sr. que precisamos para governar São Paulo e quem sabe até para ser o nosso Presidente. Desde já f ico-lhe muito grata. Um abraço Atenciosamente Maria Antonia de Aguirra Exmo.Sr. Governador GERALDO ALCKIMIM Nasci em 07.03.1914. Hoje estou com 97 (noventa e sete) anos de idade e viúva desde 1986. Moro em apartamento de meu único f ilho, Meu marido defendeu o Estado de São Paulo na Revolução Constitucionalista de 32. Por isso, recebo pensão, há tempo não reajustada, em que pese a redução dos benef iciados, com a inevitável morte. Tivemos enormes sofrimentos e expectativas quando em defesa dos ideais paulistas. Eu com 18 anos, costurando e meu noivo e futuro marido com 22 anos no campo de luta, enfrentamos muitas dif iculdades e angústias, pouco reconhecidadas, mesmo com a perda da batalha mas com a vitória constitucionalista. Creio que o Estado de São Paulo defendido poderia atender muito melhor àqueles que lutaram pelo seus ideais. Hoje sou subsidiada com R$450,00 sem qualquer reajuste há tempo, que não corresponde nem mesmo a minha medicação. Assim, Sr Governador, peço encarecidamente que o Senhor reajuste o valor dessa pensão, para que nesse f inalzinho de vida aqueles que lutaram pelo ESTADO DE SÃO PAULO, possam ter, com dignidade, a condição de comprar pelo menos os remédios, sem a ajuda do f ilho,

Aniversariantes de Abril 01/04 Dinorah Ribas Struffaldi 03/04 Ten Luiz Sérgio Mussolini Filho 04/04 Maria Adelaide Pires De Lima 06/04 Dr. Osvaldo Caron 06/04 Youri Baranoff 07/04 Dr. Fábio Marcos B. Trombetti 09/04 José Faria da Silva 10/04 Caio Cavalcante M. de B. Lima 11/04 Nelly Martins F. Candeias 12/04 Manuel Lauro 12/04 Fabrício Angelo Piazza 14/04 Edith da Silva Lopes 15/04 Raymunda F. de Souza Paula 17/04 Alfredo Duarte dos Santos 17/04 Fernando A. de M. Bartasevicius 21/04 Major PM Américo Massaki Higuti 23/04 Relder S. de Souza Fialho 23/04 Wilson Torres 25/04 Rogério Ferreira Gomes 26/04 Ten Cel Sergio de Souza Merlo 29/04 Ten Aleksander Toaldo Lacerda

Fico no aguardo de sua pronta atenção. Thereza Blassioli Buccalon

TENHA SUA HISTÓRIA PRESERVADA E PERPETUADA! EXPEDIÇÃO: Publicação: Sociedade Veteranos de 32 - MMDC Endereço: Rua Anita Garibaldi, 25 - 01018-020 - São Paulo - SP Telefone: (11) 3105-8541 E-mail Sociedade: mmdc.32@terra.com.br E-mail para contribuições: veteranos32@gmail.com Site of icial: www.sociedademmdc.com.br Twitter: www.twitter.com/MMDC32 Publicação: 28 de Abril de 2011 Produção executiva: Camila Giudice - Diretora de Comunicação Social Redação: Diversos autores Criação e diagramação: Markus Runk Agradecimentos: A todos nossos colaboradores que possibilitaram a criação deste jornal e o apoio que tivemos de todos nossos amigos. Tiragem: Eletrônico

Você ou um familiar participou da Revolução Constitucionalista de 1932? Perpetue seu feito, conte para nós, que publicaremos no nosso jornal 32 em Movimento. Pode ser uma carta, artigo, foto, poema, livro, quadro, etc. Se tem relevância com a revolução de 32 nós e nosso leitores temos interesse! Entre em contato com nossa redação: veteranos32@gmail.com ou 11 3105 - 8541.


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