GIRLS WHO RIDE MAG #08 (Português)

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GIRLS WHO RIDE #08 I ABR - JUN 16

GRETCHEN BLEILER

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THE cover

photo @Cole Barash

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gretchen bleiler

5 medalhas Winter X-games 1 medalha Jogos Olímpicos Inverno

Gretchen Bleiler é uma veterana do snowboard e uma das melhores snowboarders do mundo. Detentora de uma medalha de prata Olímpica, um título de campeã Mundial de Super Pipe e cinco medalhas nos X-Games, sendo quatro delas de ouro. , Gretchen continua a promover e ultrapassar barreiras no que toca ao reconhecimento das mulheres no desporto. A sua carreira, enquanto snowboarder, também lhe deu uma visão singular no que toca aos efeitos das alterações climáticas no mundo,e é uma activa defensora ambiental e fundadora da ALEX - uma companhia concebida para mudar os hábitos e consciências para criar um mundo mais sustentável e saudável.

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THIS issue #08 Fashion by CAT

06 14 34 52 58 Wave Girls

Gretchen Bleiler

Christin Rose - She Plays, We Win

Fashion by Ericeira Surf & Skate

Ishita Malavaya

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74 92 106 114 118

Diรกrio de Viagem - Peru

Mad Sea

Rita Vieira - Enduro & Trial

Roller Derby - Team Portugal

Nutriรงao por Raquel Neto


EDIT

Este ano a temporada de neve ficou muito aquém do que

Destacamos também o novo projecto das atletas Marta

podiamos esperar. Começou a nevar em Março, e em quan-

Leitão e Rita Durães, duas apaixonadas pelas ondas, que

tidades mínimas e, por isso mesmo, decidimos lançar esta

partilham algumas dicas e histórias para todas (e todos) os

nossa edição de Abril com a temática de neve e Gretchen

que querem levar um estilo de vida mais saudável.

Bleiler, um ícone do snowboard, uma activista no que toca às alterações climáticas e parte integrante da POW (Pro-

Viajamos até ao Perú com o diário Lisa Marques e até à

tect our Winters), para percebermos o que podemos fazer

Madeira com o projecto Mad Sea.

para tentar diminuir a nossa pegada ecológica no planeta e impedir o aquecimento global.

Mas há muito mais para ler e ver nesta edição: roller derby, motas, fotografia, moda e nutrição

Ainda na temática ambiental, falámos com Ishita Malavaya, a primeira surfista profissional da Indía, e cujo projecto Tha

Esperemos que gostem e, como sempre, Keep Riding

Shakra Surf Club, tenta através do surf contribuir para a

Girls!

comunidade e para o planeta.

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Š Pedro Lopes GWR MAG 6 |


Podemos dizer que ao longo dos anos temos tido o privilégio de poder influenciar pessoas a melhorar os seus hábitos de vida. Foi isso que nos serviu de mote! Por que não juntarmos as nossas ideias e experiências e partilhá-las? A saúde é o nosso bem mais precioso, há que preservá-lo no que estiver ao nosso alcance. Para isso perseguimos o ideal de “estar em forma”, de corpo e mente, e encontrámos a máxima para o expressar: “Fit to Live”.

Marta Leitão, atleta de Bodyboard e Jornalista, Rita Durães, surfista e Licenciada em Educação Física GWR MAG 7 |


MARTA Tenho 33 anos, faço bodyboard há 12 anos, comecei a competir em 2007 até hoje e sou também treinadora de bodyboard. Desde sempre que pratiquei vários desportos e gosto essencialmente de me manter activa. Sou jornalista na revista Sport Life há 10 anos, por isso posso dizer que o desporto está sempre presente nos meus dias! Adoro viajar com a minha prancha na mala!

GWR MAG 8| © Vera Azevedo


Tenho 34 anos, sou licenciada em Educação Física e faço surf desde 2011. Cresci no seio de uma família ligada ao desporto e comecei na ginástica aos 3 anos, tendo abandonado aos 30. Sempre trabalhei na área de prescrição de treino e do desenvolvimento pessoal. Sou apaixonada por fotografia e viagens.

RITA GWR MAG 9 |


ONDAS Tudo o que tem a ver com mar e desportos de deslize nas ondas.

TREINO Hábitos de treino e partilha de dicas.

SAUDE As nossas preocupações e as pesquisas que vamos fazendo nestas áreas.

PESSOAS Pessoas que nos inspiram, no mar, no treino e na vida!

a nossa praia Aqui é mesmo a nossa praia, aquelas coisas que nos fazem curtir a vida: viagens, música, moda, livros...

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Š Daniel Fernandes | Rider: Marta GWR MAG 11 |


LANÇAMENTO - DIA DA MULHER

IDEIA

Sendo escrito por duas mulheres, apesar dos conteúdos não serem exclusivos para o público feminino, acreditamos que vamos chegar essencialmente a mulheres que partilham o nosso estilo de vida. Por isso, fez todo o sentido lançar neste dia, foi uma espécie de celebração do ser mulher!

Já ambas tínhamos pensado em ter um blog onde pudéssemos partilhar as nossas experiências e conhecimentos. Apesar de termos muito em comum, somos totalmente diferentes e pareceu-nos uma excelente ideia fazê-lo em conjunto, trazendo assim perspectivas e vivências diferentes. O facto de termos começado a trabalhar juntas fez com que finalmente passássemos das ideias à acção e teve um efeito sinergético!

© Pedro Lopes GWR MAG 12 |


© Margarida Kol de Carvalho | Rider: Rita

OBJECTIVO

COLABORAÇÕES

Queremos transmitir conteúdos interessantes, promovendo a imagem da mulher activa e saudável. E que isso sirva de inspiração para que todas encontrem o seu caminho para estar em forma para a vida, sempre com boa disposição à mistura.

A componente da imagem é para nós muito importante e temos contado com a preciosa ajuda de alguns amigos para a produção de imagens e vídeos. Vamos procurar especialistas das diversas áreas que abordamos para termos sempre conteúdos de qualidade.

http://wavegirls.pt/

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GRETCHEN

BLEILER

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© Cole Barash GWR MAG 15 |


Gretchen Bleiler nasceu a 10 de Abril de 1981, é uma veterana de snowboard e uma das mais reconhecidas snowboarders do mundo. Para além de ser duas vezes atleta olímpica, a Gretehen detém também uma medalha de prata olímpica, um título de campeã mundial de Super Pipe e cinco medalhas nos X-Games, sendo quatro delas de ouro. Os seus patrocionadores incluem a Aspen/Snowmass, ALEX bottle, Bulletproof coffee e a Mission Athlete Care. A sua carreira enquanto snowboarder, deu-lhe também uma visão singular sobre os efeitos das alterações climatéricas no mundo, e é uma activa defensora do ambiente e fundadora da ALEX – uma companhia dedicada a mudar os hábitos e a consciência no sentido de criar um mundo mais sustentável e saudável. © Cole Barash

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© Cole Barash GWR MAG 17 |


Cresceste no Ohio, longe das montanhas e do snow- se de Ohio, no Colorado, e nessa mudança o meu sonho board. Depois mudaste-te para Aspen e entraste no não se esbateu, apenas mudou. mundo do snowboard. O que te motivou a começar Troquei a minha touca de natação por um capacete de este desporto? hóquei e patins e a minha raquete de ténis por umas calças Queria ser atleta olímpica desde os meus 7 anose quando de snowboard. Ironicamente, comecei a fazer snowboard via os Jogos Olímpicos do que gostava mais, independen- muito antes de ser um desporto olímpico e até antes de ser temente de quem ganhava ou não, era que os atletas po- permitido na maioria das estâncias e de ser considerado diam viver as suas vidas com paixão, empenho e disciplina sequer um desporto. No início dos anos 90 o snowboard e por causa disso vivam vidas extraordinárias. E decidi que era um movimento, uma cultura e um modo de estar no era isso que eu queria para a minha vida. Não sabia como mundo. me tornaria uma atleta olimpíca, mas cresci numa família muito activa e o desporto era uma grande parte da nossa Não havia regras ou regulamentação – eram os riders que definiam o que era possível e as manobras que eram vida. criadas. Fazer snowboard era criatividade e sair fora das Eu e os meus irmãos estávamos na equipa de natação, normas da sociedade e ideias sobre o que era possível. jogávamos futebol, softball, basketball e ténis. Tudo o que Igualmente importante era uma comunidade de pessoas se lembrarem, nós faziamos. Também me sentia mais con- que se encorajavam e se apoiavam mutuamente, havia fortável comigo própria quando estava a fazer desporto. uma camaradagem real entre os riders. Por isso, apesar Por isso, o único caminho que conhecia para um dia alca- de na altura entrar em conflito com o meu sonho de me tornar atleta olímpica, também representava valores que nçar o meu sonho era praticar. eu reconhecia e que eram vitais para o meu percurso. Por Correr, nadar, mergulhar o melhor que conseguia, sempre isso, escolhi o snowboard porque representava o modo que conseguia. Não era para ganhar aos outros, mas sim de vida que eu queria levar… assim como ser atleta olímtrabalhar cada dia para me tornar numa versão melhor de pica. Em 1998, quando o snowboard foi introduzido pela mim própria. Quando fiz dez anos, a minha família mudou- primeira vez nos Jogos Olímpicos de Inverno, estas duas

© Cole Barash GWR MAG 18 |


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© Cole Barash

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vertentes juntaram-se e parti na minha caminhada para me tornar uma snowboarder olímpica.

pacidades para a alegria,a criatividade e o sucesso, fosse qual fosse a forma que tomava nas suas vidas.

Qual foi o maior desafio que encontraste quando te ini- Sabemos que és uma activista no que toca às alterações climatéricas e ao ambiente. Quando é que tociaste no snowboard? maste consciência deste enorme problema no nosso O meu maior desafio foi mesmo aprender a competir. A planeta? maior parte das pessoas pensa que é só competir e o “és bom ou não és”. Mas eu descobri que não é bem assim. Depois de ganhar uma medalha de prata nos Jogos OlímTive de aprender a competir. Tive de me engasgar e que- picos de Inverno em 2006, apercebi-me de que teria sembrar sob pressão antes de ficar tão frustrada e perturbada pre uma plataforma e por isso uma responsabilidade de que tive de reflectir no motivo de andar tão bem nos treinos usá-la para o bem. Sendo uma snowboarder profissional, e depois quebrar em competição. Tive de entrar no lado viajei pelo mundo inteiro atrás da neve, ano após ano nos pesicológico da competição e perceber os limites e receios últimos quinze anos. Com esta experiência vi os efeitos que me impediam de estar no meu potencial completo. Isto das alterações climáticas em primeira mão. ajudou a revelar as minhas crenças mais profundas e aspectos sobre mim própria que me ajudaram a ultrapassar Por isso, dicidi que tinha um perfil único para falar sobre este tema de uma forma autêntica e diferente de um cienas coisas que me impediam de progredir. tista ou político, por forma a dar visibilidade e influenciar O que sentes quando fazes snowboard e do que gostas a mudança. Tenho trabalhado com a Protect Our Winters como membro da Rider’s Alliance, assim como sendo mais neste desporto? membro da direcção desde 2009. A POW é uma organiO snowboard sempre me deu uma sensação de liberdade, zação que quer juntar toda a comunidade de desportos de significado e propósito. Durante a maioria da minha vida, Inverno sob uma só bandeira, com uma voz para os Inverfoi um veículo para aprender, crescer e aceder ao meu po- nos, o deporto que adoramos e os lugares selvagens que tencial escondido enquanto que inspirava outros a viverem trouxeram tanto para as nossas vidas. as suas vidas e os seus sonhos e libertarem as suas ca-

© Cole Barash GWR MAG 23 |


© Cole Barash

Podem-se juntar e tornar-se membros em: http://protectourwinters.org/join-pow/

que a minha carreira de competição tinha acabado, pois o meu coração já não estava em na vontade de competir. Pensei em acabar ali, mas quis acabar a minha carreira Em 2014, anunciaste a tua reforma da competição, de- competitiva em casa, em Aspen, no evento que lançou toda pois de 4 medalhas de ouro nos X-games, 1 medalha a minha carreira – os X-Games. de prata olímpica e muitos outros títulos. Como te sentiste ao anunciar isto e o que levou a esta decisão? Anunciar a minha reforma foi uma das decisões mais difíceis que jamais tive que tomar, mas sabia que tinha a corEm 2012, tive uma temporada fantástica e estava a entrar agem para seguir em frente apesar de não saber o que o num nível de snowboard completamente diferente de tudo futuro me reservava. Às vezes, as escolhas mais difíceis o que fizera até então. Nesse Verão, ao treinar no trampo- que fazemos na vida são aquelas em que sabemos que lim para aprender os Doube Cripples, tive um acidente e estamos confortáveis com o que temos feito e sabemos no tive lesões oculares, parti o nariz e sofri um traumatismo nosso coração que temos de seguir em frente. craniano grave. Fui operada e durante muito tempo sofri de visão dupla e de outros sintomas resultantes desse Dar a nós próprios o espaço para fazer isto requer muita traumatismo. coragem e é assustador entrar no desconhecido, mas ao fazê-lo também arranjamos espaço para o que nos estaDepois desse acidente, senti que tinha mudado. De re- mos a tornar. Se a minha carreira de snowboard me ensipente, tinha uma abordagem completamente diferente na nou alguma coisa, foi que há alegria, liberdade e metas no competição. Já não me preocupava em ganhar, só queria desconhecido. voltar ao nível de snowboard que tinha começado a entrar antes do acidente. E este era o meu novo objectivo, voltar O snowboard é e sempre será parte da minha vida. É a ao nível que sabia que era capaz de conseguir. Nas qualifi- minha maneira de continuar a explorar, de me aventurar cações olímpicas finais em Mammoth, CA, aterrei uma run na natureza, para aprender a crescer e para sair da minha durante o treino que me levou a esse nível e com isso senti zona de conforto. Agora simplesmente faço-o mais numa GWR MAG 24 |


© Cole Barash

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© Cole Barash GWR MAG 26 |


splitboard do que num half pipe. Como te sentiste quando ganhaste a tua primeira medalha Olímpica, sendo que sempre sonhaste com isso? Quando o meu sonho de me tornar atleta olímpica se encontrou com a minha paixão pela cultura e estilo de vida do snowboard, soube que era um encontro escrito no céu para mim. Tive de trabalhar muito para conseguir alcançar o meu sonho de ser atleta olímpica. Pelo caminho tive muitos altos e baixos, lesões, vitórias e lições . E por causa de todas estas experiências estava 100% preparada quando cheguei lá. Sempre me senti nervosa ao competir e lembro-me de que uma das minhas maiores preocupações era estar demasiado nervosa para desfrutar da experiência. Como sabia desta minha tendência, decidi que o meu objectivo principal seria desfrutar a experiência olímpica independentemente do que acontecesse. Decidi não me foar em ganhar uma medalha, mas sim em desfrutar de toda a experiência.

sentar o meu país, com todas as pessoas que me ajudaram e um modo de vida tão cheio de significado foi uma das maiores honras da minha vida e uma experiência que vou levar comigo para todo o lado e em tudo o que faço. Qual é a parte mais difícil de ser uma snowboarder professional?

Acho que as pessoas confundem o que significa viver o teu sonho e a tua paixão. Muitas pessoas dizem que se estiveres a fazer o que gostas não terás de trabalhar um único dia na tua vida. Não concordo necessariamente com isso. Quando fazemos o que gostamos trabalhamos um milhão de vezes mais. Porque quando fazemos o que gostamos só nós sabemos as nossas capacidades e somos levados a exigir mais de nós para aprender, melhorar e alcançar esse potencial que sabemos existir dentro de nós. Mas como acreditamos no que estamos a fazer não o sentimos como trabalho. Mas é duro e desafiante! Só nos tornamos bons ao ser desafiados! Todas as vezes que competi, perguntava a mim própria porque me submeDevido a esse objectivo, desfrutei de cada segundo sem tia a esta tortura! Mas depois da competição acabar senqualquer arrependimento e, como resultado, ainda trouxe tia-me sempre bem e estava contente de me ter pressionapara casa uma medalha de prata. Competir no palco do do a ir em frente com a experiência, ter encarado os meus mundo, dropar no half pipe nos Jogos Olímpicos a repre- medos e ver aquilo de que sou feita.

© Cole Barash GWR MAG 27 |


Como vês o panorama de snowboard feminino actualmente, achas que existem mais oportunidades para as raparigas no nossos dias e que o desporto está no caminho certo para a igualdade? A realidade é que há menos oportunidades para os atletas de conseguirem patrocínios em geral, no snowboard, por causa do efeito que as alterações climatéricas estão a produzir na indústria dos desportos de Inverno como um todo (outra razão pela qual os esforços do POW são tão fundamentais neste momento). Vejo as marcas focadas em cada vez menos atletas, o que impulsiona toda a gente a progredir a um passo acelerado e desafiar toda a gente a criar as suas próprias oportunidades. Temos raparigas como a Chloe Kim e a Hailey Langley, que são muito jovens e estão a explodir num nível muito elevado, e depois temos mulheres como a Leanne Pelosi e a Crew Full Moon Project, que tomaram o destino nas suas mãos e criaram o seu cantinho para as mulheres snowboarders ao juntarem fãs e crowdfunding. Penso que nesta fase as mulheres só têm de ser criativas, elevarem o desporto e criar as suas próprias oportunidades em vez de dependerem de uma fonte externa, como uma marca, para o seu sucesso.

estás a escolher uma cultura e um espírito muito valioso no mundo de hoje. Por isso, sê a melhor embaixadora que possas ser! Define as tuas regras, sê criativa, respeita os outros, dança ao som do teu tambor e nunca te esqueças de te divertires todos os dias e desfrutar da viagem para alcançar os teus objectivos. Uma das tuas preocupações sempre foi um estilo de vida saudável. O que fazes para te sentir motivada, saudável e inspirada?

Não é tanto o que faço, mas sim algo que descobri sobre mim própria. Nos X-games de 2013, descobri pela primeira vez na minha vida uma inspiração e um propósito únicos para mim, que me ajudaram a transcender os meus medos e dúvidas e entrar no meu potencial completo, o que me ajudou a ganhar os meus primeiros X-Games, mas mais importante, algo que se tornou uma âncora em tudo o que faço e que é responsável pelo sucesso da minha carreira. Acredito que quando descobrimos o nosso propósito naquilo que estamos a fazer e de como isso ajuda e serve os outros, somos capazes de fazer as coisas sem esforço. O sucesso, as vitórias e as oportunidades são uma roda natural. O snowboard é um veículo para eu aprender, crescer Que conselho darias às raparigas que estão a iniciar-se e descobrir o meu potencial escondido, ao mesmo tempo agora no snowboard e que sonham um dia ser atletas que é divertido e inspira os outros a descobrirem a faísca profissionais? nas suas vidas, seja qual for a sua forma. Aí, não existe lugar para o medo nem para as dúvidas e posso fazer semUm dos meus melhores conselhos será perceberem o mo- pre o melhor que consigo, o que me ajuda a fazer coisas tivo pelo qual querem ser snowboarders profissionais. De- que nunca imaginei. finam o vosso propósito, aquele que vos dá energia para ir praticar e trabalhar, independentemente das condições e Quem é a tua maior inspiração na vida? das circunstâncias e daquilo que estão a sentir. Ser profissional é duro, mas também é uma das experiên- Para mim, a minha mãe é um modelo do comportamento cias mais interessantes. Quando escolhes este caminho, necessário,do que é uma vida extraordinária e também dos

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" danca ´

Define as tuas regas, sê

criativa

ao som do teu tambor e nunca te esqueças de te

divertir

todos os dias e desfrutar da viagem para

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,respeita os outros,

alcançar

"

os teus objectivos.


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riscos que temos de correr para a viver. Depois do divórcio dos meus pais, ela decidiu começar uma nova vida para nós. Teve uma oportunidade de emprego em Aspen,CO, e, sendo mãe solteira levou os seus quatro filhos e o seu laboratório amarelo no seu Toyota Previa, com atrelado atrás, e criou uma nova vida e futuro para nós. Isto exigiu grande coragem e uma visão muito fora do normal. Ninguém conseguia perceber a escolha dela, mas ela sabia que esta era a melhor opção que podia tomar para nós e fê-lo independentemente das suas dúvidas e medos. É por causa disto que eu também fui capaz de tomar um risco e perseguir o meu sonho de ser uma snowboarder olimpíca. Quando terminei o ensino secundário, tive de fazer uma das escolhas mais difíceis da minha vida. Sempre me esforcei muito na escola para ter boas notas e ir para uma boa universidade. Estava numa encruzilhada para fazer o que era esperado de mim ou seguir o meu sonho. Tive de encontrar a coragem para seguir o meu coração e seguir a escolha que sabia ser a acertada para mim. Dei um salto e escolhi o meu sonho de me tornar uma atleta olímpica. Diz-nos uma coisa que não saibamos sobre ti! © Chris Hotell

Faço a minha cama todos os dias. Alguns projectos que estejas envolvida e que queiras partilhar conosco? O meu marido e eu começámos uma empresa chamada ALEX, que significa Always Live Extraordinary. É uma companhia concebida para mudar os hábitos e a consciência a favor de uma vida saudável e mais sustentável e estamos a fazê-lo através de produtos inovadores, eventos, palestras, aulas e advocacia do ambiente. O nosso primeiro produto é a garrafa ALEX, que é feita de aço inoxidável reutilizável e que se desenrosca no meio para a podermos limpar mais facilmente. Faz com que uma vida sustentável seja simples e temos uma variedade de cores para poder ser customizada. Fizemos uma campanha que foi um enorme sucesso e agora podem adquirir a ALEX no nosso site em www.alexbottle.com A nossa cultura na ALEX foi baseada na ideia de tirar algum tempo para aventura e exploração e de descobrir sempre o PORQUÊ que está por trás daquilo que fazemos, uma vida saudável, e escolher a felicidade todos os dias. Estamos a usar a ALEX como veículo para partilhar esta mensagem com o mundo.

© Cole Barash GWR MAG 32 |


always live extraordinary

p: Shea Perkins

ALEX is the first ever stainless steel reusable bottle that unscrews in the middle for easy cleaning, compacts small for storage, and can be customized to fit your style. ALEX is our example of how a single change can create a shift from ordinary to extraordinary. Share your adventures with @alex_bottle and show us how you #AlwaysLiveExtraordinary.

alexbottle.com GWR MAG 33 |


Š Christin Rose | Riders: Sky Brown & Vianez Morales GWR MAG 34 |


photography

she plays we win Entrevista com a fot贸grafa

Christin Rose GWR MAG 35 |


Podes falar-nos um pouco de ti?

longe da minha família e não estava a seguir a minha paixão. Sou espontânea. Adoro arte de todo o tipo. E nada me Tinha de encontrar o meu lugar no mundo e a minha faz mais feliz do que um concerto de country num dia de máquina fotográfica dava-me a mesma satisfação do que sol. Tento ter uma atitude livre e divertida para com a vida os desportos - esta foi uma das grandes razões que moem geral e, claro, a minha fotografia! Sou inspirada por tivou o projecto She Plays We Win. Todas as paixões têm mulheres sem medo, pelo meu estado de Oregon e por um propósito e eu simplesmente tive de perceber qual era viagens (especialmente de barco). O meu namorado (o o meu. Graças ao facto de trabalhar no jornal da escola, fotógrafo River Jordan) e eu passámos a melhor metade pude fotografar jogos de basketball e futebol e a transição de 2015 a viver num barco na Maria Del Rey, vamos de aconteceu de forma bastante rápida. Fiz 30 anos em Fevereiro e posso dizer que na última década me tenho dedcerteza fazer isto outra vez nesta vida. icado à fotografia e tentado ter uma carreira de sucesso Quando decidiste que querias seguir a fotogra- nesta área.

fia como uma carreira?

Para dizer a verdade, tem sido o meu sonho desde que me consigo lembrar! Diria que comecei aos 14 anos quando me deram a minha primeira máquina! Mas foi quando entrei na faculdade e tentava descobrir o meu lugar no mundo que senti o “clique”. É que no liceu praticava 3 desportos, sendo softbal o mais forte e pensei em jogar na faculdade, mas acabei por não o fazer. Por isso, a transição para a Universidade de Oregon foi bastante difícil, foi uma altura de transformação: estava

“ As corridas ensinaram-me a nunca desistir, e que não acaba até a bandeira xadrez ser levantada” Hailee Deegan

© Christin Rose | Rider: Hailee Deegan GWR MAG 36 |


© Christin Rose | Rider: Hailee Deegan

© Christin Rose | Rider: Nora Manger GWR MAG 37 |


Š Christin Rose | Rider: Nora Manger GWR MAG 38 |


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Em que tipo de fotografia estavas envolvida antes deste projecto? A parte divertida é olhar para trás, para as fotografias que tirei há 8 ou 9 anos atrás e quase que poderiam enquadrar-se no meu projecto actual. Depois cai em alguns trabalhos mais comerciais: lifestyle e moda, sempre com foco na felicidade, liberdade e, claro a minha grande paixão, as viagens! Este projecto fez-me perceber que enquanto fotógrafa talvez não tenha de ser um ou outro. Muitas vezes, os artistas são rotulados de “fotógrafo de moda” ou “fotógrafo de desporto” e aprendi com este projecto que se pode trabalhar nas várias áreas e fundir tudo num estilo único. É exactamente isto que quero que as raparigas se lembrem.

“Vais encontrar pessoas que te vão apoiar no skate, e te vão ajudar ao longo do caminho” Nora Manger

"Nunca desistam, mesmo que caiam, levantem-se e continuem “ Vianez Morales

Podes andar de skate ou jogar futebol com os rapazes, e gostar de te aperaltares também! É DEMASIADO COOL! Tento lembrar-me de que na minha carreira às vezes vou para as pistas de terra (como fiz para as imagens da Haille Deegan) e fico toda suja. E no dia seguinte, posso estar vestida a rigor para uma reportagem de moda na praia. Faz tudo parte de mim e da minha história e isso cria o meu próprio valor.

© Christin Rose | Rider: Vianez Morales GWR MAG 40 |


Š Christin Rose | Rider: Vianez Morales GWR MAG 41 |


© Christin Rose | Rider: Kyra Williams

Como surgiu a ideia de fotografar jovens atle- resto veio naturalmente. Este título tocou-me de tal forma que soube exactamente o tipo de imagens que queria e tas e usar a hastag #sheplayswewin? que iriam encaixar-se nesta ideia.

A ideia veio do meu coração. Estava a viajar no último ano com alguns amigos, tinha acabado de mudar-me do barco e sentia que a minha vida estava a entrar noutro capítulo. Durante muito tempo, soube que queria ser a voz das raparigas, falar sobre jovens atletas e mostrar as suas histórias. Só não sabia o que lhe chamar. A parte mais engraçada é que assim que pensei no ‘She Plays We Win’ o

“Sinto-me mais feliz qeunado estou a surfar. Adoro surfar com os rapazes e mostrar-lhes Ique consigo surfar como eles. Dá-me força” Kyra Williams

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Qual a mensagem que esperas partilhar com o #sheplayswewin? É suposto ser simples e inspirador. Significa que ao encorajarmos jovens atletas a praticar desporto terá um efeito duradouro na sua confiança e no que vão fazer para sempre. Acredito de todo o coração no conceito e é por isso que o projecto aponta para celebrar a confiança que os desportos oferecem às jovens atletas, sabendo que tem uma relação directa com o seu futuro à medida que crescem para se tornarem mulheres fortes e independentes. Resumindo, se as raparigas praticarem desporto, o mundo irá beneficiar!

Como encontraste as raparigas para fotografar? No início, tentei arranjar contactos através de organizações. A nível do skate, o maior apoio que recebi foi da Cindy Whitehead e do Girl is Not a 4 Letter Word. Ela acreditou


no projecto mesmo sem eu ter tirado uma única fotografia e tentava através de organizaçoes para arranjar contactos para raparigas. O maior suporte para as raparigas no skate foi a Cindy Whithead da Girls is Not a 4 Letter Word - ela acreditou neste projecto desde o primeiro dia, antes de eu ter sequer tirado uma fotografia e meteu-me em contacto com raparigas de skate e de surf.

“Adoro que a lista de manobras para aprender seja infinita. Podem chamar muitas coisas ao skate, mas aborrecido não é uma delas” Poppy Starr Olsen

Gostava de expandir mais, pois apesar de não andar de skate, a comunidade de skate tem acreditado neste projecto e tem dado um grande impulso para que se tenha concretizado.

Quais as idades que procuras fotografar e Para além disso, tenho tido a ajuda de diferentes equipas porquê? e organizações na Califórnia (simplesmente porque é onde vivo), mas algumas das skaters estavam no estrangeiro, como a Poppy Starr Olsen na Austrália e a Sky Brown no Japão. Olhando mais à frente, estou emocionada com esta missão que se estende ao longo do país e possivelmente do mundo! Já recebi e-mails de raparigas fantásticas, com histórias únicas, desde o Kentucky até à Indonésia. Com a continuação do #sheplayswewin, tenho algumas ideias de expandir a outras localizações e desportos.

Acho que raparigas atletas jovens (o meu foco é entre os 7 e os 14) podem mudar completamente o destino das suas vidas e queria celebrar isso com a minha fotografia. O que me interessa são jovens atletas de todos os tipos. Vejo muitas mulheres fortes na minha pesquisa, mas não as vemos nos media quando toca a raparigas atléticas. Ter a oportunidade de competir desde tenra idade deu-me a confiança para seguir os meus sonhos na vida e não deixar

© Christin Rose | Rider: Kyra Williams GWR MAG 43 |


© Christin Rose | Rider: Poppy Starr Olsen

ninguém dizer-me que não. Ser grande. Ser destemida. Acho que existe uma relação directa na forma como crescemos para ser mulheres confiantes e fantásticas. Tenho lido muito sobre o impacte do desporto na carreira das mulheres de sucesso (90% competiram na juventude). Depois de ter começado a pesquisar, tornou-se claro para mim qual seria o meu foco nesta altura de transformação.

“Adoro que estou sempre feliz quando estou a surfar. Sinto-me com energia e recarregada de positivismo Zoe Benedetto

Tinhas um desporto favorito quando eras criança? Cresci com o meu pai que também era meu treinador de futebol, por isso ainda adoro ir aos jogos e fico sempre nostálgica de quando era criança e o meu pai me treinava. Mas para mim, foi sempre o softball. Adorava o softball de tal forma que foi o que me ensinou a ser dura, continuar a tentar e não ter medo de roubar bases. O meu número era o #11 e até hoje esse número traz-me sorte e relembra-me dos dias de Verão no Oregon.

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Qual foi a melhor parte de trabalhar com estas raparigas? Posso dizer honestamente que me inspiraram todos os dias. As coisas que estas raparigas de 7-14 anos me ensinaram foram fantásticas! Todas elas vêem o mundo de uma maneira única. Deixaram-me experimentar o seu desporto e, apesar de parecer uma tola comparada com elas, todas em encorajaram! Estas raparigas são FORTES e SIMPÁTICAS ao mesmo tempo. Fiquei maravilhada.


© Christin Rose | Rider: Poppy Starr Olsen

© Christin Rose | Rider: Zoe Benedetto GWR MAG 45 |


Porque achas que o #Sheplayswewin é impor- Posso contar as histórias, mostrar as fotos, passar as quotações tudo de forma muito positiva. Um uso positivo tante para as raparigas? dos media cria uma comunidade em todo o mundo. O Em apenas 6 meses, já vi o impacte que é possível. Não poder que detêm é fantástico. são apenas as raparigas das fotografias que inspiram outras, mas durante o processo elas apercebem-se de quão E pontos negativos? forte e de quão incrível é a sua história. Estou a descobrir que os conceitos se cruzam de forma semelhante entre as Ainda não vi muitos pontos negativos, não me vem nada à mente. raparigas e as mulheres.

Quais as mudanças positivas que tens visto As raparigas gostam de ser reconhecidas nos media desde que comçaste este projecto? pelo seu desporto? Os media têm sido maravilhosos a divulgar a história.

“Quero que todas as meninas acreditem em si próprias e nunca desistam”

Clover Caballero

Sim. Trabalharam tanto e deram tanto de si ao seu desporto e agora sentem-se verdadeiramente orgulhosas de ser reconhecidas. Todas as raparigas são diferentes, mas todas adoram! Mostram aos amigos, falam sobre isso, estão a fazer exatamente o que eu pretendia e a conversarem desde tenra idade sobre o quão fiéis são os deportos e as raparigas que os praticam!

Existe algum desporto ou rapariga que ainda não fotografaste mas que gostarias de fazer? Tantas ideias!! Gostava de poder estar constantemente

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© Christin Rose | Rider: Clover Caballero

© Christin Rose | Rider: Clover Caballero GWR MAG 47 |


© Christin Rose | Rider: Sky Brown

a fotografar e a contar as histórias! Estou a tentar fazer fotografias com pólo aquático e logo a seguir algumas de montagem de touros. É super importante que os meus seguidores neste projecto percebam e saibam que isto é um trabalho de paixão e que ainda está no início. Todos os desportos são importantes. Todas as histórias carregam a mesma magia e importância. É por isso que estou a encorajar as raparigas a tirarem fotografias umas das outras e a colocarem nas redes sociais com a #sheplayswewin. Assim e apesar de não as conseguir fotografar devido à distância, , a sua história vai ser vista e podemos começar a conversar. Podem saber mais sobre o movimento aqui: https://vimeo. com/153794547

Ficaste surpreendida com todo o interesse neste projecto? A única coisa que foi inesperada foi o apoio de mulheres mais velhas. Recebi e-mails de mulheres nos seus 60, a contarem-me como ficaram emocionadas com o projecto. Isso foi fantástico e abriu-me os olhos para outro aspecto: estas mulheres são oresultado de She Plays We Win, GWR MAG 48 |

“Posso ser pequena, mas quando estou a andar de skate, posso ser eu, e sinto-me livre e ninguém me pode parar”

Sky Brown


numa altura que era ainda mais difícil para as mulheres competirem no desporto. Espero encontrar uma forma especial de contar as suas histórias também.

Algumas palavras positivas para as nossas leitoras?

Sempre esteve na minha mente fazer algo deste género. Sempre quis dar mais, especialmente a jovens raparigas Para além disso, sinto-me privilegiada por ter tanto apoio , independentemente das suas circunstâncias. Ao longo dos tanto de pessoas como de organizações.A minha rede de anos, tenho procurado a forma certa de ajudar e de inspimulheres fortes quadriplicou desde que comecei o SPWW rar com as minhas fotografias. E para ser honesta, no dia e só isso fez com que valesse a pena. A comunidade é em que comecei a fotografar estas raparigas e a pergunmuito importante. tar-lhes por que motivo os desportos são importantes foi também quando me encontrei a mim própria.

Alguma coisa que queiras partilhar sobre o fuA inspiração veio de ter finalmente confiado no meu turo do #sheplayswewin? Estou muito emocionada por ter o site do SPWW on line. É um espaço onde se contam histórias de todo o mundo e onde se fala de raparigas que ainda não conheci pessoalmente. É nisso que vou estar a trabalhar nos próximos meses. Também estou a estabelecer uma parceria com a Under Armour para criar uma linha de roupa para a marca. Estou realmente curiosa para ver o que vem aí!

coração. Parei de tentar fotografar para os outros e comecei a fazê-lo do fundo do meu coração, escolhendo um tema no qual acredito de corpo e alma. Se tiverem um sonho ou uma ideia, por favor comecem-na! Atirem-se a ela! Este projecto provou que se o fizerem com o coração, se continuarem a insistir e, tal como estas raparigas dizem, se acreditarem em vós próprios, tudo pode acontecer.

© Christin Rose | Rider: Sky Brown GWR MAG 49 |


Š Christin Rose | Rider: Sky Brown GWR MAG 50 |


O sonho de Christin Rose Que o #sheplayswewin se torne um movimento social. Um movimento que se estenda a todas as jovens mulheres, independentemente do desporto que pratiquem, de onde vivem ou das circunstâncias que as rodeiam. Isto está a começar e mal posso esperar por conhecer raparigas de todo o mundo. Acredito que as lições que elas aprendem através dos desportos serão algo que as acompanhará para sempre. Acredito na confiança. Acredito que elas são importantes, que as histórias delas são importantes.. Que são pessoas talentosas, espertas e que podem fazer tudo o que quiserem. Ao praticarem desporto, as raparigas ao praticarem desporto ganham exactamente essa confiança, essa “fé”. Quando lhes pergunto o que o desporto lhes ensinou imediatamente respondem trabalho de equipa, amizade, motivação para continuar a tentar e espírito de liderança. O que quero que as raparigas saibam sobre o SPWW:
 Se vives noutro estado e não te consigo fotografar neste momento, pede a um amigo ou a um membro da família que te fotografe a fazer o desporto que adoras! Coloca essa foto nas redes sociais e responde a uma destas questões: O que te ensinou o desporto? Como te sentes depois de praticar? Qual o melhor conselho para as raparigas mais novas que tu? Por que adoras o desporto que praticas? Quem é a tua inspiração? Por isso, vamos começar a conversar. Um movimento que se pode estender a jovens raparigas de todo o mundo e a todos os desportos.. Metam uma foto vossa e do desporto que adoram! Hastag #sheplayswewin e contem a vossa história! O que quero que as pessoas saibam sobre o SPWW: É inteiramente sobre o espírito de participar em desportos enquanto jovem e o poder que isso nos traz. Quero que todos os desportos sejam incluídos e todas as raparigas com o seu estilo e histórias únicas. Todas importam!! A minha ideia é criar mais imagens como estas e que mais raparigas possam ter mais fotos e posts deste tipo. Inevitavelmente, vai aumentar a auto-estima e a individualidade de cada rapariga. Ser uma jovem mulher na sociedade de hoje é duro, vemos constantemente muitas imagens sobre o que significa ser bonita e, francamente, precisamos de ver mais desportos, mais força, mais raparigas duras que possam andar com os rapazes e com o seu próprio estilo. GWR MAG 51 |


REFRESCA-TE ĂŠ o lookbook de primavera da Ericeira Surf & Skate

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fashion

Sobre a Ericeira Surf & Skate A Ericeira Surf & Skate nasceu em outubro de 1996, com a abertura da primeira loja, no centro da Vila. Ao longo do seu percurso, a marca tem-se esforçado por transmitir o conceito de harmonia entre a natureza e o meio urbano, com inspiração na dinâmica e estilo de vida do Surf, Skate e Snowboard.

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malaviya Ishita Malaviya nasceu em Bombay (Mumbai) e sempre adorou a natureza desde miúda. Quando acabou o ensino secundário, ela queria desesperadamente mudar-se para um local mais pequeno, mais verde e mais pacífico.

nianos que viviam em Ashram, apenas a uma hora de distância. Ambos ficaram emocionados com a possibilidade de surfar na Índia e perguntaram se eles os podiam ensinar. Perante o entusiasmo de ver os locais a quererem aprender surf, não demorou muito até Ishita apanhar a sua primeira onda – “ainda me lembro como me senti quando apanhei a minha primeira onda. Estive a sorrir o tempo todo até chegar à costa e todo o caminho de regresso da praia. Soube ali que iria surfar o resto da minha vida”

Ao crescer, sempre sonhou em aprender a surfar, mas assumiu que não existem ondas na Índia, e que teria de viajar para fora, para o poder fazer. Em 2007, mudou-se de Mumbai para uma pequena universidade na cidade de Manipal, para continuar os seus estudos superiores. Foi aqui que com o seu namorado Tushar, conheceram um estudante de intercâmbio alemão que tinha vindo Ishita tem surfado desde essa data e tornou-se a pripara a Índia com uma prancha de surf. meira surfista profissional na Índia, inspirando outras E através dele conheceram alguns surfistas califor- raparigas na Indía e em todo o mundo.

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Porque é que fazes surf? Como é que o surf mudou a vezes sem conta para aprender. O meu sonho era, um dia, tua vida? conhecer e partilhar ondas com outras mulheres surfistas no meu país. Foi preciso muita paciência e dedicação ao O que eu adoro mais no surf é que me faz sentir novamente longo dos anos para ganhar força mental e fisicamente e como uma criança. Sinto que enquanto mulher na Índia, ganhar o meu lugar num mundo dominado pelos homens. às vezes és forçada a crescer cedo demais. O surf trouxe aquele elemento de brincadeira à minha vida e dá-me uma À parte disso, deparei-me com muitas críticas relativamente sensação de liberdade que nem sabia que estava à procu- à cor da minha pele. Pele branca é considerado o vértice ra, mas que precisava desesperadamente. Encorajo toda a da beleza e a pele escura não, pois as celebridades congente a surfar, pelo seu potencial de trazer alegria e cura tinuam a patrocinar cremes para embranquecer a pele nos media Indianos. Como ficava cada vez mais bronzeada, ao desenvolver uma ligação profunda com o oceano. amigos e professores na universidade faziam comentáriUma coisa é certa. O surf mudou a minha perspectiva de os como “oh Ishita, estás tão escura. Parece que saíste vida e ajudou-me a definir as minhas prioridades. Quería- de uma fábrica de carvão”. Estes comentários negativos mos viver o sonho dos surfistas e decidimos começar a eram difíceis ao início, mas sempre adorei a cor da minha nossa escola de surf chamada “Shaka Surf Club”. pele, por isso resolvi ignorar. Mas sei que isto é um grande constrangimento que impede outras mulheres na Índia de Sendo mulher na Índia, tiveste muitos problemas por começarem a surfar, pois têm receio de ser consideradas começar a surfar? indignas para um trabalho ou para casar. Durante muito tempo fui a única mulher na água. Quando comecei a surfar era muito fraca e lutava para conseguir apanhar ondas. Os rapazes naturalmente tinham mais força e remavam agressivamente, por isso foi muito intimidante ao início. Não tinha treinador nem outras mulheres para observar e aprender. Por isso via vídeos de surf online

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Ser a primeira mulher surfista na Índia , não tem sido fácil. Ao fazer algo tão fora do normal, tive que forjar o meu caminho e tem sido uma montanha-russa emocional. Como uma surfista jovem profissional, procurar patrocínio foi difícil, pois não se falava de surf na Índia. Durante três anos, representei uma marca internacional de surf


para mulheres, mas acabei por ser vítima de um contrato unilateral. A marca na Índia não via potencial para suportar o meu surf, e insultavam-me dizendo que eu era uma zé-ninguém e até ameaçaram processar-me. Foi um período muito desafiante para mim. Era jovem e ingénua, mas aprendi muito e saí mais forte dessa experiência. Como ultrapassaste os teus medos de surfar? Tenho sempre algum medo quando estou no oceano. Mas acho que um pouco de medo é saudável, porque me mantem humilde e alerta. No entanto, é importante não te deixares submergir no medo. Sempre que estou em condições de surf assustadoras, tiro um bocadinho para me visualizar na onda de forma perfeita do início ao fim, Ajuda-me a acalmar e a acreditar em mim própria. Depois são dois segundos de coragem para me comprometer e atirar-me à onda Que lições aprendeste do Oceano? O Oceano é o meu playground sagrado. Vou para o Oceano para o silêncio, solidão e reflexão. As maiores lições que aprendi do Oceano foram ser humilde, paciente, e aprender a ir com a corrente.

É no mar que dou conta que eu e as minhas preocupações são muito pequenas. Passar tempo no oceano traz à superfície todas as minhas fraquezas e os meus pontos fortes. Ensinou-me a aceitar-me a mim própria, a render-me ao divino e a agradecer por estar aqui agora e a celebrar a dança da vida. Continuar a remar, mesmo que signifique encarar a derrota de vez em quando, porque sei que outra onda virá. Porque é que começaste o Shaka Surf Club? Como foi o processo de fundar uma escola de surf e como é que os teus pais reagiram a esta decisão? Assim que apanhámos as primeiras ondas eu e Tushar soubémos que iriamos surfar para o resto das nossas vidas. Estávamos em 2007 e era o meu primeiro ano na universidade, atrás de uma licenciatura em Jornalismo, enquanto Tushar estudava arquitectura. Foi instantâneo, de repente tudo mudou e a nossa vida começou a andar à volta do surf. Os nossos pais não ficaram muito contentes com isso. Naturalmente queriam que nos focássemos nos estudos e não desperdicássemos tempo na praia. Apesar de nunca nos impedirem de surfar, sempre se recusaram a comprar-nos uma prancha. Inicialmente, não conseguiam entender que surfar era mais do que uma actividade, que um desporto. Era um estilo de vida. GWR MAG 61 |


Surfer women of Kodi Bengre GWR MAG 62 |


No Verão de 2007, decidimos comprar uma prancha. O preço de uma prancha em segunda mão era cerca de 150 USD. Como estudantes do primeiro ano de faculdade não tinhamos qualquer rendimento e isto era caríssimo para nós. Mas estávamos determinados e vendemos tudo o que não precisávamos – itens variados como máquinas de costura, máquinas de abdominais – e fazíamos negócios a trazer sapatos de Bombay que vendiamos aos nossos amigos na universidade. Eventualmente conseguimos juntar dinheiro para comprar a nossa primeira prancha de surf. Estávamos super emocionados. Partilhámos essa prancha de surf durante os nossos primeiros dois anos de surf. Conforme continuávamos a surfar queríamos partilhar a magia do surf com outros, por isso nasceu a ideia do Shaka Surf Club. O objectivo era levar mais pessoas para a água e eliminar medos ao iniciá-los nas alegrias do surf! Percebemos que iriamos precisar de mais pranchas e por isso começámos uma página da Facebook a anunciar as aulas de surf, e rapidamente tinhamos surfistas e viajantes de todo o mundo a contactarnos para vir surfar á Índia . Nessa altura ainda estávamos a estudar, por isso guiávamos até à praia e dávamos aulas de surf apenas aos domingos. Depois de três anos a acordar cedo para apanhar ondas antes de ir para as aulas, e de passar todos os fins de semana na praia, não conseguíamos sequer imaginar

voltar à cidade. Depois de acabarmos o curso, decidimos que queríamos seguir o caminho do surf. Assim, o que começou como uns estudantes a dar aulas aos amigos, eventualmente evoluiu para a primeira escola de surf na Índia . O passo seguinte, era procurar uma localização física onde pudessemos ter as pranchas na praia. Nessa altura os pescadores na vila onde costumávamos surfar, tinham construído uma ligação forte connosco, pois tínhamos começado a levar os seus filhos para surfar também. Por isso indicaram-nos um bar abandonado que estava completamente destruído e que ninguém usava há mais de uma década. Não tínhamos dinheiro para alugar este espaço, mas vimos potencial. Perguntámos ao senhorio se nos deixava arranjar o local e pagar 6 meses de renda, apenas passado 6 meses: felizmente ele concordou! Por isso eu, Tushar, o seu irmão e todas as crianças da vila começámos a arranjar o espaço por nós próprios – tudo desde pintar, serrar, limpar. Desde aí, o Shaka Surf Club tem crescido de forma orgânica e transformou-se numa comunidade segura, onde os locais podem interagir com os visitantes de todo o mundo. Também temos um lugar para estudantes, no nosso surf spot na vila piscatória de Kodi Bengre, o nosso Surf Camp, Camp Namaloha (Namaste + Aloha) é o primeiro do género na Índia . O Camp Namaloha dá para o rio de um lado e

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“Vão sempre haver momentos que vais duvidar de ti própria, e pode parecer mais fácil desistir e seguir o caminho convencional. Nesse momento é importante teres consciencia de deixar a tua fé ser maior que os teus medos e acreditar no poder dos teus sonhos.”

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Š Ming Nomchong GWR MAG 65 |


para o mar do outro, e é um espaço onde os estudantes podem relaxar entre aulas de surf. A nossa escola de surf não está localizada numa área turística, no entanto os nossos vizinhos da aldeia próxima têm-nos dado muito suporte, e preparam refeições caseiras para os nossos estudantes que estão no surfcamp. Todas as pessoas do mundo são bem vindas para virem partilhar ondas connosco no nosso cantinho especial.

os nossos pais não podiam estar mais orgulhosos, pois viram-nos trabalhar e construir o nosso sonho do zero. Desde aí, levamos os nossos pais a surfar e também eles se apaixonaram e perceberam porque significa tanto para nós.

Também tem sido um desafio balancear o trabalho e a vida enquanto casal. Gerir um negócio 24 horas às vezes tem efeitos secundários na nossa relação. Na altura também Qual foi o maior desafio de começar o Shaka Surf Club? não falávamos o idioma local, e o nosso único meio de comunicação era sorrisos e shakas, por isso tem sido mesmo Acho que o maior desafio inicialmente foi não ter suporte fantástico testemunhar o bem que pode vir por simplesfinanceiro dos nossos pais. Nenhuma das nossas famílias mente partilharmos a nossa paixão pelo surf. vem de um histórico de negócios por isso não tinhamos ninguém para nos dar conselhos, sobre como começar o Qual foi o teu momento favorito ao dar aulas no Shaka nosso negócio. Eles pensaram que era um grande risco Surf Club? e preferiam que tivessemos trabalhado durante uns anos antes de começarmos a escola de surf. Por isso desde o Nos últimos seis anos, temos vivido do surf nesta vila e dia em que comprámos a nossa primeira prancha, tivémos tornou-se a nossa segunda casa. Ao longo dos anos tenque descobrir as coisas todas por nós próprios. ho tentado trazer as raparigas locais para a àgua, mas é As pranchas de surf são muito caras, pois precisam de ser muito difícil motivá-las, por causa da pressão social das importadas. Durante os primeiros três anos, não tivemos suas famílias. Recentemente organizámos uma visualum ordenado. Todo o dinheiro que ganhávamos das aulas ização do documentário “Beyond the Surface” no Shakra de surf, iam para o nosso negócio. Estávamos contentes Surf Club e todas as raparigas, as suas mães e avós viapenas por nos conseguirmos sustentar. Acho que agora eram ver o filme. Todas sairam extremamente inspiradas

Ishita teaching local girl Tejaswini how to surf GWR MAG 66 |


The Shaka Surf Club Camp Namaloha

e foi fantástico porque no dia seguinte tinhamos a nossa primeira avó da vila a vir surfar connosco! Sulochane Akka tem 65 anos e é uma mulher radical! Sempre viveu junto ao mar, mas nunca tinha entrado no oceano. Assim que viu o filme disse-me que queria ir surfar. O seu marido estava apreensivo por ela entrar dentro de água, e dizia que ela não tinha as roupas adequadas para usar. Mas ela só precisava de um pouco de apoio e assim que lhe dei a mão, ela começou a saltar e sem olhar para trás começámos a andar para a praia. Ela tinha aquele olhar nos olhos, com tanto entusiasmo! Na Índia, o Oceano é considerado um lugar para os homens. As mulheres ficam em casa, enquanto os pescadores vão para o mar. Por isso foi incrível assistir ao seu sorriso enquanto saltitava nas ondas. Era a face de uma mulher a reclamar a sua liberdade, a sua infância e a conectar-se ao seu espírito selvagem. Tornou-se um membro regular da nossa crew e vê-la surfar inspirou outras raparigas para começarem a surfar também. Sinto-me tão abençoada por poder partilhar as alegrias de estar no Oceano com outras mulheres! Isto é um sinal de que uma grande mudança já está a acontecer! Descreve-nos o teu momento favorito a surfar Tem havido tantos momentos mágicos, mas tenho de re-

duzir ao meu favorito às primeiras vezes que eu e Tushar começámos a surfar. Acho que tivemos sorte de experimentar o surf antes de se tornar popular. Lembro-me de termos ficado maravilhados com o facto de se poder surfar na Índia. Durante os primeiros dois anos em que partilhámos a nossa prancha de surf. Com ondas ou sem ondas, estávamos na praia todos os domingos sem falta, a surfar desde o amanhecer ao pôr do sol. Não tinhamos saco para a prancha, por isso colocávamos a prancha em dois sacos-cama e atávamos com corda. Depois tinhamos de transportar a prancha no autocarro bem cedo para chegarmos ao nosso spot, que ficava a uma hora de distância. Às vezes, passavam cinco ou seis autocarros que recusavam levar-nos. Eventualmente tornámo-nos muito bons a levar a prancha no autocarro. Depois de estarmos na praia os sacos cama convertiam-se numa tenda, usando as madeiras à deriva na praia. Depois íamos surfar à vez, e íamos observando e apoiando ou corrigindo os movimentos um do outro. Nessa altura não havia lojas de surf na Índia. Nem sequer calções de banho para mulheres! No meio das sessões, deitávamos-nos na costa e sonhávamos com o dia em que cada um de nós teria uma prancha e imaginávamos-nos como surfistas profissionais, a surfar as melhores ondas do mundo. Fez-nos perceber o quão pouco precisávamos para ser GWR MAG 67 |


felizes. Foi uma altura muito especial que experienciámos e que não trocávamos por nada no mundo

fita-cola e a resina que os pescadores utilizam nos seus barcos.

Também os dias em que levei os meus pais e o meu cão Marley a surfar são alguns dos melhores momentos e memórias que tenho do surf

Apesar do surf ainda estar nos primeiros passos aqui, estamos a testemunhar o nascimento de uma indústria de surf. Agora existem escolas de surf em quase toda a costa, alguns shapers locais a fazerem pranchas com materiais locais e competições de surf anuais. As primeiras competições em que entrei, nem tinham uma categoria para mulheres, e simplesmente competia com os homens. Com toda a visibilidade que o surf tem tido nos últimos anos, agora não só temos uma categoria feminina, mas os próprios pais estao a colocar os seus filhos em escolas de surf para poderem competir. Por isso houve uma mudança radical na atitude das pessoas para com o surf.

Como está o surf na Índia neste momento? Quando comecei a surfar em 2007, podiamos pesquisar “surf na Índia” e não aparecia nada! Eram tão poucos os surfistas na Índia que podíamos contá-los pelos dedos das mãos. Mesmo agora, ainda somos uma comunidade relativamente pequena.. Somos uma tribo de uma centena de surfistas, espalhados entre a costa este e oeste, mas é o nosso amor pelo oceano que nos aproxima. Somos uma família de primeira geração de surfistas, que felizmente tivemos a oportunidade de levar os nossos pais a apanhar as suas primeiras ondas. Todos começámos de forma simples, e todos nós temos uma história única para contar sobre a nossa primeira vez, desde a auto aprendizagem até surfar com pranchas abandonadas por turistas, até arranjar tábuas partidas com GWR MAG 68 |

Com cada vez mais pessoas a começarem a surfar, apenas espero que o espirito do ALoha e da irmandade nunca se perca e as pessoas continuam a apoiar-se dentro e fora de água. Acho que o surf pode ter um impacto muito positivo na Índia. Gosto de imaginar que um dia vão existir milhares de surfistas no país, de diferentes classes sociais, todos a trabalhar de forma apaixonada para um objectivo comum - limpar a nossa costa!


Já surfaste noutras partes do mundo? Qual o teu local favorito para surfar, e onde gostarias de ir no futuro? Até agora surfei no Sri Lanka, Masia, Califórnia, Nova York, e na Austrália (Sunset Coast). A comunidade internacional de surf tem me recebido de forma calorosa e tenho tido a sorte de durante as minhas viagens ficar na casa de amigos, que são como família. Inventámos um termo para este tipo de amizade “Purana Ohana” - conhece um velho amigo pela primeira vez. “Purana” em hindu significa “velho” e “Ohana” em havaiano significa família. É dificil escolher um local favorito, pois todos os locais foram mágicos. Mas surfar com tartarugas nas águas cristalinas do Havai foI decididamente um ritual de passagem. Bem, o sonho é surfar em todo o mundo! Mas espero no futuro próximo ter a possibilidade de ir à Indonésia, Japão, Jamaica, México e Perú. Quais os melhores spots para surfar na Índia? O meu spot em Kodi Bengre, Varkala, Mahabalipuram, Covelong Point, Ilhas Andaman.

destinos de surf incríveis e melhorar o meu surf. E objectivos para o Shaka Surf Club para este e os próximos anos? O Shaka Surf Club é uma escola de surf, mas também um clube de surf local para os filhos dos pescadores na vila. O nosso objectivo principal é apresentar as alegrias do surf e meter mais pessoas na água. Não existe praticamente nenhuma cultura de praia na Índia. A maioria das pessoas vivem com medo do mar e mesmo que vão à praia, não entram na água pois não sabem como interagir com o oceano. O surf é o link que falta! Com a combinação de aulas de surf e educação para segurança na água, esperamos desmistificar medos e ajudar as pessoas a desenvolver uma ligação com o mar. Mais à frente, surfar pode ser dispendioso e pode ter tendência a tornar-se exclusivo. Conhecendo esta dificuldade, não queremos que os locais percam a oportunidade de surfar por causa da situação financeira. Assim, a nossa escola de surf suporta aulas de surf gratuitas para os miúdos da vila.

Agora estamos mais focados em desenvolver um modelo social e de surf sustentável, que dê a toda a gente uma Alguns planos para o futuro que queiras partilhar? oportunidade de aprender a surfar, mas que também Neste momento, estou quase a conseguir um novo patro- ofereça uma plataforma para “dar de volta” à comunidade cinador. Por isso estou muito emocionada com o futuro e local, com a partilha de conhecimentos em cada especialespero que isto me dê a oportunidade de viajar mais para idade.

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Recentemente comçamos um “Nippers program” (*nippers são pequenos e jovens surfistas) na escola local e em parceria com a RLSS e a AUSTSWIM, onde treinamos cerca de 40 estudantes nas áreas da natação, surf e salvamento. O objectivo é ensinar as crianças locais para se tornarem nadadores-salvadores num esforço para reduzir o número de mortes na área.

Como é que ser a primeira surfista profissional da Índia mudou a tua vida?

Enquanto crescia, nunca nos meus sonhos imaginei que um dia ia ser reconhecida como a primeira mulher surfista da Índia! É estranho e surreal, mas estou muito contente com o rumo que a minha vida tomou. O surf abriu um mundo novo de possibilidades para mim, que eu nunca teria Esperamos continuar este programa enquanto conse- imaginado. A comunidade de surf internacional tem-me guirmos. Também estamos a trabalhar num programa de apoiado muito e abriu-me os braços. O surf permitiu-me voluntariado, onde convidamos todos os surfistas e tra- viajar por todo o mundo e conhecer algumas das pesbalharem conosco na escola de surf, e fazer voluntariado soas mais fantásticas que me inspiram a viver uma vida na escola governamental com workshops de arte, música, saudável e positiva. Mais do que surfar, deu-me a oportunidade de retribuir à comunidade. Sinto que agora tenho uma dança, yoga, skateboard, etc. responsabilidade de ser um modelo de inspiração positiva No futuro, esperamos ter um Shaka Surf Club em toda a para outras raparigas no país, de dar força às mulheres costa da Índia, baseados num modelo similar, que é ter um para que não se sintam coagidas pelos seus medos e se local com pessoas que pensam da mesma forma, e onde atrevam a seguir os seus sonhos. podemos partilhar o amor pelo oceano e contribuir para a Ao mesmo tempo, criar uma escola de surf numa vila piscomunidade local de uma forma positiva. catória local, deu-me a oportunidade de criar alguma visibTudo é possível! Acreditem nas possibilidades infinitas do ilidade para as preocupações ambientais e contribuir para universo e na magia dos vossos sonhos. Quando escolhem um desenvolvimento sustentável na área. Sinto que sou alegria e paixão, em detrimento da segurança, convidas a pessoalmente capaz de criar mais impacto ao fazer o que abundância para a tua vida, e para aqueles que te rodeiam. faço. Envolver-me com a comunidade de raiz o que nao seria capaz de fazer se tivesse um trabalho se secretária.

© Crystal Thornburg-Homcy GWR MAG 70 |


© Parizad D

© Ishita Malaviya Tushar Pathiyan Co-Founders of The Shaka Surf Club GWR MAG 71 |


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Tornaste-te a primeira surfista profissional na India, licenciaste-te em jornalismo, começaste uma escola de surf, já fizeste parte de vários documentários.. Que conselho darias ás mulheres, na Índia e em todo o mundo, para ultrapassarem os desafios na sua vida? Como alguém que adora o que faz, sei que não é fácil andar contra a corrente. Sinto que vão sempre haver pessoas a dizer-te o que podes ou não podes fazer. É uma decisão tua, seguir o coração e fazer o que achas melhor e dar significado à tua vida. Vão sempre haver momentos que vais duvidar de ti própria, e pode parecer mais fácil desistir e seguir o caminho convencional. Nesse momento é importante teres consciencia de deixar a tua fé ser maior que os teus medos e acreditar no poder dos teus sonhos. Dá-te com pessoas que partilhem o teu sonho e trazem positivismo à tua vida. Faz o que fizer a tua alma feliz. O sucesso irá chegar naturalmente. Aponta para uma vida cheia de experiências.Às vezes o mais pequeno passo na direcção certa, acaba por ser o maior passo da tua vida. Anda em bicos de pés se precisares, mas dá esse passo.

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diario de viagem peru

por Lisa Marques

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[ Salar de Uyuni ] GWR MAG 75 |


Desde criança me interrogo de onde viemos e acredito que estudando as civilizações antigas podemos descobrir para onde vamos. As pirâmides, os moais, os vimanas, as lendas da Atlântida, Lemúria e Mu aguçam-me a curiosidade e a vontade de conhecer estes berços e histórias da civilização humana. Como qualquer outra viagem esta foi uma busca interior, um desafio que impus a mim mesma, vinda de uma necessidade de saber mais. Não é fácil decidir partir sozinha rumo ao desconhecido, fi-lo por falta de alternativa. A certeza era de que queria ir e a falta de companhia não me deteve de continuar. Viajar sozinho é permitirmo-nos encontrar com outras pessoas. O plano de viagem nunca esteve definido, apenas alguns destinos “canot miss” anotados no caderno de viagem e umas quantas missões parvas, do estilo “tirar uma foto com uma preguiça”. Queria sentir-me nos lugares e partir com o vento, para onde quer que me levasse. A saída de Lima foi o pontapé de arranque da minha viagem de quase 2 meses no Peru. Segui para Paracas, uma pequena vila com um cheiro a maresia intenso e consagrada Reserva Nacional com uma biodiversidade impressionante. Focas, leões marinhos, gaivotas, pinguins, pelicanos, guanays, zarcitos, churretes, e mais um sem número de animais marinhos que desconheço o nome, todos prosperam sem predadores naquele pequeno arquipélago das Ilhas Ballestas. É uma região deslumbrante, tanto as ilhas, como os quilómetros infinitos de deserto e as praias solitárias do sul com diferentes características. Senti-me em casa em Paracas, com a brisa do mar a reconfortar-me a alma e a dar-me coragem para continuar a caminhada. Parti para Nazca para avistar as linhas no deserto, e daí para a histórica Arequipa, antiga capital do Peru, onde fiquei um par de dias. Seguiu-se Puno, onde a ambição era percorrer o Lago Titicaca na manhã seguinte. Por isso, comprei um tour assim que cheguei à estação. O lago encontra-se a quase 4.000m de altitude, sendo o segundo mais alto do mundo. Alberga várias ilhas, as mais populares são as ilhas flutuantes dos Uros, feitas com uma espécie de juncos chamados totoras. Foram construídas pelo povo Aymara, que decidiu fugir nos seus barcos e canoas aquando da invasão espanhola, para não ter de se converter ao cristianismo. Passados alguns anos a viver em barcos, os Uros perceberam que seria possível erguer sobre as águas uma plataforma feita com blocos de raiz de totora e paus de eucalipto. As camadas de totora colocadas por cima davam-lhe consistência GWR MAG 76 |

e solidez. Assim nasceram as ilhas flutuantes, que hoje em dia são a principal atracção de Puno e do lago Titicaca. O tour oferecia também a visita à ilha Taquille, um pouco mais adiante, onde a panorâmica elevada revela um cenário idílico, silencioso e de pura paz. Mas a escadaria até ao miradouro é infinita. O ar rarefeito deixa qualquer forasteiro a desejar uma garrafa de oxigénio. Peru para um lado, Bolívia para outro e uma imensidão de água de 8.300 km2. Ir à Bolivia nunca esteve nos meus planos mas, ali num horizonte tão próximo, percebi que não fazia sentido voltar para trás e segui para Copacabana. O hostel na Ilha do Sol, já no Titicaca boliviano, era o mais barato da ilha, mas o que eu não sabia era que seria também o mais elevado, a 40 minutos de caminhada íngreme em velhos trilhos incas, carregando os 20kg da mochila às costas, a uma altitude de 3.800m! E em caminhada gringa, quanto demora? Na verdade não queria ouvir a resposta. Pensei várias vezes em desistir, o corpo impunha-se de uma maneira que me era desconhecida. O coração queria saltar pela boca de tão descompassado que estava. As costelas pareciam ter encolhido e esmagado os pulmões dentro. Pedi burros, pedi lamas, mas a menina que me serviu de guia não tinha telemóvel para os solicitar. Foi, sem dúvida, um dos maiores desafios da minha vida,


[ Paracas - Reserva Natural ]

[ Titikaka ] GWR MAG 77 |


[ Titikaka ]

[ Titikaka - Ilha do Sol ] GWR MAG 78 |


mas ganhando persistência cheguei ao topo, onde a panorâmica era deslumbrante e o sentimento de paz era reconfortante. Não consegui parar de rir, quando finalmente me atirei para a cama! A missão estava cumprida! Parti para La Paz duas noites depois, onde as temperaturas oscilavam bastante da noite para o dia, por ficar num vale rodeado pelas cordilheiras andinas. Á primeira vista parece uma cidade em construção. Os edifícios apenas em tijolo fazem com que as panorâmicas da cidade ganhem um tom laranja esmorecido.

senta um calendário, não integralmente decifrado, mas dividido em 45 semanas, onde os três mundos de Viracocha e os seus 3 totems aparecem representados. O mundo dos deuses, representado pelo Condor, o mundo dos homens, representado pelo Puma, e o mundo inferior, representado pela Serpente. Acreditavam que esta trilogia mantinha contacto com os diferentes mundos. O Condor por ser a única ave a voar até aos 7.000m e falar com os deuses, o Puma por representar a força e capacidade humana em todo o seu esplendor, e a Serpente por viver debaixo da terra e estabelecer contacto com os defuntos. São ainda a base de toda a iconografia andina.

Queria viajar para Oruro no dia seguinte, a 12 horas de viagem para sudoeste a partir de La Paz, para visitar o maior deserto de al do mundo! Mas esta viagem revelou-se um verdadeiro pesadelo. Quando o trajecto é de muitas horas, o melhor é fazer uma travessia nocturna porque, para além de poupar uma noite num hostel, podia aproveitar o dia Lendas dizem que após sair da ilha do Sol, o deus Vi- para visitar algum lugar. Mas neste dia os planos sairam furacocha foi para Tiwanaku, onde esculpiu todas as raças rados e a noite em “andamento” revelou-se uma tormenta. humanas que queria criar. A verdade é que num dos tem- A diferença entre transportes públicos peruanos e boliviaplos subterrâneos deste local arqueológico aparecem 175 nos é abismal. cabeças distintas. Um cheiro a urina inebriou-me o espírito assim que pus o A porta do Sol, um dos ex-libris do sítio arqueológico, repre- primeiro pé no autocarro e tive a certeza de que seria uma A minha primeira ambição na Bolívia era visitar Tiwanako, local arqueológico pré-colombiano datado entre 400 a.C. a 900 a.C. e é considerado Património da Humanidade pela UNESCO. Estende-se desde o sul do lago Titicaca até ao norte do Chile.

[ Bolívia ] GWR MAG 79 |


noite bastante longa. Pus de o lado o cobertor da companhia e abri o meu saco de cama. Enrolei o lenço à volta do nariz e da boca, e liguei o pc. Dois filmes de seguida, bons por sinal, e três horas gastas. E agora?, pensei. Por esta altura, comecei a sentir um desconforto imenso e a bexiga a dar sinal de alerta. Os restantes passageiros pareciam estar a dormir e eu interrogava–me como. Não quero estar aqui!! Reconheci a primeira crise da viagem e levantei a voz interior, com psicologias baratas: Se ficas mais inquieta, será mais difícil, relaxa, que é uma situação temporária! Mas como podia ficar tranquila, com a bexiga cheia e a certeza de que ia ter que cambalear contra todas as paredes imundas daquele cubículo fedorento para fazer xixi? Não sabia eu que neste desafio teria também que segurar o telemóvel em lanterna na boca, porque o wc não tinha luz.

Felizmente, o autocarro chegou às 4h da manhã ao invés de chegar às 6h. Por ser uma situação regular, a dona de uma cafeteria das redondezas vai receber os turistas na fria madrugada, convidando-os a acompanhá-la ao café. Não havendo nenhuma outra opção, os recém-chegados acabam por passar umas horas confortáveis a consumir no café. Resolvi solicitar uma das camas do quarto dos fundos para descansar as 4 horas restantes antes do amanhecer e poder desfrutar do dia seguinte. Negócio feito! Acredito que o mundo é de equilíbrios, e depois de uma das noites mais longas da minha vida, um dos dias mais deslumbrantes, senão o mais deslumbrante de todos! Comprei um tour para o idílico Salar de Uyuni, onde uma sensação de pura tranquilidade me encheu a alma e me fez levitar desde o início.

As catástrofes naturais e tremores de terra fizeram o lago de há 40 mil anos secar, deixando-o coberto com manto branco de sal. E a chuva dessa manhã tinha transformado o deserto num espelho gigante. A luz ténue, nublada, Escrevi uma carta de desconforto para libertar os pensa- camuflava o horizonte e tudo parecia o céu! Era imposmentos, mandar o mundo à merda e dizer que queria ter sível reconhecer-lhe a finitude, o efeito espelho criava uma pila para mijar numa garrafa! Acabou por surtir efeito e lá ilusão óptica inimaginável. Tudo era infinito. Foi uma experiência verdadeiramente emocionante num fechei os olhos durante um par de horas.

[ Salar de Uyuni ] GWR MAG 80 |


[ Peru ]

[ Salar de Uyuni ] GWR MAG 81 |


[ BolĂ­via ]

[ Chinchero Market ] GWR MAG 82 |


dos lugares mais extraordinários onde estive. Reconheço agora que este foi um dos momentos altos de toda a viagem. A saída da Bolívia foi bastante difícil. As reivindicações pelos direitos civis faziam-se ouvir como podiam e os camiões atravessados nas estradas principais impediam a circulação rodoviária. E após várias tentativas com diferentes agências, consegui embarcar de volta a Copacabana, e daí para Cusco, a sede do império Quechua, o “umbigo do mundo”. Depois da caótica e ruidosa La Paz, a tradicional cidade de Cusco revelou-se um descanso para a alma. As paisagens verdejantes e a vida rural simples que circundam o vale de Cusco são pura inspiração. As cores vivas nos tecidos dos trajes tradicionais contrastam com o alaranjado granítico das edificações coloniais no centro da cidade. Nesta altura, já sentia saudades da simpatia e prontidão das gentes peruanas. Ao redor de Cusco, no Vale Sagrado dos Incas, existem bastantes locais arqueológicos para visitar e as ofertas de tour são sempre a melhor opção para quem quer visitar o máximo de locais num curto espaço de tempo. Pisac, Maras Moray, Ollantaytambo, Chinchero, etc.. Todos lug-

ares de paragem obrigatória antes do grande Machu Picchu. Por estes dias também já andava a averiguar quais as opções para chegar a Machu Picchu. Os Inca trails oficiais podem chegar aos 500 dólares e eu tinha a certeza de que quando chegada a Cusco os preços reduziam abruptamente. O percurso acabou por sair por 50 soles até à hidroeléctrica e daí tinha de caminhar os 8km entre carris que me separavam de Aguas Callientes, a pequena vila no sopé de Machu Picchu. E a bom ritm, comecei a caminhada pela linha do comboio, sempre com a floresta como pano de fundo. Mas nessa tarde, uma forte chuva torrencial precipitou-se e encharcou-me até aos ossos! A água era tanta que não conseguia ver nada a mais de 2 metros adiante de mim. Acelerei o passo, quase correndo entre carris, com uma agilidade e destreza que não conhecia. Nenhum pensamento me assolou, apenas um único foco - chegar. No dia seguinte, já em Machu Picchu, a dúvida de não conseguir ver a montanha assolou-me. Uma intensa neblina branca cobria todo o local, sentei-me no topo da montanha em frente com esperança de sacar boas fotos assim que os raios de sol ganhassem força

[ Machu Picchu ] GWR MAG 83 |


suficiente para a dissipar. Não queria perder os primeiros sinais daquele que é um dos maiores tesouros da humanidade e esperei sentada numa pedra molhada pela noite. A montanha tardou a revelar-se.

pelo aguaceiro leve, que seria o início de uma tempestade, e antecipei-me para a saída. À falta de um bom vinho português, contentei-me com um tinto aguado chileno. E ao cair da noite brindei à concretização de mais um sonho.

Regressei a Lima para seguir para a floresta amazónica. Tinha comprado um voo para Iquitos, a capital da amazónia peruana e a maior cidade sem acesso rodoviário do mundo. Para Iquitos só de avião, ou de barco. Estava preparada para sair do avião e sentir um calor húmido que me sufocasse as primeiras inspirações. Mas o Reconheci o esforço e a determinação do homem que calor de Inverno na Amazónia é suportável e cheira à relva supera a sua condição para viver uma vida mais próxima acabada de regar sobre o sol forte dos dias quentes de dos deuses. Mas é também o reconhecimento da limitação Verão. A Amazónia estava nos meus planos desde que dehumana, porque para quem vive de olhos postos no céu o cidi vir ao Peru. Queria muito conhecer a selva e sentir-me topo é também o fim da escalada. Em Machu Picchu não nela. É na natureza onde me escuto quando necessito de conseguimos entender com a razão, mas com o coração, recuperar a minha paz e ali, rodeada de verde, seria um numa tentativa de aproximação ao divino e uma humilde reconforto. Os tours turísticos percorrem cada afluente do rio Amasubmissão face aos rigores da terra. A revelação deu-se em segundos, abençoando aqueles zonas, com visitas a tribos de índios, fotos com animais que já esperavam em locais estratégicos com as câmaras selvagens e umas quantas outras artificialidades. Mas eu preparadas. Machu Picchu é realmente impressionante. queria algo autêntico. Tirei as fotos que quis em diferentes ângulos e desci para Depois de uma tarde inteira a procurar alternativas, enconexplorar as ruínas. trei o Ulisses, que construiu três bungalows nas margens A contemplação foi interrompida algumas horas depois de um afluente do Amazonas, o rio Tapira, e que com a Conseguia ouvir as vozes eufóricas dos turistas que exploravam já as ruínas mais abaixo. Mas eu tinha bastante tempo. Tempo para sentir a pureza daquele lugar. No meio das nuvens senti-me perto dos deuses do Céu. Mas a mim faltam-me sempre os deuses do Mar.

[ Amazónia ] GWR MAG 84 |


[ Amazónia ]

ajuda de três guias, mestiços nascidos e criados na selva, proporciona algumas experiências na floresta. Segui o instinto e decidi marcar. Os bungalows do acampamento foram construídos com madeira, canas e folhas de palmeira e eram bastante rudimentares, o w.c. nas traseiras do acampamento não tinha descarga (preferi o estilo oldschool e ir ao mato) e o duche era na água doce do rio, a 5 minutos de distância. Na verdade, nada disso me incomodou durante os 5 dias na selva.

qualquer tentativa de colonização por parte dos homens brancos.

Ali desprovida de tudo senti-me em casa.

Avistámos macacos, golfinhos rosados, aves de todas as cores, um urso formigueiro e uma preguiça! As preguiças, de ar feliz e lento, bastante lento, drogam-se ao comer as folhas de secrópia, uma árvore autóctone com propriedades alucinogénicas. E a moca perdura-lhes a vida inteira. Ao longo dos dias, o meu sorriso largo foi animando os guias, que me desafiavam com diferentes actividades e faziam questão de me contarem as suas peripécias na selva. Aqui na Amazónia se não comes piranhas, elas comem-te!

Por entre as actividades de pesca, preparação de refeições, manutenção da habitação e das nossas roupas, tivemos tempo para realizar várias expedições e descansar tanto quanto os mosquitos nos permitiam. Os mosquitos eram imensos e as camadas de repelente obrigatórias. A mim deram-me tréguas, enquanto que a alguns dos meus companheiros de aventura as inflamações provocadas pelas picadas sobre picadas eram no mínimo impressionantes. Mas se não houvessem mosquitos, a Amazónia era o paraíso, e toda a gente queria vir!, diz coberto de razão um dos guias, Miguel. Os mosquitos são os grandes guardiões da selva, inviabilizando eficazmente

A natureza é imprevisível e essa é a premissa predominante na selva. Nenhuma expedição pode garantir o sucesso. Os mamíferos são raros de ver, mas ainda assim num dos dias decidimos procurá-los na outra margem, a uns quilómetros mais a norte. Saímos os cinco de canoa para desbravar mato.

Aceitei o desafio de ir pescar, apesar de ser vegetariana há mais de uma década. E se conseguisse tirar a vida a algum peixe, comê-lo-ia. A cana improvisada com um tronco fino de uma árvore jovem e o fio de nylon com um pequeno anzol, comprados no povoado onde parámos no primeiro GWR MAG 85 |


[ Amaz贸nia ]

[ Amaz贸nia ] GWR MAG 86 |


As calças e a camisa larga que me protegiam das picadas dos insectos estavam encharcadas de suor depois da Mas na minha tentativa de pescar uma piranha, saquei um caminhada larga. Tinha de tomar um banho ou não ia conpeixe-gato! Tinha o almoço garantido de qualquer das ma- seguir adormecer. Mas a noite estava escura para caminhar até ao rio. Ninguém me quis acompanhar e sentia-me neiras. exausta demais para um percurso solitário. Tirei os botins, Da natureza o homem da selva só retira o que necessita e preparei um chá de canela e cravinho, o único que tínhamaqui não me senti mal por tirar uma vida. O homem está em os no acampamento, e sentei-me ao relento nas escadas pé de igualdade com tudo o resto, sem qualquer ganância da cabana comum. nem sentimento de superioridade. Sabe que é a mãe terra que o sustenta. Este sentimento de respeito pela nature- No meio da selva, o ruído ensurdecedor de todas as forza é comum, os rituais indígenas de agradecimento ainda mas de vida ao nosso redor impõe-se com soberania. Na estão muito presentes no sangue dos povos ribeirinhos e selva conhecemos o nosso lugar no mundo e vivemos ao são várias as crenças animistas ligadas à vida na floresta mesmo ritmo da natureza, como um animal integrante de um todo magnífico. A mente aquieta-se e o espirito reconamazónica. hece o seu propósito. O ar quente carregado da noite antevia uma forte tempestade, mas isso não nos demoveu de sairmos de lan- A chuva torrencial começou a cair sobre a vegetação, faternas na mão para apreciarmos a rotina dos animais noc- zendo ricochete em todas as direcções. Percebi a oportuniturnos, principalmente das tarântulas. Apesar de tímidas, dade de tomar um duche de chuva numa noite de lua cheia encoberta pela neblina carregada. As gotas batiam-me na encontrámos dois espécimes, ambas fêmeas. cara com fulgor e uma poça de água formou-se rapidaAtrevemo-nos a pegar-lhes e a senti-las deslizarem-se com mente entre os pés descalços na relva. Revitalizei cada suavidade braços acima, depois de René, um dos guias, célula do meu corpo e desejei que todas as pessoas do nos ter assegurado que as tarântulas raramente picam e mundo pudessem estar a tomar um duche de chuva que lhes lavasse as tormentas, os medos e todos os males da que essa fama devia pertencer às aranhas escorpião. dia, mostrou-se eficaz.

[ Amazónia ] GWR MAG 87 |


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humanidade. Existe um mundo mais puro, onde o instinto vence a intelectualidade e as emoções são sentidas e partilhadas sem contenção nem preconceito. Se a selva não te muda para sempre dá-lhe mais tempo, até ao momento em que te sentes parte de um todo muito maior do que qualquer vontade própria. A saída da selva soou-me demasiado ruidosa. É aqui na terra dos homens que está a verdadeira selva. Habituamo-nos tanto ao barulho que já não conseguimos ouvir o silêncio. O regresso a Lima foi também o início da Surftrip e das férias das férias. Cheguei cedo aos bungalows construídos sobre as dunas de Mâncora, depois de 17 horas de viagem. Ficavam a cerca de 15 minutos de caminhada até ao grande centro e a menos de 100 metros da praia. O

quarto tinha a panorâmica mais espectacular de toda a viagem! A partir daqui, começaria a descer a costa, surfando em diferentes picos: Mâncora, Los Organos, Lobitos, Pacasmayo, Chicama, entre outros. Depois de diferentes sessões de surf, em ondas pequenas, ondas rápidas e tubulares, longas de perder a vista, com crowd e sem crowd, queria ir a Huanchaco, o meu último destino da viagem, antes do regresso a Portugal. Huanchaco está consagrado como Reserva de Surf Mundial desde 2013 e os Caballitos de Totora como património cultural da humanidade. A cultura ancestral de harmonia com a natureza e diversão nas ondas nestes quilómetros de costa são ainda preservadas pela orgulhosa comunidade local. Os Caballitos de Totora construídos de juncos provenientes do vale atrás da baía de praia, a poucos quilómetros de distância, serviam para as actividades marítimas de subsistência.

[ Totora ] Rider: Lisa Marques GWR MAG 89 |


E nas representações em cerâmicas utilitárias e funerárias das civilizações Moche, Chimú e Caral é possível encontrar várias peças que mostram a sua utilização desde as praias de Huanchaco até Lambayeque há cerca de 5000 anos atrás. Ao retornarem da pesca a cerca de 10 km da costa, estes surfistas ancestrais encaravam as rebentações de pé, montando o “caballito” e, com a ajuda de um remo comprido de bambu, travavam e dirigiam a pequena embarcação até à praia. Senti que não podia vir ao berço da cultura do surf sem experimentar descer uma onda com estas canoas que estiveram na base de toda a cultura do surf, que acolhi como estilo de vida há mais de uma década. Mesmo com maré vazia e a quase inexistente ondulação, a minha última missão da viagem foi cumprida com sucesso. Apesar dos 80kg do “caballito” e da curta meia hora

de brincadeira, consegui pôr-me em pé e sentir-me uma total begginner em matéria de Totoras! O fundo arredondado torna difícil qualquer viragem controlada e a pequena embarcação acaba por nos derrubar borda fora num par de segundos. A diversão foi garantida e aguçou a minha curiosidade em saber mais sobre a complexa história da origem do surf no mundo. Esta vontade vai acompanhar-me de volta a Portugal, de onde partirei para novas viagens de encontro a lendas, estórias e histórias mil sobre a gênese do surf. Será essa a missão do meu regresso. Esta viagem mostrou-me que o limite dos nossos sonhos é proporcional ao nosso medo de falhar, mas que isso não significa que seja superior à nossa coragem para ir. A vida é demasiado curta para ser pequena!

[ Organos ] GWR MAG 90 |


CINDY INAP 8.75” x 29” 15” Wheelbase

/dusterscalifornia

Girl is NOT a 4 Letter Word, founded by 70’s professional skateboarder, Cindy Whitehead, is a brand dedicated to giving women in action sports the same opportunities and recognition as their male counterparts. The Cindy INAP (It’s Not About Pretty) is a 70’s pool inspired board featuring metallic gold rails for longer boardslides on pool coping, artwork by Cindy herself and custom leopard grip tape, perfect for all the girl groms out there looking to shred. This board promotes Longboarding for Peace and helps fund Exposure Skate, a 501c3 non-profit organization that helps female skaters all over the world.

@dusterscalifornia DEALER INQUIRIES: dwindle.com | +1.800.500.5015 easternskatesupply.com | +1.910.791.8240 oceanavenuesk8.com | +1.321.777.9494 skatenet.com | +1.713.926.3295

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O BODYBOARD ~ ´ NaO e PARA “ “ MENINOS por Susana de Figueiredo

Pode ser da ilha, ou da fibra das mulheres ilhéus. Pode ser deste horizonte de azul líquido, a indicar a largura do futuro. Certo é que, na Madeira, há cada vez mais mulheres rendidas ao mar. Ao bodyboard.

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© MadSea | Riders: Mónica ViveirosGWR & André MAGCâmara 93 |


Na ilha da Madeira, o bodyboard já faz parte do rol de paixões do universo feminino, que o diga Mónica Viveiros, mentora e sócia-gerente da MadSea – Bodyboard & More, a primeira empresa de animação turística da região vocacionada para oferecer experiências de bodyboard a locais e turistas.

família, para muitas é ambas e para todas elas é o escape mais eficaz, a renovação mais autêntica. A explicação é fácil, «nenhum outro desporto permite, como este, a abstração do “mundo real”». Mónica Viveiros garante que dentro de água os problemas diluem-se, o único pensamento é a próxima onda.

Mais de metade dos clientes são mulheres, de todas as idades, no entanto, a procura por parte da faixa etária acima dos 30 anos tem crescido significativamente. Para umas o bodyboard é uma alternativa ao ginásio, para outras uma atividade para desfrutar em

Depois, há o espírito de camaradagem que se respira no grupo, o prazer de partilhar esta paixão, a empatia de sensações, os lugares que se descobrem, os sentidos todos ampliados. Ora, convenhamos, esta onda não é para “meninos”.

© MadSea | Riders left to right: Mónica Viveiros, Cecília Correia, Miriam Caires, Valentina Jesus, Nélia Andrade, Beatriz Sousa GWR MAG 94 |


© Rute Castro | Riders: Rute Castro (front) e Mónica Viveiros (behind)

Assim na terra como no mar Para alguém que sempre fez do desporto um modo de vida, não é, de todo, exagerado dizer que este é o emprego de sonho. Natural da Madeira, Mónica Viveiros praticou ballet e natação, foi atleta federada de patinagem artística e de voleibol, modalidade que lhe valeu o título de campeã regional e nacional nos escalões infantil, iniciada e juvenil, durante seis épocas consecutivas (Associação Desportiva de Machico). Na equipa da Universidade da Madeira sagrou-se três vezes campeã regional e jogou na primeira divisão feminina nacional (CSD Câmara de Lobos). O currículo desportivo é invejável, mas, a dada altura, a exigência da competição começou a medir forças com o prazer de praticar desporto e este acabou por falar mais alto. Amante da natureza, Mónica fez-se ao mar munida da sua prancha. Afeiçoou-se de tal modo ao bodyboard que de praticante passou a instrutora; fez do oceano o seu escritório e da modalidade a sua profissão. O melhor de tudo isto? «Ter vinte e quatro horas por dia disponíveis para surfar (...) É fantástico, no mar sinto-me em paz, sinto-me livre e feliz. A adrenalina é indescritível». A MadSea nasceu há nove meses, é “filha” do coração e da cabeça desta jovem empreendedora, que quando se viu desempregada, após uma década a trabalhar num

escritório de advocacia, transformou a sua paixão pelo desporto no combustível para recomeçar. Em grande! O conceito da MadSea é único na Ilha da Madeira e tem «um enorme potencial», inclusive em termos turísticos, garante a bodyboarder, que já estabeleceu parcerias com prestigiadas empresas internacionais e mais: inspirada pelos atrativos naturais e a vocação turística da Madeira, conjugados com o histórico da região no âmbito dos desportos de mar, a CEO da MadSea iniciou um projeto desportivo e apostou num dos melhores do mundo – o francês Amaury Lavernhe – para trazê-lo à região, durante quatro dias, na primeira semana de Setembro próximo. Amaury na região, motivará os locais (e não só) a descobrirem e a escolherem esta modalidade como um desporto de eleição, com a partilha do seu conhecimento e experiência no mundo do bodyboard, com conferências, sessões de treino físico, preparação mental, nutrição e aulas de bodyboard destinadas aos praticantes de todos os níveis, géneros e idades e a todos os amantes do desporto em geral. A MadSea irá preparar pacotes especiais que incluem a inscrição, estadia (com pequeno-almoço), transporte e equipamento para todos os interessados que queiram deslocar-se à Madeira para participarem neste evento. GWR MAG 95 |


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漏 Pedro Sousa | Rider: M贸nica Viveiros GWR MAG 97 |


“Who ride? Girls!” O entusiasmo de Mónica é contagiante. Valentina Jesus, de 32 anos, também madeirense, é uma das discípulas mais fiéis da MadSea, mesmo assumindo-se como «uma péssima nadadora»: «Basicamente, consigo manter-me à tona e a apneia é a minha cena. Juntei a audácia à vontade de conseguir fazer mais e melhor. Penso que já não irei ao fundo quando voltar à Fajã da Areia (risos)». A aventura de Valentina no mar é recente, mas intensa. Começou em Setembro do ano passado, desafiada por Mónica. «Iniciei-me nas lides das ondas pelo desafio, apaixonei-me no primeiro instante, na primeira onda, e não parei!». São testemunhos como este (e há muitos mais) que dão sentido ao projeto desta “menina do mar”.

© Joana Sousa | Rider: Valentina Jesus GWR MAG 98 |


© Marta Léon | Rider: Mónica Viveiros

© Bruno Paixão “Caxada” | Rider: Mónica Viveiros GWR MAG 99 |


© Joana Sousa | Rider: Mónica Viveiros

© Bruno Paixão “Caxada! | Rider: Mónica Viveiros GWR MAG 100 |


© Pedro Sousa | Rider: Mónica Viveiros

Sexto sentido: mar Sabemos hoje que a intuição desta jovem empreendedora não podia ter sido mais certeira. Sendo a MadSea um conceito pioneiro no arquipélago, foi relativamente fácil firmar parcerias com as unidades hoteleiras locais. E os clientes não tardaram a “agarrar a onda”. Mónica fornece todo o equipamento necessário e efetua o transporte até ao local escolhido para surfar. No “Havai da Europa”, a oferta é surpreendente - as praias da Alagoa ou da Maiata, a nordeste da ilha, no Porto da Cruz, a praia de Machico (quando há ondulação) ou a praia do Seixal, na costa

norte, têm as ondas ideais para os principiantes. Já os mais experientes podem aventurar-se em lugares de difícil acesso, onde o mar apresenta outros desafios, como a Fajã de Areia, em São Vicente, ou o Paul do Mar e o Jardim do Mar, na costa sudoeste. Depois, há aqueles recantos que são um segredo dito ao ouvido, refúgios reservados que só os surfistas nativos conhecem, como a Ribeira da Janela, Contreiras ou as Achadas da Cruz.

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漏 Joana Sousa | Rider: M贸nica Viveiros GWR MAG 103 |


Diversão à primeira No bodyboard, quer se seja principiante ou experiente, a diversão está garantida e talvez seja este um dos aspetos que tem levado à afirmação desta modalidade junto do público feminino, conforme explica Mónica: «o bodyboard é uma modalidade bastante exigente, temos de ser bons em muita coisa, na força, no equilíbrio, na flexibilidade, na resistência. No entanto, para quem está a começar acaba por ser mais fácil do que o surf - é muito provável que saiamos das primeiras aulas de surf muito frustrados, pois a exigência ao nível do equilíbrio é maior. No bodyboard, a posição deitada facilita muito as coisas e o praticante consegue divertir-se logo no primeiro contacto com as ondas». Valentina Jesus concorda. «Quando penso em momentos alucinantes, a minha memória leva-me para a Fajã da Areia, num Domingo à tarde. Tinha apenas duas aulas e lá fui eu, destemi-

da, enfrentar o mar do Norte. É claro que me coloquei na boca do lobo... Escusado será dizer que fui ao fundo e que quase perdi o biquini (risos) mas, no regresso à tona, ri-me e pensei ‘Conseguiste! Entraste neste mar imenso e estás a tentar apanhar ondas’». No que respeita à evolução, tecnicamente falando, Valentina vai sem pressas, « para mim, tudo o que vou conseguindo fazer é motivo de orgulho. Isto para dizer que a evolução não está a ser rápida, mas está a ser consistente». Tal como Valentina, na Madeira nota-se que muitas outras mulheres estão a entrar nesta “onda de paixão”. Sim, é o bodyboard (é muito o bodyboard) mas, como diz Valentina, há o more, o que permanece mesmo depois do sal se soltar do corpo - a troca de experiências, a camaradagem, as amizades que nascem ou se aprofundam num almoço prolongado. «É o more, a outra parte da diversão, em terra”.

© Marta Léon GWR MAG 104 |


© MadSea | Rider: Valentina Jesus

© Joana Sousa

More information at:

© MadSea | Rider: Alexandra Barreto

www.madsea.pt Facebook/MadSea Instagram/madsea_bodyboard_and_more GWR MAG 105 |


rITA

VIEIRA

“ENDURO EM “ TONS DEROSA Cresceu rodeada de motos, aos 8 anos começou a competir e pouco depois, fez a primeira prova internacional. É piloto profissional, campeã mundial de bajas e campeã nacional de enduro.

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Š Daniel Monteiro GWR MAG 107 |


INFLUÊNCIAS O gosto pela motas já vem desde muito cedo por influência do meu pai e, consequentemente, do meu irmão. Lembro-me de que tinha mais ou menos 5 aninhos e os nossos Domingos eram passados de bicicleta no meio da lama, no parque da cidade. A competição surgiu um pouco mais tarde, em 2003. Tinha 8 anos quando comecei por fazer o Nacional de Trial na classe Infantis numa GASGAS 50.

pouquíssimos participantes (+/- 20 por prova) e pouquíssimos espectadores. Não havendo público não há visibilidade, logo os patrocinadores não têm interesse em apoiar e tudo isto é uma grande bola de neve! Acaba por ser muito frustrante e desmotivante.

Por mera brincadeira comecei por fazer umas provas de chaços (motas antigas) com o meu pai e o meu irmão, achei piada e vi que até tinha corrido bem. Comecei então por fazer algumas provas do Campeonato Regional de Enduro com uma DT50 dos anos 1980 (a moto mais antiga e com menos cilindrada no meio de 250 pilotos), conseTRIAL & ENDURO gui destacar-me e sagrar-me campeã regional de Enduro. O Trial faço desde os meus 8 anos, inclusive no meu auge Entretanto, no ano seguinte com uma YZ 85 comecei por já fui a competições internacionais como o Mundial, o Euro- fazer algumas provas do campeonato nacional de Enduro peu e representar Portugal no Trial das Nações. Nunca fal- na classe Hobby. No ano a seguir, aos comandos de uma hei uma prova, já vou em 13 anos seguidos de competição AJP 240 fiz o campeonato na íntegra na classe Senhoras e consegui o título de campeã. E o ano passado aos comanno Trial. Até aos 18 com a imprescindível ajuda da Federação Por- dos de uma Honda CRF 250 consegui novamente o título tuguesa de Motociclismo (FMP), que nos apoiou, a mim e de campeã. ao meu irmão, com a cedência das motas e suportando Agora que gosto mais do Enduro, é sem dúvida uma adrenmuitos custos, principalmente nas provas internacionais. alina completamente diferente, há o factor velocidade que Infelizmente, o Trial chegou a um ponto que estagnou, as no Trial não há. provas são muito fracas, muita polémica nos resultados,

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São modalidades muito diferentes, inclusive as motas são MUDAR O PANORAMA FEMININO muito diferentes. Sei que ainda tenho muito para evoluir no Enduro e que tenho mais possibilidades de conseguir fazer Cada vez há mais mulheres, na última prova do Campeonato Nacional de Enduro eramos 7 mulheres, uma grande uma vida através desta modalidade, ao contrário do Trial. evolução. Penso que é assim que se começa, incentivar a SER MULHER NO ENDURO participação de raparigas com ajudas e com apoios especiais e fazer ver que uma prova é algo acessível e que toda Sinto-me bem, nunca dei grande importância a isso, cada a gente consegue, melhor ou pior está ao alcance de todos vez mais é um desporto unissexo onde as mulheres estão ou quase todos. a dar cartas, seja no Enduro, no Dakar, no Motocross, etc.. Adoro ensinar e estou disposta a ajudar quem assim quiser, Acho que não podemos pensar que por sermos mulheres humildade para aprender é dos factores mais importantes somos inferiores, senão nunca vamos evoluir. Temos de para se evoluir. pensar que não é isso que impede de ser tão boa ou melhor de que um homem, isso não é um factor condicionante. COMPETIÇÕES Talvez seja na medida em que temos que trabalhar mais para termos mais força e mais resistência, coisas que à Este ano, tal como o ano passado, conto com o incrível partida um homem tem quase naturalmente. Por serem tão apoio da Raposeira e optámos por escolher uma mota mais poucas mulheres, a nível nacional a minha referência são indicada para o Enduro, uma Beta X Trainer a 2t. Estou a gostar imenso da mota, porém ainda em fase de adapos homens, só assim é que evoluo. tação, pois é completamente diferente da do ano passado. Mas sem dúvida que sempre fui bem recebida por toda a gente, ajudam-me e ensinam-me, principalmente o meu irmão.

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PLANOS PARA 2016

MENSAGEM

Este ano, os meus planos passam por vencer o Campeonato Nacional de Enduro feminino, conseguir ficar no Top 5 na minha estreia no Mundial de Enduro feminino e, acima de tudo, aprender e evoluir, sei que ainda tenho muito trabalho pela frente!

Lutem, lutem sempre por aquilo que querem ou ambicionam, nunca baixem os braços perante as adversidades, perante o sofrimento. Não há nada mais gratificante do que nos superarmos, isso nem sempre se traduz em vitórias, mas traduz-se em satisfação pessoal e isso é muito importante para nos mantermos motivadas!

TREINOS Contrariamente àquilo que muita gente pensa, a mota exige muito trabalho físico, por isso treino físico todos os dias ou quase todos os dias com o meu irmão e o meu PT Pedro Quadrado. E mota mais ou menos 4 vezes por semana. Não costumo ter uma rotina muito definida, é conforme o tempo, pois se estiver a chover muito e as pistas impossíveis de andar, opto só por fazer treino no ginásio e manutenção na mota, ou às vezes troco o treino físico por um dia completo em cima da mota. É muito desgastante, porém muito gratificante, pois tenho a sorte de poder fazer aquilo de que gosto.

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Š Daniel Monteiro GWR MAG 112 |


“A dor é passageira. A glória é eterna”.

AGRADECIMENTOS Quero agradecer à Raposeira todo o apoio imprescindível que nos tem dado, a mim e ao meu irmão, criando todas as condições para que possamos evoluir e, claro, a todos os restantes parceiros que são importantes para o nosso sucesso. GWR MAG 113 |


rollerderby

team portugal

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A Team Portugal Roller Derby está de volta, com novos objectivos e novos desafios! Depois da participação na Blood & Thunder Roller Derby World Cup 2014, a equipa prepara-se para a próxima edição do European Roller Derby Tournament (ERDT), a decorrer ainda este ano. O início desta nova etapa foi marcado por tryouts para a selecção de novas skaters. Foram dois dias muito intensos, com exercícios que permitiram avaliar a capacidade técnica das atletas, mas também o conhecimento de estratégia e capacidade de trabalhar em equipa, através de jogo no final. Dos tryouts resultou a selecção de 17 skaters, vindas de equipas de Portugal, Bélgica, Finlândia, República Checa e Estados Unidos da América, que no decorrer deste ano vão dar tudo por tudo na preparação para o ERDT 2016. Sempre guiada pelo mote ‘by the skaters, for the skaters’, todo o funcionamento da Team Portugal Roller Derby é gerido e planeado por staff ligado ao desporto e pelas próprias atletas, sem qualquer tipo de apoio financeiro estatal ou privado. Assim, neste ano de competição, estão a ser feitos todos os esforços para que sejam criadas condições não

só de treino, mas também logísticas, onde se incluí a fundamental angariação de fundos, através da obtenção de patrocínios, donativos, venda de merchandising, entradas em eventos abertos ao público. Sem que a palavra “desistir” faça parte do vocabulário da Team Portugal Roller Derby, espera-nos um ano de muita actividade e esforço, com o objectivo de mostrar a evolução que a equipa fez desde a sua estreia na edição de 2014 e depois de se ter revelado uma agradável surpresa no Blood & Thunder Roller Derby World Cup 2014. Acompanha e apoia esta entusiasmante jornada da Team Portugal Roller Derby rumo ao European Roller Derby Tournament 2016 (10-11 Setembro), em Mons, Bélgica

facebook.com/TeamPortugalRollerDerby

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nutrition

by Raquel Neto

ALIMENTOS ´ ANTI-INFLAMATORIOS

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Recorremos muitas vezes a medicamentos para reduzir

sintomas que poderiam ser facilmente evitados com alguns alimentos. Os componentes anti-inflamatórios presentes nos alimentos podem fazer a diferença na recuperação de um músculo inflamado num atleta, seja depois de um treino leve ou após uma prova mais exigente.

Cientistas descobriram que os ácidos gordos ómega-3 inibem uma enzima chamada ciclooxigenase (COX), que produz as hormonas responsáveis pela inflamação. A acção dos ácidos gordos é semelhante à que ocorre quando toma um comprimido anti-inflamatório, interrompe-se a via de sinalização e reduz a inflamação e dor, no entanto é uma maneira muito mais saudável.

Existem vários factores que conjugados podem ditar o sucesso de um evento desportivo, hoje falamos de 3 dos anti-inflamatórios musculares que podem ajudar a alcançar esse objectivo. Um dos mais conhecidos é o ómega-3, super conhecido como redutor do perfil lipídico (reduz colesterol) e preventivo em doenças cardiovasculares. Este ácido gordo polinsaturado é também uma mais-valia na redução da dor muscular! A inflamação aguda é limitada e funciona como uma resposta imunológica vital para danos físicos ou agentes patogénicos invasivos. É importante não recorrer a anti-inflamatórios químicos que interrompem o processo natural de hipertrofia muscular e que acabam por prejudicar o músculo. Esta situação perpetuada e conjugada com uma alimentação errada e precária nestes alimentos pode conduzir a uma inflamação crónica, que pode resultar em último caso numa lesão grave.

Como consumir mais ómega-3? Consumir mais peixe gordo ao longo da sua semana é a melhor maneira e o aporte mais saudável deste tipo de ácidos gordos polinsaturados. A biodisponibilidade de ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA) no salmão, no arenque, na sardinha, no atum e na cavala é muito maior do que em qualquer outro alimento. No entanto, podemos encontrar quantidades menores, ainda que significativas, deste tipo de ácidos gordos noutros alimentos, como por exemplo em nozes pecã, castanhas do brasil, amêndoas e sementes como a chia, a linhaça e as sementes de cânhamo. Outro nutriente fantástico é o gingerol, começa a ficar agora em voga na nossa culinária, embora já seja usado pela cultura oriental há milhares de anos. Onde encontramos este forte componente anti-inflamatório? No gengibre.

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Ideias para utilizar em casa? 1. Colocar rodelas de gengibre fresco na água juntamente com hortelã e manjericão, rodelas de limão e canela deixa a água com sabor e facilita a hidratação ao longo do dia. 2. Raspa de gengibre fresco na carne ou no peixe substitui o sal e acrescenta paladar. 3. Além de ter um forte poder anti-inflamatórico, o chá de gengibre é também um poderoso anti-hemético, óptimo para grávidas no primeiro trimestre(ajuda com as náuseas características). Mas faça o chá com rodelas de gengibre, evite comprar o produto em sacos. 4. Pode ainda juntar a sumos, papas de aveia ou iogurtes com fruta. Por último, a curcuma. Esta substância encontra-se numa especiaria conhecida, mas nem assim muito utilizada no dia a dia da culinária portuguesa, o açafrão. As quantidades não devem ser superiores a 15g por dia (3 colheres de sobremesa), porque pode tornar-se tóxica

e é uma especiaria contra-indicada para pessoas a tomar medicação anticoagulante. Fora estes cuidados especiais, é um excelente anti-inflamatório que pode ser potenciado com adição de pimenta preta. Como usar? O uso culinário mais comum é no arroz, há quem acrescente passas num estilo marroquino, mas além desta versão culinária mais recorrente, são inúmeras as possibilidades de utilização desta especiaria. Misture com ervas aromáticas frescas como cebolinho e tomilho e polvilhe legumes antes de os levar ao forno. A couve-flor gratinada fica óptima com açafrão. Fazer uma pasta com alho esmagado para temperar carne ou peixe para grelhar ou adicionar a sumo de limão para temperar saladas é também uma excelente alternativa. Um almoço ou jantar pós-treino perfeito? Salmão no forno temperado com pasta de gengibre e alho servido com legumes gratinados com açafrão. Para atletas que procuram recuperar rapidamente entre treinos e provas, estes 3 anti-inflamatórios devem ser consumidos regularmente.

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~ ´ tartaro de salmao Ingredientes: - 1 lombo de salmão (250g) - 1 ramo de cebolinho - sumo de meio limão - sumo de 1 lima - 1 colher de sobremesa de mostarda - pimenta preta moída a gosto

Preparação: 1. Cortar o lombo em quadrados do mesmo tamanho. 2. Temperar com cebolinho cortado, limão, lima e pimenta preta moída. 3. Envolver bem e deixar o salmão marinar por 10 a 15min. Se gostar mais cru deixe a acidez do limão e da lima menos tempo, se gostar mais cozinhado deixe mais tempo! Sirva com uma boa salada de rúcula, espinafre baby e agrião!

~ salmao picante no forno Ingredientes: - 3 lombos de salmão - 1 pedaço de gengibre fresco (tamanho de 1 dedo indicador) - 1 malagueta vermelha - 1 malagueta verde - 3 dentes de alho - 2 colheres de sopa de azeite - 1 colher de sopa de paprika em pó - estragão seco (a gosto) - cebolinho seco (a gosto)

Preparação: 1. Limpe os lombos de salmão removendo espinhas e pele. 2. Pique os alhos e as malaguetas e tempere o peixe. Junte o gengibre em pedaços ou ralado. 3. Polvilhe com a paprika, as ervas aromáticas e o azeite. 4. Leve ao forno a 170ºC durante aproximadamente 25min. GWR MAG 122 |


~ ~ salada de camarao com acafrao

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Ingredientes: - 1 colher de sopa de açafrão (pó) - 1 chávena de coucous - 1 embalagem de camarão congelado (200g) - meio pimento vermelho - 2 dentes de alho - 1 colher de sobremesa de óleo de côco - 150g de brócolos cozidos

Preparação: 1. Num recipiente fundo coloque o couscous e polvilhe com o açafrão. Ferva 1 chávena de água e verta sobre o couscous. Mexa bem e tape o recipiente com um prato durante 5 a 8 minutos para o couscous cozer. 2. Coza os brócolos parte. 3. Passe os camarões congelados em água quente para quebrar o gelo. 4. Pique o alho e coloque num wok juntamente com o óleo de côco, adicione também os camarões e o pimento vermelho cortado. Deixe apurar até o camarão estar cozinhado. 5. Escorra os brócolos e numa taça grande junte o couscous cozido, e o camarão.

o

Raquel de Morais Carvalho Neto Nutricionista (CP 1641N) Site:www.mangi.pt Instagram: mangi.pt Página Facebook: https://www.facebook.com/mangipt/ Contacto: raquelmcneto@gmail.com

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news

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estancia de wakeboard inaugurada em junho em castelo do bode O projecto Wakeboard Portugal apresentou a estratégia para 2016 e a prova do circuito mundial, o “Nautique European Pro/Am”, que será realizado pela primeira vez na Europa em junho deste ano. A primeira estância do mundo com cinco cable systems ligados por transferes de barcos é inaugurada em simultâneo com o campeonato. Está ainda a ser desenvolvido um projeto único na Europa, para um centro de alto rendimento de wakeboard com o selo da WWA, a Wake Academy – High Performance Center. A Prova do Mundial terá lugar entre 10 a 12 de Junho, em Ferreira do Zêzere e segundo Corrie Wilson, directora executiva da WWA “Toda a gente adorou o ano passado. Portugal tem tanto para oferecer e para ver, que toda a gente se divertiu dentro e fora de água. Penso que este ano vamos ver novas caras que ouviram falar sobre o evento e este ano também querem experimentar. Quando questionada sobre a igualdade dos géneros no wakeboard, Corrie realça que “esta é uma das melhoras alturas da história para ser mulher. No último ano, a WWA colocou as mulheres ao mesmo nível dos homens e a Meagan Ethell recebeu o segundo maior prémio pago nesse ano. Há tanta camaradagem entre raparigas mais novas que se apoiam mutuamente. O futuro é sorridente para as mulheres no wakeboard. Relembra ainda que “ter as mulheres em toda o WBWS colocou-nos em destaque, e as raparigas estão a tentar ir mais longe, aprender novos truques, o que a longo prazo se irá notar. Na mesma data inaugura simultaneamente a primeira estância de wakeboard do Mundo, pelas mãos do projecto Wakeboard Portugal, lançado em 2015, e que está a colocar o nosso país no mapa dos maiores circuitos de wakeboard mundial. Com cinco cable systems, em cinco localizações diferentes, é um autêntico resort para atletas e praticantes da modalidade. “Um dos problemas da modalidade e da sua expansão em Portugal era a falta de acessibilidade. A criação da estância permite que os praticantes e novos praticantes tenham a facilidade de poderem fazer wakeboard sem

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estarem dependentes da disponibilidade de um barco. Naturalmente, quando facilitamos o acesso de qualquer desporto aos seus praticantes, prevê-se que a prática seja mais regular e que surjam novos praticantes. Esta democratização da modalidade através da prática em cable cria também um novo destino no centro de Portugal. Com o apoio da Turismo Centro de Portugal e dos municípios de Abrantes, Ferreira do Zêzere, Sertã, Tomar e Vila de Rei estamos a tornar Portugal no cluster europeu da modalidade. Quando pensamos em wakeboard nos EUA, pensamos na Flórida e o estado da Flórida é quase da mesma dimensão que Portugal. Espero que daqui a uns anos, quando pensarmos em wakeboard na Europa, Portugal surja imediatamente” explica André Matos, presidente da Associação Portuguesa de Wakeboard e Wakeskate (APWW) Esta Wake Academy surge assim com o intuito de promover o desporto em Portugal e em toda a Europa “É a primeira instalação do género na Europa e tem a chancela da The World Wakeboard Association. A Wake Academy - High Performance Center vai criar condições excepcionais de treino para atletas de todo o mundo, que encontram no nosso país caraterísticas que não têm nos seus países. Não só damos a oportunidade aos atletas nacionais de crescerem em técnica e formação, como podemos criar sinergias com outras equipas e atletas internacionais”. Ainda segundo André Matos “Temos excelentes atletas femininas em Portugal, que têm crescido com o desporto e têm promovido a adesão de mais mulheres na modalidade. A realização de provas internacionais no nosso país permitiu que as nossas atletas conhecessem e aprendessem com as melhores atletas internacionais, como a atual campeã mundial Megan Ethell ou a reconhecida Dallas Friday. Esta partilha é fundamental para fazer o desporto evoluir, tanto junto das mulheres como dos homens.” Um projecto que certamente irá elevar o nível feminino e masculino de wakeboard e promover a divulgação do desporto, tanto a nível nacional como internacional.


Š Jason Lee | Rider: Corrie Wilson GWR MAG 125 |


a descolagem mais aguardada! Primeira mulher na Red Bull

news

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Air Race estreia-se na austria.

Depois de respirar pela primeira vez o ambiente da competição em Abu Dhabi, onde realizou apenas treinos, a francesa Mélanie Astles fez história na Red Bull Air Race World Championship: no fim-de-semana de 23 e 24 de abril foi a primeira mulher a alinhar na mais importante competição de desporto aéreo do planeta. O cenário foi a pista de Fórmula 1 de Spielberg, na Áustria.

acesso da Red Bull Air Race - tem um percurso singular e inspirador. Aos 18 anos deixou os estudos para ir trabalhar para uma bomba de gasolina. No espaço de pouco tempo estava a gerir várias estações de serviço e a garantir as poupanças que lhe iriam permitir a sua formação aeronáutica, aos 21 anos. Logo na sua primeira competição de aviões alcançou uma vitória na categoria de Esperanças. Com uma evolução consistente, Mélanie chegou ao topo Com cinco títulos de Campeã de França e várias classifi- em França e ganhou um lugar na equipa de acrobacia do cações ao nível do Top 10 nos campeonatos da Europa e seu país. O sétimo lugar nos mundiais de 2014 (primeiro do Mundo de Acrobacia, Mélanie Astles, de 33 anos, é a lugar feminino) é bem representativo desta progressão. Agprimeira mulher a participar na Red Bull Air Race World ora chegou o momento de viver um desafio que vai muito Championship. além da pura acrobacia, num contra relógio a alta velocidade entre pórticos insufláveis. A francesa pilotou um competitivo Extra 330LX, dando continuidade a um sonho de criança. A mulher que faz agora história - para já alinhou no Challengers Cup, o patamar de

SOBRE: RED BULL AIR RACE WORLD CHAMPIONSHIP Criada em 2003 e transformada em Campeonato do Mundo em 2005, a Red Bull Air Race tem sido seguida por milhões de fãs, nas cerca de 70 localizações que visitou até hoje. A competição envolve os melhores pilotos do mundo de corridas aéreas, num desafio que combina velocidade, precisão e destreza. Equipados com as mais modernas aeronaves da atualidade, os ases dos ares dão o seu melhor ao cronómetro num traçado delimitado por enormes pórticos insufláveis, atingindo velocidades acima dos 300 km/hora a baixa altitude.

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tech Length: 99 cm – 38.9 inches

Width: 24 cm – 9.4 inches

Wheelbase: 68 cm – 26.7 inches or 65 cm – 25.5 inches Concave: 1,3 cm – 0.3 inches

O novo deck da LGC tem o comprimento e largura ideias para mulheres (ou homens com os pés pequenos). O côncavo é perfeito para dancing ou freestyle, mas também para free ride. É uma prancha simétrica, com o tail e nose suficientes. É uma prancha muito versátil. Ao comprar esta prancha, não só estão a adquirir um produto de grande qualidade desenhado especificamente para mulheres, mas também estão a contribuir e a suportar o trabalho das LGC para promover e apoiar as mulheres e atletas femininas em todo o mundo. DECK disponível @ wave.de SKATE COMPLETO Disponível @: skatedeluxe.com

É o skate ideal para quem inicia, mas também para riders mais avançadas. Finalmente um skate para todas as vertentes.

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Š Tiago Gomes

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