GIRLS WHO RIDE MAG #05 (Português)

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GIRLS WHO RIDE #05 I JUL - SET 15


THE cover

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She Riders Wake Team Rider: Glau Fotografia: Fernando Guzi

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THIS issue #05

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EDIT Meninas, o Verão está aí e há muito para aproveitar! Inspirem-se nesta edição da GWRmag com muitos salpicos e muita acção... surf, wakeboard, stand up paddle e algum skate para quando não há vontade de ir à água. Portugal tem cada vez mais GWR. Nesta edição, destacamos o recorde mundial conquistado pela Isa Sebastião, com a maior distância percorrida em stand up paddle - Parabéns Isa! De parabéns está também a GWR, que voltou a organizar um wake camp só para girls e cujas fotos e a reportagem partilhamos neste número. Mais conteúdo nacional com a Lisa Marques, soul surfer, criadora de uma marca de roupa, designer e artista com um trabalho super feminino que têm mesmo, mesmo de ver! Dos Estados Unidos e Japão, três meninas com menos de 9 anos a destacarem-se nos desportos de acção. Do Brasil, a SheRiders, uma team só de mulheres, riders de wakeboard. Finalmente, do Hawaii e para o mundo, Tatiana Howard e os eventos de desportos de acção na água, só para mulheres. ENJOY GWR #05... ENJOY SUMMER

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flash interview

young shredders

Num mundo radical que cada vez mais abraça a comunidade de riders femininas, surgem sempre algumas surpresas. Neste artigo falámos com algumas riders ainda muito jovens, mas que já estão a dar cartas e a surpreender nas mais variadas áreas dos desportos radicais. Venham conhecer a Minna, a Zoe e a Sky, três meninas incríveis que acima de tudo gostam de ridar!

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minna stess


Š Todd Fuller


Š Todd Fuller


NOME

Minna Stess

IDADE

9

DESPORTO

Skateboard

PATROCINADORES

Girl is Not a 4 Letter Word, Brokinbonz Clothing, Sonoma Old School Skateshop, Theeve Trucks, Silly Girl Skateboards, Lakai. © Andrew Stess

© Todd Fuller GWR MAG 11 |


Š Todd Fuller



A Minna nasceu em 2006 num dia de chuva a norte de S. Francisco, na Califórnia. O nome veio da sua avó Minna, que tinha 104 anos na altura! O irmão mais velho da Minna – Finnley - foi a razão pela qual ela começou a andar de skate. O Finnley andava a pedir uma tábua de skate na altura em que a Minna nasceu, ele estava obcecado e, obviamente passou esta paixão à irmã. Na verdade, ele passou a paixão pelo skate a toda a família, visto que nunca niguém tinha andado de skate antes! Em bébé, a Minna era empurrada pelo seu irmão enquanto passeavam de skate nos passeios de Petaluma. Eventualmente, começou a ser levada para os skateparks em S. Francisco para ver o irmão andar de skate. Mas ela não estava interessada apenas em ver, como os pais, ela queria fazer exactamente o que o irmão fazia. Ainda andava de fraldas, com apenas 1 ano, quando lhe demos o primeiro capacete e ela experimentou uma tábua velha do irmão. Na mesma altura, o filme dos X-Games 3D saiu para a rua e fomos em família vê-lo. Ela tinha 2 anos na altura. Durante o filme conheceu o Bob Burnquist e a sua Megaramp: gopro no capacete, subimos ao topo da Megaramp e voámos por ela, por cima do gap e no quarter pipe. Foi nesta altura que a Minna começou a tocar-me freneticamente no meio da sala de cinema escura, e a sussurrar alto “EU QUERO FAZER AQUILO!!” Admito que me lembro de olhar para ela como se fosse maluca, mas ela estava convencidíssima. Recordo-me de pensar que ela não se iria lembrar disto daqui a uns anos, por isso disse-lhe, “Queres? Queres fazer aquilo? Ok” Não vale a pena dizer que o Bob Burnquist tem sido o seu skater favorito desde aí, e que ela ainda se mete comigo por se lembrar perfeitamente daquele momento! Tinha quase 3 anos quando acidentalmente a desapontámos, porque não levámos o seu skate para a competição California Amateur Skateboard League, onde o irmão ia competir em Sacramento na Califórnia. Nunca pensámos que ela estaria interessada em competir, porque ainda era muito pequena! Depois de conduzirmos três horas para a competição, ela ficou muito perturbada quando lhe dissémos que não ia andar de skate nesse dia. Normalmente, a Minna é uma pessoa muito calma e não se irrita, mas nesse dia gritou e chorou durante uma hora e meia, enquanto eu a levava GWR MAG 14 |

© Todd Fuller

para fora do espaço da competição, tentando consolá-la. Acabou por adormecer nos meus braços e dormiu grande parte do dia. Essa foi a primeira e última vez que não levámos o skate para qualquer viagem que fazemos! Ela começou a competir com 4 anos, com um sorriso gigante, que tem estado com ela até hoje! Também gosta de jogar kickball, baseball e futebol. A matemática é a sua disciplina favorita na escola e é uma óptima aluna. É muito bem disposta e com bastante sentido de humor. É realmente única e nós adorámos-a! A Minna compete na California Amateur Skateboard League há uns anos. A liga foi fundada pelo pai do Tony Hawk. Em 2014, a Minna tornou-se a primeira rapariga em mais de 30 anos de história do CASL a ganhar o primeiro lugar geral: 1º lugar na categoria Street. Foi convidada para a sua primeira World Cup of Skateboarding aos 7 anos e como a mais nova participante, competiu no sub14 e sob amadores no Vans Girls Combi


Š Todd Fuller


© Todd Fuller

© Todd Fuller GWR MAG 16 |


em 2014, classificou-se em 7º em cerca de 13 skaters. Também compete no King of the Groms Contest, que é um concurso nacional em Minneapolis no Minnesota. Com 6 anos, foi a mais nova rider de sempre a classificar-se para as finais de Street e a qualificar-se para o Campeonato. Fez 7 anos mesmo antes do Campeonato e tornou-se a mais nova rapariga de sempre a qualificar-se para os 3 eventos (Bowl, Street e miniramp). Competiu e tornou-se a rapariga mais nova a ganhar um dos eventos (miniramp) e tornou-se a primeira rapariga de sempre a ganhar o prémio ATV (All-Terrain-Vehicle) Moniz Franco , mãe da Minna

O que te motivou a começar a andar de skate? O meu irmão Finnley. Ele andava de skate quando eu tinha quase 1 ano e eu também queria andar! Eu copiei-o!

© Todd Fuller

O que sentes quando estás a andar de skate? Liberdade. O skate faz-me sentir que posso fazer tudo. Gostavas que houvesse mais meninas como tu a praticar skateboard? Sim! Sempre mais skaters! Espero que mais raparigas venham andar de skate. Acho que vai haver mais, quando começarem a ficar mais velhas. Há tantas raparigas fantásticas a andar de skate, que são mais velhas do que eu, mas todos os dias uma nova rapariga pode começar! É super divertido e podes andar de skate com os amigos ou sozinha, se quiseres. Onde esperas estar daqui a 10 anos? Oh wow! Vou ter 19 nessa altura! Oh wow! Espero ser uma pro-skateboarder a viajar pelo mundo com o meu skate e os meus amigos e a competir nas provas em todo o lado, como os X-Games e a Street League.

© Todd Fuller


zoe benedetto "heavy z"


Š Christine Benedetto


© Christine Benedetto

© Ian Logan GWR MAG 20 |


NOME

Zoe Benedetto “Heavy Z”

IDADE

9

DESPORTO

Surf, Skateboard

PATROCINADORES

Billabong, SumBum, Girl is Not A Four Letter Word,Lopez Boards, FCS, Gorilla grip, Pom Pom, Simbi Haiti

© Ian Logan

© Christine Benedetto GWR MAG 21 |


A Zoe é uma menina de 9 anos que adora estar ao ar livre e adora surfar. Quando não está na água, podem encontrá-la no skatepark ou no campo de futebol! Ela está sempre perto de ou na água. Adora ler livros e ser uma menina de 9 anos normal. Actualmente, vai entrar na 4ª classe na Bessey Creek Elementary School e está ansiosa por fazer parte da equipa de jornalismo. Normal... sim, mas quando entra na água com a sua prancha de surf é uma menina diferente. Compete desde os 6 anos de idade e adora surfar contra as meninas e meninos mais velhos! Está agora a começar a viajar e recentemente visitou a Costa Rica com o seu treinador e shaper Shea Lopez. Acabou agora de competir no Surfing America USA Championships e classificou-se como uma das 16 melhores surfistas femininas abaixo dos 12 nos EUA. O sorriso é uma constante e está sempre feliz por ir surfar! É uma alegria em pessoa que ama a família e os amigos. Christine Benedetto, mãe da Zoe

O que te motivou a começar a surfar? E a andar de skate? A minha mãe levou-me a surfar, porque ela começou a surfar no Hawaii com 7 anos e o meu irmão mais velho Andrew também faz surf. Andar de skate é uma coisa natural que os surfistas fazem quando não estão a surfar! O que sentes quando estás a surfar? Quando estou a surfar sinto-me tão feliz! Adoro estar ao ar livre e ver que nova aventura as ondas e o oceano me vão trazer! Gostavas que houvesse mais meninas como tu a surfar? Gostava que houvesse mais raparigas da minha idade a surfar como eu! Mas na minha viagem à Califórnia conheci e tornei-me amiga da Bellatreas Kenworthy, que surfa e anda de skate e é totalmente radical! Onde esperas estar daqui a 10 anos? Daqui a 10 anos, espero estar a viajar pelo mundo e a competir no WSL e tentar ganhar o meu primeiro título mundial. Quero ser Campeã do Mundo!!


Š Christine Benedetto


© Christine Benedetto

© Ian Logan GWR MAG 24 |


© Ian Logan

© Christine Benedetto GWR MAG 25 |


SKY brown


© Stu Brown


© Stu Brown

© Stu Brown GWR MAG 28 |


NOME

Sky Brown

IDADE

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DESPORTO

Skateboard, Surf

PATROCINADORES

Girl is NOT a 4 Letter Word, Pride Socks, Sillygirl Skateboards, XShelmets, Moonjelly Wetsuits, PomPom Surf Wax, Ronin Eyewear, Rockstar Bearings and 5050waveskates

© Stu Brown

© Stu Brown GWR MAG 29 |


© Stu Brown

© Stu Brown GWR MAG 30 |


© Stu Brown

© Stu Brown GWR MAG 31 |


Desde pequena que a Sky adora saltar coisas, fazer slides e ir rápido. A primeira vez que viu um skate, tudo o que queria era ficar de pé em cima dele. Na altura tinha 1 ano e estava determinada já naquela altura. Desde que descobriu como empurrar e rolar no seu skate, já ninguém a conseguiu parar! Para ela, andar de skate é melhor sentimento no mundo e leva o seu skate para todo o lado…. Stu Brown, pai da Sky

© Stu Brown

© Stu Brown GWR MAG 32 |


O que te motivou a começar a andar de skate e a surfar? Vou a skateparks com o meu pai desde que me lembro. Sempre achei muito mais divertido do que um parque normal, prefiro as rampas e bowls aos baloiços e escorregas, são muito mais divertidos.Quando era pequena, chateava o meu pai para ele ir surfar de manhã e para eu poder ficar a brincar na areia, até entrava no carro e não saía! Um dia o meu pai meteu-me numa softboard e empurrou-me numa onda pequena e isso bastou. Fiquei viciada muito rapidamente (risos) . Agora acordo super cedo todos os dias e pulo em cima do meu pai até ele se levantar para me levar a surfar. Como te sentes quando estás a andar de skate? Feliz e livre e como uma princesa com super poderes como se pudesse fazer todo o tipo de coisas! Gosto de aquecer e suar no meu skate e arrefecer depois com um surf e a seguir um gelado, isso é o melhor!

Gostavas que houvesse mais meninas como tu a surfar? Hummm SIM! Definitivamente!! Precisamos de dizer às meninas que isto é muito divertido e que a diversão não pode ser só para os rapazes. Acho que muitas meninas não sabem o que estão a perder… A única coisa mais divertida do que surfar e andar de skate…. É surfar e andar de skate com os amigos (risos) Onde esperas estar daqui a 10 anos? Espero ser como a Alana Smith e viajar com os meus amigos para todos os skateparks divertidos, à volta do mundo. Vejo sempre as raparigas na Girls Skate Network blog cam e eles estão sempre a divertir-se muito! Oh! e apanhar ondas, muitas ondas divertidas em sítios não muito frios, gosto da água super azul. Oh! E golfinhos e peixes coloridos. Oh! E gelado, montes e montes de gelado!

Nota do Editor: O skatepark que vemos nas fotos foi construído pelo pai da Sky para que os filhos podessem brincar nos dias de chuva. O park encontra-se neste momento aberto para outras crianças que queiram utilizar o espaço também.

© Stu Brown GWR MAG 33 |


GIRLSWAKE CAMP G GI GIR


suP& yoga

powered by


a todas os princípios fundamentais do wakeboard. Depois de toda a gente estar confortável e preparada começaram as actividades práticas! As aulas práticas dadas pela rider Rute Marta foram Com o apoio APWW e patrocionado um verdadeiro sucesso, sendo que nenhuma das novas sentiu qualquer dificuldade pela Abaixo a Monotonia Turismo e SUP&YOGA participantes by ROXY, esta iniciativa do Girls Who Ride neste primeiro encontro com a modalidade. teve lotação esgotada com um grupo de 12 raparigas motivadas para iniciar e evoluir no Wakeboard, O sucesso das aulas teóricas e práticas foi tanto que as e muita, muita animação! Um grande obrigada a todos novas riders participaram inclusive no campeonato nacional, os que apoiaram o evento e que o tornaram possível! realizado no mesmo local uma semana depois! O Girls Wake Camp 2015 teve lugar na Barragem de Castelo do Bode, mais especificamente no magnífico Centro Naútico do Zêzere, nos dias 20 e 21 de Junho.

A recepção começou na sexta-feira, acompanhada de boa disposição, mas o evento em si só teve lugar a partir do Sábado de manhã Logo bem cedinho e após o pequeno-almoço, teve lugar a aula teórica, onde foi passada a primeira informação necessária a todas as praticantes e futuras praticantes de wakeboard. Leccionada pelo instrutor Luís Braga, um dos melhores riders nacionais e grande dinamizador do wakEboard em Portugal, esta aula mostrou

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Divididas em dois grupos, as raparigas alternaram o seu tempo entre o barco (gentilmente cedido pelo Luís Segadães), praticando wakeboard, e a praia em terra, existindo várias actividades alternativas como slackline, pogo stick, skate, SUP by ROXY. No final de Sábado, houve uma aula de yoga para relaxar (também proporcionada pela Roxy). A professora de yoga Cristina Figueira proporcionou momentos de relaxamento, bem necessários após um dia tão cheio! Pela noite de sábado, uma festa de arrasar e um jantar de luxo, servido pelo Centro Naútico do Zêzere


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e acompanhado de DJ e música noite adentro. Domingo foi dia de acordar bem cedinho e recomeçar as actividades. Á semelhança de Sábado, as meninas dividiram-se entre as aulas de wakeboard e as actividades em terra, desta vez muito mais confiantes e aventureiras, até porque todas as actividades tinham prémios surpresa: melhor manobra, melhor queda, melhor foto, a mais divertida no SUP, entre outras! No final do evento, ficaram muitas amizades novas, muita vontade de fazer wakeboard e muitas memórias para recordar um fim-de-semana super divertido. Os pedidos para um novo camp são muitos… estejam atentas a mais novidades!

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tatiana howard the butterfly effect



Quem é a Tatiana Howard? ​

O que é o movimento Butterfly Effect?

☺ Aloha! Eu sou a Tatiana Howard, do Havai. Adoro o oceano e desportos de água. Adoro dançar, fazer yoga, comer de forma saudável, manter-me activa, inspirada e estar com novos e velhos amigos. Sou uma Water Woman profissional e a fundadora do Butterfly Effect. Cresci numa ilha linda no Havai e estive perto do oceano toda a minha vida. Sinto-me abençoada por fazer o que faço e estou sempre pronta a partilhar a minha paixão por todo o mundo.

O Butterfly Effect tornou-se um movimento internacional de water women. O objectivo é inspirar e dar poder ás mulheres através dos desportos de água, assim como ajudar e apoiar as instituições ou causas locais. É conhecido como o movimento Aloha, porque através de cada evento queremos espalhar o espírito “aloha” (amor e bondade) através de um evento não competitivo, inovador e inspirador. Queremos aumentar o número de participantes assim como os patrocinadores, apoios e até as comunidades que visitamos. Flores, leis e instruções de Hula vêm sempre com cada evento!

És uma verdadeira Water Woman! Que desportos praticas e quais os que gostas mais? Adoro o oceano e adoro entrar na água pelo menos uma vez por dia. Os meus desportos favoritos são o windsurf, o kitesurf, surf, sup e tow in surfing. Adoro-os a todos e adoro estar na água, em todas as condições com vento, com ondulação nos outer swells ao longo da costa com a prancha de sup. Estar na água refresca-me diariamente. Limpa todas as preocupações e o stress e faz-me sempre ficar apaixonada pela vida outra vez. Permite-me respirar, interiorizar a natureza, pensar nas minhas bençãos, e inspira-me sempre com novas ideias.

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Como surgiu esta ideia? Surgiu em 2007 em Maui, no Havai. Estava a competir a nível profissional e a viajar pelo mundo em diferentes etapas. Sonhei que ia ser óptimo se houvesse um evento sem a pressão da competição, mas com um desafio em vez disso. O primeiro evento foi maioritariamente windsurf e kitesurf, pois o paddle ainda não era muito popular, e foi um evento não competitivo, num curso de 5 milhas. Começámos numa praia e ridamos as ondas e o vento pela linha da costa até outra praia maravilhosa. Esta aventura e desa-



fio de fazer as 5 milhas foi emocionante e divertida de fazer com um grupo. Encorajávamo-nos umas às outras e melhorávamos as nossas capacidades enquanto navegávamos. O evento repetiu-se um segundo ano e expandimos para o Brasil, e depois continou a crescer e a crescer. Agora o evento está em 17 países e 35 eventos com milhares de participantes. Cada evento tem uma rota diferente dependendo do que a localização oferece. Às vezes é SUP, outras é windsurf e kitesurf, e até algumas sessões de surf. Do que te lembras melhor desse primeiro evento? Lembro-me da minha amiga Juliana Farias, com quem partilhei primeiro a ideia, e ela ficou tão emocionada como eu. Juntas fomos a todas as praias, falar com as raparigas sobre o evento e a convidá-las a juntarem-se. Fomos à praia do surf, à praia do kite, à praia do windsurf. No primeiro evento eramos uma dúzia. Lembro-me de que havia uma rapariga com um stand up paddle e ficámos todas

curiosas sobre o que ela estava a fazer. Agora a maioria dos eventos são com stand up paddle! Lançámo-nos da Ho’okipa Beach e fomos até Kanaha. Organizámos comida e prémios para toda a gente. Desde aí, o evento cresceu e inclui mais localizações, mais pessoas, mais desportos, e adicionámos uma parte para dar de volta também. Que dificuldades encontraste no caminho? O Butterfly Effect começou de forma orgânica e continua a crescer sem muito esforço, porque as pessoas gostam mesmo e encontram o “aloha”. Com o crescimento do evento precisámos de arranjar mais patrocinadores e mais apoios. No início, quando falávamos com patrocinadores eles não conseguiam entender o conceito de evento “não competitivo” direccionado às mulheres. Nunca houve nada parecido, e foi difícil para os patrocinadores aceitarem a ideia, pois no passado só tinham apoiado eventos competitivos e maioritariamente para homens. Também foi difícil


apresentar a ideia, pois a maioria dos donos do negócio eram homens e não conseguiam entender o conceito. Agora, depois de vários eventos de sucesso, eles começam finalmente a aceitar o conceito e estão mais abertos a dar apoio. Quem são as “butterflies” envolvidas no projecto? Referimo-nos às “butterflies” quando falamos de todas as participantes. Também temos muitos homens em cada evento a darem apoioe a ajudar, o que agradecemos! Adoramos ter toda a comunidade envolvida, mas a parte de água do evento é só para as raparigas e para destacar as mulheres no desporto. Estamos emocionadas por ver tantas mulheres a praticarem desportos de água e de prancha, e de ver cada vez mais eventos direccionados para as mulheres a aparecerem. Está cada vez a haver mais igualdade. Qual é a tua missão com este projecto?

O meu objectivo pessoal é inspirar as pessoas a viverem as suas paixões. Sinto-me abençoada por poder fazer só isto e encorajar os outros a encontrarem aquilo que os faz felizes, porque pela minha experiência, quando alguém segue o coração, automaticamente oferece algo útil e benefícios para o mundo de uma maneira positiva. Para mim, os desportos de água são a paixão, mas para outros pode ser ler, escrever, arte, música, dança, etc. O Butterfly Effect tem várias vertentes criativas e cada “butterfly” encontra a sua inspiração nos eventos de uma forma única. Isto tudo junto é a missão do Butterfly Effect Se tivesses de comparar o primeiro evento, com o último qual é a linha orientadora que começou com o evento e se mantém até á data? Aloha - é tudo sobre o espírito aloha no evento, estar com amigos e família, desfrutar da natureza, praticar despor-






tos e encorajar um modo não competitivo. O espírito aloha é quente, acolhedor, de amor incondicional, e está em todo o lado, mas de alguma forma as ilhas têm um “shot” especial de aloha, ou pelo menos é o que me faz sentir. As flores, o hula, o ar fresco, a água linda e a natureza à volta, parece que trazem o melhor de todos. É este sentimento que quero ajudar a espalhar à volta do mundo, independentemente de onde estamos, porque podes encontrar beleza em todo o lado e de várias formas diferentes! Sabemos que recentemente organizaste um evento em Portugal, qual foi o feedback? Em Portugal, o Butterfly Effect foi muito especial, pois foi a primeira vez e foi uma semana cheia de surf e actividades, e não apenas um dia, como fazemos normalmente. A Liquid Mountains preparou uma semana não só com surf, mas também com paddle, fitness, yoga, dicas de saúde, massagens, actividades culturais, cursos da língua, degustação de comida e muito mais!

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As SheRiders são uma Team feminina de wakeboard que tem vindo a dinamizar o desporto entre as mulheres no Brasil. O Naga Cable Park é a sua segunda casa e pretendem levar cada vez mais meninas a praticar este desporto. Falámos um pouco com elas, para conhecer melhor o projecto que dinamizam e as meninas da Team.

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© Fernando Guzi

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Como surgiu o projecto SHERIDERS? Depois do campeonato Wake Jam de 2014 começámos a conhecer-nos e a identificarmo-nos umas com as outras. Todas já tínhamos começado a andar de wake, mas foi depois disso que, juntas, começámos a evoluir. O grupo Sheriders surgiu oficialmente em Junho de 2014, com a criação do instagram @sheriders e começou a escrever a sua história ganhando novas praticantes e o apoio de todos. Qual é o objectivo principal que esperam alcançar com o SHERIDERS? É um grupo criado para incentivar, ajudar e divulgar o wakeboard feminino no Brasil, com isso esperamos ver cada vez mais mulheres a praticar o desporto.

Natascha Lopes de Siqueira (Nana) - Gerente Administrativo, Patricia Peroquetti Quinhoneiro (Pati) - Gerente de Contas, Patty Hamada (Patty) - Arquitecta, Paula Lopes de Siqueira (Paulinha) - Arquitecta, Thalita Maria Grava (Thata), Arquitecta As Sheriders, têm algum local de encontro favorito? No Naga Cable Park que se tornou a nossa segunda casa pois praticamente todos os finais de semana nos encontramos lá, para andar de wake, e como nos tornámos muito amigas nos encontramos fora de lá também, em São Paulo. Como vês o panorama do wakeboard feminino no Brasil, e de uma forma mais abrangente em todo o mundo?

O wakeboard no Brasil está a crescer, mas ainda tem um longo caminho pela frente. O único cable full size do Brasil tem 6 anos enquanto Estados Unidos e Europa têm Quem são as principais mentoras por trás da team? muitos e já há bastante tempo. É da cultura destes lugares Claudia Spadari Buti (Caca) - Designer, Elaine da Silva Fre- começar a praticar o wakeboard ainda quando crianças e mau (Aran) - Personal Trainer, Flavia Simões Yoshida Fon- no Brasil é mais comum as pessoas começarem mais veseca (Fla) - Ginecologista, Glaucia Ferreira (Glau) - Perso- lhas, até porque só ficam a conhecer o desporto mais tarde. nal Trainer, Mariana Nep Ribeiro Osmak (Mari) - Dentista, Mas isso já está a tomar um rumo diferente e o wake só

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Š Fernando Guzi


tende a crescer por aqui. Além disso, no ano que vem vai inaugurar outro cable full size em Goiânia, o Sunset Cable Park. Por se tratar de um lugar que terá uma óptima infraestrutura, trará cada vez mais adeptos e com certeza só ajudará o wakeboard brasileiro a crescer e criar visibilidade para o Brasil.

tade e persistência... São fundamentais!!! Não se pode desistir pois o começo pode ser difícil mas depois de aprender a sair e a dar a volta no lago, a evolução é mais rápida. É também um desporto que vicia, quanto mais se aprende, mais se quer aprender. Quem começa não pára…

No período de uma ano, desde que criamos o grupo já podemos ver alguma evolução. No início do ano de 2014 as poucas meninas inscritas num campeonato competiram nas mesmas categorias que os meninos, por não haver praticantes suficientes para criar uma categoria exclusivamente feminina. Nesse mesmo ano, no campeonato brasileiro já conseguimos esgotar todas as vagas para a única categoria feminina. E em 2015 conseguimos dar mais um passo, com a criação de duas categorias femininas, Amador e Open, para ambas cujas vagas foram esgotadas na primeira semana de inscrição!

Sabemos que também participam em várias competições, tens notado uma evolução no nível feminino ao longo dos anos?

Qual o maior desafio que as meninas que estão a iniciar wakeboard enfrentam? E o feedback depois de experimentarem a primeira vez?

Fizemos a primeira edição do Girls Wake Day, um evento onde as Sheriders ensinam e ajudam mulheres a andar de wake. Foi uma parceria das Sheriders com o The MoodHodd e as meninas do Longarina. O próximo ainda não tem data definida mas acreditamos que nos próximos meses faremos

Não é um desporto fácil, é preciso ter muita força de von-

Com certeza! As competições nos ajudam muito pois nos desafiam a tentar novas manobras. Isso nos faz evoluir e querer sempre aprender mais. Para além das competições, costumam fazer outros eventos para promover o wakeboard feminino? Qual o próximo e como é que as meninas se podem inscrever?

© Fernando Guzi GWR MAG 60 |


© Fernando Guzi

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um novo Girls Wake Day e divulgaremos no nosso instagram (@sheriders) e página do facebook (Sheriders Wake) e as pessoas podem se inscrever através do site do The ModdHood. Além desses eventos estamos a lançar os nossos primeiros videos, cuja intenção é incentivar e inspirar as meninas a conhecerem o esporte! Alguma mensagem que queiram deixar às nossas leitoras para as motivar a experimentarem wakeboard? É um desporto que ajuda na condição física, faz-te superar seus próprios limites e ainda por cima te proporciona muitas novas amizades! O exemplo disso somos nós, das Sheriders: praticantes, competidoras e muito amigas.

Teaser: https://vimeo.com/129389974 Apresentação: https://vimeo.com/130755997 Facebook: https://www.facebook.com/pages/Sheriders-Wake/1414486292181255

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artes

lizzy

“O SURF É O MEU CAMINHO PARA UMA CONSCIÊNCIA SUPERIOR, E UM ENTENDIMENTO SOBRE TODAS AS COISAS, PORQUE PERMITE UM ESTADO DE SERENIDADE E DE PRESENÇA, QUE ME FAZ VER TUDO O RESTO DEPOIS”

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O desenho sempre esteve presente na minha vida. Desde cedo mostrei interesse em desenhar e pintar, e tive a sorte dos meus pais incentivarem esse gosto com todos os materiais necessários. Lápis de cor, canetas, aguarelas, pastéis.. nunca faltaram lá em casa. Mais tarde ingressei num curso tecnológico de design gráfico e de equipamentos no liceu, que me deu as aptidões técnicas para desenvolver trabalho vectorial. Apesar do meu gosto pelas artes acabei por escolher licenciar-me em turismo, não pelo curso em si, mas pelo facto de não aguentar estar longe do mar, e na altura Peniche acabou por ser a única opção para uma vida académica ao pé do mar, onde não faltasse surf. Quando me mudei para Peniche tudo ficou mais simples, e conseguia surfar todos os dias. Hoje em dia consigo entender como esta foi uma das escolhas que determinaram todo o meu caminho de vida. Não só porque agora sou licenciada em turismo, mas a trabalhar

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em ilustração, desenvolvendo um portfólio consistente durante estes anos, e consigo trabalhar na área surf, com pessoas que partilham da mesma necessidade íntima de estar perto do mar. Desta forma, nunca deixei de fazer aquilo que gosto, e tenho mais aptidões em diversas áreas, o que pode ser benéfico a longo prazo.. apesar de não pensar muito no futuro. Apesar de sempre ter desenhado, e ter feito bastantes trabalhos de design em freelance, só em 2012 percebi que a ilustração poderia deixar de ser hobby para ser uma oportunidade de trabalho. Não de uma forma consciente, na altura, já tinha terminado a licenciatura em 2010, e estava um pouco perdida com o que viria a seguir, com o caminho a tomar. E um amigo mostrou-me o trabalho de uma ilustradora espanhola, e aquilo fez-me um “click”. Assisti a um retorno ao tempo em me perdia nas horas com lápis e canetas na mão. Hoje em dia acredito que quando nascemos, vimos com uma aptidão para algo em particular, e onde está a nossa paixão, está a nossa missão, e só quando nos entrega-


mos com alma a algo, é que conseguimos fazê-lo bem e inspirar outras pessoas a seguir também as suas paixões. Toda a inspiração para os desenhos vem da ligação ao mar, já o Gonçalo Cadilhe diz que “no principio estava o mar”, foi o primeiro livro que li quando comecei a surfar aos 15 anos, e realmente não poderia descrever de outra forma o meu percurso. Tudo se tem desenvolvido à volta do mar, das ondas, do surf. Costumo descrever as minhas ilustrações como “soul and surf”, uma vez que revelam a minha relação com o mar, e particularmente a forma de encarar o surf. A minha inspiração vem da interrogação. Do meu questionamento sobre a origem do homem e o sentido da vida. Por um lado a minha curiosidade por aquilo que me rodeia, a necessidade de compreensão de relações, sincronicidades e mecânica do mundo, por outro, o meu

surf, a minha forma de auto-descoberta e auto-superação. O surf é o meu caminho para uma consciência superior, e um entendimento sobre todas as coisas, porque permite um estado de serenidade e de presença, que me faz ver tudo o resto depois. E portanto, a minha iconografia é baseada naquilo que me inspira – o Mar, e as personagens que acabam por ser o meu espelho, e o lado mais espiritual associado a ele. A iconografia do surf vintage, mais autêntico, de movimentos alongados, padrões tribais, minimalistas, simbólicos e detalhados, mandalas, e outros elementos geométricos, olhos, triângulos, a influência das pinturas mehndi, e de outras culturas ancestrais... O sonhador “Believer”, a ingénua, feminina e harmoniosa “Cute Surfer Girl” dois dos meus personagens mais proeminentes, e que estão bastante presentes no meu trabalho, dependendo do estado de espírito.

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CHICAMA A chicama nasceu em 2010 pouco depois de terminar a faculdade, apenas com algumas tshirts estampadas, uma forma de aliar o meu gosto pelo surf ao design gráfico. A marca tem amadurecido comigo, assim como todo o design desenvolvido, tanto de produto como de conteúdo gráfico. Realmente quem a acompanha desde o inicio consegue ver pontos de viragem, de mudança. Acaba por ser muito o meu reflexo. Hoje em dia aposto essencialmente nos produtos confeccionados à mão, etiquetados, numerados e exclusivos. É isso que as pessoas querem, coisas autênticas, com uma alma. O nome chicama surgiu de uma vontade de visitar o Peru, não só pelas ondas compridas, como por toda a história, cuja iconografia e representações gráficas têm inspirado a minha arte, indo de encontro ao meu questionamento sobre a origem humana. TRABALHO FAVORITO Na verdade não consigo ter um trabalho favorito, normalmente digo que o que gosto mais é o que fiz em último lugar, porque farto-me sempre dos desenhos, e nunca estou satisfeita. Acho sempre que posso fazer melhor. Esta vontade de procurar, de me inspirar em bons ilustradores que procuro de uma forma “random” em sites como society6, Pinterest, The Drawing Arm, Instagram... entre outros, me faz superar a cada dia. Faz-me mais exigente comigo mesma, mas de uma forma saudável, não competitiva nem frustrante. Neste momento gosto de me ficar por originais, desenhar exclusivamente à mão em quilhas, em pedaços de madeira... maioritariamente mandalas, ou desenhos com detalhes minuciosos, é como uma meditação. Quando estou presente, a mente desliga e estou só a desenhar, e isso faz-me feliz. TRABALHOS REALIZADOS, EXPOSIÇÕES Ao longo destes anos tenho desenvolvido várias parcerias e trabalhos freelancer, mas de longe aquele que me desafiou mais foi o logo para o MY Destiny. Para mim não é fácil desenhar logótipos, muito menos para alguém que nos é querido. Não queria falhar com a Carolina, e isso provocou-me alguma pressão. Apenas quando me “apropriei” do conceito e pensei “como faria se fosse para mim?”, é que as coisas fluíram, e desenhei a minha primeira mandala! Quando desenho para mim, faço-o de forma tranquila, de acordo com o que gosto e quero transmitir e felizmente o feedback tem sido muito bom, e fico muito feliz GWR MAG 68 |

por perceber que as pessoas gostam daquilo que faço. Já realizei varias exposições de norte a sul do país, mas aquela que acredito ter tido mais impacto foi na India, durante o India surf festival, não só por ser forasteira, mas por ser forasteira na India mais tradicional, na região de Odisha, lado este, onde o papel das mulheres é ainda menos solicitado do que nos grandes centros urbanos. Integrei a exposição na zona “girls power”, temática do festival este ano, com o objectivo de ultrapassar barreiras na igualdade de géneros, e mostrar que a diversão e criatividade é permitida às mulheres na India do século XXI. Esta viagem reafirmou a importância das pequenas coisas, dos detalhes, a partilhar o pouco. Aprendi que o que consideramos insignificante pode ser determinante na vida de alguém, e acreditem mesmo, que um simples banho de mar pode abrir uma janela de sonhos a quem nunca saboreou a água salgada! SONHOS, PROJECTOS E TRABALHOS Acredito que podemos ser aquilo que quisermos, quando obviamente damos o primeiro passo nessa direcção. Sei que nada “cai” do céu, e tudo o que tenho alcançado requereu muito esforço, dedicação e trabalho prévios. Mas lembro-me de



pensar no que queria ser, ou no que me iria tornar quando tinha 15 anos, e agora sei que me tornei naquilo que gostava de ser. Estou muito grata pela vida que levo, pelas oportunidades que se têm cruzado no meu caminho, pelas pessoas que lhe dão vida. Estou a trabalhar para que a ilustração continue a dar-me o suficiente para viver e poder aguçar a minha curiosidade com viagens e tempo disponível para surfar, estudar sobre tudo o que desperte o meu interesse, seja espiritualidade, religiões, história, métodos holísticos... e que continue a ter desafios e novos estímulos diários. GWR MAG 70 |

Já estou a viver o meu sonho, trabalhando diariamente para continuar a vivê-lo. Não gosto da sensação de desperdiçar tempo. Temos a sorte de viver em paz, com acesso à informação e à tecnologia, portanto devemos tirar benefício disso, apropriar-nos de todo o conhecimento que consigamos, e partilhá-lo assim que tivermos oportunidade. Senti isso na India. Quando chegámos e souberam que éramos portuguesas, queriam que fizéssemos pão! O bem mais essencial na cozinha mediterrânica, e apesar de já ter arregaçado as mangas em festas familiares, não me comprometi a fazê-lo... e este é só um exemplo simples. O que interessa na vida é a partilha,



disso tenho a certeza, por isso devemos aprender primeiro. PAPELDOARTISTANASOCIEDADEACTUAL, O TEU PAPEL Acho que o papel de qualquer pessoa no mundo é aprender e ensinar. Termos consciência do nosso papel na sociedade através daquilo que nos é inato, seja através do desenho, da música, da honestidade, e sim, acredito que toda a gente tem uma aptidão especial para algo em particular. Seja qual for o ofício ou virtude, tudo o que for feito de coração chegará ao coração de alguém. No meu caso, enquanto ilustradora “soul & surf” gosto de passar a minha forma de ver o surf, não só como um desporto, mas como um caminho para a auto-descoberta. E essa espiritualidade está patente na forma como desenho, a tranquilidade, a paixão, e introspecção dos personagens, a própria simbologia utilizada. Portanto não acredito que tenha mais algum papel senão o de ser verdadeira comigo mesma e dar forma àquilo que me vai na alma, e isso acaba por passar e inspirar outras pessoas. Essa é a minha missão, até porque a sociedade precisa é de humanidade, e de se inspirar em modelos autênticos, genuínos, e felizes.

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cronica

ISA

~ sebastiao É a actual campeã nacional de SUP (maratona e sprint) e bateu recentemente o record mundial para a maior distância percorrida num rio sem paragens a remar em pé numa prancha de SUP. Foram 170km em 24 horas, superando em 40km a marca anteriormente detentora do recorde do Guiness.

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Existem ideias que se agarram a nós e temos dificuldade em explicar quando e porquê, esta é uma delas. Penso que começou timidamente a crescer hà mais de um ano, e a casualidade de me ter cruzado com algumas pessoas fantásticas teve uma influência grande na minha motivação e inspiração, como é o caso do Jorge Pina que foi uma das pessoas que mais me fez crer que tudo nesta vida é possível. A oportunidade de acompanhar de perto as façanhas do Francisco Lufinha e poder contar com algumas dicas e conselhos foi também determinante. Os motivos que nos levam a fazer este tipo de acções são sempre vários e no meu caso sem dúvida que a superação pessoal está no topo da lista, depois poder divulgar a modalidade e influenciar mais mulheres para a prática desportiva e nomeadamente para as atividades náuticas também são metas a que procurava chegar. E por ultimo penso que gosto de pensar que poderei, quem sabe, servir de inspiração para que cada um se possa superar na sua área e tentar chegar mais longe e por caminhos diferentes. Esta aventura teve por base a bonita cidade de Alcácer do Sal por quem me apaixonei à primeira vista. E sem dú-

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vida que o que vai ficar gravado na minha memória vai muito além dos 170km que consegui percorrer, o que fica no coração são as paisagens, os peixes que me saltava para a prancha, as centenas de pássaros de diferentes espécies com que me cruzei, as lontras que me assustaram, e as gentes daquelas terras e os amigos que fiz. Foi uma aventura quase perfeita, e penso que o ter sido quase perfeito é o que também apimenta estas 24 horas onde facilmente teriam de ocorrer alguns percalços. O facto de ter alcançado os 170km foi bastante acima das perspetivas e ter andado sempre acima do ritmo mínimo que sabia que tinha que fazer foi-me motivando cada vez mais e renovando as forças. Agora o Guiness irá analisar as provas e evidências e esperemos que valide o recorde. Como optei por não recorrer a pagamentos o processo de reconhecimento será sempre mais lento. Apesar de estar muito confiante na minha preparação e treino tinha sempre algumas dúvidas de como o corpo iria reagir principalmente depois das 16h00. Surpreendentemente a resposta foi sempre muito boa e a principal dificuldade relacionou-se com os joelhos que começaram a estar muito inchados e com algumas dores. Mas nada que


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me impossibilitasse de continuar, o meu maior receio seria o aparecimento de uma dor aguda que não permitisse chegar ao final das 24 horas mas felizmente tal não aconteceu. Estava preparada para mudar de roupa e para vestir roupa mais quente durante a noite, no entanto tal não foi necessário. A temperatura de noite estava agradável e durante o dia quando o calor apertava a estratégia era encher o chapéu com água e refrescar-me. Relativamente à alimentação e hidratação, tinha planeado comer de hora a hora e assim fui cumprindo o plano. Passadas 16 horas comecei a ter cada vez menos vontade de comer mas mantive-me disciplinada e isso foi determinante. O consumo de água também foi constante e fui sempre bastante bem hidratada. O facto de não mudar de roupa e ter apenas 3 momentos em que comi algo mais substancial que barras, gel, fruta ou ovo cozido permitiu-me ter um total de paragens que ronda os 30 minutos que em 24 horas foi bastante bom. Nestas paragens mantive-me sempre em cima da prancha mas sentava-me para comer e normalmente agarrada a um ponto fixo em terra. A maior dificuldade surgiu a 2 horas do final quando fui apaGWR MAG 76 |

nhada por um mini tufão que passou pela zona. Foram 40 minutos de caos e muita aflição, tive que ir buscar as forças que tinha e que não tinha para conseguir sair do meio do vento que me empurrava para o lado contrário ao que deveria ir. Durante aqueles longos minutos o rio parecia o mar em dias de tempestade e acho que pensar nas pessoas que me esperavam em Alcácer do Sal me deu forças e “raiva” para conseguir ultrapassar esta dificuldade. Tirando este momento de aflição todo o percurso foi agradável e a beleza do rio foi facilitando o trajecto pois consegui usufruir da paisagem. A noite é lindíssima, no entanto foram muitas horas às escuras e o cansaço acumula-se, o desejo de ver o sol nascer e poder antecipar tudo o que estava a acontecer foi crescendo e por volta das 6 da manhã quando vi os primeiros raios de sol foi bastante emotivo. Tive uma equipa de apoio que cuidou de mim durante as 24 horas apesar de não os ter permanentemente comigo no rio. Tinha pontos em terra em que me abasteciam de comida e água (Vale do Guizo e Alcácer do Sal) uma das características do rio Sado é não ter muitos acessos ao rio por isso tinha apenas estes dois locais como pontos de apoio. Durante a noite entre as 00h30 e as 04h00 o barco andou junto a mim (Paulo Simão, Júlio Nunes e Filipe Correia) porque previa


que este fosse o período de maior quebra física e anímica. Às 4h00 da manhã como me sentia muito bem prescindi do acompanhamento do barco. Durante dois momentos do dia de Domingo tive amigos que remaram um pouco ao meu lado o que me fez muito bem (Filomena, Albano e Miguel). Nas últimas 4 horas o Filipe Correia acompanhou-me sempre na mota de água e a presença dele quando fomos apanhados pelo tufão foi muito importante para mim.

PREPARAÇÃO A minha preparação passou essencialmente por muita disciplina! O meu dia passou a ter realmente 24 horas e todas elas eram aproveitadas ao máximo,“every day is a game day” passou a ser o meu lema. O treino físico foi diário e diversificado passando por trabalho de água (remada), ginásio, corrida e natação. As sessões de fisioterapia com o Nuno Gameiro foram também determinantes para recuperar as mazelas do corpo e por fim cuidados redobrados com a alimentação e aporte de água.

Quando avistei Alcácere comecei a ver amigos que tinham ido de Lisboa para me receber foi algo de indescritível e só de pensar faz-me pele de galinha. Tinha acabado de estar a lutar com rajadas de vento de 70km/h e de repente ver que ia conseguir PERCURSO DESPORTIVO e que tinha lá tanta gente de quem gostava deu-me uma energia extra e passei por eles com 20 minutos a menos e decidi O meu percurso desportivo fez-se como jogadora de Bascontinuar para conseguir ganhar mais alguns km. Assim foi … quetebol durante 15 anos (96 internacionalizações), quando deixei de jogar basquetebol comecei a explorar as atividaSó quando sai da prancha e pisei terra firme é que des de exploração da natureza. Fiz montanhismo durante percebi que estava com muita dificuldade em an- algum tempo e depois virei-me definitivamente para as náudar, com os joelhos mesmo muito inchados e com frio. ticas: windsurf, canoagem, wakeboard, kitesurf e em 2009 aparece o SUP que se tornou a par do Kite a maior paixão.

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F A S H I O N

must have DC - SPRAY GRAFFIK PVP 21,50

Originals_Farming_Backpack Advanced_Cayenne PVP.49.95€

DC - HAVEN_PVP 63.90

PICCADILLY 79,90

PICCADILLY 56,90


T E C H

DC - REBOUND HIGH TX PVP 89.99

JOBE EVO disponível em: www.jobewakepark.com/evo

DC - NYJAH HIGH PVP 99.99

DC - NYJAH VULC PVP 85.50


CAMPEONATO NACIONAL DE WAKEBOARD

Realizou-se em Junho - dias 27 e 28 - o Campeonato Nacional de Wakeboard - Barco, na Barragem de Castelo do Bode e pelas mãos do Projecto Wakeboard Portugal. O GWR dá os parabéns a todas as participantes, e á organização por mais um Campeonato Nacional de luxo, e com o nível das atletas a aumentar cada vez mais. Decorreu ainda no fim de semana de 25 e 26 de Julho, a primeira etapa do campeonato nacional em cable, e esteve ao rubro, com as girls a aterrarem truques cada vez mais complexos e a fazer evoluir todo o wakeboard em Portugal!

BREVES Classificações Open Fem. Barco 1º Ana Cunha 2º Rute Marta 3º Inês Segadães Classificações Open Fem. Cable 1º Ana Cunha 2º Joana Leitão 3º Rute Marta

Rider: Inês Segadães GWR MAG 80 |


Rider: Ana Cunha

Rider: Rute Marta GWR MAG 81 |


BREVES ja conhecem as novas jobe evo?

Finalmente chegou o momento que todo o Mercado estava à espera: os detalhes do novo produto da Jobe: EVO! E parece que cumprem com todas as expectativas criadas à volta destas fixações! Com um site dedicado - www.jobewakepark.com/evo e vídeo de acção, a Jobe volta a mostrar porque é que a EVO é a evolução do wakeboard. O sistema de fixações modular que torna mais fácil colocar a prancha nos pés e poupa tempo para o que realmente é importante – ridar! A bota EVO, separada da housing da EVO, torna a bota mais resistente e portanto mais duradoura. Para além disso, as novas Jobe Evo, permitem um maior controlo, através de um conjunto de inovações e mantêm-se fieís á leveza dos produtos Jobe. E a melhor parte, é que é totalmente customizável, e cada um pode criar o seu estilo – um mimo, que nós aqui no GWR simplesmente adorámos!

Rider na foto: Candice Boisson Encomendas: www.jobewakepark.com/evo Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ZgrmmyF54Y4



BREVES algarve bike challenge

O uso da bicicleta está cada vez mais em moda e a procura por desafios e novas experiências é uma constante. Embora a oferta de eventos pelo país seja cada vez maior, o Algarve Bike Challenge destaca-se de todos eles, e já assim o é desde 2014.​ Pelo quarto ano consecutivo a Associação Clube BCF organiza aquela que, é desde a sua segunda edição, a maior competição por etapas em mountain bike! E ano após ano a evolução é maior e cresce o estatuto. A beleza da região, a qualidade dos percursos, o serviço de excelência prestado pela Organização e as características únicas deste grande evento fazem com que para 2016 o Algarve Bike Challenge seja também prova UCI, permitindo a atletas federados UCI pontuarem para o ranking UCI em ano Olímpico! Sendo que esta será uma das últimas provas pontuáveis para a qualificação para os Jogos Olímpicos de Rio de Janeiro​ 2016​, espera-se uma enorme adesão de atletas de elite mundial atraindo assim os media e a atenção de todos os aficionados desta grande modalidade. Com isto, não se pense porém, que o Algarve Bike Challenge passará a ser totalmente competitivo e voltado apenas para atletas de elite! Este evento é muito mais que uma prova por etapas, é um desafio, uma experiência que qualquer mountain biker não fica indiferente. Como tal irão decorrer duas competições no mesmo evento, o Algarve Bike Challenge 2016 UCI e o Algarve Bike Challenge 2016 Open Race. Enquanto o Algarve Bike Challenge 2016 UCI será uma prova de categoria 2, exclusiva a atletas Elites com licença UCI e cujo o regulamento terá por base as regras UCI para este tipo de provas (XCS), o Algarve Bike Challenge 2016 Open Race será, tal como nas edições anteriores, uma prova aberta a atletas federados e não federados com um regulamento específico em que as usuais categorias são substituídas por bonificações segundo a idade e sexo dos participantes. O Algarve Bike Challenge​​em 2016​realizar-se-á nos dias 4, 5 e 6 de Março​e a 1ª fase de inscrições arranca já no próximo dia 1 de Agosto de 2015​. O verdadeiro desafio desta prova não está apenas e só em vencer, mas no auto conhecimento, na partilha do verdadeiro espírito do mountain bike, na superação de limites em contacto constante com a Natureza no seu estado puro! Sendo o Algarve um destino turístico de eleição existe no entanto ainda muito por descobrir no seu interior, quer a nível ambiental, histórico, cultural e social. Pretende-se com este evento fomentar o Turismo de Natureza e de Desporto. Para informações adicionais consultar: http://www.algarvebikechallenge.com




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Š Ian Logan | Rider: Zoe Benedetto

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