OLD Nº 48

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expediente

revista OLD #número 48

equipe editorial direção de arte texto e entrevista

Felipe Abreu e Paula Hayasaki Tábata Gerbasi Angelo José da Silva, Felipe Abreu, Laura del Rey e Paula Hayasaki

capa fotografias

Mariana David Giselli M., Guilherme Gerais, Lucas Romanholi, Mariana David e Milena Edelstein

entrevista email facebook

Ricardo Labastier revista.old@gmail.com www.facebook.com/revistaold

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índice

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livros terra: gui mohallem exposição

mariana david por tfólio

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guilherme gerais por tfólio

milena edelstein por tfólio

ricardo labastier entrevista

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lucas romanholi por tfólio

giselli m. por tfólio

reflexões coluna



carta ao leitor

Exploramos nesta edição corpo, tempo, ficção e religiosidade. Cada um de nossos fotógrafos se envolve com algum destes temas criando ensaios instigantes que problematizam questões centrais dentro da fotografia contemporânea. Além das ditas questões, começamos a nos preocupar cada vez mais com a edição dentro do universo fotográfico, trazendo esta questão para a construção da revista e dos textos do nosso blog. Com tudo isso em mente, apresentamos em Agosto os trabalhos de Mariana David, Guilherme Gerais, Milena Edelstein, Lucas Romanholli e Giselli M. Cada um desenvolvendo uma estética e uma abordagem própria em relação ao seus assuntos.

Assim, apresentamos a variedade e o sem-número de possibilidades criativas dentro da fotografia contemporânea. Em nossa entrevista, conversamos com Ricardo Labastier e apresentamos seu novo trabalho: SantuÁrido. Na conversa Ricardo conta sobre os processos criativos e as origens por trás de sua produção fotográfica. Com este grande panorama criativo apresentamos mais uma edição da OLD. Aproveite!

por Felipe Abreu

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livros

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ED IT de ED

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otógrafos tem grandes dificuldades em editar seus trabalhos. Isso se dá, em parte, pela ausência de uma literatura consistente sobre o tema. Se pensarmos na quantidade de livros que temos sobre edição em cinema, jornalismo e afins, dá uma tristeza ao se comparar com a fotografia. O coletivo ED criou um método próprio para edição de arquivos fotográficos, encontrando valores e catalogações específicos para determinados tipos de fotos. A teoria é apresentada no livro ED IT, que se debruça em um arquivo fotográfico específico, escolhido como exemplo pelo grupo. Se ED IT não é um guia de como editar ensaios, o que é muito bom aliás, ele funciona como um estudo e um método de aprofundamento na imagem, de compreensão dos valores de cada fotografia, para posteriormente ser usado na construção de um ensaio. Disponível em editingstandard.com valor R$160 456 páginas 6


livros

CAIXA DE SAPATO

de Cia. de Foto

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Cia. de Foto transformou a fotografia brasileira. Um estilo marcante, mas sem assinatura individual, a produção de trabalhos que lindavam profundamente com a intimidade e a família, fugindo do estudo do outro e se voltando para o estudo do eu, e uma eficiência enorme na expansão e divulgação dos seus trabalhos.Com já algum tempo da dissolução do coletivo ainda falamos dele, provando a marca deixada pela produção do grupo. A Cia. pode ter terminado, mas seus trabalhos ainda ressoam no Brasil e no mundo. Tanto é que o ex-coletivo decidiu lançar uma publicação para Caixa de Sapato, um de seus mais marcantes trabalhos.O livro, envolvido em uma caixa de papelão, tem quatro cadernos, o mesmo número de membros no coletivo e é dividido por cores, com uma predominância em cada livreto.

Informações diretamente com os autores.

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exposição

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TERRA: TERRITÓRIO E PERTENCIMENTO A Galeria Emma Thomas recebe, a partir deste 13 de agosto, a nova exposição de Gui Mohallem.

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m uma série inédita de dezesseis fotografias, três vídeos e uma escultura de uma tonelada que ocupa o vão central da sala, o artista apresenta seu projeto Terra. Entre os galhos e rios tortuosos das imagens verde-achampanhadas de Mohallem estão incrustadas questões como território, nascimento, pertencimento e transformação. A Terra/ terra aparece por vezes acolhedora e por outras sufocante; às vezes tempo e às vezes espaço. Nuvens cortinam e descortinam possíveis percursos, a luz estoura incandescente na folhagem, pontinhos de

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cores salpicam um relevo monotom. As estranhas estruturas urbanas, em silêncio, também começam a funcionar. Mas, entre tantas coisas que desabrocham, uma fotografia em especial, muito azul e diferente das demais, chama a atenção por ter em si a força do conjunto. Ela capta aquele momento preciso em que um raio sai de uma nuvem e chega ao solo, levando consigo uma carga de vida (ou a origem do fogo a que os raios sempre nos remetem). E então Gui escolhe deslocar esta nuvem (cujo fim se vê - e isso muda tudo) em um imenso plano aberto, fazendo-na ao mesmo

tempo filha e mãe. Se as perguntas giram ao redor d’ o que carregamos de onde viemos?, o que deixamos?, por onde andamos? e uma sensação oroboro parece permear tudo, Terra está comprometido com a dúvida.

Por Laura Del Rey

A Galeria Emma Thomas fica na Rua Estados Unidos, nos Jardins. A abertura de Terra será no dia 13 de Agosto.


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MARIANA DAVID

Vi muitas nuvens & Paisagens para minha vó

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ariana David explora o deslocamento e a descoberta de novos locais em sua produção fotográfica. Suas imagens se encantam pelo desconhecido e trazem uma visão curiosa e interessada nas histórias que ela apresenta. As duas séries apresentadas nesta edição da OLD unem o desconhecido e o que há de mais próximo: nossa família. Com essa união, Mariana cria um novo universo dentro de cada uma de suas fotografias.



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mariana david

Tenho alma cigana; espírito de Mariana, como começou seu interesse pela fotografia? Eu gostava muito de ser fotografada quando era criança; vivia inventando personagens para a câmera. Na adolescência, no entanto, fui surpreendida por uma timidez e insegurança que me colocaram do outro lado da câmera. Fotografar me dá segurança, me ajuda a entender o mundo e me dá a valiosa oportunidade de fazer algo onde meu coração se encontra por inteiro. Qual o papel do texto em Vi Muitas Nuvens? Como ele ajuda a construir a narrativa do ensaio? A literatura me influencia e aumenta o meu universo de uma maneira única. Não consigo imaginar a foto-

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grafia longe das palavras, ainda que elas não estejam fisicamente presentes. Este foi o primeiro trabalho em que me aventurei na relação entre imagem e texto; na busca de que ambos possam potencializar seus efeitos. Não vejo e nem quero colocar nesse ensaio uma importância maior ao texto ou à imagem. Seria injusto propor isso, já que nesse trabalho em específico, os vejo como complementares. De certo modo, tenho buscado através das dualidades (que estão presentes em toda lógica do universo) do texto e da imagem uma forma de compor uma micro-observação de algo que me tocou. A narrativa, em Vi Muitas Nuvens passa pelo equilíbrio dessa relação, que

estrangeiro. Meus trabalhos foram feitos em lugares muito distintos não termina nela. Se expande e chega até aquele que lê e vê o trabalho. Há uma solidão e um vazio muito grandes em Paisagens... você considera que estes são elementos centrais no ensaio? Paisagens para minha avó foi um trabalho feito em várias etapas. Ele se concretizou após a morte da minha avó, embora as imagens já tivessem sido feitas anos antes. Aquelas imagens só ganharam um sentido depois da morte dela. Acho que elas estavam esperando o futuro. O trabalho se complementa com cartas


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que escrevi para a minha avó, com uma máquina de escrever. Acredito que existe no Paisagens a solidão e o vazio, mas isso não é ruim. Coisas muito importantes acontecem quando a gente se arrisca a estar só e adentrar o vazio enorme que existe em cada um de nós. A meditação, que comecei a praticar nessa mesma época como uma maneira de aliviar a minha dor, me ensina sobre isso toda vez que fecho os meus olhos. Chegar até o vazio é um privilégio que só com muito esforço e dedicação se pode alcançar. Estou nessa busca. Qual a importância do deslocamento na sua fotografia? É importante para você estar fora de um espaço conhecido para produzir? Tenho alma cigana; espírito de es-

trangeiro. Meus trabalhos foram feitos em lugares muito distintos, como a Patagônia Argentina, a França, o Sertão da Bahia e o meu quarto alugado em Boedo, em Buenos Aires. Atualmente, estou fazendo um projeto em Salvador, cidade onde nasci, que se chama Caminho. Me proponho a uma experiência estrangeira nesse território familiar, tendo como fio condutor as memórias da minha família em relação a certos espaços da cidade. Caminho de maneira aleatória pela cidade, registrando em imagens e texto o que vejo e sinto. Para mim, é muito importante ter esse olhar de surpresa com o mundo, de tornar o lugar onde vivemos sempre um mistério. Senão, a vida perde a graça. É preciso inventar a vida todos os dias. 

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rafael martins

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GUILHERME GERAIS Intergalático

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m Intergalático Guilherme Gerais investiga alguns conceitos que despertavam sua curiosidade: a gravidade, o ser humano, o nomadismo e a exploração do espaço e do universo. A série se torna uma viagem lisérgica por estes conceitos, misturando uma série de alegorias que usem de elementos reais para construir sua ficção.



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guilherme gerais

Guilherme, nos conte sobre seu começo na fotografia. Eu comecei comprando uma câmera para tirar fotos de amigos andando de BMX. Na época era uma simples Pentax P30, mas que deu para aprender algumas coisas básicas da fotografia. Sempre a levava na bolsa e experimentava com filmes em cor e preto e branco. Como todos que começam na fotografia, fiquei encantado com as possibilidades e truques possíveis de se fazer com filmes analógicos. Não tinha nenhuma pretensão, apenas registrar aqueles momentos. Só depois, em 2007, quando comecei o curso de Artes Visuais, que entrei mais a fundo nisso, já com uma câmera digital, e cá estou até agora.

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Como surgiu o ensaio Intergalático? O projeto começou com algumas reflexões distintas sobre assuntos que me despertavam curiosidade: como a gravidade, o ser humano, o período em que éramos nômades e o desejo do homem de explorar o espaço e o universo. Fazia um exercício de me perguntar coisas e tentar responder com imagens. Depois de um tempo vi que já tinha algumas coisas que me interessavam, um caminho, e que poderia partir para a segunda fase do trabalho, o livro. Comecei a pensar em uma saída que abrigasse todos aqueles experimentos e cheguei nessa ideia de um tabuleiro, que se tornou tanto um jogo próprio com a fotografia, como um jogo imaginário de uma fuga de

Comecei a pensar em uma saída que abrigasse todos aqueles experimentos e cheguei nessa ideia de um tabuleiro um personagem fictício. Como se deu o processo de criação do fotolivro? O que mais te marcou nesta experiência? Era um processo bem livre, sem uma pretensão clara. Fiquei um bom tempo experimentando com algumas fotografias de outras épocas, que já tinha feito. Andava com um caderninho anotando ideias, que posteriormente as colocava em teste. Algumas davam certo, outras não. Depois de algum tempo começou a ficar visível uma sintonia entre certas imagens e o trabalho aos poucos começou a


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se encaixar e ganhar forma. Foi um período que li e vi bastante coisa, me diverti. Tudo isso me deu uma base, que pude perceber e identificar algumas ideias que quero levar adiante. Você busca criar um novo universo através de elementos encontrados na nossa realidade? Qual a importância deste processo para o ensaio? A realidade serve como uma forma de esconder algo que o leitor terá que procurar, achar aos poucos, olhando as fotos e a história. A ideia no Intergalático era criar um ambiente que a princípio o leitor pudesse se situar, e aos poucos perceber que algumas coisas estavam fora do lugar. Por isso, pensei que jogar com a realidade daria mais camadas para o trabalho, ao invés de criar imagens cênicas, por exemplo, em que o leitor

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já de imediato percebesse que algo foi construído. Talvez isso criaria um tipo de conforto que não seria interessante para esse trabalho. O meu desejo era criar uma experiência que ficasse na fronteira entre o falso e o verdadeiro, entre o visto e não visto, embaralhando diferentes sensações e sentidos. Penso que a realidade funciona como uma porta de entrada para a narrativa do livro em que a saída é o leitor que terá que achar.Gosto muito de livros que permitem outras leituras com o passar do tempo, que deixam um espaço afim de ser preenchido depois. O ensaio é o resultado dessa tentativa, e esse processo foi a minha forma de tentar atingir isso. Quais os papéis da ficção e da fantasia na sua fotografia?

A ficção para mim é uma ferramenta, um lugar para transformar, criar e adaptar histórias, fatos, sonhos, vontades, uma forma de refletir sobre a nossa existência humana, de certa forma. Acho que a ficção te coloca constantemente em jogo, em movimento, te forçando a explorar novos territórios, novas possibilidades, e é nisso que a fotografia que eu gosto de fazer encontra força e inspiração. É como se debruçar sobre algo desconhecido. Uma vez que você pega esse caminho, não consegue parar. Acho importante respeitar a imaginação do leitor, dar liberdade, um tempo para ele se encontrar no trabalho. Acredito que a ficção e suas variações são um convite para isso, para outras histórias, além daquelas que estamos acostumados a ver. 

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MILENA EDELSTEIN

O que eu vejo é miragem

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Que Eu Vejo É Miragem explora os limites da construção da paisagem na fotografia. Milena explora a relação entre realidade e ficção, tanto na construção de suas imagens quanto no assunto de cada uma de suas fotografias. O ensaio se torna uma viagem por paisagens artificiais e naturais, criando um mundo único que une real e fantasia em uma relação fortemente interligada e instigante.



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milena edelstein

Milena, nos conte sobre como começou seu interesse pela fotografia. Acho que minha curiosidade pela fotografia vem do mu pai, ele foi fotógrafo amador quando jovem. No entanto, talvez este interesse tenha se dado antes de que eu soubesse disso... me lembro que um dos meus passatempos nas reuniões de família na casa dos meus avós era abrir as gavetas e armários e ver o que eles continham, gostava de abrir os álbuns de família empilhados nos armários e rever fotografias antigas, numa dessas vezes encontrei uma série de negativos, projetor e rolos de filmes registrados pelo meu pai e trouxe todos para casa. Também tirava fotos dos meus brinquedos com uma Olympus de pilha que meus

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pais tinham me dado, posicionava as bonecas e carrinhos e inventava situações e pequenas histórias. Nos fale um pouco sobre O Que Eu Vejo É Miragem. Esse trabalho faz parte de uma pesquisa sobre como se dá a construção da paisagem na fotografia. Me questiono quais seriam os limites entre o artificial e o natural no contexto da produção de imagens e na construção do que chamamos de realidade. O trabalho é composto por impressões em grande escala que posteriormente são instaladas de modo quase cenográfico, as imagens possuem características distintas: - paisagens artificiais, construídas pelo homem, com o intuíto ora de

Me questiono quais seriam os limites entre o artificial e o natural no contexto da produção de imagens e na construção do que chamamos de realidade. imitarem a natureza e ora de se fundirem de fato com ela. - paisagens naturais que possuem indícios de artificialidade , aparentam ter sofrido algum tipo de manipulação ou interferências que assemelham-se a uma “montagem”. Você trabalha com outros meios além da fotografia. Qual a importância dessa multidisciplinaridade na sua produção? Minhas proposições se caracterizam muito pela interface entre realidade e a não realidade produzida a partir da fotografia e do vídeo afim de in-


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verter e questionar o uso dos espaços. A pesquisa normalmente iniciase a partir da linguagem fotográfica como um meio para que posteriormente eu explore suas possibilidades instalativas e os desdobramentos da imagem estática e bidimensional no espaço. Deste modo, vejo a fotografia como um meio para construção e registro de idéias, e não necessariamente como um fim em si. Qual o papel do fantástico na sua produção? Eu acredito que não há tempo “presente” em minha produção. Não penso no “momento decisivo” da fotografia pois é a eliminação do instante o que permite o deslocamento espaço-temporal de uma imagem; deslocá-la de seu contexto original a fim de determinar uma outra função, que

eu diria ser quase cenográfica. Numa tentativa de quebrar a racionalidade da linha cronológica que pressupõe um registro e assim, construir novas narrativas através de imagens. Como uma memória de um passado que nunca existiu, histórias inventadas, sem rostos específicos, com imagens veladas por uma fina película que as dissolve, em que lugares comuns na cidade que se tornam irreconhecíveis.

representações que ambientam um espaço que não necessariamente possuem marcas de um indivíduo mas compõe o entorno. Busco por ambos, é a falta de uma ação específica, do ato flagrado que para mim traz um estado de suspensão na imagem. A foto captura o espaço do “entre”, nada acontece de fato naquele exato momento, mas simplesmente existe. 

Como você busca construir a sua narrativa através de objetos, reduzindo o elemento humano ao mínimo? Existem alguns elementos que são indícios de uma presença que ali existiu, de acontecimentos que deixam marcas e narram histórias, no entanto, também existem elementos que são construções intencionais,

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RICARDO LABASTIER OLD entrevista


entrevista

Ricardo Labastier apresenta seu novo trabalho nesta edição da OLD. SantuÁrido é uma revisitação da religiosidade do autor, do sincretismo mais do que tradicional na fé brasileira. Suas imagens são fortes, carregadas de símbolos marcantes.Conversamos com Labastier por skype, para saber um pouco de sua trajetória e do pensamento por trás da produção de seu trabalho. Ricardo, nos conte sobre como começou seu interesse pela fotografia. Comecei aos 17 anos. Tinha um tio que era fotógrafo e fazia fotopintura, na verdade. Eu tenho umas imagens do quarto escuro dele, ele revelava PBs negativos e tinha uma Rolleiflex. Não tinha certeza se seguiria a profissão, até então. Mas lá pelos 16, 17 anos, eu tinha uma lembrança daquela luz vermelha no laboratório

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dele. Tem uma relação com o cheiro de película do laboratório, isso ficou na memória afetiva. Não sei, acho que as coisas iam desembocar em alguma forma de expressão. Daí eu ganhei uma coleção de outro tio meu, capa dura, e tinha muita coisa técnica e tinha muito material de referência. Era um papel bom, uns livros grossos, uma capa dura grande. E daí eu fiquei meio assustado quando vi Cartier Bresson, especificamente uma imagem da Guerra Civil Espanhola, se não me engano. São uns meninos em umas ruínas. Aquela imagem me jogou para um outro pensamento sobre fotografia, e eu fiquei fazendo essa conexão de como isso mexeu comigo. Aí resolvi começar a fotografar a minha terra natal, Olinda. Comecei a fazer uma fotografia de expressão natural, tentando me descobrir. E aí tinha um senhor chama-

do Walter Firmo Neto, ele tem uma Casa da Cultura que é um ponto de turismo e oferecia um curso de fotografia que fiz. Queria saber mais o que era esse universo. Depois fiz um outro workshop e já estava fazendo um ensaio PB sobre a religiosidade e mosteiros de Olinda em 1995. Daí já fui selecionado para o primeiro salão nacional de fotografia do estado da Paraíba. Isso já foi um chamado legal pra entender o universo. Seu trabalho tem um uso muito forte do corpo. Como foi desenvolvida essa abordagem? Quais são seus interesses nessas áreas? A grandeza da fotografia é a própria natureza das coisas. Não é um pensamento premeditado em relação a isso. Com a maturidade, hoje comparando quando comecei, eu ainda acho empírico, muito a natureza das coisas e

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da dinâmica do universo. Acho que quem nasce torto, morre torto. E tudo faz parte da vivência. Fui criado em uma casa com muitas mulheres, muita gente circulando para todos os lados, muitas festas, aniversários. E eu não gostava de olhar pro completo, eu gostava de olhar pras bocas das minhas tias, as mãos. Era uma coisa natural, pela própria construção da minha vida. A fragmentação era natural, em todos os sentidos. Minha casa era quase que uma comunidade e foi formando essa visão, não óptica, mas cerebral, que desemboca nessa coisa de fotografar. A religiosidade também tem um forte papel na sua produção. Como surgiu esse interesse? Como seus personagens se expressão através de suas crenças? Como te falei, cresci em uma casa com muita gente e muitas mulheres

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todo dia. Cresci com um catolicismo não praticado. Convivia com muitas mulheres nuas, de forma normal, com minha família. Em frente à janela do meu quarto tinha uma igreja que às 18h da tarde tocava Ave-Maria. E aquele som de ave-maria e dos sinos tocando, essa sonoridade é muito interessante e ele saía da igreja, entrava na janela do quarto e de repente cortava aqueles corpos, aqueles seios, aqueles ventres. E, de repente, cortava minha casa e minha vida, como até hoje. Acho que é por isso que isso está sempre presente na minha história. Comecei retratando detalhes de igreja, isso permaneceu. Muitas vezes isso misturado com outras coisas. Como um trabalho que eu fiz chamado Aos Olhos do Pai, e agora pessoalmente em SantuÁrido é a consolidação mais madura disso, com mais consciência. Porque as

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coisas na nossa infância, na adolescência, começam de um ponto de inconsciência em um certo momento e atingimos um ponto de consciência. Estendendo já que uma coisa está ligada à outra, de me expressar através disso. Daí desse ponto começa a arte como uma coisa consciente e termina como uma coisa inconsciente, entende o ciclo? Comecei o SantuÁrido muito consciente, mas também consciente de que vai chegar em uma forma inconsciente, quase que um transe. E você perde o controle e já está absorvido pelas freqüências sonoras do que você está fazendo, já está num transe. Nos conte sobre seu novo ensaio, SantuÁrido. Ele é ao mesmo tempo longe da realidade porque são coisas muito minhas e não dá pra explicar muito. Hi-

poteticamente falando se eu expuser em um livro ou exposição, o que vem à tona é a força de você transmitir uma emoção através do que eu faço. Num pensamento que tudo é coletividade, e ser um cara coletivo e participar desse compartilhamento de tudo é você ser muito individualista. Eu acho que você tem que mergulhar em você mesmo, esse papo de compartilhar é legal mas tem um momento pra isso. Não posso entrar em projetos e situações nas quais eu fujo da naturalidade que é meu confinamento e silêncio mental. Posso estar por fora de um mundo que vive compartilhando, dentro do meu egoísmo, de estar lá atrás de casa, no meu quintal e confinamento, é um lugar que eu preciso e gosto de trabalhar. Ele é vital, me acalma. Eu tenho que ter esse espaço, é meu santuário. Eu preciso desse egoísmo e dessa indi-


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vidualidade pra poder chegar nessa coletividade universal e mundial pela educação. Posso transformar e contribuir para a educação de alguém. Tomara que apos uma exposição minha a pessoa não saia como ela entrou. Como se desenrolou o processo de criação dos personagens deste ensaio? Como você se relaciona com as pessoas nas fotografias? Às vezes eu acho que o retrato é uma das formas mais covardes de identificar uma pessoa. Eu sou um retratista e gosto de fazer retrato e tenho muitos retratos. Quando eu vejo alguém do outro lado, seja um parente ou um amigo, eu acho que eu estou sendo muito covarde, à princípio. E a pessoa topa, não entende direito a causa, mas compreende que está sendo usada para que eu chegue aonde eu quero, que é criar um personagem.

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Então eu deixo isso muito claro, muito transparente. Eu deixo claro que eu não estou usando aquelas pessoas, eu não exatamente estou te fotografando, assim, “você já está na minha cabeça”, não você, mas o seu corpo já está na minha cabeça. E quando eu não tenho muita intimidade com a pessoa, fica mais difícil de dirigir. Mas acho interessante o desafio. O que mais foi punk pra mim foi fotografar minha mãe, porque eu te falei da covardia, né? Alí eu fui muito mais covarde. Mas não tem pessoa no mundo que você ame mais que a sua mãe. Até hoje ela nunca viu essas imagens, nem eu tive coragem de mostrar. Mas acho que ela me perdoaria. Mas foi a situação mais difícil, mais transtornadora. Eu tava usando uma pessoa numa situação inocente da parte dela. Mas era orgânico, era como se eu precisasse de realmente

fotografá-la daquela forma. Eu tinha que, pelo menos, já que eu fui covarde com ela, ser sincero comigo mesmo. Como a memória influenciou a produção deste trabalho? Eu não acho que SantuÁrido tem muita aversão e muita regra. Não que eu carregue isso como um dever, nem quero ficar retroalimentando essas negatividades. Talvez você vendo o trabalho não sinta isso, mas eu acho que é muita raiva de uma situação que é colocada pra você já pela adição das situações. É um descarrego em cima das tradições. É compreender um pouco o que está construído na sua cabeça de forma inconseqüente, equivocada, talvez. Então é jogar com a dualidade. Eu vejo muito como um desabafo, eu posso virar a imagem de cristo se eu quiser, eu posso incluir o

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medo do católico de morrer, do apego carnal. Eu posso me preparar para a grande viagem, porque a gente não sabe pra onde vai. Não preciso só me preparar pra ir pra Nova York, Rio de Janeiro. É como se fosse uma cuspida em minha própria boca. Você cria símbolos fortes nesta série como fios, facões e o pano escuro que cobre fundo e personagens. Quais os significados e objetivos destas construções? Tem coisas que você tem um apego estético à sua história. Tenho uma tia que é costureira, então essas linhas e tramas me lembram da casa dela, elas criam com as imagens. Isso reforça esse discurso que te falei da aversão a algumas tradições. Quando eu uso uma estrovenga, um facão, é como se fosse uma arma contra isso. São símbolos também que você tra-

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Quando eu vejo alguém do outro lado, seja um parente ou um amigo, eu acho que eu estou sendo muito covarde, à princípio. E a pessoa topa, não entende direito a causa, mas compreende que está sendo usada para que eu chegue aonde eu quero

balha com eles, alguns outros são já explicados e têm a ver com memória afetiva. Outras simbologias são questões de sensação, de ícones que você gosta pra compor. Não sou refém da estética, mas ela serve pra isso também, na questão de você saber e estar consciente de que você está compondo uma imagem. É como se você estivesse compondo uma música, você faz o esqueleto dela, as notas musicais, e você brinca com as notas. Isso aí também é inerente à vida do

fotógrafo, de estar massageando esteticamente, usando símbolos. Não tem só ódio não, às vezes é meio lúdico mesmo. Você bota um símbolo e fica rindo. É brincar com os elementos. 


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LUCAS ROMANHOLLI face(less)

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ucas Romanholli transforma seus retratos em viagens por um mundo inconstante e estranho. A série face(less) aliena seus personagens da realidade e do espaço, os transformando em rastros em um mundo escuro e assustador. O ensaio é uma viagem por um mundo de pesadelos em que cada personagem está abandonado à própria sorte.



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lucas romanholli

Busco “destruir” a imagem origiLucas, como surgiu seu interesse pela fotografia? Meu interesse por fotografia surgiu em 2006, quando comprei uma câmera digital pela primeira vez e comecei a fazer alguns experimentos fotografando cenas urbanas. Desenvolvi antes do “face(less)”, o ensaio “uncanny streets” que buscava retratar a estranheza da percepção de cenas urbanas e cotidianas. E passei a buscar na edição das imagens uma ferramenta para desenvolver um tipo de expressividade que não encontrava apenas nas fotos cruas e prontas.

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Nos conte sobre o desenvolvimento do ensaio face(less). O ensaio face(less) surgiu quando comecei a me interessar mais por retratos. Passei a usar a edição das imagens como experimentação para o resultado que buscava obter, de inconstância e de estranheza. A maioria das figuras neste ensaio não têm olhos ou têm olhos distorcidos, são personagens de pesadelos, devaneios; querem gritar, expressar angústias reprimidas dentro de si. Estão todos isolados e imersos.

nal, trazer um aspecto rústico e envelhecido para as fotos. Nos conte um pouco sobre os processos de edição e de construção narrativa nesta série. Nesta série edito as fotos com texturas desgastadas, aumento o grão e as áreas escuras. Busco “destruir” a imagem original, trazer um aspecto rústico e envelhecido para as fotos. Foco em closes e me aproximo dos rostos, aumentando assim a percepção dos pixels, da esfera irreal da imagem.


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Qual a importância do sonho, da fantasia, na sua criação visual? Busco um ponto de vista pessoal, em que não é a objetividade do real que prevalece, e sim a sugestão da ambiguidade, de uma realidade figurativa. Estas imagens são parte de pesadelos, devaneios. Elas querem expressar angústias e desejos reprimidos dentro de si, uma incerteza e falta de clareza do que são, sejam memórias, alucinações ou meros personagens, mera ficção.

ma principalmente. Na pintura, pela estranheza e figurativismo do Francis Bacon. E no cinema principalmente com influência de cineastas e filmes como David Lynch, La Jetée, Videodrome, Persona, A Hora do Lobo. 

Você relações com o desenho e com a escultura no seu trabalho? Como outras áreas da produção visual influenciam a sua fotografia? Vejo relação com pintura e cine-

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GISELLI M. O Mover-se

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iselli M. explora o corpo, o movimento e a representação do eu na fotografia. Sua série discute não só a produção do autorretrato, mas também a construção de um novo eu, um novo personagem que é apresentado em cada uma das fotografias, marcadas pelo tempo e pelo espaço em que foram criadas.



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giselli m.

Acredito que o ensaio O Mover-se Giselli, como surgiu seu interesse pela fotografia? As imagens, em qualquer respiro, sempre me atraíram e me inquietaram. De toda maneira – desenho, pintura, palavra, toque –, eu buscava e tentava, mesmo carregada de representações viciadas, aliviar isso. A fotografia me aconteceu aos poucos em meio a essas tentativas e tornou-se presença no instante em que, acredito, vi nela o caminho maior para entender e transpor essa inquietação. Quando surgiram as câmeras digitais, e a primeira em casa, comecei a fotografar qualquer coisa que me trazia algum interesse, por ser rápido, instantâneo e satisfazer a minha ansiedade de mundo. Com o tempo, o início da faculdade, novas

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leituras e encontros minimamente imensos, comecei a perceber, com mais calma, a fotografia como um lugar de possibilidades (e liberdade) para este absurdo que é a nossa própria existência. Como foi desenvolvido o ensaio O Mover-se? Há um corpo-impulso-múltiplo (fora de) em mim que desconheço, que quase posso tocar, quase posso ver, que perturba e, a priori, nada diz. Acredito que o ensaio O Mover-se surgiu neste ‘quase’, neste silêncio e nos gestos que respiram. É um agenciamento de desejos, urgências e afetos que, inconscientemente, toma assento no ato fotográfico e ressoa depois que o processo acaba. (Um

surgiu neste ‘quase’, neste silêncio e nos gestos que respiram. ressoar: conversas à beira de qualquer coisa bergsoniana sobre o tempo e o corpo com o Caio (Resende), que vez e sempre caminha vida pela poesia e filosofia). As imagens aqui foram feitas em três momentos e espaços diferentes, não se repetem, mudam, por isso o borrão, o rastro do movimento. Nesse fluxo contínuo, a mudança é o que faz as fotografias entrarem na simultaneidade, pois as une de modo que já não é mais possível separar uma foto da outra ou corpo de uma foto do corpo da outra. Cada imagem é outra e ainda a mesma, um devir.


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Qual a importância de trabalhar o Corpo e o Feminino na sua fotografia? Fotografar o próprio corpo, percorrer o corpo, costumo dizer, é um abismo que me salva, pois preciso me expor, alimentar-me do caos para alcançar alguma liberdade, continuar. Até entender isso, entretanto, foi necessária uma catarse: ser exclusa, em 2010, de uma igreja que frequentava desde menina, justamente por tatear e levar ao ato fotográfico o que em mim pulsava. Esse acontecimento me rasgou com lucidez. Precisei, então, desconstruir-me, tocar limites, afirmar vontades e colocar-me dentro, com inteireza na fotografia. E estar dentro, nesse enquanto, foi – e é – compreender o corpo e o feminino mergulhados num processo de mudança e não a partir de uma ideia universal, identitária. Trata-se, assim, de devires

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femininos que emergem dos ensaios corpóreos. Você coreografou as imagens do ensaio? Qual a importância de ter ou não este planejamento estético na sua produção? Nos três momentos do ensaio e nos instantes em que, com a câmera programada, coloquei-me no campo de visão da objetiva, o que houve foi uma espécie de coreografia inteiramente sustentada na constante inconsciência dos movimentos. São gestos livres, impulsivos que, não planejados, buscam e criam presença durante todo o processo fotográfico. Eles fluem através da pele, pescoço, ombros, braços, mãos e pernas, tocam o espaço ao redor e misturam-se de tal forma que se perdem e se refazem o tempo inteiro. Creio que vem

daí a importância de um não planejamento estético: o fluir, a fruição quase derradeira entre uma imagem e a seguinte. 

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SOBRE TENDÊNCIAS

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bservando as tendências atuais da fotografia notamos movimentos que apontam em uma mesma direção e que se completam pela associação de pelo menos duas linhas. A primeira sobre a qual refletiremos aqui é a multiplicação de expressões poéticas que utiliza o suporte fotográfico para se materializar ou desmaterializar. Libertada da responsabilidade documental a fotografia deste século, em certa medida, realiza o sonho de

Angelo José da Silva é professor de sociologia na Universidade Federal do Paraná e fotógrafo. Suas pesquisas mais recentes focam o espaço urbano e o grafite.

consumo do pictorialismo e coloca, finalmente, a imagem fotográfica no campo da arte. Sonho esse dos inícios do século passado. Mesmo se pensarmos o fotojornalismo, a princípio o último bastião da fotografia representante da realidade, encontramos aí uma busca pela beleza, pela dramaticidade, pelo resgate dos direitos mas com um toque, uma vontade de expressão, de arte, de sentimento, de humanidade, conceitos distantes da objetividade documental ou científica. Talvez isso nos sugira que arte e ciência começam a ser tomadas como formas distintas de representação, relação com o mundo, não antagônicas, nem excludentes. Arte e ciência, desejo antigo. A segunda linha, que também nos mostra o caminho de saída do labirinto, diz respeito a um

olhar-se e para dentro. A sensação é que a fotografia esgotou, por assim dizer, esse olhar para o mundo exterior. Todos os lugares já foram fotografados, das estrelas, passando pelo fundo do mar até o interior de nosso corpo. Aguardamos, às vezes e com alguma curiosidade, aqueles temas relativos aos sentimentos, ao infotografável, como a alegria e a tristeza, o amor, a solidão, esse vazio de dentro. Seguimos vendo cada vez mais representações fotográficas desse tecer de afetos e desafetos que nos envolve como em uma teia. Que nos ata como em um buquê de flores de plástico, duplamente mortas. Nesses começos do século XXI tendemos a buscar dentro os caminhos para o lado de fora, para o outro, para nós mesmos.

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coluna

reflexĂľes

Libertada da responsabilidade documental a fotografia deste sĂŠculo, em certa medida, realiza o sonho de consumo do pictorialismo e coloca, finalmente, a imagem fotogrĂĄfica no campo da arte. 89


MANDE SEU PORTFÓLIO revista.old@gmail.com Fotografia de Gabriela Rosell, da série Por Sua Natureza Devorada. Ensaio completo na OLD Nº 49.



INSTITUTO INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIA FINE ART: PÓS-PRODUÇÃO E MERCADO A venda de fotografias impressas com alta qualidade e durabilidade é uma opção ainda pouco explorada por muitos fotógrafos, uma vez que a atuação neste nicho requer uma série de conhecimentos específicos. Ao perceber essa demanda, o IIF criou o curso Fine Art: Pós-Produção e Mercado, ministrado por Alex Villegas, que oferece uma formação abrangente no que se refere ao tratamento, a pós-produção, impressão e comercialização desse tipo de produto. Durante o curso, o aluno tem a oportunidade de compreender este amplo mercado, que inclui galerias de decoração, galerias de arte, colecionadores e museus. É oferecido um panorama mercadológico: quem são os compradores e quais são os tipos de trabalho que lhes interessam. A parte técnica inclui o conhecimento de todos os procedimentos necessários para realizar as impressões, desde o tratamento da imagem

digital e escolha de formato de arquivo, até as opções de papel, tinta e outras especificidades que influenciarão no resultado final da impressão. Outros temas a serem abordados são a montagem e a conservação do trabalho. Visando uma apresentação realista do ramo, a estrutura do curso conta com a participação de três convidados do fotógrafo responsável: um crítico de arte, um galerista e um fotógrafo atuante no ramo. Além disso, os alunos fazem duas visitas: a primeira a uma exposição e a outra a um ateliê de impressão, para entender de perto os diversos aspectos técnicos. A próxima turma do curso Fine Art começa no dia 14 de abril e termina no dia 23 de julho. Mais informações sobre o curso no site: http://www.iif.com.br/site/fine-art/


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DEPOIMENTOs DE QUEM FEZ

Segundo Gilberto Grosso, fotógrafo dedicado ao experimentalismo e aluno da última turma de Fine Art: pós-produção e mercado, o curso possui “uma abordagem ampla, conceitual e prática sobre o que é a arte e o mercado das imagens em fine art. Do princípio da criatividade e conceitos, passando pelos processos e equipamentos/materiais, à divulgação, exposição e venda das obras. Enfim, é um curso que todos os profissionais da imagem deveriam incorporar aos seus currículos”.

Para Edgar Kendi, designer, o aprendizado vai muito além das técnicas de impressão: “Compreendi que para se chegar ao Fine Art não basta apenas fotografar belas imagens e imprimi-las em um bom printer, é preciso compreender toda carga de significados que a imagem carrega em si e transmiti-los materializados em suportes que contribuam para tal fim”, diz.



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