Série SC

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EXCLUÍDOS

DA PREVIDÊNCIA O DRAMA DOS EX-JOGADORES DE FUTEBOL QUE DEPOIS DA CARREIRA, SEM ALTERNATIVA, CONTINUAM ENVOLVIDOS COM O ESPORTE

DEU CAPITAL: AVAÍ CONQUISTA O CAMPEONATO CATARINENSE E MANTÉM TÍTULO EM FLORIPA JOINVILLE E.C. A HISTÓRIA DE UM TIME QUE CHEGOU AO TOPO E HOJE AMARGA SEM DIVISÃO FUTSAL: LIGA NACIONAL TÊM CINCO REPRESENTANTES CATARINENSES NA DISPUTA EM 2019

EDIÇÃO 01 - JUNHO 2019


LUCAS STANK Estudante da 3ª fase do curso de jornalismo da UFSC. Editor chefe da revista Série SC e membro do Núcleo de Jornalismo Esportivo UFSC. Foi a primeira pessoa com deficiência a apresentar um telejornal na UFSC. Atualmente é freelancer.

ZÉ MAIA Estudante da 3ª fase do curso de jornalismo da UFSC. Editor chefe da revista Série SC, integrante dos programas Insira a Ficha e Esquina Paranóia, além de membro do Núcleo de Jornalismo Esportivo UFSC. Atualmente é estagiário da Rádio AL.

2 / junho de 2019 / SÉRIE SC

EXPEDIENTE SÉRIE SC Julho de 2019 / Edição 1 Editores: Lucas Stank e Zé Maia Projeto Gráfico-Editorial: Zé Maia Textos: Lucas Stank, Matheus Mello, Guilherme Longo, João Duarte Balestrin, Lucas de Amorim Imagens: Daniel Marenco / agência O Globo; acervo pessoal / Sávio Bortolini; acervo Núcleo de Jornalismo Esportivo UFSC; Rodrigo Philipps / Agência RBS; CBF / Divulgação; Jonatan Duarte / Ferroviária SA; Blog ‘Sou JEC’; José Luiz Silva / globoesporte.com; Divulgação: Joinville EC; Patrick Smith; Flávio Tin / ND Esse trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, criado e editado pelos acadêmicos Lucas Stank e Zé Maia como exercício de projeto gráfico-editorial para a disciplina de Laboratório de Produção Gráfica do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no semestre 2019.1. Não será distribuído, tampouco comercializado. Seus conteúdos e suas opiniões são de inteira responsabilidade dos acadêmicos, isentando assim a UFSC e o docente da disciplina, Ildo Francisco Golfetto, de qualquer responsabilidade legal por essa publicação.


EDITORIAL LONGA VIDA AO FUTEBOL CATARINENSE Caro leitor, A Federação Catarinense de Futebol completou em 2019, 94 anos de história. Porém, há registros que comprovam que há pelos menos 20 anos da fundação já era praticado o esporte no estado. Sendo assim, podemos dizer que nosso futebol é mais do que centenário. Essa tradição está refletida em grandes clássicos que percorrem por toda Santa Catarina. Desde o primeiro clássico conhecido: Anitta Garibaldi X Humaitá, ambos de Florianópolis; até a partida mais valiosa: Avaí X Figueirense. Mas, diferentemente de muitos estados do país em que a tradição do futebol é restrito à capital, em SC o interior compõe protagonismo único no Brasil. O maior título nacional? é do Criciúma Esporte Clube. Maior título internacional? é da Associação Chapecoense de Futebol. Mas não podemos desprezar a capital: Figueirense Futebol Clube é o mais vezes campeão do estado, seguido pelo Avaí Futebol Clube. As melhores campanhas no campeonato brasileiro da série A? também da dupla da capital. Portanto, nosso estado presenteia seus torcedores com um futebol equilibrado e emocionante. Sejamos sinceros: não é a melhor qualidade técnica observada nos campeonatos pelo brasil; não é a federação com os jogadores mais talentosos; não são os times com os maiores investimentos e maiores torcidas do sul do país; não é o campeonato com maior visibilidade. Mas é o campeonato que de norte a sul, do interior ao litoral, é repleto de clubes e torcedores apaixonados que se orgulham das cores de seus brasões e que constroem o futebol catarinense como elemento cultural do estado. A exemplo disso, clubes importantíssimo na construção de nosso futebol, que enfrentam inúmeras adversidades, sejam crises políticas ou econômicas, e que muitas vezes acabam não participando de competições profissionais, cultivam até os dias de hoje uma torcida fiel e disposta a apoiar o clube em qualquer momento. Citamos o Blumenau Esporte Clube, fragilizado por sucessivas crises, más administrações e principalmente, pela perda de seu estádio, o Deba. Mesmo assim, hoje disputando a segunda divisão do catarinense, o clube centenário luta pela vontade de simplesmente existir, tendo como principal base a sua torcida. Lembremos também do Clube Náutico Almirante Barroso, principal rival do Clube Náutico Marcílio Días. Pouco lembrado, mas que em 2016, após 45 anos sem disputar campeonatos de futebol, voltou aos gramados para honrar a tradição de Itajaí. Por fim, fica uma mensagem aos torcedores do Joinville Esporte Clube, um time de tantas glórias, que dispensa qualquer apresentação, mas que vive um momento conturbado e de profundo fracasso, amargando sem divisão nacional. À torcida, fica a esperança de um futuro próspero e de vitórias, que representem o peso de uma cidade tão histórica, tanto na cultura, quanto no futebol.

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SUMÁRIO

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EXCLUÍDOS DA PREVIDÊNCIA

21 4 / junho de 2019 / SÉRIE SC

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A HISTÓRIA DO NÚCLE JORNALISMO ESPORTIV

OS REPRESENTANTES DE SC NA LIGA NACIONAL DE FUTSAL

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AVAÍ-KI NA COPA


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MONTANHA RUSSA À LA JOINVILLE E.C.

EO DE VO UFSC

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INDERMANN PA DO MUNDO

COLECIONADORES FUTEBOL CLUBE

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ALMANAQUE DO CATARINÃO 2019 + Pôster do campeão

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O CAMPEONATO CATARINENSE DE BEACH SOCCER

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ALÉM DOS GRAMADOS

EXCLUÍDOS DA PREVIDÊN No país do futebol, muitos atletas abdicam dos estudos pelo esporte. A curta carreira obriga os ex-jogadores a continuarem trabalhando nessa área depois de “pendurarem as chuteiras”

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ma bola velha e remendada percorre o chão de terra em um campinho na periferia. Atrás dela várias crianças descalças, algumas sem camisas, não enxergam aquilo apenas como um simples jogo, mas o sonho de um futuro melhor. Dentre os garotos, um se destaca: João Lucas, de 15 anos. De família humilde, João nunca conheceu o pai e mesmo com a pouca idade já carrega consigo a responsabilidade de ser o homem da casa. Sua mãe, que é doméstica, trabalha o dia todo fora. Inconformado, o menino busca se tornar um grande jogador de futebol para que um dia sua mãe possa ter a vida que merece. Mas não pensa na vida além dos gramados e do que fará com o fim dessa carreira curtíssima.

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João é um personagem fictício, mas seu sonho é o mesmo de muitas crianças reais. Sonho este que não é tão fácil como aparece na TV. A realidade é muito difícil e cruel. No último relatório - do ano de 2016 - sobre os registros, transferências e salários no futebol brasileiro divulgado pelo Departamento de Registro e Transferência da Confederação Brasileira de Futebol, cerca de 23.238 jogadores ganham até mil reais por mês, cerca 82% do total de atletas cadastrados. Somados os jogadores que ganham entre mil e cinco mil reais, a porcentagem chega a 96%. Esses são valores referentes aos salários fornecidos pelos clubes, sem contar direitos de imagem e trabalhos realizados fora de campo.


NCIA

Por Lucas de Amorim & João Antônio Balestrin Duarte


Foto: Daniel Marenco / agência O Globo

N

a maioria das vezes, quem deseja se tornar jogador de futebol, acaba abandonando ou deixando os estudos em segundo plano, devido a rotina pesada de treinos, viagens e jogos. Com isso esses atletas acabam se tornando cada vez mais dependentes do futebol e de uma carreira com um prazo de validade muito curto. É comum de se ouvir na mídia em geral sobre jogadores se aposentando, mas não é isso que acontece. Nenhum jogador, de fato, se aposenta. Com a nova reforma da previdência, o trabalhador teria que contribuir por 40 anos para receber 100% da sua média salarial, feito impossível para um jogador de futebol, que tem uma carreira de 10 a 20 anos de duração. Então, mesmo depois do corpo e da mente não aguentarem mais a vida como atleta, o ex-jogador, muitas vezes, não se pode dar ao luxo de parar de trabalhar. Por causa da falta de estudo pela dedicação ao futebol, a única alternativa para esses ex-atletas é continuar traba-

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lhando em áreas relacionadas ao esporte. De acordo com a jornalista e antropóloga Carmen Silvia Rial, a maioria dos jogadores vêm de camadas subalternas. Por isso, chegam somente até o ensino fundamental, já que os treinamentos exigidos para ser um atleta de ponta demandam muitas horas: quase toda a parte da manhã e da tarde. Com isso, sobra apenas o período da noite para estudar. Os atletas que conseguem se formar no fundamental, em sua maior parte, vêm de camadas médias, com algum capital intelectual, e mesmo assim são um número restrito. Uma frase que a pesquisadora ouviu muito durante suas pesquisas foi “O futebol ensina”. De fato, o futebol acaba sendo a escola formadora de muitos desses profissionais. Em pesquisa publicada na Acta Ortopédica Brasileira, revista oficial do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi constatado que a vasta maio-


Foto: acervo pessoal / Sávio Bortolini

Sávio, campeão três vezes da Champions League com o Real Madrid, à esquerda da foto segurando a taça. ria dos ex-atletas de futebol entrevistados seguem trabalhando (88%) e boa parte continua em empregos relacionados ao esporte (66%). Diversos personagens, de origens e escolaridades diferentes, ao se despedirem dos gramados acabam seguindo o mesmo destino: continuar dedicando suas vidas a transformar o futebol.

Sávio Bortolini: de astro dos gramados a empresário respeitado. No nono andar de um típico prédio comercial do centro da cidade, uma das salas destoa dos escritórios de arquitetura e advocacia. Rodeada de troféus e fotos, muitas delas vindas de revistas esportivas, encontramos a Sávio Soccer. A empresa foca seus trabalhos em administrar o ínicio de carreira de jovens jogadores. Ninguém melhor que um craque de sucesso para estar à frente desse negócio. Sávio Bortolini exibe com orgulho o seu passado vitorioso. Com

o escritório repleto de troféus e homenagens, que conquistou em menos de duas décadas. O grande destaque vai para as três réplicas da famosa orelhuda, taça que é dada para os campeões da Champions League, que Sávio conquistou nos tempos de Real Madrid. Mesmo assim, o ex-jogador não tem ciúmes de seus troféus e deixa a vontade quem visita a sua empresa. “Tá em casa”, diz a todos que chegam lá. Mas antes de todas as glórias, Sávio precisou passar por muitos sacrifícios desde cedo. O primeiro deles foi sair de Vila Velha com apenas 14 anos para ir morar no Rio de Janeiro, e treinar na base do Flamengo. O jovem menino, sozinho e em uma grande metrópole brasileira, pensava muito em voltar para a sua casa. Mas resistiu, pois sabia que estar em um clube daquela grandeza era uma oportunidade única. “Foi uma decisão difícil, mas ao mesmo tempo era algo que eu buscava”, afirma. Em 1992 estreou pelo time profissional e logo sagrou-se campeão

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Foto: Acervo pessoal / Sávio Bortolini

do Campeonato Brasileiro, ao lado de grandes nomes como Júnior e Zinho. a partir daí a carreira do Anjo Loiro só cresceu. Três anos depois, no centenário do Flamengo, fez parte do famoso ataque dos sonhos, onde teve Romário e Edmundo como companheiros. No ano seguinte, algo que algumas pessoas custam a acreditar, deixou Ronaldo Fenômeno, então uma jovem promessa, no banco e conquistou o bronze nas Olímpiadas de Atlanta. Já 1997, o “novo Zico”, outro apelido carinhoso conquistado graças às semelhanças com o estilo de jogo do Galinho, foi vendido para o Real Madrid. Na época se tornou a transferência mais cara da história do Rubro-Negro. Em Madrid, além das três Ligas dos Campeões da Europa, conquistou um Campeonato Espanhol. Devido a várias lesões seguidas não conseguiu se estabelecer na equipe. Após 5 anos em Madrid, o jogador foi para o Real Zaragoza, ainda na Espanha, ficando até 2006. Nessa passagem conquistou a Copa do Rei e virou ídolo do time, sendo imortalizado no hall dos ídolos do clube. O Anjo da Gávea se tornava Rei da Espanha. No final de sua carreira, Sávio passou por mais alguns times da Espanha

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e Brasil. Em 2010, aposentou as chuteiras vestindo a camisa do Avaí. Ao todo foram 673 jogos e 181 gols marcados. “Por incrível que pareça a decisão de parar foi uma das mais fáceis da minha vida”, comenta Sávio. Diferente de outros jogadores, Sávio sempre pensou em sua aposentadoria dos gramados, ele sabia que a carreira de jogador duraria pouco, e que precisaria continuar trabalhando após esse período. Nunca parou de estudar. Concluir o colegial e seguir a carreira no esporte eram objetivos que caminhavam juntos na vida daquele jovem jogador. João Henrique Areias, empresário de Sávio, foi quem mais o ajudou a traçar todo o seu plano de carreira. Desde o começo já sabia que, um dia, suas pernas não fariam os dribles da mesma forma. Com tristeza nas palavras, Sávio afirma que não via a mesma preocupação nos seus companheiros de profissão. “Infelizmente” - como ele mesmo diz e enfatiza - viu colegas fazerem exatamente o oposto, enquanto ele planejava seu futuro. E vê isso até hoje. No Brasil, muitos jogadores se acomodam e não pensam no pós-carreira. Diferente da Europa. Sávio conta que lá, na época em que jogava, era mais comum ver jo-


“Por incrível que pareça, a decisão de parar foi uma das mais fáceis

Foto: acervo pessoal / Sávio Bortolini

da minha vida”

gadores se preocupando com a aposentadoria dos gramados. A antropóloga Carmen Silvia Rial comenta que é comum que jogadores brasileiros se envolvam em bolhas sociais quando vão jogar fora do país. Muitas vezes, apenas se relacionam com outros brasileiros que estão lá, têm assistentes que os auxiliam com documentações e questões burocráticas e acabam nem se considerando como imigrantes. Não aconteceu com Sávio. De lá ele trouxe muitos conhecimentos e experiências que carrega consigo até hoje. Sávio sempre se interessou por assuntos econômicos e administrativos. Por influência do pai comerciante, Sávio se arriscou no ramo do empreendedorismo. Ainda nos tempos de Real Madrid, investiu na Bortolini Patrimonial, empresa que, até hoje, investe no ramo imobiliário. Hoje a figura do jogador deu espaço para o empresário. As longas madeixas loiras foram trocadas por

um corte de cabelo mais comportado. Chuteiras e uniforme foram substituídos por sapatos e roupas sociais. A única coisa que não mudou em Sávio foi o seu amor pelo futebol, e a vontade de transformá-lo. Com a experiência de vários anos de futebol, Sávio sentiu a necessidade de passar toda a sua experiência e conhecimento de futebol para jovens que estavam entrando nesse mundo, situação pela qual ele já havia passado. Assim surgiu a Sávio Soccer, empresa que trabalha no agenciamento de novos atletas, trabalhando desde a imagem até a formação educacional psicológica dessas pessoas. A empresa lida com a gestão de carreira de jovens atletas, coisa que Sávio sempre teve durante a sua vida. Diferente do seu escritório imobiliário - do restante de sua carreira - a Sávio Soccer não era algo planejado a muito tempo. Surgiu cerca de dois anos depois da aposentadoria do jogador. Como na sua época de jogador, o empresário ainda vê o futebol como um rumo complicado. “Poderia ser mais fácil”, avalia. Existe uma concorrência forte e, ao mesmo tempo, desleal. Como em outros setores a disputa acaba se tornando financeira. O próprio futebol vive um momento de supervalorização de clubes e atletas. O esporte virou um ramo de investimento, diferente do que Sávio viveu como atleta. Por isso, a empresa foca em melhor gerir a carreira de seus clientes. Para Sávio, o ganho financeiro é uma consequência desse trabalho de cuidar do atleta e de seu futuro. Assim como ele teve no início da carreira, o ex-jogador oferece um acompanhamento

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Hoje, segue sua carreira pós-gramados como empresário bem sucedido

Sávio em sua passagem pelo Avaí Futebol Clube, em 2010 quase que familiar aos jovens. Clubes, atletas e pais muitas vezes não entendem o trabalho da empresa, o que o torna mais difícil. Mas é a vontade de mudar essa realidade que o mantém na ativa. Os olhos do empresário Sávio Bortolini brilham ao falar de sua carreira e do futebol. Ele vê com muito carinho os momentos que viveu no meio, e afirma que só tem a agradecer ao futebol pelo que aprendeu, fez e conheceu. Fala como se o esporte fosse uma pessoa que o ajudou e deu rumo a sua vida. Acostumado com as emoções vividas dentro de campo e os estádios lotados para ver os espetáculos dentro de campo, o agora aposentado, vê que o futebol perdeu essa essência. Com visível tristeza, fala que não voltaria ao Maracanã. O “povão” não frequenta mais o estádio, como foi na época do Sávio-jogador. De acordo com o próprio, a “filosofia de ir ao Maracanã não existe mais. Mas ainda

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cultiva uma esperança. Para ele o técnico Tite, pode resgatar essa essência e trazer a seleção de volta aos braços do povo. “A seleção não é da CBF, não é de ninguém. A seleção é do povo brasileiro”, enfatiza. Para alguém que viveu tão intensamente o futebol, é difícil ver a essência do esporte se perder. Segundo Sávio, ele viveu mais momentos bons que ruins e só tem a agradecer por tudo. Afirma que “é o único esporte que mexe com qualquer pessoa, é lindo demais”.

Essa é primeira parte desta grande reportagem. Na próxima edição você confere o relato de atletas que continuam no esporte e enfretam essa dura realidade. Não perca!

Foto: acervo pessoal / Sávio Bortolini

Foto: acervo pessoal / Sávio Bortolini

ALÉM DOS GRAMADOS


INOVAÇÃO

CONHEÇA O NÚCLEO DE

JORNALISMO

ESPORTIVO UFSC, QUE

COMPLETA 13 ANOS EM 2019

Por Guilherme Longo

Núcleo foi criado e é mantido por estudantes de jornalismo UFSC

D

urante os trinta dias da Copa do Mundo da Rússia, em 2018, o frito de gol era o som mais comum de se ouvir dentro do Laboratório de Radiojornalismo do Curso de Jornalismo da UFSC, onde alunos apaixonados por esporte se dedicavam à cobertura do maior evento esportivo do mundo. Mas essa não era a primeira vez. Tudo começou há 13 anos, em 2006, durante a Copa do Mundo da Alemanha. Naquela época, os estudantes reclamavam da falta de disciplinas e práticas em jornalismo esportivo no curso, e decidiram tomar uma ação. Assim, começaram a planejar as transmissões das partidas nos estúdios do Laboratório de Radiojornalismo, com veiculação pela Rádio Ponto UFSC. Era o surgimento do Núcleo de Radiojornalismo Esportivo. Nos anos seguintes, a equipe continuou aumentando, e além das transmissões de jogos, que recebeu o nome de Grande Jornada Esportiva, passou também a produzir programas que falavam não apenas de futebol, mas de esportes em geral. Do Bola na Trave, que trazia um resumo da rodada do final de semana e feito para os calouros treinarem a produção em rádio ao UFSC Esporte Clube, que cobria in loco as

diferentes modalidades esportivas praticadas em Santa Catarina. Em 2010, foi oficializado como projeto de extensão da Universidade, tendo um bolsista para poder liderar a organização das produções. Assim, o Núcleo pôde crescer, aumentando o número de estudantes voluntários participantes, programas veiculados na grade da Rádio Ponto e de coberturas realizadas. As produções deixaram de focar apenas no futebol e passaram a tratar de outras modalidades como automobilismo, MMA, futebol americano e basquete. E desde a sua fundação, já foram 4 Copas do Mundo, 3 Eurocopas, as Olimpíadas Rio-2016, além de inúmeras Grandes Jornadas de alguns dos principais campeonatos de futebol e eventos esportivos do Brasil e do mundo. A cobertura para a Copa de 2018, na Rússia, teve início seis meses antes do pontapé inicial, ainda em janeiro. Os alunos responsáveis por liderar a organização, Fabio Tarnapolsky e Andrey Frasson, fizeram as primeiras reuniões de planejamento, já pensando em quais partidas poderiam ser transmitidas pela Rádio Ponto e os programas que seriam exibidos à época. No mês de abril foi realizada a primeira reunião aberta sobre a cobertura com os estudantes

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INOVAÇÃO

do curso. Naquela ocasião, foi apresentado o que seria produzido durante os 30 dias do evento, além de todo o material que seria divulgado antes de 14 de junho. Além das Grandes Jornadas Esportivas, seriam realizados três programas: o Parada pra Copa, na rádio e na televisão e o Diário da Copa. O Parada seria a mesa redonda do Núcleo, comentando as partidas e os acontecimentos, com veiculação às segundas, quartas e sextas na Rádio Ponto UFSC e às sextas em vídeo pelo YouTube. A edição em vídeo seria produzida em parceria com o Laboratório de Telejornalismo, repetindo a parceria da Copa de 2014, que chegou a render o prêmio Expocom Nacional para a equipe. E o Diário da Copa seria um noticiário de cerca de cinco minutos de duração com os resultados e notícias do dia. Esse programa ficaria a cargo da equipe de calouros do Bola na Trave, já que o programa seria interrompido durante o evento. Além disso, antes do início da Copa, os estudantes ficariam responsáveis pela produção de drops, pequenos boletins informativos sobre as 32 seleções participantes, o país e as cidadessede. Esses drops foram disponibilizados diariamente até o dia 14 de junho. A participação dos estudantes na cobertura era totalmente voluntária, dedicando suas horas livres à produção dos drops, programas e jornadas. No total, mais de 50 alunos se dispuseram. Isso representou um número expressivo, já que o corpo discente do Jornalismo UFSC é composto por cerca de 280 pessoas. Além disso, algumas partidas contaram com a participação de ex-alunos do curso que estavam na Rússia, trabalhando ou acompanhando a Copa, como Felipe Seffrin, um dos fundadores do Núcleo, que enviou boletins gravados nos dias de jogos da seleção, falando do clima nos estádios.

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Um dos grandes diferenciais da cobertura de 2018 em comparação às anteriores foi a possibilidade de transmitir partidas da seleção brasileira. Por causa das determinações do governo federal sobre o fechamento de instituições públicas em dias de jogo da equipe canarinho, isso não havia sido possível até então. Com o apoio da direção do Centro de Comunicação e Expressão, a Grande Jornada Esportiva entre Brasil e Costa Rica, na segunda rodada da fase de grupos, representou um marco na história do Núcleo. E ainda por cima rendeu a maior audiência de uma Jornada em doze anos, alcançando cerca de 5 mil pessoas no Facebook. As mídias sociais foram o carro-chefe da divulgação da cobertura. Todos os programas foram veiculados ao vivo no Facebook e também disponibilizados no YouTube e no MixCloud,


Foto: acervo Núcleo de Jornalismo Esportivo UFSC

As transmissões costumam acontencer no segundo estúdio da Rádio Ponto, conhecido como “cafofo”, por ter um tamanho maior. Nas grandes

coberturas, como a Copa do Mundo, se usa também o estúdio principal além de atualizações constantes sobre a Copa. Isso resultou em um alcance total de cerca de 40 mil pessoas entre 8 de junho e 11 de julho, um recorde do Núcleo de Jornalismo Esportivo. O aumento na audiência se deu também à divulgação por portais como o Brasil de Fato, que possui mais de 600 mil curtidas no Facebook. Na publicação feita pelo site, o trabalho do Núcleo foi considerado uma das cinco melhores coberturas alternativas do torneio. Além das mesas-redondas e matérias factuais, a cobertura da Copa tentou ir além, trazendo conteúdos relacionados à Copa do Mundo que tivessem impacto social ou com curiosidades, como os veiculados no programa Parada pra Copa TV. A edição de 29 de junho, por exemplo, trouxe uma reportagem sobre a

transmissão de um jogo da seleção brasileira na Maloca Indígena da UFSC, local de moradia dos estudantes da Universidade de ascendência indígena, falando também sobre a importância do esporte dentro dessa comunidade. Ao final da cobertura, ficou a sensação de dever cumprido entre os mais de 50 estudantes que participaram voluntariamente. E logo após a transmissão do último jogo, a equipe já retomou os trabalhos regulares, inclusive pensando nas próximas coberturas, como foi a da Copa do Mundo Feminina de Futebol, que aconteceu em junho de 2019, realizada inteiramente por mulheres, que criaram o grupo Donas do Placar. Por mais trinta dias, os estúdios da Rádio Ponto ficou preenchido por mais gritos de gol e momentos que entraram para a história do esporte.

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CRÔNICA ESPORTIVA

MONTANHA-RUSSA À LA JOINVILLE ESPORTE CLUBE

Por Matheus Simões Mello

Clube vive drama parecido com o da Portuguesa. Indo do céu ao inferno e amargurando sem divisão

N

o futebol, diz-se que um clube vive uma montanha-russa quando este passa por altos e baixos. O jargão futebolístico, porém, não abrange toda e qualquer oscilação de alta amplitude do futebol. Explico. Normalmente, montanhas-russas começam com uma subida lenta, constante e angustiante. Os mais ansiosos já atingem o ápice dos batimentos cardíacos antes mesmo do êxtase máximo, como se a espera fosse mais prazerosa que o próprio prazer. Vem o topo e os carrinhos começam a subir e descer, numa mescla entre recompensa e armadilha, entre o receber de uma rosa e o machucar-se com seus espinhos. Fulminante ao ponto

2014

CAMPEÃO BRASILEIRO DA SÉRIE B

de tais sensações se tornarem indivisíveis, ainda que a felicidade sempre se sobressaia. Por fim, um fim confortante e revigorante. E é justamente esse conforto que é incompatível com montanhas-russas clubísticas. O Joinville Esporte Clube (JEC) entra nesse rol de exceções. Há um momento de inércia, entre uma viagem e outra, que insistia em perdurar mais do que de costume. Há uma árdua e duradoura subida, que transporta até o cume. Há o clímax, tão intenso quanto efêmero. Há, também, as tensões e as descidas, muito mais perigosas do que normas de seguranças permitem às montanhas-russas. Não há o fim confortante. E há o perigo de se confortar com a queda livre..

2015

DISPUTA BRASILEIRÃO SÉRIE A

REBAIXAMENTO PARA SÉRIE B

Fotos: Rodrigo Philipps / Agência RBS (1, 3, 4) | CBF / Divulgação (2) | Jonatan Duarte / Ferroviária SA (5) | Blog ‘Sou JEC’ (6)

16 / junho de 2019 / SÉRIE SC

2015


A inércia: do ‘fora de série’ ao acesso por fora do campo

Para entender a inércia, é preciso resumir as viagens anteriores. O JEC viveu a loucura dos anos 1970 enlouquecendo vertiginosamente os rivais. O individualismo dos anos 1980 não chegou à sala de troféus do Tricolor, já que as taças ganhavam companhia ano após ano. A década de 90 foi de crise, mas o Joinville conseguia permanecer na segunda divisão do futebol nacional. Na virada do milênio (2000-2001), o bicampeonato estadual embalava as expectativas da chegada do Século XXI. Que não passaram de expectativas... Em 2004, queda para a Série C. Nos anos seguintes, tentativas frustradas de retornar à B. Nos anos seguintes, nem para a C se classificava Foi assim em 2008. Foi assim em 2009, com a então recém criada Série D, que passava a ser a última divisão nacional. O ano de 2010 precisava ser diferente. Era praticamente uma obrigação moral dos joinvilenses, até daqueles que não torcem para

2016

REBAIXAMENTO PARA SÉRIE C

o JEC. E foi: com o passar das rodadas da Série D, o pressentimento ganhava contornos factíveis: de fase em fase, o Joinville ia ganhando corpo e apoio. Nas quartas-definal, chega o tão esperado jogo do acesso. E é contra o América, de Manaus. Não, não é o Fast Clube. Tampouco o São Raimundo. Era o América. E do Amazonas. Acreditam que era uma equipe semiprofissional? Um oponente ideal para quem jogava com milhões de elefantes nas costas, certo? Errado. Era o América que garantia o acesso. Reparem que eu escrevi “garantia”. Porque parece que o semiprofissionalismo americano fez com que não fossem cuidadosos na regularização de seus atletas: graças à má inscrição de Amaral Capixaba, o STJD revertou os resultados Era o retorno à Série C, num blend de sentimentos que transitavam entre o alívio e a vergonha. Alívio porque os carrinhos da montanha -russa voltavam a andar.

2018

REBAIXAMENTO PARA SÉRIE D

2019

ELIMINADO DA SÉRIE D E SEM DIVISÃO

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Foto: José Luiz Silva / globoesporte.com

Jogadores do JEC comemoram a conquista inédita da Série B e o acesso

subida: arrancadas e freadas bruscas, mas sempre adiante.

Em 2011, nem a primeira mulher chefe de Estado do Brasil e nem o retorno Rock in Rio – ao Rio, vejam vocês – causavam tanto delírio aos joinvilenses quanto a volta do Joinville à terceira divisão. Digo mais: nem dias sem chuva causavam mais alvoroço do que notícias da Série C. Porém, o retrospecto dos últimos anos era tenebroso. E apenas dois de cinco times avançavam à próxima fase. E um era rebaixado. E os descensos vinham flertando com o JEC. Parecia um destino inevitável para o Tricolor... Parecia. Lembre-se de que o carrinho subia. E o rendimento dos atletas também. O técnico Arturzinho recorreu ao 3-5-2 para explorar as qualidades ofensivas dos alas Gílton e Eduardo. Para tanto, Linno e Fabiano Silva guaradavam os flancos, enquanto Pedro Paulo fazia a sobra. Os três zagueiros davam liberdade para os volantes, Glaydson e Ricardinho, chegarem ao ataque sem medo. Jaílton era o maestro. Ronaldo Capixaba, a velocidade. Lima era... Lima. E tinha Ivan, mais ídolo a cada defesa feita.

18 / junho de 2019 / SÉRIE SC

Encaixado e embalado, o Joinville avançou à segunda fase. Eram quatro equipes, e só dois ascendiam à Série B. Só o primeiro disputariam a final do torneio. Era hora do carrinho entreter seus passageiros: cinco vitórias e um empate em seis confrontos, um retorno após sete anos, uma decisão de torneio nacional inédita em seus 35 anos. Festa num Mercado Público tomado e tomando. O acesso já era o suficiente. Ainda havia uma final contra o CRB, mas uma densa neblina de humildade impedia os jequeanos de esboçarem qualquer ínfimo traço de confiança. A torcida relutava em permitir-se. Até o apito final do primeiro jogo, fora de casa, que terminou com vitória do Joinville por 3x1. Após os primeiros noventa minutos, os tricolores foram contagiados por uma soberba que andava ausente. As quase vinte mil pessoas que compareceram à Arena Joinville naquele 3 de dezembro simplesmente foram para serem felizes. Tanto a sofrida nova geração quanto a velha guarda mal acostumada. E todos foram presenteados com um 4x0 de gala e brindes com taça. Matar a sede de taça e de Série B não


O clímax: curvas delirantes que levaram ainda mais alto

Futebolisticamente, 2014 foi um ano no qual Belo Horizonte foi o centro dos holofotes. Mas também foi o ano do Joinville Esporte Clube. A base dos últimos anos dava forma à equipe. Ivan seguia à frente da meta. Os volantes Naldo e Anselmo tinham raro entrosamento. Marcelo Costa já não corria como sempre, mas fazia a bola correr como nunca. Edigar Junio desequilibrava jogos e defensores. E ainda tinha o seguro zagueiro Bruno Aguiar e o folclórico Wellington Saci. Saci, aliás, acumulava acessos da Série B em seu currículo. Um amuleto tricolor. Nada mais justo que a superstição atendesse por Saci. A Série B começou e o Joinville parecia não cometer os mesmos erros de outrora. Era maduro e pronto. O time estava pronto (guardem esta informação). Não era uma equipe de encher os olhos, mas estava disposta a ver os demais do topo. Rodada após rodada, o JEC concretizava o mais abstrato dos sonhos: retornar à elite do futebol nacional. Na,34ª rodada, frente ao Sampaio Corrêa, a montanha-russa tricolor chegou ao clímax: vitória e vaga na Série A 2015. Tempestade em Joinville, de chuva e de lágrimas. No último confronto do ano, contra o Oeste -SP, mais um feito: título da segunda divisão e o segundo título nacional. Cientistas renomados constataram que, para os jequeanos,

Foto: divulgação CBF

significa ir com sede ao pote. O JEC carecia de estrutura e de respaldo financeiro para alçar voos mais altos. Aumentos bruscos de velocidade descarrilham o carrinho. Coincidentemente (ou não), o JEC fez boas campanhas nas temporadas 2012 e 2013, mas freava (ou derrapava) perto do fim. O Tricolor seguia subindo, mas ainda não havia botado a mão no pote de ouro que o aguardava no fim do arco-íris.

A taça da Série B do brasileirão,

conquistada pelo JEC em 2014

a espera entre o dia do acesso e a estreia na Série A demorou cerca de doze bilhões de anos. Eu diria mais: o apito final da partida contra o Sampaio Corrêa foi o Big Bang; o apito inicial do duelo contra o Fluminense, o presente. E quisera que sempre fosse assim. A espera do prazer pode ser mais prazerosa que o próprio prazer, lembra? Campanha discreta, erros crassos na montagem do elenco, muitas trocas de comando... Se já não bastasse a dificuldade de se competir com clubes de maior investimento, o JEC cumpriu a cartilha do descenso. Os três anos de Série B fizeram que o JEC tivesse um time pronto, mas não deixaram o clube pronto. E prontamente isto ficou claro. O rebaixamento compreensível deu lugar à perda de estabilidade. Era hora dos carrinhos começarem a descer definitivamente.

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CRÔNICA ESPORTIVA

Descarrilhado e começando a cair: quanto maior o salto...

...maior o tombo. O JEC não soube lidar com o dinheiro que a Série A proporcionou e teve de lidar com as dívidas que a Série A proporcionou. Em 2015, a meta era permanecer na elite. Em 2016, permanecer na divisão que dá acesso à elite. Sonhos, como bem sabem os tricolores, não viram realidade com tanta frequência... Na última rodada, graças a uma combinação de resultados paralelos, o JEC voltava a ser rebaixado. Com dois descensos em dois anos, não correr riscos na Série C 2017 era o suficiente, e assim foi: até a última rodada, o JEC tinha chances de avançar às quartas-de-final, mas acabou ficando de fora. “Momento perfeito para arrumar a casa e voltar à Sèrie B”, pensavam os jequeanos. Momento trágico e volta para a Série D se concretizava dentro de campo. Mais uma queda livre na montanha -russa. Voltava-se a alturas tão rasas quanto as do começo da viagem. O pior possível.

20 / junho de 2019 / SÉRIE SC

Queda livre: É o fim?

Após o descenso para Série D, o JEC foi inundado de interrogações. Como um time que voltou à elite despenca tão rápido? Nem mesmo os quase 10 m/s² da aceleração da gravidade terrestre causariam queda tão repentina. Na Série D 2019, queda livre ainda mais profunda: eliminação na primeira fase, com duas rodadas de antecedência. Para o ano que vem, o Joinville necessita ter um bom desempenho no estadual para voltar à quarta divisão nacional. Caso contrário, ficará novamente “fora de série”. O Joinville precisa da vaga. O Joinville precisa de muito. O Joinville precisa de dirigentes com atitudes precisas. Tanta coisa o Joinville precisa que seu destino é impreciso. Só se pode precisar que o carrinho da montanha-russa segue caindo. Diz-se a gravidade de estações espaciais é zero. Na verdade, a velocidade da estação é tão grande que a faz orbitar e, portanto, estar em constante queda livre, dando a falsa sensação de um ambiente sem gravidade e de inércia. E é exatamente isto que não pode ocorrer com o JEC. A queda livre não pode trazer a falsa sensação de inércia. Seria o fim, o nada, o zero absoluto. No entanto, se serve de conforto, novas viagens virão. E quem sabe a desordem tricolor de hoje se converta na ordem de amanhã.


FUTSAL

CONHEÇA OS TIMES CATARINENSES NA LIGA

NACIONAL DE FUTSAL

Por Lucas Stank

Na competição de 2019, SC chega a ter cinco representantes.

A

Divulgação: Joinville EC

Liga Nacional de Futsal da temporada 2019 tem cinco times catarinenses: Tubarão, Joinville, Joaçaba, Jaraguá e Blumenau. O Joinville é uma das camisas pesadas do futsal brasileiro e vem disputando títulos nos últimos anos, tendo conquistado o título em 2017. Tem como destaque o jogador da seleção brasileira Jackson Samurai, e tem como treinador o ex-jogador da amarelinha Vander Lacovino. A equipe tenta se recuperar de um início instável no campeonato: teve algumas derrotas surpreendentes para o Campo Mourão e para o Tubarão, que está na parte de cima da tabela. Os resultados fizeram acender a luz amarela para a direção e para os torcedores.

Samurai se destaca tanto com a camisa do JEC quanto com a da seleção

O Joaçaba também faz parte do grupo de catarinense. A equipe vem fazendo uma campanha com mais derrotas que vitórias, com alguns resultados positivosn, como o empate contra o tradicional Marreco do Paraná. O Tubarão é uma das surpresas, seguindo de perto os líderes e dando trabalho para times de mais tradição. Chegou a liderar, mas oscila um pouco. Ganhou de gigantes do Futsal Nacional, como a equipe de Pato Branco por 5 a 1 na casa do adversário. Também ganhou em casa do Corinthians e do Atlântico de Erechim. O ala Jedi e o pivô Ronaldo dividem a artilharia da equipe com 5 gols O Jaraguá é outro time de tradição do estado, mas que tenta retomar o prestígio da época em que era patrocinado pela fornecedora de roupas Malwee. O time teve quatro derrotas e vem tentando subir na tabela. O pivô Jé desponta como destaque da equipe no campeonato. O time de Blumenau é o time catarinense de pior campanha até a 9ª rodada. O time tem tido muitas dificuldades e toma muitos gols, e se seguir nesse ritmo irá amargar próximo à lanterna dando poucas alegrias aos blumenauenses. Apesar da má campanha, o pivô André desponta como possível artilheiro. Num estado de muita tradição no esporte, essa temporada promete fortes emoções, dando chance ao catarinense de ver o melhor do Futsal brasileiro a cada rodada.

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FUTEBOL FEMININO

AVAÍ-KINDERMANN NA COPA DO MUNDO Por Lucas Stank

Goleira Bárbara, que defendeu a seleção brasileira no mundial, é atleta da principal equipe catarinense na modalidade

E

ste ano é muito importante para o futebol feminino, pois é o ano em que ocorre na França, a Copa do mundo da modalidade. É o momento em que as melhores jogadoras do mundo se reúnem em busca da tão sonhada taça do mundo. E o Futebol feminino de Santa Catarina tem motivo para comemorar ainda mais, pois a goleira Bárbara do Avaí Kindermann, vestiu a camisa da seleção brasileira em solo francês A jogadora de 30 anos, nasceu em Recife,sua carreira começou no Sport em 2006. Em 2008, ela defendeu o Sunnana Sk da Suécia, mas voltou para o Sport em 2010, onde ficou por um ano. Em 2011 ela foi para o Foz cataratas, até ir defender um time na Bundesliga alemã em 2013. Em 2014 teve sua primeira passagem pelo Kindermann, onde ganhou uma Copa do Brasil de Futebol feminino. De 2015 até 2017, ela rodou por vários times como São Caetano e Bo-

tafogo da Paraíba, até voltar para o time catarinense em 2017. A parceria entre as equipes do Avai e do Kindermann começou este ano, pois a CBF passou a obrigar todos os time da Série A do Brasileiro Masculino a ter uma equipe de futebol feminino. Além de trazer uma marca mais consolidada no futebol nacional, traz os jogos contra times mais conhecidos para a Ressacada, dando a oportunidade para que os moradores da capital prestigiem o futebol feminino. Pela seleção brasileira, Bárbara tem dois ouros Pan-Americanos (2007-2015), uma prata olímpica em Pequim (2008) e um terceiro lugar no mundial feminino sub 20 (2006). No mundial de 2019, foi titular nos quatro jogos do Brasil Para mais informações sobre Bárbara e o Avaí-Kindermann, curta a página das leoas caçadoras no Facebook: www.facebook. com/kindermannoficial/ . Foto: Patrick Smith

22 / junho de 2019 / SÉRIE SC


FUTEBOL DE AREIA

O DESCONHECIDO CAMPEONATO

CATARINENSE DE

FUTEBOL DE AREIA Por Lucas Stank

Craque do estadual já jogou inclusive na seleção brasileira

S

anta Catarina é um estado conhecido por suas praias muito visitadas por turistas, e é comum vermos no Campeche, Em Jurerê, em Balneário Camboriú ou em Itapema, um pessoal batendo uma bolinha nas areias por pura diversão. Mas o que pouca gente sabe é que o estado tem um campeonato profissional de beach soccer, mais conhecido como futebol de areia. A primeira edição do campeonato catarinense de Beach Soccer, que foi organizado pela Federação Catarinense da modalidade, aconteceu em janeiro de 2012 e teve o time de futebol de areia do Avaí como campeão. O torneio é anual, e não foi organizado entre 2013 e 2017, mas agora voltou pra ficar e pretende se fixar no calendário esportivo do estado. Os campeões foram o Avaí em 2012; e um tri campeonato do Joinville em 2013,2017 e

Neto em um chute de voleio, defendendo a camisa do Avaí Beach Soccer Fotos: Divulgação

2018. Vemos que a força do Joinville não é só no piso das quadras de futsal, mas também nas areias. O formato do campeonato é simples, as 8 equipes que disputam são divididas em dois grupos com 4 equipes cada, depois de jogos dentro dos grupos em turno único, os dois primeiros de cada grupo se classificam para as semifinais, as semifinais e as finais são em jogo único.

Destaque do catarinense vestiu a camisa da seleção

Neto, que atualmente tem 32 anos, vestiu a amarelinha em 2017 na qualificatória para a Copa do Mundo que ocorreu no mesmo ano. O jogador se destacou defendendo times do norte do estado nos campeonatos estaduais e foi para o Avaí em 2016. Na primeira competição nacional que disputou, já foi o artilheiro do “Leão da Praia” com seis gols e foi essa atuação que fez Neto ser convocado. O jogador ajudou o time a ser campeão da qualificatória no Paraguai em 2017, onde o título veio após um emocionante 7 a 5 contra os donos da casa. Neto disse ao site “Tudo sobre Floripa” que ficou muito surpreso mas ao mesmo tempo muito feliz com a convocação, e que a cobrança aumenta muito depois de uma convocação. Segundo ele, servir a seleção é uma sensação única para qualquer atleta em qualquer modalidade.

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CATARINENSE 2019

ALMANAQUE

DO CATARINÃO 2019

O

campeonato catarinense de 2019 foi a 94ª edição do principal campeonato de futebol de Santa Catarina. O vencedor desse ano foi o Avaí Futebol Clube, que alcançou a marca de 17 títulos, ficando apenas atrás de seu rival, o Figueirense, com 18 títulos. Nesta edição, a fórmula de disputa foi diferente do campeonato anterior: a primeira fase foi dividida em dois turnos, destinando aos quatro primeiros colocados na classificação geral as vagas para os confrontos das semifinais, com o primeiro enfrentando o quarto e o segundo enfrentando o terceiro. Ainda na classificação geral, pelo regulamento os dois últimos colocados são rebaixados para a segunda divisão. Na final e semifinal, os confrontos foram em jogo único, na casa da equipe com melhor campanha. Nos jogos em que o empate persistiu, a decisão foi para as cobranças de pênaltis. AVAÍ: O líder da classificação geral com 39 pontos, teve alguns resultados adversos, como a derrota por 1 a 0 para o Marcílio Dias no dia 30 de janeiro, mesmo com o time de Itajaí estando com um jogador a menos. Tanto na Semifinal contra o Criciúma e a final contra a Chapecoense, o Leão da Ilha teve que encarar a decisão na marca da cal, vencendo as duas e se sagrando campeão.

FIGUEIRENSE: Apesar de ser o time que mais vezes liderou a primeira fase do campeonato (13 rodadas), o time alvinegro foi o terceiro colocado da classificação geral, com a mesma pontuação da Chapecoense, mas com uma vitória a menos. Essa vitória a menos custou caro. Tirou a semifinal do Orlando Scarpelli e levou para Chapecó, onde foi eliminado para o time da casa.

CHAPECOENSE: Um dos favoritos ao título por ser o destaque do futebol catarinense nestes últimos anos. O time do oeste foi segundo colocado na classificação geral, com 32 pontos. Na semifinal, o verdão passou pelo Figueirense, vencendo por 1 a 0 na Arena Condá e perdeu na final para o Avaí, numa polêmica decisão por pênaltis onde o VAR foi acionado na última cobrança

CRICIÚMA: O time da terra do carvão foi o quarto colocado na campanha geral. Disputou a última vaga das semifinais até a rodada final com o Marcílio Dias. Se classificou, enfrentou o Avaí na Ressacada e foi eliminado numa disputa de pênaltis. Agora a equipe vai para a sua quinta participação consecutiva na Série B. Nesse ano tem a companhia do seu rival, o Figueira.

24 / junho de 2019 / SÉRIE SC


MARCÍLIO DIAS: A surpresa do campeonato. Vindo da segundona, o marinheiro fez a mesma pontuação do Criciúma, mas ficou em quinto e fora da semifinal por ter uma vitória a menos. Felizmente, a torcida pôde comemorar o centenário na elite de Santa Catarina e uma vaga na Série D 2020.

METROPOLITANO: O time de Blumenau, que subiu como campeão da série B em 2018, jogará a segundona no próximo ano. O Metrô concretizou sua queda ao perder para o Atlético Tubarão por dois a zero já no final da fase de classificação. Com 16 pontos, ficou na nona e penúltima posição.

BRUSQUE: Uma campanha de altos e baixos, isso define o campeonato do Brusque. Foi de um 6 a 1 contra o Metropolitano à uma derrota de 4 a 0 para o Avaí no seu estádio, o Augusto Bauer. Essa “montanha russa” rendeu ao time brusquense o sexto lugar, e 20 pontos na tabela de classificação.

HERCÍLIO LUZ: A pior campanha com 13 pontos, 7 empates 9 derrotas e 2 vitórias, flertou com a zona de rebaixamento durante todo o campeonato e amargurou a última colocação nas duas últimas rodadas. Um ponto curioso foi a vitória pra cima do campeão Avaí por um a zero no dia 10 de março.

JOINVILLE: Crise, essa é a palavra que define o JEC nos últimos 5 anos. O terceiro maior campeão catarinense ficou em sétimo na tabela com os mesmos 20 pontos do Brusque, mas com uma vitória a menos. Para o ano que vem, o Joinville necessita de um desempenho melhor, pois como está sem Série, vai precisar do catarinense para garantir uma vaga na Série D. TUBARÃO: time que passou mais tempo na lanterna do campeonato (11 rodadas). Mas escapou do rebaixamento por um ponto, graças à vitória contra o Joinville na última rodada, fora de casa, por um a zero. Com 17 pontos a equipe ficou na oitava posição. A expectativa relacionada ao crescimento do clube não se concretizou. Ao menos, a torcida viu o seu maior rival ser rebaixado.

TABELA DE CLASSIFICAÇÃO 1º

AVAÍ

39

CHAPECOENSE

32

FIGUEIRENSE

32

CRICIÚMA

27

MARCÍLIO DIAS

27

BRUSQUE

20

JOINVILLE

20

TUBARÃO

17

METROPOLITANO

16

10º HERCÍLIO LUZ

13

SÉRIE SC / junho de 2019 /

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CATARINENSE 2019

ESTATÍSTICAS ARTILHARIA

MAIOR GOLEADA

9 GOLS

6X1

Daniel Amorim - Avaí

7 GOLS

TIMES MENOS DISCIPLINADOS

Nathan Cachorrão - Joinville

6 GOLS

60

3

MELHOR MÉDIA DE PÚBLICO

5.888 PIOR MÉDIA DE PÚBLICO

839 26 / junho de 2019 / SÉRIE SC

Getúlio - Avaí Hélio Paraiba - Brusq ue Junior Pirambu - Metrô

CURIOSIDADE

A

maior curiosidade do campeonato aconteceu no jogo entre Joinville e Criciúma válido pela 8ª rodada, uma chuva torrencial obrigou com que o árbitro Célio Amorim interrompesse a partida. Com a partida interrompida, Célio e a equipe de arbitragem tentaram tirar a água do gramado utilizando um “rodo” diferente: a placa de publicidade que estava na lateral do campo, essa cena foi muito inusitada e se espalhou pelas redes sociais por todo Brasil


SELEÇÃO DO CAMPEONATO Daniel Amorim (AVA)

Nathan Cachorrão (JEC)

Daniel Costa (CRI)

Paulinho (MAR)

João Paulo (AVA) Luanderson (MAR)

Pedro Castro (AVA)

Magrão (MAR)

Eduardo (CHA)

Betão (AVA) Denis (FIG)

LISTA DOS MAIORES CAMPEÕES

FIGUEIRENSE 18 TÍTULOS

AVAÍ 17 TÍTULOS

JOINVILLE 12 TÍTULOS

CRICIÚMA 1O TÍTULOS

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AVAÍ FUTEBOL CLUBE

CAMPEÃO

EM PÉ, DA ESQUERDA PARA A DIREITA: Ademir (mass

Barbosa, Betão, Ricardo, Jô, Marquinhos Silva, Lucas Frigeri,

AGACHADOS: Pereirinha, Jonny Mosquera, Gegê, Brizuela, Luan Pereira, Moritz, Jones Carioca, Julinho.


CAMPEONATO CATARINENSE

foto: Flávio Tin

1924 1928 1943 1973 1997 2012 1926 1930 1944 1975 2009 2019 1927 1942 1945 1988 2010

sagista), Anderson Moreira, Jaelson Ortis, Léo Fidelis (preparador físico), Mateus , Gledson, Vladmir, Vlamir (treinador de goleiro), Dr. Funchal, Evando, Todynho (roupeiro).

, Iuri, Alex Silva, João Paulo, Pedro Castro, Getúlio, Lourenço,

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O TORCEDOR

Soneca segurando a camisa do Carlos Renaux, de Brusque, em um encontro de colecionadores

COLECIONADORES F.C. Por Lucas Stank

Entenda esse amor por colecionar camisas de times através dos olhos de Lucas Gabriel do Santos, o Soneca, colecionador catarinense.

O

futebol é algo que causa paixões e hobbies, e um dos principais hobbies que esse esporte traz consigo é o de colecionar camisas, seja pelo teor histórico ou pra competir com os amigos pra ver quem tem a camisa mais rara. Isso é algo recorrente e que tem seus adeptos em Santa Catarina. O estudante de jornalismo Lucas Gabriel Dos Santos Cardoso de 24 anos coleciona camisas desde 2009 e para ele os colecionadores se dividem basicamente em dois grupos centrais: aqueles que colecionam camisas do time do coração

30 / junho de 2019 / SÉRIE SC

e os que colecionam camisas por grupos (camisas de times catarinenses, brasileiros, argentinos, sul-americanos e por aí vai). Soneca, como é chamado pelos amigos, tem uma relação forte com o futebol argentino, porque viveu seis meses no país vizinho e acompanhou de perto os chamados times de bairro. Ele coleciona camisas de times de lá também: “A maioria das camisas eu consigo trocando com colecionadores de lá. Tenho foco no Peru também e geralmente eu pego quando vou pra lá ou peço pra alguém pegar quando também vai”. Ao ir


pra Argentina no mês passado, Lucas viveu uma situação curiosa: comprou uma camisa do Brusque, seu time do coração, em solo hermano. Ele confessa que ainda não tinha a peça, que identificou ser de 1996. Como já conhecia o vendedor, pediu para que ele guardasse a camisa até chegar lá. Como todo bom colecionador, ele também tem exemplares raros dos quais ele se orgulha em ter. “Eu peguei uma do Araranguá quando estava em Timbó - SC, na rua. Ela é de quando o time foi campeão da copa Santa Catarina [1991]. Eu acho que é rara porque nem o maior colecionador do Araranguá tem essa camisa” Não é só dos times menores e “alternativos” que o estudante foca, ele também guarda camisas dos chamados grandes, tendo em média 10 camisas de cada um dos cinco maiores do estado, e de acordo com ele tem um número total de camisas que impressiona: cerca de 500! Soneca revelou que tem uma planilha com os dados de todas as camisas que possui, mas que está desatualizada porque se mudou recentemente e não a atualiza desde o início do ano. Desde que começou com sua agência de freelancers de futebol chamada O cancheiro, Lucas passou a ganhar mais camisas de jogadores em jogos que ele cobre. “Ultimamente nem tenho comprado mais. Eu ganho mais em troca do meu trabalho fotográfico, essas coisas [...]” Essa cultura teve muita popularização na primeira década deste século, onde redes sociais uniu fanáticos do mundo inteiro: “Na época do Orkut era bom, tinha grupos de colecionadores de vários países. Tinha grupo mundial! Bah, eu conheci vários colecionadores da Eslovênia, na época em que o Dólar era barato eu fazia ‘altos’ negócios”. Com o Dólar a US$ 1,70, ele começou sua coleção em times ingleses. Soneca comprou no site de compras Ebay, uma camisa

Times de bairro é como são chamados os clubes pequenos da Argentina. Como o país é bastante urbano e o esporte é bastante popular por lá, praticamente em cada esquina há um time de futebol, e muitos deles acabam disputando as ligas profissionais do país. Outro país que apresenta um cenário parecido é a Inglaterra.

do Weymouth FC, time da sétima divisão da Inglaterra por 25 reais, incluindo o frete. Na rua, a abordagem nas compras é outro ponto curioso desses negócios: é muito comum alguém vender a camisa e sair sem vestir nada pelas ruas da cidade. A camisa do Araranguá, por exemplo, citada lá no início, foi comprada de um transeunte que a vestia ela pela rua. Quando Soneca foi fazer uma proposta de compra, percebeu que o homem era torcedor do Internacional. Assim, eles trocaram de camisa no meio da rua, já que Soneca estava naquele momento com a camisa do Colorado. E essa não foi a única vez em que Soneca negociou camisas na rua: “Um morador de rua tava com uma camisa do Caxias de Joinville, na frente de um banco pedindo dinheiro. Eu vi a camisa dele, saquei dinheiro no banco, e comprei a camisa. Ah, e dei uma camisa do Bahia falsificada também”. Camisas falsificadas também circulam nesse meio de troca e, segundo ele, há algumas maneiras de descobrir a procedência do produto. Essa camisa do Bahia que Soneca cedeu ao morador de rua, tinha falhas básicas como por exemplo, a bandeira da Bahia que se encontra no escudo tava desenhada errada, de maneira torta. Outras características são nomes errados, fornecedores incorretos, números de jogadores trocados, etc… Viagens, novos amigos e grandes histórias para contar, essa é a diversão de Lucas Gabriel, e que é compartilhada por muitos colecionadores nos 4 cantos da Terra.

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