Jo-Ken-Pop!

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de

e ial sidad c e esp diver o ã a ç edi ção d a ebr l e c

número 0 julho 2018 Editora LPG

bem-vindo ao Distrito y

Entrevista exclusiva com o quadrinhista JR. Weingartner sobre a série Boys Don’t Cry

princesa Mononoke hime Relembre um dos clássicos japoneses na matéria especial sobre os 21 anos de lançamento do filme

Desprincesamento Esqueça maquiagem, roupas cor-de-rosa e a espera pelo príncipe encantado. Saiba como o novo comportamento das princesas do Estúdio Disney influencia as crianças de hoje


Número 0, julho de 2018 Editoras: Mahara Miranda de Aguiar Saori Antonioli Almeida Projeto gráfico-editorial: Mahara Miranda de Aguiar Saori Antonioli Almeida Textos: Inara Chagas Mahara Miranda de Aguiar Saori Antonioli Almeida Imagens: observatoriog.bol.uol.com.br www.papelpop.com www.lacremania.com.br hanjorafael.deviantart.com www.adorocinema.com atl.clicrbs.com.br www.pixar.com omelete.com.br pmobiblioteca.wordpress.com news.marvel.com freepik.es ohmy.disney.com cyberspaceandtime.com pitchfork.com media.netflix.com

editorial A Jo-Ken-Pop! nasceu de uma paixão em comum entre nós: o mundo pop. Todos os diferentes universos que podemos entrar de cabeça, as personagens que gostamos de torcer - e torcemos para sermos iguais à elas - , os enredos que nos prendem por anos e ficam em nossas mentes e corações por anos. É gratificante idealizar uma revista de cultura pop que tenha um espaço para a diversidade e os novos artistas. Mas nem tudo são flores no mundo geek, e é preciso admitir isso para começar a reparar os danos. Em tempos de renovação de pensamentos, como nos traz a nossa matéria de capa, precisamos repensar e renovar todos os aspectos da sociedade, principalmente em um mundo ainda tão dominado por preconceitos como o universo pop, nerd, geek, como queira chamar. Apesar de diversas histórias das mais famosas trazerem a marca da diversidade, da igualdade; ainda não se reflete muito bem entre toda a comunidade nerd. Por isso, reafirmamos: construir um espaço de divulgação que possibilite a entrada das mais diversas cores, formas e tamanhos no mundo geek é nosso orgulho. Agradecimentos especiais à todos que colaboraram nesse longo processo. Inara, obrigada pelos textos e ajuda. Ao Ildo, valeu pelos puxões de orelha - mesmo que as vezes eles tenham doído um pouquinho. E agradecemos, é claro, a nós mesmas e a vocês, queridos leitores que terão a honra de ler essa edição exclusivíssima. Vida longa e próspera - e que respeite a todes!

Esse trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, desenvolvido pelas acadêmicas Mahara Miranda de Aguiar e Saori Antonioli Almeida como exercício de projeto gráficoeditorial para a disciplina de Laboratório de Produção Gráfica do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no semestre 2018-1. Não será distribuído, tampouco comercializado.

Mahara é estudante de Jornalismo da UFSC. Amante inveterada de histórias fantásticas e filmes franceses e sonha em um dia ter seu próprio dragão.

Saori também é estudante de Jornalismo da UFSC. Otaku e marvete, não perde a chance de dançar um bom k-pop e discutir teorias conspiratórias.


Sumário PIPOQUEIRA INTER

GALÁCTICO

os lançamentos mais esperados, aquela resenha de respeito sobre pantera negra e nosso top 3 de protagonismo negro é

tem filme francês muito doido, tem x-men brazuca, tem cantora da letônia. Confere lá na

na Página

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EPÍGRAFE

vem com a gente pro mundo dos quadrinhos e livros que celebram a diversidade. é na

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CAPA

a influência dos contos de fada nas crianças e as mudanças nas narrativas. gostou? vai lá pra

Página 15


MIXTAPE

A jesus lésbica e os deuses do kpop são o assunto da vez na mixtape dessa edição. é na

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PERFIL

conversamos com o quadrinhista gaúcho Jr sobre sua série Boys don’t cry. confira na página

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NOSTALGIA EM ALTA

celebramos os 21 anos da princesa guerreira das florestas mais querida. deu saudade? Pula pra

página 25

Confira as melhores notícias do mundo geek do úlitmo mês. é na

página 28


PIPOQUEIRA


AMAR ALÉM DAS

APARÊNCIAS

Nova produção da Paris Filmes, o filme Todo Dia traz uma mensagem necessária: nós amamos alguém por quem essa pessoa é, não por sua aparência ou gênero Por Mahara Aguiar

P

ode parecer complicado para alguns, mas esta é a proposta do lançamento da Paris Filmes, baseado no romance de David Levithan. Todo diamistura romance e ficção científica. A ficção fica por conta de A, personagem protagonista. A acorda todos os dias no corpo de uma pessoa diferente, mas sempre com a idade equivalente à sua e que esteja perto da pessoa ‘anterior’. A não se identifica como homem ou mulher - afinal, desde que “nasceu” os seus dias são passados trocando de corpos. Sua rotina muda quando conhece Rhiannon (interpretada Angourie Rice), a tímida namorada de Justin - a pessoa cujo corpo A acorda naquele dia. Desde então, A faz de tudo para ver Rhiannon, e ela tenta se acostumar a ver e reconhecer seu amor cada dia em um corpo diferente. O enredo Todo dia trata de forma delicada uma temática pouco discutida em Hollywood: o amor além do físico. Estamos acostumados a ver casais (em sua maioria, heterossexuais) que se aproximam ou se conhecem por pura atração física. Todo Dia inverte esta lógica. Rhiannon se vê convivendo com diversos corpos - mas sempre amando a personalidade que anima aquele conjunto de carne e ossos. A passa por corpos de meninos, meninas, não-binários (pessoas que não se identificam com nenhum dos gêneros), e o amor entre os dois tenta sobreviver com tudo isso. O escritor David Levithan, autor gay estadunidense, é conhecido por dar voz à personagens de minorias em seus romances. Seu livro de estreia, Garoto encontra garoto (2003) também fala das descobertas do amor não-heterCom estreia em 05 de julho, deve ser uma das onormativo, ou seja, que desfaz a ideia de que orientação sexual ou relacionaadaptações mais fiéis da atualidade mento “normal” é o heterossexual e outros são anormais - errados. Produção representativa O diretor Michael Sucsy vive feliz com seu marido Demitri Sgourakis desde 2015. Levithan, além do escritor da trama, também atua como roteirista do longa. Os atores e atrizes que encenam A são negros, asiáticos, gordos... Entretanto, a principal continua sendo loira de olhos azuis - e a atriz não tem uma sexualidade tão fluida quanto a de sua personagem.Talvez para um público conservador, Rhiannon seja só mais uma dessas meninas que ‘não se dão ao respeito’ por aí. Ou, quem sabe (e esperamos que seja assim), o filme consiga causar alguma mudança no pensamento hetero normativo brasileiro. Agora é esperar para ver. 6 I Jo-ken-pop! I no 0 I Julho, 2018


CADA VEZ MAIS

INCR VEIS!

Depois de 14 anos de espera, a família de super heróis mais querida da Disney volta aos cinemas no dia 28/06 Por Saori A. Almeida

A

pós 14 anos do lançamento da primeira animação, a família Pêra comparecerá novamente às salas de cinema para a sequência Os Incríveis 2. Dessa vez, Beto, Helena, Violeta, Flecha e Zezé voltarão para mais uma aventura em família, mas com algumas mudanças significativas de foco da narrativa. Com direção, novamente, de Brad Bird, os primeiros minutos do filme serão a imediata continuação dos acontecimentos do primeiro longa, tendo como vilão O Escavador. Porém, os holofotes da vez serão direcionados à Mulher Elástica, que receberá um convite para liderar uma campanha que pede a volta dos super-heróis, já que, até então, eles não são bem vistos pela sociedade (todos lembramos dos problemas que Beto se meteu no primeiro filme, não é?). Com a ausência de Helena, o Senhor Incrível enfrentará seu maior desafio: cuidar da casa e das crianças, principalmente do bebê Zezé, que está desenvolvendo seus poderes. Além disso, um novo vilão, ainda desconhecido, entrará no caminho da família, com um plano grande e perigoso, que põe em risco o mundo todo. Contanto com as vozes de Sophia Bush, Samuel L. Jackson, Catherine Kenner, Bob Odenkirk, Jonathan Banks e Isabella Rossellini pela segunda vez, podemos esperar desse filme uma grande inversão de papéis, na qual Helena, antes apresentada maioritariamente como a mãe e dona-de-casa, será a grande heroína que pudemos ver brevemente no primeiro filme. Também podemos esperar por mais de Flecha e Violeta, que ainda vivem as coisas típicas de adolescência, mesmo salvando o mundo nas horas vagas (será que veremos cenas de Violeta e Toninho Rodrigues?). E, claro, poderemos, finalmente, ver os verdadeiros poderes de Zezé! “Os Incríveis 2”, muito mais do que uma sequência pensada para bilheteria mundial, investe em uma história nova para a família de super-heróis, trazendo ainda uma das grandes questões da sociedade atual: a representação da mulher. Não é a toa que a espera está tomando as redes sociais.

RELEMBRE OS PERSONAGENS ROBERTO PÊRA Conhecido como: Senhor Incrível Poderes: Super força / resistência Família Incrível: pai

HELENA PÊRA Conhecida como: Mulher Elástica Poderes: elasticidade Família Incrível: mãe

VIOLETA PÊRA Conhecida como: Violeta Poderes: Invisibilidade / geração de campos de força Família Incrível: filha mais velha

FLECHA ROBERTO PÊRA Conhecido como: Flecha Poderes: super velocidade Família Incrível: filho do meio

ZEZÉ PÊRA Conhecido como: Zezé Poderes: Transformar em fogo, metal, monstro / vibração / vôo / teletransporte / visão de calor / eletricidade / clonagem (UFA!)

Família Incrível: Caçula

IGOR R. F. DAMASCENO Conhecido como: Gelado Poderes: Jatos de Gelo Família Incrível: amigo

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pipoqueira

WAKANDA FOREVER! Por Inara Chagas

S

Pantera Negra nos mostra que a melhor solução para conflitos nunca é a guerra, e sim a união

e você é jovem e tinha internet ou convívio social nos últimos meses, imagino que já tenha ouvido falar do Pantera Negra, certo? Aquele recordista de bilheterias que revolucionou a indústria de filmes de HQ’s... caso você faça parte do seleto grupo de pessoas que (ainda) não viram, alerta: lá vem spoiler. Cheguei no cinema com outros dois amigos negros, que também fizeram questão de ir na pré-estreia. Fizemos aquela brincadeira de contar quantos negros estavam na sessão (cheia, por sinal). O resultado você já deve imaginar: não muitos. Felizmente foi diferente contando o elenco do filme. E que elenco! Obra com potencial, que mostra a que veio. T’Challa (Chadwick Boseman) não é mais um personagem negro secundário perante outros protagonistas do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). Nem ele, nem suas companheiras de tela: mulheres negras, fortes, independentes e que lutam por quem amam (e o que amam). Poderia escrever muito mais sobre elas, mas não seria o 8 I Jo-ken-pop! I no 0 I Julho, 2018

bastante para expressar minha gratidão e emoção. Integração o é o caminho Pantera Negra bate muito na tecla de união entre povos. Não faz sentido brigar entre irmãos, apenas! O povo de Wakanda se ama e defende sua terra e seus irmãos a todo custo. Lição que nós, não-habitantes de Wakanda, deveríamos aprender (supondo que não haja ninguém de Wakanda por aqui... mas se você for, por favor, se manifeste!). E além da ficção, a obra traz situações enfrentadas pelo povo negro, como racismo e escravidão, muito bem pontuadas por seu vilão (que não chega a ser um vilão, e sim, mais uma vítima da nossa cruel sociedade). E qual a minha expectativa? Quanto à Hollywood, fica o meu anseio e o de muita gente por ver mais belas histórias sobre a população negra nas telonas. Mas meu maior pedido vai para a sociedade no geral: “nós temos de encontrar um jeito de cuidar uns dos outros, como se fossemos uma única tribo.” Wakanda forever!


PROTAGONISMO negro NA NETFLIX

Três séries que discutem a questão negra na plataforma de streaming

U

ltimamente produtores e produtoras audiovisuais tanto veículos tradicionais quanto das plataformas de streaming parecem ter se tocado de que o mundo não é feito só de gente branca, classe média alta e heterossexual - e ainda bem! Há algum tempo a representatividade de minorias, embora em casos isolados e mais “experimentais”, começou a ganhar mais espaço. E uma dessas minorias é população negra. Com a negritude em pauta, seja discutindo ativismo político, preconceitos cotidianos e quase invisíveis (para quem não os sofre), ou apenas narrando um enredo comum, mas que não tem um elenco padronizado, essas três séries da Netflix fazem por merecer e entraram para o Top 3 dessa edição. Dear White People (2017-) A segunda parte da polêmica série chegou. O esquema “um episódio para cada personagem” se mantém, e vemos o desenrolar de tudo o que aconteceu na primeira parte (sem spoilers!). Ah, vale a pena também para quem quer ser jornalista - Lionel está com tudo!

The Get Down (2016-2017) A história do surgimento do hip hop no Bronx dos anos 70 é narrada através do rap que Ezekiel (Justice Smith), o protagonista, canta anos depois. Vale a pena ver a única temporada tanto pela trilha sonora quanto pela história e atuações incríveis.

Atlanta (2016-) Sabe o Donald Glover? O cantor do hit This is America e o Lando Calrissian no Holo - Uma História Star Wars? Então. Ele dirige e protagoniza esta série, que fala sobre o dia-a-dia do rapper Paper Boi e seu primo Earn, que começa a ser seu agente na cena musical de Atlanta, na Geórgia.

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Inter galático

conheça iara, a X-men brazuca Iara dos Santos é uma garota pernambucana que cresceu sem família na Zona Sul do Recife. Em uma noite, nadou até um barco em alto-mar (!) para saciar sua fome de “peixe fresco”. Ali descobriu que os pescadores estavam caçando tubarões para vender suas barbatanas, e se transofrmou em um ser metade tubarão devido à sua fúria. Atenção: nova mutante na área! Sua história de origem e sua posterior viagem e matrícula no Instituto Jean Grey (antiga escola Xavier) foi na edição número 20 da série de HQs “Wolwerine & The X-Men”, divulgada em 14 de novembro de 2012, nos Estados Unidos, pela Marvel. Seu codinome, é Garota-Tubarão. A descoberta da cidade natal da x-men brazuca foi em 2013 numa edição ambientada no Brasil. A suspeita é que ela seria carioca, mas o enredo mostra a origem arretada de Iara.

FOTO: SITE OFICIAL VIKTORIA MODESTA

Um salto na indústria musical

Uma cantora que deve chamar a atenção nos próximos anos é Viktoria Modesta - que de modesta não tem nada. A jovem cantora da Letônia faz parte da abertura das Paraolimpíadas de Londres em 2012 junto com o Coldplay, é modelo internacional e fez sucesso com seu CD Counterflow. Aliás, ela também não tem parte da perna esquerda. Em decorrência de uma complicação médica, Viktoria decidiu amputar a perna do joelho para baixo aos 20 anos. Mas isso não a impediu de lançar-se no mundo pop. Na verdade, foi mais como um propulsor, apesar de todas as dificuldades de se estabelecer, sendo uma pessoa com deficiência física. Sua música Prototype, lançada em 2016, já alcançou quase 10 milhões de visualizações no YouTube.


Este não é um filme fácil

A nova e divertida produção francesa da Netflix trata de um tema que incomoda, ao satirizar um dos pilares do mundo moderno: a naturalização dos papéis de gênero

E

Por Mahara Aguiar

u não sou um homem fácil narra a estória de Damian, um inveterado “pegador”, que ao bater a cabeça acorda numa Paris onde os papéis de homens e mulheres estão ‘ao avesso’. São as mulheres que ocupam posições de destaque em empresas, que assobiam e cantam os homens na rua. São eles que precisam sofrer e cuidar da aparência para conquistar as mulheres. A relação que se desenvolve ao longo da trama é entre Damian e Alexandra, a assistente do seu colega escritor no mundo da dominação masculina, e uma escritora famosa no mundo que ele acorda. Ela é a típica pegadora também; Damian logo começa a sofrer com isso - e ela, a se espantar com o jeito “feminino” dele. Mas a trama não se resume à essa comédia romântica às avessas, não. Logo Damian é taxado de “masculista” (num jogo de palavras com o movimento feminista) por não acreditar que as posições ocupadas por homens e mulheres eram as certas. As situações apresentadas no filme são facilmente identificáveis, principalmente para as ativistas do movimento feminista. Para mim, são duas as cenas

mais marcantes: a primeira, em uma troca de beijos que levaria ao sexo, uma mulher se depara com o peito peludo de Damian e fica horrorizada. Diz que simplesmente não consegue transar com alguém com o peito peludo. A segunda cena demonstra a parte mais crítica do filme: a editora de Alexandra pergunta a Damian qual o sentido de ser masculista. “O que lhes incomoda? Nós pegarmos a bebida para vocês? Abrirmos as portas de carros?.” Não soa familiar? Conforme o longa se desenrola, Damian passa a perceber as cantadas e elogios com desgoeto, enquanto antes achava graça. A mudança no comportamento do personagem é nítida, assim como a mudança no tom do filme: de uma comédia à uma legítima sátira do mundo em casa que vivemos, que aceita os papéis de gênero como se fossem o natural, o indiscutível. Eu não sou um homem fácil é o famoso “rindo, mas com respeito” Ver Eu não sou um homem fácil é importante para quem não tem noção de todas as imposições que a sociedade coloca nos ombros femininos, talvez mais até do que para quem tenha. As definições de “se colocar no lugar da outra” talvez fiquem mais atualizadas. Julho, 2018 I no 0 I Jo-ken-pop! I 11


Epígrafe

Estante Jo-Ken-Pop! Quatro livros escritos por...

autoras e autores LGBT Imagens: divulgação

Crise Infinita: Edição Definitiva Autores: Geoff Johns e Phil Jimenez Sinopse: A HQ mostra Mulher-Maravilha, Batman e Superman em um momento em que há muito em jogo.

Imagens: divulgação

Apenas uma garota Autora: Meredith Russo Sinopse: O livro conta a história de Amanda que, quando se apaixona por um garoto, tem medo de ele não a aceite como ela foi - Amanda antes “era” Andrew.

Imagens: divulgação

Imagens: divulgação

Nimonia Autora: Noelle Stevenson Sinopse: A autora narra a jornada de Nimonia, que sonha em ser comparsa do terrível vilão Lorde Ballister Coração-Negro.

A Menina Submersa: Memórias Autora: Caitlin R. Kiernan Sinopse:India é esquizofrênica e escreve em um livro para entender melhor seus pensamentos. Tudo muda quando ela encontra Eva Canning, nua à beira de uma estrada.


UMA HISTÓRIA SOBRE CRIANÇAS E INCLUSÃO A escritora Tânia Perotti traz ao mundo da literatura infantil brasileira seu livro “Procura-se uma criança encantada”

“E

ra uma vez uma história que ia nascer assim...Parecida com muitas outras: com início, meio e fim”. Assim se inicia a narrativa no livro infantil “Procura-se uma criança encantada”, de Tânia Perotti. Entretanto, a autora fez muito bem em utilizar o verbo “ia” em sua primeira frase, pois em nada a história se assemelha com outras já escritas. O enredo conta a história de uma história. Ao invés de ser mais uma entre tantas, ela busca crianças “com sorriso de dente faltando” e apaixonadas pela magia das letras e da literatura. Com o passar das páginas, várias crianças surgem, apresentando os mais diversos tipos textuais (receitas, cartas, bilhetes e rimas) junto com suas próprias curiosidades, gostos e personalidades .Interessante citar que todas são chamadas de “crianças encantadas”. E além disso tudo, a narrativa traz a reflexão sobre o poder das palavras e a importância de as crianças estarem em contato com elas em forma de uma escrita bonita, fluída e fácil, que capta tanto crianças quanto adultos. O grande diferencial do livro é a forma esplêndida com que a equipe de criação trata a questão da inclusão e da diversidade. As ilustrações de Fredy Varela, além de mostrarem uma qualidade e talento extraordinários, trazem crianças de todos os tipos e cores. Negras, brancas, ruivas e asiáticas. Olhos escuros, verdes, azuis, óculos, sardas, cabelos lisos e cacheados. A representatividade se encontra de forma delicada, amorosa e bela por todo o livro. E não suficiente, a produção foi além. Sua versão impressa acompanha um DVD que inclui um arquivo digital do audiolivro, audiolivro com narrativa de imagens e um vídeo com a obra traduzida para LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Também traz o texto impresso em Braile e em LIBRAS e, não menos importante, as últimas páginas do livro contam com a codificação dos dois alfabetos. Dessa forma, não há qualquer dúvida em afirmar que “Procura-se uma criança Encantada” é acessível para todos. O Projeto Cultural “Procura-se Criança Encantada” foi realizado com recursos da Lei de incentivo à Cultura (LIC-RS) n. 13.490/2010, e traz texto de Tânia Perotti, mestre em Letras Imagnes: Livro “Procura-se uma criança encantada” e Cultura Regional pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), e ilustrações de Fredy Varela, ilustrador, professor, caricaturista e cartunista. A proposta se estruturava na constituição e lançamento de um livro infantil, bem como a divulgação e distribuição do material produzido através de oficinas para alunos e professores de escolas em 138 municípios de 07 Regiões da FAMURS (Federação das Associações de Municípios do A autora Tânia Perotti e o ilustrador do Rio Grande do Sul). livro, Fredy Varela

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Epígrafe

a africa pop Com financiamento coletivo, desenhista da Bahia constrói narrativas que falam sobre as aventuras dos orixás, homenageando a cultura negra africana

SITE OFICIAL HUGO CANUTO

Por Mahara Aguiar

o

s herois e crenças africanas, historicamente esquecidas pela cultura pop ocidental, ganham vida com o traço do bahiano Hugo Canuto. A série Contos dos Orixás traz estórias que fazem parte da cultura Yorubá, que no período da escravização da população do continente africano chegou no Brasil e criou raízes profundas. O livro de histórias em quadrinhos narra, por exemplo, a passagem religiosas sobre a separação entre a Terra, morada dos humanos e o Céu, morada dos deuses; a criação de todos os humanos, e porque não somos todos “perfeitos”; etc. Até mesmo na atualidade, com uma imensidão de quadrinhos novos e independentes, a maioria dos herois presentes nas bancas de revista e até mesmo em eventos eram os clássicos europeus ou estadunidenses. Em 2016, percebendo o esquecimento desta parte importante da cultura brasileira e africana, Hugo resolveu tentar mudar este cenário.

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Hugo conta em seu site oficial que se inspirou nos desenhos de um artista norte-americano, que reproduziu uma série de capas de HQ’s famosas com orixás nos lugares dos super-heróis tradicionais. Através de um financiamento coletivo online, recebeu mais de 40 mil com a ajuda de 850 pessoas para colocar em prática o que sonhara. Assim, nasceu o primeiro volume dos Contos dos Orixás. As histórias criadas se passam no tempo mítico, onde Orixás e homens ainda conviviam, a criação da Terra, dos homens, e do Céu, dos Orixás. O sucesso da publicação veio por conta da inovação quanto ao tema e aos traços, que de forma alguma embranquecem estes importantes pilares africanos. Afinal, o objetivo - alcançado com primor, diga-se de passagem - é justamente a valorização negra. Vale a pena a leitura desta brilhante e inédita série, e posteriormente, vale também a luta para que o lado negro da cultura brasileira não seja esquecido novamente.


CApa

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Desprince Além do felizes para sempre

Em tempo de renovação de valores, as novas princesas começam a deixar coroas de lado e domam seus próprios dragões Por Inara Chagas e Saori Almeida

e

ra uma vez uma pequena princesa de 5 anos que num belo dia, percebeu que seus cabelos estavam mais bonitos do que nunca. Ela estava radiante. Ao chegar à escola, correu animada até a sua professora e perguntou “Você reparou que estou com os cabelos da Branca de Neve?”. O tempo passou, a princesa cresceu e começou a se interessar por livros. Todos que a procuravam, encontravam-na na biblioteca do castelo. Para aqueles que perguntavam quem era sua inspiração, ela afirmava veemente que era a princesa Bela, do conto “A Bela e a Fera”. Hoje, o que era uma pequena menina contente com os cachos do seu cabelo, é uma mulher de 18 anos, aventureira e corajosa, que tem sonhos tão grandes quanto salvar a China dos Unos, assim como a guerreira Mulan. Ela não é uma personagem de ficção. Seu nome é Mariana Passuello. Como milhares de meninas, Mariana deixou de sonhar com príncipes e castelos com o andar da carruagem da vida. Ela passou a querer muito mais do que uma vida de princesa. 16 I Jo-ken-pop! I no 0 I Julho, 2018


samento Era uma vez...

Ao longo da história, as representações das princesas têm estado presentes no imaginário de inúmeras crianças. Contudo, a representação tradicional, da menina indefesa que precisa ser salva, está se transformando. Como explica Bianca Chiaradia, psicóloga e psicopedagoga clínica com ênfase na infância, adolescência, envelhecimento, “As crianças de hoje já não se identificam mais com aquele super herói imortal e insensível, que não tem fraquezas.Pelo contrário. Elas têm se interessado pelos heróis que falham, que choram, que são engraçados, que têm uma história e uma família, assim como eles. Da mesma forma, as princesas indefesas já não têm mais espaço”. As histórias e seus personagens vão mudando ao longo do tempo e se adaptando às necessidades e desejos do público e aos avanços ocor-

Gurl Power

ridos na sociedade. “Hoje temos a Merida (do filme Valente), uma princesa revoltada com seus afazeres femininos e com o lugar social da mulher na família; a Princesa Anna, que salva sua irmã Elsa com um ato de amor verdadeiro... E, falando em “beijo de amor verdadeiro”,temos Aurora, que acorda com o beijo de uma vilã que hoje é amada pelas crianças, e não mais evitada. Uma vilã que tem um coração maior que o rei.”, exemplifica Bianca. No século XX, todas estas histórias são retomadas pela indústria cinematográfica, estando a Disney no comando dessas produções, ao ponto de, hoje em dia, ao se falar em princesas, geralmente se diz “As princesas da Disney”. “Essas histórias se tornaram populares com a Disney, porque daí virou mercado ser princesa”, lembra Maria Alice Schida, pedagoga e professora do Colégio Catarinense, de Florianópolis.

Três categorias de princesas

Clássicas

As primeiras princesas da Disney seguiam o pensamento da época: mulheres deviam ser zelosas, cuidadosas e cuidar da casa. Nada mais Branca de Neve, não é?

Rebeldes

Ariel estreia uma época de princesas com personalidade. Apesar disso, cada uma a seu modo, elas ainda eram submetidas à lógica de dominação masculina.

contemporaneas Tiana é um marco: a primeira princesa negra, e encontrar o amor é a última coisa em sua lista. Merida se nega a casar, Moana nem tem pretendentes. Este parece ser o novo padrão.

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Capa

n w o y M Savior

Mas, até mesmo as Princesas de Disney foram mudando e se adaptando às transformações da sociedade e da identidade das crianças. Em personagens como Branca de neve e Aurora, identifica-se a idolatria à beleza, delicadeza e feminilidade, “idealizada por homens e para homens”, como escreve Karine Elisa Luchtemberg dos Santos Lopes, em seu estudo “Análise da Evolução do Estereótipo das Princesas Disney”. Para a pesquisadora, com Ariel, Bela e Jasmine, percebe-se uma quebra de padrões. Tais princesas destacam-se pelo pensamento próprio, já não se conformando com o sonho do príncipe encantado e do amor verdadeiro, buscando a independência. Ainda nesse grupo, temos o exemplo de Pocahontas, que traz outra modificação do estereótipo da princesa rebelde: a imagem do Guerreiro-Herói em uma personagem mulher. A personagem que se arrisca e luta por aqueles que não podem se defender, ou defende uma crença. Bianca ainda complementa que “As crianças têm se interessado e se identificado mais com a realidade da mulher emancipada e do homem sensível, pois essa é a realidade delas. É nessa cultura que as crianças estão crescendo”. Em um último grupo estariam as princesas atuais, chamadas por Luchtemberg de “Princesas Contemporâneas”. Estas não se encaixam no conceito de “princesa” criado inicialmente. Elas têm identidades cada vez mais fortes, estão certas de seus objetivos e não mais

procuram o “felizes para sempre” no amor romântico. Tiana, de “A princesa e o sapo”, é exemplo. Uma mulher negra, trabalhadora, que tem o sonho de abrir seu próprio restaurante. Ela não procura um homem que a faça feliz, e não beija sapos que viram príncipes. Ela mesma vira o sapo da história. Bettelheim foi um dos estudiosos que se dedicou a compreender a psicanálise por trás dos contos de fadas. Ele defende que nós, enquanto seres humanos, buscamos sempre um sentido em viver. Mas, as crianças, pelo seu nível de amadurecimento, não buscam esse sentido. “Até, em média 2 anos de idade, a criança está em confluência com a maternidade. Ela ainda está misturada com os pais. É como se o cordão umbilical ainda não estivesse cortado”, destaca a psicóloga Bianca. A infância, então, é marcada pela busca da identidade. Tudo é novo. A criança experimenta para tentar retirar o que lhe é útil do mundo.

Contos da realidade

Saindo do abstrato, Francisco e Thaíssa são duas crianças reais, de idade e criação distintas, mas que trilham a estrada de tijolos amarelos para se tornarem os personagens principais de suas vidas. Francisco Rodrigues Nunes, de 5 anos, cresce guiado pela mãe, Alessandra, que procura orientá-lo para a diversidade. Contudo, ele não se mantém trancado a sete chaves. “Na escola, a professora [do Francisco] conseguiu ensinar para ele que rosa é de meninA e azul é de meninO. [...] às vezes, ele questiona a cor da roupa que eu vou

As princesas indefesas não têm mais espaço! 18 I Jo-ken-pop! I no 0 I Julho, 2018


usar. Então, se eu coloco uma camiseta azul ele fala `Não, mãe, essa cor é minha. Não é sua essa cor`”. Thaíssa Luiza Silva, de 11 anos, já protagoniza algumas aventuras. Ela é uma das tantas meninas que, hoje, conseguem se identificar com as princesas mais facilmente. Questões como a cor da pele possibilitam, cada vez mais, uma identificação mais abrangente com essas personagens. “A minha princesa favorita é a ‘Princesa e o Sapo’ [Tiana]. Eu acho ela parecida comigo, a cor, o cabelo. Eu até pensei que era mais lisinho o cabelo dela, no desenho tu só vê uma ondulaçãozinha, mas quando ela fica com o cabelo solto eu acho bem bonito, parecido com o meu…”. Além da aparência, as novas tramas e desafios que as hist órias trazem estimulam reflexões e sentimentos que as crianças conseguem perceber, direta ou indiretamente, no seu dia-a-dia, aproximando ainda mais a ficção da vida real. “Tem uma parte no filme que ela [Moana] decide ir sozinha. Eu me identifiquei muito porque as vezes eu também tenho que tomar decisões de ir em algum lugar e eu tenho medo do que vai acontecer depois”. Hoje a menina se encontra dentro do reino dos questionamentos. “Eu, antes, adorava rosa. Nenhuma cor era melhor. Eu queria tutu e muito brilho [...], mas, agora, eu gosto mais de coisas coloridas”. Assim como Thaíssa, uma grande parcela da sociedade atual deseja ver nas telas representações diversas, de todas as cores, com todos os tons, e o mercado sabe disso. Já não existe mais espaço para

a fala tradicional da garota que só conseguirá atingir a felicidade caso encontre o príncipe encantado. Nem atitudes machistas como impedir que meninos e meninas brinquem juntos de boneca. Como destaca Alice Schida, “Hoje, as crianças brincam juntas. Meninos brincam com as meninas tranquilamente, tanto de boneca, de panelinha, de casinha, de papai e mamãe, ou jogam futebol, handebol, sem ter essa coisa. Então, desde muito cedo, essa construção dos papéis é feita”. Além disso, o mercado e a sociedade estão buscando trazer mais personagens negros, homossexuais, de religiões diversas e afins. Tudo isso buscando a pluralidade que tanto é debatida e necessária nos dias de hoje. Essas desconstruções não surgem à toa. Especialmente a partir da segunda metade do século XX, os movimentos LGBTQ, negro e feminista, por exemplo, vêm tomando um espaço cada vez maior na mídia, e isto acaba refletindo no conteúdo e educação das crianças. Os pais estão buscando cada vez mais trazer para seus filhos uma visão de mundo diferente da que eles tiveram quando crianças. “Comecei a educar o Francisco para entender as pessoas, para sair dos estereótipos. Eu queria que ele visse o mundo além do que o mercado dizia para ele que era a família feliz”, reforça Alessandra. As crianças, como seres sociais, estão em um período de construção e transição. O estruturamento do que as crianças vêem como príncipes e princesas, heróis e heroínas, está passando por uma revolução. Princesas querem salvar a si mesmas, e príncipes querem ser muito mais do que salvadores. E as crianças, peças chave para essa história, crescem ouvindo que podem desejar algo além do “Felizes para Sempre”.


MixTape

TRUE FAKE LOVE Nova música do grupo sul-coreano BTS questiona se amor entre fãs e artistas é realmente válido Por Saori A. Almeida

Por você, eu Seria capaz de fingir estar feliz mesmo estando triste [...] ser forte mesmo estando machucado

CRÉDITO: SITE OFICIAL BIG HIT ENTERTAINMENT

a

música-título do novo álbum do grupo sul-coreano de BTS, “Love Yourself: Tear, Fake Love”, foi apresentada ao mundo nada mais nada menos que no palco do Billboard Music Awards 2018. Em sua letra, algumas pessoas perceberam indícios de uma reflexão muito interessante e necessária para a indústria musical. Fake Love conta a história de um amor corrompido, em que o eu lírico se esquece de quem é para se tornar quem a pessoa amada deseja que ele/ela seja. Esse amor vira um pesadelo na medida em que a agonia de ser um ‘boneco’ sem identidade próproa toma conta. Esse também é o enredo de muitas outras canções já produzidas. Porém, os fãs de artistas orientais conhecem um pouco do processo para se tornar um “ídolo” - e o quanto isso pode custar para estes artistas.

Artistas também são pessoas O que vemos dos nossos ídolos, muitas vezes, é o formato imposto pela indústria, que cobra padrões absurdos de pessoas comuns. De um lado, fãs que se espelham em figuras “perfeitas”. De outro, o esforço de se transformar em tal perfeição. Talvez nossos ídolos também se percam buscando a imagem que seus fãs esperam ver - e é esse o questionamento que Fake Love trouxe para ouviu mais atentamente. A pergunta que fica é: até que ponto a relação ídolo-fã pode ser considerada algo verdadeiro? Até que ponto não é apenas o amor à uma ilusão - um amor falso? Não é que amor de fã seja completamente artificial. Mas, é possível amar alguém que não conhecemos fora da mídia? Perceber isso pode trazer desconforto, mas é preciso ouvir Fake Love nas suas entrelinhas: o que (ou quem) nos tornamos por “amor”?


HAYLEY KYOKO CRÉDITO: SITE OFICIAL HAYLEY KIYOKO

A “Jesus Lésbica” prova ser digna do apelido de fãs - e de quebra, uma das promessas da nova geração de cantoras pop

Por Mahara Aguiar

U

ma artista lésbica. Ser tão objetivo às vezes choca, né? Mas ela é assim: direta e destemida. Conheça mais sobre a garota da Califórnia que quebrou barreiras e inspira milhares de garotas lésbicas em todo o mundo. Na indústria musical há um não tão seleto grupo de cantoras e cantores que deslancharam a carreira depois de algum programa da Disney. Com Hayley não foi diferente. Depois de um ano com o grupo The Stunners, ela estrelou uma das personagens principais do longa Lemonade Mouth (2011). Logo depois surgiram seus EP’s: A Belle to Remember, em 2013 e This Side of Paradise, em 2015. Do segundo, a faixa Girls like Girls tornou Hayley famosa. Com mais de 90 milhões de visualizaçõe no YouTube, o clipe de GLG

(dirigido e roteirizado pela cantora) ainda é maior seu sucesso. O lançamento do seu primeiro álbum, Expectations, em março, pode mudar isso. As composições baseadas nos romances da cantora, são revigorantes na medida em que ser lésbica é transparente tanto em letras quanto nos clipes. Uma manobra corajosa em um meio dominado pelos heterossexuais. . Ela conta que nunca se encaixou no padrão esperado das mulheres na indústria musical, enquanto ainda se apresentava em grupo. E não, não era porque sex appeal não é a praia dela - era o direcionamento apenas para homens. Aliás, Hayley trabalha (e muito bem) a sexualidade da mulher em suas músicas - que geralmente refletem emoções e episódios de sua vida pessoal. Com 27 anos, Hayley está começando o que promete ser uma boa carreira. Produzindo músicas dançantes, mas também atestando que não há problema algum na lesbiandade. Garotas gostam de garotas que nem os garotos; nada de novo. Mas é bom ouvir uma voz dizendo isto em voz alta. E ouvir essa voz ecoar. Julho, 2018 I no 0 I Jo-ken-pop! I 21


Perfil

Distrito Y está aqui A

Quadrinhista brasileiro transforma a vivência, as opressões sofridas e o cotidiano da comunidade LGBT+ em série de comic books ACERVO PESSOAL DO ARTISTA

José Roberto no seu estande na Comic Con Experience 2017, em São Paulo

vida imita a arte - e para o quadrinhista José Roberto Weingartner Jr, também inspira. Ativista da causa LGBT, o artista gaúcho usa seu traço para desafiar o senso comum e mostrar que todos - sem distinção de gênero ou orientação sexual - merecem respeito e o direito à uma vida normal Confira agora a vida, carreira e projetos do artista nesta entrevista exclusiva com a Jo-ken-Pop!

Você sempre quis ser quadrinista? Sempre fui muito indeciso sobre o que fazer, mas quando peguei o gosto por desenhar quis manter isso na minha vida. Quando comecei, ainda não havia um mercado estruturado no Brasil. Por isso, fiz o curso de graduação em história e me tornei professor como uma garantia financeira, mas nunca deixando o desenho de lado.

E como fica o lado artista, sendo que este não é seu trabalho em tempo integral? É bem difícil. Você pode estabelecer seus próprios prazos para manter sua própria periodicidade, mas tem a administração do negócio que também tem que lidar. O independente tem mais liberdade, mas tem que que correr atrás o tempo todo. E no cenário editorial brasileiro, como é ser quadrinista? Acredito que o cenário brasileiro é auto construído pelos artistas. Hoje financiamentos coletivos e selos independentes fazem com que as publicações tenham seu espaço. Não se depende de banca de revista, que tem um prazo curto de exibição e concorrência direta com os quadrinhos americanos. Publicar seu trabalho on-line também é uma ótima saída para se criar um público. E como foi o começo da sua carreira no mundo dos quadrinhos? Comecei com o curso de HQs do Daniel HDR onde aprendi todo o processo de criação de


CRÉDITOS: MAHARA AGUIAR

um quadrinho. Faço parte do Dínamo Studio, onde já atuei como desenhista (Retro City, sketchcards Marvel - Rittenhouse archives, Upper deck), arte-finalista (Avatar comics) e costumo participar de painéis sobre diversidade sexual em quadrinhos nos eventos regionais, o Multiverso Comic Con RS. Falando nisso, você percebe uma abertura no mercado editorial para a comunidade LGBT? Não. Os artistas LGBTs também criam seu publico online para depois ter seu reconhecimento no mercado, como outros artistas. Mas nós temos que lidar com a LGBTfobia presente na rede que artistas héteros não tem.

Trecho do comic Boys Don’t Cry 3.

Eu quis mostrar que a exclusão é mais uma coisa do ser humano do que qualquer outra espécie. Você não vê isolamento e violência em outras espécies que apresentam comportamento homossexual. Por isso, os seres que vieram ao nosso mundo no meu quadrinho, hostilizados pelos seres humanos, estão plenamente bem com as diferenças por que isso é o que os torna únicos.

Você participou da Comic Con Experience 17 em São Paulo, o maior evento nerd da América Latina. Como foi essa experiência? Única. O contato direto com o público,. tanto o que conhece quanto um possível novo leitor que possa te encontrar ali é gratificante. Temos que É muito trabalho, mas no final, eu saí renovado do evento. lidar com LGBTfobia

Como surgiu a ideia de criar esses personagens? presente na rede, Algo mudava quando as pessoas O casal Alex e Michael [proenquanto artistas percebiam que seus quadrinhos tratagonistas da história] foram os héteros não balham com a diversidade? primeiros criados. A ideia era ser uma Das pessoas que chegaram e conhistória fechada, mas quem leu curtiu e versaram comigo, não. Mas eu sempre aviso perguntou se eu ia continuar com o quadrinpessoas com crianças que são quadrinhos LGBTS e de ho, então decidi estender mais. O relacionamento entre conteúdo adulto, já que não sei como a família reage ao eles era para ser algo casual, mas agora estou planejanassunto em casa. do que um deles mude completamente sua vida para ficar com o outro. Daí ele pensa se vale a pena toda essa A sua série Boys don`t cry é uma alusão ã integração mudança por um sentimento que ainda não tem certeza de minorias em uma sociedade heteronormativa?.E se é forte o bastante. O fato de Michael ser policial (ou uma das coisas que mais se nota é a normalidade des- seja, representando a autoridade que tem que manter a sa integração de diferentes espécies na série... ordem) também foi marcante na relação.

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Perfil

CRÉ DIT OS: MA

HA RA AGU IAR

A morte de Celeste, líder do Distrito Y [bairro de line, que entrou no ar há pouco. Vou dar continuidade Boys don’t cry] é, infelizmente, um espelho do Brasil, aos meus quadrinhos on-line e iniciar uma nova série, o país que mais mata transsexuais no mundo. Você que ainda é surpresa. traz essas críticas aos quadrinhos com este propósito? Eu sei que ainda não tenho muito alcance do meu Quais artistas que lhe inspiram atualmente? quadrinho, mas a questão das pessoas trans no Brasil é Sempre gostei mais de artistas mais estilizados. urgente. Quando se fala em LGBT, em muitos meios o T é Amo o trabalho de Bruce Timm, Naoko Takeuchi e dos o mais esquecido. Se meus personagens deveriam ser estúdios Disney. Foi só mais tarde, quando eu passei diversos, eu tenho o compromisso de colocar pessoas a produzir um trabalho mais adulto, conheci Tom of trans na história e refletir a realidade delas. No Brasil, Finland e o Mentaiko. a expectativa de vida de pessoas trans é de 30 anos. Isso não pode ser aceito. Cada dia mais E obras, filmes, livros. etc; que o inspiram mortes acontecem, como o que acontecomo artista e pessoa? ceu com a Matheusa, executada em Eu sempre gostei de literatura Nos quadrinhos, abril. Refletir sobre assuntos como fantástica porque não curto muito a as mulheres sempre esse é compromisso da arte. realidade, então vai desde Brumas andam com menos roupa de Avalon (meu livro preferido) até e em poses absurdas Aliás, seus trabalhos tratam muiHarry Potter. Filmes LGBT procuro os to com a sensualidade, mas não a que trazem algo novo em sua temátiobjetificação. Por que o envolvimento ca, mas ‘Hoje eu não quer voltar sozinho’ com este tema? realmente foi um filme que me impressionou, por Mais pelo fato da sexualidade masculina ser muito ser uma produção brasileira. pouco trabalhada. O patriarcado sempre relegou esse papel para a mulher. Os quadrinhos não foram diferPor fim, quais recomendações você daria ao público entes... as mulheres sempre andaram com menos roupa que quer ler mais quadrinhos com diversidade? possível e em poses mais absurdas para deixar evidente Recomendaria o quadrinho de Mario César chamapeitos e bundas. Digamos que eu só quis empatar o jogo do “Bendita Cura” sobre a “cura LGBT” que tentam [risos]. Acredito na liberdade sexual para todos... e isso aprovar no Senado. O trabalho do Adri A. chamado “O se reflete nas minhas obras. cara unicórnio” também é legal. As tiras Luiza Lemos chamada “Transitorizada” são maravilhosas. Tem os E atualmente, você está trabalhando em novos proje- mais variados artistas LGBTs produzindo. Muita gente tos? Ou dando continuidade aos já existentes? talentosa colocando seu trabalho nas redes que ficam Estou trabalhando principalmente na minha loja ondisponíveis a todos.

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NOSTALGIA

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Nostalgia

MONONOKE HIME

a princesa da Floresta

Marcando os 21 anos da estreia da animação no Japão, a Jo-Ken-Pop! faz um remember da personagem icônica criada por Hayao Miyazaki

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m pacato vilarejo japonês da era Muromacho, onde as pessoas viviam entre feras e deuses. É nesse local que se inicia a história de Mononoke Hime, animação lançada no Japão em 1997, e no resto do mundo a partir de 1999. Tudo se encontrava na perfeita paz para os Emishi, povo do vilarejo, até que um demônio em corpo de deus-javali surge para matar tudo a sua frente, sem compaixão. Ashitaka, o último príncipe Emishi, salva o vilarejo e mata o grande monstro, mas recebe uma maldição que o consumirá e matará. Sem saída, ele decide deixar seu povo e sair em busca da cura para a escuridão dentro de si. Longe dali, uma longa batalha entre os mineradores de ferro e os deuses-animais se trava. A aldeia liderada por Lady Eboshi só quer uma terra boa e estável para viver, mas retira da floresta as riquezas minerais que precisa, não

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importando quantos animais fossem mortos ou quantas árvores derrubadas. Claro, nem lobos, nem javalis e nem macacos aprovaram a ideia. É nesse contexto que nos é apresentada San, a tal princesa Mononoke, guardiã da floresta e dos animais. A menina foi abandonada pelos pais e adotada pela deusa Moro, uma loba gigante, ainda muito pequena. Depois de crescida, seu ódio pelos humanos que queriam destruir a floresta se torna tão grande, que ela acaba esquecendo de sua humanidade, identificando-se como parte da alcateia de deuses-lobos. Seu instinto torna-se animalesco e, mesmo nutrindo sentimentos por Ashitaka depois de algum tempo do filme, ela não se separa do seu amor maior: a natureza em que viveu por toda a sua vida. A produção O premiado cineasta, produtor, roteirista, animador, escritor e artista de mangá japonês Hayao Miyasaki traz para a animação várias das características sempre presentes nos seus trabalhos: a relação da humanidade com a natureza e tecnologia, a dificuldade de manter o pacifismo, a imagem da protagonista forte e independente. Além disso, San traz, também, a ideia da antagonista moralmente ambígua que Miyasaki mantém em suas obras cinematográficas. A produção foi considerada uma das mais caras da história do cinema animado japonês à época. Custanndo cerca de US$20


O Criador Hayao Miyasaki

milhões, o filme traz a veia mais tradicional de Miyazaki, sendo feito à mão e utilizando a computação gráfica em menor escala. Em relação a bilheteria, a produção arrecadou cerca de US$158 milhões e conquistou várias críticas positivas. Foi considerado o filme com a maior bilheteria da história do Japão (até a estreia de Titanic) e o maior anime da década de 90, junto com Neon Genesis Evangelion. Foi indicado, também, a Melhor Filme no Mainichi Art Award, Melhor Animação no Japanese Academy Awards e a Melhor Anime no Anime Grand Prix, todos os prêmios sendo do Japão. Apesar de não ter sido tão reconhecido no Ocidente, a recepção mundial para o longa foi considerada um sucesso. Era esperado que, devido ao seu conteúdo, cenas violentas e do desconhecimento da massa em relação a Hayao Miyasaki em 1997, a parte ocidental do planeta não fosse tão receptiva, porém ajudou o cineasta a propagar seu talento, além de tornar Mononoke Hime um clássico cult da animação e um manifesto ecológico. Mononoke Hime é uma história levada por sentimentos diversos e trata de temas que fogem ao costume do cinema Hollywoodiano, além de apresentar pedaços importantes da história do Japão com um banho de imagens, trilha sonora e animação. Não por pouco, Hayao Miyasaki é aclamado como um dos mais talentosos e respeitados criadores do cinema de animação japonês, e San, a Princesa Mononoke, é sempre lembrada como uma personagem única entre tantas. Uma princesa que de “princesa” tem muito pouco, mas que se torna inspiração como uma jovem guerreira das florestas.

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ayao Miyazaki é cineasta, produtor, roteirista, animador, escritor e artista de mangá japonês. Além disso, é co-fundador do Studio Ghibli, estúdio de cinema e animação japonês fundado em 1985, em Koganei, Tóquio. Miyazaki é reconhecido internacionalmente como um dos mais talentosos criadores de cinema de animação, tendo vencido o Oscar de Melhor filme de Animação em 2003 com a produção A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi). Nascido em 5 de janeiro de 1941, no bairro Akebono, subdistrito Bunkyo, em Tóquio, é o segundo dos três filhos de Katsuyiki Miyazaki e sua esposa, Shirou Miyazaki. Também estão entre suas obras: • Majo no takkyûbin (1989) • Tonari no Totoro (1998) • Mononoke Hime (1999) • Howl no ugoku shiro (2005), conhecido no Brasil como O Castelo Animado

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Em Alta

um elefante na sala da e3

A Electronic Entertainment Expo (E3) 2018 ocorreu nos dias 12, 13 e 14 de junho. No evento, poucos momentos tiveram mais emoção que a conferência da PlayStation. A polêmica ficou por conta do trailer de The Last Of Us II, que trouxe, em uma de suas cenas, um beijo lésbico. Em uma sequência de confraternização entre sobreviventes, Ellie, a protagonista, dança com uma amiga e troca um beijo no final. Apesar das críticas, The Last Of Us II segue sendo um dos games mais aguardados. O jogo será exclusivo para PlayStation 4 e ainda não tem previsão de lançamento.

Televisão tem trans, sim

A série musical norte-americana “Pose” estreou no canal FX no último dia 3 de junho. Dirigida por Ryan Murphy, criador de Glee e American Horror Story, e Steven Canals, o projeto traz o maior elenco transsexual da história da televisão norte-americana. Pose é ambientada em 1986 e traz o contexto de uma sociedade que começa a experimentar a ascensão da cultura do luxo, mas também o declínio da literatura na região. Além disso, traz temas delicados para os LGBTs, como procedimentos cirúrgicos, relações amorosas e a saída do armário. Ryan Murphy confirmou em sua conta oficial no Twitter que todo o dinheiro arrecadado da série será doado para organizações de caridade LGBTQ+. Pose ainda não tem data de estréia no Brasil.


toda trabalhada na militância

Os fãs de um dos filmes mais novos da Disney não vão precisar tanto tempo para a sequência. O novo trailer de Wifi Ralph: Quebrando a internet (Detona Ralph 2, para os íntimos) chegou cheio de novidades no último dia 4, e deu vários spoilers para quem está ansioso! O que mais chamou a atenção dos internautas foi a cena que fez o sonho de muita gente: todas as princesas da Disney juntas! E, pelo que percebemos, as princesas estão bem diferentes. Afinal, não é toda hora que vemos Cinderela quebrando seu sapatinho Hora da Selfie! Poster de divulgação de WiFi Ralph. para usá-lo como arma em sua defesa, né? E o trailer ainda trouxe uma pitada de militância feminista quando Rapunzel, querendo saber se Vanelope é mesmo uma princesa, pergunta: “Todo mundo acha que tudo se resolveu pra você depois que apareceu um homem fortão?”. É, parece que a Disney está tentando se redimir depois de algumas décadas de personagens submissas mesmo! Esperamos que nesse filme não haja espaço para machismo. Wifi Ralph: Quebrando a internet estreia no Brasil no dia 3 de janeiro do ano que vem. Mal podemos esperar!

nós queremos o shang, disney! Mas a Disney também pisa na bola. Depois de acertar ao escolher um elenco majoritariamente asiático para o live-action de Mulan, a Disney errou feio: Li-Shang, o parceiro romântico da guerreira no longa original, não estará presente no live-action. No seu lugar haverá um soldado que só desenvolve interesse amoroso quando descobre que Mulan é mulher. Muita gente acha que Shang é o primeiro personagem bissexual da Disney, porque seu interesse surge quando Mulan ainda fingia ser homem. A Disney parece não estar ciente disso, e segue a todo o vapor com a produção . Ah, e outra: o live-action (previsto para 2020) não terá o Mushu também. Desonra “pra tu”, Disney. Ainda dá tempo de corrigir. Julho, 2018 I no 0 I Jo-ken-pop! I 29


Em Alta

sense8: Para os nossos fãs

D

epois de meses esperando os fãs da série original da Netflix puderam ter o final digno que tanto queriam. No dia 8 de junho, estreou na plataforma o episódio de 2 horas e meia que encerrava a aventura do cluster mais querido do Brasil.

Se hoje podemos ver um encerramento digno para essa série maravilhosa, devemos isso aos fãs, que depois do anúncio do cancelamento da série, no final da segunda temporada, não desistiram e fizeram a Netflix produzir o episódio final. Tá confuso? A gente explica. Quem parou nos primeiros episódios da primeira temporada, lá em 2015, deve estar meio perdido - e tudo bem. Sense8 demorou um pouco para pegar no tranco e cair no gosto dos brasileiros. Então vamos lá: (SEM SPOILER!) os sense8 são um grupo de oito pessoas misteriosamente ligadas pela mente, formando um cluster. Todas nasceram exatamente no mesmo horário, cada um em um lugar diferente do mundo: Sun, na Coréia do Sul, Kala na Índia, Wolfgang na Alemanha, Lito no México, Riley na Islândia, Capheus no Quênia e Nomi e Will 30 I Jo-ken-pop! I no 0 I Julho, 2018

nos Estados Unidos. Eles conseguem se ver, se tocar e até “assumir” o corpo das outras pessoas do cluster. O ar de ficção científica também é permeado por romance, (muito!) sexo e um clima policialesco e policial bem forte. Tudo que o povo gosta, tudo que o povo quer. A série oficial do brasileiro LGBT Foi na segunda temporada que Sense8 quase se tornou “oficialmente” uma série brasileira. O elenco gravou, em 2016, diversas cenas na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Todo mundo se amando, brasileiros e sense8’s. Tão grande foi a ligação que a estreia do episódio final aconteceu em São Paulo, quase uma semana antes que o lançamento na plataforma. Apesar de muito polêmica (e talvez por causa disso) Sense8 é um marco de celebração do amor e da aceitação. Quem dirige a história são as irmãs Lana e Lilly Wachoski, cineastas e diretoras consagradas - e ambas transgênero. Diversos casais se formam na trama; hetero, gays, lésbicas, bissexuais; monogâmicos e adeptos do poliamor. Tudo é aceito e celebrado no mundo de Sense8. E está mais do que na hora de ser aceito no nosso mundo também.


HQ Mulher-Maravilha nº 1, Publicado em 1942 nos Estados Unidos da América, sendo uma das mais antigas da DC Comics. A criação de Diana é mérito do psicólogo William Marston. Ela foi pensada para demonstrar a força e poder das mulheres, usando como história de fundo as guerreiras amazonas gregas. Hoje a Mulher-Maravilha é um dos grandes símbolos do empoderamento feminino no mundo nerd


CONFIRA NA PRÓ

XIMA EDIÇÃO

COMO A PRIME QUADRINHOS FIR A RE VISTA EM OI FEITA

CONHEÇA AS N ESTÃO FA ZEND OVAS CANTOR AS QUE CATARINA E LO O SUCESSO EM SANTA GO, LOGO, GAN BR ASIL HAM O UM MAPA COMP LETO DOS CLUB SECRETOS NA FA ES WHITE PEOPLE CULDADE DE DE AR SIGNIFICAR NA E O QUE ISSO PODE TERCEIR A TEM POR ADA

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NÃO PERCA, EM MAIS! AGOSTO NAS B ANCA

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