Paciencia em meio ao sofrimento horatius bonar editora letras

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PACIÊNCIA EM MEIO AO

SOFRIMENTO



HORATIUS BONAR

PACIÊNCIA EM MEIO AO

SOFRIMENTO


Título Original: Patient Suffering in Light and Truth or, Bible Thoughts and Themes by Horatius Bonar, 1870. Copyright© Editora Letras 1ª edição em português: fevereiro de 2015 Todos os direitos reservados em língua portuguesa por: Editora Letras Caixa Postal 396 CEP: 85857-970 Foz do Iguaçu - PR www.editoraletras.com Tradução: Rodrigo Silva Revisão: Karina Silva Capa e Diagramação: EL Publicações LTDA


“Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta. Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” Tiago 5:7-11



Foi para os santos entre os judeus dispersos que o apóstolo escreveu esta carta. Eles foram duplamente humilhados – primeiro como judeus entre os gentios e, depois, como cristãos, tanto entre as nações vizinhas quanto entre os seus próprios compatriotas. Ele escreveu para homens que sofreram dificuldades, perseguições e desprezos. Ainda assim, nessa carta escrita a eles, o apóstolo lança uma palavra para os seus irmãos incrédulos. É principalmente para estes que o que está apontado no início deste capítulo é direcionado, com estas terríveis palavras: “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir”. Eles estavam isentos das misérias nacionais que o destruidor romano estava trazendo sobre sua cidade e país, no entanto, havia uma miséria reservada para eles. Um futuro sombrio, cujo principal acontecimento seria o advento daquele Jesus, a quem eles desprezaram. Eles poderiam reunir para si mesmos as riquezas das nações; mas o que aproveitariam das riquezas no dia da ira? Suas riquezas e roupas pereceriam; seu ouro e prata enferrujariam; seu tesouro seria amontoado para o fogo devorador. Opressão, vaidade, lascívia, condenação dos justos – estes foram os seus crimes. Em seguida, o apóstolo se volta para o pequeno rebanho, exortando-os e confortando-os neste dia


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mau. Duas coisas são demandadas deles: paciência e firmeza. (1) Paciência – A perseguição para com eles e a impiedade por toda parte seriam motivos para conturbá-los. Esta última, talvez, mais do que a anterior. Eles podiam se inquietar por causa dos malfeitores. Eles podiam tornar-se impacientes – impacientes porque estavam sofrendo muito; impacientes porque a iniquidade era extremamente grande; impacientes porque o Senhor tardava em voltar. Vamos valorizar a paciência baixo às injúrias; a paciência na tribulação; a paciência na provocação; a paciência em meio aos pecados e iniquidades. Na paciência vamos possuir as nossas almas; deixe a paciência fazer a sua obra perfeita. (2) Firmeza – Nós não devemos ser vacilantes, homens de um coração dividido ou dobre, lançados para cá e para lá como uma folha ao vento; não complacentes, condescendentes, instáveis, indecisos; mas firmes e inabaláveis; não envergados como um junco, mas eretos como a palmeira; não levados como a palha, mas firmes como os montes; firmados, fortalecidos, estabelecidos. Seja firme, seja corajoso; coloque sua face firmemente contra o inimigo; não se deixe levar. Retenha o que você recebeu; seja fiel até a morte. 8


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Para estas duas coisas ele dá este grande motivo: “a vinda do Senhor está próxima”. Ele queria que eles fossem influenciados por esta vinda; e queria que nós também fôssemos. Sejamos pacientes e firmes, pois: (1) O Senhor virá. Isso é certo; não é uma mera conjectura ou possibilidade, mas uma certeza. O Senhor virá. Portanto, sejamos pacientes e firmes. (2) Ele virá de repente. Como um raio, como um ladrão, como um laço; quando os homens estiverem dizendo paz e segurança. Portanto, sejamos pacientes e firmes. (3) Ele pode vir em breve. Muito em breve. Quanto tempo, não sabemos. Estes são os últimos dias. O mundo está envelhecendo; a noite está caindo; a tempestade está aumentando. Sejamos pacientes e firmes. (4) Ele vem para abençoar. Sua Igreja receberá, então, a bênção completa; Israel, então, será abençoado; mais que isso, toda a terra será abençoada. Sua vinda será como a chegada da manhã, como a chuva sobre a grama cortada; e como o lavrador espera os preciosos frutos da terra com paciência, 9


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assim também nós. Ele trará na Sua vinda, tanto as primeiras quanto as últimas chuvas, melhor ainda, Ele trará a colheita também. (5) Ele vem para a vingança. É o dia da vingança. Então, virá o cetro de ferro, a “espada reluzente”, o terremoto, o relâmpago, o granizo furioso. A vingança sobre o ímpio, contra os ricos que abusaram das suas riquezas; contra todos os perseguidores, contra todos os inimigos da Sua Igreja. Oh, inimigo de Cristo, o que, então, será de ti? Oh, inimigo da Igreja, escarnecedor da religião, amante do mundo, qual será o seu fim? “Convertei-vos, convertei-vos, pois, por que razão morrereis?” Foi para um tempo de sofrimento e para uma Igreja afligida que esta carta foi escrita. Assim, o apóstolo fala: “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação (ou provação)”; “Sujeitai-vos a Deus”; “Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai”; “Humilhai-vos perante o Senhor”. Para apoiar e fazer cumprir estas exortações, ele toma dois exemplos do Antigo Testamento: aquele do sofrimento comum, a saber, o dos profetas; e o outro, o sofrimento que resulta em livramento, a saber, o de Jó. Ele nos convida a olhar para os dois.

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I. Os profetas – Eles não eram apenas homens sujeitos às mesmas paixões ou sentimentos que nós, mas sujeitos aos mesmos sofrimentos, ou melhor, maiores sofrimentos. Eles eram sofredores preeminentes e perseverantes. Eles foram “exemplos de aflição (maus tratos) e de paciência (resistência ou perseverança)”. Sobre eles, o apóstolo fala de maneira muito especial na cláusula seguinte: “Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram”. (1) Eles eram profetas. Um nome cheio de honra; os mais nobres entre os nobres aos olhos de Deus; homens cheios do Espírito de Deus; peculiarmente honrados por Ele. (2) Eles falaram em nome do Senhor. Era “o Espírito do Senhor (ou de Cristo), que estava neles”. Eles falaram não as suas próprias palavras, mas as Dele; não por sua própria autoridade ou poder, mas no Dele; não de si mesmos, ou a respeito de si mesmos, mas Dele. Para isso eles foram levantados. (3) Eles fizeram o trabalho de Deus. Para esse fim, foram levantados e cheios do Espírito, para que não só pudessem falar as palavras, mas também fazer o trabalho de Deus, para serem Suas testemunhas, para serem luz em um mundo escuro. Eles trabalharam 11


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por muito tempo, trabalharam bem e pacientemente, para Aquele que os tinha honrado grandemente, ao dar a eles Sua Palavra para falarem e o Seu trabalho para executarem. (4) Eles eram homens de sofrimentos (Hb 11.35-38). Muitas foram as suas dores, dificuldades, sofrimentos e perseguições. “Eles foram desamparados, aflitos e maltratados.” Seu caráter, seu ministério, seu trabalho, sua relação com Deus, e sua ligação com o Seu serviço, não os isentaram do sofrimento. Eles foram como Paulo, de quem foi dito: “Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”. Eles foram feitos para sofrer mais, em alguns aspectos, pelo menos, apenas por causa do que eles eram: (1) para que pudessem ser disciplinados em suas próprias almas; (2) para que eles pudessem ser equipados para o seu trabalho; (3) para que pudessem falar experimentalmente, como homens que haviam passado por provações humanas, e não foram poupados delas; (4) para que não pudessem se exaltar, mas fossem mantidos humildes pelo espinho na carne. (5) Eram homens abençoados. “Eis que temos por bem-aventurados”; “Dos quais o mundo não era digno.” Contristados, mas sempre alegres; morrendo, 12


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mas ainda vivendo; perseguidos, mas não desamparados. Deus supriu todas as suas necessidades, e levantou-os acima de suas dores. Em sua resistência foram bem-aventurados. “Bem-aventurado o homem que suporta a provação” – o homem que não é só provado, mas que suporta a provação, ou melhor, que como o apóstolo, aprende a “gloriar-se nas tribulações”. Assim, os homens de todas as épocas e terras, que foram honrados por fazerem muito para Deus, tiveram que sofrer por essa honra. Talvez eles não tivessem ideia disso no início, quando partiram. Era a obra de Deus, e eles talvez pensassem que tudo seria agradável. Eles não sabiam o que teriam que passar a fim de mantê-los humildes e adaptá-los ao seu trabalho na Igreja, ou em todas as partes do mundo. Quando oramos para sermos feitos úteis, ou santos, ou bem-sucedidos, o resultado será tudo o que pedimos, mas o processo poderá ser doloroso e terrível para a nossa carne e ossos. II. Jó – Vamos observar aqui: (1) Seu caráter – Ele era um homem bom, que temia a Deus, evitava o mal e era justo em seus caminhos. 13


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Ele era um homem próspero, rico e bom, embora com defeitos, os quais era necessário que o fogo purgasse. (2) A sua fama – Dele era dito que “dentre os anciãos” ou sábios dos tempos antigos, tinha “obtido um bom testemunho”. Falava-se dele entre os homens de toda parte. Não apenas como o maior homem do Oriente, em sua época, mas como um homem sofredor. (3) A sua provação – Tomemos como um todo, e veremos que ela foi uma das mais dolorosas e terríveis que já caíram sobre um homem. Os dois primeiros capítulos do livro de Jó são um breve registro das calamidades inauditas e inigualáveis de todo tipo, pessoais e domésticas – casa, família, propriedades, bens, saúde – tudo foi levado. (4) Sua paciência – A palavra significa mais do que “paciência”, é suportar pesados fardos e provas. Ele foi um homem muito provado, muito tolerante e paciente. Ele calmamente concordou com o querer de Deus, sem questionar a Sua sabedoria, ou o Seu amor. “O Senhor o deu, e o Senhor o tomou”; “Receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?”. “Ainda que Ele me mate, nele esperarei.” Em 14


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alguns vemos a “perseverança em fazer o bem”; em Jó vemos a perseverança no sofrimento. (5) A sua libertação – Este foi “o fim que o Senhor lhe deu”, ou o objetivo que o Senhor tinha em vista desde o início para livrá-lo de todas as suas angústias. Para muitos dos profetas do passado e homens justos de tempos posteriores – como os mártires – não houve libertação nesta vida: eles “não amaram as suas vidas até a morte”. Não houve luz para eles na noite escura. As dores só terminaram com as suas vidas. Não foi assim com Jó. O propósito de Deus para com ele foi diferente. Foi o de limpá-lo de suas impurezas, prová-lo e apresentá-lo como o ouro; tirá-lo da escuridão e trazê-lo para a luz; e fazer dos seus últimos dias, os mais prósperos de sua vida. (6) Seu testemunho a Deus – O resumo de todo esse testemunho é que “o Senhor é muito misericordioso e piedoso”. Esta é a interpretação do apóstolo sobre a vida de Jó. Ela foi um testemunho do amor de Deus. Ela mostrou que Deus não aflige voluntariamente; que Ele não só retira a mão, tão logo a finalidade da prova tenha sido cumprida, mas que Ele derrama Seu amor em bênção, como se Ele quisesse compensar Seu servo pelos seus dias de 15


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tristeza; como se houvesse uma recompensa de alegria cem vezes maior do que toda a sua tristeza. O caráter gracioso de Deus se mostrou intensamente em Seu tratamento para com Jó. Ele viu que ele precisava da fornalha; Ele o colocou nela, e o tempo todo esteve cuidando dele em amor até que o processo de refino tivesse feito o seu trabalho; e então, houve a explosão transbordante de Sua piedade e terna misericórdia. Tudo é amor; não há raiva, não há indiferença ao sofrimento de Seu servo; mas amor, amor profundo e paternal – o amor que excede a todo o entendimento.

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