A História de uma Rosa Amarela Contada por ela Mesma - Jesse Page - Editora Letras

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Título Original: The Story of a Yellow Rose Told by Itself por Jesse Page Copyright© Editora Letras 1ª edição em português: abril de 2016 ISBN: 978-85-66209-24-2 Todos os direitos reservados em língua portuguesa por: Editora Letras Rua Engenheiro Rebouças, 1078 – Sala 42 – Centro CEP: 85851-190 Foz do Iguaçu - PR www.editoraletras.com Tradução: Rodrigo Silva Revisão: Karina Silva Capa e Diagramação: EL Publicações LTDA P132h Page, Jesse, 1805-1883 A história de uma rosa amarela contada por ele mesma / Jesse Page ; tradução Rodrigo Silva. – Foz do Iguaçu, PR : Editora Letras, 2016. 64p. : 21 cm Tradução de: The story of a yellow rose told by itself ISBN 978-85-66209-24-2 1. Literatura infantojuvenil. 2. Literatura infantojuvenil cristã. 3. Valores e virtudes. I. Título. CDD: 028.5 CDU: 82-9

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei n° 9.610, de 19/02/1988. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora.


Sumário 1. O Jardim Onde Nasci

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2. Minha Primeira Jornada e o Menino Coxo

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3. Eu Mudei de Mãos e Encontrei Novos Amigos 4. A Senhora do Chapéu de Laço Branco 5. Eu Vivi por um Tempo em um Porão

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6. Eu Terminei os Meus Dias Entre as Mais Preciosas Folhas

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CapĂ­tulo 1

O Jardim Onde Nasci



O Jardim Onde Nasci

Desde que cheguei à idade adulta, tenho ouvido, frequentemente, meninos e meninas contarem histórias uns para os outros, e eles geralmente começam com as palavras: “Era uma vez”. Então, eu acho que eu vou começar dizendo que: Era uma vez, um belo jardim, plantado no agradável Condado de Kent, onde uma pequena rosa nasceu, e eu era aquela flor. É claro que não foi há muito tempo, pois as nossas vidas não são muito longas e raramente vão além de duas semanas; mas olhando para trás ao longo desse tempo, pareço ter visto muitas coisas, e todos os tipos de pessoas, desde aquela manhã de sol quando abri meu pequeno botão para ver a luz do dia e olhar o mundo ao meu redor. Éramos uma feliz família de flores naquele jardim, que pertencia ao Sr. Jonathan Giles, como, de fato, qualquer pessoa que passasse por aquele caminho podia ver facilmente na placa pendurada no portão, que informava em letras verdes sobre um fundo branco, que o proprietário era “Jonathan Giles, Florista e Administrador”. A primeira vez que ouvi a voz de um homem foi quando o Mestre Giles, caminhando entre nós um dia, observou: – Eu lhe digo, William, que este pequeno botão, finalmente, estará pronto em um ou dois dias. – Qual, senhor? O senhor quer dizer esta rosa? – Sim, rapaz, e essa é a décima quinta flor que tiraremos. 9


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– Que ótimo, mestre, eu vou ficar de olho nela para o mercado no próximo sábado. Então, a conversa, que eu tentei entender em vão, terminou; mas uma velha rosa se levantou em um arbusto perto e sussurrou que era sobre mim que eles estavam falando, e ela me assegurou que em pouco tempo as lâminas frias de uma grande tesoura viriam sobre mim. Com isso eu tremi violentamente, e escondi a cabeça com muito medo; e fiquei feliz ao ouvir os últimos passos daqueles dois grandes homens, que pareciam nos querer tão bem e nos tratar com tanto cuidado e atenção para, um belo dia, nos cortar com essas coisas cruéis e afiadas. Talvez você queira saber quem eram meus vizinhos, e as faces de quais bonitas flores eu vi pela primeira vez naquela manhã. No outro lado do canteiro onde eu estava crescendo, ficavam longas fileiras de roseiras, com flores de várias cores, vermelho vivo, vermelho escuro, vinho, branco e outras de um amarelo como o do ouro. Devo lhes dizer que o nosso mestre era famoso por suas rosas, de fato tinha sido muito elogiado por seu trabalho no Castelo em dias passados; e ele sempre estava conosco no início da manhã e nas noites orvalhadas, para nos preservar de qualquer dano, e para ver como estávamos. Ele me parecia muito gentil, mas eu estava com medo, principalmente depois de tudo que o que eu ouvi sobre pessoas que alimentam os perus e gansos com muito cuidado, para que no Natal possam matá-los 10


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em boas condições, e conseguir um bom lucro com eles. Mas eu estava lhe falando sobre os meus amigos. Ao longe, no fim do canteiro de rosas, cresciam os felizes nastúrcios, um grupo muito forte; e na esquina, em um canteiro só para eles, os brincos-de-princesa penduravam suas adoráveis ​​cabeças. Atrás de onde meu arbusto estava, um perfume doce enchia o ar, onde as flores de heliotrópio estavam crescendo; e à direita de nós, em dezenas de pequenos vasos, jovens gerânios estavam esperando para serem transplantados para outros jardins. Além destas, havia muitas outras plantas, algumas ainda sem flor; e ao lado da casa do Sr. Giles ficava uma estrutura de vidro, equipada com fileiras de prateleiras, sobre as quais repousavam o que chamávamos de flores “especiais extrafinas”, que ficavam em um ambiente aquecido só para elas. Agora, não posso me esquecer de dizer-lhe que o Sr. Giles tinha uma filha, ela era chamada de pequena Maggie, e a esta pequena moça ele era muito apegado. Todas nós também a amávamos, e tínhamos bastante certeza de que ela nos amava também. Naquela manhã, depois que seu pai já tinha ido, Maggie veio correndo para me ver. – Oh, querido pequeno botão, gostaria que meu pai desse você para mim, para que eu pudesse guardá-lo para sempre comigo. E isso eu também desejei muito, ela era uma mocinha muito amável, usava um vestido rosa e fitas, e tinha um par de olhos azuis cintilantes. Mas isso não aconteceria. 11


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Dois dias se passaram; eu tinha aberto minhas pétalas mais um pouco, e quando a quente luz do sol veio ao meu coração, do meu modo agradeci ao Senhor. E devo dizer que fiquei um tanto pesarosa e surpresa ao notar que o Sr. Giles e William, mesmo vendo que estávamos crescendo tão bem, pareciam nunca dar algum louvor a Ele, Àquele que nos deu as nossas bonitas cores e nosso doce perfume, eu então pensei, e ainda penso, que isso foi muito ingrato da parte deles. Qual é a tinta que pinta a rosa? Ou que enfeita o lírio formoso? Ou que desenha a mais simples flor que desabrocha, Senão a feita pelo Deus Todo-Poderoso? Não há uma única grama banhada, E com belos tons tingida, Onde a habilidade celeste não seja revelada, E a sabedoria celestial vista. Era de manhã cedo, e tudo estava muito quieto no jardim, as flores brilhando com as gotas de orvalho, e as borboletas e abelhas voando para lá e para cá entre nós. Oh, eu gostaria de ficar nesse doce lugar para sempre! – William, William! Anime-se, meu rapaz. – Tudo bem, senhor, é que quando eu estava vindo, o fazendeiro Briggs quis me contar sobre uma excelente lebre que foi capturada na noite passada, perto de casa. – Oh, não se importe com o fazendeiro Briggs, 12


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William; eu quero que colhamos estas flores, ou elas não estarão prontas para o “Jardim” hoje. Eu descobri depois que “Jardim” era o nome de um mercado na cidade de Londres. Uma por uma, as rosas foram cortadas e levemente colocadas em uma cesta, com suas lágrimas de orvalho escorrendo em suas brilhantes bochechas, como as de alguém que deixa seu país de origem. Logo o Sr. Giles veio até mim. – O que você acha, William, vamos deixá-la mais um pouco? Mais uma vez minhas folhas tremeram de medo, pois eu sabia que eles estavam falando sobre mim. – Bem, senhor, naturalmente, faça como o senhor achar melhor; mas eu colheria o botão, pois estou certo de que ele vai estar cheio o suficiente a tempo. Oh, William, como você pôde dizer isso? Pensei. Dito e feito. Senti o aço frio em minha haste e, em seguida, estava deitada com as outras na cesta. – O que vai acontecer com a gente? – perguntei a uma bela companheira de infortúnio. – Oh, eu acho mais provável que façamos parte de um buquê de noiva, mas vê-se que você é pequena, portanto é impossível dizer o que será de você. Aquela rosa falou muito orgulhosamente, o que feriu meus sentimentos; mas ela sempre tinha sido uma flor vã e presunçosa. A pequena Maggie veio espreitando o cesto, antes dele ser coberto, em busca, imaginei, de mim. 13


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– Papai, você cortou aquele lindo botão? – Sim, querida, mas haverá muitos mais em poucos dias. Maggie ficou satisfeita. Oh, com que facilidade algumas pequenas pessoas se esquecem de seus velhos amigos! Fechadas na cesta, fomos colocadas no chão, no portão do Sr. Giles por alguns minutos, apenas sussurrando umas para as outras na sombra fresca das folhas que haviam sido jogadas em cima de nós, nos perguntando se as “especiais extrafinas” haviam ficado ou se tinham sido arrancadas também e embrulhadas em algodão para conservar suas delicadas pétalas, como imaginávamos, por causa do frio. – Olá, Briggs! Leve esta cesta de flores até o “Jardim” para mim. Deixe-a na loja do Israel, por favor, e diga-lhe que elas estão extraordinárias hoje. – Tudo bem, Mestre Giles. Será que a Sra. Giles quer alguma coisa de Londres? A Sra. Giles veio correndo para fora da casa. – Sim, Sr. Briggs, minha pequena Maggie quer um hinário daquela loja perto da Catedral, que não seja mais do que um xelim, por favor, e com letras razoavelmente grandes. Briggs acenou com a cabeça e foi embora, e eu nunca, nunca mais vi qualquer um dos Giles novamente.

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