Senior 5 novembro 2015

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S sénior

Neste novo caderno dedicado aos seniores, abordamos a temática da segurança para os mais velhos e contamos com a colaboração de duas instituições que têm como missão zelar e garantir pelo bem estar dos cidadãos. Viver bem, e criar condições de segurança no dia a dia, são conselhos que poderá recolher desta leitura

Segurança é preocupação dominante nos seniores


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diário as beiras | 05-11-2015

Agostinho Franklin editorial

Contra a corrente, reconhecer o valor da experiência

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prestam, na criação da coesão e solidez do tecido social, de que todos fazemos parte. O caderno Sénior que hoje iniciamos responde a estes desideratos. Dar o devido reconhecimento social a quem durante uma vida contribuiu para o todo social, na sua dimensão pessoal e familiar; disponibilizar informação atualizada e útil para o público sénior, normalmente não existente nos media generalistas, e que seja elemento, também, desse reconhecimento que tal público nos merece; dar espaço de participação neste caderno Sénior ao público sénior, permitindo criar partilha de experiências e de pontos de vista; revalorizar o conhecimento de experiência feito e a memória de aprendizagens que, fruto de modas momentâneas, cairam em desuso ou foram socialmente consideradas inúteis (de novo o paradigma da eficácia...); contribuir, enfim, para retirar do esquecimento um grupo de pessoas que, sendo socialmente representativos (em Portugal temos cerca de 20% de idosos com mais de 65 anos) não recebem de nós o efetivo retorno do contributo que nos deram.

Coimbra, no “Centro” de uma Região Europeia de Referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável

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Comissão Europeia reconheceu, em 1 de Julho de 2013, o Centro de Portugal, e Coimbra, em particular, como Região Europeia de Referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável. Este reconhecimento é sustentado nas principais forças vivas da região, que uniram esforços criando um consórcio inovador que olha para as alterações demográficas e para o envelhecimento de uma maneira integrada, multidisciplinar e inovadora – o consórcio Ageing@Coimbra; uma inspiração para a Europa. O envelhecimento das populações na Europa, e em particular na Região Centro de Portugal, cria a necessidade de melhorar o apoio social, a saúde e independência funcional do cidadão idoso. No entanto, este desafio requer o esforço concertado da sociedade com base em valores de cidadania, diálogo entre gerações e inovação baseada no conhecimento. Este é o tempo de cruzar saberes e abrir portas à inovação criada por novos empreendedores que geram riqueza e estimulam o mercado de trabalho; atraindo os jovens, resolvendo os problemas de uma Sociedade Envelhecida. A Região Centro de Portugal afirma hoje a sua qualidade, sem complexos, com arrojo e visão de futuro. Coimbra assistirá à criação do “Campo da Vida”, um espaço de cidadania, ciência, saúde e integração social. Um espaço de diálogo entre gerações em que se valoriza o conhecimento do cidadão sénior, o “cidadão maior”. A qualidade não se apregoa, a qualidade mostra-se e é reconhecida. É tempo de construir o futuro!

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por demais reconhecido que a sociedade contemporânea em que vivemos e nos movemos está condicionada pelo valor de uso e da eficácia. Tudo o que não obedece a este critério das sociedades capitalistas é posto em causa, desvalorizado ou, utilizando a terminologia dos ‘rankings’, sem cotação de mérito. Os objetos e as pessoas são, na sua totalidade, envolvidos neste critério generalizante, que nos condiciona as nossas relações, o nosso trabalho, a nossa própria representação do futuro pessoal. Somos e valemos se formos eficazes, seja no domínio do trabalho, da beleza, da família. A representação que se faz dos seniores, divulgada nos media, generalizada à exaustão nas formas ‘oficiais’ da comunicação excluem, por omissão positiva ou negativa aqueles que, socialmente, classificamos de seniores. E as instituições que especialmente se dedicam a acompanhar os seniores mais frágeis são também espaços aceites como válidos mas não suficientemente reconhecidos no serviço social e de cidadania que

João Malva Coordenador do consórcio Ageing@Coimbra Investigador da Faculdade de Medicina Universidade de Coimbra

UTL—Universidade Livre

A Associação Nacional de Apoio ao Idoso – ANAI, é uma IPSS que se dedica a desenvolver atividades assentes em três vertentes essenciais – social, cultural e formativa – especialmente direcionadas ao cidadão sénior, de modo a proporcionar-lhe bem-estar físico, psíquico, e social. UTL / ANAI Rua Pedro Monteiro, 68 3000-329 COIMBRA Tel. 239826030/239827412 Telemóvel 969831538 www.anai.pt anaigeral@sapo.pt

Oficina do Idoso / Centro de Dia Rua João Cabreira, n.º 18 3000 – 223 COIMBRA (Junto à Loja do Cidadão) Tel. 239852720 Telemóvel 969831537 www.anai.pt anai.ofci@sapo.pt

do

Tempo

Alemão Cavaquinho II-Ensino Instrumental Conversas Sobre Filosofia (V) Dançoterapia Encadernação e Restauro de Livros (I) e (II) Fotografia Digital Ginástica de Manutenção e Correção Postural Hidroginástica História da Arte História da Cidade de Coimbra (I) e (II) História da Cidade de Coimbra (III): A Região História da Europa História da Filosofia (III) História da Música (IV) Informática (diferentes níveis) Inglês (I), (II), (III) Literatura Portuguesa Museologia, Conservação e Restauro Oficina de Teatro Pilates Pintura Religiões Yoga

SAD—Serviço de Apoio Domiciliário OSI—Observatório Social do Idoso CD/OFCI—Centro de Dia BAT—Banco de Ajudas Técnicas


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05-11-2015 | diário as beiras

Prevenir as causas “Os bombeiros da criminalidade também são dentro da comunidade um apoio social” A PSP dá uma atenção especial à camada sénior da população. No comando de Coimbra há equipas de proximidade que dão apoio e, naturalmente, mais segurança

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camada da população acima dos 65 anos é uma das grandes preocupações da polícia da era moderna em que há um policiamento de proximidade”. Fernando Santos, subcomissário do comando de Coimbra da PSP, afirma que esta camada da população pertence aos grupos de risco que estão identificados e, como tal, têm-se implementado um conjunto de ações para prevenir situações desagradáveis. Outubro foi o mês dedicado aos idosos e, por isso, “foram realizadas diversas ações de sensibilização e esclarecimento” junto da população idosa. Equipas de proximidade e apoio Em Coimbra, realça o subcomissário, há equipas de proximidade e de apoio à vítima, o que tem permitido à PSP saber as carências e quais os idosos que estão mais vulneráveis. “Temos sinalizados cerca de 200 idosos vamos acompanhando e visitando”, acrescenta Fernando Santos. Os crimes de burla são talvez os que mais afetam esta camada da população. Em 2014 as autoridades receberam 32 denúncias, e este ano, apesar de ainda não serem conhecidos, os números devem ser semelhantes. Porém, há ainda quem por vergonha não denuncie o crime de que foi vítima. “Muitas da situações ocorrem com abordagens no exterior e as mais frequentes estão relacionadas com ‘negócios da China’”. Só mais tarde a

pessoa se apercebe que foi vítima de um crime. Também há a abordagem de alguém que conhece um filho(a) e que solicitou que fosse levantada uma encomenda. “Numa das situações que recebemos, a vítima fez três levantamentos, num total de 400 euros para pagar uma suposta encomenda”, adianta o subcomissário. Falso funcionário O falso funcionário é também uma das preocupações das autoridades, uma vez que a maioria das pessoas abre a porta de casa e, não raras vezes, depois de acederem ao interior da habitação, acabam por molestar o idoso. “Em Coimbra não há muitos casos destes conhecidos, no entanto, o melhor conselho que se pode dar é para não abrir a porta a estranhos”. Numa parceria com as juntas de freguesia da cidade, a PSP efetuou um levantamento das situações mais graves. “Periodicamente visitamos essas pessoas e isso aumenta muito o sentimento de segurança”, esclarece. Crise traz novos crimes Talvez agravado pela crise económica

que muitas famílias atravessam, surgiu um novo tipo de crime. “As famílias acabam por ser elas a cometer o crime ao idoso, ao ficar-lhe com o dinheiro ou prestando maus tratos físicos e psicológicos”. Esta é uma nova realidade que vai surgindo e para a qual o subcomissário Fernando Santos chama a atenção. “Se há um idoso que tem dinheiro e que de repente deixa de ter e que era alegre e agora anda sempre triste é importante saber o que se passa. Por isso, a situação deve ser denunciada às autoridades”. Projeto de georreferenciação Numa parceria com a Câmara de Coimbra e outras identidades, a PSP vai colaborar num projeto de georreferenciação. “Trata-se de uma plataforma informática em que cada idoso é introduzido”, depois numa simples busca é possível localizar cada pessoa e fazer o seu retrato social. Tudo o com intuito de melhorar cada vez mais a qualidade de vida desta camada da população. | Rute Melo

Há quem veja os bombeiros como alguém que intervém nos incêndios e nos acidentes. Mas o trabalho dos bombeiros vai muito mais além e, por isso, também são “um apoio social”

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á muitas situações em que o primeiro pensamento que surge é ligar para os bombeiros para pedir ajuda. Às vezes, não raras vezes, um idoso cai da cama, e a chamada cai no quartel a solicitar ajuda para o levantar. Os soldados da paz não negam pedidos de auxílio e, como realça o comandante da corporação, Paulo Palrilha, dirigem-se à residência e levantam o idoso funcionando também “como um apoio social”. Inverno traz preocupações acrescidas Esta é mais uma das missões dos elementos da corporação que, no inverno, têm preocupações acrescidas com a população mais envelhecida. “É preciso ter alguns cuidados, nomeadamente com as situações de hipotermia, de gelo na rua e, o que mais nos preocupa, com as lareiras e aquecedores”. Nos meses mais frios e de inverno as pessoas mais velhas têm a temperatura corporal mais baixa e devem estar bem agasalhadas e em ambiente quente. “Caso não se sintam bem devem ligar para o 112”. O gelo também é motivo de preocupação para os bombeiros, pois as garagens e varandas podem transformar-se em verdadeiros perigos, devendo por isso, estar sempre bem limpas. O perigo que escondem as lareiras ... Mas o que causa a grande maioria dos acidentes, são as lareiras e os aquecedores. “Quando se liga uma lareira as pessoas têm de abrir uma janela para que haja circulação

do ar. No inverno ocorrem muitas situações de morte por monóxido de carbono”, alerta Paulo Palrilha. O comandante dos Bombeiros Sapadores de Coimbra destaca ainda que quem tem “um aquecedor a gás deverá ter um detetor de monóxido de carbono”. ... e os aquecedores Já no que aos aquecedores elétricos diz respeito, há outros cuidados a ter. Todos eles são importantes. “Nenhum dos cabos deve estar danificado e nunca devem ficar ligados durante a noite ou quando se sai de casa”, acrescenta. O hábito de secar roupa em cima do aquecedor e de afastar os cortinados da fonte de calor não deve ser esquecido. E os cobertores elétricos, que tantos incêndios já causaram, devem ser vistos “como um perigo”. As lareiras e as sobrecargas elétricas dos aquecedores são as situações mais comuns em que os bombeiros intervêm. “São as que nos causam maior preocupação”, admite Paulo Palrilha. Porque a tendência de quem acende uma lareira ou uma braseira é fechar

toda a divisão, o comandante lembra que tal não deve nunca ser feito e o ar deve circular sempre. “As pessoas nem se apercebem que estão a ficar sonolentas com o monóxido de carbono e em muitos casos acabam por falecer”. Quedas e gripes devem ser evitadas O frio traz muitas preocupações. E muitos dias de frio trazem ainda mais. “Sempre que as pessoas sabem que vão estar vários dias de temperaturas muito baixas devem ter algumas preocupações, nomeadamente ter em casa diversos produtos (kit de emergência) que pode permitir que as pessoas não saiam de casa e não corram riscos”. Isto porque ao exporem-se às baixas temperaturas podem ficar constipadas e sofrer de uma gripe. Gripes essas que, todos os anos, causam mortes. Em caso de haver necessidade de sair de casa, as pessoas devem ir devidamente agasalhadas e não esquecer os avisos que as autoridades vão divulgando. | Rute Melo


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casa segura para idosos

RCama deve ser adequada para a altura do idoso. O armário deve ser bem iluminado, para ajudar a localizar os objetos. A mesa de cabeceira deve ter um abajur e um telefone com os números de emergência. Deve ter também uma poltrona ou uma cadeira, para calçar os sapatos, ler, etc. Não colocar tapetes se não forem antiderrapantes. Não deixar fios soltos ou objetos que possa obstruir o caminho

RÉ dos sítios mais perigosos para os idosos. Colocar piso antiderrapante. Instale corrimões ou barras de apoio, tanto na banheira, como no bidé ou na sanita. Se for necessário coloque uma cadeira com pés de borracha dentro da banheira

ROpte por colocar piso ou tapetes antiderrapantes. A bancada da pia e o fogão devem ter uma altura aproximada de 80 a 90 cm. Em relação ao gás de cozinha, coloque um aviso na parede ou tampa do fogão, para se lembrar de desligar o gás. Os armários devem ser baixos para evitar o uso de cadeiras ou escadas, que são as principais causas de quedas nos idosos RRegra básica: tapetes só antiderrapantes. Tenha o mínimo de móveis e objetos possíveis na sala. Os sofás devem ser confortáveis, com uma altura de 55 a 65 cm. As estantes devem estar bem presas à parede, para não caírem. Não tenha fios soltos. Na sala de jantar, a mesa deve ter o tamanho ideal para os idosos e ser de cantos arredondados, de preferência sem a tampa solta ou de vidro

Principais causas de acidentes de pessoas da terceira idade 11% 22% 14%

18%

19%

 Queda da tensão arterial ao levantar da cama  Escorregar em objetos que não estão 1 bem visíveis  Enfraquecimento 2 de ossos e músculos 3  Uso de calçado 4 inapropriado 5  Obstrução dos caminhos com móveis, escadas ou tapetes

RSe a casa possuir escadas, instale corrimão dos dois lados da parede, além de colocar fita adesiva colorida e antiderrapante nos degraus, principalmente no primeiro e no último degrau

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Telefones úteis: Número Nacional de Emergência - 112; Linha Saúde 24 - 808 24 24 24; PSP de Coimbra - 239 797 640; Bombeiros Sapadores de Coimbra - 239 792 800; Bombeiros Voluntários de Coimbra - 239 823 383; Bombeiros Voluntários de Brasfemes - 239 91 00 00; GNR de Coimbra - 239 794 300; Brigada de Trânsito de Coimbra - 239 794 400; Proteção Civil - 239 854 090; Intoxicações - 808 250 143


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