ECONOMIA E EMPRESAS

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SUPLEMENTO

ANGOLA

Em Angola ainda está tudo por fazer, o que poderá significar novos e grandes negócios no futuro ALMEIDA HENRIQUES, PRESIDENTE DO CEC Págs. VI

Economia & EMPRESAS

Região Centro em busca da produtividade perdida ALFREDO MARQUES, PRESIDENTE DA CCDRC, ENALTECE O DESEMPENHO DO TECIDO EMPRESARIAL |

Central da EDP “salva” Figueira

Págs. 4 e 5

EMPRESAS COM HISTÓRIA

Licor Beirão já é bebido em praticamente todo o mundo

MIL TRABALHADORES, NACIONAIS E ESTRANGEIROS, LABORAM NO COMPLEXO DE LARES | Págs. 6

Pág. 2

FORMAÇÃO

Instituto de Emprego tem o maior orçamento de sempre Pág. 10

GUARDA

EMPRESA DE AVEIRO AUMENTOU, NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS, AS EXPORTAÇÕES EM 15 POR CENTO Pág. 12

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FIAMMA : café para 37 países

Plataforma Logística “ameaçada” por concelhos vizinhos


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Economia&Empresas

Editorial

SOARES REBELO

Inovação contra a crise Há quem esteja muito pessimista quanto à evolução da recessão económica que flagela o mundo. O ex-presidente da Autoridade da Concorrência e Professor da Universidade de Nova Iorque, Abel Mateus, garantiu, por exemplo, no seminário “A Crise Financeira Internacional – Origens e Perspectivas”, organizado, há dias, pela Ordem dos Advogados em parceria com a Universidade Católica, que nada de mais sério aconteceu no mundo desde a “Grande Depressão”. Não antevê, por isso, o início de qualquer recuperação significativa antes do final de 2010. Há quem não esconda, em contrapartida, o optimismo. É o caso de Ram Charan, considerado um dos consultores mais influentes do mundo, que afirmou tempos atrás, em Lisboa, que a tão ansiada retoma poderá começar, afinal, bem mais cedo do que se esperava. Em declarações à Imprensa, após a sua participação na “CEO Conference”, organizada pelo Barclays e pela Jason Associates, perspectivou que, mal as medidas tomadas pelos Estados Unidos começarem a produzir efeitos, uns cinco a seis meses bastarão para os mercados voltarem à normalidade. No nosso país, a leitura é clara: a queda do investimento e das exportações levou a economia a estagnar em 2008, ano em que registou, segundo o INE, o ritmo mais baixo de crescimento desde 2003. As vendas ao estrangeiro recuaram 0,5 por cento, depois de um aumento de 7,5 por cento em 2007, e o investimento baixou 0,1 por cento, após uma subida de 3,2 por cento no ano anterior. Só ela poderá efectivamente garantir, em tempo de crise, a diferença – e, consequentemente, os meios para ultrapassá-la.

ABERTURA

EMPRESAS COM HISTÓRIA O nome – Licor Beirão – terá surgido em homenagem ao II Congresso Beirão, realizado em Castelo Branco. Porém, há pouco tempo, na sequência do processo de modernização das instalações, na Lousã, foram descobertos rótulos muito mais antigos. “Estamos a tentar perceber quando é que a marca Licor Beirão realmente apareceu, já que sabemos que ganhou uma medalha, em Coimbra, em 1922”, conta o actual administrador da empresa, José Redondo. &POR MÁRIO NICOLAU (TEXTO E FOTOS)

Beirão divinal s instalações do Licor Beirão, na Lousã, agora com uma nova imagem e exemplos de modernidade nos vários sectores, reflectem não só o espírito da “terceira geração”, mas, igualmente, a abertura do actual administrador às novas tendências empresariais. José Redondo confessase pouco dado “a grandes encenações ou a grandes escritórios”, preocupandose mais, à semelhança do pai, Carranca Redondo, já falecido, com a qualidade do licor que faz, tendo por isso o dia-a-dia inteiramente preenchido pela escolha das matérias-primas e a análise do produto final. Os filhos, Daniel e Ricardo, têm dado, no entanto, um “novo impulso” à gestão, tendo em vista, designadamente, “consolidar no mercado uma imagem mais consentânea com a qualidade do próprio produto”. A estratégia foi coroada de êxito: no último estudo realizado, o Licor Beirão atingiu cerca de 70 por cento da quota de mercado dos licores. “É um resultado extraordinário e, por isso, não fazia sentido continuarmos a trabalhar em instalações antiquadas”, reconhece José Redondo. Mas com regras. Em primeiro lugar foi renovado o sector produtivo, com a introdução de melhorias nos alambiques e a montagem, há quatro anos, de uma nova linha de engarrafamento, tida como exemplar a vários níveis. Seguiu-se o processo de internacionalização, igualmente bem sucedido: depois de ter caído no goto de alemães, belgas, suíços, ingleses, norte-americanos e brasileiros, entre outros, o Licor Beirão é também já uma “saborosa” realidade em Angola.

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“Ao todo”, explica José Redondo, “estamos presentes directamente em 40 países e, se acrescentarmos a distribuição que é feita por outras empresas, aí numas oito dezenas deles”. “Imune à crise” – os whiskies registaram quebras da ordem dos 40 por cento -, este “bálsamo da alma lusa” cresceu cerca de cinco por cento, em novo exemplo do “efeito terceira geração”.

O Licor Beirão é saboreado em 80 países e recentemente entrou nos hábitos dos angolanos.

Longe vão realmente os tempos em que o avô Carranca “afinava” com as embalagens transformadas em casas de papelão pelos pequenos Daniel e Ricardo. Duro com o filho Jo-

sé, manteve a atitude com os netos. Mas, “por estas e por outras”, a sucessão está assegurada e se o maior balão de ar quente cruza o

céu de Angola, o museu tem espaço reservado nas novas instalações – o espólio está a ser reunido. A marca do século XX – o Li-

Publicidade pioneira A paixão de um vendedor de Vinho do Porto pela filha de um farmacêutico, ainda no século XIX, marca o início da produção de licores na vila da Lousã. Vendidos durante muito tempo na farmácia local, “os licores e outras bebidas” entraram, aos 12 anos, na vida de Carranca Redondo, que começou a trabalhar na fábrica que os produzia. O jovem operário abandonou a arte para ingressar na Companhia de Papel do Prado, mas, em 1940, aos 24 anos, não fez por menos: comprou a fábrica dos licores a Luís de Pinho e transformando-a por completo, reduzindo o número de produtos, de que ficou, apenas, com cinco ou seis. Mas fez mais: investiu em publicidade. Na década de 40, o consumo de licor era residual, pelo que Carranca Redondo tomou uma decisão inédita: pediu dinheiro emprestado para publicitar o Licor Beirão. Na época, conta o

filho José Redondo, “a publicidade fazia-se depois do produto estar bem lançado no mercado”. Só que o visionário Carranca Redondo surpreendeu tudo e todos com a aposta antecipada na publicidade e ao criar a própria agência. Dominou o mercado publicitário nas décadas de 50 e 60 e foi uma referência na colocação de cartazes e de outdoors do Norte ao Sul do país. No capítulo das vendas, que em 1940 “se resumiam a umas centenas de garrafas”, nunca mais pararam, a partir daí, de aumentar – devido, por um lado, à qualidade do Licor Beirão e, por outro, ao investimento na publicidade. O “Licor de Portugal” conquistou o país e, neste momento, pode beber-se um pouco por todo o mundo, na Europa, nos Estados Unidos, em África.

cor Beirão – não precisa de melhor publicidade...


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INOVAÇÃO

PROJECTOS

Confidências ❂ Com a descida do poder de compra verificada nos últimos anos, 24 por cento das famílias portuguesas colocam as bebidas alcoólicas como primeiro produto dispensável, seguidas das despesas em hotéis e restaurantes (19 por cento) e do lazer (13 por cento).

CRIOESTAMINAL

Incentivo à investigação 2008, a quarta edição recebeu 39 candidaturas, em diversas áreas da biomedicina, incluindo neurociências, imunologia e cancro, tendo sido premiado um projecto liderado pelo cientista Lino Ferreira, que visa desenvolver novas terapias com células estaminais para a regeneração do músculo cardíaco pósenfarte.

APRIGIUS

Golfe no Alqueva A empresa Aprigius, do empresário figueirense Aprígio Santos, pretende iniciar ainda este ano as obras do Vila Lago Monsaraz – Golf & Nautic Resort, cuja fase de consulta pública do respectivo plano de pormenor terminou ontem, a fim das primeiras infra-estruturas turísticas poderem ser inauguradas em 2012. O projecto, de 170 milhões de euros de investimento, inclui um campo de golfe de 18 buracos e dois hotéis, um deles com 120 unidades de alojamen-

to e 240 camas turísticas e o outro com a edificação de 170 unidades de alojamento e 380 camas turísticas. A criação de aldeamentos turísticos, com capacidade para 1.748 camas, é outra das valências do projecto, que prevê que fiquem implantados nas imediações do campo de golfe, de matas, zonas de olival ou nas margens da albufeira do Alqueva, sendo que, nesta última localização, as unidades de alojamento terão direito a ancoradouros privados.

MARTIFER

Eólicas na Jordânia A Martifer esclareceu que apesar de estar interessada em investir na área da energia eólica na Jordânia ainda não tomou qualquer decisão sobre se avança ou não para a construção de uma fábrica de torres naquele país. “Embora a Martifer considere a Jordânia um mercado potencialmente interessante, o investimento futuro dependerá de um concurso eólico a ser lançado naquele país, e

uma vez conhecidas as condições, a Martifer analisará e tomará uma decisão sobre a sua participação ou não no concurso, pelo que não existe qualquer decisão sobre um investimento numa fábrica de torres naquele país”, esclarece ainda a empresa com sede em Oliveira de Frades (Tondela), em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

AENOR-CENTRO

À frente nas auto-estradas O consórcio liderado pela Mota-Engil está em primeiro lugar no concurso para a concessão rodoviária Auto-Estradas do Centro, anunciou a construtora Opway, que integra o agrupamento. “O consórcio Ae-

❂ Os portugueses gostam de comprar cabelo alheio, mas recusam-se a vender o seu. O negócio das extensões floresce e são cada vez mais as cabeças com cabelos da Índia, Bra09/0706

O incentivo à investigação nacional, através de um galardão que distingue com 20 mil euros o melhor projecto na área das ciências biomédicas, é o objectivo do Prémio Crioestaminal 2009, numa parceria com a Associação Viver a Ciência. As candidaturas, para investigadores que trabalhem em Portugal, estão abertas até 11 de Maio. Em

nor – Centro encontra-se em primeiro lugar na shortlist (lista de finalistas), que inclui apenas mais uma proposta concorrente”, apresentada pelo agrupamento liderado pela Edifer, refere a Opway em comunicado.

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sil ou países de Leste, adquiridas por centenas de euros. ❂ O empresário Jorge Dias, de Abrantes, que nunca usou barba em 52 anos de vida, não a corta há 18 meses, “em protesto” contra uma dívida de 2,5 milhões de euros respeitantes a uma venda de terrenos ao Grupo Existence, inicialmente destinados à construção do complexo médico-social Ofelia Clube. “Estou desde 2007 com as vida parada”, garante.

❂ Portugal atraiu 533 estrangeiros altamente qualificados de fora do espaço europeu em 2008, mais do dobro do que em 2007. Estes imigrantes chegaram de mais de 40 países, com especial relevo para as nacionalidades brasileira (223 vistos concedidos), chinesa (39), indiana (34) e norte americana (24).

Performance, a Evidência e o Oculto na Gestão”, destinado a “reforçar as capacidades de gestão empresarial dos participantes”. A acção será esenvolvida pelo ilusionista profissional, Jomaguy, nome artístico de José Manuel Guimarães, em parceria com a Academia das Emoções.

❂ A Associação Nacional de Jovens Empresários decidiu levar a cabo um workshop inédito, designado “Empresas e Pessoas Mágicas – O Ensaio e a

❂ A caça em Portugal vale anualmente 340 milhões de euros, uma verba superior ao orçamento da primeira Liga de Futebol.


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BLOCO DE NOTAS EXECUÇÕES – A suspensão do registo na lista pública de execuções após a adesão a um plano de pagamento é uma das medidas de apoio a pessoas sobreendividadas tomadas este mês pelo Govrno. A parti de agora, é possível “suspender a inclusão do registo do sobreendividado na lista pública de execuções, quando o sobreendividado aderir a um plano de pagamento e enquanto o estiver a cumprir. O plano de pagamento será elaborado por uma entidade credenciada pelo ministério da Justiça para o efeito. AVIAÇÃO – A TAP lançou uma campanha de viagens de Lisboa para a Madeira a partir de 41 euros. Ns partidas do Funchal com destino ao continente, os voos estarão disponíveis a partir de 47 euros. Estes preços correspondem à tarifa de ida e incluem todas as taxas. A compra dos bilhetes tem de ser feita sete dias antes da data de viagem. HABITAÇÃO – O Governo vai gastar 120 milhões de euros para apoiar a reabilitação das 10.000 casas do parque habitacional das autarquias até 2013. O secretário de Estado do Ordenamento do Território anunciou ainda que até 2011 serão investidos 55 milhões de euros na recuperação das casas propriedade do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU). PUBLICIDADE – Quem não quiser receber mensagens publicitárias através do telemóvel vai poder inscrever-se numa lista que será permanentemente actualizada pela Direcção-Geral do Consumidor (DGC). Segundo um decreto-lei publicado este mês, será proibido, a partir do dia 8 de Maio, enviar comunicações publicitárias por via electrónica, SMS ou MMS a quem constar dessas listas.

ENTREVISTA

REGIÃO CENTRO

O presidente da Comissão de Coordenação Regional do Centro não tem dúvidas: o grande desafio que actua área de intervenção é o aumento da produtividade do trabalho, actualmente abaixo da média nacional. Alfre necessidade do aumento das exportações. E recorda que há 1,7 mil milhões de euros de verbas do QREN pa

Em busca da produtividade região Centro representa 23% da população nacional, 25 % do emprego, 22% das empresas, 22% das exportações e 19% do PIB (dados de 2006). A baixa produtividade do trabalho (é actualmente inferior à média nacional), compromete, todavia, não só a competitividade, mas igualmente o incremento dos rendimentos do trabalho e o aumento do bem-estar de quem cá vive. Importa, por isso, sublinha o presidente da Comissão de Coordenação Regional, inverter a situação. Alfredo Marques aponta igualmente, em texto publicado no sítio da CCDRC na Internet, para a imperiosa necessidade de impulsionar as exportações, em particular as de produtos de alta tecnologia, pois estas representam apenas 1,9% do total. “Para tudo isto”, argumenta o presidente da Comissão, “é decisiva a aposta na qualificação dos recursos humanos, domínio em que a região também se encontra abaixo da média nacional (quando o país no seu todo já se encontra muito mal colocado a nível europeu)”. Segundo Alfredo Marques, “só os esforços conjugados nestas diversas frentes permitirão evitar um desemprego elevado (com uma taxa actual de desemprego – 3.º trimestre de 2008 – de 5,7%, a região Centro encontra-se dois pontos percentuais abaixo da média nacional) e garantir o reforço sustentado da coesão económica e social”. Mas, como consegui-lo? O Programa Operacional Regional do Centro – Mais Centro dispõe, recorda Alfredo Marques, de uma dotação de 1,7 mil milhões de euros do FEDER para contribuir para a resolução dos problemas da região no seu todo, e para aqueles que, particularmente, refere. “ As áreas de intervenção são conhecidas: inovação e conhecimento, para promover a competitividade; cidades e sistemas urbanos, que sendo locais de concentração de recursos humanos,

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científicos, financeiros e de outra índole, constituem fontes de irradiação de crescimento económico e lugares de elevada qualidade de vida; espaços sub-regionais de baixa densidade onde importa valorizar economicamente os recursos endógenos e promover a integração social e territorial; protecção e valorização ambiental, como condições essenciais à sustentabilidade do crescimento económico e ao desenvolvimento social; modernização e simplificação administrativa, para facilitar a vida aos cidadãos e às empresas”, sublinha Alfredo Marques. Para além do Mais Centro, cabe também aos três programas temáticos (nacionais) ajudar a região a enfrentar as suas dificuldades, até porque é nestes que se concentra a maior parcela dos Fundos Estruturais de que Portugal beneficia no período em causa: o PO Potencial Humano, o PO Valorização do Território e o PO Factores de Competitividade.

433 candidaturas já aprovadas No primeiro ano já decorrido desde a abertura dos primeiros concursos, o Mais Centro aprovou, no

conjunto dos seus regulamentos, 443 candidaturas, a que corresponde um montante total de investimento de 448 milhões de euros e a que foi atribuído um financiamento de 218 milhões de euros. Mais de 80% destas aprovações já se traduziram por contratos assinados entre a gestão do programa e os promotores, o que constitui, segundo o presidente da CCDRC, “um bom indicador da capacidade de disponibilizar os recursos em causa aos beneficiários”. Entre os projectos já aprovados, Alfredo Marques destaca a requalificação da rede do 1.º ciclo do ensino básico e da educação pré-escolar, onde se encontram 121 centros escolares apoiados, envolvendo 60 municípios e representando um investimento total de 210 milhões de euros; os sistemas de incentivos, em que foram aprovados 273 projectos para pequenas e micro-empresas (as empresas de média e grande dimensão são apoiadas pelo PO Factores de Competitividade), representando cerca de 170 milhões de euros de investimento; e os projectos relativos a parcerias para a regeneração urbana, perfazendo um investimento total de cerca de 40 milhões

de euros. “Se acrescentarmos, por último, às verbas já comprometidas do Mais Centro, os financiamentos dos programas temáticos para projectos a realizar na região”, frisa o presidente da CCDRC, “obtemos um montante total de fundos estruturais canalizados para a re-

gião Centro de mais de 950 milhões de euros, representando 26% do total comprometido no QREN (não se incluindo neste valor a verba relativa à contratualização com as associações de municípios no âmbito do Mais Centro)”. Salienta, simultaneamente, a intervenção do PO

INCENTIVOS

Indústria domina projectos aprovados Desde a abertura dos primeiros concursos, a 15 de Novembro de 2007, as empresas da região Centro apresentaram 1.124 projectos, representando um montante total de investimento de cerca três mil milhões de euros. São, no entender do presidente da CCDRC, Alfredo Marques, “números animadores, que mostram que o tecido empresarial tem uma pujança que ultrapassa aquilo que se poderia esperar face ao peso relativo da região na economia nacional e àquilo que até aqui pesou nos sistemas

de incentivos (onde nunca se atingiu tais patamares)”. Destes totais, o Mais Centro acolheu 618 projectos (pequenas e micro-empresas), representando 518 milhões de euros de investimento. Após a análise e a selecção das candidaturas, foram aprovados, nos dois PO envolvidos (Compete e Mais Centro), 510 projectos, que representam 40% do total nacional e a que corresponde um investimento apoiado de mais de 1.100 milhões de euros, representando 38% do total nacional. O montante de incentivo

atribuído ascendeu a cerca de 309 milhões de euros, representando o SI Inovação, 77 % deste total. A indústria é o sector claramente dominante nos projectos aprovados, pois representa quase 60% deles, mais de 86% do investimento apoiado e mais de 83% do incentivo atribuído. “É um sinal”, conclui a Comissão de Coordenação, “claramente positivo, pois não obstante a importância dos serviços na economia actual (que aparecem em segundo lugar), estes têm uma estrutura muito heterogénea e não

Alfredo Marques, presidente da CCDRC

contribuem tanto como a indústria para as exportações e a internacionalização da economia”.


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NEGÓCIOS

almente se coloca nos seis distritos da sua edo Marques aponta ainda para a imperiosa ra inverter a situação.

perdida

Factores de Competitividade, com 32% das verbas comprometidas dirigidas à região Centro (a qual aparece, com esta percentagem, como a maior beneficiária deste PO até aqui), ascendendo o peso da região ainda a 29% das verbas comprometidas no PO Potencial Humano, mas não ultrapassando os 8% no PO Valorização do Território. “Verifica-se, assim”, refere, “um afluxo significativo de fundos à região Centro no conjunto do QREN, mas, ao mesmo tempo, uma forte desigualdade no que respeita à distribuição regional das verbas do PO Valorização do Território em detrimento desta região (que é a menos beneficiada das Regiões Convergência do país neste programa)”.

Forte dinamismo dos agentes regionais Alfredo Marques considera que, tendo em conta os números disponíveis, “ressalta claramente que existe um forte dinamismo dos agentes da região en-

quanto promotores de investimentos, destacando-se os municípios e as empresas, e que o QREN está a dar um contributo muito positivo para a realização destes investimentos”. Na agenda para 2009, que será igualmente preenchida pela intervenção do Mais Centro e dos PO temáticos em diferentes áreas, merecem particular destaque, adianta o presidente da CCDRC, dois aspectos desta intervenção: o início da execução dos Planos Territoriais de Desenvolvimento, geridos pelas Associações de Municípios, e o accionamento de um dispositivo inovador do QREN destinado a racionalizar a aplicação dos seus recursos e a dar um impulso mais forte à actividade económica: o das Estratégias de Eficiência Colectiva (EEC). Tratase, com este instrumento, de apoiar de um modo preferencial conjuntos coerentes de iniciativas promovidas por empresas e outros agentes com elas relacionados (em particular entidades do sistema científico e tecnológico), que visem, através da cooperação e do funcionamento em rede, a inovação, a qualificação ou a modernização de um agregado de empresas e actividades, num contexto espacial nacional, regional ou local, ou ainda a nível sectorial. Concretamente, trata-se de apoiar, com discriminação positiva, pólos de competitividade e tecnologia, outros clusters, programas de valorização económica de recursos endógenos (PROVERE, dirigido especialmente às zonas de baixa densidade), e acções de regeneração e desenvolvimento urbano. “O balanço do QREN, e do Mais Centro em particular, na região, dentro de um ano, será, sem dúvida, ainda mais denso e positivo do que neste primeiro ano (1988), e incluirá, assim, já os primeiros resultados de dois dos seus dispositivos mais inovadores e sofisticados: a contratualização e as EEC”, conclui Alfredo Marques.

IBERSOL AUMENTOU VENDAS NOS “COUNTERS”

Os formatos de restauração da Ibersol com preços mais baixos, como o Burger King e a Pans & Company, registaram em 2008 melhores resultados do que os restantes devido à crise. Segundo António Pinto de Sousa, administrador do grupo, as vendas totais nos chamados “counters” (estabelecimentos de restauração com preços mais baixos), aumentaram 17 por cento, para 104 milhões de euros, enquanto nos restaurantes (como a Pizza Hut, Pizza Móvil e Pasta Caffé) a subida se ficou por um por cento, para 115 milhões de euros. ONI INVESTE EM REDES DE NOVA GERAÇÃO

A ONI vai investir este ano 22 milhões de euros nas redes de nova geração, aumentando o investimento para 422 milhões de euros, e apostar em projectos regionais específicos para a instalação massificada de fibra em 300 mil casas. Oito milhões de euros do montante fixado serão investidos já em 2009 para alargar a cobertura a 100 mil casas e outros oito milhões de euros em 2010 para atingir mais 150 mil casas. BARRAQUEIRO REFORÇOU FROTA

O grupo Barraqueiro adquiriu 11 autocarros Volvo B12B 420 à Auto Sueco, destinados a reforçar as operações das empresas Eva Transportes e Frota Azul. CLIX SMARTTV LANÇOU RESTART

O Clix SmarTV oferece a partir de agora a todos os clientes dos principais canais de televisão a possibilidade de reiniciar um programa sem que o cliente tenha necessidade de gravar o que quer ver, refere um comunicado da Sonaecom.

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RESULTADOS DÉFICE – O DÉFICE EXTERNO PORTUGUÊS AUMENTOU EM 2008 PARA 10,6 POR CENTO DA RIQUEZA GERADA INTERNAMENTE, O VALOR MAIS ELEVADO EM PELO MENOS EM 14 ANOS, SEGUNDO O INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (INE). FISCO – A OPERAÇÃO RESGATE FISCAL, LEVADA A CABO PELA DIRECÇÃO-GERAL DOS IMPOSTOS (DGCI) ENTRE AGOSTO E DEZEMBRO DE 2008, PERMITIU RECUPERAR MAIS DE 250 MILHÕES DE EUROS. CERCA DE 21.777 EMPRESAS FALTOSAS EFECTUARAM PAGAMENTOS EM IGUAL PERÍODO E FORAM INSTAURADOS CERCA DE 4.000 PROCESSOS DE INQUÉRITO CRIMINAL FISCAL, REVELOU A DGI. MÚSICA – A VENDA DE MÚSICA EM PORTUGAL, EM FORMATO ÁUDIO E DIGITAL, SOFREU EM 2008 UMA QUEBRA DE 11,5 POR CENTO (5,1 MILHÕES DE EUROS) COMPARANDO COM O ANO ANTERIOR, SEGUNDO DADOS DIVULGADOS HOJE PELA ASSOCIAÇÃO FONOGRÁFICA PORTUGUESA (AFP). C I M P O R – O LUCRO DA CIMPOR CAIU 27,3 POR CENTO EM 2008 FACE AO ANO ANTERIOR, TOTALIZANDO 233,3 MILHÕES DE EUROS. EM COMUNICADO ENVIADO À COMISSÃO DE MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CMVM), A CIMENTEIRA SUBLINHA QUE OS RESULTADOS FINANCEIROS NEGATIVOS DE 134 MILHÕES DE EUROS EM 2008 FORAM “AFECTADOS PELO RECONHECIMENTO DE UMA PERDA DE CERCA DE 77 MILHÕES DE EUROS NO VALOR DAS ACÇÕES DO BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS (BCP)”. RECURSOS HUMANOS WAGONLIT – A CARLSON WAGONLIT TRAVEL (CWT), EMPRESA DE GESTÃO DE VIAGENS DE NEGÓCIOS, ATINGIU UM VOLUME DE NEGÓCIOS DE 44 MILHÕES DE EUROS EM PORTUGAL, NO ANO PASSADO, O QUE REPRESENTOU UMA SUBIDA DE QUATRO POR CENTO FACE A 2007.

MERCADOS

FIGUEIRA DA FOZ

Central da EDP está a combater sazonalidade da economia local Últimos dois anos têm sido particularmente generosos para muitos figueirenses. As grandes obras públicas e privadas mitigam efeitos da crise.

A infra-estrutura, orçada em 409 milhões de euros, começará a distribuir energia no próximo Verão

crise está para a hotelaria, restauração e afins e para o mercado de arrendamento de habitações e quartos da Figueira da Foz como as bruxas estão para os galegos. Com uma variante, porém – é que a conjuntura económica negativa existe mesmo e todos acreditam nela. Não obstante, no concelho, os seus efeitos têm sido minimizados com as grandes obras públicas e privadas. Inaugurava-se o último troço da A17 e a central de ciclo combinado da EDP em Lares já mexia, com a

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cidade a ser invadida por várias centenas de trabalhadores forasteiros, vindos de vários pontos do país e do mundo. Espanha lidera a legião estrangeira, com cerca de 35 por cento do total da mão-de-obra. No início desta semana, laboravam na empreitada cerca de mil trabalhadores. Metade era constituída por portugueses, 10 por cento por cidadãos de várias nacionalidades e o resto espanhóis. Do outro lado da fronteira vêm, sobretudo, técnicos especializados, trazidos pelo empreiteiro prin-

E a freguesia a vê-los passar O serviço no Café Lafontaine, em Lares, continua a ser assegurado só por Isabel Freitas, a quem entrevistámos há dois anos, pouco antes das obras da central terem arrancado. Na altura, desabafava que se a clientela não aumentasse abandonava a exploração do estabelecimento. “Não posso dizer que não melhorou – caso contrário, já me tinha ido embora – , mas não se registou uma subida exponencial”, afirma. E aponta como prova o facto de continuar sozinha. João Carronda, presidente da Junta de Vila Verde, dá-lhe razão. “O impacto económico na freguesia não é muito notório, porque não temos unidades hoteleiras e, praticamente, só temos um restaurante que está a beneficiar da obra. Ou seja, a Figueira é que tem beneficiado com a construção da central”, explica. Em contrapartida, a EDP está a beneficiar equipamentos sociais e vai construir um parque infantil e um pavilhão polidesportivo em Lares e outro espaço desportivo em Vila Verde. A empresa assumiu ainda comparticipar na construção de um lar para a terceira idade em Ervidinho, além de outras contrapartidas para a freguesia, sobretudo para Lares, o que leva alguns encarregados de educação de Vila Verde a questionarem por que motivo a escola local não caiu nas graças de eléctrica portuguesa.

cipal do consórcio. Amparo Martinez faz parte do contingente do reino de Castela que atravessou a raia para trabalhar em Lares. Trouxe o marido consigo, que trabalha para a mesma empresa. De resto, muitos dos espanhóis trouxeram a família. Alugou um T2 num condomínio fechado em Buarcos, pelo

qual paga 800 euros por mês, além de suportar as facturas da electricidade, da água e do gás, que rondam os 100 euros. “Sou de Gijon, onde vivem 200 mil pessoas, e que também tem praia”, revela. A introdução à geografia foi só para dizer, a seguir, que naquela cidade asturiana as rendas são “muito

mais baixas”. Amparo Martinez gasta, em média, 60 euros por mês no supermercado. Só?! “Sim, porque trago muitas coisas de Espanha, por causa do preço”, explica. O casal gosta, ainda assim, da gastronomia portuguesa.

É só fazer as contas “De vez enquanto vamos ao restaurante e ao bar, que neste caso são mais baratos que em Espanha. Gastamos uma média de 70 euros por semana no ócio”, conta Amparo. Os seus concidadãos também vão, e também alugaram apartamento, quarto numa pensão ou num hotel, conforme o salário. Armando Quaresma é alfacinha e colega de Amparo Martinez. Teve a “sorte” de alugar um apartamento tipo T1 no Patracol, Buarcos, por 300 euros. “Comparativamente com os preços que se praticam em Lisboa, que custaria entre 500 e 600 euros, acho que me fizeram um bom preço”. Com a renda incluída, o português gasta uma média de 800 euros por mês na Figueira da Foz. O antigo primeiro-ministro António Guterres diria: “é só fazer as contas”. Nós convidamo-lo ao mesmo exercício para ficar com uma ideia de como a central de Lares contribuiu para a economia local. Mas não convém esquecer as empresas figueirenses e do distrito de Coimbra que trabalham na obra: representam 30 por cento do total dos subempreiteiros e prestadores de serviços.

Época baixa em alta Sazonalidade, qual sazonalidade? Recentemente, Mário Esteves, vice-presidente da Associação dos Industriais de Hotelaria e Restauração do Centro, alertava que o sector tem sobrevivido graças às grandes obras que decorrem no concelho. Na época baixa e na alta. João Marino Ferreira, director do projecto da central de Lares confirma que “a Figueira não pode queixar-se, pois tem tido muita gente de fora a gastar dinheiro na cidade”. De resto, o quadro superior da EDP revela que “há dias em que a lotação das unidades hoteleiras estão esgotadas (na época baixa)”. Não tem, pois, dúvidas que “a central de Lares tem prestado um grande contributo à economia local”. Ressalva, no entanto, que o afluxo de forasteiros tam-

bém se deve às obras que decorrem na Celbi e no molhe Norte. A unidade de produção começou a ser construída em Junho de 2007 e deve começar a distribuir electricidade durante o próximo Verão. Tem capacidade para 862 megawats, potência equivalente ao consumo da Figueira da Foz durante três anos e meio, segundo dados de 2006. Está orçada em 409 milhões de euros.

O funcionamento da central vai ser assegurado por cerca de 30 trabalhadores. Mas quando a EDP concluir a obra, pode não significar o fim do “Eldorado” figueirense, já que entretanto a espanhola Iberdrola deverá arrancar com as obras de uma plataforma com características semelhantes nas matas nacionais, entre a Praia da Leirosa e a Costa de Lavos.


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CONSTRUÇÃO E OBRAS PÚBLICAS

CONSULTÓRIO

Índices de confiança em baixa histórica A crise “atingiu fortemente” o sector português da construção e o índice de confiança dos empresários desceu, em Fevereiro, para um mínimo histórico, revela a síntese de conjuntura da Federação da Construção. odos os indicadores económicos habitualmente seguidos para acompanhar a evolução do sector da construção revelam uma profunda deterioração da actividade”, revela o último relatório da FEPICOP. O sector atravessa um ciclo recessivo há já sete anos consecutivos, mas “a violência na degradação” dos números de Janeiro e Fevereiro de 2009 “consegue surpreender pela negativa”, acrescenta o documento. Em Fevereiro, os índices de confiança na construção e de situação financeira das empresas atingiram mínimos históricos, tendo o número de desempregados no sector registado também o valor mais elevado desde Janeiro de 2002. De acordo com a federação, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego oriundos do sector da construção “tem vindo a aumentar significativamente nos últimos meses”, tendo totalizado em Janeiro 46.952 registos, mais 43,8 por cento do que no mesmo mês de 2008. Desde 2002, os dados dis-

“T

poníveis apontam para uma redução de quase 69 mil empregos na construção, o que representa um recuo de 12,5 por cento nos últimos sete anos. Desde Outubro, registouse ainda uma redução de 9,4 pontos percentuais no índice FEPICOP da produção do sector e uma quebra no consumo de cimento de 25 por cento em Janeiro, que se terá prolongado em Fevereiro. Tendo por base o inquérito mensal da federação, os problemas que actualmente mais afectam as empresas do sector da construção são

os elevados encargos financeiros (reportados por 57,7 por cento dos inquiridos) e os atrasos nos pagamentos do Estado (referidos por 45,9 por cento das empresas). Segundo a FEPICOP, apesar de nos segmentos de engenharia civil e de edifícios não residenciais públicos a produção registar ainda subidas em termos homólogos, a deterioração da situação financeira das empresas revela que estas se encontram “numa situação particularmente difícil” e que são “urgentes” medidas para reduzir o impacto da crise financeira no sector.

Já o segmento de edifícios residenciais é o mais atingido pela crise, tendo registado uma quebra de 17,4 por cento no índice de produção no trimestre terminado em Fevereiro, face ao mesmo período de 2008. “É neste segmento que os empresários se encontram mais pessimistas”, refere a FEPICOP. De acordo com a federação, os dados apurados em Fevereiro pela Comissão Europeia revelam que os empresários portugueses da construção são dos “mais pessimistas” da Zona Euro.

IMOBILIÁRIO

Investimento caiu 46 por cento O investimento imobiliário em Portugal teve uma queda de 46 por cento em 2008, totalizando 637 milhões de euros, indica um relatório da consultora imobiliária Jones Lang LaSalle. De acordo com o relatório, intitulado “O Mercado de Investimento em Portugal”, “o investimento imobiliário no nosso país terá ascendido a 637 milhões de euros em 2008, numa descida de aproximadamente 46 por cento face ao ano anterior e de 63 por cento relativamente a 2006”. A queda foi mais notória no segmento do retalho, que concentrou 23 por cento do volume

transaccionado em Portugal, “onde o investimento registou uma redução de 3,5 vezes face ao ano anterior”. Os segmentos de hotéis e escritórios concentraram uma quota de 30 por cento cada um, enquanto o segmento de mobiliário industrial e de logística concentrou oito por cento do investimento. No que respeita à origem do investimento, os operadores estrangeiros concentraram 75 por cento do total do capital investido em imobiliário durante 2008. Para o director-geral da Jones Lang LaSalle em Portugal, Manuel Puig, o ano de 2008 não deixará, portanto,

“saudades ao investidor imobiliário”. Quanto a 2009, a Jones Lang LaSalle prevê que o número de transacções em Portugal possa aumentar, “impulsionado quer pela maior liquidez dos fun-

dos de investimento imobiliário, em virtude das descidas da taxa de juro, quer pelo crescente ajuste dos valores dos activos, que poderá ser igualmente um factor dinamizador do mercado”.

Quais os procedimentos necessários no âmbito da compra de uma casa? Comece por elaborar uma lista das características que procura na sua nova casa, ordenada por prioridades, bem como dos motivos pelos quais essas características são importantes para si. Esta lista será o seu guia de pesquisa, mas lembre-se que, dependendo do que está disposto a pagar, terá provavelmente de fazer algumas cedências. Além disso, fale com o seu agente imobiliário sobre o local onde gostaria de viver. A localização é um factor muito importante em qualquer mudança. Depois de definir o que pretende, deve calcular quanto pode pagar. Quando estiver pronto para passar à fase seguinte, pode obter uma pré-aprovação de crédito hipotecário. Este processo pode ser realizado em menos de uma hora e permite-lhe alcançar dois objectivos importantes. Em primeiro lugar, indica-lhe que tipo de casa pode pagar e qual será o valor da sua prestação mensal. Além disso, oferece ao vendedor uma garantia de que tem capacidade para comprar a casa. Por definição, um comprador pré-aprovado possui um crédito hipotecário aprovado, sujeito a uma avaliação do imóvel. O comprador pode, frequentemente, utilizar este estatuto de pré-aprovação em seu benefício durante o processo de negociação. Depois de saber onde gostaria de viver e de ter uma ideia do tipo de casa que pode comprar, está na altura de começar a procurar imóveis. Iniciar esta pesquisa na Internet permite-lhe poupar tempo, uma vez que poderá procurar imóveis que satisfaçam os seus próprios critérios de pesquisa. De seguida, comece a visitar casas. Solicite ao seu agente imobiliário que marque visitas que se situem na sua área e dentro do preço pretendido. Quando comparar casas, examine e tenha em atenção todos os aspectos do imóvel. Os impostos prediais são de valor semelhante? As casas foram ambas renovadas? Possuem o mesmo número de quartos e casas de banho? Ambas as casas estão situadas na mesma rua ou em ruas semelhantes? Os imóveis estão livres de ónus e encargos? Quando encontrar a casa que pretende, terá de elaborar uma proposta para apresentar ao respectivo proprietário. Geralmente, esta fase é muito difícil, uma vez que ambas as partes têm objectivos totalmente diferentes. Na maioria dos casos, é preferível confiar a negociação da proposta a uma terceira parte, tal como um agente imobiliário. Se tiver algum contacto pessoal com o proprietário, não revele qualquer tipo de informação sobre a sua mudança, a sua actual situação em termos de habitação ou a nível financeiro ou sobre o que pensa sobre o imóvel, quer se trate de aspectos positivos ou negativos. Isso poderia prejudicá-lo em negociações futuras. Depois de a sua proposta ter sido aceite, terá de organizar, coordenar e analisar vários tipos de vistorias e investigações, incluindo aquelas relacionadas com pragas, qualidade da construção, o direito de propriedade sobre o imóvel, etc. Também terá de tratar do seguro de propriedade e das últimas fases do crédito hipotecário. As suas negociações com o vendedor irão marcar a diferença entre comprar a sua casa de sonho e começar todo o processo do início. O seu agente imobiliário pode ajudá-lo a atingir bons resultados na negociação. Antes da data de conclusão do negócio, certifique-se de que todos os documentos foram assinados e que todos os depósitos foram realizados correctamente. Se o crédito hipotecário, os documentos de certificação da titularidade do imóvel, o seguro de proprietário e outros documentos exigidos pela legislação não estiverem formalizados correctamente, a conclusão do negócio pode não ocorrer na data prevista. E, dependendo do que consta no contrato, o comprador poderá sofrer outras consequências, nomeadamente sanções financeiras e mesmo a perda do seu direito à aquisição da casa. Depois de concluído o negócio, é oficial: a casa é sua! Porém, é conveniente tratar de alguns aspectos antes de se mudar, nomeadamente a instalação de um sistema de alarme, contratos de água e luz, a limpeza, a contratação de serviços de jardinagem, etc. Também é uma boa altura para realizar as remodelações necessárias. ECONOMIA & EMPRESAS Century 21


SUPLEMENTO

ANGOLA A hora de Portugal É altura de Portugal conquistar, definitivamente, na ajuda à reconstrução nacional, um acolhimento preferencial em Angola. As parcerias com empresas portuguesas são ali, reconhecidamente, desejadas. Saibamos aproveitar, então, o novo “Eldorado” que lá volta a acolher-nos.

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A BAÍA DE LUANDA É, HOJE, UM DOS MAIS COSMOPOLITAS LOCAIS DE ÁFRICA


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SUPLEMENTO ANGOLA

O novo “Eldorado” SOARES REBELO DIRECTOR ADJUNTO

s ligações culturais, linguísticas, até sanguíneas, sedimentadas ao longo de cinco séculos de presença portuguesa, não desapareceram com a independência de Angola. Dois povos com tão longo passado comum não podem ignorar-se. No respeito mútuo pelas soberanias nacionais, pe las respectivas opções político-ideológicas, usufruem inclusivamente de possibilidades imensas de entendimento mútuo – que, de forma alguma, devem desperdiçar. Países com economias de certa forma complementares, têm mesmo o dever de definir, no contexto de uma cooperação bem orientada para a solução das carências próprias, projectos expeditos que garantam a exploração mais adequada das suas potencialidades – e, consequentemente, lhes acelerem o desenvolvimento. Está na hora, realmente, de acabar de vez com os diferendos e de traçar, sem complexos, os caminhos que conduzam a m entendimento profíquo para ambas as partes. A recente visita de José Eduardo dos Santos a Lisboa comprovou que Portugal se tornou um parceiro “estratégi c o” par a Angol a. Com as des l oc a ções do primeiro-ministro, José Sócrates, a Luanda, escancaram-se janelas relevantes nas relações bilaterais. Agora, com a vinda do Presidente angolano a Lisboa, houve oportunidade para significativo reforço das expectativas, tendo em vista não só os acordos firmados, mas, sobretudo, a consolidação de um novo paradigma de cooperação. Na aposta em parcerias estruturantes e participações cruzadas terá de radicar, efectivamente, o fu turo. Angola, com a guerra, tornou-se um país semi-destruído, de população generalizadamente deslocada (60 por cento dos angolanos vivem hoje nas cidades, contra apenas 25 por cento em 1970), mutações sociais profundas, mercados marginais. Reposta a paz, reinstalada a democracia, reconquistado o primado da economia de mercado, passou a viver um crescimento ímpar. Necessita, ainda assim, de abrirse mais à média e alta tecnologia, podendo encontrar em Portugal, neste campo, um parceiro relevante, sobretudo na área da indústria transforma-

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dora, tendo em vista a indispensável redução da sua dependência do sector petrolífero. Embora seja já o quarto mercado para as nossas exporta ções, não poderão igualmente des curar-se o sector dos serviços, a área financeira, a agricultura, as pescas, o turismo, o próprio comércio interno, como também potencialmente relevantes para os investidores portugue ses. Angola é um dos países com mais recursos naturais em todo o continente africano. Além do petróleo e do gás natural, há ali ouro, diamantes, minerais raros, fosfatos, um solo riquíssimo, um mar abundante em peixe. As possibilidades de negócios são, portanto, incontáveis. E não só na região de Luanda – será bom não esquecer o resto do país, sobretudo Cabinda, o Bié, a Huíla, Benguela. Deixadas para trás as lutas fratricidas, a fome, a destruição, ainda algumas experiências ideológicas que acabariam por revelar-se dolorosas para a generalidade da população, normalizada a vida quotidiana, é altura, como reconheceu em Lisboa José Eduardo dos Santos, de Portugal conquistar, definitivamente, na ajuda à reconstrução nacional, um acolhimento preferencial naquela parte do mundo. As parcerias com empresas portuguesas são ali, reconhecidamente, desejadas. Saibamos aproveitar, então, o novo “Eldorado” que lá volta a acolher-nos.

Angola é um dos países com mais recursos naturais em todo o continente africano. As possibilidades de negócios são, portanto, incontáveis.

ANGOLA

Os governos de Lisboa e Luanda concluíram, durante a recente visi rais, com destaque para a abertura de duas linhas de crédito no va vo banco de investimentos e um memorando de cooperação no se

“Tem de se Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, levou este mês de Lisboa o compromisso de expansão do investimento português, garantindo, em contrapartida, todo o empenho em elevar a nível “estratégico” as “excelentes” relações bilaterais. Fundamental para impulsionar o investimento português em Angola, já o quarto maior parceiro comercial luso, será o novo banco de investimento da petrolífera Sonangol e do banco público Caixa Geral de Depósitos, que arranca na segunda metade deste ano. Trata-se, nas palavras do presidente da Caixa, de “um banco de fomento destinado a apoiar o desenvolvimento de projectos de infraestruturas, mas também industriais e agrícolas em Angola, assegurando a participação das empresas nesses projectos”. Além do acordo para a criação desta instituição financeira foram assinados acordos de crédito às exportações portuguesas e ainda um na área do ensino. O primeiro duplica para mil milhões de euros a cobertura de riscos de crédito à exportação de Portugal para Angola, outro uma linha de crédito de 500 milhões de euros no âmbito do sector do ensino. A linha de crédito de apoio às exportações tinha o valor de 100 milhões de euros em 2004, passou para 300 milhões de euros em 2006 (por ocasião da visita oficial de José Sócrates a Angola) e chegou aos 500 milhões de euros em Julho último, na última vez que o primeiro-ministro português esteve em Luanda. O principal objectivo da iniciativa é garantir um seguro de crédito para as operações de médio e longo prazo financiadas pelo sistema bancário português, tendo em vista a aquisição por importadores angolanos de bens de equipamento e serviços de origem portuguesa. A linha de crédito para a

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área educativa conta, por seu turno, com o aval do Estado angolano e destina-se a financiar projectos de investimento público para a construção de infra-estruturas em Angola com a participação de empresas portuguesas. No seu conjunto, estas duas linhas de crédito vão atingir 1500 milhões de euros já este ano, depois de 2008 as exportações nacionais terem tido no mercado angolano o seu quarto melhor cliente mundial, a seguir à Espanha, Alemanha e França. Se estes instrumentos financeiros sustentam a expansão das exportações portuguesas, importante quando alguns dos nossos principais mercados externos se contraem devido à crise internacional, Angola assegura investimento empresarial que lhe permite evitar a recessão que alguns analistas já prevêem, devido à quebra acentuada do preço do petróleo, base da economia ango-

lana.

BANCO ARRANCA COM 800 MILHÕES O banco de investimento da Sonangol e da CGD, ainda sem nome definido, terá a presidência executiva rotativa, cabendo esta, no primeiro mandato de três anos, à empresa estatal angolana e a presidência do conselho de administração a um administrador que a CGD ainda não designou. O presidente da Sonangol, Manuel Vicente, adiantou que há “três ou quatro propostas de nome” para o banco, mas estas terão de ser vistas pelas autoridades angolanas, onde o banco terá sede, antes de se fazer o registo da que for aprovada. Faria de Oliveira, presidente da Caixa, adiantou, por seu turno, que a nova instituição de crédito “será sobretudo um banco de fomento que vai apoiar o desenvolvimento de projectos de infraestruturas, mas também in-


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ta do Presidente José Eduardo dos Santos, vários acordos bilatealor global de 1500 milhões de euros, a criação conjunta de um noctor educativo.

er agora” dustriais e agrícolas em Angola, assegurando a participação das empresas nesses projectos”. O banco “arranca com uma dimensão considerável”, destacou o presidente da CGD, referindo-se ao capital inicial de mil milhões de dólares (cerca de 800 milhões de euros) e “não haverá distinção entre empresas públicas e privadas” que queiram participar nos projectos que irá fomentar.

“CHEGOU O MOMENTO”

Classificou mesmo a parceria estratégica proposta por Cavaco Silva como “o novo Eldorado para Portugal”. “Angola é o primeiro parceiro extra-comunitário do nosso país, com um investimento de 780 milhões de euros em 2008. Uma parceria estratégica é o novo o Eldorado para Portugal”, afirmou o diplomata – que foi o artífice dos Acordos de Bicesse (1987-91) – valorizando o “especial relacionamento luso-angolano, sem quebras, nas últimas duas décadas”. Acerca do “timing”, rematou: “Tem de ser agora, chegou o momento”.

Cavaco Silva “Hoje Portugal e Angola têm um relacionamento maduro, um relacionamento adulto. Mas, esta visita é um passo da maior importância para o fortalecimento das relações políticas, que são excelentes, mas também para as relações económicas, sociais e culturais”. José Eduardo dos Santos “O êxito desta visita tem a ver com o relacionamento entre os nossos dois países – um relacionamento fundado numa amizade sólida e numa cooperação que cresce a cada dia que passa. Os acordos que acabámos de assinar vão permitir ampliar a cooperação bilateral e são um sinal de confiança no Governo de Angola”. José Sócrates “Sinto-me orgulhoso por chefiar um Governo que soube compreender o potencial da economia angolana e reforçar o clima de confiança existente entre as economias, instituições e empresas dos dois países”.

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Para o embaixador António Martins da Cruz, que foi

assessor diplomático de Cavaco Silva durante uma década em São Bento e chefe da diplomacia portuguesa no Governo de Durão Barroso, “o Governo de José Sócrates – com duas deslocações a Luanda, em Maio de 2006 e Julho de 2008 – está a proceder de forma correcta na prioridade dada às relações luso-angolanas nos planos político, económico e da defesa”. No entender, por outro lado, do actual embaixador de Portugal em Luanda, António Monteiro, Portugal e Angola acabam de dar um “passo maior importância” na relação entre os dois países.

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NOTíCIAS

EMPRESÁRIOS CONFIANTES

Angola pode resolver desemprego em Portugal elmiro de Azevedo não tem dúvidas: Angola poderá tornar-se relevante para o combate ao desemprego em Portugal, como destino de emigração e dos produtos da exportação nacional. “Às vezes, o que é mais difícil em Portugal é uma certa cultura, é as pessoas quererem emprego ali ao lado. A Qimonda, por exemplo, tem dois mil engenheiros e técnicos qualificados. É impossível arranjar empregos para todos eles (caso a fábrica encerre). As pessoas vão ter de ir trabalhar noutro sítio: noutra parte de Portugal, da Europa ou do mundo”, disse. Belmiro de Azevedo apontou o exemplo concreto de Angola, “seguramente um país que pode atrair

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Há 40 anos, os portugueses habituaram-se a vender para Angola coisas que não prestavam. Quem continua a pensar assim que se desengane . muitas pessoas. Está no princípio do seu desenvolvimento e como tal dispõe de muitos empregos e não precisa de trabalho muito qualificado”. A opinião do empresário,

emitida no decurso de um debate sobre o desemprego no nosso país, foi corroborada pelo economista Daniel Bessa, que classificou Angola como “o país do mundo que mais contribui para resolver o problema do desemprego em Portugal”, nomeadamente porque “as exportações continuam a subir, sendo actualmente o quarto mercado para os

produtos portugueses, à frente do Reino Unidos, Itália ou Estados Unidos”. “Há 40 anos, os portugueses habituaram-se a vender para Angola coisas que não prestavam e que em muitos casos nem chegavam a entrar naquele país. Quem continua a pensar assim que se desengane: hoje a situação é diferente”, concluiu.

Professores portugueses reforçam ensino angolano P

formadores nacionais de referência no ensino angolano”. Estão abrangidas as províncias do Cuanza Sul, Benguela, Namibe, Moxico e Cunene. O custo total do projecto está orçado em 10,15 milhões de euros, contribuindo o Fundo com 5,4 milhões de euros. Deste total, 1,7 milhões serão desembolsados este ano e os restantes 3,7 milhões em 2010. O envio de professores portugueses para Angola foi anunciado em Julho do ano passado, durante uma visita de trabalho a Luanda do primeiro-ministro português, José Sócrates. De acordo com o MNE, a coordenação e execução do projecto “Saber Mais” es-

Angola é o principal mercado externo das empresas de construção portuguesas, revelam as primeiras conclusões de um estudo elaborado pela ANEOP e pela consultora Deloitte. As primeiras conclusões do estudo “O Poder da Construção em Portugal – Impactos em 2009 e 2010”, que reúne a perspectiva das 50 maiores empresas do sector, indicam que a informação recolhida até ao momento indica que a internacionalização é a maior aposta das empresas, sendo que “entre 2004 e 2007 a vertente internacional cresceu mais de 50 por cento e vale hoje mais de 30 por cento do volume de negócios”. No conjunto dos mercados em que estão presentes as empresas nacionais, Angola apresenta-se como “o principal, sendo considerado transversalmente como um mercado a manter”.

CTT interessados em correio expresso

PROJECTO “SABER MAIS”

ortugal vai enviar 200 professores para Angola para promover o ensino do português e reforço do ensino secundário, projecto financiado em 5,4 milhões de euros pelo Fundo da Língua Portuguesa, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros. O Projecto “Saber Mais”, que define o enquadramento do envio dos docentes portugueses, visa, além da “melhoria das competências técnicas e da capacitação dos professores do ensino secundário na utilização dos conteúdos programáticos vigentes”, promover “a instalação de centros de recursos para apoio pedagógico nas provínciasalvo, a formação de equipas de coordenação pedagógica local e a criação de redes de

Principal mercado externo da construção civil nacional

tá a cargo do Ministério da Educação de Angola e do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD). Os destinatários são professores e candidatos a professores do ensino secundário angolano e a população estudantil. Com uma dotação de 30 milhões de euros, o Fundo abrange ainda o apoio ao ensino da língua portuguesa e a formação de tradutores e intérpretes para as organizações internacionais que tenham o português como idioma oficial de trabalho. Nos próximos dois anos, outros países de língua oficial portuguesa deverão ser alvo de medidas semelhantes, prevendo-se o envio de um total de 600 professores. A segunda reunião da

Comissão Interministerial do Fundo da Língua está prevista para o próximo mês de Abril.

O envio de professores portugueses para Angola foi anunciado em Julho do ano passado, durante uma visita de trabalho a Luanda do primeiro-ministro português, José Sócrates.

Os CTT- Correios de Portugal querem avançar em Angola com uma empresa local de correio expresso, tendo como parceiros a congénere local de correios e telecomunicações e a portuguesa Mota-Engil. “Angola é para avançar. A primeira démarche para a constituição de uma empresa local já foi aprovada”, revelou o presidente da empresa pública. Segundo Estanislau Mata Costa, que não adiantou se o projecto avança este ano ou no próximo, o negócio “está no bom caminho” e o importante é “ir sem pressa, mas com firmeza”. Diria, ainda, que os CTT vão “entrar em contacto com as autoridades angolanas, de forma a podermos ter a nossa presença confirmada”, disse o presidente da empresa pública, acrescentando que, além da congénere local e da Mota-Engil, “poderá haver outros parceiros locais”.

“Expansão”, referência económica O semanário económico “Expansão”, do grupo Score Media e com parceria ao Diário Económico português, está a ser publicado em Angola desde meados de Fevereiro, com objectivo de tornar-se “uma referência” no mercado angolano. O jornal tem como director Victor Fernandes – dirigente nos últimos três anos da revista “Estratégia” – e, em conjunto com uma rádio que começará a emitir “em breve”, perfaz a plataforma da vertente media do poderoso grupo económico angolano Score Investments. O semanário, cujo projecto, como explicou Victor Fernandes, está a ser erguido através de uma parceria com o português Diário Económico (DE), saiu para as bancas com 48 páginas, de cor salmão, e tem como referência na imprensa da especialidade, o seu parceiro DE e o inglês Financial Times. Com uma tiragem de nove mil exemplares, o “Expansão”, cujo projecto global, incluindo a revista do grupo e a rádio, está orçado em 3,6 milhões de dólares (2,7 milhões de euros), pretende “cobrir com rigor e imparcialidade” a realidade da economia de Angola, uma das mais pujantes do mundo nos últimos anos.

Sonangol admite investir no sector energético português O presidente da Sonangol, Manuel Vicente, admitiu que a empresa poderá entrar no sector da energia em Portugal, considerando que esse cenário faz todo o sentido já que a companhia estatal angolana se move nesta área. “ A Sonangol é uma empresa de energia, estando portanto vocacionada para participar em empresas deste sector em Portugal”, rferiu, no final da cerimónia em São Bento, residência oficial do primeiro-ministro português, onde terminou a visita do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, ao nosso país. Questionado se as empresas a que se referia serão a EDP ou a EDP Renováveis, Manuel Vicente escusou-se a adiantar mais. A Sonangol já é parceira da Galp Energia, uma vez que é um dos principais accionistas da Amorim Energia, por sua vez accionista da Galp.


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FUTEBOL

Benfica apoia organização da Taça das Nações Africanas Angola quer aproveitar a capacidade de gestão do Benfica e utilizá-la na construção de estádios e organização da Taça das Nações Africanas (CAN), garantiu Tchizé dos Santos, deputada do MPLA, durante recente visita ao Estádio da Luz. “Fiquei surpreendida com a capacidade de gestão desta direcção do Benfica. Como sou deputada e estou ligada à comissão dos desportos vou aproveitar para levar essa experiência para lá”, disse, lembrando que Angola “está a construir estádios com a dimensão do da Luz, que depois precisam de ser optimizados”. Na qualidade de presidente do Sport Luanda e Benfica, Tchizé dos San-

tos garantiu que vai usar a experiência de gestão da actual direcção do clube lisboeta na formação da capital angolana. “Vim aprender. O Benfica de Luanda é um clube de dimensão mais pequena, mas que se está a estruturar”, disse Tchizé dos Santos, acrescentando: “talvez daqui a uma ou duas décadas tenhamos um clube com esta dimensão”. A filha do presidente Angola, que recebeu do presidente Luís Filipe Vieira uma camisola do clube “encarnado” com o seu nome, considerou mesmo que “o Benfica já não é um clube, é uma cultura, uma grande organização internacional”.

NÚMEROS

468 milhões de euros para quatro estádios Os quatro estádios que vão albergar o Campeonato Africano das Nações (CAN), que se realiza em Angola no mês de Janeiro de 2010, custarão ao Estado 600 milhões de dólares (468 milhões de euros). Segundo António Mangueira, director executivo do Comité Organizador da CAN (COCAN), a conclusão destas novas infra-estruturas desportivas, já em fase de construção, está prevista para Novembro ou Dezembro deste ano. A respectiva manutenção estará a cargo da empresa chinesa Shangai Urban Construction Group

Corporation (SUCGC). O mais importante dos quatro estádios, o de Luanda, em construção no município do Kilamba Kiaxi, será inaugurado, ainda segundo Mangueira, a 11 de Novembro, data da independência de Angola, concretizada em 1975. A anteceder o arranque da 37.ª edição do CAN, o Estádio de Luanda poderá ser estreado com a realização da final da Taça de Angola ou, em alternativa, com uma partida entre a selecção nacional, os “Palancas Negras”, e um adversário ainda por definir.

ANGOLA 1.246.700 Km2 de superfície

41,7 8 182,31 14% 1.800.000 100.000

anos é a esperança média de vida

12.531.357 habitantes 5.800.000 número estimado de residentes em Luanda

médicos/100 mil habitantes

mortos/mil nascimentos

crescimento médio anual desde 2004

barris petróleo produzidos /dia

número estimado de emigrantes portugueses

500 empresas portuguesas operam actualmente em Angola

SASSA BENGO

NOVA CIDADE A NORTE DE LUANDA O Governo angolano está a projectar a criação até 2030 de uma nova cidade denominada Sassa Bengo, a norte de Luanda, para absorver o excedente populacional na capital do país, que se estima concentrar 5,8 milhões de habitantes. A nova cidade, com capacidade para albergar três milhões de habitantes, será edificada na via entre as cidades de Luanda, Caxito e a Barra do Dande.


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SUPLEMENTO ANGOLA

Joaquim Almeida Henriques, líder do Conselho Empresarial do Centro (CEC), que recentemente chefiou uma delegação de empresários da região numa visita de trabalho a Angola, fala ao DIÁRIO AS BEIRAS das relações com aquele país africano emergente e traça os grandes objectivos que devem nortear os empresários portugueses. Refere ainda a reciprocidade necessária por parte da antiga colónia portuguesa, designadamente a importância do investimento angolano em Portugal. &ÆNTREVISTA E FOTO DE JOSÉ LORENA

“Em Angola ainda está tudo por fazer” DIÁRIO AS BEIRAS – Angola é uma moda? Como explicar esta atracção dos últimos meses? Almeida Henriques – Angola não é uma moda. Tem de ser vista como uma opção estratégica para Portugal. E isto, fundamentalmente, por duas razões. Primeiro, porque acho que todo o mercado de língua portuguesa deve ser por nós privilegiado. E digo isto, tanto mais porque Angola tem sido das economias que mais têm crescido, mesmo com o decréscimo do preço do petróleo e com a crise internacional. Não admira, portanto, que os empresários portugueses olhem para Angola como um mercado a que se devem aproximar. A outra razão... A segunda razão é que Angola não deve ser só um mercado para os portugueses investirem. Cada vez mais deve haver interacção entre as duas economias, a portuguesa e a angolana. A economia angolana tem liquidez neste momento, o que não acontece com a nossa. Por isso, seria bom que o crescimento viesse também de Angola para Portugal. E não tenho dúvidas de que isso poderia acontecer com a tomada de posições estratégicas de empresários angolanos na nossa economia. Mas tal, a concretizar-se, não poderá ser tomado como uma “invasão”, ou “vingança”, dos angolanos em relação a Portugal? Não, não penso nisso. Acho que a economia é dinâmica e nós já enterrámos os fantasmas do passado. Portugal só tem que orgulhar-se do percurso que tem tido com os países de expressão oficial portuguesa e acho que as coisas estão estabilizadas. Há cerca de meio ano estive em Angola e pude verificar, nos contactos institucionais, com empresários angolanos e com os dez empresários que levei da região

Oportunidades são imensas: criação de infra-estruturas, reordenamento da cidade de Luanda, requalificação da rede ferroviária e rodoviária do país. E se nós não aproveitarmos, outros os aproveitarão, certamente.

Centro, o carinho que os angolanos têm por nós. Deveremos, portanto, investir em Angola? Sem dúvida. Mais: devemos criar simultaneamente condições para que os empresários angolanos também invistam em Portugal e, aqui, a presença do banco BIC é já um bom exemplo do que quero dizer. Sei também que há grupos angolanos que olham para empresas portuguesas com muita atracção. Como decorreu a essa visita de empresários da região Centro a Angola? Fui lá em Novembro passado, com uma dezena de empresários beirões, que após contactos lá realizados, com representantes dos empresários angolanos e com o Governo daquele país, estão já todos a desenvolver negócios com Angola.

não há dúvidas quanto à necessidade da intervenção da comunidade internacional no processo de ajuda à criação e distribuição de riqueza em Angola.

A que níveis? Desde a exportação de equipamentos, produtos e serviços até à criação de empresas naquele país, vários

PERFIL EMPRESÁRIO DESDE OS 18 ANOS

Várias empresas portuguesas da Região Centro já estão instaladas em Angola, como a Visabeira, a AgroCaramulo, o Grupo Lena, a Pecol, entre outras.

são os negócios que estão a decorrer neste momento. Por outro lado, também contactámos, no decurso da visita, com empresas portuguesas da região Centro que já lá estão instaladas há algum tempo. São os casos da Visabeira, da AgroCaramu-

Advogado, empresário e político, actualmente com 47 anos, Almeida Henriques iniciou, aos 18 anos, a sua vida empresarial em Viseu, onde fundou – ou ajudou a fundar – 25 empresas. Foi presidente da Associação Empresarial da Região de Viseu durante oito anos e preside, actualmente, ao Conselho Empresarial do Centro. Como político, é presidente da Assembleia Municipal de Viseu e deputado pelo PSD na Assembleia da República.

lo (os maiores produtores de ovos em Angola), do Grupo Lena, da Pecol, entre outras. E a que conclusões chegaram? Desde logo, a de que se uma empresa portuguesa quiser, por exemplo, uma instalação rápida em Angola, poderá aproveitar as instalações de outra que já lá esteja. A pacificação de Angola foi

importante para todo este fenómeno económico, quase alucinante, que se vive. Os grandes investimentos não poderão correr, por isso, alguns riscos? Angola está num processo de amadurecimento. A consolidação democrática do país vai-se fazendo com o tempo. Ainda agora a visita do Presidente angolano ao nosso país foi mais um passo nesse sentido. As coisas evoluíram e, actualmente,

E, neste contexto, qual o papel, então, dos empresários portugueses? Neste domínio, acho que os empresários portugueses têm uma grande responsabilidade. Em Angola ainda está tudo por fazer. Quando chegamos a Luanda, vemos, por exemplo, o caos instalado em termos de trânsito. Todo o reordenamento da cidade está por fazer. Quando chegamos ao porto de Luanda, verificamos os constrangimentos: os barcos chegam a estar seis semanas para descarregar e os contentores seis meses para serem desalfandegados. Acho que há excelentes oportunidades aqui. A construção de um novo porto, criação de infra-estruturas, o reordenamento da cidade, a requalificação da rede ferroviária e rodoviária do país – tudo isto poderá significar novos e grandes negócios no futuro. E se nós não os aproveitarmos, outros os aproveitarão, certamente.

“É preciso entrar de forma segura” Como entrar no mercado angolano? O mercado angolano é muito específico. É preciso chegar lá de uma forma segura. A meu ver, deverá contactar-se, primeiro que tudo, com a Agência Angolana de Investimentos. Quando lá estivemos contactámos uma sociedade de advogados. Importa realmente tomar algumas precauções, desde logo, negociar com os parceiros certos e não com o primeiro que apareça. Mas não há problemas? Eu diria que os problemas tanto acontecem em Angola como noutros mercados. Obviamente que, falando em mercados europeus e americanos, o nível das estruturas é mais fácil. Mas há mercados em que só se entra com grandes precauções, como acontece em Angola. Daí a não ir para mercados com mais risco, eu acho que vai uma grande distância. É sempre possível ultrapassar dificuldades. Resumindo... Acho que Angola é um mercado onde podemos entrar e que necessita da acção das nossas empresas. Por isso, acho que somos um parceiro natural de Angola. Qual a posição do Conselho Empresarial do Centro? Olhamos para o mercado angolano como um mercado prioritário. Por isso, deslocámo-nos àquele país recentemente, tal como fizemos já ao Brasil, a Cabo Verde e à região da grande Paris, onde estão instalados imensos empresários portugueses. E, em termos concretos, que negócios foram feitos em Luanda? Na nossa estadia em Angola, para provar a utilidade do investimento naquele país, tivemos oportunidade de assinar protocolos com a Agência Angolana de Investimentos, com a Câmara de Comércio e Indústria de Angola e com a Câmara de Comércio e Indústria LusoAngolana. Desta forma, podemos ajudar agora os nossos empresários a chegar a Angola devidamente orientados.


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DINHEIRO

BANCA

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AUTOMÓVEIS

Lucros caíram 16,5% em 2008

Experiência Skoda na Feel Woman 2009

O volume de crédito concedido elevou–se a 277 mil milhões de euros no ano passado, correspondendo a mais 12,4 por cento comparativamente a 2007. Rede tem agora mais 294 balcões. lucro registado pelos bancos com actividade em Portugal caiu 16,5 por cento em 2008, para 2,05 mil milhões de euros, face a igual período do ano anterior, anunciou a Associação Portuguesa de Bancos (APB). “Os resultados líquidos espelham os indicadores de rendibilidade, tendo sido fortemente penalizados pelo volume excepcional de dotações para provisões e pelo reconhecimento de imparidades (perdas potenciais) nas carteiras de títulos e do crédito”, justifica a APB. O rácio que mede a rentabilidade dos activos (ROA) situou–se em 0,51 por cento em 2008, enquanto o rácio que mede a rentabilidade dos capitais próprios se fixou em 10,63 por cento no ano passado, ao registarem uma queda de 17 pontos de base e de 362 pontos de base, respectivamente, face ao ano precedente. A evolução dos recursos de clientes registou um crescimento de 11,3 por cento, para 173 mil milhões de euros, para o qual “terá contribuído uma maior procura dos aforradores por produtos tradicionais”, salienta a

O

Associação. Os bancos tiveram um desempenho positivo, nomeadamente na captação de depósitos a prazo e de poupança, como consequência da crise dos mercados de capitais que afectaram o comportamento dos produtos de desintermediação, sobretudo dos fundos de investimento, acrescenta a APB. O volume de crédito concedido elevou–se a 277 mil milhões de euros em 2008, correspondendo a mais 12,4 por cento comparativamente ao ano anterior. Por sua vez, as responsabilidades representadas por

títulos ascenderam a 64 mil milhões de euros, mais 16,3 por cento, reflectindo o recurso das instituições à emissão de dívida titulada, nomeadamente através de programas de papel comercial, de EMTN (Euro Medium Term Notes) e de obrigações hipotecárias. O resultado financeiro, com uma variação positiva de 8,4 por cento, apresentou uma recuperação da taxa de crescimento face a períodos anteriores, reflectindo o efeito volume de actividade (os activos financeiros médios aumentaram 12,4 por cento) dado que a margem fi-

nanceira sofreu uma diminuição de 6 pontos de base. O indicador de relevância dos custos no produto bancário, ou “cost–to–income”, demonstra uma melhoria dos níveis de eficiência ao ter ficado 3,9 pontos pontos percentuais abaixo do ano anterior, com um valor de 50,65 por cento. O activo líquido, que se elevou a 431 mil milhões de euros, registou um crescimento de 12 por cento face a 2007. Já a rede bancária manteve a tendência verificada desde 2007, tendo aumentado em 294 balcões.

CONTA CORRENTE Caixa cria fundos para as empresas O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Faria de Oliveira, anunciou que o banco público vai criar dois novos fundos para as empresas com o objectivo de dinamizar a economia portuguesa. “Nós vamos criar um fundo mais voltado para o empreendedorismo à inovação para projectos que tenham a ver com novas iniciativas empresariais e outro para empresas com alguma dimensão para crescerem e reforçarem os capitais próprios para entrarem em novos mercados externos”, rvelou o responsável da CGD.

Banif aumenta capital O Banif vai fazer um aumento de capital de 150 milhões de euros para cumprir a recomendação do Banco de Portugal em relação aos rácios de capital.”Vamos levar à Assembleia-Geral de 31 de Março a proposta de aumento de capital de 350 para 500 milhões de euros”, anunciou o presiden-

te e maior accionista do grupo, Horário Roque, adiantando que a Rentipar, accionista maioritário, “vai acompanhar na medida em que for necessário”. O objectivo é chegar aos oito por cento de capitais próprios de base, que no final de 2008 eram de 6,84 por cento.

Santander adere às renováveis O Banco Santander Totta aderiu ao programa de incentivo à utilização de energias renováveis lançado pelo Governo, disponibilizado condições de financiamento preferenciais, na aquisição de painéis solares térmicos e financiamento da totalidade do valor pago pelo cliente. Os interessados têm três soluções de equipamento disponíveis e beneficiam da comparticipação imediata do Estado no valor de 1.641,70 euros. O banco financia a parte paga pelo cliente com uma taxa de juro indexada à Euribor a 3 meses acrescida de um spread de 1,5 por cento, pelo prazo máximo de 72 meses ou 84 meses no caso de habitação abastecida a gás natural.

A Skoda foi a primeira marca automóvel presente na Feel Woman, a feira de experiências de marca dirigida ao público feminino, que decorreu na Cordoaria Nacional, em Lisboa, entre os passados dias 20 e 22 de Março. No espaço Skoda, o público feminino teve oportunidade de ficar a conhecer ao vivo o SkodaFabia Topper, um automóvel utilitário jovem, elegante e dinâmico, e o SkodaRoomster, um modelo prático, espaçoso e muito versátil. E porque a experimentação e aprendizagem são elementos chave da exposição, a Skoda lançou um divertido desafio, oferecendo 20 finsde-semana ao volante do SkodaFabia Topper com o depósito de combustível cheio às participantes que fizessem os melhores tempos na prova. Os embaixadores da mar-

ca, Pedro Lima, Marta Leite Castro, Liliana Aguiar e Sara Kostov interagiram com o público no espaço Skoda em vários momentos do evento, transmitindo a sua experiência com a marca e revelando os inúmeros atributos dos automóveis em exposição. Na Feel Woman, evento de brand experience dirigido ao público feminino, participaram 236 marcas expositoras, das mais diversas áreas, distribuídas num espaço de 10.600 m2, port one passaram mais de 50 mil visitantes, A Skoda é representada em Portugal pela SIVA – Sociedade de Importação de Veículos Automóveis, SA. Constituída em 1987, distribui também no mercado nacional as marcas Volkswagen, Audi e Volkswagen Veículos Comerciais, assim como as marcas de prestígio Bentley e Lamborghini.

Volkswagen apresentou comerciais na Segurex A Volkswagen Veículos Comerciais apresentou na Segurex – Salão Internacional da Protecção e Segurança, que teve lugar na FIL, em Lisboa, entre 18 e 21 de Março, um importante conjunto de novidades. Uma delas, a Volkswagen Caddy Maxi Ambulância, teve mesmo estreia mundial e outra, a Volkswagen Transporter Roader, para transporte de viaturas, estreia nacional. Foram apresentadas ainda a Volkswagen Transporter SchoolBus Puré, com motorização GPL, e outras oito viaturas com soluções profissionais para todas as necessidades. A Caddy Maxi surge pela primeira vez a nível mundial transformada em versão ambulância. A Transporter Roader é um reboque de viaturas com piso rebaixado, que permite, na versão com 4.575 kg de peso bruto,

o transporte de viaturas com um peso até 2.605 kg. Na versão ligeira consegue transportar até 1.530 kg. A Transporter School Bus Pure foi uma das novidades no stand da marca na Segurex. Com uma motorização híbrida GPL/Gasolina de 116 cv., a Transporter School Bust Pure mantém as características intrínsecas que fizeram da Transporter um caso de sucesso neste segmento. No stand da Volkswagen Veículos Comerciais esteve também exposta uma ambulância da gama Transporter, de tipologia A1 (Auto Maca de Transporte). A quem procura uma ambulância com muito espaço, a Volkswagen propõe a Crafter, em tipologia A2 (Transporte de doentes em cadeiras de rodas) e B (Auto Maca de Socorro).


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A relevância do risco em tempos de crise

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“A falta de compreensão acerca da importância do empreendedor tem retirado capacidade concorrencial aos países”, argumenta João Leitão, investigador no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, que, juntamente com Rui Baptista, também docente e investigador no IST, reuniu artigos de especialistas europeus e americanos “sobre a necessidade de repensar as políticas públicas de empreendedorismo”. O livro “Public Policies for Fostering Entrepreneurship: A European Perspective”, da editora Springer, tem por base “a análise de diversos casos de implementação de políticas de empreendedorismo e inovação, no espaço europeu” – http: //www.springer. com/economics/policy/ book/978-1-4419-0248-1 Um dos lançamentos está agendado para Chicago, por ocasião da Academy of Management, em Agosto, onde os autores irão apresentar também trabalhos de sua autoria, subordinados à temática de empreendedorismo. Como ponto de partida, ambos consideram “necessário irrigar as instituições públicas com capital humano jovem e independente, dotado de uma orientação que contemple, simultaneamente, o empreendedorismo e a inovação”. A partir daí, “deve haver um fomento da cultura de risco”, com “mudanças profundas” a operar por intermédio de “políticas públicas que reabilitem condutas que comportem um risco elevado”. Para Leitão e Baptista não há outro remédio senão “os indíviduos passarem a considerar a opção de serem empreendedores como uma parte do probema de escolha ocupacional”, que irão, permanentemente enfrentar ao lonto do seu trajecto de desenvolvimento pesoal e profissional.

EMPREGO

DESEMPREGO FORMAÇÃO

469.299 desempregados

IEFP tem maior orçamento de sempre O reforço de 322 milhões de euros face ao montante inicialmente previsto destina-se a responder às medidas de apoio ao emprego e formação profissional aprovadas pelo Governo. Orçamento Suplementar aprovado no último conselho de administração do Instituto actualizou, em 38,9 por cento, os valores do orçamento inicial para 2009, depois da introdução do plano de apoio financeiro ao emprego e de protecção social aos desempregados, apresentado pelo Governo em Dezembro para fazer face à crise (Iniciativa Emprego 2009). Em termos de metas, o reforço efectuado, que totalizou os 322 milhões euros (para 1.328,8 milhões de euros), prevê abranger mais 102 mil pessoas, face ao orçamentado para este ano, para um total de 596.339 indivíduos. “A evolução das medidas de emprego é bastante significativa, quer em termos de metas, quer em termos de dotações inscritas, resultado da introdução das novas medidas”, sublinhou o presidente do IEFP, Francisco Madelino, referindo tratar-se da maior despesa de sempre do instituto. Para Francisco Madelino, trata-se, por um lado, de uma “intervenção de fundo que tem a ver com a dimensão estrutural e que o país deve continuar a fazer” e, por outro, de uma intervenção muito significativa para dar resposta às matérias de emprego e formação profissional numa conjuntura de crise. A dotação dos programas de emprego mais do que duplicou (subiu 103 por cento) entre o orçamento inicial e o ordinário para os 454,9 milhões de euros. Dentro desta rubrica, os estágios profissionais foram os que mais contribuíram para aquela evolução, ao subirem 123 por cento para 174,2 milhões de euros, o que reflectiu a inclusão dos novos estágios profissionais – alargamento do grupo etá-

O

rio de beneficiários até aos 35 anos – que se estima vir a abranger ao longo do ano 12.000 jovens. Os montantes disponíveis para a criação de empresas foram por sua vez reforçados em 45 milhões de euros (mais 61,4 por cento relativamente ao orçamentado inicialmente pelo IEFP), prevendo-se com esta medida a criação de 1.600 novas empresas e 3.000 postos de trabalho. Os novos apoios à contratação – sempre que as entidades optem pelo adiantamento de 2.000 euros e dois anos de isenção da Taxa Social Única (TSU) na contratação de jovens à procura do primeiro emprego, desempregados de longa duração e a adultos com mais de 55 anos – são responsáveis por uma dotação de 64 milhões de euros. As novas medidas relativas à empregabilidade de grupos desfavorecidos foram ainda responsáveis por um reforço de 63,8 por cento, para 76,8 milhões de euros. Ao nível da formação profis-

sional, o Orçamento Suplementar do IEFP reflecte essencialmente duas alterações, o reforço dos cursos de educação e formação de adultos em 5.000 pessoas e 14 milhões de euros, enquadrada nas medidas de dupla certificação. A dotação prevista para a rubrica da formação é de 463,4 milhões de euros, uma verba superior em 20,6 por cento, face ao orçamento inicial do IEFP e a dotação afecta às medidas de reabilitação profissional, por sua vez, dispararam 79,4 por cento para 115,6 milhões de euros. A implementação e operacionalização da Iniciativa Emprego 2009 resulta numa previsão de crescimento global da receita do IEFP de 36,3 por cento, com um ajustamento de 0,1 por cento valor inscrito em receitas próprias por orientação da Direcção-Geral do Orçamento (DGO) e com o reforço de 105,8 por cento (338,6 milhões de euros) de verbas associadas a fundos comunitários.

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego disparou 17,7 por cento em Fevereiro, face ao mesmo mês de 2008, prolongando a subida iniciada em Outubro e marcando o acréscimo mais elevado desde Dezembro de 2003. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de desempregados inscritos no final do mês passado totalizava os 469.299, mais 70.720 inscrições do que em Fevereiro de 2008. Relativamente a Janeiro, o número de inscritos subiu 4,8 por cento, resultado de um acréscimo de 21.333 desempregados. Para o aumento do número de desempregados inscritos nos centros de emprego em relação a Fevereiro de 2008 contribuíram essencialmente a subida do desemprego entre os homens (mais 30,7 por cento), entre jovens (mais 17,6 por cento) e adultos (17,8 por cento). A procura de um novo

emprego (que justificou o registo de 92,3 por cento dos desempregados) aumentou 19,8 por cento face ao mês homólogo, enquanto a procura de primeiro emprego diminuiu no período considerado 2,1 por cento. Todos os níveis de habilitação escolar apresentavam mais desempregados do que há um ano, com os que possuíam o 2º e 3º ciclos do ensino básico a registarem os aumentos mais elevados, 25,4 por cento e 24,2, respectivamente. Os licenciados, por sua vez, totalizaram os 40.915 registos, mais 5,3 por cento do que os registados em Fevereiro de 2008.

Aumentos em Fevereiro ALGARVE – 40,5% LISBOA E VALE DO TEJO – 29,3% MADEIRA – 22,8% CENTRO – 18,6% ALENTEJO – 18% NORTE – 15,8% AÇORES – 15,5%

Governo garante 40 mil estágios profissionais O primeiro-ministro anunciou que até ao fim deste ano haverá um aumento para 40 mil estágios profissionais destinados a jovens e que já há 21 mil portugueses a trabalhar em programas de formação no âmbito da iniciativa “Emprego 2009”. Segundo José Sócrates, os dados recentemente divulgados pelo IEFP traduzem um aumento do desemprego em Portugal, como em todos os países da

Europa. “Estamos a viver uma crise mundial sem precedentes, mas este Governo está a fazer tudo o que se encontra ao seu alcance, canalizando o máximo de recursos públicos possíveis, para defender o emprego e as empresas”, declarou o chefe do Governo. José Sócrates garantiu que os 25 mil estágios profissionais para jovens existentes em 2008 serão aumentados para 40 mil em 2009.


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Economia&Empresas

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MAKETING E PUBLICIDADE

CRÒNICA

JOSÉ MENDES SILVA *

“MADE IN AVEIRO”

Fiamma serve café em 37 países Nos últimos três anos, a exportação cresceu sempre na casa dos 15%. “Quanto mais notoriedade a marca atinge, mais o mercado a procura. Isso entusiasma–nos muito”, afirma o administrador. m 1980 um grupo de empresários, ávidos de novas oportunidades de negócio, decidiram iniciar o fabrico de máquinas de café a partir de Aveiro. A Fiamma, marca da RST - Construtora de Máquinas e Acessórios, dava os primeiros passos inspirada nos modelos italianos que dominavam o mercado da importação. A experiência no sector metalúrgico, com muitas tradições na região, começara, no entanto, 17 anos antes, com algo completamente diferente: o fabrico de carregadores de bateria de automóvel, que ainda hoje são um sucesso de vendas, fornecendo, por exemplo, a Tudor.

E

Pedro Serra, filho de um dos dois fundadores no activo e actual presidente, Nelson Serra, é, apesar da juventude dos seus 31 anos, o administrador da Fiamma, com a parte comercial à sua responsabilidade. “A vontade dos sócios que criaram a empresa foi sempre fabricar alguma coisa”, lembra. Os fundadores “arriscaram nesse caminho” depois de terem actividades como representantes comerciais enquanto importadores de máquinas de café. A partir de determinada altura, compraram apenas os componentes de Itália e iniciaram a montagem por sua conta e risco na fábrica dos carregadores de bateria.

PERFIL Pedro Serra cresceu na empresa Apesar da sua juventude, nota-se que Pedro Serra, aos 31 anos, está manifestamente à vontade no lugar de administrador da Fiamma com o exigente pelouro comercial. Natural e residente em Aveiro, cresceu na empresa fundada pelo pai há três décadas. Por isso, quando acabou a licenciatura em Economia dispensou os estágios profissionais. Casado, com dois filhos, passa oito a 15 dias por mês fora de Portugal a tratar de negócios da empresa em vários continentes, com especial relevância para as sucursais de Angola e do Brasil. Normalmente, “o tempo livre é para a família”. Outros prazeres da vida são o cinema e confraternizar com amigos “à mesa”. Não dispensa café, dois de rajada ao começar o dia, para andar “desperto”. Claro, tirados nas máquinas da casa.

“Para alargar a gama solicitada pelo mercado hoteleiro”, seguiram–se os moinhos de café, a tostadeira e “por aí fora”, até, mais recentemente, aparecerem máquinas de lavar Fiamma. 30.000 equipamentos saem da fábrica por ano. Dois a três são novos modelos desenvolvidos internamente pelo gabinete de Investigação & Desenvolvimento (I&D) ou adquiridos “chave na mão” a gabinetes externos, envolvendo também centros de investigação universitários nacionais. A principal concorrência de máquinas de café para profissionais (hotelaria) continua a vir de Itália, que tem quatro dezenas de fabricantes. A Fiamma, líder nacional destes equipamentos, vende em Portugal 45% do que fabrica, o que é absorvido em 90% pelos torrefactores (marcas de café ou distribuidores). O “grande esforço” é concentrado na exportação, que chega a 37 países. Apreciadores de café na Europa, Médio Oriente, Austrália, Taiwan e Macau são servidos por máquinas “made in Aveiro”. “O café expresso, com todas as sua variações, está a crescer no mundo todo, temos de estar atentos”, diz Pedro Serra, o que resulta, em grande medida, do incre-

mento de viagens de turismo ou negócios. Para corresponder às variações da forma como se toma café em cada país, existem acessórios que permitem fazer algumas adaptações, por exemplo, ao tamanho dos copos. Nos últimos três anos a exportação cresceu sempre na casa dos 15%. “Quanto mais notoriedade a marca atinge, mais o mercado a procura. Isso entusiasma–nos muito”, afirma o administrador.A retracção dos mercados faz–se sentir, ou não estivessem os seus clientes alvo também “a sofrer”. No entanto, a empresa acredita que pode encontrar alguns destinos “interessantes”, como Angola e o Brasil, onde montou subsidiárias. O regresso em força da “moda” das máquinas de café para uso doméstico, tipo Nespresso, não assusta. A “aposta” da Fiamma, que facturou em 2008 cerca de seis milhões de euros, é desenvolver novos equipamentos “com mais valor acrescentado”. Para crescer, a empresa onde trabalham 65 pessoas beneficia do facto de se inserir num grupo mais alargado, com negócios de representação comercial em Portugal continental, na Madeira e no estrangeiro.

O marketing financeiro no momento actual

O marketing é muitas vezes confundido ou percepcionado pelo público em geral como sendo comunicação ou simplesmente publicidade. No entanto, a comunicação é um meio ou um veículo importante, mas não deixa de ser apenas uma das componentes do marketing. Marketing é um exercício constante de definição da estratégia adequada que se traduz em acções concretas para que as organizações transmitam valor aos seus Clientes (ou Públicos) através de produtos ou serviços e que sejam recompensadas por isso mesmo. Não poderá existir marketing eficaz se a organização não tiver como orientação central o seu “mercado alvo”, ou seja se não conhecer profundamente que necessidades ou desejos existem e não estão ainda satisfeitos (ou totalmente satisfeitos) e que portanto a organização poderá conseguir satisfazer melhor e, em última análise, exceder as expectativas com o seu serviço. Para superar as expectativas dos Clientes, a criatividade é cada vez mais um elemento diferenciador, num ambiente muito competitivo e com ruído permanente. O conhecimento dos comportamentos, atitudes, desejos e objectivos dos Clientes é fundamental. Hoje em dia assistimos a uma capacidade muito superior de personalização, de adequação dos produtos e serviços à medida de cada Cliente. A banca tem acompanhado e em muitos casos liderado este incremento de capacidade. Dada a especificidade de alguns produtos e serviços financeiros e em alguns casos a complexidade das soluções apresentadas, o marketing financeiro tem que ter também em consideração o papel pedagógico, formativo e esclarecedor dos bancos ao público em geral e em particular aos seus Clientes. A análise e monitorização dos níveis de satisfação dos Clientes com o serviço bancário são fundamentais para acrescentar valor à estratégia de marketing dos bancos. Não será demais referir a importância da fidelização dos Clientes em qualquer actividade, à qual os serviços financeiros não são excepção. Os Clientes são também um dos principais veículos de promoção das organizações. Um Cliente encantado com o serviço que recebe é um apóstolo da marca que transmite a sua experiência de forma entusiasmante e isso traduz-se na melhor forma de marketing “one-to-one”. No Barclays mantemos a grande preocupação de conhecer cada Cliente e de seleccionar, do leque muito alargado que constitui a nossa oferta bancária, os produtos e serviços financeiros que melhor servem as necessidades específicas que cada um dos nossos Clientes apresenta num dado momento. Esta é a razão de ambicionarmos servir cada Cliente com um Gestor que o conhece pessoalmente e de apresentarmos modelos de serviço e propostas de valor diferenciadas que se enquadram naquilo que é efectivamente valorizado por cada Cliente. Assim, dependendo das suas necessidades e objectivos, cada Cliente poderá ser mais ou menos acompanhado, escolher as formas através das quais quer comunicar com o banco, aceder ou não a serviços mais exclusivos, sempre numa perspectiva de valorização da relação que o Cliente tem com o Barclays. As dificuldades financeiras e económicas que vivemos actualmente preocupam-nos a todos. Os desafios que os bancos têm neste momento são grandes. No Barclays temos a preocupação de procurar informar mais e melhor, proporcionar melhor serviço em condições ainda mais vantajosas, continuar a garantir sempre a transparência da nossa actuação, mantermo-nos como uma fonte determinante de financiamento responsável das famílias e das empresas e continuar próximo da comunidade, também com uma presença solidária. Acreditamos que nossa capacidade de resposta rápida e com medidas de acção eficazes ao serviço das empresas e das famílias está já a contribuir para a forma como Portugal vai ultrapassar a actual crise e se vai posicionar para potenciar o crescimento futuro. O Barclays continua a acreditar e a investir no mercado Português. * Marketing Particulares Barclays


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Economia&Empresas

INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

FILIPE OLIVEIRA advogado

I&D

Calçado Crioestaminal incentiva para consumidores O eterno investigação biomédica com peso em excesso problema das letras pequeninas

Com o eclodir da grave crise financeira que assola o mundo, que começou nos EUA em 2007 e que alastrou ao resto do mundo em 2008, deparámo-nos com uma realidade de mercado e toda uma terminologia a ele associada que, para o comum dos mortais, parece saída de um qualquer guião para um filme que esperaríamos nunca ver realizado. Aquilo que mais chama a atenção é o facto de que todos os casos mais agudos de fragilidade financeira envolvem instituições financeiras que não tinham, pela regulação existente antes da eclosão da crise, acesso às operações de redesconto da autoridade monetária. Esta é uma característica daquilo que é denominado por shadow banking system, instituições não bancárias que actuam como bancos sem serem reguladas. O sistema bancário recorreu às instituições do shadow banking system, numa primeira fase para procurar cobertura dos seus riscos de câmbio, de juros, de preços de mercado, e numa segunda fase, mais recente, buscando formas de retirar os riscos dos seus balanços com o objectivo de alavancar as suas operações sem ter de reservar os coeficientes de capital exigidos. O resto da história é por todos conhecida. Sem dispor de reservas de capital e com activos cuja liquidez desapareceu desde a eclosão da crise em 2007, fazendo com que o seu preço deixasse de ter cotação, as instituições financeiras reguladas acabaram numa péssima situação financeira e, muitas delas, à beira de insolvência. Estamos perante a prática de um crime económico? Está o nosso quadro jurídico-normativo preparado para dar resposta a esta nova realidade? Incorre em responsabilidade pelos danos causados quem – o intermediário financeiro -, pela sua conduta, induz em erro o cliente, nomeadamente garantindo o retorno e a ausência de risco na aquisição de determinado produto estruturado, produto este que na esmagadora maioria das vezes está nas sociedades offshore. Aquilo que era suposto ser um simples depósito a prazo, muitas das vezes mais não é do que a compra de um produto de risco. Este panorama traz-nos outra realidade: um tipo de crimes pouco usuais e que raramente chegam às barras dos tribunas, os chamados crimes contra o mercado, previstos e punidos no nosso Código dos Valores Mobiliário (CMVM), o qual tipifica, como ilícitos penais, quer o abuso de informação privilegiada (Art. 378º), quer a manipulação do mercado (Art. 379º). Atentemos quanto a este último: Nos termos do Art. 379º do CMVM “quem divulgue informações falsas, incompletas, exageradas ou tendenciosas, realize operações de natureza fictícia ou execute outras práticas fraudulentas que sejam idóneas para alterar artificialmente o regular funcionamento do mercado de valores mobiliários ou de outros instrumentos financeiros é punido com prisão até três anos ou com pena de multa”. Poderão os clientes de bancos que sabem, agora, que não fizeram depósitos a prazo, mas que adquiriram, contra as suas expectativas, produtos de risco reaver o seu dinheiro? E poderão responsabilizar o banco pela sua conduta? Quanto à primeira pergunta, infelizmente, a resposta parece-me ser negativa. Não se tratando de depósitos bancários, mas sim de aplicações financeiras de risco, não há lugar à restituição do dinheiro confiado à instituição (a mais das vezes esse dinheiro não entrou, sequer, no balanço do banco). Quanto à responsabilização do banco, dos titulares dos seus órgãos de administração ou agentes, é uma questão de prova, isto é, da prova de que os contratos que assinaram garantiam o retorno do dinheiro investido e com total ausência de risco, como qualquer depósito bancário. Ora a realidade será, estou em crer, bem diferente: os contratos assinados terão, certamente, cláusulas particulares onde está previsto o risco do investimento e a desoneração do banco se tal suceder. É o eterno problema das letras pequeninas ...

O incentivo à investigação nacional, através de um galardão que distingue com 20 mil euros o melhor projecto na área das ciências biomédicas, é o objectivo do Prémio Crioestaminal 2009, numa parceria com a Associação Viver a Ciência. As candidaturas, para investigadores que trabalhem em Portugal, estão abertas até 11 de Maio. Em 2008, a quarta edição recebeu 39 candidaturas, em diversas áreas da biomedicina, incluindo neurociências, imunologia e cancro, tendo sido premiado um projecto lidera-

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OPINIÃO

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do pelo cientista Lino Ferreira, que visa desenvolver novas terapias com células estaminais para a regeneração do músculo cardíaco pós-enfarte. O trabalho do investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNBC/UC), pós-doutorado pelo Instituto de Tecnologia do Massachusets (MIT), foi premiado por constituir “um ponto de partida importante para a descoberta de novas técnicas para o tratamento de patologias do foro cardiovascular”, refere nota da empresa.

Três projectos inovadores de calçado de elevado desempenho para consumidores com sobrepeso, e de propriedades térmicas e biomecânicas foram apresentados nas III Jornadas “ShoeInov”, em S. João da Madeira. A divulgação decorreu no âmbito do eixo Inovação, do Programa de Acção para a Fileira do Calçado “FOOTure”, que prevê um investimento de mais de 60 milhões de euros na modernização tecnológica das empresas, até 2015. De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Compo-

nentes, Artigos em Peles e Sucedâneos (APICCAPS), as jornadas foram essencialmente aproveitadas para mostrar os resultados dos três primeiros projectos: o AdvancedShoe (calçado de elevado desempenho), o Stress-Less Shoe (calçado com características minimizadoras do stress mecânico da locação para consumidores com sobrepeso continuado e ocasional) e o BionicPhoot (calçado com propriedades térmicas e biomecânicas capazes de reduzir a humidade ou absorver o choque).


14 Economia&Empresas 28 MARÇO 2009

TURISMO

SUGESTÕES

DESTINOS

RESTAURAÇÃO

Portugueses vão fazer férias cá dentro

Cerca de 55 por cento dos portugueses preferem o nosso país como destino de férias em 2009, enquanto que 44,53 por cento escolheram o estrangeiro, destacando-se Espanha, Brasil e França como preferenciais. Segundo o estudo TTT (Tourism Think Tank) “Viagens dos Portugueses em 2009”, realizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) em parceria com a MultiDados, “os portugueses vão viajar este ano tanto ou mais do que em 2008 e vão manter o consumo médio ou até aumentá-lo, preferindo destinos mais próximos em Portugal”. Outra conclusão do relatório, que antecipa as intenções de compra de viagens pelos portugueses este ano, aponta Espanha como destino internacional preferido pelos portugueses para as suas viagens, com 8,56 por cento na primeira escolha, seguindo-se Brasil e França com 7,94 por cento e 4,94 por cento, respectivamente. Outra parte do estudo aborda a opinião dos portugueses sobre a hotelaria nacional, concluindo que os inquiridos defendem a “boa qualidade de serviços e atendimento” (28,26 por cento), seguindo-se a “simpatia” e a “amabilidade”, com 12,79 por cento. O estudo identifica ainda algumas razões para que a compra de férias seja feira através das agências de viagens tradicionais, entre as quais está o conhecimento de quem vende, que que transmite segurança a 13,6 por cento dos inquiridos. O objectivo deste estudo destinouse à obtenção de indicadores sobre a perspectiva de viagens dos portugueses em 2009, tendo para isso sido inquiridas 3.293 pessoas de todas as idades e de ambos os sexos.

Por esse rio acima Já se navega na totalidade do Douro nacional desde o início do mês, com a reabertura das eclusas do Carrapatelo, Régua e Pocinho, tendo-se dado assim início à época de cruzeiros e barcoshotel, entre o Porto e Barca d’Alva. Há quem sonhe com cruzeiros no Douro nos 365 dias do ano, “numa via sem restrições”, entre o Porto e Barca d’Alva. Ainda não é possível. Actualmente, o rio só pode ser percorrido, nos 210 quilómetros daquele trajecto, em escadaria, através de cinco barragens e respectivas eclusas. Mas vale bem a pena tomar um daqueles barcos-hotel que, no início do mês, recomeçaram a navegar e ir por ali adiante, a admirar paisagens de impressionante beleza. A região está, de resto, classificada como Património da Humanidade desde 2001. Várias empresas propõem, para o efeito, paco-

tes turísticos, mas só três navegam até Barca d’Alva. A partir daí, uma zona de “muito pé”, ficam excluídos todos os barcos de médio porte até à barragem de Saucelhe – sem eclusa – para o resto dos 120 quilómetros de rio internacional. Cada barco-hotel permanece dois dias no cais de Barca d’Alva, o que agrada aos habitantes locais, e “os ingleses”, como lhes chamam, sobem duas vezes por semana a Figueira de Castelo Rodrigo para visitar a sua Aldeia Histórica, o Convento de Santa Maria de Aguiar, um conjunto de painéis de azulejos pintados à mão existente no edifício dos Paços do

Concelho e contactarem com a cultura e as tradições locais. Emílio Mesquita, autarca de Vila Nova de Foz Côa, esse não vê cruzeiros “parar” no seu concelho, apesar de ter um cais “estratégico para acostagem de barcos no Pocinho”, mas que não está “de maneira nenhuma em condições para projectos turísticos”. “A ampliação e requalificação do cais do Pocinho estão ainda em fase de projecto, que prevê um hangar para remo, um restaurante, sanitários e lojas para venda de artesanato”. Para Emílio Mesquita, “as empresas que navegam no Douro, de uma maneira geral, operam em circui-

to fechado”, e para “esse turismo de grande escala, terão de ser criados pontos de atracção, actividades e algum chamariz que as façam parar”. “Com o Museu do Côa, que poderá alterar tudo isto, penso que os próprios operadores vão ter interesse em fazer ali uma paragem, que para além do cais de acesso, cujo local está já identificado, terá uma estação na linha de comboio, que tem que ser feita”, acredita o autarca. Por seu turno, António Edmundo, presidente da autarquia de Figueira de Castelo Rodrigo, acredita que “a linha Pocinho – Barca d’Alva será uma porta inevitável para Espanha (sobretudo Salamanca e Zamora) e um cais de partida para as visitas ao Douro e ao Vale do Côa”. “Agora que se avizinha a abertura do Museu do Côa, obra que deverá colocar a região a funcionar com Espanha, só o último troço ferroviário que falta ao Douro complementará os fluxos fluviais, que são já uma realidade”, preconiza. “É um investimento âncora para a nossa região e, desde a primeira pedra, defendemos numa petição que esse museu deveria ter acessibilidades rodoviárias, fluviais e ferroviárias, sob pena de se tornar um elefante branco”, salienta. A curto prazo deverá ser inaugurado o segundo cais de acostagem de Barca d’Alva, um passeio ribeirinho que liga o rio Douro à foz do Águeda. Segundo a autarquia, desembarcam anualmente no cais turístico fluvial cerca de 40.000 turistas, vindos de cruzeiros efectuados no

À MESA A excelência do peixe na... Serra da Estrela

Restaurante Galeria AQUARIU’S Av. Cidade de Salamanca, nº2-r/c 6300-538 GUARDA www.rest-aquarius.com

Apesar de situado numa região interior inserida no flanco nordeste da Serra da Estrela, o Restaurante Aquariu´s, dirigido por Jorge Silva e que nos dois últimos anos foi galardoado com o GARFO DE OURO do Diário As Beiras, confecciona diariamente peixe fresco proveniente das principais lotas portuguesas – Peniche, Lisboa, Figueira da Foz, Nazaré. A vitrina, de resto, não engana: lá estão, entre outras espécies de excelência, acabadinhas mesmo de chagar, o cherne e o rodovalho, o robalo e o linguado, o salmão, a dourada e o sargo, bem como, praticamente, toda a gama de mariscos,

com destaque para o lavagante e os camarões “tigre” de Moçambique. Também não faltam, obviamente, as carnes, todas com denominação de origem – vitela mirandesa, cabrito beirão, enchidos tradicionais. A clientela é variada, maioritariamente constituída, é claro, por portugueses, mas não faltam s espanhóis. Poderão lá encontrarse, ao almoço ou ao jantar, lado a lado, empresários e proprietários agrícolas, vendedores e artistas, políticos e jornalistas, operários e turistas. Jorge Silva, o proprietário da unidade, insiste, aliás,

Financiamento bonificado para novos investimentos As empresas do sector da Restauração e Bebidas poderão obter financiamento bonificado, criado pelo Turismo de Portugal, no âmbito da Linha PME Investe II, com taxa correspondente à Euribor a três meses menos 0,5%, para um prazo de quatro anos, que pode ir até cinco anos, no caso das empresas qualificadas com o estatuto de PME Líder, tendo em vista, nomeadamente, investimentos novos em activos fixos corpóreos ou incorpóreos ou aumento de fundo de maneio associado ao incremento da actividade da empresa. Estas operações de crédito beneficiam de garantia até 50% do capital em dívida, emitida por uma Sociedade de Garantia Mútua (SGM) com o limite e 3.750 mil euros por empresa, ou 4.500 mil euros no caso de grupos de empresas que tenham contas consolidadas, totalmente bonificada. Os bancos poderão igualmente exigir outras garantias adicionais, sendo constituídas em pari passu também a favor da SGM e das autoridades de gestão do QREN para efeitos de recuperação de montantes bonificados, em caso de caducidade da bonificação. Poderão beneficiar desta linha as empresas proprietárias e/ou exploradoras de estabelecimentos de Restauração e Bebidas que comprovem possuir Certificação PME on-line, atribuída através do site do IAPMEI em www.iapmei.pt. em associar a gastronomia com a arte (escultura e pintura), mantendo aberta uma galeria anexa onde permanentemente são expostos quadros e peças de famosos autores nacionais e estrangeiros. Por lá passaram também já nomes sonantes da música portuguesa, como os UHF, Sérgio Godinho, Arlindo de Carvalho, Quim Barreiros, Luís Represas, Paulo Gonzo, os políticos Idália Moniz, João de Deus Pinheiro, Augusto Mateus, Alberto Costa, António José Seguro, os intelectuais Daniel Sampaio e Adriano Vasco Rodrigues, o atleta Francis Obikwelo, o montanhista João Garcia. “Saborear é também uma manifestação de arte.


28 MARÇO 2009

Economia&Empresas

SUGESTÕES

TENDÊNCIAS

LIVROS

Duas dezenas e meia de joalheiros de Guimarães juntaram-se para produzir peças únicas e requintadas para animais de companhia – coleiras com diamantes, bolas de Natal em prata maciça, malas em pele de piton e com pedras preciosas. E compradores não faltam.

MUMADONA

Luxo para milionários

PESSOAS

Seja mais esperto que a crise Meta mãos à obra. Há medidas que pode tomar para defender o seu património financeiro, organizar da melhor forma o seu orçamento familiar e conseguir poupar e rentabilizar o seu dinheiro. Luís Ferreira Lopes explicalhe como. Com prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa. Preço Fnac: 13,50 euros Poupe: 1,50 euros

A

presário, pare quem, face à crise, dó havia duas soluções. “Ou ficávamos sentados à espera que a crise passasse ou íamos à luta”, sublinhou César Fernandes. “Optámos, obviamente, ela segunda”. A feira de Vicenza foi o palco para a apresentação da colecção MumaPets, de acessórios para animais, e de lá vieram novas encomendas. Malas de viagem em pele, escovas com metais preciosos, coleiras elaboradas por desenhadores, taças para a alimentação e um vasto leque de objectos, compõem a colecção dedicada aos animais de companhia. “As coleiras são as mais procuradas, desde a mais simples, feita em pele de piton e com cinco peças de prata maciça que custar cerca de 25 mil euros até ás que têm diamantes incrustados e podem chegar aos 300 mil euros”, referiu. Com o mercado alvo localizado no Brasil, Rússia, Índia e Chile, os fabricantes de jóias associaram-se a empresas privadas nos países para onde vão exportar.

Apostados na “modernidade”, os fabricantes aliaram-se a desenhadores de jóias para conceber peças únicas. O interesse em associar a cidade de Guimarães, que é património mundial, à “modernidade de peças únicas e artesanais”, pesou na escolha do nome da nova marca. A Condessa de Mumadona foi quem mandou construir o Castelo de Guimarães, o local onde terá vivido D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal e o “fundador” do país. Numa feira onde o mote era o luxo, até o stand da empresa portuguesa foi vendido. Uma recriação da Condessa de Mumadona, com dois sapos transformados em mordomos e vários porcos “que simbolizavam todos os animais do mundo”, já tem compradores. “O mercado do luxo e dos coleccionadores não está em crise e a prova é que, tudo o que fazemos, vendemos e ainda elaborados muitas peças por encomenda”, conclui César Fernandes.

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Mumadona Hand Made Jewels, uma marca criada por 25 joalheiros de Guimarães para produzir artigos de elevado valor, vendeu na Feira do Luxo, em Vicenza (Itália), aquele que foi considerado o melhor produto presente no certame – uma mala “de passeio” para um cão de pequeno porte, feita em pele de piton, com incrustações em ouro e diamantes. Preço: 50 mil euros. A empresa, criada há cinco meses, já vendeu artigos para o Dubai, Beverly Hills, Miami e alguns países árabes. “Já entregámos a uma condessa francesa a encomenda personalizada de duas taças em prata maciça, uma para sólidos e outra para líquidos, destinadas a servir a alimentação a um animal de estimação”, revelou um dos representantes da Mumadona, César Fernandes. Para um país árabe, antes do Natal, foram enviadas as bolas em prata para as decorações natalícias. “Tudo a preços justos mas elevados”, acrescentou o em-

Paulo Azevedo

Luís Ferreira Lopes

Mala de pele de piton com diamantes para cães custa 50 mil euros

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O presidente do Sonae SGPS, Paulo Azevedo, começa a incutir o seu próprio estilo de gestão ao grupo fundado pelo pai. A internacionalização será, a partir de agora, “o principal vector de crescimento futuro” do grupo nos próximos anos, visando “transformar a Sonae numa grande empresa multinacional”. O grupo procurará, para o efeito, “geografias de crescimento e mercados maduros”, acrescentou, na apresentação dos resultados de 2008 do grupo, apontando como “ambição” obter, em 2012, 25 por cento do volume de negócios e 35 por cento dos activos internacionalmente. A aposta na internacionalização será, contudo, feita “com um pé no acelerador e com outro pé no travão”, reconheceu, de forma a, “em nenhum momento, se correr algum risco para a empresa”.

Jorge Mendes Com uma carteira de jogadores avaliada em 405 milhões de euros, o empresário português Jorge Mendes lidera o “ranking” mundial de agências e agentes FIFA, segundo o sítio na Internet Futebol Finance. Cristiano Ronaldo e Anderson (Manchester United), Pepe (Real Madrid), Simão Sabrosa (Atlético de Madrid) e Ricardo Quaresma (Chelsea) são, de acordo com a mesma fonte, os cinco jogadores mais valiosos da Gestifute, cujo valor médio dos jogadores representados é de 5,4 milhões de euros. Na segunda posição, o Futebol Finance coloca a Stellar Football Ltd, dos empresários David Manasseh e Ertan Goksu, que defende 221 jogadores, entre os quais Kolo Touré (Arsenal), Ashley Cole (Chelsea), Darren Bent (Tottenham Hotspur), Peter Crouch (Liverpool) e Louis Saha (Everton), num valor global de 265 milhões de euros e cerca de 1,2 milhões de média.


16 Economia&Empresas 28 MARÇO 2009

AGENDA Assembleias-gerais até ao fim de Maio Segundo o Código das Sociedades Comerciais, as assembleias–gerais anuais dos accionistas de empresas deverão realizar–se no prazo de três meses a contar da data do encerramento do exercício, ou seja, entre Março e final de Maio. No caso de sociedades que apresentem contas consolidadas ou apliquem o método da equivalência patrimonial, poderão ter lugar no prazo de cinco meses a contar da data do encerramento do exercício. Ests reuniões destinam–se a deliberar sobre o relatório de gestão e as contas do exercício, para a apreciação geral da administração e fiscalização da sociedade, para proceder à destituição ou manifestar desconfiança quanto a administradores, bem como realizar eleições que sejam da sua competência.

“Os Dias do Desenvolvimento” O ambiente será o tema central da segunda edição de “Os Dias do Desenvolvimento”, que irá ter lugar, a 28 e 29 de Abril, no Centro de Congressos de Lisboa. A escolha do tema “Por um Mundo Sustentável - Desenvolvimento e Recursos” resultou do “cruzamento entre o ambiente e o desenvolvimento”, num ano marcante para as questões ambientais, devido à realização em Copenhaga da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que aprovará o sucedâneo do Protocolo de Quioto. Participarão nos trabalhos duas conhecidas personalidades estrangeiras - Eveline Herfkens, coordenadora executiva da Campanha do Milénio das Nações Unidas e a política britânica Clare Short, que foi responsável pela Cooperação no executivo do trabalhista Tony Blair.

ÚLTIMAS

Plataforma Logística comprometida na Guarda A infra-estrutura é generalizadamente considerada “projecto estruturante fundamental para o concelho”, mas tarda a concretizar-se, enquanto outras cidades e vilas da região anunciam já a implantação de áreas empresariais próprias. ■ José Domingos presidente do Município da Guarda, Joaquim Valente, considera que a Plataforma Logística prevista para o concelho “tem uma localização estratégica privilegiada e que são várias empresas interessadas”. Simplesmente, até agora, nenhuma lá se instalou. A PLIE, com uma área total de 96 hectares, localiza-se junto da povoação de Gata, na periferia da cidade, numa zona considerada de “excelente enquadramento paisagístico e natural”, próximo da E.M. 531, que liga a Guarda ao Sabugal. Dista apenas cinco quilómetros do centro da Guarda, 1,5 quilómetros do nó rodoviário da auto-estrada A 23 (Guarda Sul), três quilómetros do nó rodoviário das auto-estradas A 23/A 25 e muito próxima do nó ferroviário Beira Alta/Beira Baixa. A estrutura empresarial da plataforma envolve a Câmara Municipal, detentora da maioria do capital, o Grupo Luis Simões, a Joalto, Manuel Rodrigues Gouveia (MRG), a MotaEngil, o Núcleo Empresarial da Região da Guarda (NERGA), a Associação Comercial da Guarda, a Ecosoros, a Servo Homem, SG – Sociedade Geral e a Gonçalves e Gonçalves (GG).

O

O projecto prevê uma área de localização empresarial, um centro de serviços de suporte, um espaço dedicado aos T.I.C., num “espaço privilegiado de operadores logísticos e de transporte, afirmando-se como uma plataforma aberta, com rede de armazenagem, gestão de transportes, distribuição e processamento (agregação e desagregação) de cargas e terminal”. A PLIE da Guarda é, segundo o projecto inicial, um espaço destinado a “fornecer uma gama de serviços de suporte à actividade económica: abastecimento de combustível, apoio logístico e institucional e, como centro de serviços de suporte, a manutenção e reparação, espaço equipado para reuniões e conferências, hotelaria e restauração e parque de veículos”.

TIR sem parques para estacionar O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Joaquim Valente, afirma que “ neste momento estão criadas as condições para que se possam escriturar os terrenos” da Plataforma. O modelo de gestão não foi referido pelo autarca, sobretudo num encontro recente que reuniu num jantar empresários de vários sectores, mas onde o autarca guardense foi o único

Joaquim Valente, presidente da Câmara da Guarda

Pedro Tavares, presidente do NERGA

presente na iniciativa promovida pelo NERGA – Núcleo Empresarial da Região da Guarda, que realizou, aliás, este encontro precisamente para sensibilizar os agentes económicos e autarcas para a importância da PLIE, considerada pelo Presidente da Associação Comercial da Guarda, Paulo Manuel, como “um dos investimentos estruturantes para a região, mas que tarda em concretizar-se”. Muitos empresários não têm realmente escondido o receio de que “muitas das oportunidades possam estar perdidas, dado atraso da PLIE” e ainda pelo facto de outros concelhos estarem a projectar a criação de áreas de localização industrial ou empresarial, como são os casos de Trancoso, Almei-

da/Vilar Formoso e Celorico da Beira, com instalação já anunciada de empresas. À falta de um parque apropriado, os camiões TIR ou de transportes pesados de mercadorias internacionais, aparcam nas vias públicas da Guarda, situação que levou alguns empresários a sugerir, “de forma rentável e necessária”, a criação de um parque na PLIE, pago e com vigilância, que poderia “ser gerador de receitas e, por outro lado, descongestionar as ruas da cidade desse tipo de veículos”.

PLIE “ainda tem futuro” O presidente do NERGA, Pedro Tavares, considera, porém que, apesar dos

atrasos, a PLIE “ainda tem futuro”. Um dos desabafos mais frequentemente ouvidos é que a culpa do atraso da sua concretização “é de todos e não é de ninguém”, mas Pedro Tavares está ciente de que este projecto é importante para a região da Guarda por poder criar desenvolvimento e emprego e, ainda, “como forma de minorar a actual crise que as empresas atravessam”. Os Trabalhadores SocialDemocratas (TSD) têm sido, a par dos representantes de organizações sindicais e partidos políticos, os principais críticos a esse atraso. Arménio Santos, presidente nacional daquela organização, acusou sobretudo a autarquia da Guarda “por ainda não ter sido capaz de colocar em funcionamento a PLIE, que é considerada fundamental para o desenvolvimento da região “. Disse então que “há um parque industrial que era suposto ser um factor âncora para a instalação de novas empresas em condições mais favoráveis e uma PLIE que era suposto estar a funcionar e que está parada, porque não há capacidade de iniciativa de quem tem a responsabilidade de conduzir o processo neste momento, que é a autarquia local”.

PANORAMA OfficePAK na rede franchising

namento, onde todos os profissionais inseridos na rede poderão conhecer-se, comunicar, opinar e relatar experiências.

A OfficePAK, SA, empresa com 100% de capital português a operar no mercado, nacional e inernacional, de retalho de papelaria, livraria, pintura, acessórios de informática, mobiliário de escritório e telecomunicações (agente nacional TMN e PT), optou pela sua expansão em franchising. Segundo a empresa, actualmente com nove unidades (Setúbal, Porto de Mós, Leiria, Coimbra, Tondela, Ovar, Carvalhos, Famalicão e Paços de Ferreira), “a conjuntura actual será favorável ao desenvolvimento e crescimento o sector”, assistindo-se, por isso, a uma procura de soluções inovadoras para se adaptarem às exigências do mercado. O projecto Franchising OfficePAK integra ainda uma plataforma online de relacio-

Centralgest com novo interface gráfico A CENTRALGEST – Produção de Software, SA, fundada em 1987 com o objectivo de responder às solicitações do mercado na área das novas tecnologias de informação, desenvolvendo a sua actividade principal na produção de software, vai introduzir um novo interface gráfico, orientado para a parametrização, e forma a que cada utilizador, ou grupos de utilizadores, disponham de um ambiente de trabalho d acordo com as suas necessidades. Esta nova plataforma introduzirá o conceito de portal do utilizador, que permitirá um ponto de entrada na aplicação onde será apre-

sentada toda a informação considerada relevante, com a possibilidade de aceder ao detalhe de uma forma rápida e intuitiva., com destaque para o e-mail, as tarefas a executar, os mapas mis frequentes e os painéis de informação.

Galp Energia promove “carpooling” A promoção do “carpooling” para contribuir para uma mobilidade mais sustentável, assente na redução do tráfego automóvel, do consumo de energia e das emissões de gases é o objectivo da campanha publicitária recentemente apresentada pela Galp Energia. “Nós o que vamos criar é um site que vai permitir que as pessoas que se deslocam do ponto A para o ponto B se conheçam e, a partir daí, tomando necessariamente as

devidas cautelas, vamos promover que as pessoas partilhem o seu veículo e desta forma contribuam para a redução do consumo, das emissões e assim assegurar que a mobilidade seja mais sustentável”, explicou o presidente executivo da Galp, Ferreira de Oliveira. “Nós estamos a promover o carpooling, ou seja, juntem-se para usar o veículo. A Galp quer contribuir para o sucesso deste conceito em Portugal”, referiu o presidente da petrolífera portuguesa. Com esta campanha, a Galp pretende que os cerca de dois milhões de lugares vazios nos carros que todos os dias entram em Lisboa e no Porto possam ser partilhados, contribuindo assim, se cada carro que entra nas duas principais metrópoles portuguesas passar a transportar duas pessoas, para reduções de emissões de gases para a atmosfera na ordem dos 10 por cento.


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