Edição Aniversário 2018

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PROJETOS QUE FAZEM A DIFERENÇA DA REGIÃO CENTRO Este caderno faz parte integrante do DIÁRIO AS BEIRAS de 24 de março de 2018 e não pode ser vendido separadamente


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Edicao Especial de Aniversรกrio do Diario As Beiras 252x352.pdf

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Uma região em projetos

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Agostinho Franklin diretor

anos na vida de um jornal representa uma vida de afirmação, de luta e insistência num modelo de informação próprio. Esta tem sido a existência do Diário As Beiras – e merece ser recordada: o projeto Diário As Beiras foi, na sua origem uma ideia, e uma afirmação de diferença face a um mundo monolítico em que pensar diferente era proibido, impossível. E a mudança registada neste tão curto-longo espaço de tempo foi enorme. Do tempo do offset, saindo das máquinas planas ao offset de hoje, quase tudo mudou. A velocidade de produção, com as novas plataformas de comunicação transformam os meios de comunicação clássicos em, uma entre muitas possíveis – a digital desktop, a digital dos dispositivos móveis, para além das transformações que a comunicação televisiva tem vindo a ter, e vai ter. E a aceleração da comunicação – característica deste nosso momento – arrasta, só por si, todas as formas de afirmação da nossa região. O caderno de aniversário que hoje lhe apresentamos é disso um bom exemplo: os 24 projetos diferenciadores da região significam, também, a forma como a região Centro se coloca nesta transformação global em que todos estamos mergulhados. Igualmente, as 12 personalidades e entidades que distinguimos, neste nosso 24.º aniversário – e de que lhe damos nota neste mesmo caderno –, são outra demonstração da qualidade e do mérito de que a região Centro é feita. São, na essência, pessoas e organizações cujo mérito rasga fronteiras e projeta a região à escala nacional e planetária. O trabalho que desenvolvem granjeou-lhes reconhecimento aos mais diversos níveis e, por isso, são merecedores de uma respeitosa vénia e um sentido agradecimento. Neste aniversário é também de dever e obrigação agradecer aos nossos leitores, aos nossos assinantes, e aos nossos anunciantes que, diariamente, dão a sua confiança a este projeto de informação que existe, apenas, para servir e ser útil à nossa comunidade!

projetos que diferenciam a região centro o meu jornal, a minha região

PROPRIEDADE Sojormedia Beiras SA

12 Biocant Park | Rute Melo // 16 Centro de Estudos Sociais | António Alves// 20 Ageing@Coimbra | António Rosado// 22 Cimeira Mundial de Saúde Intercalar | Dora Loureiro// 26 Cáritas Diocesana de Coimbra | Bruno Gonçalves// 28 Centros de Alto Rendimento em Montemor-o-Velho e Sangalhos-Anadia| Bruno Gonçalves// 32 Romanização em Portugal e na Europa | Bernardo Neto Parra// 34 Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra| Cátia Vicente// 38 Centro de Neurociências e Biologia Celular | Cátia Vicente// 40 ARCIL | António Rosado// 44 Transplantes no CHUC | Dora Loureiro// 46 Telemedicina | Dora Loureiro// 50 APCC | Inês Morgado// 52 BLC3 | Paulo Marques // 55 Património Mundial da Unesco | Inês Morgado// 58 IPN | José Armando Torres// 61 Eventos que diferenciam a região | Jot’Alves// 64 Convento São Francisco | José Armando Torres// 67 Acreditar | Lídia Pereira// 70 Museu Nacional de Machado de Castro | Lídia Pereira// 73 Aldeias históricas, de xisto e de montanha | Paulo Marques// 76 Fundação ADFP | António Alves// 80 Expofacic | Rute Melo// 82 Faculdade de Letras da UC | Bernardo Neto Parra FOTOGRAFIA Carlos Jorge Monteiro e Luís Carregã PUBLICIDADE Ana Paula Ramos, Mónica Palmela PAGINAÇÃO Carla Fonseca, João Dias, Mário Pinto, Victor Rodrigues CONTACTOS: SEDE: Rua Abel Dias Urbano, n.º 4 - 2.º 3000-001 Coimbra, tel. 239 980 280, 239 980 290, Telem: 962 107 682, administrativos@asbeiras.pt REDAÇÃO Tel. 239 980 280, redaccao@asbeiras.pt PUBLICIDADE tel. 239 980 287publicidade@asbeiras.pt CLASSIFICADOS tel. 239 980 290, classificados@asbeiras.pt ASSINATURAS tel. 239 980 289, assinaturas@asbeiras.pt


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DIÁRIO AS BEIRAS festeja 24 anos e reconhece excelência e qual

Ao assinalar o 24.º aniversário, o DIÁRIO AS BEIRAS distinguiu personalidades, empresas e eventos que se distinguira 12 os premiados, em 10 categorias. Os prémios foram entregues ontem à noite, na Gala Troféus, numa festa que reuni

desporto

cultura

ensino

ensino

carreira

marca

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC

Museu Portugal Romano em Sicó – PO.RO.S

Exploratório - Centro Ciência Viva de Coimbra

Projeto Serei(a) no Jardim

Manuel António Silva

Festival da Lampreia de Penacova

Faculdade com Museu mostra Exploratório na Jardim Uma vida a Lampreia atrai provas dadas a presença promoção da de infância fazer crescer o milhares no desporto romana cultura científica na Sereia IPO de Coimbra a Penacova 111 A Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra (FCDEF) apresenta uma oferta educativa consubstanciada numa articulação sólida entre os diferentes ciclos de estudo - licenciatura, mestrados e doutoramento. A dinamização da investigação tem sido uma aposta, bem como o reequipamento do Laboratório Integrado. As colaborações que a Faculdade tem com várias Federações Desportivas, com o Comité Olímpico de Portugal e com a Direção-Geral da Autoridade Marítima, entre outras entidades, têm permitido granjear o seu reconhecimento na monitorização e otimização do treino de alguns dos mais destacados atletas nacionais. Tem tido também um indelével contributo para a conquista de várias medalhas em Campeonatos da Europa, do Mundo e Jogos Olímpicos.

111 Há cerca de 2000 anos os romanos chegaram às Terras de Sicó, onde ainda hoje se encontram muitos vestígios da sua presença, como é o caso das Ruínas de Conimbriga, que recebe anualmente 90 mil visitantes. Construído ali perto pela Câmara de Condeixa-a-Nova, e assumindo-se como uma valência complementar a Conimbriga, o Museu Multimédia Portugal Romano e Sicó - PO.RO.S permite aos visitantes uma viagem à presença romana na zona, feita num espaço museológico dinâmico, interativo e educativo, capaz de comunicar com públicos diversificados. Instalado no antigo solar da Quinta de São Tomé, o PO.RO.S permite, através de salas multimédia e exposições, o público pode percecionar o modo de vida dos romanos, desde a religiosidade até à intimidade, e até experimentar vestir uma armadura ou manejar uma espada.

111 Localizado na margem esquerda de Coimbra, próximo do rio, num complexo de 2500 m2, o Exploratório assumese como uma entidade de promoção de cultura científica para a região Centro. Com duas décadas de existência foi, em 1995, o primeiro centro de ciência a ser criado em Portugal. 2015 foi um momento de viragem: pela inauguração do novo pavilhão, com uma nova exposição, pela requalificação dos espaços já existentes com novas unidades temáticas expositivas, e pela aposta em parcerias com várias entidades. Se até aqui o público escolar representava a grande maioria dos visitantes do Exploratório, agora pretende-se abranger também as famílias, os jovens, os adultos e os seniores, as crianças e os turistas.

111 Criada em Coimbra, em 1998, a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP) nasceu com o objetivo de divulgar as boas práticas nesta área. Atualmente promove ações relacionadas com o apoio a crianças com necessidades especiais e suas famílias, em todo o território nacional. Reconhecendo a importância do espaço exterior para o desenvolvimento e aprendizagem, a ANIP está a desenvolver – entre múltiplas intervenções na área da intervenção precoce - o projeto Serei(a) no Jardim, com as suas crianças da creche e jardim-de-infância. O projeto decorre no Jardim da Sereia, em Coimbra, onde diariamente oito crianças frequentam, ali, ao ar livre e entre as árvores, o jardim-de-infância. É um projeto pioneiro que a ANIP pretende que “faça escola” na educação préescolar a nível nacional.

111 Manuel António Silva começou a carreira de médico no Instituto Português de Oncologia de Coimbra. Em 1991 assumiu a liderança do IPO, presidindo ao conselho de administração durante 24 anos (de 1991 a 1993 e de 1995 a 2016). E o IPO cresceu e ficou irreconhecível. Quando Manuel António aceitou dirigir o hospital as consultas eram feitas em pré-fabricados. Neste período, conseguiu a construção de um edifício para as consultas, remodelou e equipou o bloco da Radioterapia, ampliou a área da Oncologia Médica e dos tratamentos de quimioterapia e edificou o Hotel para Doentes. E antes de se aposentar iniciou um novo projeto de renovação das instalações, orçado em cerca de 37 milhões de euros, que está em curso. Mas o que gosta de enfatizar é o “rigor da gestão”, que lhe permitiu desenvolver um hospital de excelência.

1 1 1 O rio Mondego contribui em grande parte para a riqueza paisagística de Penacova, mas também dá à gastronomia local alguns dos seus mais importantes ícones, como é o caso da lampreia. Respeitando o ciclo de vida e desova da lampreia, os restaurantes do concelho de Penacova rendemse, de janeiro a abril, aos paladares intensos proporcionados por este prato único, feito do saber e da experiência acumulados ao longo de séculos. Mas fevereiro é o mês de excelência para os apreciadores do arroz de lampreia à moda de Penacova, com a realização do já tradicional festival, que este ano organizou a 20.ª edição. O festival, que tem o apoio do município, atrai todos anos milhares de pessoas aos restaurantes do concelho, que nestes dias vendem os pratos de lampreia a preços mais convidativos.


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lidade de empresas, personalidades e eventos da região Centro

am no ano de 2017 e têm contribuído para engrandecer o tecido económico, social e cultural da região Centro. Foram iu amigos, leitores e anunciantes do jornal no Casino Figueira | Dora Loureiro

turismo

turismo

empreendedorismo

investigação

solidariedade

inovação

Lousã, Destino de Turismo Acessível

Seaside Sunset Sessions em Pampilhosa da Serra

AIRC - Associação de Informática da Região Centro

Joaquim Neto Murta

Liga dos Bombeiros Portugueses

BLC3 - Campus de Tecnologia e Inovação

Destino acessível para todos os turistas

Festival de Associação de De olho na Bombeiros Aposta música único Informática da investigação solidários na economia Região Centro circular

111 Estima-se que o turismo europeu perca cerca de 142 mil milhões de euros por ano devido à falta de acessibilidades. Portugal também despertou tarde para esta realidade e ainda hoje não oferece verdadeiros destinos acessíveis, que permitam a todos - sejam pessoas com incapacidades, doentes, acidentados ou idosos -, o gozo de viagens turísticas sem barreiras. Ciente dessa realidade, a Câmara da Lousã promoveu um projeto de turismo acessível pioneiro a nível nacional. A ideia levou a organizar e mobilizar os agentes turísticos do concelho, de modo a diferenciarem-se nos mercados com propostas distintas de turismo acessível, partindo da experiência-piloto do Selo “Lousã Acessível”, atribuído pela Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade.

111 Em agosto, a Pampilhosa da Serra transforma-se com a realização do eco-festival de música eletrónica Seaside Sunset Sessions, que tem como palco o cenário idílico da praia fluvial situada no centro da vila. Com o palco flutuante instalado no rio Unhais, e rodeado por vales, montanhas e florestas, numa sintonia perfeita entre música e natureza, o festival garante uma experiência inigualável. No ano passado, na sua 4.ª edição, levou 19 mil pessoas à Pampilhosa da Serra. Com entrada livre, o Seaside Sunset apresenta, durante cerca de uma semana, os mais conhecidos dj’s nacionais e internacionais e a melhor música. Tem um programa de atividades permanente para todos os gostos, com jogos tradicionais, animação de rua, desportos radicais e insufláveis aquáticos. É uma iniciativa do Município, com o patrocínio da marca de calçado português Seaside.

111 Fundada por 30 municípios da região Centro, a AIRC - Associação de Informática da Região Centro tem como principal atividade a produção de software e fornecimento de produtos e serviços preferencialmente dirigidos à administração pública local. Iniciou atividade em 1982 e conseguiu um desenvolvimento inquestionável, atingindo, nesta data, mais de 250 clientes da administração pública. Com o conhecimento acumulado ao longo de três décadas, a AIRC tem uma equipa dinâmica constituída por cerca de 100 profissionais. O seu objetivo é reforçar a sua capacidade numa área cada vez mais exigente, em termos de soluções e serviços, como é o setor público. Em 2016 mudou-se para novas instalações, construídas de raiz no iParque, em Coimbra, onde está já erguer o terceiro bloco da sede.

111 Joaquim Neto Murta é diretor do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. É também coordenador da Unidade de Oftalmologia de Coimbra, na Idealmed. No plano académico, para além de catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, é também professor convidado da McGill University, em Montreal, Canadá, e da Mansoura University, no Egito. A sua área de investigação é a Transplantação Ocular, Cirurgia Refractiva e de Catarata. Em 2014, foi distinguido pela Academia Americana de Oftalmologia com o “Achievement Award”. Em 2017, foi distinguido pela Sociedade Europeia de Catarata e Cirurgia Refrativa com o prémio “Clinical Research Awards”, no valor de 400 mil euros, enquanto líder do projeto de investigação NECSUS (NEuroadaptation after Cataract and Refractive Surgery Study).

111 Os bombeiros, na sua grande maioria voluntários, são super-heróis na vida real. Com uma coragem inspiradora, apagam fogos, acodem a inundações, acorrem a acidentes, salvam vidas durante o ano inteiro. Para os bombeiros, garantir o bem-estar dos outros implica, muitas vezes, enfrentar situações de grande risco. Outras vezes, são protagonistas de verdadeiros atos de solidariedade. Em junho e outubro do ano passado, durante as vagas de incêndios que devastaram o país, o povo português valorizou, talvez como nunca, a entrega dos bombeiros. Fundada em 1930, a Liga dos Bombeiros Portugueses é a Confederação das Associações e Corpos de Bombeiros, voluntários ou profissionais. Tem vindo a assumir-se cada vez mais como interlocutora dos anseios das estruturas dos bombeiros. Na pessoa do seu presidente, o DIÁRIO AS BEIRAS presta homenagem a todos os bombeiros.

1 1 1 Sediada em Lagares da Beira, concelho de Oliveira do Hospital, a BLC3 - Campus de Tecnologia e Inovação começou a funcionar em setembro de 2011 e desenvolve atividades de investigação tecnológica de excelência, incubação de ideias e empresas e apoio ao tecido económico em regiões interiores e rurais. É a primeira e única entidade em Portugal criada para o desenvolvimento e industrialização das biorrefinarias e da bioeconomia, com uma aposta no conceito de Economia Circular. Embora jovem, venceu em 2016 o prémio RegioStars, atribuído pela Comissão Europeia, na categoria de “Crescimento Sustentável: Economia Circular”, com o projeto “Centro Bio”. A BLC3 dispõe de uma rede de excelência internacional composta por 55 entidades de nove países europeus e mais de 115 investigadores.


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Na edição especial que assinala o seu 24.º aniversário, o DIÁRIO AS BEIRAS apresenta-lhe 24 eventos, projetos e instituições, nas áreas cultural, da saúde e investigação e da solidariedade, que contribuem para diferenciar a região Centro no contexto do país.

Padaria

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Salgados

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Largo Caras Direitas, Buarcos 3080 - 254 FIGUEIRA DA FOZ

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Telm.: 968 010 196 40°9’51.94”N | 8°52’22.12”W

R. V. Gama ao Lg. Mato, n°. 8 3080 FIGUEIRA DA FOZ

R. Dr. Luís Carriço, n°. 9 3080 - 189 FIGUEIRA DA FOZ

Tel.: 233 422 495 Telm.: 968 818 518 40°8’60.00”N | 8°51’0.00”W

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Rua Jaime Cortesão 3025 - 471 São João do Campo Coimbra Tel.: 239 961 513 | Fax: 239 964 337 | Telemóvel: 967 250 777

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O desafio da Saúde: a humanização No final do ano passado e pela primeira vez em Portugal, 358 jovens médicos juraram sobre o novo Juramento de Hipócrates, aprovado pela Associação Médica Mundial, em Chicago, em Outubro 2017. O Grande Carlos Cortes Auditório do ConvenPresidente da to São Francisco, em Secção Regional do Coimbra, foi o local Centro da Ordem deste acontecimendos Médicos to histórico acompanhado de uma cerimónia carregada de significado e de simbolismo. Passados tantos séculos e tantas mudanças na Ciência, na Medicina, na relação médicodoente e no Mundo, impressiona a permanente contemporaneidade do Juramento de Hipócrates. Um juramento dos Médicos em prol dos seus doentes. Este juramento solene continua atual e a servir como balizador ético e moral da profissão médica.

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É um compromisso que nos permite olhar para o futuro da profissão médica tendo sempre presente o seu desafiomaior: a humanização da Saúde. Mais importante do que a doença e sua erradi-

cação é o Ser Humano e a sua Dignidade. A decisão médica é partilhada e absolutamente respeitadora da vontade do doente em colaboração com o seu médico. A Medicina sem o seu lado humano não é Medicina. Não deixa de ser paradoxal esta nova versão do texto no contexto social e político atual, uma vez que os valores enunciados neste Juramento, reforçando a ligação entre os médicos e os seus doentes e o doente como o centro do sistema, estão a ser subvertidos por pressões incomportáveis sobre os médicos, violando a sua autonomia, o seu livre arbítrio e os interesses dos doentes. As preocupações dos responsáveis pelas políticas de Saúde traduzem, hoje, mais aspetos economicistas e de gestão do que propriamente humanos e da qualidade. A área da Saúde passou a ser um instrumento de gestão, ao mesmo tempo que desaparece o seu cariz social. Atualmente, o verdadeiro responsável da Saúde é o Ministro das Finanças sem o qual nenhuma decisão que implique despesas orçamentais poderá ser tomada. Vivemos tempos conturbados, com constantes ameaças ao próprio Serviço Nacional de Saúde. Os números descon-

textualizados ganharam mais relevância na dialética política do que propriamente as questões da qualidade ou da humanização. A gestão dos recursos humanos é, mau grado o progresso técnico e tecnológico, uma das maiores dificuldades do nosso quotidiano, cuja realidade se repercute também nos desafios diários da nossa profissão e no apoio aos doentes. Vivemos tempos de grandes desafios pelo que teremos de ser capazes de construir, em equipa, as respostas mais consentâneas para fazer aumentar os ganhos em Saúde. É cada vez mais crucial o papel de todos, dirigentes, profissionais de saúde e doentes na defesa de uma Saúde de preocupação social e humanizada. A nossa responsabilidade acresce, quando percebemos a evidente vontade do ministro da Saúde em asfixiar os cuidados de saúde nesta região. Adalberto Campos Fernandes está a comprometer o trabalho de excelência que tem sido desenvolvido nos hospitais e centros de saúde da região Centro, colocando os doentes face uma inaceitável fragilidade e uma inconcebível desigualdade em relação ao resto do País. Cabe-nos resistir, devolvendo a humanização vital para este setor que está ao serviço das pessoas.


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Biocant: de Cantanhede para o mundo Biocant Park, primeiro parque de biotecnologia em Portugal, foi inaugurado em 2005. 13 anos depois foi adquirido por privados e continua a desenvolver ciência para o mundo

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Biocant Park é o primeiro parque de biotecnologia em Portugal, cujo objetivo é patrocinar, desenvolver e aplicar o conhecimento avançado na área das ciências da vida, apoiando iniciativas empresariais de elevado potencial. Através de um arrojado investimento por parte da Câmara Municipal de Cantanhede e do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, e tomando partido do investimento nacional na área das ciências da vida ocorrido nos últimos anos, foi possível estabelecer uma estratégia de desenvolvimento que promove, simultaneamente, o empreendedorismo e o crescimento económico. O núcleo do Parque é o centro de investigação e desenvolvimento (I&D) – Biocant, Centro de Inovação em Biotecnologia – com um quadro próprio de investigadores e alicerçado na forte tradição científica dos centros de investigação de excelência da Universidade de Coimbra e da Universidade de Aveiro. As unidades laboratoriais são dotadas de profissionais dedicados e tecnologia de ponta com uma forte componente de automação em condições ímpares. Foi a 14 de setembro de

2005 que foi inaugurado o Parque de Biotecnologia com a inauguração pelo então secretário de Estado da Indústria e Inovação, António Castro Guerra, do Biocant - Centro de Inovação em Biotecnologia de Cantanhede. Considerado um dos sectores de maior valor acrescentado, este embrião da biotecnologia nacional teve como âncora um centro de I&D, com tecnologia avançada, e empresas já em actividade, como a Crioestaminal, SA - Criopreservação de Células Estaminais do Sangue do Cordão Umbilical - e a Stab Vida - empresa responsável pela sequenciação do primeiro genoma em Portugal. 4 milhões de investimento inicial Com um investimento inicial de quatro milhões de euros, o Biocant assentou no conceito de centros de inovação especializados, como é o caso do Sillicon Valley (EUA), na área das tecnologias de informação, do francês GENETON, no domínio da genética, e do Medicon Valley (Escandinávia), especializado em saúde. O Biocant começou por ocupar um edif ício com cerca de 2.000 metros quadrados no recém-criado


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Como grossista de medicamentos, distribuímos diariamente pelos nossos clientes confiança e simpatia...

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A estrutura arrancou com quatro investigadores

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Parque Tecnológico de Cantanhede. Aqui foram instalados os laboratórios de Biotecnologia Molecular, de Biologia Celular, de Genómica e de Microbiologia, além das salas de equipamento informático, de equipamento central e de preparação e lavagem de materiais. A estrutura de I&D do Biocant integrou, na fase de arranque, quatro investigadores, 12 bolseiros e oito técnicos de investigação. Quando o primeiro edifício foi construído, estava já o segundo a surgir e destinado aos serviços centrais do parque e à instalação de empresas. Nessa altura, e ainda numa fase embrionária, já se antevia um terceiro bloco. O Biocant PME, a terceira e mais recente infraestrutura, acolhe dez empresas ligadas à investigação científica. Custou 3,8 milhões de euros. Quando “nasceu”, o Biocant veio preencher uma lacuna na área da biotecnologia, assumindo-se como Contract Research Organization (CRO) dos projetos de biotecnologia nacionais.

Capitais privados Este ano foi dado a conhecer que o espaço vai ser vendido a privados. A exploração do parque foi atribuída a uma empresa do grupo Green Innovations, detida por Jorge Marques, empresário português residente em Luanda, Angola. De acordo com João Moura, ao longo dos últimos 13 anos (desde que o primeiro dos cinco edifícios existentes foi construído, em 2005), a autarquia, “por si só, sempre teve a perceção e a consciência de que era uma empreitada que exigia recursos financeiros elevados” e necessitaria de encontrar parceiros. O presidente do parque de biotecnologia de Cantanhede (Biocant), João Moura, afirma que a opção do município local em ceder a exploração de toda a estrutura e vender edifícios a um investidor privado é consequência da falta de investimento estatal. O futuro diretor do Biocant de Cantanhede, Carlos Faro, diz que o privado que vai investir no setor da biotecnologia em Portugal é “um português da diáspora”, mas nega que

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os fundos provenham de um grupo israelita. “Dizer que os israelitas compram o Biocant não é verdade. É uma empresa que é detida por um português da diáspora, que é CEO [administrador executivo] de um grupo israelita, mas este grupo não está a investir diretamente, quem está a investir são os fundos que esta empresa tem disponíveis”, esclarece Carlos Faro. “Agora que há novas exigências para reforçar a massa crítica do parque e dinamizar ainda mais a sua atividade, afigurase vantajosa a entrada de novos investidores, no sentido em que isso favorece a sua expansão e lhe abre perspetivas de ainda maior projeção internacional. Do ponto de vista do município, a aposta passa por explorar todo o potencial que o Biocant Park adquiriu, de modo a levar mais longe a já iniciada dinâmica industrial associada à transferência de tecnologia, aumentando por essa via o seu impacto na economia do concelho, da região e do país”, afirma Helena Teodósio, presidente da Câmara Municipal de Cantanhede.

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Parque tem agora capitais privados

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As pastelarias Vasco da Gama associam-se às comemorações do 24.º aniversário do Diário As Beiras

Ecossistema de inovação Para a presidente da Câmara de Cantanhede, Helena Teodósio, o Biocant Park é “um importante fator de desenvolvimento, sobretudo pela sua função estruturante para a economia”. “Hoje em Cantanhede há um ecossistema de inovação reconhecido a nível nacional e internacional porque a câmara teve a audácia e a capacidade de mobilizar para o projeto prestigiadas entidades nacionais de ciência e tecnologia. A este respeito, não posso deixar de destacar o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, que teve efetivamente um papel central em todo o processo, não só porque a ele se deve a conceção de todo o projeto, mas também porque, ao ter sedeado no parque as unidades de investigação que operam no UC-Biotech, contribuiu significativamente para ampliar o seu efeito de ancoragem relativamente à instalação de empresas do setor da biotecnologia”, afirmou. Para já, o retorno do Biocant Park reside na atividade de 40% das empresas e entidades nacionais do

setor e em cerca de 300 postos de trabalho qualificado criados, na sua esmagadora jovens investigadores com doutoramento ou mestrado, sem esquecer os benefícios decorrentes do alargamento do campus empresarial com importantes investimentos em biotecnologia industrial e do setor farmacêutico. Canábis de Cantanhede para o mundo A empresa canadiana Tilray estima investir 20 milhões até 2020 na produção de canábis medicinal para abastecer o mercado europeu. Portugal foi escolhido pelo clima favorável, mas também pela biotecnologia. Canábis medicinal e substâncias derivadas de canabinóides produzidos em Portugal terão como destino os países europeus Os contactos da Tilray para ter unidades em Portugal de plantação e produção de canábis começaram em 2015, tendo em 2016 feito um acordo com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) com vista a esse investimento. | Rute Melo


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A casa das ciências sociais 66369

O Centro de Estudos Sociais (CES) é uma instituição de referência na Europa e no Mundo pelo trabalho desenvolvido na área das ciências sociais e nas humanidades

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uatro décadas depois da sua criação, o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC) é mais do que um centro de investigação. Instalado no Colégio de S. Jerónimo, e ainda com instalações na rua da Sofia (Coimbra) e no Picoas Plaza (Lisboa), esta instituição tornou-se uma referência nacional e internacional em áreas como as democracias participativas ou as políticas sociais. Um dos seus ex-libris, em termos de investigação, é o Observatório Permanente da Justiça (OPJ). Este projeto nasceu nos anos 90 do século passado quando teve lugar uma investigação sistemática aos tribunais em Portugal que culminou com a publicação de um livro. Perante o trabalho realizado, o Governo “pediu a continuidade do projeto, tendo-se transformado num observatório de referência em todo o Mundo”. Segundo o diretor Boaventura Sousa Santos — que em 1978 criou, em conjunto com outros investigadores, o CES — alguns estudos do observatório são “financiados pelo Ministério da Justiça”, a quem cabe definir “os temas que querem ver estudados”. “Depois, a investigação e os resultados são feitos sem qualquer tipo de condicionantes”, referiu. Contudo, os estudos solicitados desenvolvem-se já a nível internacional, em países como Timor Leste, Moçambique ou Angola. Se o observatório tem sido um dos rostos do trabalho desenvolvido pela instituição, existe um projeto que é “a expressão do CES desde a sua fundação”. Trata-se da Biblioteca Norte/Sul, “um espaço de referência” resultante da produção científica realizada nos países do hemisfério Sul na área das ciências sociais e humanas, a qual, em geral, é pouco conhecida nos países do Norte. Indonésia e Índia são apenas alguns dos países representados nesta biblioteca, que é prioritariamente, mas não exclusivamente, constituída por revistas e publicações periódicas. Povos indígenas, lutas contrahegemónicas, identidades e etnicidades, direitos humanos e outros princípios

de dignidade humana são alguns dos temas do acervo bibliográfico que pretende dar a conhecer uma realidade diferente da cultura europeia. Investigação Anualmente, o CES desenvolve várias dezenas de projetos de investigação financiados por entidades nacionais e internacionais em concursos competitivos. No final deste mês, por exemplo, termina o EMPATIA, programa financiado pela União Europeia e que foi coordenado pelo centro conimbricense. Já em maio, e apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), culmina o projeto “Reconstruindo o poder sindical na era da austeridade: três setores em análise”. O objetivo é realizar um balanço crítico do património histórico do sindicalismo em Portugal e fazer um levantamento das suas possibilidades de afirmação em sectores como o metalúrgico, dos transportes e das telecomunicações. Já em agosto, encerram projetos como “A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia “em ação””, “Orçamentos Participativos na Suécia” ou “Na Ponta da Língua: histórias, memórias e inovação na emigração”, entre outros. O projeto mais recente é o consórcio SUPERA (Supporting the Promotion of Equality in Research and Academia), que se propõe implementar Planos de Igualdade de Género em universidades/ instituições de investigação científica e organismos de financiamento do sistema científico, na Europa Central e do Sul. Para desenvolver o seu trabalho, o CES está organizado em núcleos de investigação — “unidades descentralizadas que englobam um conjunto de investigadores interessados em áreas ou temas relacionados entre si”: CCArq (Núcleo de Estudos sobre Cidades, Culturas e Arquitectura); NECES (Núcleo de Estudos sobre Ciência, Economia e Sociedade); DECIDe (Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito); NHUMEP (Núcleo de Estudos sobre Humanidades, Migrações e Estudos


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Áreas de formação CIÊNCIAS EMPRESARIAIS CIÊNCIAS SOCIAIS E DO COMPORTAMENTO DESIGN / MULTIMÉDIA INFORMÁTICA JORNALISMO

ANO ZERO

2018/2019

* Sistemas de Informação Empresariais * Desenvolvimento de Software

JORNALISMO MULTIMÉDIA PSICOLOGIA SERVIÇO SOCIAL

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL PSICOLOGIA CLÍNICA SERVIÇO SOCIAL

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO COM FAMÍLIAS EM RISCO E PERIGO INTERVENÇÃO COM DOENTES DE ALZHEIMER E OUTRAS DEMÊNCIAS (2ª edição)

NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA TERAPIAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS CONTEXTUAIS EM PERTURBAÇÕES PSICOLÓGICAS E PROBLEMAS DE SAÚDE (2ª edição)

GESTÃO GLOBAL E PRÁTICA DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (1ª edição)

MESTRADOS

INFORMÁTICA

(duas áreas de especialização)

PÓS-GRADUAÇÕES

COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL DESIGN DE COMUNICAÇÃO GESTÃO GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

LICENCIATURAS

Inclui apoio de preparação para os exames do 12º ano Possibilidade de prosseguimento de estudos nos cursos de licenciatura do ISMT


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+++ biblioteca Norte/Sul

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Observatórios Para além do Observatório Permanente da Justiça, o CES acolhe outros espaços de acompanhamento e análise. O Observatório sobre Crises e Alternativas, por exemplo, tem a colaboração do Instituto para os Estudos Laborais da Organização Internacional do Trabalho (INST/OIT) e o objetivo é acompanhar

o desenvolvimento da(s) crise(s), nas suas várias dimensões e manifestações, em Portugal. A participação dos habitantes na construção das políticas públicas e dos projetos para o território é acompanhada pelo Observatório da Participação, da Inovação e dos Poderes Locais (PEOPLES’). Quanto ao Observatório do Risco (OSIRIS), é uma entidade proactiva na identificação dos contextos sociais e económicos em que se estabelecem os domínios de admissibili-

dade ao risco e atenta ao aparecimento e consolidação de novos atores e grupos, com participação relevante, por exemplo, no apoio à consolidação da associação das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande. Relativamente ao POLICREDOS (Observatório da Religião no Espaço Público), tem como objetivo principal a investigação da problemática da (re)emergência da religião na Europa numa perspetiva comparada, ao espaço mediterrânico. Em parceria com o

Centro de Estudos e Intervenção em Educação e Formação (CeiEF) da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, o CES criou o Observatório das Políticas de Educação e Formação que está vocacionado para a realização de atividades de investigação científica no domínio das políticas educativas. Prémios O CES é patrono de um prémio com o nome do centro. Criado em 1999, o Prémio CES para Jovens

Cientistas Sociais de Língua Portuguesa tem atribuição bienal, destina-se a jovens investigadores/ as (até 35 anos) de Países de Língua Portuguesa e visa galardoar trabalhos de elevada qualidade no domínio das ciências sociais e das humanidades. Alexandre Marcussi foi o vencedor da última edição do prémio. Ao longo dos anos, os investigadores do CES receberam diversos prémios e distinções, em reconhecimento da qualidade da sua investigação e dos seus in-

vestigadores. Só em 2017 foram 14 prémios/distinções. Em janeiro deste ano, o diretor Boaventura Sousa Santos foi distinguido com o “Premio Latinoamericano y Caribeño de Ciencias Sociales” pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Um mês antes, António Sousa Ribeiro venceu o Grande Prémio de Tradução Literária APT/ SPA 2017 e Daniel Neves da Costa foi distinguido com Prémio Maria Cândida da Cunha. | António Alves

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para a Paz) e POSTRADE (Núcleo de Estudos sobre Políticas Sociais, Trabalho e Desigualdades).


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Todos juntos por mais e bons anos de vida As principais instituições da cidade uniram-se para formar um consórcio de apoio ao evelhecimento saudável, o Ageing@Coimbra

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Adesão à terapêutica

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em grande visibilidade para o público em geral, o consórcio Ageing@Coimbra desenvolve uma intensa atividade técnica e de investigação permanente, em várias instituições do saber de Coimbra, onde todos os dias se trabalha com vista a obter uma melhor qualidade de vida dos cidadãos em processo de envelhecimento. Todavia, a evolução obtida, mesmo de forma discreta, já permitiu, ao longo dos últimos cinco anos, alcançar grandes progressos. Há cinco pontos de maior destaque: 1 – Motivação dos utentes a aderirem à terapêutica, ou seja combater o espírito do “deixar a andar”, quando está em causa uma terapêutica prescrita, a cumprir ao longo de vários períodos de tempo, de forma a ser eficiente e segura; 2 – Prevenção de quedas em pessoas idosas, reduzindo o risco ao máximo, enquanto se faz o alerta à sociedade civil para este a premência deste facto, que retira muita autonomia ao idoso e comporta custos para o sistema; 3 – Monitorizar remotamente a saúde. Aumentar a participação e independência das pessoas idosas e dos seus cuidadores, envolvendo-os e motivandoos para atividades conducentes a um estilo de vida saudável; 4 - Reduzir o número de visitas desnecessárias/evitáveis ao hospital por parte de pessoas idosas que sofrem de doenças crónicas. Recorrer à implementação

Prevenção de quedas

Prevenção da fragilidade

efetiva de programas integrados de tecnologia em casa, para assistência ao idoso com modelos de gestão de doenças crónicas; 5 – Serviço Amigo do Idoso, contribuindo para aumentar em dois anos a esperança de vida ativa dos cidadãos na União Europeia, acelerando a promoção, adoção e implementação de estruturas de apoio ao ambiente físico e social, assim como incentivar a participação de cidadãos idosos, público em geral e investidores/parceiros privados, bem como a colaboração intersetorial e a exploração da inovação amiga do idoso. Coordenador do projeto destaca as fortes parcerias O atual coordenador do consórcio Ageing@Coimbra, Manuel Teixeira Veríssimo, explica que “foi constituído há cerca de cinco anos, tendo como sócios fundadores a Universidade de Coimbra, através da Faculdade de Medicina, a Câmara Municipal de Coimbra, a Administração Regional de Saúde do Centro, o Centro Hospitalar e Universitário (CHUC) e o Instituto Pedro Nunes. A estes sócios fundadores juntaram-se posteriormente instituições da Região Centro, públicas e privadas (empresas de ramos variados, hospitais públicos, IPSS, câmaras municipais, associações recreativas e culturais), sendo hoje o consórcio composto por 70 membros”. Funciona em rede, sendo esta a sua principal mais-valia. Como tal, ofe-


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O Ageing@Coimbra tem levado a cabo com sucesso muitos projetos ligados ao envelhecimento saudável Serviços amigos do idoso

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Envelhecimento Ativo numa região de referência

rece oportunidade de contactos a membros tão diferentes como os ligados à saúde, à cultura, à tecnologia, aos problemas sociais ou à investigação. Disso é exempo o congresso realizado a 28 de novembro último. 2,5 milhões de financiamento Manuel Veríssimo esclarece que “sob o guarda chuva do Ageing@ Coimbra muitos têm sido os projetos levados a cabo com sucesso, que no seu conjunto totalizam vários milhões de euros. De entre estes destaca-se o projecto ERA Chair ERA@UC, localizado na Faculdade de Medicina de Coimbra, que foi contemplado com 2,5 milhões de euros e que tem por objetivo desenvolver investigação básica na área do envelhecimento e sua translação para a clínica. Para futuro, entre outros projetos, destaca-se o Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento, cujo valor ultrapassa os 20 milhões de euros”. Na realidade, o Ageing Coimbra ainda não conseguiu ter uma sede material em Coimbra, o que devera passar pela construção de um e edifício próprio, de raiz. Sobre esta vertente, o coordenador do consórcio adianta que “o Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento deverá vir a ser implantado no

Campus das Ciências da Saúde no Polo III”. Outro edifício, que chegou a ser falado, foi o Hospital Pediátrico velho, mas este estará destinado a albergar o Campus da Vida, a funcionar como um laboratório vivo na área do envelhecimento, mas não só na área das ciências da saúde. “Assim haja vontade política para a cedência do espaço e acesso a financiamento internacional para a implementação do projeto”, conclui Manuel Verísisimo. Entretanto, o Ageing@Coimbra foi desenvolvendo parcerias internacionais, com o antigo coordenador do projeto, João Malva a assumir essa responsabilidade. De partida para o Brasil, onde se encontra em trabalho neste final de março, o especialista ainda adiantou ao DIÁRIO AS BEIRAS que “o estabelecimento de consórcios na Europa permitem as candidaturas transfronteiriças ao Programa Horizonte XXI e Interreg, proporcionando investigação avançada aos seus membros”. Foi através do trabalho realizado, que a Região Centro de Portugal, em que Coimbra é o polo estratégico, passou a ser considerada uma das 32 regiões de referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável, reconhecidas pela Comissão Europeia. | António Rosado

Referência na área do Envelhecimento Ativo e Saudável

Única região reconhecida no país 111 A Região Centro de Portugal, com Coimbra como polo estratégico, é uma das 32 regiões de referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável reconhecidas pela Comissão Europeia, a única em Portugal. Esta distinção é resultado de um ecossistema único propício ao desenvolvimento de boas práticas, alicerçado no eixo Ensino/Inovação/Investigação. Neste quadro, a Universidade de Coimbra (UC) é uma referência na investigação aplicada, nomeadamente na área da saúde e do envelhecimento, com vários programas de graduação e pós-graduação nas áreas da Saúde, Ciências Biomédicas e Educação Física. Na área do ensino, destaca-se, ainda, o Instituto Pedro Nunes que, com uma forte ligação à UC, proporciona formação de alto nível, promovendo a Divisão de Inovação e Transferências do Saber da UC.

A Região Centro de Portugal dispõe de um ecossistema único na área dos cuidados de saúde. Este núcleo altamente diferenciado é alicerçado no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) em colaboração com uma rede regional de saúde da ARSC. No que respeita à assistência social, o concelho de Coimbra tem projetos que promovem o bem-estar da população idosa, tais como a “Georeferenciação de Idosos” (para localizar os idosos em situação de risco para uma intervenção útil e atempada); a “Teleassistência ao Domicílio” (que aumenta a segurança e combate à solidão dos idosos através de um centro de atendimento permanente); e “Uma mesa para os avós” (com a missão de distribuir refeições ao domicílio aos fins de semana e feriados).

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Coimbra na Cimeira Mundial de Saúde A Cimeira Mundial de Saúde Intercalar, cuja organização cabe este ano ao consórcio Coimbra Health, traz à cidade os melhores do mundo 59784

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Cimeira Mundial de Saúde Intercalar foi apresentada no mês passado, em Lisboa

consórcio constituído pelo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e Universidade de Coimbra (UC) representa Portugal na Aliança M8 – considerado o G8 da Saúde – e na Cimeira Mundial de Saúde. Este papel central atribuído a Coimbra, na área da saúde, permitiu que a cidade seja a anfitriã, já no próximo mês de abril, nos dias 19 e 20, da realização da Cimeira Mundial de Saúde Intercalar, cuja organização caberá ao Coimbra Health – Centro Académico e Clínico de Coimbra, constituído pela UC e o CHUC. O consórcio Coimbra Health é presidido por João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra, e Fernando Regateiro, presidente do conselho de administração do CHUC, que também assumiram, em outubro de 2017, a presidência da Aliança M8, a propósito da realização Cimeira Mundial de Saúde Intercalar em Coimbra. Ao tomar posse como copresidência do grupo dos melhores do mundo na área da saúde, o reitor João Gabriel Silva destacou que “o posicionamento da UC como uni-

versidade global fica mais sólido, sendo um grande reforço da necessidade de usarmos sempre patamares de qualidade global”. Também Fernando Regateiro salientou “o reforço da projeção internacional do CHUC, a par do reconhecimento do elevado nível dos seus profissionais e dos cuidados de saúde que prestam”. Os melhores do mundo Já no próximo mês de abril, a reunião da Cimeira Mundial de Saúde Intercalar trará a Coimbra cerca de 700 especialistas de todo o mundo – da Europa à Ásia, passando por África, Médio Oriente, América do Norte, Central e do Sul –, que vão reunir-se no Convento São Francisco. A reunião tem como tema global a “Medicina de Fronteira”, na qual a prestação de cuidados de saúde é feita em condições adversas, por se tratar de zonas subdesenvolvidas, por haver situações de guerra e pósguerra, fluxos de refugiados, alterações climáticas e pandemias. Assim, o encontro regional da Cimeira Mundial de Saúde (World Health Summit) incidirá sobre quatro temas principais


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Consórcio Coimbra Health representa Portugal

Aliança M8 procura soluções para melhorar a saúde global Coimbra vai receber 700 especialistas de todo o mundo

da saúde global, com especial foco em África: gestão de doenças infeciosas nos países de baixa e média renda; governação para a equidade em saúde em países de baixa e média renda; oportunidades e desafios na translação da inovação para a prestação de cuidados de saúde; e educação biomédica num mundo em mudança. Entre outros painéis, destaque, pelo seu simbolismo, para o workshop inserido no tema “Governação para a equidade”, em que irão ser apresentadas experiências e desenvolvida reflexão dirigidas para a redução da mortalidade materna e infantil. Dentro do tema “Gestão de doenças infeciosas” terá lugar um workshop para trabalhar abordagens destinadas a reverter a disseminação da malária e doenças tropicais negligenciadas. Melhoria da saúde global A Aliança M8 é uma rede colaborativa de centros médicos académicos, universidades e academias de relevo mundial. Atualmente, integra 25 membros oriundos de 18 países, e nas suas reuniões junta investigadores, profissionais de saúde diferenciados e experientes, decisores políticos, organizações não governamentais e organizações de saúde. Tem como missão principal a procura de soluções para a melhoria da saúde global, a cooperação e o desenvolvimento. Nesse âmbito, emite recomendações de alcance global na área da saúde, desenhadas para serem contributos relevantes para a definição da Agenda Mundial de Saúde. A Cimeira Mundial de Saúde (World Health Summit) é a conferência anual da Aliança M8, um fórum anual de diálogo, que se realiza em Berlim desde 2009. A Aliança M8 organiza também anualmente um Encontro Regional, tendo as anteriores edições decorrido no Brasil, no Japão, na Suíça e no Canadá. Logo no ano seguinte à sua admissão, em 2016, a Comissão Executiva da Aliança M8 decidiu, por unanimidade, atribuir a organização do Encontro Regional de 2018 da World Health Summit ao consórcio Coimbra Health e a sua realização em Coimbra. Assim, Coimbra e Portugal vão inscrever, neste ano de 2018, o seu nome no roteiro de locais em que se desenrola esta importante iniciativa. | Dora Loureiro

Coimbra no centro da discussão da saúde no mundo

Experiência de séculos na relação com os países da CPLP

De 19 a 21 de abril decorrerá em Coimbra a reunião intercalar de 2018 da Cimeira Mundial da Saúde, numa organização em parceria da Universidade e do CHUC, como membros da M8 Alliance, um grupo restrito, de alto nível, de hospitais e academias que se dedica ao estudo e promoção da Saúde Global, com o apoio do Governo e da Câmara Municipal. Vai debater-se como tópico central a Medicina de Fronteira, no sentido dos cuidados de saúde prestados em condições logísticas e organizativas difíceis, com falta de pessoal qualificado, de instalações e equipamentos adequados. Há inúmeras regiões do mundo, sem guerra, onde as condições são essas. Se estamos seriamente empenhados no cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para 2030 temos de dedicar muita atenção à melhoria da prestação dos cuidados de saúde nessas regiões. Se Coimbra quer ter um papel no mundo da saúde, para além da sua cidade, da sua região, e do seu país, esta cimeira é um momento único para o mostrar. É um daqueles momentos em que todos, coletivamente, temos de mostrar que os nossos olhos veem mais longe do que a última esquina da nossa rua, que assumimos a nossa condição de cidadãos ativos do mundo. João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra

A inclusão do Coimbra Health na M8 Alliance oferece novas oportunidades para a consolidação do consórcio como “player” nacional e internacional de relevo na área da saúde. O consórcio, ao levar, para o seio da M8 Alliance, a experiência portuguesa de séculos de relacionamento com os países da CPLP, vai permitir à M8A ter uma visão mais estruturada e mais aguda sobre os problemas da saúde no Continente Africano e em Timor. Pela sua parte, o CHUC vai poder interagir, ainda mais intensamente, com os PALOP, com Timor e com o Brasil, na busca de soluções destinadas a melhorar a saúde em África e em Timor. O reforço da capacidade de apoio do consórcio e de Portugal aos PALOP e a Timor, através da mobilização de vontades e apoios internacionais vocacionados para a área da saúde, será uma consequência natural. A escolha dos temas estratégicos do encontro tem, na sua base, o relacionamento de proximidade que Coimbra e Portugal mantêm, desde longa data, com os PALOP. De um modo também natural, esperamos um incremento da transformação de conhecimento gerado em Coimbra e no País em valor e em produtos e serviços da área da saúde. Fernando Regateiro, presidente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra


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Inovar para melhor cuidar A Cáritas Diocesana de Coimbra é muito mais do que uma instituição assistencialista e orgulha-se de apontar ao futuro

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DR

Projeto GrowMeUp testa um robô que irá apoiar pessoas com mais de 65 anos

C

áritas - do latim, Caridade - é uma das sete virtudes: “Amar ao próximo como a si mesmo”, segundo o Cristianismo. E é esse amor ao próximo que motiva, diariamente, mais de um milhar de colaboradores a apoiar cerca de 25 mil utentes, nas áreas da educação; da saúde; e da ação social, família e comunidade. Números a crescer a cada hora que passa. Bastam cinco minutos de espera para uma entrevista para ouvir o telefone tocar para mais um pedido de ajuda. “Não damos dinheiro às pessoas apenas. Temos de perceber as pessoas, as suas necessidades e apoiálas”, explica o padre Luís Costa, presidente da Cáritas Coimbra desde 2009. Com atuação nas 266 paróquias da Diocese de Coimbra - de 26 concelhos, de cinco distritos - a Cáritas de Coimbra conta com 149 respostas sociais. Um trabalho que nasce da comunidade e é virado para a comunidade. “O nosso trabalho nos anos 70 e 80 foi o de perceber as necessidades das paróquias e encontrar respostas para elas. A partir daí, estivemos no arranque dessas respostas, instalando-as, quando a comunidade não o conseguia fazer e, muitas vezes, quando a comunidade as conseguiu absorver, transferimo-las”, explica o responsável.

“A Cáritas nunca se deve substituir à comunidade”, garante o padre Luís Costa. E é de braço dado com a comunidade que, a Cáritas se instala onde sente abertura e interesse. E, muitas vezes, onde mais ninguém quer estar presente. “Os últimos lares que fizemos foram na Cabreira, que fica no vale do Ceira, para lá de Góis, e em Pombeiro da Beira, a sul de Arganil, onde não havia nenhuma resposta social. O que investimos lá podíamos ter investido em Coimbra e tínhamos a casa cheia no dia seguinte. Mas investir lá é mais que investir num lar. É dar a oportunidade àquelas pessoas que lá nasceram e viveram que possam ter respostas em igualdade com os seus concidadãos”, explica Luís Costa. A isto chama de “responsabilidade social”. Intervir em várias áreas A história da Cáritas de Coimbra é uma história de múltiplas respostas. Começou, na sua fundação, “logo após a 2.ª Guerra Mundial, por ter uma participação muito ativa no acolhimento de crianças húngaras refugiadas”. “Depois tivemos também um papel muito importante no acolhimento dos nossos retornados”, acrescenta. “As realidades vão mudando e, com elas, os problemas também”, refere o presidente da Cáritas.


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antecipação e partilha de novas soluções

números

está onde mais ninguém quer estar

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As últimas décadas ficaram também marcadas por um papel muito importante em áreas como a toxicodependência e, nos tempos mais recentes, até houve necessidade de intervir novamente no acolhimento de refugiados.

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O trabalho pós incêndios O ano de 2017 ficou marcado por um flagelo que afetou grande parte da Diocese de Coimbra: os incêndios. E, mais uma vez, a Cáritas “sentiu, desde a primeira hora, que teria um papel absolutamente necessário”. “Teria sido muito mais fácil, em vez de disponibilizar 100 mil euros, ter disponibilizado 300 mil e não ter mais preocupações. Mas isso faz parte da nossa responsabilidade social. Tínhamos de estar”, expli-

ca o padre Luís Costa, cuja agenda se “alterou completamente”. “Há duas pessoas a tempo inteiro com isto, mas só a nossa organização faz a diferença”, acrescenta. Recorda que “depois de receber as listagens das câmaras”, pessoalmente, visitou “casa a casa, para cabimentar os valores a aplicar, dentro de um orçamento de um milhão e 700 mil euros” que foi confiado à Cáritas. O compromisso foi de recuperação de 40 habitações, 19 delas construções totais. Neste momento, 15 delas já foram entregues, “mais duas ou três serão entregues este mês e as restantes devem ser no próximo mês”, garante Luís Costa. O mais difícil destes meses? “Gerir as expectativas das pessoas”, atira.

utentes

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colaboradores

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respostas sociais

Projetar o futuro e apontar novos caminhos “Saber mais é fazer melhor”. É com esta frase que os todos são recebidos na sede da Cáritas Diocesana de Coimbra. E este parece ser mesmo um lema para a instituição, que não só se gosta de estar na linha da frente da busca de novas soluções e da antecipação dos problemas e oportunidades do futuro. “Além da multiplicidade de serviços que prestamos, em que procuramos sempre equiparar-nos aos melhores, o nosso foco é muito mais do que fazer o que os outros fazem”, garante o padre Luís Costa. “Queremos é estar associados às melhores ideias e descobrir novos caminhos e os últimos três ou quatro anos são mostra disso. É um trabalho para continu-

ar”, garante o presidente da Cáritas. Exemplos disso são o desenvolvimento de um projeto europeu denominado GrowMeUp, cujo principal objetivo é testar um robô que irá apoiar pessoas com mais de 65 anos nas suas atividades diárias. Mas também a participação em fóruns europeus, ligados ao envelhecimento ativo, mas não só. “A Cáritas tem o que é necessário de assistencialismo. Mas o nosso contributo é muito mais do que assistencialismo. Se nos limitarmos a isso entramos num ciclo vicioso em que é preciso que os pobres existam para continuar a existir”, sintetiza o responsável. | Bruno Gonçalves

respostas em múltiplas áreas


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Melhores do mundo treinam por cá

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Centros de Alto Rendimento em Montemor-o-Velho e Sangalhos-Anadia acolhem, anualmente, estágios, treinos e competições com atletas de topo mundial

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as 14 infraestruturas que integram a Rede Nacional de Centros de Alto Rendimento, a região foi contemplada com duas: Montemor-o-Velho e Sangalhos. Pela região passam, anualmente, não só os melhores atletas nacionais das modalidades de pentatlo moderno, judo, esgrima, ginástica nas diversas vertentes, canoagem, natação, remo e triatlo, mas também alguns dos melhores do mundo, já que estes são também pontos de passagem das grandes competições. O Centro de Alto Rendimento de Montemor-oVelho é a “casa” do remo, canoagem, triatlo e águas abertas. Foi preparado para receber 90 atletas em regime regular, mas acolhe até 700 atletas durante grandes eventos. Para além de uma ampla zona de arrecadação de barcos, o pavilhão contempla ainda um ginásio, sauna, balneários, gabinetes, salas polivalentes, refeitório, e pode “crescer” para eventos de maior dimensão, com estruturas amovíveis. Tem uma pista de água com dois mil metros de comprimento, 135 metros de largura e 3,5 metros de profundidade; canal de arrefecimento, canal de retorno e aquecimento, o que permite evitar o contacto entre aos atletas em competição e barcos de serviço; um percurso ciclável ao longo dos planos de água, assim como uma

via técnica para apoio ao treino. Emílio Torrão, presidente da autarquia de Montemor-o-Velho, garante que o “Centro Náutico de Montemor-o-Velho tem uma das melhores pistas internacionais para a prática de desportos náuticos”, que “diariamente contribui para o sucesso dos nossos atletas”. “Quem não vibrou com as prestações de Fernando Pimenta, Emanuel Silva ou da Teresa Portela nos Jogos Olímpicos? Estes são atletas que fazem de Montemor-o-Velho a sua casa, do Centro Náutico o seu local de trabalho”, recorda Emílio Torrão. A pista de Classe A significa que pode receber campeonatos da Europa, do mundo e Jogos Olímpicos, o que faz deste “um projeto âncora com capacidade de gerar sinergias e empenhamento tanto do setor público como do privado, inscrevendo o valor estratégico do desporto na agenda do desenvolvimento local”. Todos os anos, várias seleções internacionais chegam a Montemor-o-Velho para estagiar no Centro Náutico, com destaque para “potências” como Polónia, Rússia, Ucrânia, Japão, França e Hungria. Prova mais importante da história do Centro Náutico Este ano será um ano “particularmente marcante” para Montemoro-Velho, na opinião do autarca. “De 22 a 26 de


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Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho


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Centro de Alto Rendimento de Sangalhos-Anadia

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preparação olímpica na região i

única pista olímpica de BMX

única pista de ciclismo indoor

Alto Rendimento

6 Centro de Alto Rendimento abrange

um conjunto específico e diversificado de instalações, equipamentos desportivos e serviços de apoio multidisciplinar, cuja finalidade é a melhoria e otimização do rendimento desportivo

agosto, Montemor-oVelho vai tornarse no centro do mundo da canoagem com a realização do Campeonato do Mundo de Canoagem de Velocidade e Paracanoagem”, destaca Emílio Torrão. Em prova estarão mais de 1.700 participantes, entre eles 1.200 atletas, de 90 países. “A nossa imponente História, a paisagem natural de cortar respiração, a água do Mondego, os dias ensolarados e a gastronomia de comer e chorar por mais vão encantar atletas e fãs”, garante Emílio Torrão. Continuando a colocar em prática a premissa de “valorizar o que é nosso”, o executivo de Montemor-oVe l h o t e m ainda tentado aproximar o Centro Náutico da comunidade, promovendo ainda atividades como o flyboard ou do RaceWars – Motor Festival. Ciclismo, pentatlo moderno, judo, esgrima e ginástica em Anadia Bairrada sempre foi terra de ciclistas. Quis o destino que fosse verdadeiramente a casa do ciclismo, com o nascimento do Velódromo de Sangalhos. A nave desportiva tem uma pista olímpica de ciclismo em madeira, com 250 metros e bancadas para mil pessoas. É a única estrutura do país com pis-

6 Condições oferecidas aos praticantes vão desde valências de treino, investigação, medicina, psicologia, fisioterapia, nutrição, entre outras, destinadas à optimização da sua performance

ta indoor e restantes espaços de apoio, cumprindo os requisitos funcionais exigidos pela União Ciclista Internacional Mas não se pense que é apenas ciclismo que o velódromo pode receber. O piso inferior, com uma área polivalente de 1.100 metros quadrados, pode receber modalidades como pentatlo moderno, judo, esgrima e ginástica nas diversas vertentes. Com bancadas para cerca de duas mil pessoas, quatro blocos de balneários para atletas e mais dois para técnicos ou árbitros, a estrutura tem ainda uma sala de apoio médico, uma sala de musculação e uma área de relaxamento e massagem, que inclui sauna, banho turco e jacuzzi. Há ainda infraestruturas de apoio como uma central técnica, lavandaria, arrecadação de bicicletas e oficina. Para além disto, o complexo tem uma área de restauração, uma sala museu, bar e zona de convívio, auditório, receção e gabinetes administrativos. Ainda, no piso superior, uma área residencial com 16 quartos triplos com wc e duas salas destinadas a apoio médico e massagens. Foi aqui que estagiaram, na preparação dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro’2016, seleções como a Rússia, Malásia e Bélgica. Para além disso, o Velódromo de Sangalhos aco-

números 700

atletas podem competir em simultâneo em Montemor

1 100

m2 de área polivalente em Sangalhos lhe ainda “diariamente”, a preparação dos nossos campeões. Destaque, por exemplo, para Ivo Oliveira, que

6 Missão visam detetar e potenciar talentos desportivos, possibilitar estágios, avaliar, controlar e otimizar o treino, a investigação científica e monitorizar resultados

recentemente se sagrou vice-campeão do mundo de pista. Foi ainda campeão da Europa de Perseguição Individual, em 2014; medalha de Bronze de Omnuim, júnior, no Campeonato da Europa 2014; e medalha de Prata, no Campeonato da Europa 2017, na especialidade de perseguição sub-23. Rui Oliveira foi medalha de Prata na prova de Scratch, júnior, no Campeonato da Europa 2013; medalha de bronze na prova de Scratch, no Campeonato da Europa Júnior 2014; e medalha de ouro, no Campeonato da Europa Júnior 2017, na especialidade de eliminação. Maria Martins conquistou, no ano passado, a medalha de prata, no Campeonato da Europa 2017, na especialidade de eliminação juniores. Única pista olímpica de BMX da Península Ibérica O ano de 2018 vai ficar marcado pelas inaugurações da única pista de BMX com caraterísticas olímpicas na península ibérica, nas imediações. Sendo esta uma modalidade olímpica, esta infraestrutura é mais um polo de atração para Portugal e Anadia em particular. O facto de ficar integrada no Centro de Alto Rendimento faz com que partilhe equipamentos, podendo acolher estágios. Esta pista terá capacidade para acolher grandes eventos internacionais,

como campeonatos do Mundo e da Europa. Pista XCO na Curia Não sendo a única no país, Anadia vai acolher ainda uma das duas únicas pistas permanentes em Portugal de XCO (cross country para ciclistas), uma variante olímpica de BTT, que ficará instalada nas antigas instalações do Parque de Campismo da Curia. A pista, em terra, com muitos declives e desníveis, tem quatro quilómetros de extensão, uma zona de balneários e uma zona administrativa, ocupando os edif ícios originais do parque de campismo. Anadia Sport Center De uma antiga residência estudantil nasceu o Anadia Sports Center, com 32 camas, distribuídas por 16 quartos duplos, mais 32 camas instaladas numa camarata. Destinada a acolher a Academia Nacional de Ciclismo, que abrange ciclistas dos 5/6 anos às camadas de elite, este alojamento permite a realização de estágios da seleção nacional, mas também é disponibilizado aos clubes de ciclismo, mediante a disponibilidade das instalações. Além dos quartos, a obra conta com salas de convívio, selas de estudo, sala de massagem, garagem, oficina para as bicicletas e cozinha. | Bruno Gonçalves


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Em Condeixa os romanos imperam 59642

Condeixa-a-Nova reforça a aposta como “capital” da Romanização em Portugal e na Europa. PO.RO.S e Conimbriga são os principais “cartões-de-visita”

S

ão inúmeras as “pegadas” deixadas pelos romanos no longo percurso que culminou na constituição de Portugal. Chegados à Península Ibérica no ano 218 a.C, os exércitos romanos trouxeram consigo um gigantesco património cultural e histórico, bem presente, nos dias de hoje, em Portugal e em boa parte do continente europeu. Os costumes, a arte, a gastronomia, as leis, a arquitetura e, claro, a língua são algumas das heranças passadas pelo maior império da história da humanidade. Em Condeixa-a-Nova mora o polo da Romanização em Portugal. Conhecido pela forte aposta na

preservação dos vestígios romanos, o município é, atualmente, um dos principais embaixadores em todo o mundo. Espaços museológicos alavancam turismo O concelho de Condeixa-a-Nova tem cerca de 18 mil habitantes. Ora, no primeiro ano de atividade, o PO.RO.S - Museu Portugal Romano, em Sicó, recebeu quase este número em visitantes. Em rigor, o espaço museológico, inaugurado em maio do ano passado, acolheu mais de 15 mil curiosos, que não resistiram em conhecer um dos museus mais originais do país. Ali, na antiga casa senhorial da Quinta de S. Tomé,


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DB-Fotos de Carlos Jorge Monteiro

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Vestígios romanos estão patentes em Conimbriga

cípio a reforçar a aposta na divulgação do PO.RO.S, de forma que, num futuro próximo, este faça parte dos percursos turísticos estabelecidos pelas agências de viagens. Contudo, de acordo com Nuno Moita, o esforço de promover aquele espaço não tem sido partilhado pelas entidades regionais como o Turismo Centro de Portugal e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC). Este é um aspeto que o presidente da Câmara de Condeixaa-Nova tem vindo a criticar, lamentando que a divulgação do museu seja apenas suportada pelo orçamento municipal. “Este é um espaço único.

Em Portugal, não há nada parecido, nenhum oferece as vertentes interativas e recreativas como nós fazemos. Acho que este lado absolutamente diferenciador devia ser mais valorizado pelos agentes da região”, frisa Nuno Moita. Por agora, e até maio, o objetivo dos promotores é “chegar o mais próximo possível dos 20 mil visitantes”, sendo que, no segundo ano de “vida”, 30 mil é a meta estabelecida. Daqui a pouco mais de um mês, a autarquia vai assinalar o primeiro aniversário do PO.RO.S de uma forma “muito especial”, ainda que a organização não queira revelar detalhes sobre a efeméride. Também em maio,

mais precisamente no dia 18, será celebrado o Dia Internacional dos Museus, em Condeixa-a-Nova. Conimbriga em alta Paralelamente, o Museu Monográfico de Conimbriga continua a conquistar o público nacional e internacional. Em 2016, fixou-se como o quinto museu mais visitado do país e, hoje, recebe mais de 100 mil pessoas por ano. Ultrapassar o recorde de 130 mil visitantes de 2004 é o objetivo a curto prazo. Aliás, garante o município, nos primeiros dois meses de 2018, registouse um fluxo turístico muito parecido com o de há 14 anos.

Posicionado como a “joia da coroa” de Condeixa, o museu de Conimbriga revela as influências romanas no território, parte integrante e intrínseca da identidade do município. A forte presença do azeite, vinho e da agricultura são alguns dos vestígios deixados pelo Império Romano, ali e em boa parte do país. Agora, o espaço ganhou um novo aliado: o PO.RO.S. A “relação complementar” entre os dois locais museológicos será a aposta da autarquia no que à promoção turística diz respeito, nos próximos anos. | Bernardo Neto Parra

PO.RO.S recebeu mais de 15 mil visitantes em menos de um ano

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a influência da romanização naquele território está bem patente, num local com forte componente interativa que promete encantar quem se atrever a visitá-lo. O PO.RO.S representou um investimento de 3,5 milhões de euros, valor comparticipado a 75 por cento por fundos comunitários, apresentando-se como um espaço complementar à imperdível Conimbriga, o principal “cartão-de-visita” do concelho. O fim de semana é o período mais concorrido do museu, que recebe uma média de 60 visitantes por dia. O impacto quase instantâneo na economia local “obrigou” o muni-

Município está a aumentar divulgação da oferta turística

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projetos que diferenciam a região centro

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Do laboratório para o consultório O ICBR - Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (ex-IBILI) tem investido na transferência do conhecimento produzido para a área clínica

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Francisco Ambrósio, coordenador científico do iCBR, destaca alguns dos projetos que estão a ser investigados nas diferentes áreas

investigação de excelência em áreas como neurociências, envelhecimento, cancro, doenças cardiovasculares ou visão tem feito com que o iCBR - Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra passe as fronteiras do país. Os seus investigadores são citados em artigos internacionais e consultados por parceiros de outros países e pela indústria. O nome é novo, mas falamos do IBILI - Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida. A nova designação surgiu na sequência de uma reorganização interna implementada em dezembro do ano passado. Este é um instituto de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) que procura dar enfâse à investigação clínica e aproveitar o potencial que a cidade e a região representam. “Consideramos que em Coimbra há um potencial enorme na área, que é reconhecido nacional e internacionalmente, mas não tem sido bem aproveitado”, afirma Francisco Ambrósio, coordenador científico do iCBR. Por isso, o instituto tem cinco linhas de investigação - ciências cardiovasculares, ciências da visão, genética, meio ambiente e cancro, e envelhecimento - e para cada uma delas dois coordenadores: um clínico e um investigador das ciências fundamentais. “Para estabelecer pontos e sinergias entre a investigação mais fundamental e a investigação clínica e até, dentro do possível, fazer alguma investigação

translacional, ou seja tentar que o conhecimento criado possa ser de alguma maneira transferido para o mercado ou até aplicado ao nível da saúde e na área clínica”, explica. Aqui produz-se conhecimento, sobretudo através de testes em animais (ratos e ratinhos), com a preocupação de o passar para “o mundo real”. Em cada uma das cinco áreas têm sido feito avanços consideráveis. Como responde o cérebro? No que respeita às neurociências o iCBR tem em curso vários projetos. “Há um interesse bastante grande na área do neurodesenvolvimento e também na neuropsiquiatria”, diz Francisco Ambrósio, referindo-se a um estudo “que tenta perceber de que maneira é que certas situações de stress que ocorrem ou durante o desenvolvimento embrionário ou na fase pós-natal, mas muito precoce, podem ter um impacto no comportamento dos jovens adultos ou até adultos a nível de memória ou emocional”. Há um grupo a estudar os efeitos da dexametasona - substância administrada a bebés prematuros para ajudar no desenvolvimento pulmonar. “Temse identificado alguns resultados interessantes nomeadamente alterações diferentes ao nível das células imunitárias do sistema nervoso central, que se chamam microglia, em machos e fêmeas e em diferentes regiões cerebrais, com comportamentos diferentes”, revela.


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Excelência em investigação na área da saúde

Avanços no tratamento do cancro e outras doenças

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Preocupação em aplicar os resultados na área clínica

Diabetes pré-natal, hiperatividade e défice de atenção são outras das temáticas que estão em investigação no iCBR. Cafeína para a visão Os estudos na área da visão estão na génese desta casa que começou por chamar-se Instituto Biomédico de Investigação de Luz e Imagem (IBILI). Agora, o foco está no desenvolvimento “de novas terapias avançadas para doenças degenerativas da retina, como por exemplo retinopatia diabética, glaucoma, degenerescência macular da idade”, adianta Francisco Ambrósio. “São doenças que não têm cura e que os tratamentos que existem, à exceção do glaucoma, são essencialmente administrados nas fases mais avançadas, além de não serem eficazes em todos os doentes e terem alguns efeitos secundários”. Ainda antes de chegarem às novas terapias, os investigadores estão “interessados em saber quais são os mecanismos moleculares e celulares que estão subjacentes a

cada uma dessas patologias também utilizando o modelo de animais”. Nesta área o coordenador científico salienta dois projetos. O desenvolvimento de “um implante intraocular em colaboração com um grupo da Engenharia Química que tem uma libertação controlada de fármaco” e também a criação de “nanopartículas que têm um fármaco no seu interior e são ativadas pela luz”. O iCBR demonstrou já, através de vários estudos, que “a cafeína tem efeitos benéficos a nível ocular, em particular para a retina”, ou seja, esta substância “é boa para os olhos, num contexto de patologia”. Está também a ser colocada a hipótese de “a retina servir como janela ou espelho do cérebro”. Francisco Ambrósio refere que “em doenças neuro-degenerativas – como Alzheimer, Parkinson, Esclerose Múltipla - o cérebro é bastante afetado, mas a retina também faz parte do sistema nervoso central e até está ligada ao cérebro pelo nervo ótico”. O objetivo é “servir como biomarcador da doença, ajudar mais precocemente a diagnosticála e a acompanhar a sua evolução”.

Jogos que ajudam a envelhecer melhor No iCBR há também cientistas que tentam decifrar os mecanismos de envelhecimento. Procuram formas de intervenção para que todos possamos ficar mais velhos de forma saudável. “Esta é uma área mais aplicada”, sublinha o responsável, falando de projetos em que se desenvolvem jogos e outras estratégias, com a utilização de tecnologia, que se revelam “extremamente úteis para que as pessoas mais idosas tenham uma vida mais saudável, mais independente”. Em curso, destaca, está também uma investigação na área da polimedicação, com o objetivo de criar “estratégias de intervenção para que os idosos não cometam erros relacionados com a medicação”. Sumo de mirtilo para o funcionamento dos órgãos No que se refere às doenças cardiovasculares, o que os investigadores procuram é “perceber como é que a comunicação entre as células pode estar afetada em várias patologias”, isto é, “identificar mecanismos de disfunção celular, para que se possa ter uma estratégia de intervenção

terapêutica que previna o agravamento ou até evite determinadas situações cardíacas”, descreve Francisco Ambrósio, sublinhando a grande colaboração existente com a área clínica. Dos projetos em curso, o responsável salienta o de um grupo que procura conhecer o impacto que a diabetes tem na área vascular e “perceber de que maneira o tecido adiposo poderá contribuir também para o desenvolvimento da doença e para o agravamento de algumas patologias associadas”. Outros cientistas estão a avaliar se “a administração de sumo de mirtilo pode modificar o microbioma, a flora intestinal, e ter efeitos benéficos” melhorando, por exemplo, a parte vascular e a função de alguns órgãos internos. Tecnologia aplicada ao tratamento do cancro Genética, meio ambiente e cancro é outra das cinco linhas orientadoras do iCBR, todas coincidem com os vectores estratégicos científicos da FMUC. “Esta é uma área vasta em termos de projetos. Estão a ser estudados vários tipos de cancro, mecanismos moleculares e celulares associados ao desenvol-

vimento e progressão da doença”, refere Francisco Ambrósio. Os investigadores têm identificado e testado estratégias e alvos terapêuticos. “Foi desenvolvida alguma tecnologia que está a ser submetida a patente te por isso não posso falar nela, mas pode ter uma utilidade muito interessante na área do cancro”, confidencia. Sobre os avanços conseguidos nos laboratórios do iCBR, o investigador principal da FMUC é modesto. “Fizemos alguma descoberta que revolucione a vida das pessoas? Honestamente eu diria que não, mas temos contribuído para melhorar o estado atual do conhecimento sobre muitas patologias e aumentar o conhecimento sobre elas. Isso sem dúvida absolutamente nenhuma”, salienta. “O conhecimento que temos desenvolvido tem contribuído, conjuntamente com outro da comunidade internacional, para perceber estas patologias e definir melhor algumas estratégias terapêuticas”, argumenta, isso vai ajudar a que “no futuro tenhamos diferentes intervenções terapêuticas”, conclui. E isso mudará a vida das pessoas. |Cátia Vicente


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Ciência fora da torre de marfim

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O Centro de Neurociências e Biologia Celular faz investigação de excelência em ligação permanente com os clínicos do CHUC. É uma referência internacional com forte investimento na comunicação de ciência

diário as beiras | 24-03-2018

João Ramalho-Santos, presidente do Centro de Neurociências e Biologia Celular

ão médicos, toxicologistas, biólogos, farmacêuticos, bioquímicos, comunicadores, gestores... No Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) fazse ciência com múltiplas perspetivas. Faz-se e fala-se do que se faz. Seja onde for, até em autocarros! Dedicado à excelência em Biociências e Biomedicina, foi o primeiro Laboratório Associado português, e é parte da rede Europeia de Institutos de Neurociências (ENI). Está envolvido em colaborações entre o governo português e o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Harvard Medical School (HMS). “Temos várias áreas de ação”, refere João Ramalho-Santos, presidente do CNC, destacando a investigação em neurociências

e doença, mas também biotecnologia, metabolismo e envelhecimento. “O que considero mais relevante é fazermos tudo com clínicos dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), é esse diálogo que tentamos estabelecer”, salienta. “Trabalhamos desde os mecanismos básicos até amostras de pacientes e agora estamos a passar à fase seguinte, que é o maior desafio, que é passar à parte mais clínica”, afirma. “No fundo o que fazemos é ver como se formam as sinapses, ligações entre os neurónios do cérebro, como estão afetadas em diferentes tipos de patologias e como podemos mudar, intervencionar, quer com terapia génica, com fármacos, para mitigar essas patologias”, resume


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Envelhecimento e doenças degenerativas são focos

geral da saúde. Tentam-se novas terapias para patologias como a doença de Machado-Joseph, a de Huntington, Alzheimer. Os cientistas exploram os efeitos benéficos da cafeína, ou a aplicação de células estaminais em terapias cardiovasculares. Procuram soluções menos invasivas que ajudem a diagnosticar a diabetes ou o fígado gordo não alcoólico. A comunicação Não raras vezes encontramos referências ao CNC em meios de comunicação social. No ano passado, o centro chegou a 35 milhões de pessoas, em todos os pontos do mundo. Não é por acaso. “ Temos uma forte componente de comunicação de ciência”, confirma Raalho-Santos,

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Ramalho-Santos. O CNC junta 200 investigadores doutorados, metade contratados pelo CNC, metade pela Universidade de Coimbra (UC). No polo 1, estão os ligados à área clínica. No edif ício UC Biotech, no Biocant Park, em Cantanhede, está localizada a vertente de biotecnologia, ligada ao empreendedorismo e criação de startup. “Tentamos ter todos os elementos da cadeia de valor”, defende, revelado que os alunos do instituto “recebem formação para um plano de carreira, para serem empreendedores, comunicadores e terem alternativas fora do padrão”. No CNC aborda-se, por exemplo, a Oncofertilidade, o modo como o envelhecimento piora o estado

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anunciando que “todos os anos investigadores do centro interagem diretamente com cerca de 3000 pessoas”. Há uma preocupação em prestar contas do que se faz. “Chegámos a explicar ciência em autocarros dos SMTUC”, conta. A tarefa não é fácil, mas assumese como central. “Explicar às pessoas para que serve medir uma proteína numa sinapse num ratinho?”, questiona o investigador. “Percebe-se melhor, e é normal, para que serve um supermercado ou um centro de saúde. Mas é relevante que expliquemos que muito do que se faz agora - terapias inovadores que estão a aparecer como as das células estaminais, a terapia génicatêm como base resultados de 10/15 anos ou mais de

alguns dos nossos investigadores”, argumenta. Campus de saúde “Precisamos de dar um salto, o ideal seria um campus da saúde junto dos hospitais para onde fosse toda a gente que tem interesse nessa área”, afiança. “Já lá está a Faculdade de Farmácia, a de Medicina, o ICNAS (Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde), a Medicina Legal, era importante haver uma ligação com os hospitais”, refere. Mas o que impede que se faça? “Há um problema de ligação entre os vários atores da cidade. Nós não estamos em nenhuma torre de marfim nem nunca estivemos, estamos sempre a querer comunicar. Temos polos de excelência no país e na região mas podíamos

falar mais”, responde João Ramalho-Santos. No cargo de presidente do CNC há quatro anos, diz que o maior desafio que enfrenta “é gerir todas as pessoas de maneira a que todas tenham boas oportunidades para desenvolver a sua investigação”. Isso e debater-se por instalações e financiamento adequado. “O nível de excelência que temos não se compadece com os espaços onde trabalhamos”, critica. “Se temos valências em saúde como as potenciamos?” Ramalho-Santos deixa a pergunta como ponto de partida daquilo a que chama “um investimento estratégico necessário”. | Cátia Vicente

Vertente empreendedora através da biotecnologia Visão macro da ciência e da carreira de cada investigador


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Apoio à deficiência em contexto de trabalho 66180

Com mais de quatro décadas de experiência, a Arcil é uma IPSS que trabalha com base nos afetos, atribuindo autonomia aos seus clientes

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ARCIL em números prestação de serviços e acompanhamento a 1.364 clientes com qualquer tipo de incapacidade motora ou mental é o dia-a-dia da Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã (ARCIL). Ao fim de 42 anos de existência, esta instituição é uma das referências do setor a nível nacional, conferindo à região Centro um certificado de excelência no acompanhamento dos seus utentes, designados na ARCIL como clientes. A luz que guia os profissionais que ali trabalham é “construir projetos de vida com as pessoas, acreditando no potencial inclusivo das comunidades”. Por isso, a aposta é sempre em ir mais além, não só como comunidade, mas também a nível individual. Isso está muito patente no Departamento de Reabilitação existente, que integra oito unidades, qual delas a de maior importância: Centro de Recursos para a Inclusão (CRI), Centro de Recursos para o

Emprego (CR), Centro de Emprego Protegido (CEP), Centro de Atividades Ocupacionais (CAO), Lar de Apoio “Casa das Cores”, Lar Residencial, Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), Centro de Atividades de Tempos Livres. Centro de Recursos para a Inclusão (CRI) O CRI garante apoios especializados em Psicologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Terapia da Fala, Psicomotricidade e Transição para a Vida Pós Escolar (TVPE) dos alunos (6-18 anos) com Necessidades Educativas Especiais (NEE) de Caráter Permanente, em parceria com os Agrupamentos de Escolas (AE) da Lousã, Miranda do Corvo, Góis e Pampilhosa da Serra. Centro de Recursos para o Emprego (CR) Apoio especializado na tomada de decisões vocacionais, na qualificação e no emprego das pessoas com deficiência e/ou incapacidade que apresentam dificuldades no acesso,


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projectos que diferenciam a região centro

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+++ ++ formação profissional

emprego protegido

manutenção e progressão no emprego, provenientes da área de abrangência do Serviço de Emprego e Formação Profissional do Pinhal Interior Norte – Serviços de Emprego da Lousã e Arganil. Centro de Formação Profissional (FP) Este serviço destina-se à qualificação e (re)abilitação profissional, social e pessoal de jovens e adultos que pretendam ingressar ou reingressar no mercado de trabalho. Privilegia uma intervenção holística e ecológica, com cursos de formação profissional inicial, de Dupla Certificação (profissional e escolar), Nível 2 (9.º Ano) de 2.900 horas – Cabeleireiro/a de Senhora; e de 3.600 horas – Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade, Cozinheiro/a, Empregado/a de Mesa, Mecânico/a de Serviços Rápidos, Operador/a de Acabamentos de Madeira e Mobiliário e Percurso C Operador/a de Jardinagem e Operador/a Agrícola. Centro de Emprego Protegido (CEP) Neste centro faz-se um esforço de (re)habilitação a pessoa com defici-

ência ou em situação de incapacidade, através do exercício de uma atividade profissional em regime de Emprego Protegido, de preferência em organizações externas. Destina-se a adultos com deficiência, com capacidade de trabalho não inferior a 30%, nem superior a 75% da capacidade de trabalho normal. Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) Destinado a pessoas maiores de 16 anos com diversas tipologias de deficiência, integra apoios terapêuticos como a hidroterapia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia clínica, reabilitação neuropsicológica, educação física/desporto adaptado, relaxamento e estimulação sensorial, dança/expressão musical. Dois lares, serviço de apoio domiciliário e centro de atividades ocupacionais completam a oferta. Emblemáticas nesta instituição são as Unidades de Reabilitação em Contexto Produtivo (RCP), autênticas empresas que “geram receitas que contribuem para o financiamento da Instituição, assumindo

uma enorme importância no que se refere à concretização da sua missão ao nível das diversas áreas da reabilitação socioprofissional”, sublinha a direção. São elas: – ARCILAgro, Agricultura Social; – ARCILCerâmica, Cerâmica Decorativa; – ARCILLav, Lavandaria; – ARCILMadeiras, Serviços de Carpintaria e Serração – ARCILSaúde - Serviço de Medicina Física e Reabilitação, Medicina Dentária e outros serviços de Reabilitação; –ARCILVerde, Jardinagem e Silvicultura; – “O Parque”, BarRestaurante Pedagógico; – CSM, Centro de Serviços e Manipulados. Como organização de grandes dimensões, a ARCIL garante, de forma autónoma, os transportes e prontidão das viaturas próprias, a manutenção dos edif ícios, a confeção de refeições e gestão dos refeitórios, a limpeza de todos os espaços, a contratação pública, os inventários e o aprovisionamento para todas as suas necessidades diárias. | António Rosado


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Entre os melhores nos transplantes 66550

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) foi, e continua a ser, pioneiro na realização de transplantes e de cirurgias inovadoras no mundo

diário as beiras | 24-03-2018

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ortugal está na cauda da Europa em muitos indicadores, mas não na área da saúde. Coimbra tem contribuído para muitos dos sucessos conseguidos neste capítulo, e os seus hospitais foram palco de feitos pioneiros. Na área da transplantação têm sido muitas as intervenções inovadoras realizadas ao longo dos anos no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). A unidade hospitalar tem reforçado, de resto, a aposta na transplantação, entre outras áreas clínicas de ponta, e está entre os centros que lideram, nesta área, a nível nacional. Foi nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) que Linhares Furtado realizou, em 1969, o primeiro transplante renal feito no nosso país, tornando-se o precursor da transplantação em Portugal. De resto, nos HUC, Linha-

Os transplantes cardíacos, efetuados pela equipa de Manuel Antunes, lideram no país res Furtado foi pioneiro, a nível nacional e mundial, de várias técnicas de transplantação de órgãos abdominais. Ali, realizou as primeiras reduções e bipartições do fígado para transplante, concebeu e efetuou o primeiro transplante hepático em dominó no mundo –, com aproveitamento do fígado de um doente com paramiloidose –, e fez o primeiro transplante hepático triplo a nível mundial e primeiro transplante hepático pediátrico com dador vivo. Em 1995 Linhares Furtado realiza uma intervenção inovadora no mundo, ao fazer um transplante hepático, duplo e sequencial e, no ano seguinte, volta a ser pioneiro, ao efetuar o primeiro transplante simultâneo de f ígado e intestino na Península Ibérica. Em 2006, já após a jubilação de Linhares Furtado, o


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DB-Fotos de Luís Carregã

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primeiro transplante renal do país foi feito nos HUC

Unidade de Transplantação Hepática do CHUC tem no currículo muitas cirurgias pioneiras Centro de Transplantação Hepática dos HUC volta a realizar uma cirurgia pioneira: um transplante hepático com dador vivo num adulto com paramiloidose. Neste caso, o pai, de 47 anos, doou parte do seu fígado ao filho, de 23 anos, que sofria da “doença dos pezinhos”.

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Transplantes hepáticos pediátricos só no CHUC A Unidade de Transplantação Hepática de Adultos e de Crianças do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), coordenada pelo cirurgião Emanuel Furtado, realizou, em 2017, 70 transplantes hepáticos, superando o número do Centro Hospitalar do Porto, que efetuou 67, mas ficando aquém do Centro Hospitalar de Lisboa Central, onde foram realizados 122 transplantes. Esta unidade de trans-

plantação hepática é, no entanto, o único centro do país que efetua transplantes hepáticos pediátricos. É também o único que realiza transplantes hepáticos com dador vivo em crianças, que assim podem receber parte do fígado de adultos. Em 2016, esta unidade do CHUC realizou um autotransplante de f ígado, uma cirurgia inovadora e rara no mundo. Tratouse da cirurgia a um tumor, em que o fígado foi operado fora do corpo e depois colocado novamente. Maior número de transplantes renais O hospital onde foi realizado o primeiro transplante renal continua a dar provas nesta área. Em 2017, o CHUC foi a unidade hospitalar que mais transplantes renais realizou, totalizando 128,

CHUC tem liderado nos transplantes renais

efetuados pelo Serviço de Urologia e Transplantação Renal do CHUC, liderado por Arnaldo Figueiredo. Perto ficou o Centro Hospitalar do Porto, com 123 transplantes, tendo o Centro Hospitalar de S. João efetuado 78. O Centro Hospitalar de Lisboa Norte realizou 65 transplantes, o de Lisboa Ocidental fez 55, o de Lisboa Central 62, o Hospital Garcia de Orta 16 e o Hospital da Cruz Vermelha realizou 2. Líder na transplantação cardíaca desde 2003 A 26 de novembro de 2003, o cirurgião Manuel Antunes inicia os transplantes cardíacos no Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos HUC. O doente transplantado, um homem de 49 anos, residente na região Centro, que sofria de uma cardiomiopatia dilata-

da, recebeu o coração de uma mulher de 35 anos, vítima de um aneurisma cerebral. A intervenção foi um sucesso e, logo no primeiro ano, o Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos HUC realiza 25 transplantes de coração, um número nunca antes alcançado por nenhum outro centro em Portugal. Nesse ano, 2004, os outros três centros nacionais realizaram, no total, 17 transplantes de coração. No ano passado, o Centro de Cirurgia Cardiotorácica do CHUC realizou 26 transplantes cardíacos, mais de metade dos 47 que foram efetaudos a nível nacional. O Centro Hospitalar de S. João efetuou seis transplantes cardíacos, o Centro Hospitalar de Lisboa Central realizou oito, enquanto no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental foram feitos sete.

Pioneiro no transplante da córnea Também no CHUC, no Serviço de Oftalmologia, dirigido por Joaquim Murta, foram realizados, em 2017, 92 transplantes de córnea. Este serviço, aliás, foi pioneiro no transplante lamelar da córnea em Portugal. É ao Banco de Olhos do CHUC que compete fazer a recolha de córneas de toda a região Centro. A Unidade de Transplante Hematopoiético (medula óssea) do CHUC, coordenada por Catarina Isabel Santos, realiza os transplantes autólogos de todos os doentes da zona Centro. No ano passado, 2017, efetuou 53 transplantes autólogos (autotransplante com células hematopoéticas progenitoras periféricas). | Dora Loureiro

único centro com transplantação hepática pediátrica

CHUC realiza maioria dos transplantes cardíacos


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“Uma história de amor” O cardiologia Eduardo Castela trouxe dos Estados Unidos a ideia de criar uma consulta de telemedicina no Hospital Pediático de Coimbra

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Em 1995 Eduardo Castela deitou mãos à obra para criar uma consulta de telemedicina oi uma “história de amor”. É assim que o médico Eduardo Castela, precursor da telemedicina em Portugal, recorda o modo como o Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital Pediátrico de Coimbra foi pioneiro na instalação de uma rede de teleconsultas em Portugal. E esta rede de telemedicina – que hoje une o Pediátrico de Coimbra com vários hospitais portugueses, na sua maioria da região Centro, com unidades de saúde de três países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e ainda com um hospital de Madrid – já funciona há 20 anos, sem interrupções. Tudo começou em 1995, quando Eduardo Castela, numa curta viagem aos Estados Unidos, visitou a Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota. “Foi lá que vi, pela primeira vez, as teleconsultas”, lembra o cardiologista, que atualmente preside à Associação Portuguesa de Telemedicina. De regresso a Portugal, Eduardo Castela amadureceu a reflexão sobre os benefícios da telemedicina e procurou despertar o entusiasmo de outros médicos para pôr uma rede de teleconsultas a funcionar. Cativou, desde logo, os colegas do seu serviço, entre os quais a cardiologista Lúcia Ribeiro. E com eles começou a desenvolver contactos com todos os hospitais distritais da região Centro, explicando as vantagens da telemedicina para possibilitar o diagnóstico de patologias cardíacas nas crianças e no feto, sem obrigar os pacientes a uma deslocação, por vezes longa e penosa,

até ao Hospital Pediátrico de Coimbra. Democratizar o acesso de todas as crianças à saúde “A Cardiologia Pediátrica só existia nos grandes centros, em Lisboa, Porto e Coimbra. Com a telemedicina podíamos criar condições de igual acessibilidade, para todos os utentes da região Centro, às consultas de Cardiologia Fetal e de Cardiologia Pediátrica”, acentua Eduardo Castela. “O objetivo era democratizar o acesso à rede de cardiologia pediátrica de todas as crianças da região Centro, e conseguimos concretizá-lo. Essas crianças têm cardiologista pediátrico como têm as de Coimbra, e isso é um orgulho para nós e para a região”, afirma, acentuando que, ao mesmo tempo, a telemedicina traz também muitos ganhos e economias para o Serviço Nacional de Saúde. “Há uma poupança de recursos, seja dos utentes, seja do Serviço Nacional de Saúde, ao evitarem-se inúmeras deslocações”, realça. Projeto entusiasmou Democratizar o acesso à saúde é ainda hoje, tal como há 20 anos, o principal desiderato da telemedicina. “Estávamos todos muito empenhados em criar este projeto, era uma maneira de estar na vida”, sorri Eduardo Castela, quando recorda as muitas viagens, algumas atribuladas, que efetuou com outros médicos da Cardiologia Pediátrica aos hospitais da região. Primeiro para explicar o que era a tele-


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Consigo, há mais de 5 décadas

A Ideal de Lda. apresenta desde formação uma para o A Transportadora Transportadora Ideal do do Bairro Bairro de Alcântara, Alcântara, Lda. de apresenta desde aa sua sua formação uma tendência tendência paraformação o A Transportadora Ideal do Bairro Alcântara, Lda. apresenta desde a sua uma crescimento permanente, sustentado por uma visão estratégica do negócio, clara e inovadora. Temos à disposição tendência para um crescimento permanente, sustentado por uma do visão estratégica negócio, clara e inovadora. Temos à crescimento permanente, sustentado por uma visão estratégica negócio, clarado e inovadora. Temos à disposição disposição dos nossos Clientes os mais variados serviços, nas áreas de negócio que o nosso Grupo abarca, permitindo dos dos nossos nossos Clientes Clientes os os mais mais variados variados serviços, serviços, nas nas várias várias áreas áreas de de negócio negócio que que o o nosso nosso Grupo Grupo abarca, abarca, permitindo permitindo que desenvolvam os seus próprios negócios, otimizando oo desempenho desempenho ee racionalização racionalização de custos. Providenciamos múltiplas desenvolver os negócios, optimizando de Assim, apresentamosdesenvolver os seus seus próprios próprios o desempenho e racionalização de custos. custos.quer Assim, soluções, englobando todos negócios, os serviçosoptimizando que se adequem às suas necessidades de transporte, em apresentamosterritório nacional lhe soluções ee diversos serviços que adequam às suas de transporte, quer em território lheouvariadas variadas soluções diversos serviços que se se de adequam suas necessidades necessidades transporte, emcada território internacional. Atuamos desde o transporte grandesàsdimensões, Carga dedeProjeto, Cargaquer classifi como ADR, nacional ou internacional, desde o transporte de grandes dimensões, ADR, contentores, grupagem, até ao transporte nacional ou internacional, desde o transporte de grandes de dimensões, ADR, que contentores, ao “side-loader”. transporte contentores, grupagem, até ao transporte de contentores frio, operações requeiramgrupagem, basculante,até grua, de contentores de frio, basculante, grua, Quer de uma ou particular, se trate de ou particular, da sua como deQuer contentores deuma frio,empresa, basculante, grua, etc. etc.cuidamos Quer se se trate trate demercadoria uma empresa empresa ounossa. particular, cuidamos cuidamos da da sua sua mercadoria como nossa. mercadoria como nossa. A Repnunmar – Logística e Trânsitos, Lda. agiliza todo o processo de transporte/logística da mercadoria, tendo sempre presente a satisfação do Cliente. Prestamos todos os serviços de logística integrada, dispondo de uma rede de A Repnunmar ee Trânsitos, Lda. agiliza o de da tendo AArmazéns/Plataformas, Repnunmar –– Logística Logística Trânsitos, Lda. agiliza todo todo o processo processo de transporte/logística transporte/logística da mercadoria, mercadoria, cobrindo o território nacional, bem como uma “network” de Agentes Internacionais. Porquetendo fazer chegar sempre presente satisfação do presta serviços integrada dispondo de sempre presente aade satisfação do cliente. cliente. Aa Repnunmar Repnunmar presta todos todos osmuito serviços de logística integrada dispondo de a sua mercadoria uma ou mais origens, A um ou mais destinos, requeros mais de do logística um simples transporte, apresentamos uma rede de plataformas que cobrem todo o território nacional e de uma network de agente internacionais. Porque soluções variadas e serviços multidisciplinares, que se adequem passando pelo transporte por via uma rede de plataformas que cobrem todo o território nacional eàsdesuas umanecessidades, network de agente internacionais. Porque terrestre, aérea ou marítima, até à logística da palete e/ou contentor, bem como a gestão da documentação de transporte (BL fazer fazer chegar chegar aa sua sua mercadoria mercadoria do do ponto ponto A A ao ao ponto ponto B B requer requer muito muito mais mais que que o o simples simples transporte, transporte, apresentamos-lhe apresentamos-lhe FIATA, Certifi cadoe de Seguro, Certificado de Origem, Processamento Aduaneiro, EURo1). A Repnunmarvia dispõe de Parques soluções variadas serviços que se às necessidades, desde soluções variadas certifi e diversos diversos quePorto se adequam adequam às suas suas necessidades, desdemanutenção o transporte transportee por por via terrestre, terrestre, de Contentores, cados,serviços em Lisboa, e Sines, onde efetua o parqueamento, reparação dos mesmos.

aérea aérea ou ou marítima, marítima, até até àà logística logística de de paletes paletes e/ou e/ou contentores contentores ee gestão gestão da da documentação documentação de de transporte transporte (seguros, (seguros, alfândegas, etc.). A empresa dispõe também de parques de contentores onde efectua o parqueamento e alfândegas, etc.). A empresaedispõe também de parques de contentores onde posição efectua o parqueamento e reparação reparação O Grupo Silvestre Silva tem conseguido firmar a sua no mercado, graças a dos mesmos (Lisboa e Porto). três vertentes dos mesmos (Lisboa efundamentais: Porto).

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Sede Telefone +351 218650107 Carlos Silvestre Rua do 5º Centenário nº4, Quinta de São João das Areias, 2685-870 Sacavém Sede Sede Telefone Telefone Rua do nº4 Quinta Rua do 5º 5º Centenário Centenário Quinta de de S. S. João João das das Areias, Areias, Sacavém Sacavém E-mail Parques de nº4 Contentores +351 218650107 Carlos csilvestre@silvestresilva.com Rua Pêro Escobar, Quinta do Gradil, 2680-574 Camarate +351 218650107 Carlos Silvestre Silvestre Parque de contentores Parque de contentores Terminal do Freixieiro, E.N. 107, 4455-496 Perafita Rua Pêro Escobar Quinta Gradil, Lisboa Lote Loteamento 2 da ZILS, Zona Logistica de Sines, 7520-000 Sines Rua Pêro2E3 Escobar Quinta do doZona Gradil, Lisboa E-mail E-mail E.N. 107 km 8 Perafita, Porto E.N. 107 km 8 Perafita, Porto WEBSITE Armazéns Logísticos csilvestre@silvestresilva.com csilvestre@silvestresilva.com Armazéns logísticos www.silvestresilva.com Rua dalogísticos Boa Viagem nº 90 / 114 Moreira, Maia, 4470-210 Moreira. Armazéns Rua do 5º Centenário nº4, Quinta Rua da nº114 Maia WEBSITE Rua da Boaviagem Boaviagem nº114 Moreira, Moreira, Maia de S. João das Areias, 2685-870 Sacavém Terminal de Carga do Aeroporto da Madeira. Gabinete 1002, 9100-105 Santa Cruz, WEBSITE Rua do 5º Centenário nº4 Quinta de S. João das Areias, Sacavém Rua do 5º Centenário nº4 Quinta de S. João das Areias, Sacavém Madeira carga do Aeroporto da Madeira. Gabinete 1002, Santa Cruz Terminal www.silvestresilva.com Terminal de de carga do Aeroporto da Madeira. Gabinete 1002, Santa Cruz www.silvestresilva.com


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Cardiologista Eduardo Castela criou uma rede de telemedicina que hoje abrange todos os hospitais da região Centro e funciona há 20 anos sem interrupção

igualdade no acesso das crianças à saúde

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poupança de recursos, aos utentes e ao SNS

medicina e as suas vantagens, depois para instalar equipamentos e ainda para dar formação. Viagens que eram feitas a expensas próprias e usando muitos dos tempos livres. Os cursos de formação foram feitos para obstetras – que iriam realizar as teleconsultas em Car-

diologia Fetal, em fetos até às 22 semanas –, e para cardiologistas e pediatras, que em cada hospital ficariam responsáveis pela telemedicina na área da Cardiologia Pediátrica”, explica. E, entretanto, Eduardo Castela efetuara também contactos com a PT Inovação, que já estava a desenvolver uma plataforma para a telemedicina.

Nas viagens aos hospitais da região Eduardo Castela encontrou muitos médicos entusiasmados com a ideia inovadora, mas também os “velhos do Restelo”. Para alguns médicos, “por desinformação e por não acreditarem, este projeto era surreal”, admite o cardiologista. Telemedicina há 20 anos Mas a verdade é que a 14 de outubro de 1998 – completam-se este ano 20 anos –, as consultas de telemedicina arrancam formalmente, envolvendo o Pediátrico de Coimbra e o Hospital de Leiria – na valência de Cardiologia Pediátrica –, e a Maternidade Júlio de Matos, no Porto – na Cardiologia Fetal. No Hospital de Leiria, Eduardo Castela conseguiu granjear o apoio de Bilhota Xavier, atual diretor do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, para o início das teleconsultas de Cardiologia Pediátrica, que se realizam já há 20 anos, sem interrupções, todas as sextas-feiras, permitindo consultar uma média de 20 crianças por semana. Progressivamente, outros hospitais da região Centro foram aderindo à rede de telemedicina em Cardiologia Pediátrica e Cardiologia Fetal. Em 2000 aderiram os hospitais de Aveiro, da Guarda e da Covilhã. E depois foram entrando os de Viseu, Castelo Branco e mais recentemente a Figueira da Foz. A internacionalização desta rede de telemedicina surge em 2005, com a ligação, na área da Cardiologia Pediátrica, ao Hospital Gregorio Marañón, em Madrid, que possibilita as teleconsultas e a análise mútua de casos entre os especialistas dos dois países

Em 2006 é a vez do Hospital de Vila Real se juntar à rede de telemedicina do Hospital Pediátrico de Coimbra, assegurando teleconsultas a todas as crianças da região transmontana. No ano seguinte, em 2007, iniciam-se as teleconsultas com os PALOP. As primeiras ligações são estabelecidas com o hospital pediátrico de Luanda, o Hospital David Bernardino, seguindo-se depois as consultas os hospitais da Cidade da Praia e do Mindelo, em Cabo Verde, e mais tarde com o hospital de S. Tomé e Príncipe. Urgências 24 horas por dia Com o apoio do Ministério da Saúde, a rede de telemedicina vai somando sucessos e em julho de 2006 é assinado um protocolo que permite disponibilizar também um serviço de urgência 24 por dia através por teleconsulta. Este foi “um passo inédito, mesmo a nível internacional”, assinala Eduardo Castela, que durante 14 anos foi diretor do Serviço de Cardiologia Pediátrica, tendo-se aposentado no final de 2017. Hoje são realizadas por ano cerca de 3.600 consultas por telemedicina na Cardiologia Pediátrica e na Cardiologia Fetal. Algumas das crianças que são vistas nestas teleconsultas, às quais são diagnosticadas patologias cardíacas, acabam por vir para o Hospital Pediátrico de Coimbra. Outras são seguidas no hospital de origem. Apoio da administração do CHUC “O que francamente nos entusiasmou a desenvolver a rede de telemedicina foi o apoio dos sucessivos conselhos de administração, que nos têm acarinha-

do”, afirma o cardiologista. Eduardo Castela foi nomeado promotor interno da telemedicina no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) pelo anterior presidente do conselho de administração, José Martins Nunes. Cargo que ainda mantém, apesar de se ter aposentado em finais do ano passado, uma vez que o atual presidente do conselho de administração do CHUC, Fernando Regateiro, decidiu reconduzi-lo. Telemedicina multiplica-se Hoje o entusiasmo pela telemedicina é transversal e as teleconsultas começaram a replicar-se em vários serviços do CHUC, reconhece Eduardo Castela, sublinhando que estão a funcionar de forma exemplar em diversas especialidades. É o caso da Via Verde do AVC, do Serviço de Neurologia do CHUC, que entre 1 de agosto de 2015 e 31 de dezembro de 2017 efetuou 1178 teleconsultas com resultados excelentes. E também do Serviço de Genética do Hospital Pediátrico, da Psiquiatria, da Dermatologia, da Cardiologia e da Pneumologia, que possui um projeto de monitorização de doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) com provas dadas. Existem outras especialidades que pretendem, em breve, aderir à telemedicina, como a Infeciologia, a Medicina Interna, a Nefrologia, a Neurologia e a Neurocirurgia, adianta Eduardo Castela. Algumas destas especialidades do CHUC irão realizar consultas por telemedicina com o Estabelecimento Prisional de Coimbra, integrando um projeto nacional. | Dora Loureiro


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Incluir todos e cada um 66334

Associação da Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) foi a terceira do género no país e já faz o seu trabalho há 45 anos M

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Manuel Gonçalves Cheganças, Lda.

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Transportes para U.E. - Materiais de Construção Civil mgchegancas1@sapo.pt

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s utentes estão no centro das suas preocupações mas também a sua família. A paralisia cerebral é a sua razão de existir, mas, hoje, apoia outras “situações neurológicas afins”, segundo o presidente Antonino Silvestre. Oferece serviços variados na área da terapêutica e do bemestar, em Coimbra, mas é procurada por pessoas de toda a região Centro. Nas suas atividades desportivas, treinaram campeões nacionais, europeus, mundiais e paralímpicos. Assim é a Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), um projeto relevante para a região. Centro de Reabilitação da Paralisia Cerebral Esta é a valência mais antiga da APCC e funciona na sede da instituição, no Vale das Flores. Médicos e técnicos, em equipas multidisciplinares, trabalham em conjunto porque, segundo o dirigente, muitas vezes, estes problemas estão interligados. Os serviços não são só para o utente, mas envolvem a família (que também recebe apoio). Transportes São 17 carrinhas, com 17 motoristas e 17 auxiliares,

em 17 percursos, que iniciam o seu funcionamento pelas 06H30 ou 07H00 da manhã, consoante o local de origem. O serviço de transportes da APCC movimenta centenas de pessoas por dia e faz, na sua totalidade, cerca de 4.000 quilómetros. Os percursos cobrem uma área geográfica que vai desde Águeda à Leirosa, no sul da Figueira da Foz, passando pelo Luso. Desporto e artes O desporto destaca-se pelos seus campeões e pelos numerosos prémios que já conquistaram. No boccia, uma modalidade simples que, apesar de ter surgido no âmbito da paralisia cerebral, pode ser praticada por todos, jovens e velhos. Assim, a APCC criou o primeiro centro de recursos de Portugal, Bocciateca, que se destina à prática desta modalidade por idosos. O projeto mereceu o prémio BPI Capacitar. Promovem também a natação e a tricicleta. Esta última é uma modalidade em que os participantes competem, em pistas de atletismo, numa bicicleta de três rodas, sem pedais, usando os próprios pés para se deslocar.

A transportar e fornecer desde 1960

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Tel. 239 962 903 / Fax 239 963 167 - Telemóveis 917 244 428 / 919 310 238 Estrada Nacional 111, n.º 11 - 3025-563 S. Silvestre - Coimbra

Parabéns Diário As Beiras


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O que é a paralisia cerebral? RNão é uma doença, mas um distúrbio ou perturbação no campo neurológico que origina alterações neuromotoras;

variedade de serviços na terapêutica e bem-estar

RO que a distingue é a perturbação da postura e do movimento mas pode ter outras consequências associadas; RÉ originada por uma lesão cerebral que surge no nascimento (ou antes ou após) e que não se agrava nem progride ao longo da vida;

Por fim, é necessário sublinhar que têm a única equipa do país de futebol em cadeira de rodas elétrica e já foram competir ao Japão e a França e já receberam equipas francesas. Na música, destaca-se o grupo rock 5ª Punkada e o grupo de bombos. A música da APCC já venceu duas vezes o festival da Eurovisão da pessoa com deficiência. Têm também grupo de teatro, expressão plástica e pintura.

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Quinta da Conraria Aqui funcionam algumas estruturas que se destinam apenas a adultos, com mais de 16 anos, como é o caso do Centro de Formação Profissional (na dependência do IEFP) que serve para certificar as pessoas ao nível do 9.º e do 12.º anos de escolaridade e capacitar para a prática profissional. Não se destina só à paralisia cerebral, mas também a pessoas com dificuldades cognitivas e de formação. Nesta faixa etária há também a Unidade de Reabilitação de Doentes Profundos e o Centro de Atividades Ocupacionais (CAO). Este serve para desenvolver as capacidades de pessoas com limitações

significativas de participação, através de atividades artísticas, manuais, informáticas entre muitas outras. Por fim, há a equitação terapêutica, técnica que a APCC já utiliza há muito tempo, diz o presidente. Têm também uma quinta pedagógica neste espaço, que se destina a programas com escolas e infantários em que as crianças podem descobrir como se faz o pão, o iogurte ou conhecer as ervas aromáticas em estado natural, entre outras atividades. Lares e escola A APCC tem três locais de residência: na Quinta da Conraria, na rua Eça de Queiroz, com o lar de apoio, e em Celas, com o mais recente lar integrado. É uma resposta às necessidades dos próprios utentes, mas também lá podem ser colocados indivíduos pela Segurança Social e pela Justiça. Neste momento têm lotação esgotada. Para além dos lares, a APCC tem um jardim infantil com três salas e uma escola integrada no Agrupamento de Escolas Coimbra Sul. Silvestre garante que é uma escola

JP

João Pinheiro & FILHOS LDA

regular, que exige a presença dos professores do agrupamento para dar as aulas, e que serve para apoiar crianças com dificuldades que aí podem ter mais apoio. Isto não se opõe ao caminho de integração que é necessário fazer hoje, na visão do dirigente, e que todos têm de trabalhar nesse sentido. Sustentabilidade e apoio No que toca ao financiamento, a Segurança Social tem um papel de destaque neste aspeto já que comparticipa, por exemplo, grande parte do valor necessário para frequentar o lar, por pessoa. O valor que o utente paga depende do seu rendimento per capita e acaba por ser muito reduzido, garante Silvestre. Revela que têm muitos casos de pessoas com grandes dificuldades, que apresentam atestados de pobreza da junta de freguesia. Mas sublinha: “Até hoje, nunca vi aqui ninguém a dizer “Se não paga vai-se embora””. Aí surgem também dificuldades para a instituição que procura suportar custos com outras fontes de financiamento. Uma delas é recebendo donativos,

apesar de não ser comum receber um donativo superior a 100 euros. Como se trata de uma associação, as quotas dos sócios também contribuem mas Antonino Silvestre afirma que é “uma gota de água”. A inclusão hoje Antonino Silvestre considera que, hoje, a discussão sobre a inclusão na paralisia cerebral é diferente. Antes do 25 de abril, muitas pessoas nesta situação viviam fechadas em casa e, com o tempo, as pessoas começaram a abrir-se ao exterior. Hoje, em geral, são apoiados quase desde que nascem, mas a organização também recebe adultos. “Este trabalho [da inclusão] tem de ser feito por todos, tem que ser feito pelos portadores de paralisia cerebral”, defende. Para o presidente, a pior coisa que pode acontecer é considerarem o indivíduo incapaz. Refere-se em especial ao contexto de trabalho. Se a pessoa não está bem, é preferível sair, defende. A APCC no futuro “Nesta casa só pode trabalhar quem sentir que, para além das suas fun-

Rua da Alfândega, 22 3080 Figueira da Foz joaopinheirofilhosffoz@gmail.com joaopinheirofilhos@sapo.pt

ções, também está a dar um pouco de si próprio a alguém que necessita de ajuda e de apoio”, segundo o presidente. No entanto, explica que isso não acontece em todos os casos. São procurados por utentes de toda a região Centro. De facto, foram a primeira entre o Douro e o Tejo e, apesar de já existir este tipo de estruturas em Viseu, Santarém e Leiria, recebem utentes da Guarda, da Covilhã, da zona de Castelo Branco, de Ourém, entre outros. “O nosso trabalho é reconhecido como eficaz, produtivo, resultando daí benef ícios para as duas partes e continuamos a ser solicitados nesse sentido. Nestas coisas, como em tudo, há quem esteja satisfeito e quem esteja menos satisfeito”. Garante que na atualidade são mais exigentes com os serviços que prestam. No futuro, prevê muita luta e dificuldade, mas sublinha que, apesar disso, é necessário utilizar as capacidades que têm por esta causa. |e| Inês Morgado

Tel.: (+351) 233 422 612 Tlm.: (+351) 966 796 482 Fax: (+351) 233 428 089

Parabéns pelos 24 anos de Informação Parabéns Diário As Beiras

+++ ++ + procurada em toda a região

investimento reduzido

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Inovar desde o interior

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A equipa de investigadores no Campus de Tecnologia e Inovação, de Oliveira do Hospital

A partir de Lagares da Beira, os investigadores da BLC3 valorizam produtos endógenos com foco nas preocupações ambientais e na economia circular

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excelência não basta à BLC3. É preciso dar relevo à diferença. A geografia, primeiro: Lagares da Beira é o verdadeiro interior de Portugal. O trabalho, depois: a valorização de produtos endógenos; o foco nas preocupações ambientais e na economia circular. Fundado em 2010, o projeto BLC3 não para de crescer e inovar. De início, identificou-se como Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro e foi, justamente, a aposta na inovação e na ciência intimamente ligadas à terra que a distinguiram. Na origem do projeto esteve uma ideia algo peregrina do investigador João Nunes: desenvolver a tecnologia de produção de biocombustível a partir de matos e incultos e resíduos agroflorestais. Assim nasceu a plataforma Biomassa Lenho- Celulósica de 3ª Geração – microalgas. O projeto de I&D passa pelo desenvolvimento de bioindústrias, biorrefinarias e bioprodutos substitutos dos derivados de petróleo. O objetivo é a minimização dos efeitos dos grandes incêndios florestais e a valorização de recursos lenho-celulósicos,

efluentes e materiais contaminados. Os primeiros dois anos foram dif íceis, para a BLC3. Mas, em 2013, a BLC3 vive um momento quase quântico. Na génese, esteve uma decisão política de risco: a autarquia de Oliveira do Hospital aprovou a cedência de um espaço f ísico emblemático, no concelho, para servir de âncora ao novo Campus de Tecnologia e Inovação. O edif ício, em Lagares da Beira, estava profundamente degradado mas mantinha a altivez e a elegância de traça que o caracterizara, na década de 1990, quando foi construído para albergar um centro de negócios da associação empresarial Acibeira. E é a partir de 2013 que o trabalho da BLC3 começa a ter reconhecimento, aquém e além fronteiras. Não admira, assim, que logo nesse ano tenha arrecadado o Prémio de Excelência: Tecnologia e Inovação, atribuído pela Caixa de Crédito Agrícola. No ano seguinte, a BLC3 ficou em 2º Lugar nos Prémios Europeus de Promoções Empresarial (European Enterprese Promotion Awards


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projectos que diferenciam a região centro - EEPA) na área de “Apoio ao desenvolvimento de mercados ecológicos e à eficiência de recursos”. E, em 2015, foi distinguida pela University Business Incubator e pela I3P - Incubadora de Empresas do Politécnico de Turim, com a sua presença no ranking do Top 10 e Top 25 das Melhores Incubadoras da Europa e do Mundo, respetivamente. Ainda nesse ano, a rádio local Boa Nova considera a BLC3 uma das 30 marcas mais importantes da região Beira Serra. É, porém, em 2016 que a plataforma atinge um ponto máximo. A consagração chegou em Bruxelas, em plena European Week of Regions and Cities, com a Comissão Europeia a atribuir ao projeto “Centro BIO: Bioindústrias, Biorrefinarias e Bioprodutos” o prémio RegioStars, na categoria de “Crescimento Sustentável: Economia Circular”. Foi o culminar de um exigente concur-

123 investigadores e cientistas

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12 processos de propriedade intelectual

so que levou o projeto a integrar um restrito lote de 23 finalistas de toda a Europa. Em causa está um projeto de forte impacto ambiental, com aposta sólida na reciclagem e reutilização de recursos, maioritariamente florestais. Ao todo, está em causa um investimento de 9,2 milhões de euros, envolvendo uma parceria pública-privada. A jusante, avançam 24 subprojectos de I&D, com a criação de cinco spin-offs, 1 spin-out e apoio na criação de 41 start-ups. De repente, muitos olhos voltaram-se para Lagares da Beira e para o projeto. E, em menos de um ano, a BLC3 teve de investir nos recursos humanos, que cresceram 15% (de 30 para 35 quadros diferenciados). Atualmente, conta com quatro doutorados, seis em doutoramento e os restantes quase todos com nível mestrado. Também a ligação ao tecido empresarial e ao universo institucional recebeu forte impulso, com a BLC3 a ser parceira ativa da Comissão de Coordenação, Fundação

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números 24 projetos i&d 55 parceiros 9 países europeus 19

ideias incubadas

Ciência e Tecnologia, GGPQ (Desafio Societal n2 dos fundos Europeus do H2020) e Ministério da Ciência. O reconhecimento depressa deu frutos, com a BLC3 a ser convidada para integrar cinco projetos internacionais e quatro nacionais. Ao mesmo tempo, assumiu a coordenação de uma dezena de projetos de investigação e inovação ligados à economia circular e bioeconomia. Entretanto, a própria BLC3, em conjunto com 14 universidades e Centros I&I e 14 empresas, criou aquilo que João Nunes define como “um grande projeto mobilizador em economia circular, com mais de 160 pessoas de investigação e inovação”. Falta, agora, dar o passo da produção industrial, para o que a BLC3 necessita de investidores. O objectivo é criar, inicialmente, quatro territórios com autonomia energética, o que requer um investimento de 120 milhões de euros. O sucesso pode, então, vir a garantir a propagação do negócio dentro e fora do país. | Paulo Marques

Queremos avançar com a produção industrial do biopetróleo num processo mais acelerado

João Nunes


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Lugares únicos aqui tão perto 66370

Património Mundial da UNESCO na região Centro

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E

ntre Douro e Tejo, quatro locais estão classificados pela UNESCO como Património Mundial. É o caso do Convento de Cristo em Tomar, do Mosteiro de Alcobaça, do Mosteiro da Batalha e da Universidade – Alta e Sofia. O que significa? Significa que estão inscritos na lista do Património Mundial UNESCO que foi criada com o intuito de proteger este tipo de bens patrimoniais, considerados de um “valor universal excecional”. Esta lista decorre da Convenção do Património Mundial, Cultural e Natural, de 1972, e é agora gerida pelo Centro do Património Mundial, autónomo do secretariado da UNESCO. Um convento militar O Convento de Cristo,

em Tomar, construído nos séculos XII e XIII, começou por ser um castelo templário, ordem religiosa militar. Depois de extinta, o seu património e privilégios foram entregues a uma nova ordem, a Ordem de Cristo. Um dos aspetos que levaram à sua classificação como Património Mundial da UNESCO é a Charola templária, oratório dos cavaleiros. Trata-se de um exemplar raro de igreja em rotunda, cujos murais foram pintados por ordem de D. Manuel I. Esta construção prolonga-se para fora do castelo com a janela ocidental da nave manuelina que, pela sua unicidade, também foi considerada como argumento para a classificação. A Charola representa o mundo medieval europeu e a invulgar janela manuelina é


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Valor histórico, cultural e arquitetónico

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Potencial turístico

projetos que diferenciam a região centro considerada a primeira síntese das artes europeia e oriental. O facto de ser um dos maiores conventos da Europa e, o claustro principal, uma obraprima da arquitetura do Renascimento pesaram na decisão. Foi incluído na lista em 1982. Um mosteiro em honra de uma batalha Seguiu-se a classificação do Mosteiro da Batalha em 1983. A razão da atribuição é sintetizada no sítio online do governo para este monumento como “o reconhecimento da originalidade do bem cultural, associada ao génio criativo da humanidade”. É um monumento único do gótico, em “pedra branda e de tonalidade quente” e apresenta, ao mesmo tempo, a “forma quase cristalina e mineral” que caracteriza o góticotardio. Acolheu gerações de arquitetos de grande relevância naquele que foi um dos maiores estaleiros da arquitetura portuguesa de sempre.

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A história conta que foi erigido por promessa de D. João I a Nossa Senhora, devido à vitória sobre os castelhanos. As famosas Capelas Imperfeitas foram destinadas a panteão dos reis da dinastia de Avis.

derados das mais belas esculturas funerárias góticas. Os motivos da representação do Juízo Final, no túmulo de D. Inês, e da Roda da Vida, no túmulo de D. Pedro, refletem a riqueza da sua decoração.

Um mosteiro austero de uma ordem austera Em 1989 foi a vez do Mosteiro de Alcobaça ver o seu património classificado nesta lista. Traduz o rigor e a austeridade da Ordem de Cister que habitou esse espaço e são poucos os exemplos desta sobriedade estética pregada por S. Bernardo. Assim, o facto de testemunhar este ideal ascético presente nas primeiras construções da ordem e o facto de ser uma “obraprima da arte gótica cisterciense” tiveram peso na decisão. A “grandeza das suas dimensões”, a “pureza e luminosidade arquitetónicas”, a “beleza do material” e o “rigor na execução” são fatores que determinaram a classificação. Por fim, os túmulos de D. Pedro e de D. Inês, do século XIV, são consi-

Uma universidade cosmopolita A mais recente classificação atribuída na região Centro foi dada à Universidade de Coimbra – Alta e Sofia. Fundada no século XIII por D. Dinis foi, até 1911, a única universidade de expressão portuguesa no mundo, como refere a vice-reitora Clara Almeida Santos. A exceção é feita para um período curto em que coexistiu com a Universidade de Évora. A vice-reitora destaca que foi um importante centro cultural europeu desde a Idade Média e, de acordo com o site da universidade sobre o património, o facto de ter “desempenhando um papel absolutamente indiscutível de centro de produção e transmissão do saber numa área geográfica que abrange quatro continentes”

no período dos Descobrimentos portugueses pesou na atribuição da classificação. Clara Almeida Santos destaca ainda a diversidade temporal e estilística que os 31 edif ícios classificados representam e que, por mostrarem a evolução humana ao longo da história, correspondem aos critérios previstos pela UNESCO para atribuir estas classificações. Por último, a classificação foi atribuída pelo papel importante na constituição e unidade da língua portuguesa. Por fim, destaca-se a unicidade da Biblioteca Joanina, o facto de a Reitoria e Faculdade de Direito ocuparem um palácio que foi morada régia e de a rua da Sofia ter sido um campus universitário pioneiro, entre outras características que distinguem este lugar património. Uma rede de lugares únicos Em novembro do ano passado foi constituída a Rede Lugares Património Mundial do Centro, um projeto do Turismo do Centro que, Clara

Almeida Santos explica que não é uma rede no mesmo sentido da Rede do Património Mundial de Portugal. Carlos Martins, responsável pela Rede Lugares Pa t r i m ó n i o M u n d i a l do Centro, acrescenta que esta se trata de um conjunto de entidades “que têm o interesse comum de valorizar turisticamente o património mundial da região centro que faz parte da lista da UNESCO”. As entidades que a compõem são os municípios onde se encontram os lugares classificados, a Universidade de Coimbra, a Direção-geral do Património Cultural e as instituições que têm como promotor e coordenador o Turismo do Centro. Nesta “conjugação de vontades” criaram este projeto para formalizar uma candidatura a financiamento do Centro 2020. O âmbito deste projeto tem três eixos: cultural, pedagógico, oferta turística e comunicação. Assim, alguns espetáculos em Tomar e em Coimbra já foram realizados com financiamento deste projeto, assim como a Bienal de Arte


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Contemporânea – Ano Zero, do CAPC, que teve a sua primeira edição no seguimento da atribuição da classificação à universidade. Prevê-se a realização de programação cultural de verão neste âmbito (como é o caso do Sons da Cidade), projetos na área letiva que vão chegar às escolas a partir de setembro, produção de sinalética nas cidades, roteiros, entre outras iniciativas com o setor hoteleiro. Destaca-se ainda o site que está a ser finalizado. A rede mostrará também aos turistas e operadores que justifica ficar mais tempo para conhecer a região. “Continua a ser, infelizmente, a região com menos noites médias de permanência turística”, acrescenta Carlos Martins. “Estamos conscientes de que o património é, atualmente, o mais relevante recurso da região Centro. (...) São recursos turísticos inigualáveis”, sublinha. De acordo com Carlos Martins, os quatro lugares representam já 1,6 milhões de visitas por ano, fundamentais para o Turismo do Centro. |e| Inês Morgado

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Quase 300 empresas apoiadas em 27 anos Criado em 1991, o Instituto Pedro Nunes já apoiou perto de três centenas de empresas. Estas têm, atualmente, uma taxa de sobrevivência de 75%

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DB-Fotos de Carlos Jorge Monteiro

N

este momento, são cerca de 300 as empresas apoiadas pelo Instituto Pedro Nunes (IPN) desde a sua criação. “Todas seguiram um processo formal de instalação física ou de apoio virtual, com contrato. Todas tiveram contrato e apoio efetivo durante vários anos”, explica Teresa Mendes, presidente da direção do organismo. Atualmente, estão cerca de 40 empresas na incubadora, com quase 300 colaboradores, 23 na aceleradora (650 colaboradores) e cerca de 70 em incubação virtual. “Para a dimensão de Coimbra, são números já com algum significado”, acrescenta a responsável, lembrando que existem ainda “mais cerca de 150 pessoas na estrutura. Portanto temos aqui perto de mil pessoas, nestes cinco edifícios”. O próprio modelo de atuação é por si só, diz Teresa Mendes, um fator de diferenciação do IPN na região Centro. “Conseguimos congregar a parte dos nossos laboratórios de ambiente tecnológico e a parte da incubação das empresas. Estas duas componentes juntas tornam o nosso projeto diferente”. Diferente, porque, continua, “pensando nas nossas startups, que sendo de tecnológica hoje em dia, com a velocidade a que é desenvolvida a tecnologia,

têm de estar em constante renovação. A atualização permanente é um desafio enorme que é colocado às empresas, que devem ter sempre acessíveis as últimas tecnologias, para poderem rapidamente adaptar e estar sempre na “crista da onda”. Hoje as startups quando crescem, fazem-no a pensar no mundo, para vender para o mundo”. O trabalho do IPN é feito para dentro e para fora. Ou seja, “estamos sempre virados para o exterior. A nossa missão, nos laboratórios, é desenvolver investigação que sirva as empresas. Não fazemos investigação sem empresas”, sublinha a responsável. “Normalmente, qualquer problema tecnológico que tem de ser resolvido e fazemo-lo em conjunto com as empresas. Com as empresas da incubadora é a mesma coisa, porque estamos a apoiar um projeto que é delas e também estão viradas para o mundo. A nossa preocupação é sempre fazê-las chegar mais longe. Esta ligação entre investigação e empresas facilita esta atualização”, explica. Atualmente, a taxa de sobrevivência das empresas apoiadas pelo IPN é de 75%. “Foi de 80% até 2010/2011 e depois, com a crise, foi para os 75%, onde tem estado”, esclarece a presidente da direção.


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Teresa Mendes, é a presidente da direção do Instituto Pedro Nunes

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40 empresas na incubadora

23 empresas na aceleradora

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Desafios próximos O futuro do IPN é feito de desafios. “Temos sempre muitos e precisamos sempre de ir mais à frente”, diz Teresa Mendes. Entre os desafios permanentes, “temos de ser autossustentáveis e é preciso andar sempre a lutar com proveitos e receitas que nos permitam essa sustentabilidade”. A nível de laboratórios, adianta, “estamos a apostar na parte de projetos internacionais, que são mais competitivos, mas é uma aposta onde temos conseguido evoluir. Temos de estar permanentemente a acompanhar redes setoriais, para nos conseguirmos depois enquadrar em consórcios para podermos candidatar projetos ganhadores”. Já junto das empresas, “é dar cada vez um apoio maior”, refere. “Do ponto de vista da internacionalização, que é muito importante para as empresas, a nossa preocupação tem sido alargar muito o nosso leque de programas de soft landing, com instituições congéneres, a partir das quais as nossas empresas podem beneficiar para ir para mercados diferentes”. Depois, “há todo o apoio, agilizando

e fortalecendo a ligação entre investigação e empresas, para aumentar a intensidade tecnológica”, diz ainda. A promoção do que se faz no IPN ou a criação de criação de sinergias internas são também preocupação constante e alvo de trabalho afincado Orgulho Ao longo dos anos de atividade, são muitos os casos que orgulham o IPN. “Neste momento, temos um conjunto de empresas que nos enchem de orgulho, porque conseguiram vingar e são muitas”, admite Teresa Mendes. “É um conjunto grande de empresas e que estão sempre a ser notícia. Ainda recentemente a Feedzai anunciou a abertura de escritórios em Hong Kong”, sublinha a responsável. Um sucesso que depois ajuda a diminuir alguma resistência que possa existir no mercado. “Isso é algo que todas as empresas todas reconhecem: o facto de estarem aqui é logo um cartão facilitador para uma série de coisas e isso é bom. Sabem que estando aqui estão acompanhadas e por alguma razão temos uma taxa de

sobrevivência tão grande, que também não é normal nestas instituições”. Capital e espaço Segundo Teresa Mendes, outro dos grandes desafios atuais do IPN “é a angariação de capital, porque isto já mexe com muito dinheiro”. “Claro que temos uma série de contactos regulares e uma série de investidores nacionais e internacionais que vêm a todos os INEO. Agora, quando as empresas atingem determinada dimensão já têm os seus próprios meios. Nós apoiamos [as empresas] enquanto elas aqui estão e enquanto necessitam”, diz. Segundo a responsável, de momento, o IPN está confrontado “com a falta de espaço, preocupação que temos e que estamos ativamente a tentar resolver”. “Claro que sozinhos não conseguimos e terá de ser sempre em ligação com outros parceiros, em particular com a Câmara Municipal de Coimbra. Estamos a estudar um conjunto de soluções, mas estamos a tentar e ver se conseguimos continuar”, concluiu. | José Armando Torres


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Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra projeta eventos à escala nacional

T

urismo Centro de Portugal sintetiza a diversidade da oferta turística da região com uma frase: “Descubra um país dentro do país”. Dentro da região existem outros “países” onde o mundo conflui, através de eventos cuja marca atravessa fronteiras, que se abrem para participantes vindos de várias zonas do planeta. Além de injetarem dinheiro na economia local, promovem a oferta turística e levam os nomes das localidades onde se realizam mais longe. No Centro de Portugal, existe a maior comunidade intermunicipal do país, a da Região de Coimbra, onde se realizam eventos com projeção internacional e que captam turistas para as localidades para a

região envolvente. O RFM SOMNII – O Maior Sunset de Sempre! (Figueira da Foz), a Concentração Internacional de Motos de Góis, a Avalanche Licor Beirão (Lousã), o Seaside Sunset da Pampilhosa da Serra e o Penela Presépio são cinco exemplos de como um evento local pode tornarse global. O RFM SOMNII – O Maior Sunset de Sempre! realiza-se na Praia do Relógio, na Figueira da Foz (este ano, de 6 a 8 de julho), aumentando o número de entradas de ano para ano. Em 2016 e 2017 aproximaram-se das 100 mil, em cada edição e durante três dias. O cartaz do festival de música eletrónica tem sido preenchido com os melhores djs do mundo. A aposta em nomes conhecidos e

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Eventos que atravessam as fronteiras da região

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projetos que diferenciam a região centro

nos talentos emergentes continua a resultar, aquém e além-fronteiras. Durante o “Sunset”, a Praia da Claridade fica inundada com milhares de jovens vindos de vários países, num convívio que se estende por toda a cidade. Desde a primeira edição que a autarquia, as forças de segurança, os comerciantes e os setores ligados ao turismo têm sabido valorizar o evento que leva mais gente à Figueira da Foz. Muitos dos festivaleiros chegam dias antes e partem dias depois do “Sunset”. O festival produzido pela Genius y Meios, do Grupo Renascença, que se realiza há seis anos consecutivos naquela cidade, é famoso no estrangeiro, o que não estranha, já que o cartaz coloca-o entre os melhores do mundo. Por sua vez, a Concentração Internacional de Motos de Góis é um dos maiores e mais antigos eventos de motards que se realiza com regularidade no país. No terceiro fim de semana de agosto, todos os caminhos vão dar àquela vila serrana, onde a natureza convida a prolongar o olhar pelas suas paisagens e o convívio entre os participantes é, mesmo para os

repetentes, um momento único e inolvidável. É claro que os concertos de rock não podiam faltar num evento de motociclistas daquela “cilindrada”, nem as noites animadas pelos djs. Vários milhares de visitantes concentramse em Góis durante aquele encontro internacional sobre duas rodas - muitos deles atravessam várias fonteiras até lá chegarem. Apesar do evento se realizar na natureza, os organizadores, O Góis Moto Clube, não dispensam as tenologias do século XXI.

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Música e aventura na serra A Avalanche Licor Beirão também se faz em duas rodas, mas só para quem tem pedalada e coragem de fazer a descida da Serra da Lousã em bicicleta todo-oterreno. Aquele é outro dos eventos que se realizam na natureza e no interior da Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra. Os participantes chegam de várias parte do mundo, sobretudo pelo convívio e pelo património natural e edificado do bucólico concelho da Lousã. Quem organiza aquela avalanche sem neve, mas com muita adrenalina, é o Montanha Clube da Lousã, desde

2000, com várias centenas de atletas e aventureiros. Da Espanha, à Nova Zelândia, são muitas as nacionalidades que convergem naquela vila histórica. Agora, é a vez de um pôrdo-sol na serra, ao ritmo de música “tocada” por djs. Sim, porque o sol, quando se põe, põe-se em todo o lado. O Seaside Sunset Sessions, de 11 a 19 de agosto, é, portanto, um festival de música eletrónica entoada no interior do distrito de Coimbra, nas alturas das singulares paisagens da Pampilhosa da Serra. A praia fluvial é o ponto de encontro dos participantes que mergulham num evento para jovens (e não só) em pleno verão, que aliam os decibéis do ritmo frenético da música com o som da natureza. As atividades paralelas fazem acreditar aos mais citadinos que, ali, na Pampilhosa da Serra, a vida tem outro ritmo. Dali para o mundo, é um passo, por muito longe que fique o país ou a localidade mais longínquos de onde procedem os festivaleiros. O cartaz de djs não tem ficado atrás de alguns dos mais conhecidos festivais congéneres que se realizam no país.

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Uma ideia simples com muito sucesso O Penela Presépio, em dezembro e janeiro, é uma daquelas ideias simples que qualquer um gostaria de ter tido. Não obstante a simplicidade, o contexto urbanístico (o castelo, situado na zona histórica da vila) faz com aquele presépio vivo marque a diferença. Por outro lado, as melhorias introduzidas em cada edição asseguram que o evento não perca interesse. Pelo contrário, a Vila Presépio de Portugal recebe cada vez mais visitantes, que chegam aos milhares. Organizado pela autarquia de Penela, naquela quadra do ano, o presépio com vida transforma o castelo num dos principais polos turísticos da região. As iniciativas paralelas aduzem pontos de interesse para os visitantes. Por sua vez, os penelenses envolvem-se no espírito natalício proporcionado pelo evento, contribuindo para que a organização aumente, todos os anos, o aquela “montra” turística, cuja fama já atravessou fronteiras, com todas as estrelas apontadas para a vila histórica. | Jot’Alves

RFM SOMNII – O Maior Sunset de Sempre!, na Figueira da Foz


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Espaço multifunções aberto ao mundo 64052

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Prestes a completar dois anos após a sua renovação, o Convento São Francisco tem assumido uma nova função na sua já longa história

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8 de abril de 2016, o Convento São Francisco surge renovado, depois de uma profunda intervenção que o dotou de novas valências. Mais uma dimensão nos seus já longos anos de história (ver caixa), agora findo um projeto iniciado em 2010, cuja autoria pertenceu ao arquiteto João Luís Carrilho da Graça. Em 2015, avança a recuperação da antiga igreja do convento, na posse da autarquia desde janeiro de 2009, com projeto de arquitetura da responsabilidade de Gonçalo Byrne. Concretizado pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC), o projeto reabilitou o espaço, dotando-o de dinâmica contemporânea, mas preservando o traçado original. Segundo Carina Gomes, vereadora da Cultura da CMC, atualmente, o espaço “assume-se como um projeto diferenciador de vários pontos de vista, mas que se congregam e fazem daquele equipamento hoje uma referência em Coimbra, na região e até no país”. Desde logo, acrescenta a responsável, “em termos de programação cultural, porque têm passado pela cidade grandes nomes do panorama cultural nacional e internacional”. Carina Gomes destaque que “não é apenas a câmara a procurar que esses grandes nomes passam por Coimbra, são também esses próprios nomes que procuram Coimbra e querem fazer os seus espetáculos naquele local”. Querem usar a sala, explica, “porque se está a tornar referência e tem condições técnicas e logísticas excelentes. Aliás, temos tido várias manifestações que saúdam e elogiam as condições das salas e a excelência e competência da equipa municipal que tem estado à frente deste equipamento”.

Por outro lado, ainda de acordo com a vereadora tem-se registado um aumento “do número de congressos. Subimos no ranking internacional europeu e mundial de realização de congressos, naturalmente não apenas pelos congressos que têm lugar no Convento, mas em toda a cidade, mas o convento certamente contribuiu para isso”, justifica. Além disso, também relativamente a eventos corporativos, reuniões de negócios ou de trabalho, “temos tido uma grande procura, assim como para outros eventos sociais, como jantares e receções oficiais, que têm tido procura crescente”. Para os tempos próximos, a programação avança já, mas Carina Gomes lembra que “uma casa destas não se constrói de um dia para o outro e dois anos é muito pouco para afirmar um equipamento desta natureza”. “Mas sim, estamos a tentar programar, cada vez com maior antecedência, e temos previstos não apenas grandes espetáculos, como já conseguimos captar alguns eventos de dimensão internacional”, sublinha. Auditório A par de um auditório com 1.125 lugares, construído de raiz e dotado de condições para utilizadores e público, o convento possui ainda salas polivalentes, com programação regular, assumindo a estrutura “como agente de desenvolvimento económico do território, impulsionando diversos setores estratégicos, designadamente o turismo”, pode ler-se na página oficial do espaço na internet. Espaço multifunções, tem acolhido ao longo desta renovada existência de perto de dois anos diversas iniciativas, sejam de programação


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própria, mas também da responsabilidade de outras organizações, que assim aproveitam a disponibilidade e funcionalidade do local. Mas o plano de ação do convento, contempla ainda o Projeto Educativo e de Mediação de Públicos, que pretende promover e produzir iniciativas de caráter pedagógico e artístico, com vista ao desenvolvimento de relações de proximidade com estruturas e instituições, sejam locais e/ou nacionais. São três os três eixos deste desenvolvimento: espetáculos, visitas guiadas e oficinas de expressão artística, tendo como alvo um público variado. Para além disto, o dispõe de um programa de apoio à criação e de residências artísticas, com acolhimento de artistas e agentes culturais, oferecendo condições técnicas e de produção, com o objetivo de desenvolvimento de espetáculos educativos e pedagógicos. Também um Welcome Center está instalado no equipamento, proporcionando a dinamização de visitas a vários locais da cidade, com propostas de circuitos que enriquecem a oferta turística e cultural.

breve história

Convento, quartel, hospital e até fábrica

111 O Convento São Francisco foi, ao longo da sua história, também hospital, quartel e albergou uma unidade fabril têxtil. Segundo informação na sua página oficial, em 1247, a fundação do edifício primitivo supõe o crescimento da presença de Franciscanos em Coimbra. Situado junto à ponte de Santa Clara, o nome do antigo convento perdurou

como São Francisco da Ponte, mas a subida das águas, inundações e assoreamentos obrigaram à construção de outro edifício num local mais seguro. A primeira pedra do atual Convento de São Francisco terá sido lançada a 2 de maio de 1602 e, para a sua construção, recorreu-se a um peditório de esmolas e donativos, além da reutilização de materiais da ante-

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Auditório com capacidade para 1 25 lugares

rior edificação. Durante as Invasões Francesas (1807-1810), terá servido de quartel e hospital. Já com a extinção das Ordens Religiosas (1834), assumiu outras funcionalidades, desde sede da nova freguesia de Santa Clara, até fábrica de massas alimentícias. Em julho de 1986, a Câmara de Coimbra adquiriu o edifício.

Ao longo da sua história o espaço teve várias funções

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Uma igreja, um auditório e 10 salas Atualmente, o Convento São FranciscoCoimbra Cultura e Congressos-Património Municipal é composto pela Antiga Igreja, Grande Auditório e pelas salas Aeminium, Almedina, Centro, Conventual, D. Dinis, D. Pedro, Inês de Castro, Mondego, Sofia e Terceira. Estruturas que dotam o espaço de condições para a realização de congressos, colóquios e simpósios ou eventos relacionados com as áreas científicas, de inovação e de negócio, seguindo objetivos estratégicos definidos pelo município nas áreas da cultura, turismo e desenvolvimento económico do território. | José Armando Torres

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Uma casa para Acreditar Projeto da Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro acolhe as famílias e permite-lhes acreditarem na esperança

O

sofrimento de um filho é, seguramente, a mais devastadora experiência para qualquer pai, para qualquer mãe. Quando ao sofrimento se junta a possibilidade da perda, o que se experimenta está muito para além do que é possível explicar. E está certamente muito para além do que é possível entender. Porque se trata de sentimentos que não podem esconder-se, nem os espaços abertos, luminosos e coloridos da Casa da Acreditar em Coimbra, mesmo ao lado do Hospital Pediátrico, conseguem iludir umas quantas lágrimas que teimam em assomar aos olhos, até dos mais valentes, sempre que se cruza a porta e se percorrem corredores e salas que, todos os dias, são porto de abrigo ao sofrimento das crianças e das famílias a quem coube a tarefa imensa de combater esta que é (ainda) uma doença temível. A casa da Acreditar – a terceira criada pela associação no país, a seguir à de Lisboa e à do Funchal, a que se soma agora também uma quarta, no Porto –, acolhe igualmente os escritórios da associação em Coimbra e as ações de formação para os voluntários. Aberta desde novembro de 2009, então com três funcionárias, apoiadas pelos serviços cedidos em protocolo com o Hospital Pediátrico de Coimbra (recepção e limpeza) e ainda por trabalho voluntário, a casa não recebe apenas crianças com cancro – apesar da Acreditar se destinar a apoiar estas crianças e as

suas famílias –, acolhe também crianças internadas no Pediátrico com outro tipo de doenças, que impliquem um internamento ou um período de tratamento mais prolongado. Na casa, para além das atividades que cada família desenvolve da forma mais “normal” possível, como qualquer família, em casa, voluntários colaboram diariamente, desenvolvendo diversas iniciativas com as crianças e dando todo o tipo de apoio. E, às vezes, destaca Paula Andrade, que já esteve responsável pela casa e agora se ocupa mais concretamente do Núcleo Centro da Acreditar, “quando as crianças estão muito cansadas, basta darem-lhes a mão, daremlhes colo”, que é quase sempre o que “elas mais precisam, companhia, uma presença amiga”. Uma casa longe de casa Com 20 quartos – e a acolher atualmente 17 famílias – a casa assume e tem cumprido o grande objetivo de se transformar “numa casa longe de casa” para as famílias que, de repente, se veem em sofrimento pelos seus filhos e, tantas vezes, longe de casa e de todos os seus pontos de referência e de suporte. É então que o “porto seguro” que a casa da Acreditar sempre quis ser, o é efetivamente. Sobretudo porque, ainda nas palavras de Paula Andrade, numa das visitas em que serviu de guia ao DIÁRIO AS BEIRAS, este tipo de doença, de tratamento prolongado implica, invariavelmente,


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uma espécie de “ruína” completa na vida das famílias. Para elas, tudo desmorona, tudo se desestrutura. Por essa razão, a tarefa de todos na Associação Acreditar é “dar-lhes a possibilidade de voltarem a ter uma casa, onde voltem a repetir os gestos diários, rotineiros”, tão necessários à “normalidade” possível: tratar da roupa, confecionar as refeições, ver televisão e ouvir música em família… Além, claro, de terem um espaço só seu, um quarto, onde possam voltar a ser família, com privacidade e condições que se quer que sejam e têm sido as melhores. Famílias de todo o lado Aberta em novembro de 2009, a primeira família chegou em fevereiro de 2010 à casa da Acreditar de Coimbra. De então para cá, entre as muitas centenas apoiadas, há famílias que estiveram uma semana, um mês, que foram a casa e que voltaram por mais umas semanas, acompanhando os ciclos de tratamento das crianças. E há famílias de todo o lado, muitas vindas dos países de língua portuguesa, de Angola, de Cabo Verde, também porque o Hospital Pediátrico de Coimbra assiste, sobretudo ao nível da especialidade de ortopedia, crianças que chegam dos PALOP. Mas as famílias chegam também de de todo o território nacional e não apenas da área alargada de influência do Hospital Pediátrico de Coimbra, que são os seis distritos do Centro (Coimbra, Aveiro, Castelo Branco, Guarda, Leiria e Viseu). Em 2017, de acordo com a informação disponibilizada pela Acreditar ao DIÁRIO AS BEIRAS, as 138 famílias apoiadas na casa de Coimbra vieram sobretudo dos distritos de Viseu, Castelo Branco e Lisboa. Para que tudo isto seja possível, a Acreditar conta com o apoio de particulares, de empresas e, sobretudo, como gostam de destacar os seus responsáveis, de todas as pessoas de boa vontade, que podem sem-

Quando as crianças estão muito cansadas basta dar-lhes a mão, basta dar-lhes colo pre contribuir com alguma coisa, por mais simples que seja. E, nesta contabilidade, importa o apoio financeiro e material, claro, porque sem ele não é possível manter uma casa a funcionar, mas importa também a disponibilidade, o afeto e a entrega que tantos voluntários têm dado e continuam a dar. 658 famílias desde 2010 Em números redondos, desde 2010 a casa da Acreditar já acolheu 658 famílias de crianças e jovens doentes, em tratamento no Hospital Pediátrico de Coimbra, vindas de todos os cantos de Portugal Continental, dos Açores, da Madeira e ainda de vários Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). De acordo com informações da Acreditar ao DIÁRIO AS BEIRAS, a casa acolhe uma média de 120 famílias em cada ano, o que perfaz um total a rondar as 4 800 noites por ano. O Núcleo Regional do Centro da Acreditar (NRC) proporciona apoio emo-

cional a cerca de 80 famílias de crianças e jovens com cancro em cada ano, prestando ainda apoio social (material, económico, escolar, alimentar) a cerca de 100 famílias por ano. Os voluntários do NRC proporcionam ainda, em cada ano, atividades de lazer e bem-estar a cerca de 150 crianças e jovens com cancro, bem como às suas famílias. Mas o NRC da Acreditar apoia também um grupo de cerca de 15 Barnabés – todos aqueles que na infância ou juventude se confrontam com a doença oncológica – no sentido destes se organizarem e fazerem ouvir a sua voz junto dos decisores políticos, sociais, empresariais, mas também a informar e sensibilizar a sociedade para a oncologia pediátrica, fazendo voluntariado e, o que é fundamental, a divertirem-se juntamente com Barnabés dos outros núcleos da Acreditar. 180 voluntários por ano Neste momento, para concretizar a sua missão, o NRC da Acreditar conta com a colaboração de cerca de 180 voluntários em cada ano, aos quais dá formação e acompanha durante todo o seu trabalho. Nos últimos anos, destaca a sua responsável, o NRC tem contado com a colaboração de jovens sobreviventes do cancro infantil, bem como de muitos pais, para darem apoio emocional a quem está a viver a experiência pela qual já passaram. Na casa da Acreditar, precisamente por se tratar de uma “casa” que quer ser para as famílias que acolhe uma “casa como todas as outras”, há por estes dias necessidades mais prementes a suprir: dois ferros de passar roupa (para uso intensivo), três cafeteiras eléctricas, três aspiradores sem saco e 40 colchões novos para cama individual (190X90). Se alguém puder e quiser contribuir para colmatar estas necessidades, os responsáveis pela casa e, sobretudo, as famílias que lá vivem, agradecem. | Lídia Pereira

Testemunho de uma Barnabé do Núcelo Regional do Centro da Acreditrar “O meu nome é Ana Antunes, sou de Viseu, e tive um linfoma anaplásico de grandes células. Sou Barnabé desde 2007 e tive a sorte de ter acesso à bolsa de estudo da Acreditar. Que foi uma óptima ajuda para amparar uma boa

parte dos gastos relacionados com a minha faculdade. Apesar da pouca disponibilidade que o curso me dá, esta oportunidade deume a vantagem de poder ajudar esta grande associação fazendo voluntariado no Hospital Pediátrico

de Coimbra. Adorei fazer voluntariado, enriqueceume muito pessoalmente e saber que estou a ser útil com o meu testemunho enquanto Barnabé deixame orgulhosa em fazer parte desta grandiosa família que é a ACREDITAR”.


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CasadaAcreditar,emCoimbra


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Dois mil anos num museu Entre o edifício emblemático e as magníficas coleções, o Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, conta uma história com dois mil anos

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mostrar toda a magnificência e esplendor dos dois mil anos de história que contam o edif ício e as suas coleções, o Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, tem sido distinguido com alguns dos mais significativos prémios nacionais e internacionais, desde que reabriu, profundamente renovado, em dezembro de 2012. Mas o público tem sido o maior aferidor da qualidade de um projeto museológico que se posiciona no quarto lugar da lista dos “Dez melhores museus de Portugal”, nos Travellers’ Choice 2017 | TripAdvisor (liderado pelo Museu da Fundação Calouste Gulbenkian). Não construído, mas “pensado” de raiz por uma equipa coordenada pelo arquiteto Gonçalo Byrne – numa das mais emblemáticas intervenções de sempre em espaços museológicos portugueses e um custo total a rondar os 15 milhões de euros –, o Museu Nacional Machado de Castro (MNMC) apresenta à cidade, à região, ao país e ao mundo particularidades que o transformam num espaço verdadeiramente emblemático. Criptopórtico romano é testemunha milenar Testemunha eloquente dessa condição é o crip-

topórtico de Aeminium, uma das mais importantes obras da engenharia romana em Portugal, estrutura na qual assenta um edifício que é, ele próprio, um compêndio vivo de arquitetura e história da arte. Mas não é apenas o edifício – que assenta na milenar estrutura romana e evolui para o traço contemporâneo do projeto assinado por Gonçalo Byrne – a conferir a marca distintiva ao Machado de Castro. Também o seu espólio, riquíssimo e diverso, faz deste um dos mais importantes museus nacionais. Numa área expositiva que quase triplicou na intervenção de que foi alvo, os visitantes podem optar por percursos diferenciados, consoante o tempo de que disponham. Importante é que o museu, que em 2011 completou um século, se apresenta desde então “requalificado e dotado de excelentes condições para visitantes e coleções”, como, na altura da inauguração, destacou ao DIÁRIO AS BEIRAS a sua diretora, Ana Alcoforado. Preocupação fundamental foi a “acessibilidade total”, com uma única exceção: a do criptopórtico romano, uma vez que, explicou a responsável, “não queremos, nem devemos ser mais intrusivos relativamente àquela estrutura


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Espólio de mais de 20 mil peças

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100 peças no Tesouro Nacional

projetos que diferenciam a região centro que é única”. Com um espólio composto por 15 mil peças inventariadas e muitas mais por inventariar, sobretudo nas áreas da arqueologia e da estatuária em pedra – num número final a rondar as 20 mil peças espalhadas um pouco por todo o país, do Paço dos Duques de Bragança ao Palácio de Queluz –, o MNMC é, de facto, um museu único no país, “pela história milenar do edifício, pelas coleções riquíssimas e pelas condições que adquiriu”. Para a mulher que – à frente de uma equipa reduzida para as necessidades, mas que provou ser capaz de uma tarefa quase hercúlea –, conduziu o MNMC à era nova que se iniciou em dezembro de 2012, fundamental é que os visitantes puderam “reencontrarse com algumas peças fundamentais na história da cidade e do país”. Dotado de todos os requisitos necessários a concretizar os mandamentos fundamentais da atual

museologia, o MNMC oferece aos seus visitantes informação escrita (painéis, desdobrável), áudio (audioguias) e audiovisual (filmes, depoimentos, visita virtual). Disponibilizando igualmente quiosques com conteúdos multimédia relativos a cada um dos núcleos expositivos, mesas interativas e uma sala multimédia no final do percurso de visita. Meios que garantem, destaca a responsável pelo museu, não apenas a maior acessibilidade possível à informação, mas também a “atenção” de um público jovem e rendido às novas tecnologias da informação. Em 2017, o Museu Nacional de Machado de Castro foi visitado por mais de 108 mil pessoas, sendo que, destas, quase 60% são estrangeiros, visitantes que têm aumentado e muito todos os anos. Significativo do interesse crescente é a evolução do número de visitantes desde a reabertura ao público do: de 58 176 em 2013 a 108 385 em 2017. Uma centena de peças no “tesouro nacional” Com mais de uma centena de peças classificadas,

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motivo pelo qual integram o “tesouro nacional”, o MNMC apresenta algumas coleções verdadeiramente preciosas, destacando-se a ourivesaria e a escultura. Esta última – a fazer justiça ao seu patrono, o virtuoso escultor de Coimbra Joaquim Machado de Castro –, tem servido para identificar o MNMC como “o museu nacional da escultura”. Entre as mais de 100 peças extraordinárias consideradas bens de interesse nacional (BIN), um destaque especial para seis delas, também porque, por si só, representam muito do que é este museu: criptopórtico de Aeminium, século I [edifício de arquitetura civil romana melhor conservado e de maiores dimensões existente em toda a Península Ibérica); capela do Tesoureiro, de João de Ruão, século XVI [espaço emblemático, que enforma o monumental “cofre da escultura portuguesa”, coleção identitária do MNMC]; “Última Ceia”, de Hodart, século XVI [o mais importante e genial conjunto escultórico nacional, em terracota]; cavaleiro medieval, século XIV [exemplar único no contexto da escultura medieval portuguesa]; tesouro

da Rainha Santa Isabel, século XIV [talvez o mais importante tesouro medieval nacional, constituído por quatro peças de ourivesaria, um deles, o colar, em imagem anexa]; custódia do Sacramento, século XVIII [peça emblemática do Triunfo do Barroco, com grande efeito cenográfico no novo discurso expositivo do MNMC]. Finalista na Europa e Museu do Ano em Portugal Entretanto, desde 2012, diversos prémios e distinções têm assegurado o reconhecimento nacional e internacional do projeto museológico, num caminho que teve início, exatamente em 2012, com a atribuição do título de Melhor Intervenção de Conservação e Restauro pelo projeto de recuperação do conjunto escultórico “Última Ceia”, de Hodart, num prémio conferido pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM). Ainda em 2012, o MNMC foi finalista do EMYA | European Museum Year Awards, do European Museum Fórum. Em 2013, o MNMC foi distinguido como o Melhor Museu Português | Prémio APOM, recebeu a Medalha de Ouro

da Cidade de Coimbra | Câmara Municipal de Coimbra e ainda a Medalha de Excelência Cultural | Rede de Antigos Estudantes de Coimbra no Mundo. 2014 trouxe o Prémio Piranesi - Prix de Rome | Accademia Adrianea; Parceiro de Excelência | EHTC (Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra) e o Travellers’ Choice | TripAdvisor [n.º 3, com 94% dos votos, entre os dez melhores museus de Portugal, que tem repetido ao longo dos últimos anos. Em 2015, para além do Prémio Acesso Cultura | Menção Honrosa para projeto de Inclusão “Eu no MusEU”, o MNMC recebeu ainda o Prémio Cultura | Diário As Beiras. Desde 2013, o Manual de Boas Práticas Artísticas e Culturais da Associação Nacional de Arte e Criatividade de e para Pessoas com Deficiência (ANACED) distingue três projetos de inclusão do Museu Machado de Castro, referenciados nos últimos três anos consecutivos: “Tateando o Museu” | Parceria ACAPO, “EU no musEU” | Parceria Alzheimer Portugal e “Construa Pontes e Não Barreiras” | Parceria APPACDM. | Lídia Pereira


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Aldeias que são história 66480

Aldeias Históricas. Aldeias de Xisto. Aldeias de Montanha. Três conceitos que são um êxito

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Associação os de Futebol An de Coimbra ao serviço do futebol

Estádio Municipal Sérgio Conceição Rua de S.Lourenço - Quinta do Relógio

Telefone: 239 853 680 | Fax: 239 853 699

3045 - 478 TAVEIRO

e-mail: afcoimbra@afcoimbra.com

ais de duas décadas depois, há uma marca que foi pioneira e inovadora e que se impôs: Aldeias Históricas. Há, é claro, o brilho intenso do xisto de Piódão a vincar a diferença. Mas em todas as outras domina o granito, intimamente ligado à história de cada uma e às histórias de quem lá vive. Uma história matéria-prima com a qual se ergueram castelos e outros espaços monumentais determinantes para a construção e a consolidação de Portugal, enquanto país. À parte, então, do caso singular e único do Piódão, em plena Serra do Açor, território de xisto, escarpas e água, há 11 outras Aldeias Históricas marcadas pelo granito: Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanhaa-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Sortelha e Trancoso. Todas se localizam na Beira Interior e são fortemente mar-

cadas pela interioridade. Todas receberam importantes melhoramentos, financiados pelos II e III Quadros Comunitários de Apoio. Todas constituem, hoje, um conjunto integrado e um excelente exemplo de reabilitação para fins turísticos. Apesar da desertificação humana e o declínio de atividade económica, os territórios envolventes a cada Aldeia Histórica oferecem testemunhos do património construído, cultural e natural do passado que são ímpares e integram programas turístico-culturais apreciados. Quem visita as Aldeias Históricas procura um mergulho na história e cultura de um Portugal que o litoral não conhece. Em muitas das aldeias é possível conhecer e vivenciar os ancestrais hábitos comunitários da imensa ruralidade lusitana, nomeadamente na atividade agrícola.

A Associação de Futebol de Coimbra felicita o Diário As Beiras pelo seu 24.º Aniversário


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Daí que tenham surgido e ganhado dimensão imensos pequenos e médios negócios acoplados ao programa. A hotelaria – mais ou menos formal – é o caso mais notório. Mas também a restauração, ligada aos produtos regionais, nomeadamente a gastronomia tradicional. E ainda a manufatura e comércio de artesanato, que é mais um atrativo para conhecer estas aldeias. Aproveitando o enorme sucesso que o Programa de Aldeias Históricas granjeou, foi desenvolvida, anos mais tarde, uma outra extraordinária iniciativa de recuperação, valorização e integração em rede de aldeias em que o xisto é predominante. Foi, assim, criada a Rede das Aldeias do Xisto. Ao todo, são 27 aglomerados de 16 municípios do Centro. A rede integra quatro grandes núcleos – Serra da Lousã, Serra do Açor, Rio Zêzere e Tejo/Ocreza – distribuídos pelos distritos de Castelo Branco e Coimbra. Um dos núcleos mais importantes é o da Serra da Lousã, que inclui o Ecomuseu Tradições do Xisto e ainda os lugares

projetos que diferenciam a região centro icónicos de Aigra Velha (Góis), Talasnal (Lousã), Gondramaz (Miranda do Corvo) e Ferraria de São João (Penela). Na Serra do Açor, falta, obviamente, o Piódão mas há Aldeia das Dez e Fajão. No Zêzere, destaque para as “irmãs” Janeiro (uma no concelho da Pampilhosa da Serra e a outra no Fundão). Por fim, uma outra rede, a das Aldeias de Montanha, que valoriza o extraordinário património natural e humano da Serra da Estrela. Os lugares pertencem ao concelho de Seia e incluem alguns bem conhecidos, como Sabugueiro, Loriga ou Vide, e outros que vale a pena conhecer, como Póvoa Velha, Sazes da Beira, Teixeira, Lapa dos Dinheiros, Cabeça, Alvoco da Serra e Valezim. Aqui, a aposta passou por revitalizar 15 rotas para os amantes do turismo de natureza e das caminhadas. Entre outras, realce para as rotas da Ribeira do Piódão, da Garganta de Loriga, do Volfrâmio, das Minas do Círio, do Vale do Rossim, do Pastoreio ou a Grande Rota da Estrela. | Paulo Marques

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+++ ++ valorização do interior

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cultura, natureza e património


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Apoio social está no seu ADN

Jaime Ramos, presidente da direção da Fundação ADFP

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Criada há 30 anos em Miranda do Corvo, a Fundação ADFP é um dos maiores empregadores do distrito e é reconhecida pelas boas práticas a nível nacional 66280

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Fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP) tem especificidades que a diferenciam de outras instituições de solidariedade”. Jaime Ramos, presidente da instituição sediada em Miranda do Corvo, define desta forma o trabalho que ali tem vindo a ser desenvolvido ao longo das últimas três décadas. Durante este período, a fundação apostou numa dupla vertente: “uma cultura de organização muito própria, incluindo uma “espiritualidade” que a distingue das outras”. De acordo com o responsável, “quando fazemos trabalho social não nos preocupamos apenas no bem-estar “biológico” da pessoa, mas também contribuindo para a felicidade e dignidade dessa pessoa”. Fruto dessa aposta, a Fundação ADFP é um dos maiores empregadores do distrito de Coimbra e o seu trabalho é reconhecido a nível nacional “pela inovação e boas práticas”. No trabalho publicado pelo DIÁRIO AS BEIRAS, e que assinalou os 30 anos da instituição, o presidente referiu que têm vindo a investir “com bondade em pessoas”. Para tal, dispõem de equipas multidisciplinares que “possuem excelentes qualidades técnicas, sendo integradas por pessoas capazes de agir, com bondade, no apoio aos utentes mais fragilizados e vulneráveis”. O lema é:

“Não diagnosticamos deficiências. O nosso objetivo é descobrir talentos em todas as pessoas, incluindo aquelas que possuem mais desvantagens”. Assistência Neste ponto, a fundação mirandense dedica-se a apoiar crianças, jovens, adultos e idosos de ambos os sexos, com valências destinadas a pessoas com deficiência ou doença mental, sem-abrigo, mulheres grávidas e/ou com filhos, vítimas de violência, imigrantes, refugiados, minorias étnicas e unidades de cuidados de saúde. Por outro lado, aposta no convívio intergeracional e na integração de vários grupos sociais, com especial atenção às pessoas vítimas de exclusão social e/ ou carência económica nos concelhos de Miranda do Corvo e Coimbra. O Centro Infantil de Miranda do Corvo, a Residência Fraternidade, os Centros de Atividades de Tempos Livres e de Estudos, o projeto “Mentes Brilhantes” e a Creche e PréEscola em São Martinho do Bispo são as valências que a fundação coloca à disposição da infância e juventude. Para as mulheres, existe a residência Cruz Branca e o Clube da Mulher. Relativamente à deficiência, a Residencial Coragem, a Residência Respeito, a formação profissional, o Centro de Atendimento, Acompanhamento e Ani-


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DR

Templo Ecuménico Universalista

necessidade de investir nas pessoas

projeto de valorização das crianças

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inclusão de pessoas especiais

mação e a cooperação com a Guiné são os projetos da instituição. Quanto à Saúde Mental, a ADFP abriu a Residência Esperança, promove o Forum Socio-Ocupacional, aposta no projeto DiferenteMENTE/IgualMENTE e acolhe jovens/adultos na Unidade de Vida Apoiada. No que diz respeito à 3.ª idade e envelhecimento ativo, a fundação tem duas residências — Sabedoria e Cristo Redentor —, um Centro de Dia e serviço de apoio domiciliário em Miranda do Corvo e as Universidades Séniores de Miranda do Corvo e do Mondego (Coimbra). Já nos serviços de saúde, a aposta vai para a Clínica de Fisioterapia e Reabilitação e duas Unidades de Cuidados Continuados na Residência Gratidão, aquela que foi a primeira residência assistida do país, destinada a pessoas com

demência senil. A Casa Dignidade | Projeto SemAbrigo Zero, em Coimbra, e a Residência Paz afirmam-se, respetivamente, nas áreas dos sem-abrigo e dos refugiados. Desenvolvimento Promover o apoio social aos mais carenciados e o combate à pobreza, sem esquecer o desenvolvimento regional, a criação de emprego e produção de riqueza são os objetivos da fundação. “Achamos que as pessoas não se podem limitar a prestar caridade, a dar o pão aos pobres. Temos a visão de contribuir para o desenvolvimento e crescimento económico de uma região, dando resposta a lacunas que existiam nessa região, com o objetivo de existirem menos pobres e desempregados a necessitar de apoio”, afirma Jaime Ramos. Tendo em vista a concretização destes objetivos, encontramos diversas valências e/ou projetos

desenvolvidos pela ADFP. Através do “Trivium” — visão filosófica do espírito da fundação — existe o Parque Biológico da Serra da Lousã, o Espaço da Mente e o Templo Ecuménico Universalista. Associados a estes projetos, é disponibilizado o Museu da Tanoaria, o Museu Vivo de Artes e Ofícios, o Hotel Parque Serra da lousã, a Loja de Artesanato e o Restaurante Museu da Chanfana . Formação Profissional Para que todos estes projetos fossem concretizados, Jaime Ramos e a fundação a que preside fez uma aposta forte na área da formação. “Achámos sempre que tínhamos que tentar integrar as pessoas com dificuldades de aprendizagem e com deficiência, descobrir os seus talentos e apostar neles através da formação profissional, do treino adequado, para que pudessem exercer profissões, podendo ser úteis à sociedade,

permitindo a sua integração ”, disse. Entre Miranda do Corvo e Coimbra, a ADFP dispõe do Centro Intergeracional Mondego, com Creche, Jardim de Infância e Universidade Senior ) Formação Profissional através de cursos de dupla certificação, o projeto “Mentes Brilhantes” no apoio à escola pública e, mais recentemente, a abertura do Coimbra St. Paul’s School (antigo Colégio São Martinho) que pode ser considerada a primeira escola de ensino internacional em Coimbra, com aposta forte no ensino em inglês e noutras línguas , latim , espanhol, alemão e mandarim . Novos projetos Na área do turismo, está prevista a abertura no presente ano do Museu do Mel, que “será uma gelataria / pastelaria / cafetaria dedicada ao mel”, em Miranda do Corvo. Na saúde, o Hospital Compaixão está em cons-

trução e tem como objetivo dotar Miranda do Corvo e os concelhos vizinhos de valências médicas e cirúrgicas. A aguardar parecer positivo do Município de Coimbra está o Centro Social Residencial Planalto do Ingote, que ajudará a criar respostas associativas, culturais e desportivas, não só vocacionadas para a população do Ingote, mas também serviços sociais de qualidade para a cidade. A Fundação ADFP dispõe ainda de duas quintas no concelho do Fundão, onde para além da produção agrícola espera concretizar um investimento turístico em meio rural, um hotel de 4 ou 5 estrelas. Em Miranda do Corvo, o investimento agrícola assenta numa adega, a cultura de três hectares para hortícolas, terreno de 14 hectares para projeto de suinicultura, 12 hectares de terreno para vinho e ainda apicultura. | António Alves

e Pastelaria Moeda Rua da Moeda 80 - Coimbra

Boa Páscoa R. Ferreira Borges 124/8 | COIMBRA 3000-179 | Tel: 239 842 299


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A maior feira e festa do país A Expofacic celebra este ano 28 anos. Quando “nasceu” ninguém imaginaria que viria a ser a maior feira/festa da região Centro

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feira agrícola, comercial e industrial de Cantanhede (Expofacic) leva 27 anos de vida, este ano realiza-se a 28.ª edição, e é já considerada a maior da região Centro e das maiores do país, com meio milhão de visitantes em cada uma das últimas edições. Promovida por uma comissão organizadora que reúne elementos da Câmara Municipal de Cantanhede e empresa municipal Inova, a Expofacic tem na sustentabilidade uma das principais caraterísticas, já que consegue gerar receitas próprias para fazer face às despesas. O certame nasceu em 1991, uma aposta do então presidente da Câmara, Albano Pais de Sousa, que, de acordo com o relato disponível na página oficial da Expofacic, justificou na altura a iniciativa “pela necessidade de abrir as portas aos produtores agrícolas, comerciantes e industriais do concelho, para cumprir o objetivo pioneiro de transmitir para o exterior as potencialidades de Cantanhede”. A feira decorreu num espaço anexo a uma escola secundária e atraiu, no ano de estreia, cerca de 50 mil visitantes. Na altura, certamente, ninguém imaginaria que a festa fosse alcançar este êxito e que fosse além fronteiras. A partir de 1994, já com Rui Crisóstomo na presidência da autarquia, a Expofacic mudou-se para o parque desportivo de São Mateus, onde hoje ainda permanece, mudando igualmente de data (de setembro para finais de julho/início de agosto, coincidindo com as festas concelhias).

O ano de 1998 marca uma “viragem” na organização da feira, com uma aposta na promoção fora de Cantanhede, novas infraestruturas e um cartaz de espetáculos capaz de atrair um maior número de pessoas: cerca de 105 mil responderam à chamada nesse ano, o primeiro de Jorge Catarino como presidente da autarquia. Número de visitantes sempre a crescer O número de visitantes subiu exponencialmente nos anos seguintes (de 165 mil no ano 2000, passou para 310 mil em 2004 e 408 mil em 2009), continuando a crescer, também devido ao cartaz de espetáculos recheado de nomes sonantes do panorama nacional (Xutos e Pontapés, Tony Carreira ou Rui Veloso, entre outros) e internacional do rock e pop como Daniela Mercury (2003), Scorpions (2004), Simple Minds, Ivete Sangalo, Whitesnake, Nelly Furtado ou Bob Sinclair, culminando com a primeira atuação dos britânicos James (2009, repetentes em 2015) e de outros nomes como Keane, Joss Stone, Steve Aoki, Mika, Kaiser Chiefs, James Blunt ou Morcheeba, entre outros. É atualmente considerada como o mais importante certame económico e festivo da região Centro e um dos mais importantes do país e envolvea participação dos principais agentes económicos e socioculturais do Concelho e a representação de um significativo número de prestigiadas empresas do País, tendo registado nas últimas edições, em média, mais de 350 mil visitantes.


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reflete o espírito empreendedor tanhede

Experiência e profissionalismo Para a autarca de Cantanhede, a experiência, o profissionalismo e a constante preocupação em inovar da equipa responsável são as melhores garantias de que tudo está acautelado para que o êxito dos anos anteriores se repita. “Um fator comprovadamente importante para isso é o cartaz de espetáculos, que este ano regista uma aposta forte em artistas e bandas internacionais cujo sucesso abre fundadas expetativas de casa cheia, o que, acreditamos, também acontecerá com as atuações dos conceituados cantores e músicos portugueses que vão passar pelo palco principal”. Pelo seu efeito mobilizador, os concertos funcionam na verdade “como um catalisador de que beneficiam todos os setores, a começar pela feira de atividades económicas, onde cerca de 500 empresas do concelho e de todo o território nacional, além de algumas oriundas de outros países, exploram oportunidades de negócio e promovem os seus produtos ou serviços”. Para Helena Teodósio há locais que são de visita obrigatória: “como as incontornáveis tasquinhas, onde, entre

A Expofacic é, cada vez mais, uma realização moderna

os fins de tarde e o início das noites, as famílias vão degustar alguns dos mais apetecíveis pratos da gastronomia regional, sempre acompanhados pelos bons vinhos de Cantanhede, ou ainda as exposições temáticas que fazem as delícias das crianças, sem esquecer o diversificado programa de animação em vários domínios”. Afirmando que subscreve a ideia de que a Expofacic mostra “uma síntese daquilo que melhor caracteriza o concelho de Cantanhede, designadamente os recursos e as dinâmi-

cas que se desenvolvem a nível socioeconómico ou nos campos da educação e da cultura, bem como a representatividade das comunidades locais, dos movimentos associativos, do património e das tradições”, a presidente da Câmara de Cantanhede disse que essa é uma vertente que muito valoriza. “Reforça a ligação dos munícipes ao certame, conferindolhe a identidade marcante que o distingue de tantos outros. A Expofacic é, cada vez mais, uma realização moderna, voltada para o futuro e centrada na atração de novos públicos, mas sem deixar de ser o que sempre foi: a grande festa do concelho de Cantanhede e o acontecimento que coloca a cidade em lugar de destaque no roteiro dos principais eventos nacionais”. A edição deste ano não fugirá à regra e há razões para acreditar que todos vão ficar agradados com o que o certame tem para oferecer. A diversidade da oferta em termos de espetáculos é um dos fatores decisivos para a enorme afluência de público que todos os anos acorre ao certame. Para além da presença de alguns dos mais prestigiados nomes do panorama musical português, o programa inclui sempre como cabeça de cartaz um artista ou grupo internacional. O lugar de destaque que a gastronomia regional assume durante a feira fica a dever muito ao papel das associações do município na dinamização das tasquinhas, onde acorrem diariamente milhares de visitantes interessados em apreciar alguns dos mais

afamados pratos regionais. A dinamização cultural da feira está a cargo das juntas de freguesia, associações e escolas do Concelho, numa intervenção que acentua o carácter de grande acontecimento festivo do município de

Cantanhede. Tr a t a - s e d e u m certame que reflete também o espírito empreendedor de Cantanhede e que se afirma no país, e também no estrangeiro, a cada ano que passa. | Rute Melo

é consideradaa maior feira/festa do país

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O facto de a Expofacic ser o maior certame de atividades económicas do país e um dos melhores eventos nacionais de grandes concertos coloca sempre “a organização perante o enorme desafio de superar os indicadores que sustentam esse estatuto”, afirmou a presidente da autarquia, Helena Teodósio.

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FLUC projeta escola do futuro Faculdade de Letras da UC e CEIS20 querem apostar na formação dos docentes em novos modelos de ensino interativo

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s avanços trazidos pela “revolução” tecnológica do século XXI que “abanaram” um mundo cada vez mais globalizado tardam em chegar ao ensino. Nesta, como em muitas outras áreas profissionais, mantêm-se os paradigmas das últimas décadas, em que o recurso ao papel e a imagem da professora a escrever com giz num quadro negro ainda são bem atuais. Contudo, nos últimos anos, a tecnologia foi chegando – a pouco e pouco, é certo – às salas de aulas, onde, hoje, já se veem alunos a aprender com o apoio de smartphones, tablets e quadros interativos. A chegada destes novos dispositivos acarreta, naturalmente, novos desafios, tanto a miúdos como a graúdos. Os professores procuram conhecer os “segredos” dos equipamentos tecnológicos, de forma a aliar as novas tecnologias à metodologia de ensino. Atentos à mudança de paradigma, a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) decidiu comprar equipamentos interativos – quadro, dispositivos, mesa, impressora 3D, etc. – que, atualmente, compõem a famosa Sala HTML História, Tecnologias e Mobile Learning, coordenada por Joaquim Ramos de Carvalho, vicereitor da Universidade de Coimbra (UC). Localizado no piso 7 da faculdade, o espaço é o polo da interatividade aplicada ao ensino, afirmando-se como uma sala-modelo da “escola do futuro”. Agora, e tendo já disponíveis diversos equipamen-

tos tecnológicos, a faculdade pretende apostar na formação dos docentes e técnicos, aproveitando a capacidade de produção de conteúdos e o knowhow dos investigadores da FLUC. O projeto ainda não tem uma designação oficial, mas a ideia passa por fornecer qualificação para que os profissionais, nomeadamente os professores, possam realizar o seu trabalho de uma forma mais eficaz, rápida e, eventualmente, com menos custos. Para já, a sala HTML tem fornecido formação a vários grupos de mestrado de toda a faculdade, sendo útil e transversal a todas as áreas do saber. “O nosso propósito passa por continuarmos a produzir conteúdos interativos e, simultaneamente, preparar os nossos alunos, os futuros professores, nesta matéria. Apesar das novas gerações estarem muito ligadas às tecnologias, não estão aptas ao uso destes recursos em contexto formativo. Ainda há um longo caminho a percorrer nesse âmbito”, explica Sara Trindade, docente e investigadora da FLUC e umas das responsáveis pelo projeto. De acordo com a especialista, esta aposta na formação especializada está a suscitar o interesse de várias organizações. “Sabemos que há interesse em investir nas ferramentas interativas e na formação dos seus profissionais. Gostávamos de fornecer esse tipo de serviços aos docentes, trabalhando com o maior número possível de instituições”, afirma Sara


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FLUC adquiriu equipamentos interativos

Trindade, acrescentando que, “independente de serem de história, geografia, ou história de arte, o recurso à tecnologia e a estes novos dispositivos no ensino é o futuro”. Entretanto, são os estudantes da UC que beneficiam dos equipamentos já existentes na faculdade, sendo expetável que a nova geração de professores seja a primeira com qualificação para ensinar com a ajuda dos meios interativos. Também Ana Isabel Ribeiro, docente da FLUC, coordenadora do Mestrado em Ensino de História no 3.º Ciclo e Ensino Secundário e também responsável pelo projeto da Sala HTML, destaca os benefícios das “humanidades digitais”, enfatizando a necessidade de dotação as escolas com os equipamentos tecnológicos. “Será fundamental na agilização do trabalho dos professores, sendo muito mais fácil realizar avaliações, por exemplo”, garante. Jovem estagiária aplica nova metodologia no Colégio Bissaya Barreto A realizar estágio peda-

gógico no âmbito do mestrado em História, está Beatriz Ferreira, uma das orientandas de Ana Isabel Ribeiro e Sara Trindade. Desde setembro que a jovem está concluir a sua formação como professora estagiária no Colégio Bissaya Barreto. Professora estagiária de 3.º ciclo e secundário, Beatriz Ferreira estuda a avaliação formativa e como as tecnologias podem ajudar a missão dentro de uma sala de aula e a avaliação. Ao DIÁRIO AS BEIRAS, confessa-se muito feliz com a experiência e lembra que “ainda está tudo muito no início”. “Para os professores é muito mais rápido para corrigir os testes, utilizando aplicações e dispositivos como o ActivExpression. Entre os alunos, as reações são mais díspares. Alguns alunos mostram muito à-vontade, outros preferem o método tradicional”, conta. Destaca ainda a mais-valia destes equipamentos numa relação muito mais próxima entre professor e alunos, que assim ajusta o processo de ensino e de aprendizagem de uma firma muito mais célere, em função das reais necessidades dos seus

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Ferramentas tecnológicas no ensino trazem muitos mais benefícios do que prejuízos estudantes. Para a formanda, “ainda há muito recurso ao papel e algumas limitações ao nível da digitalização da in-

Sara Trindade e Ana Isabel Ribeiro, docentes da FLUC formação”, o que dificulta o processo. “Não consigo implementar tudo o que pretendo. Daí, por vezes, sentir que o projeto está a meio gás”, adianta a jovem. Menos papel, mais tablets Quem nunca ouviu os encarregados de educação queixarem-se do peso que os filhos carregam na mochila? Os livros multiplicam-se e com eles os quilos, que afetam o bemestar de crianças e adolescentes. Também neste aspeto, a aposta no ensino interativo pode trazer benefícios. “As mochilas sempre pesadíssimas são um dos muitos problemas que podem ser atenuados. Não

faz sentido que, hoje, ainda estejamos tão dependentes do uso do papel. Nem os professores, nem os alunos estão a acompanhar esta evolução. É preciso continuar a apostar na formação, para que estes equipamentos e estas metodologias de trabalho sejam cada vez mais frequentes”, argumenta Sara Trindade. Sobre os custos financeiros, a investigadora acredita que os benefícios “suplantam largamente” os aspetos menos positivos e lembra que “a manutenção é o que fica mais caro”, já que a compra dos equipamentos pode diminuir os gastos com os manuais escolares. | Bernardo Neto Parra

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Formar docentes é ambição dos investigadores

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