21.º Aniversário 2015

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Ricardo Castanheira Miguel Duarte José Carlos Silva Gonçalo Capitão Lara Martins-Pollet António Manuel Rocha Vitor Sereno Rocha Dinis Susana Pedrosa Maria João Carvalho Tiago Reis Marques Cláudio Schulz Raquel Saraiva Maria José Nunes Pereira Marcelo Nuno Eurico Gonçalves Toni Ricardo Bizarro Miguel Ramalho Santos Tiago R. Magalhães Francisco Veiga

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o

aniversário

21 anos, 21 figuras que projetam a região de Coimbra no Mundo


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Agostinho Franklin diretor

anos na vida de uma pessoa ou de uma instituição é sinónimo de maturidade e solidez. O Diário As Beiras celebrou no passado dia 15 de Março a sua maturidade que, desde a sua fundação, se afirmou como irreverente e aragem fresca no panorama dos media da nossa região e até, porque não dizê-lo, no panorama nacional. Indo beber ao que de melhor se fazia na época a nível mundial, o Diário As Beiras rapidamente se caraterizou por uma forma de jornalismo diferente da mera informação bacoca e cinzentona que à época se produzia, afirmando-se

21 anos a inovar

ofereçam ao leitor algo mais do que a simples e imediata informação, criação de cadernos temáticos tratando de assuntos socialmente interessantes e úteis para os nossos leitores, cidadãos do tempo contemporâneo. Referimo-nos, por exemplo, aos cadernos de Saúde&beleza, ao caderno Educação 3.0 e ao caderno Turismos de Futuro que têm recebido muito boa aceitação junto do nosso público leitor e dos nossos anunciantes. E outros projectos de informação se seguirão, sempre na perspetiva de que um meio de comunicação deve adaptar-se aos tempos em que se desenvolve.

Francisco Veiga Tiago Magalhães Lara Pollet Tiago Reis Marques  Susana Pedrosa Carlos Silva Raquel Saraiva Maria João Carvalho  Maria José N. Pereira Cláudio Shulz  Toni  Miguel Santos

 Ricardo Bizarro Eurico Gonçalves  Rocha Dinis   Vítor Sereno

Gonçalo Capitão Miguel Duarte  Ricardo Castanheira 

Marcelo Nuno 

António Manuel Rocha

A diáspora dos nossos entrevistados nesta edição

como um meio de comunicação positivo e dinamizador da região em que se inscreve. Essa mesma matriz tem vindo a ser reafirmada, com as transformações que temos vindo a introduzir no nosso Diário As Beiras: produção de um informação prática e graficamente bem arrumada, construção de dossiês informativos que

Exemplo dessa preocupação inovadora é a grande difusão que a nossa edição digital tem tido, com cerca de 23000 assinantes, distribuída por uma franja de leitores de segmento A-B; conjugada com a nossa edição papel, constitui um total de cerca de 29000 assinantes o que nos confere uma escala interessante no panorama dos jornais regionais e nacionais.

Os acessos à nossa página web são também de relevo e afirmativos do interesse dos nossos leitores e do público em geral, atingindo cerca de 2 110 024 visitas e 3 956 343 de visualizações em 2014. E tudo isto produzido por uma equipa generosa e disponível para os novos desafios — construir um jornal de impacto regional, criando diferença na forma de informar, no modo de divulgar e afirmar o mérito construído na nossa região. E apoiados igualmente por uma administração atenta e proactiva, ciosa da manutenção da solidificação de um título e de uma marca a que está tão ligada. Continuando nesta linha de modernidade e inovação, o caderno que hoje lhe apresentamos para assinalar o nosso aniversário é um óptimo exemplo: fomos ao mundo e procurámos quem, sendo de Coimbra e da sua região, tem afirmado a sua qualidade e mérito pessoal pelas diversas regiões mas, obrigatoriamente, mostrado a matriz da nossa região, da sua cultura e da sua forma de ver e construir o mundo. São 21 boas notícias, que nos confortam e dão ânimo para o que temos vindo a defender: que na nossa região existe potencial que importa maximizar, apoiar e reforçar, cientes que esse é o caminho de uma afirmação conjunta, da rede de valor e de valores. Pela sua parte, o Diário As Beiras sempre estará disponível para esse reforço positivo, de leitores e anunciantes, adotando uma postura construtiva e aberta na procura de soluções.

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Diretor Agostinh o Franklin Subdiretora Eduarda Macário Coordenadora Dep. Gráfico Carla Fonseca Textos: António ALves, António Rosado, Bruno Gonçalves, Cláudia Trindade, Eduarda Macário, Joana Santos, Jot’Alves, Lídia Pereira, Patrícia Cruz Almeida e Paulo Marques Fotos: Carlos Jorge Monteiro e Luís Carregã o meu jornal, a minha região Contactos: sede: Rua Abel Dias Urbano, n.º 4 - 2.º 3000-001 Coimbra, tel. 239 980 280, 239 980 290, Telem: 962 107 682 fax 239 980 288, administrativos@asbeiras.pt PROPRIEDADE Redação Tel. 239 980 280, Fax 239 983 574, redaccao@asbeiras.pt Sojormedia Beiras SA Publicidade tel. 239 980 287, fax 239 980 281, publicidade@asbeiras.pt Classificados tel. 239 980 290, fax 239 980 281, classificados@asbeiras.pt Assinaturas tel. 239 980 289, assinaturas@asbeiras.pt


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Ricardo Castanheira

Nascido em Coimbra, Ricardo Castanheira é Pai da Bia(seis) e do Pedro(cinco). Apaixonado pelo trabalho ainda arranja tempo para correr e, quando possível, esquiar

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Nome: Ricardo Castanheira Idade: 41 anos Atividade: Diretor-geral da Motion Picture AssociationAmérica Latina Onde vive: Brasil Naturalidade: Portuguesa


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111 Chegado a Brasília, capital federal do Brasil, em março de 2011, com 37 anos, para assumir o cargo de diretor de assuntos corporativos da Microsoft Brasil, Ricardo Castanheira, licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e com diversos diplomas avançados em gestão, entre eles na Harvard John F. Kennedy School of Government de Boston, no Instituto de Empresa, em Madrid, e na FGV de São Paulo, é, desde agosto de 2013, diretor-

profissionalmente, estando então numa multinacional (Microsoft) o passo natural era assumir responsabilidades em outra geografia, por entender que seria positivo para os meus filhos uma experiência fora e porque a acentuada crise em Portugal gerava um ambiente depressivo que não se coadunava com o meu estado de espírito. Sente que valeu a pena? Com certeza. Apesar da ausência sentida de familiares e amigos a oportunidade de

de Portugal, tantas vezes injustamente criticado.

um acompanhamento especial.

Quais as grandes diferenças? Os principais desafios do Brasil (que também ainda são os de Portugal, embora em menor grau) são a eficiência dos serviços, a melhoria da produtividade, o respeito pelo mérito e a necessidade de “accountability” (avaliação permanente). Tudo gira em torno disto. Aliás, a corrupção e a burocracia são efeitos da ausência daqueles.

Sente-se um emigrante? Essa é a minha condição legal e fiscal. Ainda não solicitei a equiparação de direitos civis e políticos, porque saí para regressar. Mas o conceito de emigrante num mundo global é muito relativo. Acompanho, apesar da distância física, o dia-a-dia de Coimbra e do país. O que por vezes é penoso! É verdade que a saudade é um dos sentimentos mais comuns

tecnologias para manter os laços com o país, os amigos e a família. Vou confessar: descobri o bacalhau, que antes nunca fez parte da minha mesa! É claro que a (sua) Briosa está nesse rol dessas coisas de que sente mais falta. Sendo um verdadeiro apaixonado da Académica, como a vê a esta distância? A Académica é um amor inexplicável. Sou sócio há 41 anos e apenas tive uma alegria – na final da Taça no Jamor contra o Sporting –, mas

Observarmos o país de fora fortalece-nos como cidadãos e valoriza-nos profissionalmente geral da Motion Picture Association-América Latina, entidade que representa os seis maiores estúdios de cinema mundial (Walt Disney Studios, Paramount, Sony Pictures, 20th Century Fox, Universal e Warner Bros). Reparte as semanas de cada mês entre Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e, por vezes, Estados Unidos. Passou a viver dentro de aviões.

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Porque decidiu sair? Por três motivos, essencialmente. Para progredir

observarmos o país a partir de fora dá-nos maturidade crítica, fortalece-nos como cidadãos e valoriza-nos profissionalmente. Como foi a adaptação? No princípio difícil. Mesmo sendo o Brasil um paísirmão, a verdade é que até a língua é diferente. A mentalidade é muito distinta e ao nível profissional os padrões são outros. Isto não significa que nós estejamos 100% certos e eles errados, porém, percebi as virtudes

Que tarefas assume atualmente? Tenho a responsabilidade de representar os interesses institucionais dos seis maiores estúdios de cinema do mundo, sobretudo com foco nos temas regulatórios, legais e políticos, assim como na construção de parcerias e alianças estratégicas no setor audiovisual. A América Latina em geral e o Brasil em particular têm um ambiente de negócios “sui generis”, muitas vezes adverso, e que, por isso, exige um estudo e

para quem está fora do país? É a mais absoluta das verdades. E damos conta de ter saudades de coisas tão simples e prosaicas a que durante anos não demos importância e o relevo devido. Comidas, lugares, pessoas, livros, enfim... Como as suaviza? Mantendo um contato estreito com tudo o que “cheira a Portugal”, seja no Brasil – onde estão cada vez mais portugueses – seja usando as redes sociais e as novas

ainda assim a paixão não diminui. Essa singularidade, que nada tem de racional, é um dos vínculos mais fortes com Coimbra e com o país. Por tudo o que ela representa, acho incompreensível a atitude dos atuais dirigentes que teimam em se perpetuar no poder, mas também da cidade que não a observa como o seu maior símbolo. E como vê o nosso país? Temos futuro? Portugal é um país com um futuro imenso. Tem tudo

para dar certo. Tem no capital humano a sua maior riqueza. Estes anos de crise têm demonstrado muitas das potencialidades dos portugueses dentro e fora do país. O principal problema é a ausência de lideranças. Da política ao futebol, passando pelas maiores empresas, são os mesmos rostos há décadas. Sem imaginação, sem criatividade, sem rasgo para mais. A importância da liderança estuda-se nas melhores universidades do mundo. O próximo Presidente da República deveria ter duas metas principais: estimular os portugueses a encontrarem novas lideranças políticas, sociais, culturais, desportivas; e provocar as condições para fazer regressar os muitos milhares de portugueses altamente qualificados, que saíram ao longo destes anos e que voltariam ainda mais competentes para ajudar o país. Temos espaço para jovens que como o Ricardo um dia aceitaram o desafio de deixar o país? Há com certeza, porque, desde logo, os espaços criam-se e cada um constrói o seu. Porém, deveriam haver políticas públicas que estimulassem o regresso do capital humano que foi drenando nos últimos anos. Essa é uma responsabilidade coletiva e nacional, porque a omissão terá um impressionante impacto negativo na nossa pirâmide etária, no PIB, na segurança social, etc. Prevê o regresso? Um dia!.. De que forma gostava que esse regresso se concretizasse? No momento certo (e se ainda tiver interesse em saber) conto-lhe! | Eduarda Macário


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Miguel Duarte

formou-se em economia e radicou-se em s. paulo, no brasil. Especializou-se em estratégia e inovação, vendeu a empresa e acaba de concluir um master em gestão em londres

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Nome: Miguel Duarte Idade: 35 Atividade: Gestor Onde vive: S. Paulo (Brasil) Naturalidade: Coimbra Curriculum: MBC no ISEG; Strategy & Innovation, no MIT (Boston), MSc na London School of Economics and Political Science


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111 Miguel Duarte nasceu, estudou e licenciou-se em Coimbra. Antes de acabar o curso teve “tempo”, a par de engenho e arte, para assumir a disputa política na Associação Académica de Coimbra, que o levou a presidir à Direção-Geral, em 2004. Terminada a licenciatura em Economia, inicia atividade em consultoria estratégi-

gumas das principais corporações globais de eletrónica de consumo, analisando e discutindo com a C-Suite dessas empresas o futuro da sua indústria, cenários possíveis para longo prazo (10 a 20 anos) e modelos de negócio inovadores que poderiam ser introduzidos nos seus mercados de atuação”, conta. Assim, até 2011, passa

mineradoras do mundo, a maior fábrica de automóveis do mundo (em 2011, produzia 3.000 viaturas por dia), grandes players de eletrodomésticos e também de bens de consumo. O Brasil de 2011 ainda vivia a euforia do crescimento de 7,5%, referente a 2010, e o preço do minério de ferro (principal exportação para

didas e, em maio de 2014, o negócio fica fechado. A partir de então, Miguel Duarte passa a integrar a EY Brasil como partner para a área de estratégia e inovação. “Hoje o Brasil é uma economia com alguns problemas mas com muitas oportunidades”, reconhece o gestor, sublinhando um artigo do The Economist, na passada

De presidente da AAC a partner da Ernst&Young no Brasil

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ca na multinacional francesa Capgemini. É então que decide que a sua vida seria exclusivamente dedicada ao mundo corporativo. Os primeiros projetos são na indústria aeroportuária em Portugal. “Confesso que fiz trabalhos interessantes nos anos em que a economia portuguesa ainda tinha algum dinamismo”, revela. A partir de 2007, Miguel Duarte opta por especializarse em inovação estratégica e enceta uma nova fase da sua carreira na Strategos (empresa americana fundada por um dos pais do pensamento estratégico, Gary Hamel). “Com a Strategos, comecei a trabalhar em al-

mais de 60% do tempo fora de Portugal, nomeadamente, na Coreia do Sul, Espanha e Brasil. Partner da Strategos para o desafio Brasil No final de 2010, passa a partner da Strategos e fica responsável pelo desafio de desenvolver o projeto Brasil. “Mudei definitivamente em Janeiro de 2011 para o Brasil e a partir desse momento comecei uma nova fase da minha vida nesta economia cheia de oportunidades e volatilidades”, recorda. Em ritmo frenético, leva o seu trabalho até empresas de dimensão igualmente global, como uma das maiores

a China) acima dos 160 dólares nos mercados internacionais (hoje vale perto dos 60 dólares). “Estes foram anos fantásticos de crescimento profissional e de experiência de empreendedorismo numa economia emergente onde tudo se pode complicar de um dia para o outro”, orgulha-se. Neste contexto, a Strategos garante um posicionamento de mercado muito interessante (nicho de especialização em inovação estratégica) e ganha reputação de bom trabalho e bons clientes, o que leva a Ernst & Young (EY) a interessar-se por comprar a sua operação no Brasil. As negociações são bem suce-

semana, em que o articulista deixa claro que os problemas do Brasil se devem à política desastrosa do executivo anterior. “É uma “autoflagelação” que o país está a sofrer sem qualquer relação com a tendência económica global”, resume. Apesar da volatilidade e complexidade do país, Miguel Duarte admite que a sua experiência no Brasil e em São Paulo foi sempre uma relação de fascínio e vontade de conquista. “Há muito poucas cidades no mundo com o vigor e dinâmica de São Paulo. São cerca de 11 milhões de habitantes na cidade de São Paulo e cerca de 20 milhões na

região metropolitana, tudo acontece 24x7 e o ritmo é muito aliciante para quem está focado em trabalhar e construir. Dificilmente trocaria São Paulo por outra cidade mais pequena, os riscos são grandes, as oportunidades são gigantes”. Quando cruza a Ipiranga com a avenida São João Como dizia o Caetano Veloso, em Sampa, “alguma coisa acontece no meu coração quando cruzo a Ipiranga com a Av. S. João”. Miguel Duarte reconhece a importância que o Brasil teve na sua vida. É um cenário onde é preciso ter uma obstinação, fixação no trabalho e nas metas, fora do normal. A vida pessoal não tem destaque para quem ali quer vencer. “Aprendi a dar um valor extraordinário aos milhares de emigrantes portugueses que fizeram aqui os seus impérios, acreditando no valor trabalho e dedicando-se dia e noite ao seu negócio. Estes homens fizeram a diferença aqui e em outras geografias”, afirma. O resultado prático de tudo isto é o acumular de férias por gozar. “Acabo por tentar colar alguns dias de paragem a períodos de feriados/festas do calendário anual. Faço algumas paragens mas no máximo tiro 10 dias entre Natal e o final do ano e tenho escolhido destinos mais recônditos para estas mini paragens”, admite, antes de aclarar o seu fico: “Para mim o trabalho não é um meio de subsistência, o trabalho é um valor central na minha vida. A minha felicidade/bem estar é diretamente proporcional ao que atinjo profissionalmente”. Em 2012, entretanto, entendeu que precisava de fazer um Master numa universidade de ponta e reconhecimento global em ciên-

cias sociais. Por isso, iniciou um MSc em Gestão na London School of Economics & Political Science. Como a escola tem um programa global para executivos, começou a ir a Londres trimestralmente e ficava sempre duas semanas para as aulas. Foram dois anos intensos, tal a quantidade de papers que tinha que produzir, entre aulas, o que ocupou todo o tempo livre. “Entre outubro de 2012 e julho de 2014, contei com a compreensão da minha mulher e ocupei 80% dos fins de semana e boa parte das minhas noites a estudar e escrever papers para a LSE. “Foi uma ótima experiência e consegui graduar-me com Distinção pela LSE. Deu para perceber que afinal ainda tinha um tempinho na agenda que estava por preencher. Foi um período fantástico de estudo e análise que ligou muito bem com alguns dos trabalhos que estávamos a fazer no Brasil na área de Private Equity e Venture Capital”, explica. A sua tese acabou por ser dedicada a Private Equity, tendo ganho o prémio de Melhor Dissertação. Da vida nacional, confessa que acompanha muito pouco e apenas os grupos de Whatsapp e redes sociais ajudam a manter a conexão. “A única razão pela qual ligo a TV no Brasil é para ver a BBC World News e ter uma perspetiva rápida do que está a acontecer no mundo”, conta. De Portugal, interessamlhe apenas os amigos (que, diga-se, também estão espalhados um pouco por toda a parte) e a família, com quem comunica duas a três vezes por semana, por Skype. “Estamos todos mais perto com a tecnologia e por isso acompanho as coisas essenciais da vida de cada um deles”, remata. | Paulo Marques


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Nº1 das PME Excelência. Nº1 em adesões a PME Excelência pelo 6º ano consecutivo 38% das PME Excelência aderiram via BPI 62% das PME Excelência são Clientes BPI ADESÕES AO ESTATUTO PME EXCELÊNCIA EM 2014 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0%

Banco B

Banco C

Banco D

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Dados IAPMEI e Turismo de Portugal, a 12 de Janeiro 2015

www.bancobpi.pt /empresas

O BPI felicita as 1.845 PME Excelência 2014, estatuto atribuído pelo IAPMEI/Turismo de Portugal para distinguir, entre as PME Líder, as Pequenas e Médias Empresas que apresentam os melhores desempenhos e perfis de risco.


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José Carlos Silva

É natural de Coimbra, mas cresceu em Moçambique. Como foi a sua infância? Sou natural da freguesia de S. Bartolomeu, mas o meu pai tinha um emprego que nos fazia andar a saltar entre Tondela, Nelas, Figueira da Foz e Coimbra. Aos meus sete anos fomos para Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique, e ainda tentámos ficar após a revolução, mas não havia condições sociais mínimas e voltámos para Coimbra. Onde se formou? Estudei até ao 11.º ano na Brotero. Fui trabalhar para a Estaco (onde estive três anos) e fui o primeiro empregado do Centro Eletrónico de Coimbra. Não te-

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“Traba experi o Nobe sentir r nho curso superior, tenho um BTS pela Universidade de Grenoble, para ter um “papel”, como eu costumo dizer. Entretanto começou a trabalhar na Universidade de Coimbra. Como foi esse percurso? Comecei como técnico no Centro de Mecânica dos

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Nome: José Carlos Silva Idade: 52 anos Atividade: Investigador Onde vive: França Naturalidade: Coimbra Curriculum: Especialista em detetores, está no CERN desde 1987. É investigador do LIP

Natural de Coimbra, José Carlos Silva é investigador do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) e trabalha no CERN, na Suíça, há cerca de 20 anos. Participou em diversos projetos como a criação de um novo detetor de cancro da mama

Santos & Fernandes Mobiliário Electrodomésticos Decoração R. Liberdade n.º 21 - Algar - 3040-656 Coimbra Telef.: 239 802 670 - E-mail: geral@santosefernandes.pt


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Fluidos (1985-1986), com o professor Xavier Viegas, a fazer módulos para diferentes aplicações. Recordome de ir para as caixas de surpresas comprar as bolas com prendinhas e oferecer aos miúdos que passavam (eu só precisava das bolas para fazer “cataventos”, não do conteúdo) ou ir ao shopping de Celas “partir” os “passpartous” acrílicos (para fotos) porque tinham a forma adequada a expositores para os aparelhos de medição (humidade, direção e velocidade dos ventos) que desenhei para serem instalados em postos de vigia de incêndio do Serviço Nacional de Bombeiros. Por essa altura, (1987) apareceu a possibi-

em outras experiências, e fui ganhando experiência e curriculum. Como surgiu o seu interesse pela investigação e pela ciência? Não sei se tenho uma referência de “início”…. Mas o meu gosto pela eletrónica começou com o meu pai a tirar um curso por correspondência e eu ia lendo e fazendo os testes com ele. Aos 11 anos já sabia de cor a Lei de Ohm e já mexia em ferros de soldar e multímetros. Depois, o facto de ter tido a sorte de ir trabalhar para a universidade, para unidades de investigação, terá moldado o meu gosto por “criar” coisas novas, participar em projetos, em

der, através do LIP Coimbra, técnicas e eletrónica para experiências de f ísica de partículas enquanto funcionário do LIP, deixei Coimbra por três anos e fui para Marselha a convite do Centre de Physique de Particules de Marseille, em 1990. Estive três anos em Marselha e vim, em 1993, para o CERN para participar em vários projetos. Acabei por ficar por cá, mas ligado ao LIP_Lisboa, através do grupo do professor João Varela. Onde vive? Moro em Thoiry, França, (oficialmente, a morada fiscal é Coimbra, a morada do empregador é Lisboa), e trabalho no CERN, oficialmente na Suíça (nada fácil

ve o “sistema de escolha de eventos interessantes”), projeto Synchonisation and Link Board, SLB (ou o SLB na sua versão ótica). Estes projetos obrigam a que se esteja sempre por perto, a participação na experiência CMS é 24 horas por dia e sete dias por semana. Em paralelo, no LIP, participámos num projeto pioneiro para rastreio de cancro de mama por “emissão de positrões” (PET) para o qual desenhei a eletrónica de “front-end” e fui coordenador técnico para a instalação desse detetor. Temos um detetor PET a funcionar em Monza, a ser usado em pacientes, e um outro em Coimbra, no ICNAS. Hoje continuamos numa outra

alhar numa iência que ganhou bel da Física faz-me realizado” lidade de ir trabalhar para o departamento de Física com o professor Armando Policarpo, num centro que já era o embrião do LIP. E foi nessa altura que vim aprender eletrónica para câmaras de fios com o George Charpak (Nobel da Física 1992). Comecei a ir mais regularmente ao CERN, desenhar placas para várias partes

caminhos que se percorrem tendo também a sorte de entrar em grupos de investigação bastante ativos, como era o caso do LIP, já nessa altura, com a participação em experiências no CERN. Como é que chegou ao CERN? Depois de ter vindo apren-

de explicar às Finanças ou à Segurança Social). O que é que faz, atualmente, no CERN? Sou o autor da eletrónica de leitura dos dados do ECAL (modulo DCC, Data Concentrator Card,) e do sistema de alinhamento das primitivas de trigger (um palavrão que descre-

área desse projeto, com o desenvolvimento de detetores PET para deteção de cancro no pâncreas e na próstata, uma colaboração europeia. Continuo a participar no desenvolvimento de eletrónica para rastreio de cancro de mama, através de uma startup portuguesa (a PETSYSElectronics) criada

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www.agatajoalharias.com

para desenvolver técnicas de deteção de cancro. Sou coordenador da Eletrónica do Calorímetro Eletromagnético de CMS e participo, atualmente, nos projetos de redesenho futuro da eletrónica de leitura do detetor (os chamados Upgrades). Sou também guia “português” (também faço visitas em Espanhol, Francês e Inglês) no CERN. O CERN tem um serviço que proporciona visitas guiadas a vários sítios do CERN, em língua materna sempre que possível, para acolher escolas, mas também para o público em geral. Como é o seu dia a dia? O dia a dia começa pelas 08H30, 09H00 com a habitual leitura de emails. Durante o dia estou, ou no meu laboratório, onde desenho as placas, ou vou a CMS (12 quilómetros de estrada e 100 metros de profundidade), participo em reuniões, ligadas à operação do detetor de CMS, ou a outras áreas de projetos em que estou envolvido. Por volta das 19H30, 20H00 vou para casa. Vou tendo um olho nos emails e no estado das coisas em CMS. Não dá para “desligar” da máquina. Disse, numa entrevista, que saiu de Portugal “porque não o deixavam evoluir o suficiente”. De que modo é que isso acontecia? Acha que isso ainda acontece nos dias de hoje? Essa afirmação tem a ver com facto de em Coimbra olhar demais para os títulos (os “Drs”) e menos para o trabalho efetivo. Foi, aliás, a razão por que decidi ir para Marselha. Não tinha curso superior e, sem curso é-se posto de “parte” (não me sentia parte do grupo, não ia a reuniões de projetos, coisa que no CERN é im-

pensável) … e foi o melhor que fiz, largar o conforto do contrato permanente e sair. Sente-se realizado com a sua carreira? Sinto, muito. Além de fazer “placas” que não existem para as mais variadas aplicações, o facto de ter a sorte de trabalhar com prémios Nobel, trabalhar numa experiência que ganhou o Nobel da Física, e sentir-me parte dele (eu e os outros 7500 colaboradores: 3000 em CMS, 3000 em ATLAS, e 1500 no LHC) ou andar a desenhar eletrónica aplicada à deteção de cancro de mama que “viu” um cancro com 3mm que o scanner normal não viu, deixa-me, com certeza, com um sentimento de realização. Em resumo, o que eu gosto mesmo é de “resolver” quebra-cabeças. Visita Coimbra com regularidade? Menos do que gostaria, mas o suficiente para não esquecer os amigos e família. Vou mais regularmente a Lisboa, devido à ligação com o laboratório. Tem filhos? Qual é a relação deles com Portugal? Gostava que eles fizessem vida por aqui? Tenho dois filhos. Uma filha de 22 anos, arquiteta de interiores, a começar a carreira em Lausanne, e um rapaz de 17 que vai entrar pra a universidade (para Game Design). Ambos criativos. A minha esposa faz modelos em feltro, e passa o dia ocupada a costurar e a fazer bonecada. Uma família de criadores. A relação com Portugal é a possível. É a terra dos avós, dos primos. O lugar favorito para ir a pesca. Falar Português, sempre, visitar familiares e amigos. | Patrícia Cruz Almeida

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Gonçalo Capitão

Gonçalo capitão nasceu em coimbra e é um dos primeiros colaboradores do DIário as beiras. Solteiro - e bom rapaz - é jurista de formação e, atualmente, adido social e cultura na embaixada de portugal em caracas

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Rua Abílio Fernandes

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Nome: Gonçalo Capitão Idade: 43 anos Atividade: Adido social e cultural na Embaixada de Portugal em Caracas Onde vive: Venezuela Naturalidade: Portuguesa

ARMAZÉNS CALHABÉ Rua do Brasil, 486/488 - 3030-175 COIMBRA Telefone: 239711 080 | Fax: 239 712 079 Telemóvel: 916 613 802 / 919 908 821 E-mail: comercial@armazenscalhabe.com Armazém: Vila Franca - Pinhal de Marrocos (junto ao Polo II) Telefone: 239 721 423/4/5

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Universidade - Polo II Polo II

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111 Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Mestre em Teoria e Ciência Política Contemporânea pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa), Gonçalo Capitão é jurista de vocação, desempenhando as funções de adido social e cultural na Embaixada de Portugal em Caracas. Solteiro – e bom rapaz –, gosta de aproveitar (bem) o pouco tempo livre que vai tendo para fazer outras coisas de que gosta.

em torno de um NacionalAcadémica). Por razões Académicas, em 1993, para Bolonha, ao abrigo do programa Erasmus. Profissionalmente, em 2010. Para onde foi? África do Sul. Consulado Geral de Portugal em Joanesburgo. Porque decidiu sair? O desafio era irresistível. Ademais, como não nego amizades só porque os ami-

Quase imediata. A comunidade acolheu-me como um igual. Em que país se encontra atualmente? Venezuela. Que tarefas assume? Adido social e (por solicitação do anterior embaixador, que acolhi com alegria e entusiasmo) cultural. E como foi, neste caso, a adaptação?

Família (com destaque para a chefe da banda, que é a minha avó), a Briosa e os amigos. A comida ocupa-me alguns pensamentos pecaminosos, confesso... Como as suaviza? A última, comendo... As outras não se suavizam, aguentam-se. É claro que a (sua) Briosa está nesse rol dessas coisas de que sente mais falta. Os seus dons de vidente

Sinto-me um português de Coimbra. E, às vezes, um extraterrestre... Viagens, leitura, escutar música (ao vivo e gravada), arte (como apreciador) e, num plano pré-religioso, Académica de Coimbra (sinónimo de futebol no seu dicionário pessoal). Quando saiu de Coimbra (Portugal) pela primeira vez? Em turismo, já nem me lembro. Sei que foi a Espanha e por terra (andei pela primeira vez de avião aos 20 anos e para a Madeira, onde passei um fim de ano épico com outros estudantes da nossa universidade, numa viagem organizada

gos passam momentos difíceis, pela honra que foi ser convidado pela liderança de um governo que não pertencia ao meu partido. Sente que valeu a pena? Sem dúvida. Aprendem-se lições de vida com as nossas comunidades da diáspora. A primeira delas, é que nada se consegue sem muitíssimo trabalho. A segunda, ainda a título de exemplo, é que temos que saber viver sem esperar que o Estado resolva tudo e mais umas botas. Como foi a adaptação?

Fácil, mas mais desafiante, dadas a circunstâncias muito especiais que vive o país, sobre as quais, como entenderão, não posso pronunciarme, por agora. Sente-se um emigrante? Sinto-me um português de Coimbra. E, às vezes, um extraterrestre... É verdade que a saudade é um dos sentimentos mais comuns? É... Mas o entusiasmo ajuda a superar. E de que tem mais saudades?

são evidentes (eis a beleza da cacofonia). Na África do Sul ainda consegui sintonizar a SportTv África, com preciosa ajuda angolana. Aqui, nada... Contudo, a merecida confiança que tributaram a José Viterbo (às vezes não é preciso andar a encher os bolsos de agentes e verbosde-encher) recuperou a minha própria confiança. Acho que o nosso presidente precisava de fazer mudanças mais drásticas, mas, conhecendo-o, meto a viola ao saco. A Briosa, para mim, foi, é e será, mais do que uma agremiação, uma forma de

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estar na vida. Sendo um verdadeiro apaixonado da Académica, como a vê a esta distância? Acho que já me adiantei... Vejo-a a melhorar, embora creia que a lição atual deve constituir uma lição de tomo para a preparação da próxima época. Depois da solidez da gestão, entendo que há que entrar na fase da recuperação da identidade e na diplomacia, para conquistar maior influência no futebol português (no “meu tempo”, tentei pequenos passos, mas soube que, sem que me fosse dito cara a cara, havia colegas que achavam esse trabalho supérfluo. Do presidente, sempre recebi apoio e latitude de ação, sublinho). Cá por mim, não tocava no “mister”! E como vê o nosso país? Igualmente a melhorar. Creio que o nosso esforço como povo foi heróico e de um civismo lapidar. Os indicadores são inspiradores e entendo que Passos Coelho fez uso patriótico das suas ancestrais teimosia e inteligência, não se deixando tentar pela vertigem do mediatismo e da propaganda barata. Na hipótese de os portugueses escolherem outro rumo, o tempo gravará os seus indicadores em lugar de podium da história da governação portuguesa. Pena é que a política nacional de consuma em debates infindáveis sobre assuntos pessoais já resolvidos, tentando manchar o caráter de um cidadão de mão cheia, e que os media prefiram vender papel e tempo de emissão, em lugar de informar. Temos futuro? Olhando o nosso passado, não tenho sombra de dúvida. Temos espaço para jovens que, como o Gonçalo, um dia aceitaram o desafio de partir?

“Jovem” é uma deliciosa mentira vossa. Fica por conta dos 20 anos da nossa “relação íntima”. Respondendo: hoje, servir a Pátria não se circunscreve às fronteiras nacionais. Estando sempre disponível para regressar, penso que, às vezes, as entidades patronais não desafiam suficientemente os seus “recursos humanos”, para usar uma terminologia que abomino, dada a falta de humanidade. Já à política, e mais concretamente ao Parlamento, confesso que gostaria de regressar, um dia. Foi um lugar onde a carga de trabalho e a satisfação se conjugaram no ponto mais alto. Sei, no entanto, quais são as regras do jogo partidário e também que, analisados o meu sempre episódico e meteórico percurso interno e a minha inabilidade para subir escadas, há que concluir que não tenho jeitinho nenhum para a poda (juro que escrevo estas linhas com um sorriso de orelha a orelha e sem qualquer rancor). Sendo um dos colaboradores mais antigos do DIÁRIO AS BEIRAS como vês estes (nossos) 21 anos de existência? Tendo idade para ser pai do “Beiras” (faltava a parvoíce de fecho), é com muito orgulho que vejo a longevidade de um projeto que, na sua origem (lembro-me bem, já que levo 20 anos de casa, nos 21 de vida do “nosso” jornal), desafiou os cânones do jornalismo regional, constituindo-se como uma enorme lufada de ar fresco. Volvidos 21 anos, e apesar das dificuldades que mundialmente assolam a imprensa, vejo o mesmo ânimo, igual lucidez e uma linha de continuidade na qualidade do jornalismo. Dar-vos os meus parabéns é responsabilizar-vos por mais 21 anos de bom trabalho. | Eduarda Macário


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diário as beiras | 21-03-2015 The Phantom of The Opera

Lara MartinsPollet Estudou no CAIC e no conservatório e formou-se em londres. cantou ópera em todo o mundo até se fixar no elenco do musical “o fantasma da ópera”, no her majesty’s theatre b.i.

A União Geral de Trabalhadores de Coimbra deseja um Feliz Aniversário ao Diário As Beiras e seus colaboradores União Geral de Trabalhadores de Coimbra

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Nome: Lara Martins-Pollet Idade: 36 anos Atividade: Cantora Onde vive: Londres Naturalidade: Coimbra Curriculum: Guildhall School of Music and Drama (Londres); Atualmente interpreta Carlotta Giudicelli, no musical O Fantasma da Ópera (Londres)


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Porquê a música? E o canto, em particular? Não sei bem responder a essa questão. Eu sempre gostei de cantar e representar; lá em casa sempre se ouviu muita música, principalmente música clássica, mas nunca me lembro de dizer, quando era mais pequena, que queria ser cantora. Como descobriu, então, que a música seria a sua vida?

minantes a todos os níveis não só na minha formação académica, mas também no meu desenvolvimento pessoal e humano. Só posso dizer que é um colégio maravilhoso onde existe um verdadeiro sentido de missão e serviço. O que fazem os seus pais? O meu pai é médico e a minha mãe, agora reformada, era educadora de Infância.

ser humano [em entrevista recente, Lara destacou os professores Maria José Nogueira e António Salgado com quem estudou em Portugal; Laura Sarti, a professora em Londres, e o maestro João Paulo Santos com quem trabalha regularmente]. Quando saiu para Inglaterra e porquê? Tinha 21 anos, e foi-me dada a possibilidade de es-

Foi difícil, para si, deixar os amigos e a família? Sim, foi dif ícil. Parti para Inglaterra sozinha sem conhecer ninguém, para um ambiente altamente competitivo. Os primeiros anos em Londres foram anos de estudo e muita dedicação estava completamente imersa na música, o que ajudava atenuar as saudades da família e amigos [assim que terminou o seu curso, Lara foi

Espero que o convento tenha um programador e orçamento capazes As coisas aconteceram por acaso. Entrei para o conservatório, e depois as coisas foram evoluindo até eu descobrir que era isto que gostaria de fazer.

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Como foi a vida escolar, no CAIC? Os anos que passei no CAIC [Colégio da Imaculada Conceição, de Cernache, onde Lara estudou, antes de seguir para o Conservatório de Música] foram muito importantes e deter-

Que mestres/colegas, na música, quer destacar? Existem tantos e tantos que provavelmente necessitaria do jornal inteiro! Esta é uma profissão em que estamos em contacto permanente com indivíduos cheios de talento e inspiradores. Todos os dias agradeço pelas pessoas que se cruzam, e continuam a cruzar no meu caminho, colegas,mestres, técnicos; com eles aprendo e me enriqueço como artista e

tudar numa das melhores e mais conceituadas escolas de música da Europa. Foi um momento em que tive de decidir: ou ficava em Portugal ou aproveitava esta oportunidade única que poderia mudar a minha vida [Lara Martins fez, enquanto bolseira da Gulbenkian, a sua formação na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, onde terminou o curso superior de canto, com a mais alta classificação].

imediatamente convidada para integrar o grupo de solistas do Centro Françês de Artistas líricos (CNIPAL) onde foi solista durante a temporada 2002/2003]. Como foi a integração profissional, numa cidade como Londres? Londres é uma cidade altamente competitiva a todos os níveis e as artes performativas não são excepção. Cantores e atores de todo o mundo tentam a

sua sorte nesta cidade, mas obviamente que a oferta é muito menor que a procura. Ao talento temos que juntar sorte e principalmente perseverança. Penso que tive um pouco de tudo: sorte, muita vontade e talvez um bocadinho de talento. Como foi a sua evolução, no plano profissional? Tem sido um caminho feito de pequenas e grandes conquistas. Tenho tido a sorte de sempre se terem atravessado no meu caminho oportunidades interessantes que me têm ajudado a progredir como cantora e artista. Como está a sua relação com Portugal, com Coimbra e com os amigos/família que deixou cá? Vou muitas vezes a Portugal em trabalho, e aproveito para ver os amigos e a família. A Coimbra, vou essencialmente para visitar a família já que os convites de trabalho para me apresentar na minha cidade, têm sido ao longo destes anos quase inexistentes. Sabe, com certeza, da abertura, em breve, do futuro Centro Cultural e de Convenções e Espaço Cultural no Convento de São Francisco, com um auditório para 1200 pessoas, fosso para orquestra sinfónica e um dos maiores palcos da Península Ibérica... Fico muito contente que este espaço vá finalmente ser inaugurado. Coimbra necessitava com urgência de um espaço cultural com condições técnicas para receber grandes espetáculos. O fosso de orquestra irá permitir termos em Coimbra espetáculos de ópera, ballet e outros espetáculos

com necessidades técnicas mais exigentes. Como pensa que este equipamento pode mudar a vida cultural e social de Coimbra e da região? Gostava de ser convidada a cantar lá? Esperemos que venha a aumentar e dinamizar a oferta cultural na cidade de Coimbra e, obviamente, que gostaria muito de poder apresentar-me neste espaço. Que lhe apetece dizer sobre o futuro deste espaço? Esperemos que este espaço venha dinamizar e renovar a vida cultural da cidade. Infelizmente os meios técnicos não são tudo, não sei se já está escolhido, mas espero que tenhamos à frente deste espaço um bom programador com uma equipa e orçamento capaz, para que possamos finalmente ter em Coimbra um teatro com uma programação cultural de relevo. Costuma viajar? Para onde? Férias ou trabalho? Como decide as escolhas? Neste momento viajo menos em trabalho, já que o meu contrato é exclusivo, o que me obriga a estar em Londres a maior parte do tempo [Lara MartinsPollet integra o elenco de “O Fantasma da Opera”, no Her Majesty’s Theatre, baseado num romance do francês Gaston Leroux, já considerado o segundo mais bem sucedido musical de sempre no West End de Londres, depois de “Les Misérables”]. Mas houve uma altura em que as viagens eram constantes, passava mais tempo fora que em casa. Em lazer costumamos escolher destinos exóticos, de preferência sem teatros! |Paulo Marques


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António Manuel Rocha

radicou-se na namíbia para viver duas independências e criar uma cadeia de hotéis e restaurantes na fronteira com angola onde quase não há mais portugueses

b.i.

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Nome: António Rocha Idade: 54 anos Atividade: Empresário hoteleiro Onde vive: Namíbia Naturalidade: Anadia Curriculum: Serralheiro n a m i n a d e Ts u m e b ; comerciante no Okavango; hoteleiro no Ovamboland

Empresa que se destina aos transportes de mercadorias por conta de outrem em território Nacional. Dispomos de um variado serviço na área dos transportes desde camiões de grande tonelagem a veículos de transporte de mercadorias mais pequenos. Rua Jaime Cortesão 3025 - 471 São João do Campo – Coimbra Tel.: 239 961 513 - Fax: 239 964 337 Telemóvel: 967 250 777

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111 António Manuel Rocha é um emigrante “à antiga portuguesa”: comerciante, aventureiro, miscigenador. Tudo isto e ainda uma extraordinária habilidade para cozinhar comida para viajantes, camionistas e negociantes fazem deste cinquentão sempre bem disposto um caso raro de sucesso no esquecido, mas

restaurantes que gere com a ajuda da mulher, a mulata Paula Medeiros (filha de pai português e mãe angolana), e do irmão, José Rocha. É, acima de tudo, um refúgio de portugalidade numa geografia de contrastes, onde o negócio é a vida, montado em torno das imensas oportunidades que a fronteira oferece:

da província do Ovamboland, o hotel/restaurante enche-se diariamente de namibianos e, uma vez mais e sobretudo, de angolanos, aqui chegados também em demanda de serviços de saúde. É aqui que o empresário português vive e recebe os amigos desde 1995. São duas décadas de aprendi-

propagador dos primeiros combates levados a cabo pelos terroristas, como lhes chamavam os colonizadores, ou pelos movimentos de libertação, como ficaram conhecidos. Da grande cidade, que não conheceu, Tomané veio para a pequena aldeia de Famalicão, junto a Anadia. Aqui estudou e fez a

À aventura nas terras de fronteira sem turistas nem glamour

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ainda tumultuoso, território da fronteira entre Angola e a Namíbia. António Manuel, Tomané para os amigos, nasceu em Angola mas é na Namíbia que vive e trabalha, há 35 anos. Empresário da área da hotelaria e restauração, é um dos pouquíssimos portugueses a investir, e ganhar, no importante eixo rodoviário que liga as cidades de Ondangwa, no antigo Sudoeste Africano, e Ondjiva, antiga Pereira d’Eça, a capital da província angolana do Cunene. Rocha’s é a marca registada dos negócios do emigrante com raízes bairradinas. São dois hotéis e dois

petróleo, minérios, agropecuária, a norte; serviços e mercadorias de valor acrescentado, a sul. Dois Rocha’s Um dos hotéis Rocha’s fica em Oshikango, a cidade fronteiriça de duty free, que se eleva a mais de 1.000 metros de altitude. O seu restaurante é talvez o mais movimentado de toda a zona. A “culpa” é dos angolanos – em trânsito de negócios –, grandes apreciadores da boa e farta cozinha portuguesa. O outro Rocha’s é a “base” de António Manuel. Localizado bem no coração da cidade de Oshakati, capital

zagem dos caminhos da paz, na Namíbia, primeiro, e em Angola, depois. Duas décadas de crescimento e de consolidação de uma empresa de matriz familiar que vingou onde outros não ousaram arriscar – em Oshakati, de resto, apenas dois outros portugueses partilham a vida dos negócios. Mas nem sempre foi assim, para António Manuel Rocha. Nascido em Viana, a cidade industrial dos subúrbios de Luanda, há 54 anos, depressa foi recambiado para Portugal. Veio “empurrado” por um tio, militar, temente do efeito

4.ª classe. E bem perto, em Malaposta, começou cedo a trabalhar, primeiro numa oficina de motorizadas e depois numa outra, de serralharia e molas de camião. Não admirou, pois, que as corridas de duas rodas e, acima de tudo, o motocrosse – a par do râguebi, na Moita –, rivalizassem com as raparigas no jogo de interesses de uma adolescência de trabalho e felicidade, apesar de longe dos pais. Regresso a África A família, no entanto, acabaria por ser a razão do seu regresso a África. Após a revolução e a independência de Angola, os

pais tinham-se refugiado na Namíbia do norte, na altura ainda sob domínio sul-africano. E, em 1980, António Manuel decidiu-se a aproveitar o ofício de serralheiro na grande mina da então trepidante cidade de Tsumeb, onde os enormes filões de cobre e chumbo também deixavam extrair alguma prata e até ouro. Como os Rochas, centenas largas de outras famílias portuguesas tinham também procurado na cidade mineira um novo rumo para as suas vidas. Uns e outros assistiram então a uma década de pujança e declínio, muito por força das convulsões político-militares que ditaram a independência da Namíbia, em 1990. E a política fechou a mina Os portugueses, esses, quase todos enveredaram pela vida dos negócios. António Manuel Rocha não fugiu à regra. Após o fecho da mina – “minada” pela saída de muitos quadros e pela onda grevista do pós-independência –, percebeu que a fronteira era, e é, um território de oportunidades. Por isso, escolheu as imediações do grande rio Okavango, o Cubango dos angolanos, que separa os dois países no extremo nordeste namibiano. A cidade mais próxima, Rundu, ficava a 120 quilómetros. Na sua loja (winkel, em afrikander), que chamou de Shitemo Winkel, vendia um pouco de tudo, investido numa espécie de Oliveira de Figueira que nunca leu Hergé. Entre os muitos clientes havia quem pagasse e quem não tivesse como. E havia, sobretudo, a UNITA – cuja implantação dos dois lados da fronteira era

claramente maioritária, até que o governo de Windhoek resolveu apoiar oficialmente o MPLA. Está visto que, a partir daí, qualquer relação com os homens e as mulheres fiéis a Jonas Savimbi passou a ser fortemente desaconselhada. António Manuel sentiu isso mesmo, tal como sentiu o negócio a cair a pique, por falta de clientes. Estava-se em 1995, ano-chave para o outrora jovem emigrante aventureiro e futuro empresário de sucesso. Para trás ficaram as terras inóspitas e belicosas do Okavango, trocadas pelo, apesar de tudo, mais tranquilo e próspero território do Ovamboland, em cuja capital, Oshakati, António Manuel já tinha constituído uma sociedade, com pessoas da zona da Figueira da Foz, para abrir uma butique de roupa e acessórios. Desde então foi sempre a crescer. A exceção foi um negócio de armazém de mercadorias em Angola, perto do Lobito, “dinamitado” pela inflação galopante na transição do velho para o novo kuanza. De volta à fronteira sul, aproveitou da melhor forma o fim da guerra e o boom do comércio fronteiriço. Mas, como conta em jeito de brincadeira, foi mesmo o crescente tráfego de pesados que lhe “mudou a agulha” para o rumo da restauração: “Havia muitos angolanos a guiar camiões, que traziam de tudo, de galinhas a cabritos, sempre prontos a puxar-me para a cozinha, onde preparava grandes panelões de caldeiradas de cabrito, macarrão com carne guisada, feijoadas e outras comidas de inspiração bem portuguesa e fartura qb para o apetite de um camionista”… | Paulo Marques


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Vitor Sereno

nasceu, viveu e estudou em coimbra até aos 23 anos. depois, enveredou pela carreira diplomática, ocupando desde 2013 o lugar de cônsul português em macau

b.i.

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Nome: Vitor Paulo da Costa Sereno Idade: 44 anos Atividade: Cônsul-Geral de Portugal em Macau Onde vive: Macau Naturalidade: Coimbra Curriculum: Licenciado em Direito pela FDUC e mestre em Comunicação Empresarial pelo ISCEM (Lisboa)


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Que melhor recordação tem de Coimbra? Coimbra enche-me as medidas. Sou um “coimbrinha” típico, nado e criado na cidade. Nasci no Instituto Maternal Bissaya e Barreto e vivi até aos 23 anos no Bairro Norton de Matos, lugar onde os meus pais ainda hoje habitam. Cresci a jogar à bola no ringue do Bairro

clo Preparatório na Eugénio de Castro, o Liceu no Infanta D. Maria (para mim de longe a melhor escola pública portuguesa) e a Universidade na Faculdade de Direito. Tudo a 15/20 minutos de casa. Tenho várias boas recordações. Alguns dos melhores amigos (os de infância) que ainda lá moram, os tempos de dirigente associativo na

em Coimbra, que guardo e que fazem de mim a pessoa que sou hoje, acho que as melhores recordações ainda estão para vir… Neste momento, quais as funções que exerce? Comecei a exercer as funções de Cônsul-Geral de Portugal em Macau e HongKong em 28 de março de

fui Chefe do Gabinete do Secretário-Geral, do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e da Presidência do Conselho de Ministros, com o Ministro Adjunto do Primeiro Ministro. Que diferenças encontra em todas estas missões? Conheci até agora quatro continentes, muitas cultu-

Diplomata de Coimbra que já passou por quatro continentes e a dar os primeiros passos no Café Samambaia onde ia religiosamente com o meu pai comprar o jornal. Costumo dizer, meio a brincar, que o meu primeiro posto no estrangeiro foi Lisboa em 1994.

Sente que a ligação à cidade já acabou? Acho que não. Gosto demasiado da cidade e das suas gentes. Mesmo longe conseguimos arranjar formas de manter essa ligação, através da música, dos sabores da fantástica gastronomia e dos amigos, quando com eles partilho memórias que nos transportam no tempo. Para além de todos esses momentos marcantes vividos

2013. Fará dois anos daqui a poucos dias… É diplomata desde quando? Sou diplomata desde 1997. Este é o quarto continente onde sirvo Portugal. Comecei em 2000 na Guiné-Bissau, de 2002 a 2005 estive na Argentina, de 2006 a 2008 na Alemanha, onde fui CônsulGeral em Estugarda e Munique. Neste último posto, e durante seis meses, ocupei também cumulativamente o lugar de Cônsul-Geral na Holanda, entre novembro de 2006 e abril de 2007. Entre 2008 e 2013 tive o privilégio de trabalhar nos Serviços Internos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde

ras e muitas, muitas, pessoas. Tudo é diferente, de país para país, mesmo dentro do mesmo continente. Em alguns lugares, encontramse melhores condições para viver e trabalhar e em outros lugares, é-se confrontado com condições mais desafiadoras. Todos eles foram experiências muito enriquecedoras. Tive, por exemplo, experiências fantásticas na Guiné-Bissau, onde ainda tenho grandes amigos. O país estava a sair de uma duríssima guerra civil. Assisti e testemunhei a dois golpes de Estado durante a minha presença lá. Jamais esquecerei os rostos das crianças perdidas no meio daquela

Quanto à Associação de Antigos Estudantes de Coimbra em Macau... Foi uma excelente ideia de alguns compatriotas nossos aqui residentes, dos quais destaco Rocha Dinis, Filipa Guadalupe e Catarina Cortesão Terra, que resolveram simpaticamente fazer-me sócio número 1. É um organismo que pretende reunir naturais / antigos estudantes da nossa cidade e que vivem em Macau. Um grupo aglutinador de todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão ligados a Coimbra. Quais foram as principais dificuldades que teve para se ambientar em Macau? Nenhumas. Embora esteja a 10.000 quilómetros de Portugal, aqui sinto-me em casa. Encontrei uma comunidade portuguesa que me soube acolher muito bem, autoridades das duas Regiões Administrativas Especiais (Macau e Hong-Kong) com as quais tenho uma excelente relação pessoal e profissional. Sobre Macau, mais especificamente, é um lugar onde toda a gente conhece toda a gente, mas, ao mesmo tempo, pode-se desfrutar de tudo o que uma grande cidade internacional tem. Macau, Património da Humanidade, onde a presença portuguesa (de cerca de 400 anos) é bem visível, quando caminhamos pela calçada portuguesa nas principais Praças, ou quando vemos o nome das ruas escritas em português. Depois, tenho uma equipa de trabalho – infelizmente cada vez mais pequena por razões de competitividade salarial – que partilha dos mesmos valores

de exigência e qualidade que eu preconizo para servirmos cada vez melhor o cidadão português.Não tenho que me queixar. Que visão tem de Portugal? Portugal é uma das nações mais antigas do mundo, e tem passado nos últimos anos por grandes mudanças e dinâmicas. Não tenho dúvidas que Portugal é um excelente país para investir. Tenho-o dito quase todos os dias neste lado do mundo e não me cansarei de o repetir até à exaustão. Um parceiro credível, moderno, sólido juridicamente, evoluído e com infraestruturas extraordinárias. Já reparou que os chineses veem sempre na palavra crise um sinónimo para oportunidade? Por isso a China é hoje um parceiro económico incontornável e inquestionável para Portugal. E Coimbra? Sobre Coimbra acho que a nossa cidade é uma verdadeira “dor-de-alma”. Não quero, nem me sinto no direito de fazer críticas a ninguém. Todos nós, os que gostamos verdadeiramente dela, temos culpa. A última vez que passeei pela Baixa fiquei doente. Um verdadeiro deserto urbano. Lojas e lojas fechadas. Comércio tradicional completamente morto. Se visitarmos Aveiro, Viseu, Leiria, Braga ou Guimarães percebemos o alcance das minhas palavras. Recuperámos um bocadinho o fôlego graças à Universidade de Coimbra - Alta e Sofia na lista do Património Mundial da Humanidade, mas estamos a anos-luz do que se pode fazer por uma cidade que poderia dar cartas a nível nacional e europeu na área da saúde, da habitação, do turismo de terceira idade, da investigação, da qualidade de vida. | António Alves

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Porque é que diz isso? Não é fácil estar longe da família, do aconchego do lar, a aprender a cozinhar sozinho… Já com o canudo na mão , e depois de estagiar com Alfredo Castanheira Neves, entrei primeiro para a KPMG Portugal e, mais tarde, para os Negócios Estrangeiros. Fui, de facto, um felizardo que fez a Escola Primária no Externato João XXIII, o Ci-

Faculdade de Direito. Fui o primeiro presidente da Comissão Central da Queima das Fitas oriundo da FDUC.. que grande Queima essa de 92!!…e que deu lucro! Coisa rara naqueles dias!

guerra, que nunca foi (nem será) a delas. Para um diplomata, que tinha 29 anos na altura, foi uma lição de vida, aprendi a relativizar muitas coisas desde então.

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Rocha Dinis

Foi jogador da académica, cantor do coro misto e chefe de redação de um jornal. há mais de três décadas aceitou o desafio de lançar um jornal em macau

b.i.

Nome: José Firmino da Rocha Dinis Idade: 69 anos Acividade: Administrador do jornal diário “Tribuna de Macau” Onde vive: Macau Naturalidade: S. Pedro do Sul (Viseu)

Produção de componentes plásticos Automóvel / Eletrónica / Elétrico e de consumo 43105

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21-03-2015 | diário as beiras

111 Rocha Dinis “desembarcou” em Coimbra quando tinha 16 anos. Foi o pai, antigo estudante da Universidade, que o aconselhou a trocar Mira pela cidade onde mais tarde se veio a formar. “Isso só aconteceu depois de vir da tropa, o meu período angolano de cinco anos”, frisa. Desse tempo, não esquece a vida estudantil intensa

para treinar equipas regionais, do Eira Pedrinha, ao Tabuense e o Ala Arriba, na então 3.ª Divisão Nacional”. Crise Académica O ano de 1969 foi de mudança. O empenhamento posto na Crise Académica dessa altura levou a que o pai o obrigasse “a ir de férias por causa de uma “informação” da PIDE”. A viagem

com um ego maior que o Mourinho”, ironiza, em tom de brincadeira. Regressando a Coimbra, diz que não tem uma única má recordação, pois “foi aí que cresci, ganhei e reforcei convicções de sã convivência, humanismo, solidariedade e compromisso cívico que têm acompanhado a minha vida. Sou uma pessoa inteiramente realizada”.

existente em Portugal”, recorda. Até que um novo desafio levou-o a trocar o nosso país por Macau. No Oriente, o objetivo passava pela criação de um semanário em língua portuguesa para Macau. “A Tribuna de Macau ainda existe hoje e comigo”, frisa. 33 anos multifacetados Rocha Dinis saiu há pou-

“Foi em Coimbra que cresci, ganhei e reforcei convicções”

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que teve, até porque “habitei sempre junto da Praça da República”. Rocha Dinis não esquece o facto de, nesta estadia em Coimbra, ter jogado, “com mais vontade que talento, nos juniores e na equipa das reservas da Académica, onde aliás partilhei balneário com craques de talento mundial”. A vida estudantil intensa permitiu, por outro lado, que ainda tivesse tempo para “desafinar” no Coro Misto e entrar nos jornais. “Aos 19 anos já era chefe de redação do Centro Desportivo do Sansão Coelho”, lembra. E porque os dias só têm 24 horas, “fui tendo tempo

teve como destino Angola e serviu para evitar que a saída de Portugal tivesse como destino a Guiné. Naquele país africano, “dei aulas no secundário, fiz o “Ecos do Norte” e treinei equipas de futebol culminando, já durante o serviço militar, com o Sporting e o Ferrovia de Nova Lisboa, então campeão de Angola”. Em Coimbra e em Angola, Rocha Dinis garante que fez muitos amigos. Aliás, o atual administrador do Tribuna de Macau afirma que “quase 40 anos depois, alunos e jogadores “acarinham-me” na internet e isso levou a que tivesse ficado

Rumo ao Oriente Na cidade conimbricense, e já na parte final do curso, foi jornalista do Diário de Notícias (DN). Aqui não esquece Soares Rebelo, “um dos melhores de sempre”. Depois, e porque entendia que quem pretendia fazer jornalismo teria de ir para Lisboa, pediu transferência para a sede do DN, onde chegou a ser subeditor da política nacional. “Durante pouco mais de um ano, passei pelo semanário “Tempo”, ao mesmo tempo que tinha uma grande entrevista na RDP1 e um programa semanal de turismo no único canal de televisão então

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cos meses dos cargos de administrador e diretor do “agora diário Tribuna de Macau”. Só que, como faz questão de dizer, “as funções, contudo, não mudaram muito porque escrevo uma coluna diariamente e acompanho a edição até ao fecho”. “Gosto de fazer jornalismo e de escrever”, garante. Nestes 33 anos que já leva de presença em Macau, o administrador e jornalista recorda “a reconfortante atividade cívica, na direção das candidaturas dos presidentes Mário Soares e Jorge Sampaio, bem como na secção de Macau do PS, onde

fui secretário-coordenador durante anos”. Em termos académicos, deu aulas e chegou mesmo a ser diretor-adjunto da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas na Universidade de Macau “num momento muito importante da preparação dos quadros para a atual Região Administrativa Especial de Macau”. Rocha Dinis criou e coordenou a Televisão Educativa de Macau, através da qual se ensinou diariamente português e mandarim, no canal chinês da TDM, e mandarim e cantonense no canal português. Um projeto que durou quase duas décadas, altura em que surgiu “uma nova realidade sociopolítica e linguística”. Este jornalista foi, ainda, membro do Conselho de Educação e da Comissão de Implementação das Línguas Oficiais. “O chinês e o português são línguas oficiais, o que não quer dizer que o português seja falado com alguma frequência”, afirma. Saudades de Coimbra? Questionado sobre as saudades que teria de Coimbra, é taxativo: “saudades, não, saudades só tenho do futuro; as razões são mais pragmáticas ou não vivesse eu em território chinês”. O que é certo é que nunca se desligou da cidade. Primeiro, através de reuniões de convívio entre os que tinham passado por Coimbra, o que permitiu que já tivessem vindo a Macau uma equipa de veteranos da Académica, o Coro dos Antigos Orfeonistas e alguns grupos de fados de Coimbra. Por outro lado, é um dos moradores em Macau que mais tem apoiado “a integração dos que chegavam a uma terra onde tudo é diferente”. E até faz uma revelação curiosa: “não me recordo que, durante esses anos, alguém de Coimbra te-

nha ficado sem emprego...”. A vinda a Portugal no ano de 2006 levou-o a passar pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Aqui, “ouvi vários excolegas e outros docentes do curso de Jornalismo a queixarem-se das dificuldades de proporcionarem estágios curriculares aos alunos do 4.º ano”. Estes problemas levaramno a avançar com uma proposta que permitia receber, em Macau, três estagiários por semestre. “Era o jornal que ia pagar as viagens, o alojamento e a estadia”, lembra. A concordância de Carlos André, diretor da faculdade, e de Seabra Santos, reitor da Universidade, permitiu a realização de estágios a alguns estudantes do curso de Jornalismo. “Gente muito talentosa, muitos dos quais ainda hoje se encontram em Macau, uns no meu jornal e outros em vários outros órgãos de comunicação social do território”, diz. Associação de Antigos Alunos No passado dia 7 de fevereiro, foi criada a Associação de Antigos Estudantes de Coimbra em Macau. Rocha Dinis é o porta-voz deste organismo que resultou da recente chegada de licenciados da Universidade de Coimbra. “Concluímos pelo interesse de institucionalizar a associação para manter e fomentar os laços de solidariedade e camaradagem, apoiar atividades socioculturais, artísticas e desportivas de Coimbra em Macau e ajudar na integração dos mais novos. Assim, os contatos, que já eram feitos a nível pessoal, passam agora a poder ser estabelecidos através da associação”, conclui. | António Alves

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34 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

diário as beiras | 21-03-2015

Susana Pedrosa

b.i.

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Nome: Susana Pedrosa Idade: 31 anos Atividade: Diretora artística Onde vive: Roterdão (Holanda) Naturalidade: Cantanhede (Coimbra) Curriculum: Curso de Pintura, na Faculdade de Belas Artes do Porto; mestrado em Artes Plásticas, no Instituto Piet Zwart; exposição “Bes Revelação 2009”, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves; mentora da plataforma “Oblique International”

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21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 35

21-03-2015 | diário as beiras

A viver há mais de cinco anos em Roterdão (Holanda), Susana Pedrosa, natural de Cantanhede, assume já estar envolvida na cena

Susana Pedrosa, natural de Cantanhede, vive há mais de cinco anos em Roterdão. A artista plástica trabalha há cerca de dois como diretora artística e produtora freelancer.

Trocou o Porto - onde frequentou o Curso de Pintura, na Faculdade de Belas Artes do Porto - por Roterdão em 2009, quan-

relativamente pequeno, uma vez que só aceitam 12 alunos por ano”, explica, dizendo que após a sua conclusão decidiu perma-

sário, considera que terá sido a possibilidade de adotar um estilo de vida diferente do que já conhecia o fator decisivo para

anos”, começa por dizer, revelando que começou a trabalhar em pintura, mais tarde em fotografia e vídeo, depois com texto

Jovem de Cantanhede ganha espaço por entre os artistas em Roterdão cultural da cidade. O seu trabalho como diretora artística tem vindo a ganhar reconhecimento no país que a acolheu.

do ingressou no mestrado em Artes Plásticas, no Instituto Piet Zwart. “É um programa de dois anos, muito internacional e

necer na cidade. Tinha 15 anos quando decidiu que queria estudar artes. Hoje, a artista, que está quase a completar o 32.º aniver-

ter tomado esta opção. “O meu trabalho tem sido uma procura constante e tem adquirido diversas formas ao longo dos

e instalação. “Em Roterdão comecei a trabalhar com performance e desde 2011 que tenho vindo a desenvolver projetos de


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longo termo em espaço público”, explica ainda. Em 2013, Susana Pedrosa criou a plataforma “Oblique International”, em colaboração com Patrícia Pinheiro de Sousa, também portuguesa a viver em Roterdão. “As diferentes formas que o meu trabalho tem assumido têm vindo a ser bem recebidas ao longo do tempo”, diz, explicando que a sua criação enquanto diretora artística tem vindo a ganhar reconhecimento na Holanda, em particular em Roterdão, onde tem desenvolvido a maior parte da sua atividade No início da carreira, Susana Pedrosa conta que a sua arte recebeu inspiração de várias áreas com destaque para a filosofia. Porém, hoje a artista tem trabalhado no sentido de perceber a articulação entre identidade individual e coletiva e a produção de subjetividade. “Na minha prática, o espaço torna-se texto, pela procura de lugares

comuns presentes na linguagem, gestos, rotinas e protocolos que definem uma coreografia social”, diz, acrescentando que o texto torna-se espaço através do desenvolvimento de plataformas que convidam o público a criar coreografias sociais. Atualmente, Susana Pedrosa utiliza diferentes áreas do conhecimento no seu trabalho. Última exposição em Portugal foi em Serralves Desde 2005 que tem vindo a expor a sua arte. Susana Pedrosa destaca a última exposição realizada em Portugal, “Bes Revelação 2009”, que esteve patente no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. “Foi importante para mim porque foi exatamente no momento em que me mudei para Roterdão e desde então a minha prática artística desenvolveu-se de uma forma inesperada”, confessa ao DIÁRIO AS BEIRAS. “Estou a começar uma nova fase”, diz, explicando

diário as beiras | 21-03-2015

que trabalha há 10 anos como artista plástica e há cerca de dois como diretora artística e produtora freelancer. “Tenho cada vez mais projetos e propostas de trabalho nesta área”, revela, garantindo estar agora numa fase de estabilização enquanto freelancer. “Estou contente com as minhas escolhas, mas evidentemente que o processo de adaptação demora algum tempo e é dif ícil”, admite, referindose à escolha que tomou de ir viver em Roterdão. Susana Pedrosa não pensa regressar a Portugal, mas considera trabalhar mais no país que a viu nascer, nomeadamente até seria capaz de “passar temporadas em Portugal a realizar novos projetos no futuro”. No que respeita a sair da Holanda, a diretora artística considera fazer residências artísticas noutros países e passar temporadas fora, “mas a Holanda é a minha base e para já quero ficar por cá”. Neste momento, a ar-

tista continua a realizar projetos com o “Oblique International”. Paralelamente, está envolvida na produção de um projeto de design social e também é membro do quadro de uma fundação de investigação sobre a relação entre o trabalho maternal e a prática artística. “Neste momento, a minha prática é coletiva e plural e trabalho sobretudo como diretora artística e produtora, e menos como artista plástica como uma prática singular”, explica ainda ao DIÁRIO AS BEIRAS, manifestando o desejo de, no futuro, trabalhar numa instituição artística. “De momento, trabalho como freelancer, o que é óptimo para adquirir experiência e poder desenvolver diferentes projetos ao mesmo tempo”, considera, explicando que no futuro gostava de estar envolvida num projeto de longo termo ligado a uma instituição. “Penso que quando isso acontecer, estarei finalmente numa

fase mais estabelecida da minha carreira”, assume. Carreira de artes exige dedicação Susana Pedrosa dá aulas a jovens que querem ingressar num curso superior artístico e o conselho que lhes costumar dar é “para escolherem o que lhes serve melhor e não seguirem modas”. Aos aspirantes a artistas, em Portugal, a diretora artista considera importante que pensem previamente se é isso mesmo que querem fazer. “Uma carreira nas artes demora tempo e dedicação, é dif ícil, uma pessoa tem que ter a certeza de que é isso que quer”, refere. Viajar e ver diferentes modelos é outro dos conselhos que Susana Pedrosa deixa. “A terceira coisa importante é saber ter uma visão realista do que significa trabalhar na área artística hoje em dia”, deixando cair a conceção do artista romântico que trabalha isoladamente no estúdio. Questionada sobre o

estado do setor, Susana Pedrosa responde que “as artes não estão da mesma forma na Europa que estão nos Estados Unidos da América, na China, África ou nos Emirados Unidos”. Na ótica desta artista cantanhedense, as artes refletem condições políticas, sociais e económicas de um país. “Em Portugal, pelo que sei há uma grande falta de apoios públicos para os artistas e as instituições artísticas e há pouca tradição por parte dos pirvados em apoiar as artes”, diz, aproveitando para dar o exemplo da Holanda, onde “há imensos subsídios públicos e privados para ajudar artistas e iniciativas de várias dimensões e interesses, apesar de ter havido grandes cortes públicos em 2011”. Porém, no que diz respeito a Portugal, Susana Pedrosa sabe que “há artistas e instituições a fazerem um enorme esforço para continuarem a produzir e há coisas muito boas a serem feitas”. | Joana Santos

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21-03-2015 | diรกrio as beiras

21.ยบ aniversรกrio Diรกrio As Beiras |especial | 37


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Maria João Carvalho

b.i.

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A figueirense Maria João Carvalho, 54 anos, é jornalista há 34. Desde 1999 que trabalha na cadeia de televisão europeia Euronews, com sede em Lyon, França.

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Nome: Maria João Carvalho Idade: 54 anos Atividade: Jornalista na Euronews Onde vive: Lyon (França) e Figueira da Foz Naturalidade: Lisboa Currículo: Começou numa rádio pirata do Algarve e tornou-se num dos mais experientes repórteres de guerra portugueses

diário as beiras | 21-03-2015

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21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 39

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111 A antiga free lance de guerra, que trabalhava para órgãos de comunicação social portugueses e

tunidade de ir para a Euronews? Um dia, quando me preparava para escrever um li-

à RTP e, dois dias depois, estava a caminho de Lyon. Que funções desempenha?

grande, mas tendo sempre em conta que tenho de respeitar a lei e as culturas dos países a que as notícias se

Não, porque cozinho muito bem [risos] e a minha casa está sempre cheia de amigos. Aqui em Lyon

“É em Sarajevo que vou celebrar o meu aniversário, com outros veteranos” Como é que surgiu a opor-

vro sobre uma guerra onde tinha feito reportagens, li um anúncio no “Expresso” com uma oferta de emprego na Euronews. Como pediam disponibilidade imediata, dirigi-me logo

Sou analista, ou seja, aprofundo a atualidade, desde as notícias mais relevantes até à necrologia. A minha experiência no estrangeiro conferiu-me um poder de síntese muito

referem. Fazer análise em dois ou três minutos com estas condições, é a coisa mais dif ícil de fazer. Não tem saudades da gastronomia portuguesa?

admito que tenho uma vida social muito preenchida. O que é que estranha mais em França? A falta do mar.

Onde iniciou a profissão? A minha vida de jornalista começou num telhado com vista para o Rio Tejo, à conversa com David Mourão Ferreira, professor de Letras e Literaturas Modernas na mesma universidade em que eu estudava direito. Perante o meu desalento, por estudar algo que não queria e não haver, ainda, cursos de jornalismo, o poeta aconselhou-me: “Fazes como todos: dois anos num curso qualquer e um

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estrangeiros, incluindo a CNN, a RTP e a SIC, é analista da atualidade na “Torre de Babel” chamada Euronews.

Ainda se lembra do seu primeiro trabalho jornalístico? Sim. A primeira pessoa que entrevistei foi Armando Jorge, diretor da Companhia Nacional de Bailado, na altura, que concedeu a entrevista à estudante de direito simplesmente por ser da Figueira da Foz e ele se ter estreado como dançarino no casino da cidade. A minha vida de jornalista ficou absolutamente ligada à Figueira da Foz, apesar de ter nascido no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa.

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40 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras

estágio de oito meses num jornal. Depois de ganhares tarimba, o teu coração vai guiar-te”. E o seu coração guiou-a até à rádio… Na Rádio Albufeira fazia um programa célebre, na época, “A moira da noite”, com música portuguesa e do mundo. A originalidade do programa estava também nas pessoas que escolhia para entrevistar ou “passar” música, como Fernando Pereira, Rui Veloso, o motard e fadista Rodrigo, Carlos do Carmo, entre outros, e toda a população algarvia, incluindo a cantora Bonnie Tyler, com quem jogava ténis quando ela não tinha par. A festa acabou com a atribuição de alvarás. A Rádio Albufeira era inconveniente, dava notícias e ensinava o ouvido do público a trautear Fausto em “Por este rio acima”…

Entretanto, fundou a APJJ. Sim, com a Ana Rodrigues. A Associação Portuguesa de Jovens Jornalistas (APJJ) gerou sinergias, financiou projetos de formação, solidariedade, intercâmbios com univer-

sidades como a Sorbonne e jornais como o El Pais, com jovens jornalistas de 11 países da América La-

tina e Europa. E também organizámos o 1.º Congresso Nacional de Jovens Jornalistas no Casino da Figueira.

Faz a cobertura da Guerra dos Balcãs. Como foi? Todas as 24 horas de todas as guerras que co-

bri são horas, minutos e segundos de histórias de sobrevivência, perdas, vómitos, medos vencidos. E depois da primeira guerra,

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O jornalismo veio a seguir? Sim. Fiz o primeiro curso de formação geral em jornalismo, com todas as técnicas jornalísticas, e es-

tagiei no Correio da Manhã. Como canto e procuro sempre a música, integreime no Hot Club de Lisboa e fiz várias reportagens sobre jazz. Consegui “ganchos” na revista do Instituto de Formação Profissional, dirigida por Bagão Félix, que me comprava artigos sobre inventores portugueses que ganhavam prémios e outras originalidades. Trabalhei ainda como assistente pedagógica no Centro Protocolar de Formação Profissional de Jornalistas. Posteriormente, fiz o curso de formação de formadores e um jornal na Ericeira, O Acontecimento, que só apresentava notícias e reportagens positivas, construtivas, mas o dinheiro não entrava…

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46 Anos

a dos Balcãs, continuei a cobrir conflitos armados em muito mundo. Qual foi o episódio que a marcou mais? As crianças vivas queimadas nos esconderijos? Encenação de cadáveres para os inspetores da União Europeia? Destruição de Vukovar? Ter de pegar na câmara de um camarada checo que ficou sem braço e tinha um bebé para criar e não tinha seguro, que me pediu para o filmar? Ou ter os lobos da propaganda de guerra a tentarem vender imagens montadas, execuções sumárias? Fazer de morta no meio de cadáveres ou filmar bombardeamentos num “Mig” de instrução? Tenho tantos episódios marcantes quanto as saídas em bombardeamentos, progressos em terreno com mercenários ou militares, dormidas em trincheiras, em Angola, onde acordava com cobras verdes mortais, partidas em duas, sem perceber quem me salvava a vida. Lembro-me que num dos

piores dias em Sarajevo comprei um bocadinho de água no fundo de um garrafão por 20 dólares, para lavar a camisa encharcada em sangue dos mutilados a quem fiz torniquetes em frente do Parlamento. Este ano, em junho, é em Sarajevo que celebro o meu aniversário, com outros veteranos. Como é ser figueirense no mundo? Ser figueirense no mundo, para pessoas como eu, é telefonar para os Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, onde fui voluntária, para saber como está o ex-colega que foi para o hospital, como correu o parto na ambulância ou quem ficou naquele acidente noticiado. Trabalho pela Figueira fora da minha redação, que transmite para todo o mundo em 15 línguas. Tenciona regressar a Portugal? Sim. Vou meter os papéis para a reforma, mas não vou ficar parada. | Jot’Alves


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Médico psiquiatra e investigador de Coimbra, Tiago Reis Marques trabalha há vários anos na área dasaúde mental no Instituto de Psiquiatria do Kings College, em Londres

Tiago Reis Marques

b.i.

Nome: Tiago Reis Marques Idade: 38 anos Atividade: Investigador, docente universitário e médico psiquiatra Onde vive: Londres Naturalidade: Coimbra Curriculum: Doutorado em Psiquiatria e investigador do Institute of Psychiatry do King´s College London; Vencedor do Prémio Nacional de Investigação em Psiquiatria, ICOSR Young Investigator Award e do Royal Society of Medicine Award


42 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras Nasceu e cresceu em Coimbra? Sim, sou um filho da cidade, onde vivi até partir para Londres. Foi em Coimbra que cresci como pessoa e onde fiz profundas amizades que ainda hoje mantenho. Coimbra tem uma dimensão muito própria, que favorece o convívio en-

típicos de uma cidade. Quando é que se deixou fascinar pelos mistérios do cérebro? Ao longo do curso de Medicina fui desenvolvendo uma formação muito orgânica, tentando compreender os sintomas e as doenças numa base puramente

diário as beiras | 21-03-2015

da mesma forma com que conseguia com as restantes áreas da Medicina. A psiquiatria tinha então esse lado algo assustador, pois lida com pensamentos, emoções, personalidades, que são tão complexos que se tornam muito difíceis de desconstruir e entender as suas origens, ou seja, onde

dos sintomas psiquiátricos estão alterações no funcionamento cerebral, o órgão mais complexo existente no Universo. Estamos a falar de 80 biliões de neurónios e 125 triliões de sinapses, tudo alimentado a aproximadamente 20 watts. Ter a possibilidade de dedicar a minha

E nunca me arrependi. No segundo ano da especialidade concorreu (e venceu) ao Prémio Nacional de Investigação em Psiquiatria com um trabalh o sobre a disfunção sexual em doentes com patologia psicótica. Em que consistiu esse estudo? Foi um estudo muito sim-

ou secundário à medicação. Conseguimos perceber que, apesar da medicação ter efeito nalgumas fases da resposta sexual, parte da disfunção devia-se à própria doença. Anos mais tarde repeti esse estudo em Londres, avaliando indivíduos numa fase precoce da sua doença e que não se

“Têm sido anos fantásticos e de grande crescimento pessoal e profissional” tre diferentes gerações, estabelecendo um equilíbrio quase perfeito entre um ambiente familiar e a exposição a diferentes meios

biológica. Isto fez com que, inicialmente, não tenha entendido a psiquiatria, tinha dificuldade em a desmontar, pelo menos não

o reducionismo biológico dificilmente se aplica. No entanto, o medo transformou-se em atração e desafio, pois na origem

vida profissional ao estudo deste órgão foi algo que se tornou tão óbvio que, imediatamente, percebi que era esse o caminho a seguir.

ples, tentando compreender o porquê da disfunção sexual existente nestes doentes, se era um fator intrínseco à doença

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encontravam a tomar medicação. Obtive os mesmos resultados e publiquei um artigo num importante jornal de psiquiatria, que


21.º aniversário Diário As Beiras |especial | 43

21-03-2015 | diário as beiras

mudou a forma como se entende a disfunção sexual nas doenças psicóticas.

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Graças a esse estudo foi para o Institute of Psychiatry do King´s College London. Como tem sido esse percurso? O prémio consistiu em passar três meses no Institute of Psychiatry do King´s College London, o maior e mais prestigiado Instituto de investigação em psiquiatria da Europa e este ano classificado como o segundo melhor do mundo, atrás de Harvard. Cheguei ao instituto num momento perfeito, em que se iniciavam projetos envolvendo centenas de doentes, combinando dados genéticos com imagiológicos. Tive a sorte e a oportunidade de trabalhar com uma lenda da psiquiatria mundial, Sir Robin Murray, que no final dos três meses me convidou a ficar e me ofereceu a possibilidade de fazer o doutoramento. Tornou-se uma oportunidade única, que me levou a mudar definitivamente para Londres. Após concluir o doutora-

mento continuei a fazer investigação, já com uma posição académica na universidade, onde preencho o meu dia entre estudos, escrita de artigos, aulas, orientações de teses, etc. Tive novamente a sorte de ter obtido financiamento para projetos de grande dimensão, colaborando com universidades nos EUA, e consegui publicar artigos que ajudaram a avançar o conhecimento sobre as doenças mentais. Recentemente, comecei a trabalhar simultaneamente no Imperial College, uma prestigiada universidade de Londres, num centro de imagiologia cerebral, e neste momento tenho a feliz oportunidade de estar contratado pelas duas maiores universidades londrinas na área da Medicina. Os recursos existentes neste momento ao dispor da equipa com a qual trabalho são imensos e, nos próximos anos, vamos de certeza contribuir para uma melhor compreensão das doenças psiquiátricas. Têm sido uns anos fantásticos e de grande crescimento pes-

soal e profissional. Quais são os projetos em que está a trabalhar agora? Neste momento a maior parte do meu tempo é passada a descobrir novos alvos terapêuticos, ou seja, potenciais locais onde novos medicamentos poderão atuar. Para isso utilizo uma tecnologia chamada PET – Tomografia de Emissão de Positrões – onde através da injeção de uma substância radioativa conseguimos “iluminar” no cérebro zonas de interesse, tais como recetores cerebrais. Utilizando esta mesma técnica, estudo também a inflamação cerebral, algo que há poucos anos era totalmente desconhecido. Sabe-se hoje que em muitas doenças cerebrais, desde o Alzheimer à depressão, há inflamação cerebral associada. É algo a que, recentemente, dedico uma parte do meu tempo, procurando perceber a sua dimensão, como contribui para os sintomas e de que forma a conseguimos reduzir. Por fim, continuo também a procurar compreender alguns fatores de risco para doença mental,

tal como stress e o uso de drogas como a cannabis, e de que forma estes atuam e provocam danos cerebrais. Para além dos estudos laboratoriais, ainda dá consultas de psiquiatria? Onde? Sim, dou consultas de psiquiatria no maior hospital de Londres, no tratamento de doenças mentais, chamado Maudsley Hospital, onde trabalho numa consulta especializada em casos resistentes aos tratamentos convencionais. Para além destas consultas no sistema público, tenho também um consultório em Harley Street, a rua por excelência da medicina privada em Londres. Nos últimos anos, vários portugueses contactavam-me para pedidos de consultas, o que fez com que passasse a deslocar uma vez por mês a Lisboa e a Coimbra, onde vou dar consultas e segundas opiniões médicas. O que gosta mais de fazer? Ser investigador, ser docente, ou do contacto com os doentes? Essa é uma pergunta difícil

de responder, pois gosto de todas essas atividades, embora cada um deles tenha as suas vantagens e desvantagens. Enquanto docente, só dou aulas a alunos de mestrados, o que se torna um ensino muito mais especializado, mas também muito estimulante. A investigação traz uma recompensa de longo prazo, mas também pode ser muito frustrante, devido aos seus insucessos e lentidão. Por fim, o contacto com os doentes permite uma recompensa rápida, pelas melhorias que se alcançam num curto prazo de tempo. Não há melhor recompensa que tratar um doente, é algo que qualquer médico pode confirmar. Neste momento, não me vejo a abdicar totalmente de nenhum destes, embora a carga horária que atribua a cada uma destas atividades possa, obviamente, vir a variar. Tem saudades de Coimbra? De que sente mais falta? Sim, tenho claramente saudades de Coimbra e de Portugal. Obviamente que o que sinto mais falta é da

família e dos amigos que aí deixei. Apesar de não ser de todo saudosista, tenho também ótimas recordações do meu tempo universitário em Coimbra, quando fiz amizades para a vida. Numa dimensão mais material, tenho saudades de uma noite de verão no Quebra-costas. A Alta de Coimbra é algo mágico e tem sempre um espaço a descobrir. Tenciona voltar um dia para Portugal, definitivamente? Vim para Londres por três meses e passaram-se entretanto oito anos. Deixei de tomar decisões definitivas e passei a ter horizontes temporais mais curtos. Por agora vou ficar em Londres mais uns anos, mas gosto de pensar que poderei regressar num futuro não muito distante. Queria, no entanto, poder contribuir para que Portugal pudesse sair da crise em que está. É esse o meu sentimento e também o de muitos portugueses com quem estou em Londres. Talvez venham a criar-se condições para muitos poderem voltar. | Patrícia Cruz Almeida


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diário as beiras | 21-03-2015

A vida levou-o para longe da cidade onde estudou, mas Cláudio Schulz não esquece os tempos em que chegou a ser presidente da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra e em que frequentou a Orxestra Pitagórica. Corria o ano de 2004, numa época em que os projetos para o futuro eram ainda tão incertos. Hoje, com 35 anos, o antigo dirigente associativo que foi estudante de Engenharia de Minas na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, natural de

(IECISA), uma das maiores consultoras informaticas de Espanha. No entanto, Cláudio Schulz quis ir mais longe e, em 2011, juntamente com o irmão (também antigo estudante de Coimbra) e as respetivas namoradas, deu início a um projeto seu. Take away de comida típica portuguesa Graças a uma parceria com o Rei dos Frangos, com sede em Leiria, Cláudio e o irmão Carlos (master em Comércio Internacional), Sónia Gregório (psicóloga) e Lúcia Carvalho (consultora

representou para o jovem a distinção com o Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, atribuído pela COTEC Portugal. O prémio, entregue pelo Presidente da República, Cavaco Silva, visa premiar e divulgar publicamente cidadãos portugueses que se tenham distinguido pelo seu papel empreendedor, inovador e responsável nos países de acolhimento e que constituam exemplos de integração efetiva nas correspondentes economias. Mais tarde, o seu irmão seria também finalista do Prémio Em-

De Espanha vêm também bons ventos. E ótimos negócios Tomar, é um empresário de sucesso em Madrid. A aventura na terra de “nuestros hermanos” teve início em 2006, altura em que Cláudio Schulz foi para Espanha fazer uma formação no software de gestão de empresas SAP. “Acabei por ter ofertas de trabalho e fiquei. Como as coisas em Portugal já não andavam muito bem e a diferença de salário era considerável, decidi arriscar”. E em boa hora o fez. Nesse ano desempenhou funções de consultor certificado em SAP em diferentes organizações, nomeadamente, na Informática El Corte Inglês

MediaNet) abriram o restaurante “Frangus”, um conceito take away de comida típica portuguesa, especializado em frango e bacalhau na brasa, mas que vende também outros produtos de marcas portuguesas, como vinhos, cervejas, sumos ou pastéis de nata. Em 2011 abriu duas lojas em regime de take away e, em 2012, um restaurante em pleno centro de Madrid. O empenho e espírito empreendedor acabariam por ser reconhecidos nesse mesmo ano: a parceria estabelecida entre as churrasqueiras Rei dos Frangos e Cláudio Schulz

preendedor Jovens AJE Madrid, na edição de 2012, devido ao Frangus em Madrid. Nova empresa em consultoria informática Ta m b é m n o f i n a l d e 2012, surgiu a possibilidade de criar uma empresa que se dedicasse a serviços de consultoria informática especializada no software SAP, a Sapcore. A empresa dedica-se à consultoria de tecnologia, serviços profissionais, formação e outsourcing. “No ano passado, iniciamos um processo de expansão internacional desta empresa e, atualmente, temos delegações


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DR

Cláudio Shultz foi estudante de Engenharia de Minas Na Universidade de Coimbra e chegou a ser presidente da Assembleia Magna da AAC. hoje, com 35 anos, Cláudio Schulz é um empresário de sucesso em Madrid

DIARIO DAS BEIRAS PNEUBOX.pdf

b.i.

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16/03/15

11:41

Nome: Cláudio Schulz Idade: 35 anos Atividade: Sócio administrador na Frangus Madrid e na Sapcore Onde vive: Madrid Naturalidade: Tomar Curriculum: Licenciado em Engenharia de Minas na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

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na Venezuela, no Panamá, e recentemente no Estados Unidos. Já estamos a iniciar os nossos primeiros projetos internacionais”, conta. Devido a este novo desafio, é o irmão Carlos que agora está responsável pela gestão, a tempo inteiro, do Frangus, enquanto Cláudio gere a Sapcore. Para Cláudio Schulz, e para o irmão Carlos e a emigração não é algo de novo: também o pai de ambos rumou, em tempos, para a Venezuela à procura de melhores oportunidades. Antes, já os avós tinham emigrado para Moçambique. No entanto, para estes irmãos, o facto de viverem ao lado de Portugal faz com que não se sintam tão longe do país onde cresceram.

43117

Jovens Empreendedores Portugueses Ainda assim, os dois fundaram, juntamente com outros três amigos, um centro de apoio a jovens portugueses que pretendem dar início a novos projetos em Espanha. O JET (de “Jovens Empreendedores Portugueses”) quer juntar jovens, ideias e empreendedores. “Queremos dar a conhecer oportunidades em Espanha e

Centro Empresarial AAA Rua Ponte da Pedra 240 Edificio Losa Espaço DE- 8, 3.º Piso 4470-108 Maia Tell: + 351-22-9997300 Fax: +351-22-9997326 Mail: maia@savinodelbene.com Site: www.savinodelbene.com

ajudar a quem quer montar negócio. Já tivemos iniciativas muito interessantes, desde conseguir reunir investidores portugueses com projetos num mesmo encontro, passando também por dar a conhecer questões legais da criação de uma empresa em Espanha”, afirma Cláudio Schulz. Bons ventos e bons negócios De Portugal, diz sentir falta do “excelente clima, da excelente cultura, da excelente gastronomia”. “Só é uma pena a situação económica do país”, diz. E lamenta que, por cá, continue a reinar a autocrítica negativa, o lamento, o medo de arriscar. “Uma vez li sobre as quatro perguntas que um empreendedor se deve fazer regularmente: Porquê? Porque não? Porque não eu? Porque não agora?”, afirma. Por isso, apesar das saudades, não pensa voltar em breve. “Talvez um dia, quem sabe, mesmo antes da reforma”, afiança. Até lá, pretende continuar a somar sucessos. É que do país vizinho, ao contrário do que diz o provérbio , “vêm também bons ventos”. E ótimos negócios. | Patrícia Cruz Almeida


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DB-Carlos Jorge Monteiro

Raquel Saraiva

b.i.

Nome: Raquel Saraiva Idade: 25 anos Atividade: Fagotista Onde vive: Alemanha Naturalidade: Coimbra Curriculum: Fagotista e contrafagotista da Orquestra do Gärtnerplatztheater em Munique, licenciada em Ensino Superior de Música, variante fagote, na ESMAE, com 19 valores; Premiada em vários concursos nacionais e internacionais

Raquel Saraiva nasceu em Coimbra, em 1989. A paixão pela música levou-a até Munique, uma das cidades com maior atividade cultural do mundo

43143

Emprego Jovem Ativo


48 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras Como é que iniciou o seu percurso pela música? Iniciei os estudos musicais com o professor Virgílio Caseiro. Segui, com nove

manha? No 3.º ano do curso. Decidi fazer Erasmus na Alemanha, na Musikhochschule, de Lübeck. No fim desse

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Calouste Gulbenkian, que permitiu dar continuidade aos estudos em Lübeck e ingressar no mestrado no ano seguinte. Já como alu-

fessores e solistas de fagote a nível mundial (Dag Jensen). Nesse ano, tive de me desdobrar entre Noruega e Alemanha, já que ganhei

tas de renome, fui acompanhada pelos fagotistas da orquestra que me prepararam para provas a lugares fixos em outras orquestras.

“Gostava de voltar a um Portugal que desse valor ao meu trabalho” anos, para o Conservatório e escolhi o fagote por ter gostado do som. Optei por seguir música com 14 anos. Quando é que foi para a Ale-

ano, voltei a Portugal para fazer os exames finais, e fui classificada com 19 valores. Depois, concorri à Bolsa de Estudo de Aperfeiçoamento Artístico da Fundação

na de mestrado, consegui, também através do programa Erasmus, estudar na The Norwegian Academy of Music, em Oslo com um dos mais conceituados pro-

um lugar de academista na Orquestra Sinfónica de Rádio SWR de Stuttgart, onde, para além de ter a oportunidade de tocar na orquestra ao lado de solis-

Ali, aperfeiçoei–me, principalmente, no contrafagote, instrumento ao qual não tinha dado muita importância até à data. Foi assim que ganhei o lugar de 2.º

Fagote e Contrafagote na Orquestra do Gärtnerplatztheater em Munique, onde me encontro atualmente em ano de experiência. Paralelamente aos estudos, fiz cursos de aperfeiçoamento instrumental com muitos fagotistas do panorama internacional, e integrei conceituadas orquestras de jovens a nível mundial (Orquestra de Jovens da união europeia, Gustav Mahler Jugend Orchester...) Tenho tido também uma prestação assídua em concursos tanto internacionais como nacionais. Na música não basta ter um diploma de curso; dado que, para qualquer emprego, temos de prestar provas e ganha o melhor naquele momento, é preciso estudo diário, aperfeiçoamento contínuo e contacto com o panorama musical a nível internacional. Quais são os projetos em que está a trabalhar agora? Neste momento, estou a terminar o mestrado e estou em ano de experiência da orquestra do Gärtnerplatztheater. Se passar este

S INDICATO DOS B ANCÁRIOS DO C ENTRO

O Sindicato dos Bancários do Centro promove um sindicalismo de proposição, privile­ giando a negociação coletiva A sua proximidade com os trabalhadores é diária com equipas permanentemente nos balcões Encontra­se inscrito na FEBASE e na UGT, internamente e, internacionalmente, na UNI

O Município de Góis felicita o Jornal “As Beiras” pelo seu 21º Aniversário.

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ano de experiência, terei um contrato assalariado vitalício na orquestra. No entanto, não quero que a minha evolução termine aos 25 anos e, como tal, tenciono continuar a estudar e a aperfeiçoar-me no fagote fazendo mais masterclasses com professores e músicos de renome e, se surgir a oportunidade, fazer mais concursos já que um concurso é uma das melhores oportunidades para evoluirmos. Para mim, os concursos são uma superação pessoal: lutamos mais pelo aperfeiçoamento técnico e musical e é na fase de preparação que realmente ganhamos o maior prémio. A classificação final a nível musical pode, no entanto, ser díspar nas opiniões do júri pois, tal como Debussy disse, “na música não há teorias... A regra é o prazer!”. Além disso, espero continuar a poder atuar e fazer recitais, principalmente em Portugal.

sua localização geográfica, sempre esteve muito atrás do centro da Europa, em termos culturais. No entanto, tem-se registado uma evolução nos últimos anos e tenho esperança que um dia a música e as artes em Portugal sejam vistas como um bem essencial e não apenas como um luxo ou uma diversão. Ainda hoje os portugueses continuam a olhar para o curso de música com algumas reservas, como uma opção extracurricular e isto, deve-se à falta de informação e cultura neste país. Um músico na Alemanha tem o mesmo estatuto que um médico em Portugal. É este passo que nos falta dar, o entender que a música e a arte são um bem para a alma e que nesta profissão é preciso um trabalho árduo diário e contínuo. Tem saudades de Coimbra? Gosto muito de viver na Alemanha, mas claro que sou portuguesa de corpo e alma e por vezes as saudades apertam. No entanto, vou a Portugal com bastante frequência quer por

motivos profissionais, quer pessoais. Por exemplo, dia 13 de maio farei um recital para a Antena 2 e também em maio darei um curso de aperfeiçoamento instrumental em Aveiro. Por vezes, também toco como reforço na Orquestra Gulbenkian e faço parte da Orquestra XXI, uma orquestra recente, formada apenas por músicos que estudam ou trabalham no estrangeiro, dando-lhe a oportunidade de voltar a atuar “em casa”. Acho extremamente importante manter o contacto com o meu país. De que sente mais falta? Talvez seja da Língua Portuguesa. Embora fale bem alemão que é, neste momento, a minha segunda língua, a verdade é que o Português é, e sempre, será a minha língua materna. O que me torna mais próxima de casa e da nossa cultura, é o expressar a nossa língua, o nosso português. Tenciona voltar um dia para Portugal, definitivamente? Gostava muito de um dia voltar a Portugal... Creio

que é esse o meu maior e último sonho. Sou apaixonada pelo meu país, apesar de estar fora há cinco anos. Mas gostava de voltar a um Portugal diferente, a um Portugal que desse valor ao meu trabalho, tal como me é dado na Alemanha e com as mesmas condições de trabalho que tenho lá. Espero não estar a ser idílica, mas creio que um dia será possível. Tenho muita esperança no nosso país, até porque depois da tempestade vem sempre a bonança e não pode tudo continuar mal. Penso que, na minha área, com a geração de talento que temos, poderá haver uma grande mudança que nos dará a hipótese de termos em Portugal mais oportunidades culturais. Que conselho dá aos jovens aspirantes a músicos? Que trabalhem muito e tenham sempre os horizontes muito abertos. O mundo está cada vez mais competitivo e o mercado de trabalho (em todas as áreas) é cada vez mais exigente. É preciso sermos os melhores

naquilo que fazemos e termos o espírito aberto a outras áreas que possam estar interligadas com o nosso trabalho. Um músico é um artista... Não deve apenas dedicar-se à música. Deve ler, apreciar pintura, saber história, dança e outros tipos de arte. Só assim podemos de facto fazer música. Sem nunca esquecer, claro, o estudo do instrumento como a primeira chave para o sucesso. Há que estudar horas a fio, pois é necessário 90% de trabalho, 5% de talento e 5% de preparação mental. Por vezes, desvalorizamos esta parte mas ela é extremamente importante, dado que estamos em constante pressão psicológica, seja num palco num concerto para público como em provas ou audições. Winston Churchill dizia que “o êxito é aprender a ir de fracasso em fracasso sem desesperar” e é aqui que entra a preparação mental. Um fracasso não é um fim: é apenas uma interrogação sobre o que correu mal e um indício sobre o caminho certo a percorrer. | Patrícia Cruz Almeida 43148

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Porque resolveu sair de Coimbra? Sair de Coimbra foi um ponto claro desde o prin-

cípio. Os estudos musicais na cidade não vão além do ensino secundário no Conservatório de Música de Coimbra. Sair de Portugal acabou por ser também um objetivo claro dado que, apesar de termos um ensino musical muito bom e professores que se equiparam aos professores das grandes escolas, não temos mercado de trabalho. É uma pena que neste momento tenhamos uma geração de músicos de talento que têm carreiras extraordinárias lá fora e que em Portugal mal sejam conhecidos. O meu sonho sempre foi tocar em orquestra mas, infelizmente, o número de orquestras das quais se pode viver, é mínimo. Talvez haja uma vaga para fagote em Portugal, na melhor das hipóteses, a cada 10 anos. É uma limitação muito grande para quem quer seguir música. Quanto a concertos a solo, também não é solução em Portugal já que não existe programa cultural nem público que possa dar possibilidades aos jovens talentos. Infelizmente, Portugal, em parte dado à

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Maria José Nunes Pereira b.i.

Nome: Maria José Nunes pereira Idade: 29 anos Atividade: Investigadora Onde vive: Paris Naturalidade: Coimbra Curriculum: Tem mestrado Integrado em Ciência Farmacêuticas, Coimbra, e doutoramento em Sistemas de Bioengenharia, Programa MIT-Portugal. Trabalhou nos EUA, mas agora esta na start-up Gecko, em Paris. 43042

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111 Foi nomeada pela revista Forbes para integrar uma lista de 30 talentos mundiais de grande potencial, por setor de atividade. Entre os portugueses, só Cristiano Ronaldo e Vhils

uma grande honra receber esta distinção e um importante reconhecimento do trabalho que foi desenvolvido até ao momento. É também uma fonte de motivação para continuar

o mundo. Espero sinceramente que também possa servir como fonte de inspiração para os jovens portugueses que procuram todos os dias ir mais além.

nologia pode ter na forma como as cirurgias são actualmente conduzidas e o seu carácter inovador Qual é a sua formação e especialização académica?

Bioengenharia, Programa MIT-Portugal. Como desenvolveu o protótipo do adesivo de tecidos humanos ativado por luz? Esta tecnologia surgiu

“Gosto tanto do que faço que muitas vezes o trabalho se mistura com lazer” foram nomeados.

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Como recebeu esta notícia? Com surpresa, claro. É

a trabalhar nesta tecnologia e no seu potencial, para melhorar a qualidade de vida de pacientes em todo

O que considera que terá alertado os responsáveis da revista para o seu trabalho? O impacto que esta tec-

Mestrado integrado em Ciência Farmacêuticas, Coimbra – Portugal e doutoramento em Sistemas de

através de uma colaboração altamente multidisciplinar que envolveu cientistas, engenheiros e

médicos. A necessidade clínica deste tipo de materiais foi identificada pelas equipas do Boston Children’s Hospital e do Brigham and Women’s Hospital. Foram feitos diversos estudos até ao momento, desde a optimização da química do material para promover a sua performance até estudos pré-clínicos em modelos animais. O que é este projeto? Enquanto aluna de doutoramento do MIT Portugal contribuí para o desenvolvimento de um novo adesivo que funciona como uma cola que permite reparar mais facilmente defeitos cardiovasculares que afectam seis bebés em cada 1000 nascimentos. Esperamos que este adesivo formado por um novo biomaterial simplifique consideravelmente o processo de reparação e reduza a necessidade duma intervenção cirúrgica invasiva nos primeiros tempos de vida. Ao contrário dos outros materiais, a tecnologia deste material permite-lhe aderir fortemente ao tecido


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Maria José Nunes Pereira MIT Technology Review

e resistir à constante pressão exercida num órgão, como o coração, em presença de sangue. De que forma foi possível desenvolver os seus estudos no estrangeiro: contou com apoio da família ou foi através de bolsas? Tive uma bolsa de doutoramento através da Fundação para a Ciência e Tecnologia e do programa MIT Portugal que cobriu os custos dos meus estudos no estrangeiro. Sendo tão jovem, a sua “rápida ascenção” só foi possível com dedicação ao trabalho, ou também contou com momentos de lazer ao longo de todo este percurso? O balanço é o ideal para o sucesso. Tem que haver tempo para tudo e paixão por aquilo que se faz. Admito que gosto tanto do que faço, que muitas vezes o trabalho se mistura com lazer. Quais são os seus gostos de tempos livres? Viajar! E tenho a sorte de o meu trabalho também o proporcionar. Quando se faz ciência e inovação, é necessário ter os olhos bem abertos para todo o mundo.

O que significa ser responsável pela pipeline de Tecnologias de Adesão na start up francesa Gecko Biomedical, em Paris? Sou responsável por toda a área de investigação na Gecko Biomedical para desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações médicas. Sou também responsável pela identificação de novas tecnologias com potencial para passarem do meio académico para o meio industrial e coordenar este processo. Com o financiamento garantido para desenvolver o seu projeto, prevê ficar na Gecko nos próximos anos? Quem sabe. Como vê a sua vida futura profissional? Espero continuar a trabalhar em tecnologias inovadoras e com impacto na sociedade e de promover a sua translação para que estejam disponíveis para todos. E para tal, nada mais gratificante do que trabalhar e construir uma start up. | António Rosado

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Está bem adaptada a viver fora de Portugal, ou sente falta de algo do país? Hoje em dia o mundo já é demasiado pequeno e globalizado. Claro

que gosto de voltar sempre a Portugal para estar com amigos e família, mas a rede que estou a construir fora de Portugal e a oportunidade de conhecer (e aprender) com culturas diferentes é muito gratificante. É sem dúvida uma experiência única de crescimento pessoal.

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Marcelo Nuno

Miguel Nuno exerceu durante duas décadas funções políticas em paralelo com a vida profissional, mas “a certa altura, a recompensa do contributo para a causa pública é insuficiente”.

b.i.

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Nome: Marcelo Nuno Gonçalves Pereira Idade: 46 anos Atividade: gestor Onde vive: Luanda Naturalidade: Coimbra Curriculum: Foi tesoureiro da AAC enquanto frequentou a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Assumiu fonçoes de gestão em empresas de Coimbra, nomeadamente a Águas de Coimbra, enquanto foi presidente da Comissão Distrital do PSD. Gere agora um grupo de empresas em Luanda


54 | especial | 21.º aniversário Diário As Beiras Como surgiu a possibilidade de ir trabalhar para Angola? Através de um processo de contratação (“headhunting”) levado a cabo por uma multinacional, parceira do grupo econó-

fases/etapas de um longo processo de recrutamento e seleção. No final, ficamos um grupo muito restrito de “eleitos” e, por fim, acabei por ser selecionado. Depois

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mento/seleção. Em Coimbra já exercia cargo de direção numa empresa, que motivações o fizeram viajar? Exercer funções de gestão

elementar racionalidade com base na qual se devem tomar as decisões é, vezes demais, distorcido por fatores de outra ordem, que pouco ou nada contribuem para salvaguardar

zes demais à racionalidade com base na qual se devem tomar decisões de gestão. Fui resistindo aos convites que tive, procurando honrar o compromisso que assumira para dirigir

Ansiava, cada vez mais, retomar a minha carreira profissional. Acresce que, sob o ponto de vista material/financeiro, esta opção é altamente penalizadora, pelo que

“A diferença de remuneração entre o setor privado e público foi sempre muito significativa” iniciou-se um processo de negociação que acabou quase um ano depois de ter começado o recruta-

numa empresa púbica é altamente desgastante e, frequentemente, desanimador. O quadro de mais

o interesse dessas instituições e, consequentemente, o interesse público. Esses fatores sobrepõem-se ve-

a Águas de Coimbra, mas fui ficando cada vez mais farto de exercer funções na dita “esfera pública”.

achei a dada altura que já tinha dado contributo suficiente para a “causa pública” e que tinha também o

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43128

mico para o qual trabalho. Respondi ao convite para preenchimento do lugar e fui passando por várias

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direito (e o dever) de zelar pela minha família. A diferença de remuneração entre a minha atividade no setor privado e no setor público foi sempre, no meu caso, muito significativa, pelo que a opção por estar no setor público prejudica muito, sob o ponto de vista material, os meus filhos. A certa altura, a compensação que resulta de estamos a dar o nosso melhor contributo para a causa pública torna-se insuficiente. Sobretudo num país em que tanta gente anda “de dedo em riste” a exigir e a criticar, mas em que tão poucos se dignam “mexer uma palha” em prol do interesse público. O desafio que acabei por abraçar pareceu-me altamente aliciante – quer sob o ponto de vista profissional, quer sob o ponto de vista material.

Como foi resolvido o problema do afastamento familiar? Esse é um problema que não se resolve. Atenua-se com as modernas tecnologias de comunicação e com passagens mais frequentes (ainda que fugazes) por Portugal, por razões que se prendem com a tal globalização dos negócios e da atividade empresarial. No entanto, faz parte da vida e as próximas gerações vão, seguramente, ter que estar mais preparadas para essa realidade. Em todo o caso, esta é,

obviamente, a parte mais dif ícil da opção que tomei. Durante muitos anos conciliou a sua atividade profissional com a política em Portugal? Tens saudades dessa prática política? Não! Apesar do enorme esforço que fiz por conciliar as duas, a primeira saiu sempre prejudicada pela segunda, com sérios prejuízos para mim e para a minha família. Tenho, contudo, saudades das pessoas com quem fiz amizade. Tenho saudades de muitos/as dos que fizeram esse caminho comigo e que, de uma forma ou de outra, me marcaram ao longo do meu percurso pessoal e político. É preciso uma personalidade forte e capacidade de resistência para abraçar estes desafios profissionais internacionais? É preciso, antes de mais uma enorme capacidade de adaptação. Num mundo em constante e vertiginosa mudança, quem não tiver capacidade de adaptação à mudança não tem

hipótese de sobreviver. Depois, num contexto adverso e cada vez mais exigente e competitivo, é fundamental ter competência e atitude. O meu sucesso profissional depende do meu desempenho e este é avaliado pelos patrões (investidores) em função dos resultados que as empresas que dirijo conseguirem alcançar. Não há truques nem desculpas. Ou conseguimos, ou não conseguimos alcançar/superar os objetivos. Sem a necessária preparação e muita determinação não é possível vencer desafios mais exigentes. Como são passados os tempos livres em Luanda? Não tenho muito tempo livre. Não ter a família por perto, torna-nos mais disponíveis (e concentrados) para o trabalho e nem pensamos muito nos tempos livres. Em todo o caso, procuro fazer muito exercício físico (como já fazia antes de vir para cá) e, com frequência, uso a piscina do condomí-

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O desafio e, com certeza, também a remuneração, compensa ter deixado o seu país-natal? No mundo cada vez mais globalizado e competitivo

em que vivemos, qualquer pessoa que ambicione a sua realização profissional (e, eventualmente, material) tem que estar preparada para deixar a sua terra-natal. A globalização de que resultam constantes deslocações de pessoas por todo o mundo (e os cada vez mais intensos movimentos migratórios) farão com que, a breve trecho, o conceito de “homeland” seja cada vez mais esbatido (para não dizer irrelevante).

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Marcas comercializadas:

nio onde vivo. O convívio dos portugueses que aí estão a trabalhar é em grupos restritos, ou mais multicultural? Creio que tende a ser mais “fechado” na sua própria comunidade, mas não sou grande especialista na matéria, porque não tenho propriamente uma vida social muito preenchida. Que expetativas tem de prosseguir a sua carreira em Angola? Enquanto me sentir profissionalmente realizado – e sinto! – não tenciono mudar. O Grupo que dirijo tem um enorme potencial de crescimento e isso torna ainda mais aliciante o que estou a fazer. Sinto-me enormemente motivado e realizado. Acresce que o fundador e principal investidor do Grupo é uma pessoa de enorme integridade pessoal/moral e com uma excecional capacidade de trabalho e de liderança, com a qual tenho aprendido muito e com cujo exemplo e competência

me tenho valorizado profissionalmente. Sinto que o meu contributo faz a diferença e estou, portanto, completamente comprometido com este Grupo e com os objectivos que traçamos para os próximos anos. Outros desafios internacionais podem ser equacionados ou prevê o regresso a Portugal? O Grupo está a estruturar-se de forma a suportar o forte crescimento esperado para os próximos anos. Parte relevante desse crescimento passa por parcerias internacionais que tenho ajudado e negociar e estabelecer. Como disse anteriormente, os negócios e a atividade empresarial são cada vez mais globalizados, embora se faça cada vez menos negócio com empresas e empresários portugueses. Tenho saudades de muitas coisas no nosso país, mas não tenho, no meu horizonte temporal mais próximo, previsto o regresso a Portugal. | António Rosado


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Márcio Oliveira

Eurico Gonçalves

EURICO GONÇALVES, 45 ANOS, NASCEU EM ANGOLA. ESTÁ EM GOA, Índia, A GERIR UMA ESCOLA DE SURFE. POR TERRAS LUSAS, O CORAÇÃO DIVIDE-SE ENTRE A “CIDADE DOS ESTUDANTES” E AS ONDAS DA FIGUEIRA DA FOZ

Como é que surgiu o gosto pelo surfe? O surfe surgiu na minha vida quando tinha 15 anos e desde o primeiro dia que soube que era ali no mar o meu lugar. Cresci como surfista nas ondas da Figueira da Foz (um surfista de Coimbra). Mas desde cedo comecei a viajar e aos 20 anos fui para a Nova Zelândia por meses . Desde aí nunca mais parei. Fui campeão nacional em 2008, e obtive a minha primeira nota 10 num campeonato de Tubos na pesada e

Gosta os 12 m no ver da min perigosa onda de Puerto Escondido no México.

b.i.

Nome: Eurico Gonçalves Idade: 45anos Atividade: Surfe, projetos na esfera do associativismo, ligados ao surfe Onde vive: Goa, Índia Naturalidade: Angola Curriculum: Campeão nacional de longboard nacional em 2008, é responsável pelo retorno do WQS 6 * entre outros eventos de surfe de prestígio para a Figueira da Foz e em 2009 integrou a primeira pós graduação em surfe pela Universidade de Lisboa (FMH-UTL)

Porque decidiu ir para Goa? Como durante o inverno o iSurf só abre ao fim de semana e o meu filho [20 anos] pode conciliar o surfe na Figueira com os estudos em Coimbra [Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra], decidi aceitar o desafio lançado por um amigo de infância que casou lá e tem vários negócios em Goa. E quando foi? Estou em Goa, desde dez e m b r o, c o m a m i n h a companheira, a gerir uma escola de surfe e um Surfe Camp. Depois ainda tenciono ir um mês ao Sri Lanka. De junho a outubro, estou de volta à Figueira da Foz ao iSurf Academy na praia do Cabedelo. Para o próximo ano devo ficar mais dois meses a gerir o Surf Camp.


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Mantém o surfe como a sua área de atividade? A minha área é o surfe. Aí [Portugal] ou aqui [Índia] foi, é e será sempre o surfe. Por gosto, mas também porque cada vez mais este setor consegue proporcionar uma opção de vida viável. Mas tinha outros projetos em Portugal? Sim. Fazia e ensinava surfe [Figueira da Foz] e estava ligado a vários projetos na esfera do associativismo a partir do surfe. Ligações

E as pessoas gostam? Quem o procura? As aulas são, sobretudo, para turistas ainda que tenha muito orgulho nos meus alunos indianos. São poucos. Têm uma enorme curiosidade e vontade de aprender. Atualmente, estamos em conversação com o Governo para explorar a possibilidade de uma maior integração do surfe. Que diferenças encontrou na Índia? A maior começa logo pela

numa atividade que já é uma das que mais impacto tem no turismo do nosso país. Falta a coragem para apostar num nicho de mercado dentro do surf, como se fez na Nazaré. Pensa voltar a Portugal ou pretende continuar em Goa? Sim, quero voltar, mas só pretendo chegar com o bom tempo. Quero evitar as chuvas da monção em Goa e também o frio do inverno em Portugal. Gostaria de experimentar

aria de viver meses do ano rão para o resto nha vida que vou mantendo, porque mesmo à distância mantenho um contacto muito próximo. Como é que a família e amigos estão a reagir? Ficaram com saudades, mas não estranharam esta minha decisão porque já os fui habituando com outras ausências. Tenho viajado bastante e já passei longas temporadas a trabalhar fora do país pelo que esta situação já não é nova. Foi difícil a integração? De um modo geral e com a ajuda do Gonçalo Morna [amigo de infância] foi uma integração pacífica e natural. O facto da minha vida ser na praia com o surfe e esse ser o meu lugar, aqui ou em qualquer parte do mundo, sinto-me sempre em casa. É a minha praia, como se costuma dizer.

questão demográfica. Num país onde a população já ultrapassou o bilião de habitantes há bastante tempo, cria algum impacto à chegada. Depois o trânsito é caótico, muito lixo e animais de grande porte (vacas, búfalos, entre outros) a tomarem conta das ruas. Do que sente falta? Da família, dos amigos e das belas ondas da Figueira da foz. Mas também me faz falta o bacalhau e todas aquelas pequenas coisas, quase insignificantes, de que só nos apercebemos quando não as temos. A moda à volta da Nazaré pode ajudar a promover a modalidade. A Figueira da Foz tem as mesmas condições para a prática? À Figueira da Foz falta estratégia e vontade política para a construção de um produto sustentável,

viver os 12 meses do ano no verão. Pela sua experiência, como vê a prática do surfe no futuro? Vejo um crescimento acelerado no que concerne ao número de praticantes, mas vejo um crescimento ainda mais forte enquanto produto que nos últimos anos tem referenciado Portugal pelos melhores motivos. O surfe cresceu e diversificou-se. Está a criar diferentes nichos e tendências dentro da modalidade, onde a competição avançada convive cada vez mais com a exploração de limites nas ondas grandes e em condições extremas, mas também com tendências retro. Por pura curiosidade pessoal ao longo do meu percurso como surfista tenho conseguido cruzar várias abordagens. | Cláudia Trindade

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diário as beiras | 21-03-2015 STR/AF

Regressou este ano ao Irão para treinar, de novo, o Tractor. O futebol é muito diferente do português? Aqui vivem o futebol com muita paixão e de uma forma muito especial. Na região onde me encontro, o estádio tem a maior média de assistência do Irão. Quando evolve a selação, o estadio de Teerão tem sempre 100 mil pessoas. Do ponto de vista tático e

Toni

Natural de Mogofores (Anadia), Toni jogou na Académica e no Benfica. Como treinador, só orientou as águias em Portugal e tem passado os últimos anos no estrangeiro

b.i.

Nome: António José Conceição Oliveira Idade: 68 anos Atividade: Treinador de futebol Onde vive: Tabriz, Irão Naturalidade: Mogofores (Anadia) Curriculum: Como jogador, representou o Anadia, a Académica e o Benfica. Treinou o Benfica, o Bordéus (França), o Sevilha (Espanha), o Shenyang Jinde (China), o Al-Ahly (Egito), Al-Ittifaq e Al-Ittihad (Arábia Saudita) e o Tractor (Irão)

Todos de se e sinto bem n técnico há ritmo e intensidade diferente, mas o Irão não deixa de ser uma das potências futebolísticas da Ásia. O que lhe pediram nesta nova aventura? É o terceiro ano que estou no Irão e no Tractor, mas a equipa é completamente diferente, com apenas três jogadores da época passa-

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da. O processo de construção de uma equipa exige tempo. Mas agora não há tempo. Pediram-me para ganhar e ganharei todos os que pudermos. No Tractor, pode dizer-se que é verdadeiramente idolatrado. Como conquistou o coração dos adeptos? Nestes três anos conseguimos criar uma empatia e conquistamos o único ti-

prensa, cujo vídeo correu mundo. É difícil, fazer-se entender? São coisas que acontecem. Têm a ver com aspetos culturais, no seu sentido lato e com a cultura desportiva. Agora, de certeza que dificilmente voltará a acontecer, porque entretanto também os passei a conhecer melhor. É difícil viver no Irão? Os

te diferente da nossa, mas temos de nos adaptar. Essa capacidade de adaptação. Há muitos anos que não treina em Portugal. No futebol, os portugueses também são obrigados a emigrar para perseguir o sucesso? Em 2001 procurei outros desafios e já passei pela China, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e agora Irão. São experiências

s gostamos er acarinhados o-me muito no Irão tulo do Tractor. Não sei se é do bigode e por ter uma morfologia parecida com a deles... Receberam-me muito bem e gostamos de ser bem tratados. Eles têm-me acarinhado e em função disso, eu sinto-me bem.

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Já protagonizou alguns episódios caricatos, como numa célebre conferência de im-

usos e costumes são muito diferentes dos nossos? São muito diferentes. Esta é uma cultura milenária, mas nós, portugueses, demos novos mundos ao mundo e temos uma facilidade grande de adaptação. E mesmo com barreiras como a língua e a religião, encontrei um povo dócil e que nos acarinha bastante. A comida é completamen-

que não têm preço e que nos enriquecem. Muitas vezes, as notícias que aparecem são apenas sobre as vitórias ou as derrotas, mas não reconhecem as dificuldades por que passamos. Depois de anos que vivi em três clubes da minha vida, o Anadia, a Académica e o Benfica, acabei por tomar esta opção.

O pequeno António, de Mogofores, algum dia achou que podia representar a seleção nacional? Todos nós, ao longo da juventude, temos os nossos sonhos. Alguns concretizamo-los, outros não. Nessa idade do sonho, era inimaginável sair de Mogofores para o Anadia, posteriormente para a Académica, que marcava uma posição forte no futebol português, com a sua dupla função, da formação do homem e ao mesmo tempo a prática do futebol e depois o Benfica, que tem uma dimensão universal. Aí também sei, com toda a imodéstia, que ajudei a fazer história nesse clube. Foi fácil, na sua altura, “dar o salto”? Nada se consegue sem trabalho e sem acreditar em nós. Tive muitas dificuldades para me impor numa Académica recheada de grandes jogadores. Depois cheguei ao Benfica, com onde encontrei jogadores de grande qualidade. As coisas não são dadas de bandeja. Alias, para tudo isto há alguém que marca a historia da minha carreira: Mário Wilson. Foi ele que me foi buscar ao Anadia, num jogo de juniores, contra a Académica. É um homem por quem nutro respeito e admiração para sempre. Como olha para a Académica nos dias de hoje? É um clube muito diferente do que era na sua altura? É uma Académica com-

pletamente diferente. A Cor e o emblema são os mesmo, mas a evolução do futebol levou a que haja hoje uma Académica completamente diferente. A missão formadora esfumou-se em função da alta profissionalização a que se chegou. Por Coimbra deixou muitos e bons amigos... Felizmente, o futebol tem esta faceta de nos permitir fazer amigos. E há amigos que Coimbra me deixou para sempre. Amigos como Rocha, Mário Torres, Maló, Mário Campos, Vítor Campos, Curado, Crespim, Pedrosa, Viegas, Valido, Feliz, e tantos outros. São amigos que me levam a ter uma conotação muito forte com os veteranos. Pelo Natal, há sempre uma festa do Núcleo de Veteranos da Académica e é sempre uma altura de partilha dessas histórias e momentos que passámos juntos. Na sua equipa técnica tem um outro antigo jogador da Académica, Rodolfo. Costumam seguir com atenção o futebol português e a Académica, em Particular? Já falámos varias vezes das nossas carreiras e Academica também esteve no tema. O Rodolfo passou pouco tempo em Coimbra, mas foi o suficiente para o marcar. Aos 68 anos, até onde acha que ainda pode prolongar a sua carreira e a sua ligação ao futebol? No meu tempo de jogador, quando chegávamos aos 30 anos, só fazíamos contratos por uma época,

para não nos arrastarmos em campo. A vida faz-se de ciclos e há gente jovem que vai chegando. Mas, sendo o futebol a minha paixão, não o quero largar ate ter capacidade. Quando sentir que já não tenho essa capacidade, então abandonarei. Olhando para a sua carreira, quais são as conquistas que mais lhe deram gozo? Nesta vida, houve uma coisa que percebi tarde. Quando somos jovens achamos que quando as vitórias chegam temos o mundo na mão e afinal as vitórias são efémeras. Temos de as viver sabendo que tudo se esfuma de forma rápida. Os princípios e valores recolhidos, na minha terra, em Coimbra e no Benfica, são os mais importantes. Devo tudo ao futebol, ao Anadia, à Académica e ao Benfica. Que conselhos deixa aos jovens da região, que, tal como o Toni, perseguem o sonho de vingar no futebol? Que não percam os seus sonhos. Muitos deles não chegam a acontecer, por isso há um caminho de que não se devem desviar, com disciplina, trabalho e humildade. Quer no futebol, quer na vida, tudo se consegue com essa receita: trabalho, disciplina e humildade. Por fim, não queria deixar de felicitar o DIÁRIO AS BEIRAS pelos seus 21 anos e pelo contributo que tem dado para o desenvolvimento da nossa região. | Bruno Gonçalves


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Qual foi o seu percurso académico em Portugal? Eu fiz o 9.º ano na Escola Secundaria Jaime Cortesão e depois acabei o curso de cozinha/pastelaria (três anos) na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, que também dá equivalência ao 12.º ano. Nessa altura tinha claramente a ideia de que não queria seguir para a Universidade.

Ricardo Bizarro

b.i.

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Nome: Ricardo Bizarro Idade: 37 anos Atividade: Chefe executivo de cozinha Hilton Haikou Meilan Onde vive: Ilha de Hainan, no sul da China Naturalidade: Paço do Botão, Coimbra Curriculum: Terminou o curso da escola de hotelaria e Turismo de Coimbra em 1998, após o que iniciou a atividade profissional na Expo 98. Esteve no Clubhouse de Portimão e no Hotel Pombalense. Agarrou a oportunidade de trabalhar na China através de um restaurante da Torre de Macau, assumindo depois funções no Hilton na ilha de Hainan, no sul da China

Natural de Coimbra, fez todo o percurso de estudos nesta cidade. Todavia, quando entrou na vida profissional, não hesitou em emigrar. Está há nove anos na China.

“Mesm consig vai no p dos ch Após a conclusão da formação, que percurso profissional seguiu até chegar à China? Bom, eu terminei o curso em 1998 e segui diretamente para a Expo’98 em Lisboa. Ali, trabalhei no Pavilhão de Portugal sob a gestão da antiga Enatur (Pousadas de Portugal) com a categoria profissional de Cozinheiro de 1.ª. Ao fim de quatro meses, fui convidado a terminar o contrato com a Pousada Rainha Santa Isabel e depois fiquei por lá durante um ano. Nesse período acabei por ir fazer uma demonstração gastronómica à Suíça durante 15


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dias. Mais tarde, tive oportunidade de ir para Condeixa-aNova, onde exerci funções na Pousada de Santa Cristina. Na altura fui, com a mesma posição (cozinheiro de 1.ª), mas chefiando a cozinha. No total, fiquei dois anos e saí com a posição de chefe de cozinha. Depois disso fui para a Pousada do Infante (Sagres) como chefe de cozinha, mas

tempo depois, voltei à região Centro: Pombal. Na altura queria estar mais perto dos meus familiares, tendome juntado à “família” do Hotel Pombalense, onde desempenhei as funções de chefe de cozinha. Durante este tempo, também dei formação. Acabei por ficar só um ano, porque, de repente, surgiu-me o convite para ir trabalhar num restaurante

a Portugal (cerca de 10 meses) e uma experiência na Jordânia, que durou sensivelmente o mesmo tempo. Portanto, o meu tempo de trabalho na China não é direto, mas sim o total de anos que aqui estou a trabalhar. Quais são as suas funções no Hilton Haikou Meilan? Isso é um pouco difícil de explicar. Bom, a minha posição é de chefe executivo

mo sem entender, go perceber o que pensamento hineses” lá acabei por ficar menos de um ano. Entretanto surgiu-me um projeto para, inicialmente, ir abrir um Clubhouse (restaurante de apoio aos campos de Golfe) em Portimão para a companhia Alto Golf & Country Club. Abracei o projeto, fiz a abertura do restaurante e, mais tarde, fiquei a supervisionar outro restaurante e snack-bar da mesma empresa, mas de apoio aos apartamentos. Ou seja, seguiu o tradicional destino da cozinha e restauração, que é rumo ao sul? É verdade. Mas, pouco

da Torre de Macau. O espaço estava a ser remodelado. Queriam que fosse o “portuguese chef”, ou seja o responsável pela ementa portuguesa, mas passados três meses acabei por ser promovido e fiquei como sub-chefe, mas totalmente encarregue de dois restaurantes na torre. A minha experiencia profissional continuou e foi assim que cheguei à China. Há quanto tempo se encontra na China? Contando com Macau, já lá vão quase nove anos. Mas, pelo meio, tive um regresso

de cozinha e reporto diretamente ao diretor de operações (n.º 2 no hotel). As funções são muitas e, mais ou menos, iguais em toda a parte. Por exemplo, o recrutamento, treino, gestão de toda a brigada de cozinha, incluindo a brigada de copa e limpeza. Em segundo lugar, como foi uma abertura, fui o responsável por comprar todo o equipamento, desde fornos, tachos, garfos, copos e mesas de serviço; receber o equipamento, armazená-lo e depois distribuí-lo pelas diferentes áreas. Sou também responsável

pelo conceito dos restaurantes, bem como a criação de menus e fichas técnicas. Criei todos os standards e manuais de procedimento para criar uma melhor experiência aos clientes e a cumprir todos os requisitos do Hilton e de Higiene (HACCP). Quais são as principais dificuldades? Já cá estou há tanto tempo que corro o risco de estar a ver as coisas numa perspetiva diferente de alguém que nunca teve uma experiência na China. Mas penso que as maiores dificuldades são encontrar pessoal qualificado, motivado e que se mantenha no hotel durante muito tempo. Daí que seja necessário o treino contínuo e ter fornecedores de qualidade, fiáveis, que mantenham sempre a mesma qualidade dos produtos. O hotel “de grande luxo” em que trabalha é fora de Pequim… Antes de mais vou tentar fazer o enquadramento da localização do hotel para compreenderem melhor. Fica localizado na ilha de Hainan, no sul da China em que as temperaturas são bastante agradáveis, com praias e fica apenas a uma hora de voo de Hong Kong e Macau. Os chineses referem-se à ilha comparando-a com o Hawai, embora com a dimensão do território da Bélgica. Só que, em termos de qualidade de vida e infraestruturas, não se pode comparar. Mesmo assim tem uma grande variante de turismo mas também uma grande clientela de negócios. O idioma local foi um problema? Claro que a língua e a cultura são sempre um fator

de dificuldade, mas para mim neste momento não é muito relevante, já que compreendo a cultura e desenvolvi uma capacidade de observação em que, mesmo sem entender o que falam, consigo perceber o que lhes vai no pensamento. Lembro-me, no entanto, que nos primeiros seis meses todos os dias queria regressar a casa. Cheguei a dizer, para mim mesmo, que no dia seguinte apanhava o avião de regresso para Portugal. A nível de remuneração salarial e capacidade de poupança para o futuro, essa experiência é recompensadora? Isso é uma coisa em que todas as pessoas pensam, mas nesta profissão, em particular, eu penso que não. O salário é mais ou menos o mesmo se compararmos com um hotel similar em Portugal, mas o nosso país é pequeno e não existem assim tantos hotéis como este. Todos os meses, acolhemos três ou quatro eventos com mais de 800 pessoas. Por outro lado, a vantagem é que aqui há um pacote com salário limpo, uma viagem por ano a Portugal, subsídio para casa e subsídio para telefone. Outro fator é o baixo custo de vida. Como sou uma pessoa que sente necessidade de viajar, experimentar outros restaurantes e hotéis, de maneira a manter-me atualizado, não faço muitas poupanças. Que estratégias adota para compensar o afastamento do país natal, família e amigos? Sou uma pessoa com muita sorte. Primeiro tenho de dizer que adoro a minha profissão e que passo muitas horas a trabalhar. Depois, viajo muito e agora estou a viver com a minha noiva, que também trabalha cá.

Pensa ficar mais tempo? Neste momento, estou a começar a pensar em regressar a Portugal. À partida, o plano era ficar por cá mais dois ou três anos, mas como nunca se sabe o dia de amanhã o melhor é voltar a terras lusas. É preciso ter um feitio especial, mais resistente que a média, para aceitar um desafio profissional tão longe de casa? Qualquer bom profissional pode ter as oportunidades que eu tenho tido, mas essas oportunidades aparecem com um grande investimento na carreira (não só no trabalho em si, mas também na formação/experiências extra que se tenha e por relações interpessoais criadas na base do profissionalismo e honestidade). Agora, para aceitar um desafio deste tipo e “sobreviver” ao desafio, na minha opinião é preciso ser uma pessoa independente, motivada, mente aberta e que gosta de correr riscos “calculados”. Vem de férias a Portugal frequentemente? Sim. Como referi anteriormente, um dos benef ícios que temos é uma viagem paga por ano. Como tal, vou todos os anos a Portugal. Quais são os seus projetos para o futuro e onde? O meu objetivo, desde que entrei na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, sempre foi ser Chefe Executivo. Agora que atingi essa meta, estão a abrir-se outras portas que, de momento, não quero fechar. Quem sabe se daqui a dois ou três anos não chego a diretor geral. Ou então regresso à Europa, de preferência a Portugal. | António Rosado

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diário as beiras | 21-03-2015 DR

Miguel Ramalho -Santos

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Nome: Miguel Ramalho-Santos Idade: 42 anos Atividade: Professor da Universidade da Califórnia, em São Francisco Onde vive: S. Francisco, EUA Naturalidade: New Haven, EUA, (vem para Coimbra com quatro meses) Curriculum: Licenciatura Biologia, Universidade de Coimbra; Mestrado Biologia Celular, UC; Doutoramento Biologia do Desenvolvimento e Postdoc, Universidade de Harvard; Investigador Independente, Associate Professor, Universidade da Califórnia, São Francisco.

Anuncio-mar2015-257x59mm-brs sexta-feira, 13 de Março de 2015 19:09:53

Investigador na área das células estaminais embrionárias, recebeu o Prémio de Novo Inovador, do National Institutes of Health nos EUA, no valor de 1,5 milhões de dólares


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Sair de Portugal foi uma opção ou uma necessidade para conseguir prosseguir a carreira na investigação? De certa maneira foi ambas as coisas. Saí em 1997 depois de terminar o meu Mestrado em Biologia Celular na Universidade de Coimbra, orientado pelo Prof. Carlos Faro. Com as leituras que fui fazendo durante o Mestrado comecei a interessar-me por Biologia do Desenvolvimento Embrionário e Células Es-

templado com o Prémio de Novo Inovador, atribuído pelo National Institutes of Health, nos EUA? Foi excelente, muito menos pelo prestígio associado ao prémio do que pelo facto de ele consistir numa soma de dinheiro considerável para o meu laboratório ter a liberdade para fazer a investigação que mais nos interessava durante cinco anos (o montante do prémio é todo destinado a investiga-

cem. Infelizmente, isso vai sendo cada vez mais difícil, inclusive nos EUA. A investigação em células estaminais embrionárias, que o tem ocupado e à sua equipa, está direcionada para que áreas da saúde? Estou constantemente a deparar-me com novas áreas de potencial aplicação da investigação em células estaminais embrionárias. O facto de estas células se po-

“programar” no embrião o aparecimento de doenças décadas mais tarde no estado adulto. Julgo que também nesta área, geralmente conhecida por Epigenética, a investigação em biologia do desenvolvimento e células estaminais embrionárias pode fazer um contributo importante. Esta é a área de investigação em que vai continuar a trabalhar para o futuro?

emigrante é particularmente importante para mim ler literatura em Português. Publiquei dois livros de literatura de viagem (“Cabo Norte”) e ficção (“Auto”) em Portugal, que estão disponíveis gratuitamente aqui: https://sites.google.com/site/mramalhosantos/. Estou, muito lentamente, talvez, espero eu, a escrever um terceiro. Não é só o trabalho que me ocupa o tempo, mas também a família, sobretudo

Este prémio permitiu fazer durante cinco anos a investigação que mais nos interessava taminais, que era uma área pouco explorada em Portugal na altura (desde então tem havido um crescimento significativo nesta área em Portugal, o que muito me agrada por ser sem dúvida uma área de futuro nas Ciências Biomédicas, embora a sustentabilidade desse progresso esteja em causa com os recentes problemas de financiamento). O facto de ambos os meus pais terem feito o doutoramento nos EUA ajudou a tornar essa opção menos assustadora. Como é que foi ter sido con-

ção, não para uso pessoal). Estes prémios são a exceção, muitos dos projetos financiados por todo o mundo estão “amarrados” à obtenção de resultados específicos que, ou não são realistas, ou não fazem avançar a ciência de modo significativo. Regra geral, é quando os investigadores têm condições para explorar livremente a sua curiosidade em ciência básica, em vez de labutarem para conseguirem os pequeninos resultados que lhes permitem candidatar ao próximo projeto, que os verdadeiros avanços científicos aconte-

derem diferenciar em qualquer célula do corpo abre perspetivas praticamente ilimitadas, uma vez que podemos estudar ao pormenor a diferenciação dos mais variados tipos de células de interesse terapêutico no laboratório, e usar esses estudos para desenvolver novas terapias. Por outro lado, vai-se tornando cada vez mais claro que o período de desenvolvimento embrionário é sensível a alterações ambientais, como a dieta, stress ou exposição a toxinas por parte da mulher grávida, e que tais alterações podem

Sei lá! Acho que sim pelo menos nos próximos anos, mas na dimensão lata que inclui Células Estaminais + Biologia do Desenvolvimento + Epigenética a que aludi há pouco. As ciências físicas ocupamlhe parte fundamental da vida. Mas há as humanidades (quem sai aos seus... e o Miguel é filho do sociólogo Boaventura Sousa Santos e da especialista em literatura Maria Irene Ramalho). Que parte lhes reserva? Um parte pequenina, mas sempre presente. Sendo

porque tivemos o nosso segundo filho (aliás, filha) há 8 meses, e estamos por isso de volta a essas “trincheiras”. Só quem cria filhos no estrangeiro sem qualquer família por perto é que percebe bem o que quero dizer com isso. Tem encontrado outros jovens investigadores portugueses a apostarem tudo numa carreira fora do país? Sim, inclusive tive já dois alunos de doutoramento portugueses que fizerem um excelente trabalho. Hoje saise de Portugal cada vez mais por necessidade do que por

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opção. Temos um geração extremamente qualificada que certamente dará um contributo importante para o progresso do país, e que tem interesse em dar esse contributo, mesmo que continue baseada fora do país. Oxalá a obsessão com a austeridade contraproducente que tem regido o país e a Europa acabe em breve para dar a essa geração as oportunidades que ela e o país merecem. Entre Portugal e os EUA, onde se sente em casa? Na minha casa, com a minha família, pasmado com o sorriso dos meus filhos, a andar de bicicleta ou a fazer mergulho sub-aquático, a olhar o pôr-do-sol tanto no Pacífico como no Atlântico, em noites de nevoeiro de São Francisco ou do vale do Mondego, à conversa com família e amigos de Portugal até de madrugada quando estou aí. A distância é enorme, mas o planeta é o mesmo. E a cidade de Coimbra, onde cresceu e se formou. Que papel tem ainda na sua vida? Tenho conseguido ir lá quase todos os anos desde que vim para os EUA, e faz-me muito bem. Parti com 25 anos, depois de excelentes anos de aprendizagem e experiências de vida riquíssimas, por isso foi lá que me tornei a pessoa que sou. Tenho lá amizades para toda a vida, gente que me entende melhor do que eu, e o carinho com que sou recebido é algo de profundamente precioso para mim. E dá-me uma alegria especial agora ver o meu filho a correr pelo Portugal dos Pequenitos ou por Conímbriga, a apreciar a comida portuguesa, a falar português. Coimbra continuará a ter um papel fundamental na minha vida, esteja onde estiver. | Lídia Pereira

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Ter saído de Portugal foi uma opção ou uma necessidade na carreira da investigação? Saí de Portugal porque queria ver coisas novas, pessoas diferentes, culturas diversas. Também para estar no topo da investigação e ter acesso

Tiago R. Magalhães

b.i.

Desco conhe novos entus a conhecimento e tecnologia de ponta. Em Portugal houve um grande crescimento e apoio à investigação durante um bom período; mas a minha área da Genómica, como campo caro, e muito recente não foi uma das áreas de investimento. Infelizmente,

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Nome: Tiago R. Magalhães Idade: 44 anos Atividade: Investigador em bioinformática e genómica Onde vive: Dublin, Irlanda Naturalidade: Porto Curriculum: Depois da Licenciatura em Bioquímica, na Universidade de Coimbra, fez doutoramento nas universidades de Coimbra e Berkeley (Biologia Celular), desenvolve investigação no University College de Dublin e é revisor da União Europeia para candidaturas H2020

presidente da DG-AAC em 1994/95, fundou e preside à genes e algoritmos. Trabalhou em importantes centros de investigação, de Berkeley a Montreal, com destaque para o university College de Dublin

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perdemos esse barco e agora vemos os outros fazer. Depois dos anos de formação, a minha carreira foi sendo feita organicamente, que é como quem diz através das redes pessoais e contactos dos investigadores e centros

na Universidade do Algarve e num projeto internacional da genética do autismo com localização em Lisboa/Dublin. Nestes últimos anos candidatei-me a alguns empregos em Portugal, mas nunca fui um dos escolhidos.

mo para identificar ancestralidade a partir de marcadores de DNA. Como explicar a diferença do peso à nascença de gémeos verdadeiros a partir da metilação. O uso de estatística para descobrir novos padrões em dados de grande

obrir e aplicar ecimentos s é sempre siasmante De todos os projetos, qual é o que mais o entusiasma? Muitos projetos! Como se formam as ligações nervosas entre neurónios no desenvolvimento embrionário. A análise global de genes de suscetibilidade no autismo. A invenção de um novo algorit-

dimensão. A investigação é viciante, descobrir e aplicar conhecimentos novos é sempre entusiasmante. Como é que foi ter participado no projeto de mapeamento do ADN encontrado no metro de Nova Iorque (aquele que

Que projeto o ocupa mais intensamente neste momento? Como sempre, vários projetos ao mesmo tempo. Genética do autismo, novos métodos para identificação de ancestralidade, padrões de metilação em gémeos e em adolescentes obesos, genética

da surdez em crianças com implantes cocleares, padrões de metilação e transcrição em alergias, o efeito que as diabetes causam nos rins. Também tenho vários estudos de aplicação da genómica no dia a dia da clínica e de como chegar ao público em geral. Que área de investigação elege como a que quer vir a desenvolver no futuro? No futuro imediato, terminar os vários projetos de investigação em que estou envolvido. E continuar com os estudos de genómica aplicados à melhor compreensão de doenças e dos processos funcionais e biológicos subjacentes, incluindo no desenvolvimento do sistema nervoso central. Outras áreas que gostaria de explorar: aplicação da genómica à prática clínica, como gerir a saúde usando as ferramentas genómicas, desenvolvimento de negócios na área da genómica. E um projeto antigo para um futuro mais longínquo: aplicar os meus métodos e algoritmos a outros campos, especialmente à economia e à gestão das cidades. No seu percurso por muitos países, da Irlanda aos EUA, passando pelo Brasil e Canadá, tem encontrado outros jovens investigadores portugueses? Ao longo da minha carreira encontro gente de muitas na-

cionalidades e portugueses também. Especialmente em anos de formação, estudantes de doutoramento e pós-doc. Normalmente os portugueses quando se tornam menos jovens voltam para Portugal. Nestes últimos anos tenho encontrado menos portugueses. De entre todos os lugares por onde tem passado, onde é que o Tiago se sente em casa? Em Faro, em Coimbra, em Berkeley, em Dublin, em Barcelona, na cidade do México, em Belo Horizonte. Até em Paris onde nunca vivi. Eu gosto de sentir a energia de locais novos: aprender e conhecer novas coisas e novas gentes. Mas também é muito confortável estar num local familiar com amigos e família perto. Tenho tido a sorte de poder conhecer muitos locais e de me sentir bem em vários deles. E que papel tem ainda Coimbra na sua vida? Eu cresci em Coimbra onde a minha família mais próxima ainda vive. Vou a Coimbra frequentemente, mesmo se poucos dias de cada vez. Alguns dos amigos com quem cresci e de quem sou próximo estão em Coimbra. É uma cidade linda e maravilhosa, que poderia explorar bastante mais o seu potencial. | Lídia Pereira

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que fui estabelecendo. Se a proposta é fascinante e interessante, é de considerar; o local é uma das variáveis, importante, mas não única. Em Portugal trabalhei durante algum tempo em inovação regional, empreendedorismo e transferência de tecnologia

acabou por ter mais impacto mediático em Portugal)? O PathoMap é um projeto fantástico que liga a genómica, o big data, e a integração de vários conhecimentos para gerir melhor as cidades. O Chris Mason, diretor do PathoMap, é um cientista de topo mundial, inovador, criativo, dedicado e intensamente trabalhador. A equipa é muito boa, cheia de talento e energia. É um imenso privilégio estar envolvido num projeto que aplica a genómica no melhor conhecimento das cidades e nomeadamente na cidade de Nova York. Conheci o Chris no Brasil, numa conferência onde apresentei o meu trabalho de ancestralidade a partir de marcadores de DNA. O meu trabalho resolvia um problema que o Chris tinha encontrado no PathoMap e ele convidou-me para integrar a equipa. Fiquei muito satisfeito com o trabalho, com os resultados e com o impacto na imprensa mundial e nacional.

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Nome: Francisco Veiga Idade: 30 anos Atividade: Gestor de projetos nas Sequel Business Solutions Onde vive: Londres Naturalidade: Coimbra Currículo: Licenciatura e mestrado em engenharia informática, pela Universidade de Coimbra, e MBA, pela Carnegie Mellon University, Estados Unidos

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111 Francisco Veiga integra a diáspora lusitana mais qualificada de sempre, que partiu à conquista de novas oportunidades e de uma maior valorização económica do seu trabalho, empurrada pela crise ou pela vontade de enriquecer os seus conhecimentos técnicos ou con-

Francisco Veiga, 30 anos, natural de Coimbra, é licenciado e mestre em engenharia informática e tem um MBA da Carnegie Mellon University, Pittsburgh, EUA.

e gestor de projetos para clientes em diversas áreas de negócio. O que o levou a emigrar? No início, foi o desejo de obter um MBA num país em que estes mestrados têm a reputação de serem os melhores do mundo, pela abordagem, pelos

mais o trabalho e premeiam mais o mérito do que em Portugal? Não necessariamente. A realidade a que tive acesso em Portugal era baseada na meritocracia, tal como aqui. Os valores com que premeiam as pessoas são, sem dúvida nenhuma, diferentes, em parte devido

a fazer por três ou quatro vezes mais em Inglaterra, Alemanha, Holanda ou Suíça. Penso que é isso que leva o português a emigrar. De resto, não conheço ninguém na minha área que não conseguisse arranjar emprego em Portugal. O que é que estranhou mais

Portugal: se demora mais um dia ou mais um mês, seja! Alguém há de pagar. Em Portugal, o dinheiro é mais escasso, não há espaço para estes deslizes. E a nível pessoal? A vida é mais apressada, mais stressada; há mais confusão. Mas a organi-

“Em Inglaterra ganha-se três ou quatro vezes mais do quem Portugal” tactar com outras culturas

Em Inglaterra valorizam

à economia geral do país e a outra parte está relacionada com os métodos de trabalho. Penso que quem tem boas qualificações e é efetivamente um recurso de valor, sendo empenhado e ambicioso, não terá grandes problemas em encontrar emprego em Portugal e progredir na carreira. Agora, o que se pode estar a fazer em Portugal a ganhar mil euros, podese, provavelmente, estar

quando foi para Inglaterra, a nível profissional? A nível de trabalho, em Inglaterra trabalha-se menos, mas mais focado. Em Portugal, trabalha-se mais, mas há mais pausas, faltam eficiências e talvez alguma vontade de trabalhar. No entanto, paradoxalmente, em Portugal há um sentimento de responsabilidade maior em entregar bem feito e a horas. Aqui sai-se mais “à hora” do que em

zação e as infraestruturas são também de uma dimensão diferentes das de Portugal. A rede de transportes é excelente e ter um carro, salvo raras exceções, é mais um incómodo do que um benef ício. A vida social e as atividades disponíveis para quem vive em Londres são imensas. No entanto, há sempre um grande choque de culturas, no que toca a horários, por exemplo. Aqui vai-se

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Que fazia antes de ir para Inglaterra? Trabalhei na Critical Software, em Coimbra, após ter terminado o mestrado em engenharia informática. Em agosto de 2011 fui para os Estados Unidos, com o objetivo de tirar um Master in Business Administration (MBA) em Pittsburgh. Na Critical Software fui engenheiro de software

currículos escolares e pela qualidade dos professores. O desejo de experimentar uma cultura diferente da europeia também foi um fator determinante. Fui para os Estados Unidos em agosto de 2011. Quanto à decisão de vir para Inglaterra, deveu-se, principalmente, a três fatores: economia, língua e ter amigos em Londres.

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Convive mais com portugueses ou com ingleses? Tenho alguns amigos próximos portugueses, que já conhecia antes de vir para Inglaterra. Convivo também com ingleses e pessoas de outras nacionalidades. Onde trabalho há pessoas da Colômbia, Espanha, França, Irlanda, Polónia e até da China. Que faz nos tempos livres? Gosto particularmente de tocar guitarra e tirar fotografias. Ao fim de semana gosto de passear pelo campo e levar a minha máquina fotográfica, mas o tempo nem sempre é o ideal. Ir ter com amigos para jantar ou ir até um pub é bastante normal. Para me manter em forma, jogo futebol numa liga amadora local. Vou também ao cinema com alguma regularidade. Sempre que posso, aproveito para viajar para fora de Inglaterra e conhecer novos países.

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Que perspetiva tem de Portugal à distância? Portugal está a recuperar do abalo que sofreu devido à crise financeira. Há empresas a florescer e outras a ganhar mais força.

A matéria-prima existe. Temos boas universidades e bons profissionais. Temos criativos, empreendedores e engenheiros de topo. Os portugueses precisam de olhar para os países do norte da Europa e em vez de pensarem “como é que eu vou lá para fora?”, deviam mudar a mentalidade e pensarem: “Como é que vamos vender os nossos serviços/produtos lá para fora?”. Portugal tem de trazer o investimento para dentro e não deixar fugir o talento para fora. A vantagem de Portugal ter uma economia mais modesta e salários mais baixos faz com que sejamos competitivos, quando comparados com qualquer dos países do norte da Europa. Se conseguimos fazer o mesmo, talvez até melhor, e por um preço competitivo, não sei o que nos falta para começar a exportar mais. Com as tecnologias atuais, onde se está geograficamente começa a ser praticamente irrelevante. As empresas em Portugal têm de começar a explorar oportunidades em países onde o capital está disponível, mas onde a mentalidade é a de se obter o melhor negócio possível. Quantas vezes vem a Portugal por ano? Três ou quatro. Está a pensar regressar de vez? Sim, está nos meus planos. Quando e para onde, só o tempo o dirá. | Jot’Alves

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para os bares às 18H00 ou às 19H00 e quem vai para uma discoteca vai antes da meia-noite. A maioria das pessoas está em casa por volta da uma da manhã. Em Portugal, damos mais valor a um bom e longo jantar, antes de irmos dar um pezinho de dança.

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