Caderno 27.º aniversário

Page 1

MARarCcaAraSm que m

a região centro

Este especial faz parte integrante do DIÁRIO AS BEIRAS de 26 de Março de 2021 e não pode ser vendido separadamente


86433

2 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras


Marcas que marcaram a região centro | especial | 3

86548

26-03-2021 | diário as beiras


4 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

DIÁRIO AS BEIRAS homena QUE SE DISTINGUIRAM NA R

Para assinalar o 27.º aniversário, o DIÁRIO AS BEIRAS distinguiu, como é habitual, pes Devido à pandemia de covid-19, este ano não se realizou a nossa habitual gala de aniv Em vez da festa de aniversário, este ano serão publicados, ao longo dos próximos dia PRÉMIO INVESTIGAÇÃO/ CIÊNCIA CONSÓRCIO AGEING@COIMBRA

João Malva

Manuel Antunes

Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e especialista em Cirurgia Cardíaca e Torácica, Manuel Antunes criou, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, o melhor centro de Cirurgia Cardiotorácica do país e um dos melhores do mundo. Neste serviço, do qual foi diretor durante 30 anos, realizou mais de 45 mil cirurgias cardíacas e pulmonares e 358 transplantes de coração, uma média de duas mil cirurgias por ano. Começou a trabalhar em Coimbra em 1988, vindo da África do Sul, sempre no SNS. Só quando se jubilou, em 2018, passou para o setor privado.

O consórcio Ageing@Coimbra, que reúne oito entidades e é coordenado pela Universidade de Coimbra, tem como objetivo melhorar a vida dos cidadãos idosos na região Centro, valorizando o seu papel na sociedade e desenvolvendo medidas e boas práticas para um envelhecimento ativo e saudável. Pretende proporcionar melhores serviços sociais e cuidados de saúde. Fruto desse trabalho, a União Europeia classificou a região Centro como Região Europeia de Referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável de 2 estrelas.

PRÉMIO CULTURA FUNDAÇÃO INATEL EM COIMBRA

Bruno Paixão

Jorge Almeida

A Fundação INATEL em Coimbra é uma referência no turismo e na cultura, estendendo parcerias, indo ao encontro dos cidadãos, mostrando o território. É dirigida desde 2018 por Bruno Paixão, investigador e professor do ensino superior. Graças aos seus programas, milhares de pessoas tiveram uma experiência turística ou cultural. O programa “Conheça a sua Região” já permitiu a centenas de pessoas viajarem pela região, apoiando também a economia local. Este ano ficará marcado pela recolha das 100 Lendas da Região, projeto que estará na Expo Dubai.

PRÉMIO CARREIRA MANUEL ANTUNES

PRÉMIO TURISMO ENTIDADE REGIONAL TURISMO DO CENTRO DE PORTUGAL

Pedro Machado

2019 foi o melhor ano de sempre para o turismo no Centro, com aumentos no número de dormidas e de receitas. Em 2020, a pandemia de covid-19 travou este crescimento, mas o Turismo do Centro continuou a reinventar-se, disponibilizando online e em vídeos viagens aos mais belos locais da região. “Haverá Tempo, o Centro de Portugal continuará aqui à sua espera”, foi um dos slogans, que deverá ajudar a motivar os turistas, no futuro próximo.

PRÉMIO INOVAÇÃO JORGE ALMEIDA

PRÉMIO DESPORTO CLUBE UNIÃO 1919

O projeto científico ContentMAP procura estudar a forma como a informação é mapeada no cérebro e como esta organização permite a identificação rápida de qualquer objeto de uso quotidiano. Jorge Almeida, professor e investigador da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, que lidera o projeto, recebeu um financiamento de 1,8 milhões de euros para desenhar este “mapa do cérebro”. Foi a primeira vez que um projeto português da área da Psicologia conquistou apoios do Conselho Europeu de Investigação.

Há mais de um século, em 1919, nasceu o União de Coimbra, clube histórico no panorama desportivo da cidade. Hoje, o União 1919 é o clube herdeiro do União de Coimbra. Este esforço de “renascimento” do clube foi recompensado com o regresso da equipa sénior ao escalão maior do futebol distrital, após uma década afastada da Divisão de Honra. Mas o clube soma êxitos noutras áreas. Na natação, por exemplo, os atletas do clube têm conseguido resultados de relevo a nível nacional, arrecadando vários recordes e títulos nacionais. O futsal estreou-se, na época passada, nas competições nacionais.

Fernando Soares


Marcas que marcaram a região centro | especial | 5

26-03-2021 | diário as beiras

ageia PESSOAS e INSTITUIÇÕES REGIÃO cENTRO

ssoas e instituições que se destacaram pelo trabalho e projetos realizados no ano passado. versário, durante a qual eram atribuídos, às várias entidades premiadas, os Troféus Diário As Beiras. as, os vídeos relativos às entregas dos troféus no Facebook do DIÁRIO AS BEIRAS

Sílvia Ataíde

PRÉMIO CARREIRA A TÍTULO PÓSTUMO JOÃO ATAÍDE

PRÉMIO EMPREENDEDORISMO BLUEPHARMA

João Ataíde das Neves faleceu com 61 anos, a 21 de fevereiro de 2020. Era, na altura, deputado à Assembleia da República, eleito pelo PS. Ex-presidente da Câmara da Figueira da Foz, eleito como independente nas listas do PS, e ex-presidente da CIM Região de Coimbra, João Ataíde fora, no ano anterior, secretário de Estado do Ambiente. Era juiz desembargador do Tribunal da Relação de Coimbra, em licença sem vencimento. Como magistrado, autarca, governante e deputado, João Ataíde granjeou sempre o respeito dos seus pares, pela qualidade do seu trabalho.

Em 20 anos, comemorados este ano, a Bluepharma, farmacêutica de Coimbra, passou de uma empresa com 58 funcionários para um grupo de 20 empresas com mais de 700 colaboradores. Para o futuro, os objetivos são continuar a crescer. Para isso, a empresa projetou um investimento de cerca de 200 milhões de euros para a próxima década e pretende aumentar a produção anual de 32 milhões de embalagens de medicamentos para 40 milhões. O plano inclui a ampliação das atuais instalações, a construção de uma nova unidade e a edificação do Bluepharma Park.

PRÉMIO MARCA COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DA REGIÃO DE COIMBRA

José Carlos Alexandrino

Paulo Barradas

António Lacerda Sales

Há um ano, o novo coronavírus mudou o mundo. As imagens de doentes com covid-19 multiplicaram-se: nos cuidados intensivos, nas enfermarias, em ambulâncias. Tal como as imagens dos profissionais de saúde, que, expostos aos perigos na linha da frente, se empenharam, como gigantes, no combate à pandemia, anónimos, atrás das máscaras e batas. O reconhecimento do trabalho dos profissionais de saúde impõe-se, com a certeza que a pandemia seria um drama ainda maior, se não fosse a sua entrega em prol do bem dos doentes.

A Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra é a força e a marca que une 19 municípios. Fazer da Região de Coimbra um território com mais espírito empreendedor, maior coesão social, mais qualidade de vida e maior afirmação no contexto nacional são algumas das suas metas. Para isso, a CIM Região de Coimbra, sempre na primeira linha na negociação com o Governo, aposta no desenvolvimento regional assente numa estratégia supramunicipal, procurando potenciar os valores da região.

PRÉMIO ENSINO MARGARIDA MANO

PRÉMIO SOLIDARIEDADE COOPERATIVA PEDRINHAS PEDRO BRAZIÃO RODRIGUES

Ana Brazião

A Pedrinhas é uma Cooperativa de Solidariedade Social que herdou a alegria e a energia do Pedro, que faleceu, vítima de doença oncológica, com 10 anos e 364 dias. Em sua memória, a Cooperativa Pedrinhas - Pedro Brazião Rodrigues trabalha em prol das crianças e jovens com cancro. Promove atividades lúdicas e ocupacionais e outros apoios. O símbolo da cooperativa são os Pedrinhongos, personagens fantásticas que o Pedrinho fez nascer, por via do desenho.

PRÉMIO DIÁRIO AS BEIRAS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Margarida Mano

Natural de Coimbra, Margarida Mano tem um percurso ímpar no desempenho de cargos de gestão universitária, tendo sido deputada à Assembleia da República e ministra da Educação e da Ciência. Doutorada em Gestão pela Universidade de Southampton, mestra e licenciada pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde é docente nas áreas de Economia e Gestão, Margarida Mano é também, atualmente, vice-reitora da Universidade Católica. Na Universidade de Coimbra exerceu ainda as funções de administradora, pró-reitora e vice-reitora.


6 | especial | Marcas que marcaram a região centro

abertura Agostinho Franklin diretor

Na celebração dos 27 anos do Diário As Beiras, fomos à procura das marcas que ajudaram a criar a imagem da região Centro, representação que faz parte de todos os que convivemos e que é a nossa identidade

26-03-2021 | diário as beiras

as marcas afirmam a nossa 111 A preocupação que todos nós temos de sermos diferentes e nos afirmarmos como tal é algo que vem já desde a pré-história. Todas as representações que fazemos para o exterior e que pretendem ter continuidade e afirmação respondem a essa mesma necessidade. O mesmo se diga da afirmação das regiões e das culturas populacionais. Criar identidade e agregação de sentido para uma região, cultura ou aglomerado populacional é algo que pode ser criado com uma imagem, uma

ideia ou uma mensagem. Tudo isto são noções abstratas mas que tentam representar, captar aquilo que é mais comum — mais identificativo — dessa região. São essas marcas nas quais os habitantes, as instituições se reveem e se identificam e se projetam como sendo “portu-

gueses”, “figueirenses”, “ coimbrinhas” ou com qualquer outra região ou cultura. A MARCA, as marcas, são assim um elemento de conhecimento mas, s o b r e t u d o d e r e c o nhecimento e projeção pessoal e coletivo. E as marcas tanto podem ser instituicionais como relativas a empresas ou projetos particulares ou públicos. E as marcas são cada vez mais importantes num mundo em que proliferam cada vez mais, na ânsia de afirmação de in-

dividualidades e especificidades. A força do “branding” que cada vez mais é referido na sociedade contemporânea, na afirmação de cada produto novo que surge no ecossistema de produtos de consumo, é exatamente a expressão da necessidade-

27.º Aniversário Diário As Beiras

Coordenação | Paulo Marques/A.Franklin |Textos | António Alves/Aldeias de Xisto /Aldeias Históricas/Turismo do Centro| Agostinho Franklin/ Académica| António Rosado /Vinhos da Bairrada /Expofacic | Cátia Vicente/Chanfana (barro preto) /Licor

Beirão| Dora Loureiro/Queijo da Serra/Polo da Saúde em Coimbra | Emanuel Pereira/Praias fluviais /Arroz Carolino Baixo Mondego | Jot’Alves/Porto da Figueira /Fileira do Papel | José Armando Torres/Encontro Motard Góis /Água do Luso | Inês Morgado/Arte Xávega /Museu de Conimbriga | Patrícia Almeida/Leitão da Bairrada/Universidade (Queima das Fitas, AAC e Machado de Castro) |Bernardo Parra/ Lampreia | Paulo Marques/Rio Mondego (Aguieira e Obra Fomento)/Queijo do Rabaçal | Fotografia | Carlos Jorge Monteiro/ Pedro Ramos l | Paginação | Carla Fonseca

o meu jornal, a minha região

DIREÇÃO DIRETOR Agostinho Franklin- CP-TE-n.º 842 agostinho.franklin@asbeiras.pt REDAÇÃO CHEFE DE REDAÇÃO Dora Loureiro - CP n.º 1306A, dora.loureiro@asbeiras.pt, Paulo Marques (repórter Coordenador) - CP n.º 1602A, paulo.marques@ asbeiras.pt, António Alves - CP n.º 3079 antonio.alves@asbeiras.pt , António Rosado - CP n.º 4921A, antonio.rosado@asbeiras.pt,

Bruno Gonçalves- CP n.º 5934A, bruno.goncalves@asbeiras.pt, Carlos Jorge Monteiro (repórter fotográfico) CP n.º5800A, Cátia Vicente CP n.º 5305A, catia.vicente@asbeiras.pt, Emanuel Pereira CP n.º 7611A, emanuel.pereira@asbeiras.pt, José Armando Torres CP n.º 3714A, jose.torres@asbeiras.pt, Jot’Alves (Figueira da Foz)- CP n.º 4928A, jot.alves@asbeiras.pt, Maria Inês Morgado CP n.º 7513A, Patrícia Cruz Almeida - CP n.º 4253A, patricia.almeida@asbeiras.pt, Pedro Ramos (repórter fotográfico)

86725

86764

PROPRIEDADE Sojormedia Beiras SA

ASSEMBLEIA GERAL António Madeira Teixeira (presidente); José Carlos Madeira de Jesus (secretário) CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Pedro Miguel da Silva Teixeira (presidente); Rosinda da Silva Teixeira (vice-presidente); Patrícia Sofia Batista Pereira Forte (vogal) COMISSÃO EXECUTIVA Ivo Magalhães (presidente)

DEPARTAMENTO GRÁFICO COORDENADORA

Carla Fonseca, carla.fonseca@asbeiras.pt, Daniela Marques, Ricardo Silva e Victor Rodrigues PROJETO GRÁFICO

A. Franklin

DEPARTAMENTO COMERCIAL E ADMINISTRATIVO

Ana Paula Ramos, Cidália Santos, Cristina Mota, João Ribeiro, Margarida Fernandes, Mónica Palmela, Rosa Pereira

COORDENAÇÃO INFORMÁTICA Samuel Costa

ESTATUTO EDITORIAL www.asbeiras.pt


Marcas que marcaram a região centro | especial | 7

26-03-2021 | diário as beiras

a identidade como região centro essa imagem (mesmo que difusa) de CENTRO que difere claramente da marca do NORTE ou do SUL de Portugal. E todas estas marcas, de uma forma ou de outra, marcaram, imprimiram a sua chancela nas vivências, nas formas de pensar e de organização em que todos vivemos. Retirando um exemplo dos que aqui abordamos, o do Licor Beirão, diríamos que a sua implantação como marca comercial, reconhecida e conhecida para os consumidores, acabou também por nos absorver nessa publicitação: para quem circulava pelas estradas nacionais, muito antes das autoestradas, a visibilidade de

uma uma marca, ao longo do nosso caminho, numa altura em que a publicidade era algo raro, acabava por fazer parte dos nossos percursos mentais e ficar na nossa memória com que a pouco e pouco nos identificávamos e nos reconhecíamos. E depois disto, se fizermos um pequeno esforço de memória, fácil nos é recordarmo-nos das marcas que estavam ligadas a momentos particulares da nossa existência. E isso porque essas marcas — são constantes e estáveis; — conseguem expressar algo relacionado com aquilo que querem assinalar ou comunicar; — comunicam bem, de forma

eficaz, a imagem-conceito que pretendem transmitir; — têm uma presença forte: representam de forma eficaz uma gestalt (utilizando os termos da psicologia), que rapidamente é apreendida e percebida.

E, finalmente, que recebe do público para quem essa marca é produzida uma adesão positiva. Neste 27.º aniversário queremos agradecer aos nossos leitores, assinantes e parceiros comerciais que continuam a honrar-nos com a presença e motivação para a tarefa que o Diário As Beiras tem: a de servir a sua região, dando informação rigorosa, solidamente fundamentada e colaborando na afirmação da região Centro enquanto marca determinante em Portugal, de desenvolvimento e visão progressista.

86709

86432

obrigatoriedade da existência de marcas de comunicação estáveis e constantes: elas são agregadoras de sentido e, simultaneamente, são unificadoras de personalidades e de identidades. Neste caderno, dedicado às MARCAS QUE MARCARAM A REGIÃO CENTRO, elencamos uma série de marcas — sem critério de avaliação científica, é certo — mas que, de uma forma ou de outra, ajudaram à criação de uma imagem de Centro, com a qual todos nos identificamos e na qual nos sentimos reconhecidos. Mesmo sabendo que essa imagem de Centro seja difusa e plural e diversificada e, até, contraditória: são essas marcas que ajudam a criar

Secção Regional do Centro da Ordem dos Farmacêuticos

Felicita o Diário As Beiras pelo seu aniversário

Rua Castro Matoso, 12 A/B, Coimbra Tel: 239 851 440 / Fax: 239 851 449 email: regional.centro@ordemfarmaceuticos.pt www.srcordemfarmaceuticos.pt


8 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Aldeias Históricas

86447

São uma Associação de Desenvolvimento Turístico criada em 2007. O objetivo é promover o desenvolvimento turístico de 12 lugares no Centro de Portugal: Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso. Com sede em Belmonte, a Associação das Aldeias Históricas de Portugal tem apostado na sua qualificação turística e na promoção de atividades culturais que ajudem a conhecer um território único no interior do país

Um destino que afin O bucolismo de lugares mágicos que fazem descobrir a autenticidade de um país

111 Muitos consideram que este é um dos segredos mais bem guardados do interior de Portugal. As Aldeias Históricas de Portugal são 12 locais com muitas histórias para contar e que merecem a realização de longos passeios para que se possam conhecer melhor. Distribuída por uma dezena de concelhos, a rede das Aldeias Históricas de Portugal é rica em tradições seculares, paisagens deslumbrantes e onde não falha o caloroso acolhimento dos seus habitantes. O seu espaço está repleto de misteriosas lendas que devem ser desvendadas pelos visitantes. A sua beleza não permite eleger ou destacar uma ou duas aldeias. Há que falar nelas todas. Comecemos por Piódão, no concelho de Arganil. É a única da rede que não tem um castelo. A sua disposição em anfiteatro permite que seja chamada de aldeia presépio de Portugal. Seguindo na direção da Serra da Estrela, chegamos a Linhares da Beira, no concelho de Celorico da Beira.

Trata-se de uma aldeia museu com o castelo situado no planalto do lugar. Aqui, é possível contemplar a beleza natural da aldeia e da zona envolvente. Em Trancoso (sede de concelho), as muralhas medievais rodeiam a “aldeia histórica”, o que obriga os visitantes a terem de escolher uma das portas para poder chegar ao seu castelo que se encontra, também, no planalto. A aldeia de Marialva, no concelho da Mêda, é um dos locais de passagem obrigatória dos Caminhos de Santiago. Apesar da sua pequena dimensão, é um dos destinos que merece ser conhecido numa jornada de bicicleta. Uma hora de viagem depois chegamos a Castelo Rodrigo, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. É uma das 7 Maravilhas de Portugal e destaca-se pela conservação das suas muralhas. Pelas suas ruas medievais chegamos à emblemática Porta do Sol. Estamos a meio da viagem. Em Almeida (sede do concelho), as muralhas edificadas


Marcas que marcaram a região centro | especial | 9

26-03-2021 | diário as beiras

nal são 12

86392

formam uma estrela de 12 pontas, que são visíveis do ar. No interior, o harmonioso conjunto do casario construído em ruas estreitas integra edifícios civis e religiosos que mantêm a caraterística inicial. No mesmo concelho, Castelo Mendo recuperou algumas das suas caraterísticas originais que devem ser conhecidas através de um passeio em família. Descemos no mapa e paramos em Belmonte (sede de concelho). Berço de Pedro Álvares Cabral — navegador português que descobriu o caminho marítimo para o Brasil —, a vila é conhecida pelo imponente castelo e por acolher ainda uma importante comunidade judaica. A poucos quilómetros, já no concelho do Sabugal, paramos em Sortelha. A aldeia é toda feita de casas de pedra que mantêm as caraterísticas originais, o que leva a que os visitantes consi-

derem estar a sair de uma história de encantar. A aldeia de Castelo Novo, no concelho do Fundão, é conhecida pelas suas casas senhoriais e por um edif ício inserido nas tipologias românicas, a antiga Casa d a C â m a r a / Pa ç o s d o Concelho. Mais a sul, a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, Monsanto (concelho de Idanha-aNova). Apesar de ter sido parcialmente destruído no século XIX, o castelo medieval mantém toda a sua imponência. Monsanto é também conhecida pelos seus adufes e pelas marafonas. O destino termina neste concelho, mais concretamente em Idanha-a-Velha. Conhecida anteriormente por “Egitânia”, esta aldeia é uma referência obrigatória de todos os roteiros arqueológicos de Portugal. A Catedral Visigótica, as Muralhas e Torre de Menagem são locais de visita obrigatória.

Candidatura a Património da humanidade da Unesco 111 Ao longo destes 14 anos de existência, a Associação das Aldeias Históricas de Portugal tem trabalhado para a formalização de uma candidatura a Património da Humanidade da UNESCO. O reconhecimento da valia histórica destes recursos naturais será o mote para uma futura candidatura que pode ajudar a consolidar, ainda mais, este “produto” distintivo no Centro do país. Para que tal seja possível, e depois de todo o investimento que tem vindo a ser feito, é importante “continuar a implementar ações com vista à preservação e valorização do património / conjunto das aldeias e dos saberes e atividades económicas associados, diferenciando-os no contexto internacional pela vinculação a conceitos de inovação e sustentabilidade (crescimento verde), a par com

regeneração urbana e inclusão social”. Ao mesmo tempo, a associação tem apostado na realização de atividades de índole cultural naquele território. “12 em Rede – Aldeias em Festa” é o projeto iniciado em 2018 e que, no ano passado, devido à pandemia causada pela covid-19, contou com eventos onde foi limitada a participação de público e transmissão

“online” com muita aceitação pela via digital. Em 2021, e aproveitando a infraestruturação das aldeias com rede de fibra ótica (no âmbito de um protocolo com a operadora Altice), os responsáveis acreditam que será possível trabalhar mais a dimensão digital. Refira-se que o ciclo “12 em Rede – Aldeias em Festa” é sempre inspirado “num elemento

patrimonial imaterial de cada aldeia” e envolve a comunidade. No presente ano, está previsto o lançamento, em junho, da “Carta Gastronómica das Aldeias Históricas de Portugal”. O objetivo do projeto é fazer com que os estabelecimentos de restauração possam “pegar” no receituário gastronómico local e “trabalhar dentro do seu restaurante”.


10 | especial | Marcas que marcaram a região centro 66549

26-03-2021 | diário as beiras

Qualificar a rede como um destino sustentável e inovador

111 Se as memórias são extremamente importantes nesta rede de 12 Aldeias Históricas, a Associação de Desenvolvimento Turístico tem vindo a preparar uma estratégia que permite garantir a longevidade desta rede secular. Alinhada com a Estratégia de Eficiê ncia Coletiva (EEC) 2020, estão em curso vários projetos conducentes à afirmação da Rede das Aldeias Históricas de Portugal como um destino sustentável e inovador, assente no crescimento verde, inclusivo e inteligente. Esse trabalho é feito a partir de uma abordagem endógena e integrada (multissectorial e pluridimensional) que pretende consagrar a rede como “smart” na área do patrimó nio (material e imaterial) de forma a garantir a sua competitividade e sustentabilidade a longo prazo. Como tal, e assente nas premissas estraté gicas definidas e em claro reconhecimento do trabalho que tem sido desenvolvido pela Aldeias

Histó ricas de Portugal, têm sido tomadas algumas medidas na defesa da preservação e sustentabilidade do território. Uma das boas notícias teve lugar em 2018. Nesse ano, e como proteção e promoção das tradições e costumes das comunidades, as Aldeias Históricas de Portugal tornaram-se o primeiro destino em rede no mundo distinguido com o Certificado Biosphere Destination. A certificação, que foi renovada no presente ano, faz com que as Aldeias Histó ricas de Portugal permaneç am como o ú nico destino em rede, no mundo, com a presente certificação. Trata-se de uma distinção atribuída pela Global Sustainable Tourism Council (GSTC) que, à escala mundial, estabelece os pressupostos de um turismo sustentável, de acordo com as orientações da Unesco e da Carta Mundial de Turismo Sustentável. De entre os vários projetos que muito contribuíram para a renovação da

certificação, são de assinalar “Receitas que Contam Histórias – Gastronomia e Vinhos das Aldeias Históricas de Portugal” e “Aldeias Históricas de Portugal | Um Destino Mais Inteligente”. No primeiro caso, tratou-se de uma iniciativa que começou com a recolha de testemunhos junto da população residente, com vista à recolha detalhada dos saberes, receitas, métodos de confeção, especificidades, tradições e produtos endógenos existentes ou que até se tenham “perdido” no tempo para a inventariação do cardápio gastronómico do território, assim como dos métodos de confeção dos pratos. Quanto ao segundo projeto, foi desenvolvido em parceria com a Altice Portugal e permitiu dotar as 12 Aldeias Históricas de Portugal de tecnologias wireless de qualidade (entre outras estruturas digitais), tornando-se assim o primeiro destino, em rede, totalmente coberto com fibra ótica e com wi-fi gratuito.


26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 11

Satisfazer os aventureiros a pé ou de bicicleta

86647

111 A dinamização da rede passa, também, pela preparação de propostas de turismo ativo/natureza para satisfazer os interesses dos mais aventureiros, às famílias, de bicicleta ou a pé. O objetivo é que os visitantes descubram as Aldeias Históricas de Portugal (AHP) através de experiências irrepetíveis. Neste sentido, e para alé m dos 15 Caminhos Histó ricos de Pequena Rota, a ligaç ã o entre a Rede das AHP é disponibilizada, não só através da GR22- Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal como também da Rede de Percursos Ciclá veis

AHP. A GR22- Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal tem cerca de 600 quilómetros e é a primeira Grande Rota Walking & Cycling homologada em Portugal e a maior grande rota europeia com o selo “Leading Quality Trails – Best of Europe”, atribuído pela European Ramblers Association. Na prática, é uma certificaç ã o que destaca os melhores destinos de caminhada na Europa, através de critérios como a sustentabilidade, o ní vel de experiê ncia proporcionado ao utilizador a qualidade do seu traçado, e a sua riqueza cultural e natural. Está

igualmente homologada como Grande Travessia de BTT pela Federaç ã o Portuguesa de Ciclismo, pois está també m está adequada para satisfazer a melhor experiência de exploração dos aventureiros de bicicleta. Em breve será divulgado um projeto transfronteiriço que tem como objetivo estruturar oferta na área do walking/cycling para formatação de produto turístico que integre os recursos das três regiões (Aldeias Histó ricas de Portugal, Cá ceres e Salamanca) para um melhor posicionamento da região transfronteiriça.


12 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Turismo Centro de Portugal

Tem conquistado cada vez mais notoriedade e visibilidade junto do público. A estratégia temse revelado acertada, como o comprovam os números de visitantes e outros indicadores da atividade turística: o turismo na região cresceu a taxas históricas, ultrapassando a média nacional. Foi eleita “Melhor Região de Turismo Nacional” ( 2015 e 2019 ), nos Publituris Portugal Travel Awards; ganhou prémios como o Grand Prix CIFFT 2017 (com o filme promocional “Preferred Destination”); o Gold Award, nos prémios “ITTA – International Travel & Tourism Awards” ( 2018 ), na categoria “Best National Tourism Board”, entre outros; e ficou no top5 na categoria “Destination Brand of the Decade”, nos “The Travel Marketing Awards” ( 2020 )

de 24 a 100 municípios em seis anos

111 A história da Turismo Centro de Portugal (TCP) tem início com a aprovação do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE). Neste projeto de modernização administrativa, o trabalho começou com a criação, em 2007, de uma única estrutura pública para promover a valorização e sustentabilidade da atividade turística nacional — Turismo de Portugal. Depois, e num Conselho de Ministros datado de 12 de dezembro, foi aprovada a criação de cinco grandes regiões de turismo a nível nacional, no continente: Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve. O seu regime jurídico foi conhecido apenas através do Decreto-Lei 67/2008, de 10 de abril. Com esta norma, foram extintas as regiões de turismo e zonas de turismo. No presente caso, acabaram a Região de Turismo do Centro, Região de Turismo da Serra da Estrela, Região de Turismo da Rota da Luz, Região de Turismo de Dão Lafões, Junta de Turismo do Buçaco, Junta de Turismo da Curia e Junta de Turismo

de Monfortinho, o que levou a que esta entidade regional passasse a ser composta por 58 municípios. Seis anos depois, e com a publicação da Lei n.º 33/2013 de 16 de maio, ficou concluído o processo relativo às entidades regionais de turismo, com a extinção da Região de Turismo do Oeste, Região de Turismo Leiria/Fátima e Região de Turismo do Médio Tejo. A nova entidade regional passou a ser constituído por uma centena de municípios. Na prática, integra, no seu conjunto, todos os concelhos dos distritos de Coimbra, Castelo Branco e Leiria, além da maior parte dos concelhos dos distritos de Viseu, Guarda e Aveiro, e cerca de um terço dos concelhos do distrito de Santarém e do distrito de Lisboa. Pedro Machado, atual presidente da TCP, acompanhou todas estas alterações. Depois de ter sido eleito presidente da Região de Turismo do Centro em 2006, foi o escolhido para a liderança na nova entidade regional nos atos eleitorais de 27 de outubro de 2008, 21 de agosto de 2013 e 9 de julho de 2018. Entre as suas competências está

a valorização e o desenvolvimento das potencialidades do destino turístico Centro de Portugal e das suas sub-regiões, assumindo desta forma o papel de dinamizadora e facilitadora da atividade turística. Ou seja, a TCP lidera e coordena o programa de ação de desenvolvimento do turismo na região Centro de Portugal, de acordo com a estratégia definida ao nível nacional e regional, em colaboração com os parceiros públicos e privados do destino. Com sede em Aveiro, a TCP possui sete delegações: Ria de Aveiro, a que corresponde o território da NUT III do Baixo

Vouga; Coimbra, a que corresponde o território das NUT III do Baixo Mondego e Pinhal Interior Norte; Viseu/Dão Lafões, a que corresponde o território da NUT III de Dão-Lafões; Serra da Estrela, a que corresponde o território das NUT III Serra da Estrela, Beira Interior Norte e Cova da Beira; Castelo Branco, a que corresponde o território das NUT III da Beira Interior Sul e Pinhal Interior Sul; Leiria/Fátima/Tomar, a que corresponde o território das NUT III Pinhal Litoral e Médio Tejo; e Oeste, a que corresponde o território da NUT III do Oeste.

números 100

autarquias é a área territorial da entidade regional de turismo

22% 7

da população portuguesa reside nesta área turística

delegações espalhadas por todo o território


Marcas que marcaram a região centro | especial | 13

86668

26-03-2021 | diário as beiras

Esta é a nossa marca na sua vida A marca bancária mais reputada Portugal 2021

Distinção que engloba os atributos de admiração, relevância, confiança, preferência e recomendação. O estudo de 2020, realizado pela Global RepScoreTM Pulse da OnStrategy em parceria com o Corporate Excellence Foundation, distinguiu o Santander como a marca bancária mais relevante, num cenário de pandemia. Para nós é muito importante saber que somos uma marca na sua vida.

af 21.03 Imprensa marca reputada 252x352.indd 1

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu

18/03/2021 11:29


14 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

recorde de 7,1 milhões de visitantes no ano de 2019 111 O mito de que seria impossível promover uma centena de concelhos foi um dos problemas com que a direção da maior entidade regional de turismo do país se debateu. A eleição de Melhor Região de Turismo Nacional em 2015 pela Publituris e a escolha de melhor stand na BTL são os principais marcos de um ano onde a entidade regional apostou no desenvolvimento de uma nova logomarca que refletisse “a diversidade e riqueza” do destino. Tudo isto foi sendo acompanhado com o crescimento anual de visitantes, tendo mesmo sido batido o recorde em 2019: 7,1 milhões. Mercados como a Coreia do Sul, Vietname, China, Filipinas, Estados Unidos da América e Canadá e Israel passaram a ter

O Gold Award foi entregue em Londres no ano de 2018

importância no território, fruto das apostas feitas no turismo religioso e turismo judaico. Mas a história desta entidade regional fica marcada pela conquista de

algumas das principais distinções nacionais e internacionais do setor nos últimos seis anos. A saber: em 2017, o Prémio “Turismo Português” do programa “Gente Viajera”

da Turismo da Extremadura; no ano de 2018, o Prémio Reconhecimento 2018 da Publituris Portugal Trade Awards; o prémio de Melhor Entidade Regional de Turismo da

AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e o Gold Award – Best National Tourism Board / Destination Marketing Organisation Campaign: “To Visit and to Stay, is to Help” atribuído pela International Travel & Tourism Awards; em 2019, voltou a ser eleita a melhor região de turismo nacional pela Publituris, o Litoral Award “Turismo” pela Litoral Award e finalista na categoria “Melhor Campanha Destino – Região” da International Travel & Tourism Awards. No ano passado, e até ao início da pandemia, o Centro de Portugal foi mesmo considerado um dos cinco melhores destinos mundiais nos “The Travel Marketing Awards”. A categoria “Destination Brand of the Decade”, na

qual a Turismo Centro de Portugal foi distinguida, foi especial e apenas teve lugar nesse ano para premiar destinos que tenham deixado uma marca indelével entre 2010 e 2019. Na ocasião, o presidente da TCP, Pedro Machado, afirmou que aquele era “o reconhecimento de um esforço permanente na promoção da marca Centro de Portugal, que tem conquistado cada vez mais notoriedade e visibilidade junto do público”. “A estratégia tem-se revelado acertada, como o comprovam os números de visitantes e outros indicadores da atividade turística: o turismo na região Centro de Portugal cresceu, nos últimos anos, a taxas históricas, ultrapassando a média nacional”, frisou.

vídeos premiados mostram a potencialidade da marca mocional da entidade regional passou também pela apresentação de vídeos promocionais. Uma decisão que permitiu ao Centro conquistar mais de duas dezenas de prémios nacionais e internacionais. Um dos mais galardoados foi o “Turismo Centro de Portugal – Are You Ready?”. Publicado em 2019, esta promoção apostou num conceito inovador onde o visitante foi transformado na personagem de um jogo passado no centro de Portugal e tem como objetivo chegar à onda gigante da Nazaré, onde era esperado pelo surfista Garrett McNamara. Ao todo, foram conquistados 12 prémios. Para trás ficaram outras experiências como “Destino Preferido” em 2017 e “Next Stop” em 2018. Mais

datas

“Are you ready?” foi o vídeo mais premiado: 12 distinções nacionais e internacionais

recentemente, a trilogia “Haverá Tempo”, “Chegou o Tempo” e “Tempo é Agora” serviu para passar a mensagem de que haveria tempo para conhecer ou regressar ao Centro de Portugal. Uma campanha onde a entidade regional quis também homenage-

2013

Ano da criação da entidade regional de turismo com os 100 municípios

ar todos os que foram os verdadeiros heróis nesta pandemia. No final do ano passado, a TCP decidiu publicar um conjunto de vídeos promocionais intitulados “No Pain No Gain – Aqui Trabalha-se, O Resto é Paisagem” e que destacam, cada um

2015

Eleita, pela primeira vez, a “Melhor Região de Turismo Nacional” nos Publituris Portugal Travel Awards

deles, um produto turístico específico da região Centro. Este último e “A Vida é Agora”, também de 2020, conquistaram recentemente duas “Silver Star” na categoria “Destinos Turísticos – Região” na 21.ª edição do The Golden City Gate, importante festival

2018

Centro de Portugal foi escolhido como Destino Nacional Convidado da BTL

de cinema de turismo inserido na feira ITB Berlim, na Alemanha. Em paralelo, e porque é necessário pensar a melhor forma de retomar o setor nos próximos meses, a TCP já está a preparar uma campanha dirigida ao mercado interno, “impactante e

2019

Filme promocional “Turismo Centro de Portugal – Are You Ready” conquista 12 prémios nacionais e internacionais

disruptiva”. Neste âmbito, e durante o período em que tivemos de cumprir um novo confinamento, foi lançada a iniciativa #CentrodePortugalonline e que consiste na publicação de uma série de artigos regulares em que são apresentados vários destinos que podem ser visitados de forma digital. O podcast semanal “Viva o Centro de Portugal”, a publicação de playlists musicais para que possa, entre outras coisas, “Chorar de alegria, emoção ou saudade” ou “Respirar a Plenos Pulmões” sempre que se deslocar à região, foram outras das apostas digitais de uma entidade regional que quer cada vez mais posicionar-se como um destino cada vez mais consolidado a nível nacional e internacional.

2020

Fica no top-5 da categoria “Marca Destino da Década” nos “The Travel Marketing Awards”


86696

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro| especial | 15


16 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Académica

Uma marca transversal a toda a região, ao país Se há marcas e instituições que tiveram a virtualidade de ser abrangentes, a Académica é uma delas. Fruto da frequênciada Universidade de Coimbra por alunos vindo de todas as regiões o país, a Académica influenciou e envolveu todo o país: era frequente ouvir-se dizer: “ o meu clube é esta equipa x, mas a minha equipa do coração é a Académica”. E por isso a Académica foi formador de um espírito académico mas igualmente de um modelo de visão do mundo que condicionou, durante várias gerações, os políticos e decisores do Portugal de antes e do pós-25 de Abril

académica UMA INSTITUIÇÃO MULTI-TAREFA NA FORMAÇÃO DO PAÍS 111 O conceito de Academia e Académica, em Coimbra, andam de par na definição do seu conteúdo. De facto, a importância da Academia em Coimbra resultou da circunstância histórica da Universidade de Coimbra ser a única instituição de ensino universitário, em Portugal. E de ser em Coimbra que os filhos de quem tinha um bom nível de vida e de condições financeiras recebiam a sua formação e se preparavam para as futuras profissões. O mesmo é dizer que a Academia — e Coimbra — era o local onde, funcionalmente, se dava instrução mas, também, se dava formação para a reprodução dos modelos sociais e formas de prática social, aceites como válidas e adequadas. Ou seja: a integração no ensino superior, a forma como a progressão no ensino superior e o modo como comportamentalmente os universitários faziam a sua validação social, sempre foi uma preocupação dos diferentes regimes políticos. O ensino superior e o espaço onde ele era realizado era o momento de preparação de quadros e dos recursos humanos do futuro. Processo que foi tanto mais evidente quanto mais centralizado era o processo de ensino e menos democrático eram o regime político. A Crise Académica de 1969 é disso um bom exemplo: a concentração do ensino superior universitário em Coimbra, tornando mais evidente a preocupação condutora da formação dos universitários também era demonstração de como o ensino era uma resposta prática e social à necessidade que toda a sociedade exigia. Por isso, a Academia e a praxe, com os seus ritos de passagem, são uma primeira manifestação da sua existência formativa e enquadradora, são exemplos dessa preocupação “normalizadora” da Academia e, ao mesmo tempo, a justificação da sua centralidade para Coimbra e para todo o país. E isso porque, a Coimbra chegavam alunos provindos de todas as regiões do país, respondendo às necessidades de formação e preparação para a vida profissional futura. A praxe apenas é um processo prático e histórico da integração da diferença dos alunos na normalização — desejável — futura dos alunos universitários. A Academia é esse grande repositório que inclui desde os saberes que se transmitem na Universidade às práticas culturais, às aprendizagens socialmente adequadas e produtoras de uma boa específica sociabilidade que o conceito “ espírito coimbrão” caracteriza e define.

as ma

a marca da u

O que distingue e afirma a Universalidade e a Academia um espaço de encontro de d igualmente, de África.A fotografia em baixo

Primeira fotografia conhecida de um De pé, José da Natividade Coelho (n Pereira (Corumbá, Brasil, 24-2-1893 7-9-1892 ); Filipe da Silva Mendes ( Lis ( Beja, 12-2-1893 )); António Heraldo 18-7-1891 ) 111 A Academia funcionou, desde o seu início, como instituição-chapéu que agregava os alunos e lhe proporcionava sentido e finalidade para a sua estadia em Coimbra, para além

números 3000

sócios e atletas atualmente inscritos nas secções desportivas da AAC

450 109

sócios atualmente inscritos nas secções culturais da AAC

presidentes da Associação Académica

Edifício de S.Paulo Eremita, na Rua Larg sede da Associação Académica desde191 de Novembro de 1920, foi também sede dos Estudantes de Coimbra. A sua demol das obras da Cidade Universitária

datas


Marcas que marcaram a região centro | especial | 17

26-03-2021 | diário as beiras

arcas da marca académica

universalidade

e da marca Académica é a frequência de alunos provindos de todas as regiões do país, tornando Coimbra diversidade regional e cultural. A Coimbra chegavam alunos vindos de Portugal, mas também do Brasil e , xo é representativa disso mesmo: de, logo na sua origem, a Academia ser centro difusor

marcas da marca o símbolo académica A forma de apresentação da logo-marca da Académica teve também uma evolução. É em 1927-28 que o símbolo actual é utilizado na final do campeonato de Portugal e que dará origem ao símbolo final, na altura bordado “por delicadas mãos de senhoras”. A autoria do símbolo pertence a Fernando Ferreira Pimentel, antigo estudante de Medicina.

ma equipa de futebol da Associação Académica de Coimbra, em 1911 nascido em Vimioso, em 25-12-189 1 ); José de Melo Cardoso (Aveiro, 26-3-1894 ); Manuel Sérgio 3 ); José Júlio da Costa ( Rio de Janeiro, Brasil, 13-1-1891 ); João Diogo do Campos Carmo (Lamego, sboa, 16-3-1891 ); António Picão Caldeira (Elvas, 14-8-1893 ); à frente: Francisco José Nobre Guedes o Perdigão (Lousã, 3-11-1891 ); César Mourão Garcês (Lisboa,3-11-1892 ); Carlos Sampaio (Anadia,

da tarefa de frequência dos estudos. A data da sua fundação aponta para Novembro de 1887, com localização no Colégio de São Paulo Apóstolo (edifício que também não sobreviveu à reconstrução da Alta. O fim da Associação Académica era o da “instrução e recreio dos sócios por meio de saraus literários e musicais; gabinete de leitura; jogos lícitos; representações teatrais; e outras ga, cujo rés-do-chão foi reuniões de ho913 e que, a partir de 25 nesto recreio” . e de outros organismos Ou seja, desde o lição resultou também seu início, o seu encuadramento

1887

data da fundação da Associação Académica de Coimbra

era o de criar condições de resposta para a estadia dos alunos em Coimbra, com promoção de actividades de complemento cultural. Em 1901, janeiro, a Associação já tem um secção desportiva — que como que preparará a a prática do futebol, elemento central e determinante na Associação Académica. E só em 1912 ocorre o primeiro jogo de uma equipa de futebol usando o nome de Associação Académica de Futebol. E a partir daqui a a Académica entrou na realização de provas desportivas nacionais, como seja a primeira edição da Taça Monteiro da Costa, no Porto (1912). Este percurso de realização de provas desportivas pode ser consultado no livro Académica, História do

1912

participação da Académica na Taça Monteiro da Costa (Porto)

Futebol (sd), mas dele se retém a ideia de uma equipa constituída XX por um grupo de praticantes ligados à Universidade de Coimbra enquanto estudantes — o que lhe dava uma mais valia, diferenciadora perante as outras equipas praticantes de futebol Os organismos autónomos

os organismos e secções da academia A Academia teve também durante o seu período logo de existência diversos organismos autónomo e seções, todas elas desenvolvendo atividades de complemento cultural e de intervenção social. Apresentam-se aqui alguns dos símbolos desses organismos.

A oferta de formação da Academia sempre foi uma mais valia e diferenciadora para a comunidade universitária. Não só pela oferta específica que disponibilizava mas, igualmente, pela dinamização de consciência social e cultural que fornecia aos alunos universitários. Esta foi uma marca da identidade da Academia e através da qual se formaram muitas gerações.

1939

Data de conquista da 1ª Taça de Portugal, conquista que voltará a ser repetida em 2013, desta feita com a equipa liderada por Pedro Emanuel

1984

Ricardo Roque e Jorge Anjinho assinam o protocolo que dará origem à Associação Académica de Coimbra - Organismo Autónomo de Futebol (OAF), como organismo de actividades de futebol federado e desenvolvimento desportivo


86391

18 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras


86565

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 19


20 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Expofacic

Não será fácil encontrar um residente da região Centro que nunca tenha visitado a Expofacic, o maior certame que se realiza no país, habitualmente entre o final de julho e o início de agosto. A pandemia obrigou à suspensão da edição 2020, que teria um especial significado, por assinal os 30 anos do evento. A autarquia de Cantanhede transferiu o programa das festas para este ano, mas a indefinição da atual situação pandémica ainda não permite garantir a sua realização. Para trás ficam muitas histórias vividas por milhões de pessoas desde 1991, centenas de atuações ao vivo, incluindo concertos de alguns dos nomes maiores da música internacional, e inúmeros negócios realizados

Alguns dos maiores nomes da música internacional (e nacional) contam com um público de dezenas de milhares de pessoas

festa de verão atrai centenas de milhares de visitantes 111 A dimensão atingida, ao longo de quase três décadas, pela Expofacic – que todos os anos tem lugar em Cantanhede, com exceção de 2020 – permite classificar este certame como um dos maiores do país. Realiza-se tradicionalmente ao longo de 12 dias, contando com centenas de milhares de visitantes, não só da região, mas também do resto do país, a que se acrescenta uma forte adesão de emigrantes que, nessa época do ano, regressam a Portugal em férias. O evento decorre em espaço aberto, com cerca de

datas 1965 data de realização da 1.ª edição da feira/Festa de São Mateus

10 hectares e 600 expositores. Está organizado por diferentes setores, dos quais se destacam as áreas comercial, industrial e de serviços, automóvel, educação, agrícola, exposições temáticas e culturais, zona verde, diversões, gastronómico, lounge e street food e palcos. Habitualmente distribuídos pelo recinto estão oito palcos, destacandose o palco Expofacic, onde têm lugar concertos musicais dos melhores artistas nacionais e internacionais e stand up comedy. Outro palco é o designado Super Bock, dedicado

à música eletrónica. Nos restantes há uma programação de música, dança e artes performativas. Todas as idades Trata-se, de acordo com a comissão organizadora, “de um evento que combina música, gastronomia, exposições e negócios, em que o preço das entradas é muito acessível, sendo dirigido a múltiplos públicos, com destaque para o público mais jovem e famílias, sendo visitado anualmente por 350 mil visitantes”. A Expofacic é uma iniciativa do Município de Cantanhede, coordena-

da atualmente por uma comissão organizadora, com a empresa municipal INOVA-EM como responsável pela gestão administrativa, financeira e logística. Para além do reconhecimento do público e das empresas presentes em cada ano, a Expofacic é também detentora do “Iberian Festival Award”, que consagrou a Expofacic como a “Melhor Festividade” da Península Ibérica. No mesmo lote estavam nomeados outros 10 festivais, cinco dos quais espanhóis. Na ocasião, Helena Teodósio, presidente da Câ-

1991

1998

2014

data de realização da 1.ª edição da Expofacic

a organização apostou num cartaz de espetáculos de projeção nacional

o dia 25 de julho, abertura da XXIV Expofacic, regista a maior enchente de sempre

mara Municipal de Cantanhede, afirmou estar satisfeita pela distinção conseguida num tão importante concurso à escala da Península Ibérica: “Já sabíamos que a extraordinária expressão que atingiu, quer em dimensão e qualidade organizativa, quer em termos de afluência de público, coloca a Expofacic em lugar cimeiro a nível nacional, mas ser distinguida como a “Melhor Festividade Ibérica” significa que está a afirmar-se num campeonato bem mais competitivo, pois venceu entre eventos concorrentes de Portugal e Espanha”.

2016 2019 o Mundo dos Dinossauros”, exposição num espaço com 1.500m2

Lukas Graham e Stranglers foram os últimos artistas internacionais a atuar


86767

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 21


22 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Expofacic/30 anos foi adiada de 2020 para este ano 111 A edição n.º 30 da Expofacic, agendada para de 29 de julho a 8 de agosto de 2021, foi anunciada – há cerca de 10 meses, quando foi adiada devido à pandemia – como a que seria “maior de sempre”. Todavia, o arrastar da situação sanitária do país ainda não permite garantir a sua realização, e mesmo que se realize, em que moldes terá lugar. Será, todavia, um marco de longevidade e dinâmica de um certame que se realizou pela primeira vez em setembro de 1991, correspondendo a uma aposta do então presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Albano Pais de Sousa. Recuando no tempo, é justo referir, todavia, que a Expofacic teve a sua génese na Feira/Exposição de S. Mateus, realizada entre 1965 e 1969 e que decorreria no âmbito da Romaria de S. Mateus. Vinte e dois anos depois, segundo relatos da imprensa da época, a 1.ª Feira Agrícola, Comercial e Industrial de Cantanhede mobilizou um significativo número de empresários e atraiu ao recinto evolvente à Escola Secundária cerca de 50 mil visitantes.

Em 1994 realiza-se a 4.ª edição da Expofacic, revelando já aquilo que seria o crescimento futuro

Mais tarde, a Expofacic/98, já nos mandatos de Jorge Catarino como presidente da câmara, marcou uma viragem de conceito da exposição/feira, passando a contar com projeção nacional, com um cartaz de espetáculos que viria a tornar-se referência. Crescimento de 80% A VIII Expofacic, por exemplo, foi visitada por cerca de 105 mil pessoas, 80% a mais que a edição anterior, iniciando-se assim um processo de crescimento que, em poucos anos, viria a torná-la no maior certame económico e festivo da Região Centro e um dos melhores do país. Em 2002, pela primeira vez em 12 anos de história, a Expofacic contou, na sua abertura oficial; com a participação de um primeiro-ministro: Durão Barroso reconheceu o “desenvolvimento industrial em articulação com um correto aproveitamento dos recursos agrícolas, naturais e ambientais”. Superando todas as espectativas, a XIII Expofacic – Festas do Concelho/2003 atingiu um número recorde de 285 mil visitantes, com a cantora brasileira Daniela Mercury como

principal atração em palco. Depois dela, em anos seguintes, pontificaram as atuações internacionais de Scorpions, Simple Minds, Ivete Sangalo, James, Joss Stone, Bob Sinclar, James Morrison, Mika, Pablo Alborán, Nelly Furtado, John Newman, Seu Jorge, Gabriel o Pensador, James Arthur, James Blunt, Morcheeba, UB40 ou Lucas Graham. De resto, todos os grandes cantores e artistas portugueses têm passado por aquele palco. Ao assinalar os 20 anos da Expofacic registaramse 420 mil visitantes. Os 600 espaços de exposição foram sensivelmente os mesmos do ano anterior, mas o crescimento cresceu para os 8,5 hectares, e depois para os 10 hectares. Para a história fica, entretanto, o dia 25 de julho de 2014, na XXIV Expofacic, quando os acessos a Cantanhede ficaram todos literalmente entupidos e na EN 234-1 a fila compacta em marcha lenta chegava a Ançã: é a a data em que foi pulverizado o recorde de número de visitantes no dia da inauguração e abriu caminho a uma edição de confirmou o certame como “o melhor e mais concorrido do país”.

Grande impacto na dinamização dos negócios da região e do país 111 “A Expofacic tem um grande impacto na dinamização de negócios”, é a opinião unânime de responsáveis políticos e empresariais que observam, em cada ano, a performance dos 12 dias de realização do certame. Este dinamismo ultrapasa em muito as fronteiras do concelho e da própria região Centro, bem como o mero intervalo temporal da realização do evento, registando efeitos ao longo de todo o ano, tal é o volume de negócios que envolve nas diferentes áreas do comércio, agricultura, indústria e serviços que giram à volta deste evento. O sucesso da Expofacic reflete “o espírito empre-

endedor que caracteriza o concelho”, com resultados em setores tão surpreendentes como é o parque tecnológico Biocant Park, especializado em biotecnologia, com sede no concelho e reconhecido como projeto estruturante para a economia do país. Negócios e espetáculos Considerado como “o mais concorrido certame do país”, conjuga de modo particularmente feliz uma enorme feira de atividades económicas com um cartaz de espetáculos fortemente mobilizador de diferentes públicos e com um programa de animação

que é já uma referência. referência Outros aspetos relevantes são, habitualmente, o

grande envolvimento dos agentes socioculturais do concelho de Cantanhede e a intensa representatividade dos setores industrial, comercial e agrícola em 600 espaços de exposição, sem esquecer a forte procura da gastronomia regional nas afamadas tasquinhas. Na realidade é um local de confluência das famílias e dos amigos nos tradicionais jantares que marcam o início de noites prolongam festivas que se prolonga pela madrugada fora. Característica da Expo-

números

420ooo

foi o número máximo de visitantes anunciado numa só edição anual da Expofacic

600

marcas, empresas e instituições presentes em exposição todos os anos

10

hectares é o espaço máximo do recinto, a que se junta uma área semelhante de estacionamento

facic menos falada habitualmente é a vertente internacional que o certame foi adquirindo, principalmente na ligação a Espanha. Na realidade, os vizinhos espanhóis, principalmente das cidades mais próximas da fronteira, não hesitam em fazer a viagem até Cantanhede, tanto numa perspetiva de conhecer o que de melhor se faz empresarialmente em Portugal, como também assistir a espetáculos internacionais. No centro de Portugal, a Expofacic tem acessos fáceis, a pouco mais de três horas, de automóvel, de Salamanca e sete horas de Madrid.


86476

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 23


24 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Vinhos da Bairrada

86718

Vinho da Bairrada é sinónimo de Baga (casta rainha por ser autóctone da região), mas também de espumante de excelência, resultado do “saber de experiência feito” dos produtores locais. O reconhecimento da Bairrada como região produtora de vinhos de qualidade surge no século XIX, apesar da produção de vinho existir desde o século X. António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região em 1867. 150 anos depois, com um “terroir” único, o desenvolvimento dos métodos de produção permite obter “produtos singulares e únicos”

Baga a casta de excelên que rivalizam com os tra Quinta do Encontro


Marcas que marcaram a região centro | especial | 25

26-03-2021 | diário as beiras

ncia dos vinhos tintos da Bairrada adicionais espumantes menor teor de calcário é aqui que se encontram as melhores uvas para vinhos de superior qualidade, dizem os especialistas. Não admira, portanto, que sejam as castas autóctones que dão corpo aos vinhos Bairrada, caracterizados como “produtos singulares e únicos no mundo”, refere a Rota da Bairrada, “associação de carácter regional” e institucional, criada em novembro de 2006, tendo como “objetivo a dinamização, promoção e valorização da atividade vitivinícola da Bairrada, e atividades afins, enquanto produtos turísticos e culturais da região”. A produção de vinhos na Bairrada está documentada desde, pelo me86689

86648

111 A Região Demarcada de Vinho da Bairrada é a região da casta Baga. Se esta definição é verdadeira, não deixa também de ser redutora, uma vez que a localização geográfica proporciona igualmente o desenvolvimento de outras castas vinícolas, que beneficiam de um clima próprio e de um terroir único, onde predomina o barro. A Bairrada desenvolvese entre os rios Mondego (a sul), e Vouga (a norte), com as serras do Buçaco e Caramulo a nascente e o Oceano Atlântico a poente. Como já vimos, este território caracteriza-se por solos argilo-calcários de origem jurássica e triássica, solos arenosos de aluvião. Com maior ou

nos, o período romano, portanto há quase dois mil anos, mas os testemunhos mais concretos só surgiram em plena Idade Média. Mais concretamente, foi com a produção de vinho tinto que a Bairrada passou a ser reconhecida como “região vinícola por excelência”. No entanto, os vinhos brancos têm vindo a assumir ao longo do último século um importante papel, principalmente na produção de espumantes naturais, na qual a Bairrada foi pioneira em Portugal, assumindo um lugar de destaque na produção nacional. De acordo com informação da Rota da Bairrada, “acriação de espumantes aconteceu há mais de 120 anos, com a

influência de franceses que transmitiram à região os conhecimentos do método champanhês, hoje oficialmente designado por método clássico ou de fermentação em garrafa”. Apesar da sua história, o reconhecimento da região da Bairrada como região vitivinícola demarcada tornou-se oficial apenas há 42 anos, ou seja em 1979. Entre as castas da Bairrada predomina a Baga, mais tardia na maturação, a que se segue a Touriga Nacional. Produz vinhos intensos na cor, encorpados, taninosos e algo ásperos. Entre as castas brancas, a Maria Gomes é principal, que deve ser vindimada cedo, a que se seguem as castas Bical, Arinto, Cercial.


26 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

roteiros traçam oito percursos pelo património e tradições da região fica do Bussaco conferelhe um microclima muito particular que favorece a ocorrência de elevada biodiversidade. Atualmente, ocupa cerca 105 hectares, com uma das melhores coleções dendrológicas da Europa, com cerca de 250 espécies de árvores e arbustos. É constituída por quatro unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos, Floresta Relíquia e Pinhal do Marquês. Underground Museum

das caves e adegas, dão a provar os seus melhores vinhos e apresentam a típica gastronomia. Começando em Cantanhede e acabando em Coimbra, o Roteiro Rosa, por exemplo, percorre a Quinta de Baixo e a vila de Ançã que, através do seu património arquitetónico, proporciona uma viagem pela história local. Ançã volta a ser motivo

de interesse no Roteiro Azul devido ao Museu da Pedra [de Ançã], em Cantanhede, passando ainda pela Adega Cooperativa de Cantanhede, Capela da Varziela – considerada Monumento Nacional –, a nascente dos Olhos da Fervença e a Praia da Tocha. Outro dos roteiros centra-se em Anadia, com uma visita à Quinta do Ortigão, fundada pelo

primeiro homem a produzir espumantes no país, Augusto Brandão Alegre, e passando pela Curia, para aí visitar o Espaço Bairrada/Estação da Curia, continuando no Parque das Termas da Curia. A Quinta do Encontro, cujas instalações da sede são em forma cilíndrica, destaca-se pela qualidade da produção vinícola, mas também pela cozi-

86579

86733

1 1 1 Os vinhedos, a serra e o mar são os elementos geográficos que marcam a Região da Bairrada abrangendo oito municípios, embora alguns apenas em parte: Águeda, Anadia, Aveiro, Cantanhede, Coimbra, Mealhada, Oliveira do Bairro e Vagos. Aqui produzem-se vinhos de qualidade reconhecida e diferenciação, obtidos através de castas próprias e métodos específicos de vinificação. Implantada junto à costa atlântica, grande parte da região recebe a influência do mar. O clima fresco, húmido e de forte influência marítima, proporciona uvas de baixa graduação alcoólica e elevada acidez, ótimas para a produção de espumantes. A Rota da Bairrada propõe uma forma diferente de conhecer o território, com base em oito roteiros temáticos. Conduzem os visitantes ao interior

nha de autor, enquanto o Underground Museum, da Aliança Vinhos de Portugal, é destaque pela sua irreverência. Paralelamente, a Mata Nacional do Bussaco, no coração da Bairrada, é o ex-líbris da preservação ambiental, destacando-se ainda pelo reconhecido Museu Militar. Com 549 metros de altitude, a localização geográ-

Jardins do Palace Hotel A principal e mais significativa área ajardinada é a que envolve o Convento (e o Palace Hotel), designada por “Jardim Novo”. É ainda possível realizar na região – assim que as condições de desconfinamento o proporcionem – visitas às caves e adegas, cursos e provas de vinho, almoços e jantares enogastrónomicos, circuitos enoturísticos e participação nas vindimas.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 27

26-03-2021 | diário as beiras

Comissão Vitivinícola da Bairrada Atribui a Denominação de Origem A CVB, como organismo de certificação de produtos vitivinícolas com direito a “DO Bairrada” e “IG Beira Atlântico”, avalia as condições de aptidão dos produtos para a certificação, com receção de amostras representativas do lote a certificar, bem como os critérios das análises f ísico-químicas e sensoriais legalmente estabelecidos. Controla a utilização de certificados de conformidade do produto e fiscaliza os produtos certificados no mercado.

De acordo com o site da CVB, liderada por Pedro Soares, é o Laboratório de Química Enológica da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, que está acreditado pelo Instituto Português de Acreditação, desde março de 2007, para a execução de ensaios analíticos em vinhos. Possui seis ensaios acreditados e localizase nas instalações da Estação Vitivinícola da Bairrada, na Quinta do Paço, no concelho de Anadia.

A Câmara de Provadores da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) analisa sensorialmente os produtos candidatos ou para autorização de engarrafamento DOC Bairrada (e dentro desta denominação de origem os produtos vinhos tranquilos brancos, rosados e tintos; os espumantes brancos, rosados e tintos e ainda as aguardentes bagaceiras), bem como os produtos com direito a indicação geográfica Beiras (Vinho Regional Beiras). Para cada sessão de provas são convocados cinco provadores, a partir de um painel de 20 provadores (10 para vinhos espumantes Bairrada e Regional Beiras e 10 para vinhos tranquilos Bairrada).

O Museu do Vinho Bairrada foi inaugurado a 27 de setembro de 2003. Sob a tutela da Câmara Municipal de Anadia, está instalado num edif ício construído de raiz, com sistemas multimédia e uma exposição permanente, designada por Percursos do Vinho. Integra peças de valor arqueológico, etnográfico e técnico, reunidas com a colaboração de diversos vitivinicultores, entidades locais e nacionais. Organiza atividades pedagógicas, debates sobre temáticas ligadas ao vinho, vinha, mundo rural, arte e documentalismo. Inclui uma enoteca, uma loja de vinhos, um auditório para 80 pessoas e restauração com jardim.

86581

A Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) é uma associação interprofissional que representa a “produção” e o “comércio” do setor. Atribui a Denominação de Origem Bairrada, vende os selos de garantia para os vinhos aprovados, participa e promove a participação em feiras e apoia a realização de ações de índole técnica e científica. É exigido que as vinhas sejam objeto de cadastro e contenham as castas indicadas na lei; enquanto a produção não pode exceder 55hl/ha para os vinhos tintos e 70hl/ha para vinhos brancos, rosés e espumantes. No decorrer do ano vitícola são colhidas amostras de cada vasilha e submetidas a análise e prova à Câmara de Provadores da Bairrada, existindo uma Câmara específica para os Espumantes.


28 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Chanfana

A origem deste sabor que marca a região Centro perde-se nos tempos. O aproveitamento da carne de cabra depois de velha transformou-se numa iguaria que enriquece a gastronomia do país e enche o palato de quem a degusta. Embora não haja certezas sobre a verdadeira origem, há muitas histórias que contam como surgiu este prato típico e que é alvo de uma salutar rivalidade entre os concelhos de Miranda do Corvo e Vila Nova de Poiares. Todos querem ter a melhor chanfana. É a região que ganha em manter e fomentar tradições que integram a cultura popular e a genuinidade das gentes destas terras

Chanfana cultura popular dentro de um caçoilo

111 À cabra velha, que já não dava leite nem cabritos, juntou-se o vinho tinto e fez-se uma das mais apreciadas iguarias. Cortada em pedaços, temperada com banha de porco, colorau, louro, cabeças de alho, salsa, sal e piripiri, é cozinhada num caçoilo em forno de lenha, durante quatro horas. São várias as explicações para o surgimento da chanfana, um prato que integra o património gastronómico nacional e que é uma das marcas identitárias da região Centro. Não há certezas sobre nenhuma das histórias que o povo conta e vão passando de boca em boca. Há quem diga que a chanfana terá surgido no Mosteiro de Semide. Até finais do séc. XIX, todos os agricultores e rendeiros eram obrigados ao pagamento dos foros. Assim, o Mosteiro recebia dos moradores do seu couto os foros a que estavam obrigados. Durante o mês de agosto e até ao dia de

S. Mateus, as freiras de Semide recebiam as suas “rendas”. Muitos pagavam com cabras e ovelhas. Mas como as freiras não tinham disponibilidade para manter um rebanho tão grande acabaram por inventar uma forma de cozinhar e conservar a carne, aproveitando também o vinho que lhes era entregue. Há outra versão que conta que a chanfana surgiu durante a Terceira Invasão Francesa e que as freiras do Mosteiro de Semide a inventaram para evitar que os soldados franceses roubassem as cabras e as ovelhas. Há ainda quem diga que os soldados ficaram com todos os animais, deixando apenas os velhos e envenenaram a água, o que justifica a utilização do vinho para cozer a carne de cabra velha. Há quem diga que a receita não está diretamente ligada ao Mosteiro de Semide, mas apenas às Invasões Francesas, dizendo

números 4

horas é o tempo médio que a chanfana demora a assar em forno de lenha

15

euros é o preço médio da chanfana por pessoa, nos restaurantes da região

1,5

litros de vinho é normalmente utilizado num caçoilo de chanfana. O vinho deve sempre cobrir a carne

2

confrarias dedicam-se à chanfana, a Real Confraria da Cabra Velha, em Miranda do Corvo, e a Confraria da Chanfana de Poiares

que que quando as tropas francesas andaram pela região da Lousã e de Miranda do Corvo, a população envenenou as águas para matar os franceses. Mas como era preciso cozinhar a carne utilizou-se o vinho. Tida como prato de gente pobre, que aproveitava tudo o que podia para se nutrir, a chanfana é referenciada em escritos desde o século XVII e foi narrada por Miguel de Cervantes, Bocage, Nicolau Tolentino, Miguel Torga, entre muitos outros. Está intrinsecamente ligada à cultura popular e é presença assídua, ainda hoje, nas festas religiosas de vários concelhos, sendo muito apreciada em toda a região. Atualmente, é valorizada e promovida em vários eventos, integrando o menu de quase todos os restaurantes da zona Centro. Sempre bem acompanhada com batata cozida com a pele e grelos, claro está!


86547

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 29


30 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

rivalidade A capital universal e a capital da chanfana 111 A chanfana é motivo de rivalidade entre os concelhos de Miranda do Corvo e Vila Nova de Poiares. Se o primeiro é conhecido como “Capital da Chanfana” e sustenta que o prato nasceu em Semide, o segundo assume-se como “Capital Universal da Chanfana” e promove o barro preto, de Olho Marinho, onde cozinha a cabra velha. Miranda do Corvo registou em 2005 a marca “Capital da Chanfana” com o objetivo de promover e salvaguardar os pratos confecionados à base de carne de cabra. Dois anos antes, já tinha sido criada no concelho, a Real Confraria da Cabra Velha. Miranda do Corvo tem dois pratos que resultam do aproveitamento da chanfana: a sopa de casamento e os negalhos. Do molho que sobra, que nunca é totalmente consumido, é feita a sopa de casamento. Os “noivos” ofereciam o almoço aos convidados no dia seguin-

que ser criativa e usar de forma engenhosa todos os produtos disponíveis, inclusive as tripas dos animais cuja carne consumia. Experimentaram, então, cozinhar as tripas segundo a receita da chanfana, com sucesso.

te ao casamento e como já não havia carne suficiente, fazia-se a sopa que se enfeitava com os pedaços de

carne ainda disponíveis. Além do molho e de sobras de chanfana, leva couve lombarda ou troncha e

restos de pão. Já a origem dos negalhos remontará também à época da Terceira Inva-

são Francesa. Havendo falta de carne porque os franceses roubavam os rebanhos, a população teve

Barro preto Vila Nova de Poiares possui o registo da marca “Capital Universal da Chanfana” e constituiu, em 2001, a Confraria da Chanfana de Vila Nova de Poiares. Trata-se de uma associação cultural sem fins lucrativos, que tem como fim específico o levantamento, defesa e divulgação do património gastronómico da Região das Beiras e em especial, da chanfana. Em Poiares a chanfana é cozinhada e servida em caçoilos de barro preto de Olho Marinho. A iguaria é embaixadora deste património cerâmico, numa simbiose perfeita entre a gastronomia e o artesanato.

7 maravilhas Prato conquista paladares 111 Com as rivalidades postas de parte, os municípios da Lousã, Vila Nova de Poiares, Miranda do Corvo e Penela uniram-se para a candidatura “Terras da Chanfana” que, em 2018, conquistou lugar como uma das 7 Maravilhas de Portugal à Mesa, na final do concurso da RTP. A candidatura dos municípios que constituem a Dueceira, englobava a Chanfana, o Queijo do Rabaçal DOP, o Mel da Serra da Lousã DOP, o Licor Beirão, o Vinho da Quinta de Foz de Arouce, mas também património como o Mosteiro de Semide e os Trilhos da Natureza da Serra da Lousã. Das 182 Mesas iniciais, as “Terras da Chanfana” ultrapassaram todas as fases do concurso e conseguiram ser eleitas como uma das 7 Maravilhas de Portugal à Mesa.

Chanfana foi uma das âncoras da candidatura dos municípios da Dueceira que venceu o concurso 7 Maravilhas de Portugal à Mesa

Para o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, esta foi “uma vitória não só da chanfana, mas de toda a região”. João Miguel Henriques sublinhou na altura “ a capacidade de união de todo o território em torno de uma mesma candidatura que representa uma enorme mais-valia na afirmação e promoção, não só da gastronomia como de todo o potencial turístico da região centro”. “Esta é de facto a marca que nos une”, referiu ainda o autarca em alusão ao próprio lema da candidatura conjunta, destacando “a importância e o impacto que esta vitória pode ter na valorização dos produtos endógenos, bem como no tecido económico local”, que certamente “terá um grande impulso com esta promoção”.


86623

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 31


32 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Licor Beirão

Tudo começa na “sala das sementes”, um armazém fechado a sete chaves, onde José Redondo, mestre destilador do Licor Beirão há mais de 40 anos, faz a seleção e a pesagem das sementes, especiarias e plantas aromáticas. A água utilizada durante o processo de produção vem diretamente da Serra da Lousã. 100% pura, mas sempre desmineralizada para não afetar o sabor do licor. A receita secular foi passada a José Redondo pela sua mãe e hoje além dele só o filho mais novo, Ricardo, a conhecem. Além de especiarias, segredos e aromas, esta história leva amor, arrojo, resistência... Pegue num copo e acompanhenos nesta breve, mas intensa viagem

Beirão O Licor de Portugal que se bebe aqui e em todo o lado 111 Nos dias de hoje, se tiver uma indisposição ou sofrer de dores de estômago, dificilmente lhe é “receitado” um Licor Beirão, mas a verdade é que foi assim que tudo começou. Estávamos em finais do século XIX, quando um caixeiro-viajante de seu nome Luiz de Pinho, comerciante de vinhos do Porto, se apaixona pela filha do farmacêutico da vila, ao passar pela Lousã. Na altura, na farmácia, além dos medicamentos habituais, vendiam-se vários licores naturais, segundo fórmulas antigas e secretas. Entre eles havia um, medicinal para problemas de estômago, que gozava de alguma popularidade na região. Do namoro ao casamento foi um instante. E, em 1910, entra em vigor uma lei que proíbe a atribuição de propriedades medicinais às bebidas alcoólicas e a consequente venda em farmácias. Luiz de Pinho viu ali uma oportunidade e criou uma pequena fábrica para a produção isolada dos antigos licores. Nessa fabriqueta, certo dia, foi empregado José Carranca Redondo. Nascido em 1916, quando começou a trabalhar tinha apenas 12 anos. O jovem cresceu e passou por outros empregos, tendo tido grande sucesso como vendedor de máquinas de escrever. Mas a II Guerra Mundial trocou-lhe as voltas e traçou o destino do licor que viria a ser Beirão. Desempregado, José Carranca Redondo tinha pouco mais de 20 anos quando arriscou tudo e comprou a fábrica dos licores onde tinha trabalhado e que vivia tempos difíceis. Transformou-a na história da sua vida, da sua família e numa das empresas mais mediáticas do país. Nasce a J. Carranca Redondo, Lda., em 1940, no mesmo ano em que José casou com Maria José. Os dois dedicam-se ao licor, ao segredo que transportava, e a criar a família que ainda hoje gere o negócio. Em 1970, o casal comprou a Quinta do Meiral, às portas da Lousã, casa onde se continua a fazer este néctar. No espaço, com 12 hectares, são cultivadas algumas das plantas e sementes aromáticas essenciais à produção do licor. Alfazema, eucalipto, menta e funcho são algumas das que ali germinam e integram a lista de 13 ingredientes que fazem parte da receita. A estes juntam-se outros, como a canela ou o cardamomo, vindos dos quatro cantos do mundo. A receita secreta só Maria conhecia. Passou-a ao filho, José, que já a partilhou com o seu mais novo, Ricardo. Nos últimos anos, o licor evoluiu, conquistou os mais jovens e o mundo. É um dos maiores casos de sucesso do país. O segredo? O segredo continua ali. A atravessar gerações que o vão levando longe, reinventando, mas que não ousam nunca mudar o processo original de produção que o torna único.


86587

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 33


34 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Amor se casares comigo, Maria, compro a fábrica de licores! 111 A história do Licor Beirão é uma história de amor. Se o facto de ter começado com a paixão, contada nas linhas anteriores, entre a filha do farmacêutico e o caixeiroviajante já dava uma boa novela, o que viria a seguir não lhe fica atrás. E, por certo, ainda hoje este néctar continuará a ser causa de amores arrebatadores. Natural da Lousã, o jovem José Carranca Redondo era, até 1939, ano em que rebenta a Segunda Guerra Mundial, um bem sucedido vendedor de máquinas de escrever da americana Remington. Com o conflito, a empresa é requisitada pelo Governo norteamericano para produzir armamento e o rapaz fica desempregado. Em 1940, a fábrica dos li-

José Carranca Redondo e Maria José, um amor abençoado

cores onde já tinha trabalhado estava à venda e José Carranca Redondo era um homem apaixonado.Era a também beirã Maria José que lhe ocupava o pensamento.

12 contos e um casamento Quem conta o que vem a seguir é José Redondo, atual proprietário do Licor Beirão e filho do casal. “Ele pede a minha mãe em casamento, com quem

tentava namoriscar sem sucesso, e diz-lhe: se aceitares compro a fábrica dos licores”, lê-se no livro “José Carranca Redondo - centenário do nascimento do fundador”, de 2017.

O contrato de compra da fábrica, por 12 contos pagos a pronto, foi assinado a 11 de março de 1940 e a 5 de outubro desse mesmo ano José e Maria casam-se. Na altura, eram produzidos cerca de 70 produtos diferentes na fábrica. Havia amêndoa amarga, amêndoa popular, amor perfeito, anacoreta, ananás extra, anis, anisete, banana, beirão, cana, cherry branco, conventino, curaçau, brandy, ginjinha, licor Monte Carlo e outros, mas José Carranca Redondo logo reduz a produção a cinco bebidas, entre elas o Licor Beirão. Durante muitos anos, Maria José foi o braço direito do marido. Era ela quem assegurava a escolha, a pesagem das plantas aromáticas e especiarias e

a qualidade final do licor, feito sempre segundo a receita original, do século XIX. “Enquanto Maria garantia o trabalho na fábrica, o marido pensava em novos negócios e novas formas, inovadoras e criativas, de levar mais longe o nome do Licor Beirão”, pode lerse num texto publicado na página online da marca intitulado “A Mãe do Beirão”. O casal teve três filhos: Maria Manuela Redondo, José Redondo e Suzana Maria Redondo, a mais nova, que não participa ativamente nos negócios da família, mas partilha com os irmãos o amor pelo Beirão. José Carranca Redondo morreu em 2005, dois anos depois da mulher.

Marketing O homem da beira que pôs o licor nas bocas do mundo 111 A história do Licor Beirão está intimamente ligada à do marketing em Portugal. José Carranca Redondo é por muitos considerado pioneiro nessa área. Fazia tudo o que podia para que todos conhecessem e falassem do seu licor. “Andava aos fins de semana com um escadote e um balde de cola a afixar cartazes que tinha mandado fazer na Litografia Coimbra”, conta José Redondo, no livro que assinala o centenário do nascimento do seu pai. O pai do Beirão era criativo e tinha um humor particular. Desse talento, surgiram vários outros neócios em áreas tão distintas como refrigerantes, brinquedos, fibra de vidro, sinalização rodoviária e produção de material de campismo. As primeiras emissões regulares de televisão em Portugal tiveram início em 1957 e, um ano depois, o Licor Beirão já era o segundo anunciante da RTP. Sabia onde era importante estar, mas era também um pouco rebelde, fora da caixa, dir-se-ia hoje.

Em 1960 José Redondo cria o icónico slogan “Licor Beirão – O licor de Portugal” e assume o papel de braço direito do pai na empresa e em todos os negócios da família. Mas um ano depois, a publicidade nas estradas é proibida em Portugal Carranca Redondo, inconformado, continua a colocar os seus anúncios. Desafia a ditatura e criou até um slogan que, contam, chegou a fa-

zer rir Salazar. “O Beirão de quem todos gostam”, anunciava. O marketing, a irreverência e a criatividade continuam a contar a história desta marca até aos dias de hoje e tudo indica que assim será no futuro. Em 2002, o Licor Beirão participa pela primeira vez na Queima das Fitas de Coimbra, e cria o Caipirão. Em 2012, a campanha “Soluções à Portuguesa”,

com Paulo Futre, é considerada a melhor campanha mundial desenvolvida em 2011, segundo a ICOM, uma das maiores redes de agências de publicidade do mundo. E quem é que não se lembra de Manuel João Vieira a perguntar “O que é que se bebe aqui?” e da “pimeira bebida da noite” com o humorista José Diogo Quintela?


86706

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 35


36 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Queijo da Serra da Estrela

Queijo Serra da Estrela A produção do queijo Serra da Estrela, uma das 7 Maravilhas da Gastronomia, encerra muitos segredos e tradições. O leite é de ovelhas que pastam livres, em terrenos verdejantes, em vez de serem alimentadas com ração. O sucesso da produção, que ocorre quase sempre no inverno, depende da temperatura das mãos das mulheres, tradicionalmente o fabricavam nas frias casas de granito típicas da região. A pandemia de covid-19 impediu a realização das tradicionais feiras do queijo, que se realizavam por altura do Carnaval. Mas os produtores não desistiram e os certames realizaram-se em formato online

um dos melhores queijos do mundo

1 1 1 Ao longo dos séculos, os pastos verdejantes fizeram da Serra da Estrela um lugar de excelência para a pastorícia. Foi neste ambiente, de vastos campos e riachos frescos, que as povoações serranas criaram o mais antigo e reconhecido queijo português, o queijo Serra da Estrela, muito apreciado, quer no nosso país quer no estrangeiro. De pasta amanteigada, ou seca, cor amarelada e sabor intenso, o queijo da Serra é feito exclusivamente com leite cru de ovelhas da raça Bordaleira, que é típica da Serra da Estrela e se distingue pela excelente produção de leite. O território do queijo Serra da Estrela, com pouco mais de 3.100 km2, abrange os concelhos de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia,

Manteigas, Oliveira do Hospital, Seia e algumas freguesias dos concelhos da Covilhã, Guarda, Trancoso, Arganil, Tábua, Penalva do Castelo, Carregal do Sal, Mangualde, Nelas, Aguiar da Beira, Tondela e Viseu. Respeito pelas tradições no fabrico do queijo Dizem os especialistas que para que o queijo Serra da Estrela atinja a qualidade desejada, deve ser feito sempre da mesma ordenha. Apesar das modernas queijarias, que hoje substituem as antigas cozinhas de granito, onde era produzido, o fabrico do queijo e os seus rituais continuam a respeitar a tradição, como há centenas de anos. E ainda há quem o produza em casa, no aconchego da sua cozinha.

números 129 603

quilos de queijo Serra da Estrela foram produzidos, em 2019

6,6% 3100

é a percentagem de produção de queijo Serra da Estrela DOP, na produção nacional de queijo

quilómetros quadrados é sensivelmente a área de produção de queijo da Serra DOP

Os pastores continuam a sair com o rebanho de manhã e regressam ao fim da tarde. O pastor deve escolher cuidadosamente o pasto das suas ovelhas, pois certas ervas dão mau gosto ao leite. E todos os dias, o pastor ordenha as ovelhas ao cair da noite. Mulheres e filhas fazem o queijo de acordo com as técnicas que as suas antecessoras lhes ensinaram. E um dos segredos, dizem, são as mãos frias. Quarto queijo com DOP mais produzido em Portugal De acordo com dados referentes a 2019, foram produzidos nesse ano cerca de 129.603 kg de Queijo Serra da Estrela DOP, tendo sido o quarto queijo DOP mais produzido em Portugal (cerca de 6,6% da produção nacional).


86755

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 37


38 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Mãos frias… leite, sal e cardo O melhor queijo é feito com mãos hábeis que devem estar bem frias

A flor de cardo, abundante na Serra da Estrela, é decisiva para a coalhada

Muitas das técnicas ancestrais de produção do queijo subsistem nos dias de hoje

111 A história do queijo da Serra está intimamente ligada à história das povoações serranas, dos pastores e da vida na montanha. O seu fabrico envolve, mais do que a simples técnica, o respeito pelas tradições ancestrais. Desde logo, a mão-deobra utilizada nas queijarias é, na sua maioria, de índole familiar. Os segredos vão passando das avós para as filhas e netas, numa tradição secular. Estas fabricam o queijo com carinho e um especial cuidado, o que o torna único.

Coalhar perfeito com flor de cardo O queijo Serra da Estrela distingue-se pela forma de produção da coalhada, que é feita, artesanalmente, com flor de cardo, planta nativa da região, entre os meses de novembro e maio. O moroso processo de maturação, em que o tempo e os cuidados das mãos hábeis dos queijeiros e das queijeiras transformam a massa rica do coalho do leite num queijo certificado, são ainda hoje o testemunho da riqueza dos saberes dos

homens e mulheres serranos. As mãos, dizem as queijeiras, devem estar sempre frias, desde o dessoramento até ao encinchamento, isto é, a colocação em recipientes próprios, os cinchos. Museu único mostra história do queijo da Serra É esta história e estas tradições que são mostradas num espaço único, o Museu do Queijo, situado na freguesia de Peraboa (Covilhã), que pretende homenagear todos os homens e mulheres que se

dedicaram à pastorícia. De dentro para fora, o Museu do Queijo pretende difundir as tradições, o brado dos campos férteis, o pastor, os rebanhos, a transumância. Permite ao visitante conhecer o processo de fabrico de um dos melhores queijos do mundo, apreciado e reconhecido internacionalmente. Numa área bruta de 634 metros quadrados, o Museu do Queijo tem dois trajetos paralelos – um museológico e um gastronómico – o que permite diferentes experiências

sensoriais aos visitantes. Quem for ao museu encontra, além da área de recepção/informação, várias salas temáticas, jogos interativos, jardim interior, a sala de degustação e a loja com diversas recriações de momentos que se vivem no campo, como a tosquia e a ordenha, entre outros. Conhecer e provar Através de um percurso real e multimédia, integrado num edif ício de ferro, madeira e pedra, reconstruído pelo Município da Covilhã, o visitante

pode conhecer o meio e o ambiente que envolvem a arte e o processo de fabrico artesanal do queijo da Serra, bem como as técnicas e os utensílios utilizados ao longo dos tempos para confecionar esta iguaria. O museu é também um belo local para degustar o excelente queijo que se produz na região. Neste espaço museológico é ainda possível conhecer as caraterísticas do Queijo de ovelha Kosher, produzido em Peraboa, segundo os preceitos da religião judaica.

a marca no mundo queijo da serra à distância de um clique 111 Com a criação do Parque Natural da Serra da Estrela, em 1978, foram criadas iniciativas de divulgação do queijo Serra da Estrela junto do grande público, entre elas, a realização de feiras-concurso. Habitualmente, estes certames realizavam-se durante a época do Carnaval, altura de grandes nevões na serra, o que contribuía para uma grande afluência de público.

datas

Com a pandemia de covid-19, a realização das feiras do queijo ficou prejudicada. Mas os organizadores não baixaram os braços, envolvendo as duas CIM – da Região de Coimbra e das Beiras e Serra da Estrela. Assim, a edição deste ano da Festa do Queijo Serra da Estrela, em Oliveira do Hospital, está a decorrer em formato digital durante um mês,

sÉc I

Columela, oficial romano, descreve há 2000 anos o fabrico do queijo , no primeiro tratado de agricultura conhecido

entre 13 de março e 13 de abri. A feira, pelo segundo ano consecutivo, é realizada pela plataforma Dott, disponível na página de internet da Câmara de Oliveira do Hospital: www.cm-oliveiradohospital.pt. Também as feiras do queijo da Serra da Estrela da área da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela são este ano “100% em formato di-

gital”, devido à pandemia de covid-19. Em vez de serem canceladas, foram, ou estão a decorrer, neste formato online as feiras de Seia, Gouveia, Celorico da Beira e Fornos de Algodres, e a Feira do Fumeiro dos Sabores e Artesanato do Nordeste da Beira (Trancoso). O queijo da Serra está assim à distância de um clique”, sublinha a Comuni-

sÉc XV sÉc xIx

Na Idade Média, coube a Gil Vicente render homenagem ao queijo Serra da Estrela

Os grandes trabalhos de investigação sobre este queijo começaram com Wenceslau da Silva, entre outros

dade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE). Desde 20 de fevereiro e até 21 de agosto, Gouveia realiza digitalmente a tradicional ExpoSerra – Feira de Atividades Económicas da Serra da Estrela na Dott, que contará com um mercado virtual de queijos. O município de Celorico da Beira realiza a sua Feira do Queijo Digital entre os

dias 28 de fevereiro e 28 de março, e faz promoção da loja online que, nesta fase, é dedicada em exclusivo ao queijo, mas irá evoluir para a promoção de outros produtos endógenos. A autarquia de Fornos de Algodres, ao longo de todo o mês de março, está a dar destaque aos Queijos DOP Serra da Estrela através da plataforma “O Bom Sabor da Serra”.

1996 2011

Foi classificado como O queijo Serra da Estrela produto de Denomina- foi eleito uma das 7 Mação de Origem Protegi- ravilhas da Gastronomia da (DOP)


86717

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 39


40 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Área da Saúde

Portugal está na cauda da Europa em muitos indicadores, mas não na área da saúde. E Coimbra, os seus hospitais, os seus centros de investigação e a sua universidade, têm sido palco de feitos pioneiros no país e no mundo, muito contribuindo para os sucessos do país neste setor. A saúde é uma marca em Coimbra e surge como um dos principais polos de desenvolvimento da região. Muitas vozes têm preconizado o desenvolvimento do cluster da saúde, como sendo um dos eixos fundamentais para a recuperação económica e social da região, mas, para avançar esse projeto, ainda há muito a fazer

Ao nível do melhor que se faz no mundo na saúde

Inaugurado em 1988, o novo hospital universitário é um dos maiores e mais importantes do país

111 Ao longo dos anos, desde a área da transplantação à microcirurgia, têm sido muitas, e decisivas, as intervenções inovadoras realizadas em Coimbra, que elevam a região ao nível do melhor que se faz no país e no mundo. Foi nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) que foi feito o primeiro transplante de um órgão abdominal em Portugal. Foi um transplante renal, feito em 1969 pelo cirurgião Linhares Furtado. Em Coimbra, Linhares Furtado foi também pioneiro nos transplantes renais com dador vivo, na transplantação do fígado, e nas suas diversas técnicas, e do pâncreas, e nos transplantes hepáticos pediátricos. Mais recentemente, em 2016, a Unidade de

datas 1969

primeiro transplante de um órgão abdominal (rim) em Portugal é feito em Coimbra, a 20 de julho

Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, liderada por Emanuel Furtado, realizou um autotransplante de f ígado, uma cirurgia inovadora e rara no mundo. Ainda nos HUC-CHUC, o cirurgião Manuel Antunes transformou o Centro de Cirurgia Cardiotorácica, do qual foi diretor durante 30 anos, no centro de transplantação cardíaca com maior atividade em Portugal. O centro era também o que efetuava o maior número de cirurgias cardíacas e pulmonares, com a realização de cerca de duas mil cirurgias por ano, com elevadas taxas de sucesso, semelhantes às dos melhores centros europeus e mundiais.

1992

Abel Nascimento reimplantou o órgão sexual a um jovem, num dos casos de automutilação mais conhecidos do país

números

8

é o número de hospitais que acabaram por ser fundidos com a criação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)

18

é o número de centros de referência, para todo o país, reconhecidos pelo Governo no CHUC

A 27 de outubro de 1997, nos HUC, uma equipa liderada por Abel Nascimento, especialista em cirurgia da mão e microcirurgia, implantou num jovem tetraplégico um revolucionário sistema que lhe permitiu recuperar os movimentos da mão e executar tarefas básicas, como comer, beber, pentear-se e trabalhar num computador. Anos antes, em1992, numa operação de 13 horas, Abel Nascimento reimplantou o órgão sexual a um jovem, num dos casos de automutilação mais conhecidos do país. O Hospital Geral (Covões), agora integrado no CHUC, foi também inovador nos implantes cocleares em crianças com surdez profunda e com menos de 4 anos, que lhes permitiam

1998 2003

o cardiologista Eduardo Castela foi pioneiro na criação de uma rede de telemedicina

Nos HUC, Manuel Antunes realiza o primeiro transplante cardíaco a 26 de novembro

ouvir. Foi um trabalho iniciado por Manuel Filipe Rodrigues e Fernando Rodrigues, e depois continuado com Luís Filipe Silva. No Hospital Pediátrico de Coimbra, o cardiologista Eduardo Castela foi pioneiro, a partir de 1998, na criação de uma rede de telemedicina aplicada a consultas de cardiologia pediátrica e fetal, a funcionar com hospitais da região de Coimbra e de Angola, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Espanha. Embora muito relevantes, estes são apenas alguns exemplos, e talvez os mais mediáticos, de um trabalho de excelência que é desenvolvido por um vasto conjunto de profissionais nas unidades de saúde e centros de investigação na região de Coimbra.

2011

é oficializado, a 2 de março, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)

2018

Coimbra recebe conferência intercalar da Cimeira Mundial de Saúde


86697

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 41


42 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

todos os pontos para um forte cluster na área da saúde Manuel Antunes, cirurgião cardiotorácico, iniciou a transplantação cardíaca, nos HUC, em 2003

Os hospitais de Coimbra têm sido pioneiros em várias técnicas da transplantação hepática

A Bluepharma é uma referência da indústria farmacêutica e acaba de anunciar um investimento de cerca de 200 milhões

111 Coimbra – cidade que o falecido António Arnaut, conhecido como o “pai” do Serviço Nacional de Saúde, escolheu para viver toda a sua vida – destaca-se no país pela qualidade e acessibilidade aos cuidados de saúde. Alicerçada na excelência do ensino das Ciências da Saúde, Coimbra realça-se no todo nacional como um polo privilegiado ao nível da prestação de cuidados de saúde e investigação biomédica. A capacidade instalada, a qualidade das estruturas físicas e humanas e as muitas unidades de prestação de cuidados de saúde e investigação clínica e científica fazem da cidade e da sua região um polo central no setor da saúde no país. Indústria de ponta A Região de Coimbra tem uma emergente in-

dústria de alta tecnologia e serviços especializados na área da saúde, não sendo alheio a este cenário o facto de Coimbra ter uma instituição como o Instituto Pedro Nunes, que criou uma das melhores incubadoras de empresas do mundo, e, em Cantanhede, o Biocant Park, parque científico dedicado à biotecnologia. Em 2011, uma reorganização dos hospitais criou, através da fusão de várias unidades, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. O CHUC abarcou assim oito unidades de saúde – o Centro Hospitalar de Coimbra, que integrava o Hospital Geral (Covões), o Hospital Pediátrico de Coimbra e a Maternidade Bissaya Barreto; a Maternidade Daniel de Matos; o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra, que já junta-

ra antes o Hospital Sobral Cid, o Hospital do Lorvão e o Centro Psiquiátrico de Arnes. Pela excelência dos cuidados de saúde que presta, à região e ao país, o CHUC, o maior centro hospitalar do país, tem, em várias áreas clínicas, 18 centros de referência reconhecidos no Serviço Nacional de Saúde. A estas unidades de saúde acresce o Centro Regional de Oncologia de Coimbra, um polo de vanguarda que tem em curso neste momento um amplo processo de renovação de instalações e equipamentos. A par dos serviços públicos, a Região de Coimbra dispõe também de uma notável rede de serviços de saúde privados, com destaque para o Hospital da Luz Coimbra, o Hospital CUF Coimbra e o Grupo Sanfil Medicina.

Ensino de excelência A estas unidades de saúde de excelência – complementadas pelas redes de cuidados de saúde primários e de cuidados continuados – acresce o facto de a Universidade de Coimbra ter a mais antiga Faculdade de Medicina do país e a Faculdade de Farmácia, ambas de reconhecido prestígio. Dos muitos centros e consórcios de investigação, ligados à Universidade de Coimbra e também ao Politécnico de Coimbra, destaque para o Ageing@Coimbra, a AIBILI - Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem e para o ICNAS – Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, estruturas pioneiras no país e no mundo em técnicas ligadas à imagem médica. O ICNAS é, de res-

to, um dos poucos centros de PET em Portugal que possui um ciclotrão (que produz os isótopos emissores de positrões) e uma unidade de radioquímica, disponibilizando já vários radiofármacos à comunidade. Na área do medicamento é obrigatório referir a Bluepharma, farmacêutica de Coimbra, que, a completar 20 anos, prepara-se para investir 200 milhões de euros em novas instalações, para ampliar a capacidade de produção de fármacos. Para breve, aguarda-se o início da construção da nova maternidade de Coimbra, em local ainda incerto, e do edif ício UC Biomed, que vai albergar o Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA), no Polo das Ciências da Saúde da Universidade de Coimbra. Neste local foi

também construído, além das novas faculdades de Medicina e de Farmácia, a sede do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, que a partir de Coimbra, então sob a tutela de Duarte Nuno Vieira, revolucionou os serviços médico-legais em Portugal e continua a liderar. Pela qualidade das estruturas e equipas que alberga, a saúde é uma marca em Coimbra e surge como um dos principais polos de desenvolvimento da região. Daí que, ao longo dos anos, as autoridades regionais e nacionais tenham preconizado o desenvolvimento de cluster da saúde, como sendo um dos eixos fundamentais para a recuperação económica e social da região. Contudo, muito continua por fazer para desenvolver este projeto de futuro.

a marca no mundo Coimbra foi Palco da cimeira mundial da saúde 1 1 1 Em 2018, o encontro regional da Cimeira Mundial da Saúde decorreu em Coimbra, no Convento São Francisco, e reuniu cerca de 700 peritos mundiais para discutir a saúde global dos países africanos. A conferência interna-

cional, que se realizou a 19 e 20 de abril, foi organizada pelo consórcio Universidade de Coimbra/Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que integra a Aliança M8. O evento de Coimbra foi dedicado ao tema

da Medicina de Fronteira, analisando diversas vertentes da prestação de cuidados de saúde em condições adversas, quer por se tratar de zonas subdesenvolvidas, quer por haver situações de guerra e pós-guerra, fluxos de refugiados,

alterações climáticas e pandemias. Aliança M8 Portugal está justamente representado desde outubro de 2015 na Aliança M8, considerada o G8 da saúde, pelo consórcio Centro Hospitalar e

Universitário de Coimbra (CHUC) e Universidade de Coimbra (UC), sendo uma das cinco academias da União Europeia com presença neste organismo. A Aliança M8 tem como missão a melhoria da saúde a nível global. Promove a investigação translacio-

nal, bem como a inovação na abordagem da prestação de cuidados, almejando o desenvolvimento de sistemas de saúde eficazes na prevenção da doença, o que permite dar escala e projeção mundial a projetos de inovação e investigação.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 43

83835

26-03-2021 | diário as beiras

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física Av. Conímbriga Estádio Universitário de Coimbra Pavilhão 3 | 3040-248 Coimbra Tel. 239 802 770 | E-mail: gap@fcdef.uc.pt www.fcdef.uc.pt


44 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Arroz Carolino do Baixo Mondego

O arroz carolino cultivado na região do Baixo Mondego é de grão longo e branco. Em termos climáticos, o Baixo Mondego, é uma região distinta de todas as outras produtoras de arroz, designadamente do Vale do Tejo e do Sado, havendo na fase de maturação do grão de arroz uma acentuada descida da Nas margens do rio, a produção de arroz domina a paisagem desde o séc. XVIII radiação global, tornando o processo mais constante e mais prolongado, designando-se por maturação lenta e específica do Arroz Carolino 111 Há um produto fundamentada na cultura do Baixo que se distingue na re- do milho e na criação de gião do Baixo Mondego: gado manadio”, escreveu Mondego o arroz. O Baixo Monde- a professora da Faculdade

Um arroz carolino único

go tem menor número de horas de luz, temperaturas médias mais amenas e amplitudes térmicas mais suaves, com uma humidade relativa do ar considerável e ainda uma menor radiação global. Estas caraterísticas influenciam a orizicultura (cultura de arroz) no Baixo Mondego . As caraterísticas climáticas desta região são responsáveis pela formação e maturação mais lenta do Arroz Carolino do Baixo Mondego, o que potencia os mecanismos fisiológicos associados à qualidade, designadamente a tendência para teores superiores de amilose, maior percentagem de grãos inteiros, pela formação de menos fissuras durante o final do ciclo da cultura ou seja na fase de maturação do grão. “A cultura do arroz veio alterar a economia de base agro-pastoril praticada na zona do Baixo Mondego,

de Letras da Universidade de Coimbra, Irene Vaquinhas, na obra “Saberes e Sabores do Arroz Carolino do Baixo Mondego”, publicada pela Associação dos Agricultores do Vale do Mondego. Na mesma obra, a autora destaca o potencial, a nível económico do arroz para região. “Desde a sua difusão, no século XIX, no Baixo Mondego, a cultura do arroz teve um papel preponderante no tecido económico da região, fazendo nascer e desenvolver a indústria do respetivo descasque”, escreve Irene Vaquinhas. A acompanhar a lampreia típica da região, dando origem ao afamado arroz de lampreia, servido como canja de arroz, que pode ser servida, por exemplo com bacalhau, ou como arroz doce, este produto singular do Baixo Mondego tem granjeado elogios a nível nacional e internacional,

números 7

a produção de arroz Carolino do Baixo Mondego é feita em pelo menos sete concelhos do distrito de Coimbra

18 90

Portugal é o maior consumidor de arroz na Europa, com um consumo per capita de 18kg/habitante/ano, kilos por hectare era o limite de produção de arroz carolino, através das sementes do tipo “Ariete” e “Teti” autorizado em 2019

sendo de destacar o facto de a Comissão Europeia ter acrescentado, em junho de 2015, o arroz carolino do Baixo Mondego à lista de produtos com Indicação Geográfica Protegida (IGP). Outros pratos que servem para fazer “crescer água na boca” são o arroz de pato do Mondego, o arroz de cricos (molusco bivalve também conhecido por berbigão), o arroz de azedos (enchido de aproveitamento também conhecido por farinheira) ou os bolinhos de arroz. O Baixo Mondego tem uma área que ronda os 2062 Km2 , dividindo-se em 8 concelhos: Coimbra, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Condeixaa-Nova, Figueira da Foz, Mira, Soure e Penacova . Na vertente de apoios comunitários o Baixo Mondego apresenta 10 municípios, somando assim dois aos 8 já referidos, Mealhada e Mortágua. Para efeitos estatísticos o Instituto Nacional de Estatística apenas considera os oito concelhos.


86644

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 45


46 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

produção acontece em pelo menos sete concelhos 1 1 1 A produção do Arroz Carolino do Baixo Mondego, desde a sementeira à colheita, tem lugar na área geográfica que está circunscrita às freguesias de Ançã, do concelho de Cantanhede; Ameal, Antuzede, Arzila, Ribeira de Frades, São João do Campo, S. Martinho do Bispo e Taveiro, do concelho de Coimbra; Anobra, do concelho de Condeixa-a-Nova; Alqueidão, Lavos, Paião, Borda do Campo, Maiorca, Ferreira-a-Nova, Santana e Vila Verde, do concelho da Figueira da Foz; Tentúgal, Meãs do Campo, Carapinheira, Montemor-o-Velho, Gatões, Abrunheira, Liceia, Verride, Ereira, Vila Nova da Barca, Pereira e Santo Varão, do concelho de Montemor-o-Velho; Louriçal, do concelho de Pombal; Alfarelos, Brunhós, Gesteira, Granja do Ulmeiro, Samuel, Soure, Vila Nova de Anços e Vinha da Rainha, do concelho de Soure. Entende-se por Arroz Ca-

rolino do Baixo Mondego a cariopse desencasulada da espécie Oryza sativa L., subespécie Japónica, de diversas variedades, como Aríete, EuroSis, Augusto, Vasco e Luna, que por ser cultivada na região do Baixo Mondego, depois de descascada, branqueada e com teor de humidade igual ou inferior a 13%. Desde a segunda metade do século XVIII, segundo a professora e historiadora, Irene Vaquinhas, que a produção de arroz na zona do Baixo Mondego se tornou num hábito e numa forma de sustento para as populações. Um dos municípios que faz questão de potenciar este ex-líbris é Montemor-o-Velho, concelho que este ano promove, até domingo, 28 de março, a 19.ª edição do Festival do Arroz e da Lampreia. Devido à pandemia o festival tem este ano uma marca forte online e todas as novidades podem ser acompanhadas em www. festivalarrozlampreia.pt.

Arroz de lampreia, canja de arroz, arroz de pato... e, claro, o afamado arroz doce do Baixo Mondego

Certificação potenciou arroz carolino do Baixo mondego além-fronteiras 1 1 1 O processo de certificação data de 2015, com Indicação Geográfica Protegida (IGP) pela Comissão Europeia, integrando o arroz carolino do Baixo Mondego numa lista que conta com mais de 1.200 produtos. O arroz “ganhou” ainda

datas

mais notoriedade alémfronteiras e, em 2018, a produção em Portugal representava, segundo dados da GlobalAgrimar, cerca de 6 por cento a nível mundial (o maior produtor era a China, com 27 por cento da produção). Cerca de 21 por cento do

arroz produzido em solo luso tinha origem no vale do Mondego e, embora concorra com o arroz carolino das Lezírias Ribatejanas, a qualidade do arroz carolino do Baixo Mondego continua a não ter par, sendo particularmente procurado e apreciado.

1804 1933-1944

Avelar Brotero, botânico, refere que “os terrenos pantanosos e Montemor-o-Velho eram dos mais antigos na produção de arroz”

Período em que “as áreas cultivadas [de arroz] quase duplicaram” na zona do Baixo Mondego

1990

De acordo com a dissertação de Carlos Silva ( 1995 ), área de produção passa de 54%, em 1950, para 61% em 6000 hectares

2003

Montemor-o-Velho realiza a primeira edição do Festival do Arroz e da Lampreia


86710

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 47


48 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Praias

O distrito de Coimbra e a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, que abrange mais dois concelhos para além do distrito conimbricense (Mealhada e Mortágua), tiveram, em 2020, 31 praias certificadas com a distinção internacional da bandeira azul – 13 praias oceânicas e 18 praias fluviais. Estes espaços, para além de potenciarem a economia dos concelhos em que estão inseridos são locais que atraem cada vez mais visitantes e que se distinguem por caraterísticas únicas

datas

Praia de Mira

praias que permitem um mergulho ímpar na região Centro 1 1 1 “Entre vales e montanhas guardam-se os segredos mais frescos do Centro de Portugal: as suas praias fluviais. O destino perfeito para um mergulho refrescante, uma manhã serena em família ou uma tarde repleta de diversão com amigos, as praias fluviais desta região combinam o melhor da natureza e bem-estar”. Assim apresenta, o Turismo Centro de Portugal, as prais fluviais da região Centro. No ano de 2020, foram 31 as praias localizadas no território da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra a ser certificadas com bandeira azul pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE). Figueira da Foz, com dez praias, e Pampilhosa da Serra, com quatro praias fluviais, lideram a lista entre os concelhos desta região. No território figueirense,

a bandeira azul foi atribuída a Buarcos, Cabo Mondego, Costa de Lavos, Cova Gala, Cova Gala-Hospital, Figueira da Foz-Relógio, Leirosa, Murtinheira, Quiaios e Tamargueira – todas praias costeiras. Na Pampilhosa da Serra, o “galardão” coube a Janeiro de Baixo, Pessegueiro, Praia de Pampilhosa da Serra e Santa Luzia. Reconquinho e Vimieiro (Penacova), Bogueira e Senhora da Piedade (Lousã), Louçainha (Penela), Côja, Peneda, Cascalheira-Secarias e Piódão (Arganil), Palheiros e Zorro (Coimbra) Alvôco das Várzeas e Avô (Oliveira do Hospital), Canaveias e Peneda (Góis) compõem a lista de praias fluviais com bandeira azul. Já entre as praias costeiras, o estatuto foi atribuído à Praia de Mira e Poço da Cruz (Mira) e à Praia da Tocha (Cantanhede). Destaque para a Praia de Mira, que recebeu a ban-

1986

primeira classificação da Praia de Mira, no concelho de Mira, com o galardão de Bandeira Azul atribuído pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), da Praia de Mira

deira azul pelo 34.º ano consecutivo. Após a confirmação da Bandeira Azul, o presidente do Turismo Centro

de Portugal, destacou a importância destas praias para toda a economia da região. “As zonas balneares do Centro de Portugal

números 31

Praias certificadas com o galardão de Bandeira Azul em 2020 nos concelhos da CIM Região de Coimbra

18 34

Praias fluviais certificadas com o galardão de Bandeira Azul em 2020 nos concelhos da CIM Região de Coimbra

é o número de anos que a Praia de Mira recebe a Bandeira Azul

1990

ano em que a Praia da Tocha, no concelho de Cantanhede, recebe a primeira distinção da Bandeira Azul da Europa

1997

ano em que foi criada no concelho de Coimbra a Praia Fluvial de Palheiros e Zorro, na freguesia de Torres do Mondego

são um importante trunfo da região. Num verão que vai ser seguramente diferente, devido às incidências da pandemia de covid-19, as praias do Centro de Portugal apresentam-se como uma excelente opção para quem quer evitar aglomerações de pessoas. As praias da faixa atlântica, de Ovar a Torres Vedras, são caracterizadas pelos grandes areais, onde há muito espaço para estender a toalha com distanciamento de segurança. No interior, há também de praias fluviais com águas cristalinas e onde o espaço também não é um obstáculo”, sublinha Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal. Entre os critérios definidos pelo programa Bandeira Azul destacam-se: informação e educação ambiental; qualidade da água; gestão ambiental e equipamentos e segurança e serviços.

2020

31 praias fluviais da CIM Região de Coimbra receberam a Bandeira Azul e 23 receberam a “Qualidade de Ouro” da Quercus


86765

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 49


50 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

recantos para descobrir que vão do interior ao litoral 111 Em Reconquinho (Penacova) a praia, que conta com diversos espaços de lazer, como campo de futebol, parque de merendas e infantil, bar, fluvioteca (uma biblioteca móvel que aqui estaciona nos meses mais quentes) e uma pista de pesca, ostenta Bandeira Azul desde 2013. Já em Penela, a praia fluvial de Louçainha alia a beleza natural, a água límpida e os equipamentos de apoio à relva onde pode estender a toalha à sombra. Na Lousã, a praia da Bogueira ocupa as margens do rio Ceira, junto à aldeia de Casal de Ermio. Além da Bandeira Azul, esta praia recebeu também a Medalha Qualidade de Ouro, atribuída pela Quercus. Há muita sombra disponível para quando o calor aperta mas também espaço para piqueniques, piscina fluvial para as crianças e um campo de jogos. Em Piódão (Arganil), uma represa instalada na ribeira oferece uma praia dotada de Bandeira Azul e Qualidade de Ouro. Banhada pelo rio Alva e pela ribeira de Pomares, a praia fluvial de Avô (Oliveira do Hospital) fica na vila com o mesmo nome e goza deste enquadramento natural. À sua volta, dois açudes oferecem um enquadramento peculiar que é complementado por uma piscina infantil ali-

Praia fluvial de Foz da Égua, no concelho de Arganil

mentada com água do rio, zonas de relva, balneários e passagens pedonais. Também no centro da vila de Góis, com vista para a ponte romana que ajuda ao bucólico cenário, a praia fluvial de Peneda aproveita as águas do rio Ceira que se dispõem a agradáveis mergulhos e também uma boa dose de diversão proporcionada pelas várias estruturas disponíveis. Praia de Mira Outra nota de destaque tem de ser dada à Praia de Mira, areal localizado no concelho de Mira. Trata-se da única zona

balnear do mundo a receber, sem interrupções, a Bandeira Azul em todas as edições do galardão internacional. Como tal, são 34 anos consecutivos que a Praia de Mira possui a Bandeira Azul hasteada. “É um orgulho e uma responsabilidade para nós, sobretudo nesta época de pandemia e desconfinamento”, disse o presidente da Câmara Municipal de Mira, à agência Lusa aquando da atribuição do galardão em 2020. “Vamos trabalhar para que tudo corra bem, mantendo a Praia de Mira e a Praia do Poço da Cruz como locais seguros de todos os pontos

de vista”, acrescentou na altura o autarca mirense, Raul Almeida. Distinções Se a atribuição internacional da Bandeira Azul é importante, também é de destacar a distinção “Qualidade de Ouro” atribuída pela Quercus. A região de Coimbra teve, em 2020, 23 praias com esta distinção. De acordo com a lista da associação ambientalista, destaca-se no distrito o concelho da Figueira da Foz que conta 10 praias galardoadas. São elas Buarcos, Cabedelo Sul, Cabo Mondego, Cos-

ta de Lavos, Cova Gala, Figueira da Foz, Leirosa, Murtinheira, Quiaios e, por fim, Tamargueira. O concelho de Cantanhede foi o segundo mais galardoado, com três praias “Qualidade de Ouro”: Olhos de Fervença, Palheirão e Tocha. Ainda nas praias costeiras, segue-se o concelho de Mira. A Praia de Mira e Poço da Cruz foram distinguidas. Passando às praias de interior, tanto o concelho de Arganil como o de Penacova têm duas zonas balneares com esta designação. Trata-se das praias fluviais do Piódão

e de Secarias-Peneda da Cascalheira assim como Reconquinho e Vimieiro, respetivamente. As restantes quatro são Palheiros e Zorro (Coimbra), Peneda/ Pego Escuro (Góis), Bogueira (Lousã) e Alvôco das Várzeas (Oliveira do Hospital). No interior merece também relevo a Rede de Praias Fluviais das Aldeias do Xisto. Com águas cristalinas, paisagens naturais ímpares, ar puro, frescura e tranquilidade, proporcionam um lazer e bem-estar únicos aos visitantes estas zonas balneares de rio destacam-se e são fator de crescimento económico para vários concelhos como Arganil, Góis, Lousã, Oliveira do Hospital ou Pampilhosa da Serra. No concelho de Coimbra, a praia fluvial de Palheiros e Zorro, na marquem esquerda do rio Mondego, na freguesia Torres do Mondego, possui um bar de apoio, um parque infantil e churrasqueiras. As condições têm sido melhoradas pelo município e o espaço é uma zona que atrai cada vez mais pessoas. “Calce as sandálias e traga a toalha – nos dias de mais calor, as praias fluviais do Centro de Portugal são o seu destino de eleição”, realça o Turismo do Centro de Portugal.

referências para os visitantes da região centro dO PAÍS 111 Desde 1986 que a Praia de Mira ostenta a Bandeira Azul e atualmente é uma estância balnear concorrida, com areias brancas e finas rodeadas por dunas e banhadas pela ondulação forte do Oceano Atlântico, que atrai muitos surfistas. Para lá das dunas, a Mata Nacional, onde o aroma a pinheiro predomina, esconde a Lagoa da Barrinha, com águas serenas, excelentes para a vela, canoagem ou windsurf. A praia da Tocha, no concelho de Cantanhede,

é muito popular pelo seu extenso areal e pela Mata Nacional (que se estende, a sul, até Quiaios). A praia também é frequentada por pescadores e os visitantes não vão estranhar a presença de pequenos barcos de pesca ao longo da praia. Um dos eternos encantos da Figueira da Foz é a “Praia da Claridade”, um vasto areal que, já desde os finais do séc. XIX, era o preferido da classe aristocrática. Num município que é referência em desportos como o surfe, Murtinhei-

ra, Cabo Mondego - Mina, Teimoso, Tamargueira, Molhe Norte, Cabedelo, Cova Gala, Costa de Lavos e Leirosa, são algumas das mais famosas praias figueirenses. “Na Figueira da Foz pode encontrar a onda direita mais comprida da Europa”, destaca a autarquia figueirense que, no verão de 2020 recebeu, no Cabedelo e na Murtinheira, a primeira prova de surfe, a nível mundial, após o confinamento provocado pela covid-19. No concelho de Olivei-

ra do Hospital, bafejado pela riqueza natural ímpar da Serra da Estrela, Alvôco das Várzeas, Avô, São Gião ou São Sebastião da Feira são algumas das praias fluviais que podem ser visitadas. O Centro de Portugal possui “tesouros” no que a praias fluviais diz respeito e, por exemplo, a praia fluvial de Reconquinho, em Penacova, que o canal National Geographic no seu site, distinguindo as fotografias à paisagem desta praia fluvial de bandeira azul,

“como uma das nove mais bonitas de Portugal, entre mais de cem praias de norte a sul de País”. A praia da Louçainha, em Penela, a praia da Bogueira, na aldeia de Casal de Ermio, no concelho da Lousã, banhada pelo rio Ceira, em Piódão, concelho de Arganil, em Peneda, no município de Góis, os visitantes podem desfrutar de conforto único em praias fluviais que são apostas fortes dos respetivos municípios para cativar os turistas portugueses e internacionais.

“Da costa ao interior, o Centro de Portugal está repleto de refúgios encantados nas paisagens mais deslumbrantes do País. Com águas cristalinas, jardins relvados, areais extensos e todas as instalações que precisa para passar uns dias confortáveis à beira-rio”, assegura o Turismo Centro de Portugal. É caso para dizer que o melhor é visitar e comprovar ao vivo os atributos das praias fluviais da região Centro de Portugal.


86766

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 51


52 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Fileira do papel

86393

Gigantes de papel com alicerces sólidos A indústria de celulose instalouse Figueira da Foz nos anos 60 de século passado, com a Celulose Billerud, por iniciativa da empresa sueca Billerud, associada à Companhia União Fabril, com a produção de pasta solúvel, destinada à fabricação de fibras têxteis. À atual Celbi (Grupo Altri) seguiuse a Soporcel (atual The Navigator Company), em 1984, com o arranque da fábrica de pasta de papel e papel. Atualmente, aquelas duas empresas são gigantes do setor, a nível mundial. Não só pela capacidade de produção, mas, também, pela qualidade e inovação aplicadas aos seus produtos. Por outro lado, são os principais clientes do Porto da Figueira da Foz

Preços do setor do papel nos mercados internacionais já recuperaram


Marcas que marcaram a região centro | especial | 53

26-03-2021 | diário as beiras

Papel da Navigator é reconhecido em todo o mundo

pacto em termos da capacidade de produção da empresa. O fator que mais impacta a nossa atividade é a cotação da pasta de papel nos mercados internacionais. Após um largo período de quebra de preços, nos últimos meses, tem-se assistido a um movimento de subida dos preços”, afiançou a Altri a esta reportagem do DIÁRIO AS BEIRAS. “A procura global de vendas de papel de impressão e escrita caiu cerca de 13 por cento, uma queda inferior à dos restantes segmentos de papéis de impressão e escrita, já que a procura

de papel revestido se terá reduzido em 17 por cento e os papéis mecânicos em 20 por cento. Depois dos meses de abril e maio terem sido particularmente adversos, verificou-se uma recuperação gradual da procura de papel a partir do mês de junho, uma tendência que, com a reabertura das economias, se veio a confirmar ao longo do terceiro e do quarto trimestres, em particular nos mercados da Europa”, frisou, por seu lado, a The Navigator Company. A crise pandémica alterou a procura e os hábitos dos consumidores e, por conse-

quência, os mercados. “Esta crise tem naturalmente efeitos muito nefastos em diversas áreas, mas também tem fatores positivos, introduzindo alguma eficiência na gestão do tempo, nomeadamente evitando deslocações e contribuindo para uma digitalização de determinadas funções. No caso das atividades industriais e florestais, elas decorrem maioritariamente no espaço físico, pelo que não é possível realizar as tarefas de forma remota. Em termos de consumo, não se antecipam grandes alterações, no que diz respeito à nossa atividade”, sustentou

particularmente relevante, devido à forte redução de turistas na Península Ibérica, onde o Grupo coloca a maior parte das suas vendas para este segmento”. Quais são as expetativas para a retoma? A resposta para esta pergunta terá de ser “dada” pela evolução da pandemia e os seus efeitos na economia. Para já, e porque as incertezas ainda são muitas, os mercados estão expectantes em relação ao futuro próximo, deixando na gaveta, por tempo indeterminado, os manuais de gestão que projetam as estratégias empresariais para o curto e médio prazos.

a empresa Altri. Segundo a The Navigator Company, “esta área de negócio foi capaz de reagir positivamente à oportunidade proporcionada pelo pico de procura provocado pela covid-19 nos produtos do segmento At Home”. O que “permitiu compensar a queda verificada no segmento Away from Home, uma vez que estes produtos se dirigem, em grande parte”, aos hotéis, restaurantes, cafés empresas, “ambos largamente afetados com as medidas de confinamento”, a partir de meados de março de 2020. “Durante o verão, este impacto foi

85230

111 A pandemia atingiu muitos setores de atividade. A fileira do papel, no que ao preço diz respeito, também foi afetada, mas os mercados recuperaram e os produtos voltaram a ser transacionados em alta. Por outro lado, alterou a abordagem da segurança e medicina do trabalho, com a adoção de novas medidas, destinadas a proteger os trabalhadores da infeção por covid-19. “Tendo em conta que mantivemos as operações de forma continuada, além da adoção das medidas de prevenção e controlo, a pandemia não teve im-

Desde 2006, a Altri já investiu na fábrica da Celbi cerca de 640 milhões de euros

WWW.CAPA-ADVOGADOS.COM

ÁREAS:

ÁREAS:

ÁREAS:

Arbitragem

Arbitragem Família e Sucessões Contencioso

Contencioso

Direito Fiscal

Comercial e Sociedades Contratos

Comercial e Sociedades

Direito Penal e

Contratos Contra-Ordenacional Desporto

Direito Público

Desporto WWW.CAPA-ADVOGADOS.COM

WWW.CAPA-ADVOGADOS.COM

VOGADOS.COM

ÁREAS:

SÓCIOS: 7

Arbitragem

Família e Sucessões

Contencioso

Direito Fiscal

Comercial e Sociedades Direito Penal eFamília Arbitragem Família e Sucessões Direito Bancário Direito Bancário Contra-Ordenacional Contratos Direito Fiscal Reestruturações e Contencioso Direito Público DesportoReestruturações e Direito Insolvências Direito Penal e Insolvências Comercial e Sociedades Direito Contra-Ordenacional Direito da Saúde

Direito da Saúde

Direito Público Contratos

Direito do Trabalho

SÓCIOS: 7 Desporto

WWW.CAPA-ADVOGADOS.COM

ADOS, RL teus Ferreira e Associados - Sociedade de Advogados, RL

e

Reestrut Insolvên Sucessõe

Direito d

Fiscal Direito d

Penal e Contra-Ordenacio Direito do Trabalho

Direito Público 20 ADVOGADOS E COLABORADORES:

ADVOGADOS E COLABORADORES: 20

CAPA - SOCIEDADE DE ADVOGADOS, RL SÓCIOS: 7 Pereira, Mateus Ferreira e Associados ADVOGADOS Castanheira, Almeida, - SociedadeEdeCOLABORADORES: Advogados, RL

CAPA - SOCIEDADE DE ADVOGADOS, RL Castanheira, Almeida, Pereira, Mateus Ferreira e Associados - Sociedade de Advogados, RL

Direito B

ARNADO BUSINESS CENTER - Rua João de Ruão, n.º 12. 1.º andar, Esc. 5 e | FAX 239 842 732 | E-MAIL geral@capa-

20 TEL 239 842 730 - 239 842 731

SÓCIOS: 7

ADVOGADOS E C

ARNADO BUSINESS CENTER - Rua João de Ruão, n.º 12. 1.º andar, Esc. 5 e 6 - 3000-229 Coimbra TEL 239 842 730 - 239 842 731 | FAX 239 842 732 | E-MAIL geral@capa-advogados.com

ARNADO BUSINESS CENTER - Rua João de Ruão, n.º 12. 1.º andar, Esc. 5 e 6 - 3000-229 Coimbra TEL 239 842 730 - 239 842 731 | FAX 239 842 732 | E-MAIL geral@capa-advogados.com

CAPA - SOCIEDADE DE ADVOGADOS, RL

ARNADO BUSINESS CENTER - Rua João de R


54 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Segurança e competitividade

86672

111 A segurança sanitária dos trabalhadores foi reforçada coma chegada da pandemia. A “Altri adotou todas as recomendações das autoridades, no sentido de garantir a segurança das suas pessoas e a continuidade das suas atividades”, afirma o grupo empresarial ao DIÁRIO AS BEIRAS, ao qual pertence a Celbi, instalada desde finais os anos 60 de século passado na Figueira da Foz. “A empresa implementou, também, desde cedo, uma estratégia de testagem, de modo a diminuir as probabilidades de contágio nas suas unidades. Fruto da implementação dessa estratégia, a empresa continuou a laborar em contínuo, abastecendo o mercado de pasta de papel, que está na base de produtos como guardanapos, fraldas, papel higiénico, embalagens, etc., contribuindo para que não se registassem falhas nas cadeias de abastecimento, que teriam um

enorme impacto no dia a dia dos consumidores, nomeadamente europeus”, acrescenta a Altri. Uma das consequências da pandemia foi a subida do desemprego, que, contudo, não foi tão acentuada como, no ano passado, se previa, mas, este ano, já apresenta sinais preocupantes. “A Celbi mantem o mesmo nível de emprego que tinha antes da pandemia e a prestação de serviços por empresas externas nas nossas instalações industriais é idêntico”, garante a empresa. Se o desemprego não atingiu o setor do papel, já o estado da barra da Figueira da Foz é encarado como um problema. Por outro lado, com a chagada da pandemia, subiram os preços dos transportes marítimos de mercadorias, podendo afetar a competitividade das empresas. “A Altri faz uma utilização bastante intensa do transporte marítimo e o que desejamos, porque

números 640

milhões de euros valor aproximado dos investimentos na Celbi desde 2006

40

milhões de euros investimento na eficiência produtiva e na inovação da Celbi

154

milhões de euros plano de investimentos da The Navigator Company para a redução das emissões de CO2 até 2035

55

milhões de euros já foram investidos pela The Navigator Company, em 2019 e 2020, na eficiência ambiental

é um dos meios ambientalmente menos impactantes, é que se apresente como competitivo face a alternativas rodoviárias. É uma situação que acompanhamos muito de perto e, em cada momento, analisamos a competitividade das diversas opções de que a companhia dispõe para colocar o seu produto junto dos seus clientes”, elucidou o grupo empresarial. Acerca da acessibilidade ao porto, a Altri frisa que “a Celbi é uma das empresas que mais contribui para a dinamização do Porto da Figueira da Foz”, sendo por ela “privilegiado”. “Mas é importante que sejam garantidas as melhores condições para que possamos continuar e até a reforçar a sua utilização”, ressalva. A Celbi e a The Navigator Company são os principais utilizadores da infraestrutura portuária, já que a quase totalidade da produção destina-se ao mercado externo.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 55

26-03-2021 | diário as beiras

Investimentos na eficiência energética e na inovação 111 As unidades industriais do setor do papel instaladas na Figueira da Foz são dois colossos também nos investimentos, além do estatuto de relevantes atores no cenário internacional. Nos últimos anos, ambas têm apostado na modernização, na inovação e na eficiência energética (através da produção de eletricidade tendo como matéria-pri-

ma a biomassa sobrante da atividade). Por outro lado, são dois gigantes florestais, cujas propriedades são geridas de forma exemplar. Desde 2005 e até 2017, ano em que a Altri adquiriu a Celbi aos suecos, foram investidos mais de 600 milhões de euros na ampliação e modernização da unidade industrial. Em 2017, numa cerimónia

datas 1953

1984

86676

Início de atividade da Companhia Portuguesa de Celulose em Cacia, com a produção de pasta crua de pinho, num projeto liderado por Manuel Santos Mendonça

Início da atividade da Soporcel - Sociedade Portuguesa de Papel S.A., com o arranque da fábrica de pasta da Figueira da Foz

presidida pelo primeiroministro, António Costa, foram anunciados mais 40 milhões de investimentos na Celbi, destinados à eficiência produtiva e à inovação, colocando a segunda maior unidade de produção de pasta de papel da Europa na vanguarda mundial, com um inovador sistema de descasque e destroçamento de madeira, lavagem e

2019

A The Navigator Company foi a primeira empresa portuguesa, e uma das primeiras do mundo, a assumir a meta de atingir a neutralidade carbónica em todas as suas unidades fabris

branqueamento. Por sua vez, a The Navigator Company realça a nova caldeira de biomassa da Figueira da Foz, “um investimento que representa o mais relevante passo do roteiro de descarbonização”. Frisa, por outro lado, que, em 2019, foi “a primeira empresa portuguesa, e uma das primeiras a nível mundial, a assumir a meta de atingir a neutrali-

1962

A empresa sueca Billerud AB inicia as atividades florestais em Portugal

dade carbónica em todas as suas unidades fabris”. “Esta estratégia”, acrescenta a The Navigator Company, “permite atingir, já este ano, cerca de 32 por cento dos 86 por cento de redução das emissões de CO2 ambicionada até 2035, contempla um conjunto de investimentos no valor de 154 milhões de euros”. Destes, realça, 55 já foram realizados, nos anos

1968

Arranque da Billerud, na Figueira da Foz, com a produção de pasta solúvel, destinada à fabricação de fibras têxteis, que seria ajustada para a pasta papeleira

de 2019 e 2020. A The Navigator Company tem outros objetivos. Um deles é o de que 100 por da produção de energia elétrica seja feita a partir de fontes renováveis, para que possa “reduzir as emissões de CO2 de origem fóssil com recurso a novas tecnologias” e “reduzir em 15 por cento o consumo específico de energia até 2025”.

2006

Grupo Altri anuncia ter celebrado um contrato promessa conducente à aquisição de 100 por cento dos direitos de voto da Celbi, negócio concluído nesse mesmo ano


56 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Porto da Figueira da Foz

Navegando sobre crises e marés

86645

86394

O Porto Comercial da Figueira da Foz mantevese na rota de crescimento até dezembro do ano passado, contrariando esta e outras vagas de crise. Era uma trajetória ascendente que começou em 2006, quando atingiu um movimento anual de um milhão de toneladas de cargas movimentadas. Todavia, o crescimento está comprometido pelo calado, que já é curto e tem demasiada areia, face ao tamanho, cada vez maior, dos cargueiros que utilizam a infraestrutura portuária. No entanto, há muito reclamado, o concurso público para as obras de aprofundamento do canal deverá ser lançado este ano, com um orçamento partilhado entre o setor público e o privado

planos, estudos e obras para o Porto Comercial da Figueira da Foz 111 O Governo tem reiterado vontade em resolver os problemas que afetam os portos comercial e de pesca da Figueira da Foz, mas as obras tardam e começar. Neste momento, estão a decorrer estudos para a transferência de areia, de norte para sul da foz, que também deverá atenuar a situação da barra. As obras de aprofundamento da barra, do canal de navegação interior e da bacia de manobras já deviam estar a decorrer, mas o Governo reorientou as verbas para o esforço financeiro de combate à pandemia. A Administração do Porto da Figueira da Foz, porém, acredita que o concurso público será lançado este ano. Entretanto, a Comunidade Portuária da Figueira da Foz (CPFF) aguarda por um plano e uma empreitada. “Estamos certos que a atual administração do porto nos apresentará um plano para ultrapassarmos o inverno de

2021/2022. Depois disto, é fundamental que o célebre projeto do “shot” da praia da Figueira, que prevê dragar três milhões de metros cúbicos de areia, transferindo-a para as praias a sul, nos trará mais um longo período de estabilidade da atual acessibilidade marítima, mas é necessário que este projeto seja levado a cabo o quanto antes”, defendeu o presidente, Hermano Sousa. Cais na margem sul Quanto à transferência dos três milhões de metros cúbicos, só daqui a dois anos será possível iniciar o mega “shot”, afiançou, recentemente, o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, José Pimenta Machado. “Em paralelo, temos o projeto de melhoria de acessibilidade marítima, que nos permitirá receber navios com oito metros de calado, abrindo um leque de possibilidades de desenvolvimento para o

nosso porto, que trará oportunidades para a nossa região, nomeadamente em termos de atração de investimento, sobretudo industrial”, frisou Hermano Sousa. A construção de um cais comercial na margem sul é um antigo objetivo dos utilizadores do porto instalados naquele lado da foz, onde se encontram os principais clientes e a zona industrial. Na segunda fase das obras de aprofundamento do canal, advogou Hermano Sousa, poder-se-á “antecipar a necessidade do porto se expandir, ligando diretamente com a zona de expansão industrial da margem sul”. As futuras obras têm “praticamente” garantido um cofinanciamento de 50 por cento do financiamento, entre a administração portuária e os operadores Operfoz e Yilport. “Falta garantir a componente externa, que inicialmente viria do programa COMPETE 2020”, ressalvou Hermano Sousa.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 57

26-03-2021 | diário as beiras

Pedro Agostinho Cruz

Objetivo da Administração do Porto é garantir o acesso de navios com 140 metros de comprimento e 7,5 metros de calado

investimentos de 23

milhões de euros até 2023 nológica, a consolidação da Janela Única Logística, que foi implementada em março de 2020, a sustentabilidade ambiental e a transição energética são algumas das metas para o triénio 2021 - 2023, cujo investimento total estimado ascende a 22,6 milhões de euros”, adiantou Fátima Alves. “No âmbito estratégico, destaca-se o projeto de melhoria das acessibilidades marítimas e infraestruturas, que abrange o aprofundamento da barra, o canal de navegação e a bacia de manobra, num

investimento total de 18,2 milhões de euros, em 2021 e 2022, de extrema relevância no âmbito do desenvolvimento do negócio portuário e do aumento da capacidade exportadora das empresas sede na região”, defendeu a administradora da APFF. Fátima Alves acrescentou que “a realização desta importante obra permitirá ao Porto da Figueira da Foz o aumento da dimensão máxima dos navios para 140 metros de comprimento e 7,5 m de calado, o crescimento do tráfego portuário para três milhões de

toneladas e a diversificação de mercadorias e mercados internacionais”. Por outro lado, salientou ainda Fátima Alves, “os investimentos estratégicos previstos, mormente os relacionados com a melhoria das acessibilidades marítimas e infraestruturas do porto, só são possíveis face ao empenho e envolvimento dos operadores portuários e da Comunidade Portuária do Porto da Figueira da Foz, com o claro benefício para todo o tecido industrial da Região Centro”. Noutros patamares de

investimentos igualmente prioritários, encontram-se a conetividade digital e um “roadmap” para a transição energética. No âmbito da transição energética, avançou a presidente do conselho de administração da APFF, “serão implementadas medidas no sentido de reduzir, por um lado, a fatura energética e, por outro, acelerar a pegada ecológica, pelo que se impõe a modernização dos equipamentos de iluminação pública, substituindoos por tecnologia LED”. Está, ainda, previsto no plano de investimentos a

reabilitação das infraestruturas portuárias - repavimentação do cais comercial - , representando um investimento de cerca de 200 mil euros. A estes, acrescenta-se a reabilitação das infraestruturas da marina de recreio, “o reforço das condições de “Safety and Security”, a melhoria contínua e reforço da segurança dos sistemas de informação, bem como a integração nas cadeias logísticas, integram, entre outras, o elenco das medidas a desencadear para o triénio”, vincou ainda Fátima Alves.

86731

86711

111 A Administração do Porto da Figueira da Foz (APFF), empresa que gere a zona portuária, tem como desafio principal investir na melhoria das condições de navegabilidade e aumento da capacidade do movimento de cargas, através do aprofundamento da barra, do canal interior e da bacia de manobras. O destaque é dado pela presidente do conselho de administração, Fátima Alves, ao qual acrescenta outros argumentos. “O aprofundamento do canal da barra, a aceleração e modernização tec-


58 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

“Ano extraordinário” em tempos de confinamento 1 1 1 O ano passado, marcado pela crise pandémica, foi de crescimento no porto da Figueira da Foz. Caso raro, nível nacional. O presidente da Comunidade Portuária da Figueira da Foz (CPFF), Hermano Sousa, assinala que, durante 2020, o desempenho do porto comercial foi “absolutamente extraordinário”. Aliás, acrescentou, “foi o porto que mais cresceu em Portugal, registando um aumento de 1,6 por cento face ao ano

números 21,03%

anterior, “num contexto muito adverso” para o movimento portuário nacional. Em 2020, reforçou Hermano Sousa, o movimento portuário nacional “caiu cerca de seis por cento”, o que “determinou quedas em todos os portos, com exceção na Figueira e Sines”. De resto, enfatizou ainda, este desempenho não se limita a 2020, já que, nos últimos cinco anos, o porto tem mantido movimentos próximos dos dois milhões de tonela-

datas 2006

diminuição do movimento de cargas em janeiro e Ano em que, pela fevereiro deste ano primeira vez, o movimento de cargas atingiu um milhão de toneladas aumento da carga movimentada em 2020

4,52%

3,06%

2011

Ano em que o Porto da Figueira da Foz chegou aos dois milhões de toneladas

2021

Pela primeira vez em vários anos, o movimento de mercadorias diminui, devido à crise pandémica e ao assoreamento da barra

tar fortemente a atividade, sobretudo durante os meses de fevereiro e dezembro”, vincou Hermano Sousa. A agitação marítima, aliada ao assoreamento, tem condicionado ou fechado a barra, durante demasiados dias. “Temos convivido regularmente com episódios de condicionamento da acessibilidade marítima ao porto, mas o registado no inverno de 2020/2021 foi o mais grave desde que foi concluída a obra do molhe norte”, afir-

2016

Ano em que, a nível nacional, o movimento portuário começou a cair... o que não aconteceu na Figueira da Foz

mou Hermano Sousa. “Tivemos de conviver com cinco metros de calado (contra os 6,5 metros oficiais), com graves prejuízos para todos os stakeholders do porto. Ti v e m o s u m i nv e r n o marítimo bastante rigoroso, mas parece consensual que o maior contributo para a situação atual reside no facto de não haver capacidade de retenção de areia a norte (praia), que acaba por acumular-se à entrada da barra”, sustentou o presidente da CPFF.

2020

Apesar da pandemia, o porto registou um crescimento, proeza alcançada apenas pelo porto de Sines

2021 - 2023

Neste triénio, segundo a administração portuária, deverão ser investidos cerca de 23 milhões de euros nas condições de navegabilidade

86340

86376

aumento do número de navios em 2020

das, apesar do contexto do movimento portuário nacional, que registou uma queda de 12 milhões de toneladas (13 por cento), entre 2016 e 2020. Se o canal de navegação permitisse receber navios maiores, os números seriam outros, isto é, ainda mais favoráveis, como corrobora o presidente da CPFF. “Obviamente que o nosso desempenho poderia ter sido ainda melhor em 2020, não fora o assoreamento da barra, que viria a impac-

JP

TEl.: (+351) 233 422 612 | Tlm.: (+351) 966 796 482 |Fax: (+351) 233 428 089

JP

João Pinheiro

Declarante Aduaneiro

João Pinheiro

& FILHOS L.DA

Rua da Alfândega, 22 3080 Figueira da Foz

joaopinheirofilhosffoz@gmail.com joaopinheirofilhos@sapo.pt

& FILHOS L.DA


Marcas que marcaram a região centro | especial | 59 86716

26-03-2021 | diário as beiras

SEMPRE A INVESTIR

NA EXPANSÃO DE PME PORTUGUESAS

SOCIEDADE DE CAPITAL DE RISCO INDEPENDENTE

BASE SÓLIDA DE INVESTIDORES

ATIVIDADE SUPERVISIONADA PELA CMVMV

8 FUNDOS SOB GESTÃO

32 PARTICIPADAS EM DIFERENTES SETORES

€ 511 MILHÕES DE CAPITAL ANGARIADO

FUNDADA EM 2009

Mudámos de nome mas continuamos os mesmos: parceiros de capital das empresas portuguesas.


60 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Água de Luso

86514

A história começa em 1726, mas foi preciso chegar a 1852 para, por iniciativa de Francisco da Fonseca Henriques, ser fundada a “Sociedade para o Melhoramento dos Banhos de Luso”. De então para cá, a marca tem feito parte do diaa-dia dos portugueses, renovando e reforçando a gama de produtos à disposição. Ao mesmo tempo, a Água de Luso soma prémios nacionais e internacionais, continuando um percurso sólido, com permanente aposta na inovação

Água de Luso: a “correr” de Em 2019, a produção da Água do Luso passou a deter a certificação ISO 1401:2015, que atesta o respeito pelas melhores práticas ambientais


Marcas que marcaram a região centro | especial | 61 86598

26-03-2021 | diário as beiras

esde 1852 111 Corria o ano de 1726, quando é noticiada no “Aquilégio Medicinal” (1º. inventário das águas minerais portuguesas), da autoria do Francisco da Fonseca Henriques, a existência de um “(...) olho de agoa quente, a que chamam o Banho ...”. Começava aqui a história da Água de Luso, produto há muito presente na vida dos portugueses, tantas a vezes que saciou a sede. Apesar do aproveitamento terapêutico do “banho” se verificar quase 50 anos depois, já então Francisco da Fonseca Henriques se refere ao olho de água quente Luso como sendo uma água terapêutica, com poderes medicinais. É assim que a 25 de agosto de 1852, por sua iniciativa é fundada a “Sociedade para o Melhoramento dos Banhos de Luso”. O alvará de concessão nº 112 de 17/05/1894 para a exploração das águas termais é depois entregue, permitindo a primeira venda da Água Termal de Luso e, em 1903, Charles Lepierre realiza pela, primeira vez, uma análise bacteriológica classifica-a de “água muitíssimo pura” ou puríssima. Uma dúzia de anos depois, e já conquistados alguns prémios (ver texto nas páginas seguinte), as vendas de Água Termal de Luso ultrapassam o milhão de litros, com a “Sociedade para o melhoramento dos banhos de Luso” a dar lugar à Sociedade da Água de Luso, SARL em 1916.

Logótipo 111 Apenas em 1938 (a 10 de Julho) é feito o primeiro registo de marca do atual logótipo da empresa, então inspirado na escultura do mestre João da Silva, simbolizando a menina pureza. O início da década de 70 do século passado marca a entrada da Central de Cervejas, SA entra no capital da empresa, tornando-se acionista maioritário, com a década seguinte a trazer a público uma série de novos produtos e embalagens (ver texto nas páginas seguintes). Primeira empresa certificada de águas em Portugal (1995), em 2000 a Água de Luso recebe a licença para o uso de marca produto certificado, tornandose a primeira marca de águas com esta certificação de produto. Mais recentemente, em 2019, a certificação ISO 14001:2015, atesta à marca as melhores práticas ambientais, reflexo do compromisso da Água de Luso na sustentabilidade, desde a preservação e conservação da natureza e da biodiversidade na Serra do Buçaco, protegendo e valorizando o património hídrico e natural do Luso, onde nasce a água mineral natural de Luso, ao ciclo de engarrafamento e distribuição.


62 | especial | Marcas que marcaram a região centro

Prémios e distinções

86653

111 A história de prémios da marca leva já mais de um século e começa em 1913, com a atribuição à Água Termal de Luso de uma medalha de ouro na exposição de águas minerais naturais em Madrid. Entre 2006 e 2020, a Água Mineral Natural de Luso recebe consecutivamente a Grande Medalha de Ouro no concurso do Monde Selection, sendo que, ainda no ano passado, a Água de Luso venceu no prémio “Marcas de Confiança” na categoria de águas de mesa pela décima primeira vez consecutiva.

26-03-2021 | diário as beiras


26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 63

Novos produtos e embalagens

86624

1 1 1 A inovação tem acompanhado o percurso da marca ao longo dos anos. As embalagens foram evoluindo com os tempos e, em 1981, é lançada no mercado a garrafa de PVC (policarbonato de vinil) de 1,5 litros de tara perdida, alternativa ao tradicional vidro, ultrapassando todas as previsões de vendas. Dois anos mais tarde, aparece o novo garrafão de cinco litros Luso Makrolon de tara retornável, leve, resistente e de avanço tecnológico, igualmente em alternativa ao vidro, num ano em que as vendas Luso ultrapassaram os 100 milhões de litros. Em 1989, surge a garrafa PVC de 0,33 litros da Água Mineral de Luso, com a marca a ser eleita em 2001 pela

Life Style Europe como a “Melhor Água do Ano”. No ano seguinte – por altura do 150.º aniversário da SAL -, é lançada no mercado a garrafa Luso Júnior, seguindo-se, em 2005, a Luso Fresh, Água de Luso com gás com sabores, produto reforçado no ano seguinte com dois novos sabores. A Formas Luso é comercializada a partir de 2006, com a marca a apresentar novos produtos no ano de 2011: Luso Fruta, Frutos Vermelhos, Luso Fruta Limão e, posteriormente, Luso Fruta Goiaba e Toranja, Luso Fruta Melancia e Luso Fruta Maçã. A gama infantil de Luso Fruta aparece em 2017 e, por último, no ano passado, foi criada a Luso Fruta de Pera Bio.

números 1 000 000 litros vendidos em 1915

100 000 000

Com o aparecimento do novo garrafão de cinco litros Luso Makrolon, em 1983, as vendas ultrapassaram nesse ano os 100 milhões de litros

datas

1894

É vendida, pela primeira vez, a Água Termal de Luso, depois de concedido o alvará nº 112 de 17/05/1894 para a exploração das águas termais pela Sociedade para o Melhoramento dos Banhos de Luso

1916

A Sociedade Para o Melhoramento dos Banhos de Luso dá lugar à Sociedade da Água de Luso, SARL

1970

A Central de Cervejas, SA entra no capital da empresa, tornando-se acionista maioritário


64 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Concentração Motard de Góis

86525

Fevereiro de 1991. Um grupo de amantes das motos decide juntarse e criar o Góis Moto Clube (GMC). Os anos passaram, com atividade desenvolvida em várias áreas, consolidando o clube a nível regional e nacional. A Concentração de Góis é uma das faces mais visíveis do trabalho desenvolvido, juntando, ano após ano, com exceção de 2020 (devido à pandemia), milhares de adeptos das duas rodas. Mas não se esgotam aqui as iniciativas do GMC, que mantém a parte competitiva aliada a uma política de crescimento, com novas modalidades

concentração motard sempre a crescer Este ano de 2021, se houver condições para tal, a concentração vai comemorar 30 anos da criação do Góis Moto Clube

1 1 1 Em fevereiro de 1991, um grupo de amigos e adeptos do motociclismo decide formar o Góis Moto Clube (GMC), formalizado meses depois (em outubro desse ano) através de escritura pública no Cartório Notarial de Góis. Estava dado o primeiro de muitos “quilómetros” de

atividade de um clube que ganhou relevo no contexto regional e nacional. O passo seguinte do GMC foi a filiação na Federação Nacional de Motociclismo, o que aconteceu também com rapidez, logo em novembro, habilitando assim o clube a participar no Troféu Nacional de Todo-o-Terreno, com

o “Raide a Góis”, ainda hoje reconhecido com uma das mais duras competições do campeonato nacional. Decorria o ano de 1993, e o GMC decide organizar a 1.ª Concentração de Góis. Então, foram cerca de 150 os motociclistas presentes, mas o número cresceu ano após ano, chegando às dezenas de

milhar em edições seguinte, colocando a concentração no lote das maiores do panorama português. Em 2004, o clube organiza o 2.º enduro “Góis-Paraíso Todo-o-Terreno”, pontuável para o campeonato nacional e que contou com a presença recorde de 180 pilotos.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 65 86738

26-03-2021 | diário as beiras

Ainda no motociclismo de competição, a atividade do GMC vai além da organização de provas e faz-se também de títulos, como os conquistados em 1995 e 1996: campeão nacional de enduro por equipas. Atualmente, o clube mantém uma equipa de competição e pres-

ta apoio a jovens valores goienses, mas continua a disputar os campeonatos de enduro, outras provas de índole nacional de TT e downhill. Sem esquecer o passado, mas sabendo que o caminho aponta o futuro, o GMC prossegue uma política de expan-

s ã o, t i r a n d o p a r t i d o das potencialidades do meio natural da região de Góis. Exemplo disso, é o aumento do leque de atividades, com o desenvolvimento de outras modalidades como o todo-o-terreno turístico, o automobilismo e o BTT (ver texto ao lado).

atividade Nem só de motos vive o GMC

111 Nuno Bandeira é atualmente o presidente do Góis Moto Clube, com mandato válido para o biénio 2020/2021. Com cerca de 350 sócios, a instituição não esgota a sua atividade na área relacionada com as motos (onde conta com cerca de 20 motards em competição nas vertentes enduro e todo-o-terreno), possuindo ainda uma secção de ciclismo e BTT

(oito praticantes). O clube desenvolve ainda atividade no setor do TT turístico, nomeadamente, com a realização de passeios guiados a amantes da natureza e ar-livre. As visitas são efetuadas em moto ou jipe, com especial incidência nas serras da Lousã e Açor até à Estrela. Todavia, este ano, devido à pandemia todas as atividades têm estado suspensas.

Em relação às instalações, o GMC possui sede na Quinta do Baião, espaço inaugurado em 2015 e que serve as necessidades do clube. Ao mesmo tempo, serve de estrutura de apoio à concentração motard, uma vez que fica situado mesmo no meio do parque onde decorre a iniciativa, facilitando assim a logística relacionada com o evento.


66 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Pais Natais levam presentes às crianças do concelho 111 É já uma tradição no calendário de atividades do Góis Moto Clube. Desde 2003, que anualmente dezenas de Pais Natais Motards se deslocam a vários pontos do concelho de Góis para entregar presentes pelas crianças. Os sócios juntam-se e levam a alegria que assinala a quadra natalícia, num gesto sempre bastante apreciado pela população.

Desde 2003 que o Góis Moto Clube entrega presentes a crianças na época natalícia

números 350

É o número de sócios que atualmente fazem parte do Góis Moto Clube

86555

18

anos, desde 2003 que vários sócios, de moto, levam brinquedos às cranças de Góis

datas

1991

Em fevereiro, um grupo de amigos cria o Góis Moto Clube, formalizado em outubro

2004

O clube organiza o 2.º enduro “Góis-Paraíso Todo-o-Terreno”, com 180 pilotos presentes

1993

Realização da 1.ª Concentração Motard de Góis, então com cerca de 150 participantes

2015

É inaugurada a sede do Góis Moto Clube, situada na Quinta do Baião


86726

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 67


68 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Arte Xávega

Nos areais do litoral Centro, o trator já substituiu as juntas de bois mas a referência iconográfica mantém-se

82135

A origem da atividade piscatória conhecida como Arte Xávega, em Portugal, é alvo de debate entre os especialistas. Alguns autores acreditam que foi introduzida no sistema lagunar de Aveiro em meados do século XVIII. Necessita de zonas costeiras com fundos arenosos e praias extensas para ser realizada. A sua prática concentrouse na costa da região Centro e na região Algarvia (onde terá perdido expressão). A atividade não é exclusiva de Portugal, já que conta com variantes presentes nos vários continentes. Há indícios da prática de pesca semelhante na área do mar Mediterrâneo com milénios de historial

98

Associação os de Futebol An de Coimbra ao serviço do futebol

86435

Estádio Municipal Sérgio Conceição Rua de S.Lourenço - Quinta do Relógio

Telefone: 239 853 680 | Fax: 239 853 699

3045 - 478 TAVEIRO

e-mail: afcoimbra@afcoimbra.com

A Associação de Futebol de Coimbra felicita o Diário As Beiras pelo seu 27.º Aniversário


Marcas que marcaram a região centro | especial | 69

26-03-2021 | diário as beiras

arte xávega alma da costa de prata

70340

111 Mais do que uma atividade profissional ou um meio de sobrevivência, a Arte Xávega é uma forma de vida que permanece, pela determinação de pescadores seniores e de guardiões das memórias, como postal da costa marítima da região Centro. De uma forma particular, povoações como a Praia da Tocha (no concelho de Cantanhede) e a Praia de Mira nasceram diretamente da permanência de pescadores, em alguns casos, na época da safra, noutros de uma forma mais duradoura. De que arte se trata? Arte Xávega é uma prática tradicional de pesca envolvente por arrasto. Barcos em meia-lua, de popas e

M

G

proas altas que cortam as vagas atlânticas agitadas, levam as redes para o mar. Cercados, cardumes que podem ser de sardinha, de carapau ou de cavala são encaminhados para o areal. Chega o momento de alar as redes para a praia e, nesse trabalho, se hoje são tratores a fonte da força motriz, em tempos o mesmo recaía sobre juntas de bois. Aliás, ficou célebre a frase de Raul Brandão: “Que belo e estranho país este onde os bois lavram o mar”. De companhas de 40 indivíduos, passaram apenas 12 a ser necessários com a motorização introduzida. Maioritariamente, é uma atividade masculina, mas as mulheres não ficavam

G

C

Manuel Gonçalves Cheganças, Lda.

M

Transportes para U.E. - Materiais de Construção Civil mgchegancas1@sapo.pt

de fora da labuta e, da mesma forma, os homens também participavam na agricultura, paralela à pesca nestas terras e necessária para a sobrevivência perante uma atividade de características sazonais. Entre a primavera e o verão, os pescadores desenvolvem a sua pesca. Era neste período que a Praia da Tocha ganhava vida, antes de se tornar destino balnear. De facto os designados Palheiros da Tocha destacam-se por terem sido habitação temporária. Recorde-se que ainda em janeiro deste ano o Município de Cantanhede aprovou o acionamento do processo para atribuir classificação de conjunto de interesse municipal a dois

A transportar e fornecer desde 1960

C

60 ANOS A CRIAR PARCERIAS

Tel. 239 962 903 / Fax 239 963 167 - Telemóveis 917 244 428 / 919 310 238 Estrada Nacional 111, n.º 11 - 3025-563 S. Silvestre - Coimbra

86446

Apoiamos o desporto

Paper AP150

Packmate PRO

palheiros da localidade (o antigo Posto de Turismo e a atual sede da Associação de Moradores da Praia da Tocha). A Arte Xávega está diretamente ligada à origem destas formas arquitetónicas típicas. Na Praia de Mira, com o processo de urbanização do século XX, muitas estruturas perderam-se para o tijolo e betão. Apesar de tudo, mantém-se na marginal um exemplo paradigmático das casas de madeira: a igreja. A fé da população em face da força do mar não pode ser dissociada da Arte Xávega, quando a sobrevivência de alguém ficava para lá do controlo possível dos habitantes e trabalhadores dos palheiros.


70 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

memória e futuro de forma de vida a atração turística Imagens de tempos antigos podem ser, hoje, vistos no Museu da Praia de Mira e no Centros Interpretativo da Praia da Tocha

de Mira em 2020, através do Museu e Posto de Turismo de Mira: “Memórias dos Palheiros de Mira”. Outro meio de compreender melhor do que se trata e a identidade que encerra é visitar o Centro Interpretativo da Arte Xávega, em plena Praia da Tocha. Da arte xávega que permanece viva faz parte a visão comum desta forma de pesca em ação, que atrai a curiosidade

de turistas e veraneantes, especialmente na Praia de Mira. No momento de puxar as redes, a multidão junta-se para testemunhar um espetáculo que cada vez mais rareia. O pescado é vendido em leilão num ponto para o efeito ou mesmo no areal. Assegurada por velhos pescadores, vários já reformados e que a praticam por apego ao of ício, importa questionar qual é

o futuro da arte xávega: relíquia etnográfica ou até mesmo apenas memória? Tecnologicamente, é considerada uma técnica ultrapassada por outras formas mais industrializadas de pesca. A Arte Xávega concorre de forma mais ou menos direta com os portos que se encontram nas imediações. O trabalho mais moderno em traineiras ou na pesca do bacalhau atrai os pes61479

86729

1 1 1 Há a memória dos tempos antigos da arte xávega e há as reminiscências vivas dos que não querem deixar morrer esta parte da Praia da Tocha, da Praia de Mira, da figueirense Costa de Lavos, de Quiaios e até de Buarcos, e de tantos outros pontos do centro litoral. Exemplo de formas de conhecer esta atividade icónica é o documentário lançado pelo Município

cadores, por outro lado. Se no passado era dif ícil viver apenas da pesca, a questão mantém-se e agrava-se, com os pescadores a necessitarem de recorrer ao trabalho na construção civil durante o inverno. A motorização dos barcos e os tratores permitiram reduzir o número de trabalhadores necessários para executar o trabalho, ou seja, menos elementos

por quem repartir o retorno da pesca. No entanto, a tecnologia traz também outros encargos, como o combustível, a manutenção e as reparações. As camisas dos homens e as pretas saias rodadas das mulheres já não são as mesmas, mas a Arte Xávega continua a ser uma marca fulcral para compreender a identidade de povoações costeiras como estas.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 71

26-03-2021 | diário as beiras

a marca no mundo uma arte de pesca que vai para além de Portugal Em regra, o pescado é vendido logo na praia

Xávega, do árabe xábaka, que significa rede, revela a origem da arte na época da presença islâmica na península

a palavra xávega surge a partir do árabe, xábaka, ou seja, rede. No período de ocupação islâmica de Portugal, há inclusivamente indícios de utilização de uma rede de um novo tipo para a prática da épo-

ca, designada por xávega. Adicionalmente, as embarcações têm um formato semelhante a barcos da Mesopotâmia. A Arte Xávega tem equivalente em outros locais da Península Ibérica e em Marrocos. Neste âm-

bito, vale a pena referir que foram pescadores catalães e andaluzes que introduziram a atividade na costa algarvia. No caso de Málaga, esta técnica tem uma particular expressão. A palavra jábe-

ga, para além de designar a rede utilizada, é o nome dado a um barco tradicional (barca de jábega). Apesar de não ser única, como marca nacional, a arte xávega não deixa de ser identitária de Portu-

gal, pela forma particular como moldou o contexto socioeconómico e cultural das comunidades que cresceram em torno de si. É assim um ícone turístico da região de Coimbra e do litoral da região Centro.

81999

111 A arte xávega, de formas variadas, como técnica de pesca, ultrapassa os limites nacionais. Encontra-se presente um pouco por todos os continentes em formatos semelhantes. Vale a pena referir que

A Junta de Freguesia de Ceira felicita o Diário As Beiras pelo seu 27.º Aniversário 86749

Rua Dr. Manuel Chaves e Castro | 3030-853 - Ceira | Telef. 239 923 351 | Telemóvel: 969 833 899 email: freguesiaceira@gmail.com


72 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Ruínas de Conimbriga

86768

A existência de um aglomerado populacional remonta ao período neolítico. Existiu um castro celta da tribo dos Conii, nos finais da Idade do Ferro. Foi conquistada e romanizada no século II a.C. Durante a governação de Augusto (início do século I d. C.) a cidade foi alvo de transformações que reforçaram a sua beleza e conforto. No entanto, no século II d.C. surge a ameaça dos povos alanos, vândalos e suevos. Foi erguida uma muralha que alterou a cidade. Em 465, os suevos chegaram a Conimbriga e conquistaram-na três anos depois. Por perda de relevância, terá sido abandonada no século VII. O legado do seu nome manteve-se com a transferência para a cidade de Aeminium

ruínas de conimbriga cápsula do tempo passado

111 É junto a Condeixa-aVelha que se localiza um dos mais importantes núcleos arqueológicos portugueses: as ruínas da cidade de Conimbriga. Por esta razão, é um ponto de passagem frequente, não só para alunos em visitas de estudo, mas para famílias e todo o tipo de turistas interessados em ver ao vivo um pouco do que ficou para contar a história. Com origem num castro celta, patente na sua terminação em “briga”, a estrutura foi tomada pelos romanos durante a sua ocupação. Posteriormente, ficou marcada pela presença de povos ditos bárbaros (suevos) e de mouros. A construção romana é particularmente importante pelas

ruínas que subsistem, nomeadamente, o fórum, o aqueduto (que transportava água da nascente de Alcabideque, a cerca de 3 quilómetros), os bairros de comércio, indústria e habitação, uma estalagem, várias termas, o anfiteatro, assim como as muralhas para circunscrição e defesa da cidade. São ainda especialmente céleres as casas senhoriais, distintas de forma clara das insulae da plebe. Destaca-se “A Casa dos Repuxos” assim como os seus jogos de água e os seus mosaicos, com motivos mitológicos, geométricos ou que representam até mesmo somente cenas do quotidiano. Refira-se ainda a Casa Cantaber, a maior da cidade e uma das maiores remanes-

Conjunto de ruínas é o maior, o mais importante e o mais bem conservado legado da ocupação romana, em Portugal

centes do mundo romano ocidental na atualidade. A residência era dotada de termas próprias. Estas ruínas são tuteladas pelo Museu Monográfico de Conímbriga e são da jurisdição da Direção-Geral do Património Cultural. Neste núcleo museológico é possível conhecer elementos arqueológicos recolhidos na cidade de Conimbriga. A atual exposição permanente exibe objetos de uso quotidiano, como é o caso de vidro, olaria, cantaria, fiação, escrita, jogos e passatempos, pesos e medidas. Adicionalmente, evoca o forum monumental, com uma maqueta do que foi o santuário do culto imperial. A riqueza das domus está patente na

terceira sala de exposição, na qual é possível compreender o ambiente de requinte em que viviam as famílias mais abastadas, através de algumas esculturas, mosaicos e fragmentos de estuques e frescos. A quarta sala apresenta objetos ligados à religião (pagã e cristã), às superstições e ao culto dos mortos praticado pelos habitantes de Conimbriga. No museu também é possível verificar a pujança do comércio romano e a presença suevo-visigótica. Esta estrutura museológica foi fundada em 1962, apesar de as ruínas de Conimbriga serem conhecidas desde o século XVI e de as escavações arqueológicas se terem iniciado a partir de 1929.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 73

26-03-2021 | diário as beiras

a marca no mundo conimbriga acessível de qualquer lugar

86690

111 Conimbriga é um ponto de referência na arqueologia de origem romana e um legado patrimonial de imenso valor, que recebe milhares de visitantes dos mais diversos locais do mundo. O surgimento do Museu Po.Ro.S., em 2017, potenciou ainda mais essa projeção, ou não tivesse sido o projeto galardoado internacionalmente. O Portugal Romano em Sicó constitui assim mais uma razão para conhecer o legado deste povo na região de Sicó, onde não falta informação de contexto para entender a marca deixada pelos romanos. Atualmente, em tempo de pandemia, vindo de qualquer ponto do globo, é mais dif ícil visitar Conimbriga presencialmente. No entanto, de forma virtual, a marca Conimbriga está acessível

a todos os interessados. Em primeiro lugar, o Museu Monográfico de Conimbriga está presente no Google Arts and Culture (à qual é possível aceder pela ligação https:// artsandculture.google.com/partner/conimbriga-monographicmuseum). Nessa plataforma é possível ficar a conhecer o que este museu tem para dar a conhecer com coleções temáticas e três visitas virtuais, assim como explorar detalhes que podem passam despercebidos na visita f ísica. Por outro lado, o Po.Ro.S. disponibiliza também uma visita virtual a 360º no seu sítio na internet (pode ser encontrada em https://www.poros.pt/pt/content/visita-360-permanente_79/). Podem ainda ser refereridos os vários conteúdos que este museu disponibiliza digitalmente.

Museu monográfico, junto às ruínas, é visitado anualmente por milhares de pessoas


74 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

romanização de Sicó regresso ao futuro com museu po.ro.s A tecnologia, a interatividade e o design são marcas distintivas do museu, em Condeixa-a-Nova

descobrir as origens do Império Romano, assim como a sua formação e história. A importância do exército para a expansão de Roma e para a construção do império é explorada na sala Legiões, Conquista e Poder. Segue-se a projeção de um filme que reconstitui em 3D Conimbriga, patente no espaço Confins do Império – As Terras de Sicó. Permite conhecer me-

lhor o quotidiano de quem aí vivia. A sala Construtores de Cidades, a Urbe, tem por fim mostrar como a tecnologia romana revolucionou a construção das cidades. Por seu lado, o espaço Civitas, o Governo da Cidade é dedicado à organização política, judicial e administrativa do império. Nesta sala é também possível conhecer de que forma o

latim se tornou a língua materna de vários povos romanizados. A importância do comércio no mundo romano e da rede viária na aproximação de um império feito de pontos distantes é desenvolvida na sala Agris Economia e Território. Segue-se a história da vida privada. A família era o núcleo desta para os romanos. É possível des-

cobrir ainda no espaço dedicado ao tema (sala Intimidade e Vida Privada) a posição do escravo, o papel da mulher e a importância do casamento e da sexualidade. A mudança do politeísmo para o monoteísmo cristão é tratada na sala Deuses e Religião. Vale a pena destacar a abordagem à forma como os romanos souberam adaptar as divindades

locais aos seus cultos. Adicionalmente, explica como Roma contribuiu para a expansão do cristianismo no mundo. Da sala Carpe Diem, consta uma perspetiva cultural, artística e até social da civilização, que conta com referência às preocupações quotidianas com o vestuário e a higiene, os costumes e tradições. Aí, um espelho interativo permite vestir virtualmente uma personagem romana. A centralidade das termas na vida social e cultural romana é abordada na sala Os Banhos, dedicada à saúde pela água. É recriado o ambiente da linha de água da Quinta de S. Tomé. Por fim, encontra-se a sala Nós, Os Romanos, dedicada ao legado romano na contemporaneidade. A história das escavações e da arqueologia em Conimbriga é também abordada neste espaço.

86792

111 A romanização milenar da região de Sicó que deixou múltiplos vestígios em vários locais serve-se da tecnologia e da interatividade no Museu Po.Ro.S para proporcionar uma viagem no tempo aos seus visitantes. Po.Ro.S., ou Portugal Romano em Sicó, é uma estrutura que se encontra em Condeixa-a-Nova. Criada por este município, funciona como complemento à interpretação da importância de ruínas arqueológicas como as de Conimbriga, da Villa Romana do Rabaçal (Penela) ou do Complexo Monumental de Santiago da Guarda (Ansião). A exposição permanente do Po.Ro.S começa na sala Tempus Fugit o regresso no tempo até à fundação de Roma e à chegada deste povo à Península Ibérica. Na sala Roma, Engenho e Glória, o visitante pode

VOLTAREMOS aos abraços

#ProtegeroFuturo

As vacinas protegem o futuro. De todos, de cada um.

www.omcentro.com Parceiros:

Anuncio_DiarioDasBeiras_252x174.indd 1

25/03/2021 17:16


86791

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 75


76 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Leitão da Bairrada

77782

74454

O segredo está no tempero, mas também no forno bairradino aquecido com lenha – vides ou eucalipto – onde o leitão fica a assar lentamente durante cerca de duas horas. Mas o segredo está, também, na raça do animal, na habilidade do assador, na forma como se corta e se serve. São muitos os mistérios desta maravilha gastronómica (uma das 7 de Portugal), mas são poucos os que lhe resistem. Outrora consumido apenas em dias festivos, atualmente o Leitão da Bairrada move visitantes e turistas para a experiência da sua degustação

A excelência da gastronomia bairradina 111 Anadia, Vagos, Águeda, Mealhada ou Cantanhede. Todos reivindicam para o seu município a para si a origem do leitão. A verdade, porém, é que não há documentação histórica suficiente que demonstre, com rigor, onde nasceu a iguaria. Alguns historiadores, porém, remetem para uma receita conventual de 1743, provavelmente do Mosteiro do Lorvão ou do Mosteiro da Vacariça, compilada num caderno de refeitório de 1900, por António de Macedo Mengo, onde se faz referência a

uma receita de leitão assado que em quase nada difere da atual receita do leitão bairradino. Não obstante este lapso na história, uma coisa é certa: o Leitão é da Bairrada. Sabe-se, contudo, que desde o século XVII, a criação de suínos se tornou excedentária na Bairrada, o que terá contribuído para a sua comercialização. O que também parece inegável é os papéis que tiveram alguns “assadores particulares” para que a fama do “Leitão à Bairrada” começasse a expandir-se para além do círculo

restrito do núcleo familiar. Ora, de acordo com Maria Emília Cancela de Abreu, especialista em gastronomia portuguesa (citada num artigo de Carlos Alegre, na Revista “Aqua Nativa”, onde era autor de artigos de história local), ficaram famosos, na memória de muitos alguns dos assadores ditos caseiros ou particulares, especialmente, no lugar de Arcos, do concelho de Anadia. A comercialização do leitão terá, contudo, começado em Covões (Cantanhede), segundo um documento datado do

início do século XX, de uma encomenda feita pela Sociedade das Águas de Luso. Porém, o seu grande arranque terá sido levado a cabo por Álvaro Pedro, nascido em Alpalhão, freguesia de Aguim (Anadia), que começou por vender no seu negócio, em 1941, as famosas sandes de leitão aos automobilistas que então circulavam na EN1. Mais tarde, em1949, abria o primeiro restaurante que comercializa para o grande público leitão assado à Bairrada, situado na então aldeia de Sernadelo, hoje integra-


Marcas que marcaram a região centro | especial | 77

26-03-2021 | diário as beiras

curiosidades Leitão nosso de cada dia

86761

da na malha urbana da Mealhada.“O Pedro dos Leitões” seria o primeiro de muitos que hoje proliferam naquela zona e em concelhos vizinhos Anadia, Cantanhede, Oliveira do Bairro e Águeda mas também no norte do

concelho de Coimbra. O que é certo é que hoje o Leitão da Bairrada é um dos pratos regionais mais conhecidos e apreciados, tendo sido nomeado uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal.

111 Dizem os entendidos que, para garantir a autenticidade da receita, dever-se-á escolher um leitão nascido e criado na região da Bairrada. De acordo com a Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada, Bísaro e Malhado de Alcobaça – e mais recentemente a Bairradinus, que resulta de um cruzamento de Bísara com a Camborough – são as raças ideais devido às suas características. Mas há uma particularidade: o leitão deverá ter sido amamentado pela mãe, unicamente. A sua idade deverá estar compreendida entre um mês e mês e meio no máximo. O seu peso em vivo deverá ser de 7 a 8 quilogramas. O tempero Para o tempero de um leitão com cerca de oito quilos devem usar-se duas

cabeças de alho, cerca de três colheres de sopa de sal, uma colher de sopa de pimenta branca, salsa, 50 gramas de toucinho, 50 a 100 gramas de “unto” (manteiga de porco), folha de louro. Misturam-se os ingredientes num almofariz até obter uma pasta. Quando o leitão está limpo, é enfiado numa vara e barrado por dentro e por fora com esta pasta. Cosese com um fio de linho ou algodão e pica-se a pele para ficar estaladiça e fazer sair parte da gordura. Leva-se a assar em forno de lenha, usando de preferência eucalipto ou vides, até 300 graus. O leitão deve assar lentamente durante cerca de duas horas, período em que vai sendo virado. Durante o processo de assadura executa-se a operação de “constipar” o leitão que não é mais do

que borrifar o leitão com vinho branco da Bairrada, utilizando um ramo de salsa ou louro, para que a pele se torne estaladiça e não se queime. O leitão estará assado quando se desprende da vara que o suporta. Empratamento O leitão deve ser empratado com a pele sempre virada para cima, sem nunca sobrepor os pedaços, para que a pele mantenha a textura estaladiça e crocante e para que o sabor do interior do leitão seja distinto do da pele. Na travessa deverão constar pedaços das três partes do leitão: cachaço, costelas e pernil, para assim poderem ser apreciados e conjugados os três sabores da carne. Com acompanhamento do leitão, e de acordo com a tradição na Bairrada,

usa-se a batata pequena cozida com pele (e não a batata frita) salada de alface e laranja às rodelas. Certificação A qualidade do produto final que é apresentado aos clientes, a diferenciação do produto relativamente a outros que vão surgindo do resto do país levou a Associação Rota da Bairrada a iniciar o processo de definição de regras de qualificação e proteção do leitão da Bairrada. O processo foi iniciado há dois anos e, na altura, uma das propostas era que a área geográfica onde o leitão fosse assado correspondesse aos oito municípios que integram a região vitivinícola da Bairrada. Ou seja, Águeda, Anadia, Aveiro, Cantanhede, Coimbra, Mealhada, Oliveira do Bairro e Vagos.


86524

86654

78 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras


Marcas que marcaram a região centro | especial | 79

26-03-2021 | diário as beiras

a marca no mundo Iguaria apreciada nas mais variadas formas 111 O leitão é sempre rei, mas pode ser apreciado nas mais variadas formas. Na Bairrada, é famosa a cabidela, confecionada com sangue e miúdos do leitão (coração, pulmões e f ígado) cortados aos bocadinhos e temperados com o molho do leitão, banha, sal, azeite, cebola, vinho tinto e água. Tradicionalmente, este prato é assado no forno, por baixo do leitão, aparando o molho que escorre para a travessa. A feijoada de leitão serve, sobretudo, para aproveitar as sobras. Faz-

datas 1743

e feijão branco cozido na hora. É fundamental não esquecer uma colher

1900

1949

2019

Abre o restaurante Associação Rota da “Pedro dos Leitões” Bairrada inicia processo (primeiro restaurante para certificar o Leitão do mundo a vender da Bairrada leitão assado à Bairrada)

António de Macedo Mengo faz referência a uma receita de leitão assado que em quase nada difere da atual receita do leitão bairradino

74456

Data de uma re ceita conventual, provavelmente do Mosteiro do Lorvão ou do Mosteiro da Vacariça, idêntica à receita do leitão da Bairrada

se um refogado bem puxado a que se juntam os bocados de leitão assado

de molho do leitão para temperar. As iscas de leitão são menos conhecidas. Aqui, o f ígado do leitão é cortado depois temperado e frito pode ser usado tanto em tapas para entrada, como em cebolada para uma refeição mais completa. Outra iguaria muito apreciada é a sandes de leitão, com pão da Mealhada, característica das zonas de passagem e que tem a vantagem de o acompanhamento não alterar o paladar da iguaria.

Rua Abílio Fernandes

ARMAZÉNS CALHABÉ Rua D. Francisco de Lemos

Universidade - Polo II

Loja:

86553

Rua do Brasil, 486/8 3030-775 COIMBRA Tel. 239 090 163 - Telm. 912 210 128 loja@armazenscalhabe.com

Armazém: Rua D. Francisco de Lemos (Junto ao Pólo II da UC) 3030-789 COIMBRA Tel. 239 721 423 / 4 / 5 Telm. 916 613 802 contactos@armazenscalhabe.com

Escritório: Rua D. Francisco de Lemos (Junto ao Pólo II da UC) 3030-789 COIMBRA Tel. 239 711 080 - Telm. 919 908 821 Fax 239 712 079 comercial@armazenscalhabe.com geral@armazenscalhabe.com

Polo II

Polo II (passagem superior)

Rotunda da Portela

www.armazenscalhabe.com


80 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Universidade de Coimbra

86660

Mais do que uma marca da cidade - e do país -, a Universidade de Coimbra tem sido testemunha de factos que influenciaram e continuam a influenciar o rumo da nossa história enquanto nação. É a mais antiga universidade de Portugal e uma das mais antigas do mundo e, por isso, detentora de um património imenso que foi distinguido pela UNESCO em junho de 2013

Universidade com 731 anos


Marcas que marcaram a região centro | especial | 81 86734

26-03-2021 | diário as beiras

e Uma marca s de história 111 São mais de 700 anos de história. 731 anos para sermos mais precisos. A Universidade de Coimbra (UC) é mais do que uma marca da cidade. Ela foi, aliás, testemunha – e tantas vezes protagonista – de factos que influenciaram e continuam a influenciar o rumo da nossa história enquanto nação, confundindo-se com ela e ultrapassando largamente as nossas fronteiras. A UC é a mais antiga universidade de língua portuguesa e uma das mais antigas do mundo. Originalmente, contava com quatro faculdades; Teologia, Cânones, Leis e Medicina, tendo as suas instalações transitado entre Lisboa e Coimbra, durante três séculos. A origem da instituição remonta a 1290, ano em que D. Dinis, ao assinar o “Scientiae thesaurus mirabilis”, deu origem ao Estudo Geral que começou a funcionar em Lisboa, tendo sido depois transferido definitivamente para Coimbra em 1537, por ordem do Rei D. João III. Foi no Paço Real da Alcáçova, que mais tarde seria o Paço das Escolas, onde se instalou D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, e onde viveram os reis da 1.ª di-

datas 1290

Criação do Estudo Geral Português. A Universidade começa a funcionar em Lisboa

1733

ano da conclusão das obras da icónica torre da universidade

nastia. Seria no século XVIII que a Universidade de Coimbra viria a receber a sua maior reforma desde a sua fundação, com a entrada em vigor dos “Estatutos Pombalinos”, em 1772. “Fruto da visão do Marquês de Pombal, estes estatutos levaram à modernização do ensino, com especial foco na componente de ensino das ciências. Para o efeito, foi criada a Faculdade

números 25188 Número de estudantes que frequentam atualmente a Universidade de Coimbra

330

Cursos ministrados pela instituição

246

Patentes nacionais e internacionais

1537

A Universidade é instalada definitivamente em Coimbra

2013

A UC é reconhecida como Património Mundial da UNESCO

de Matemática e de Filosofia Natural e procedeuse à reforma do ensino da medicina”, refere a UC na sua página. Foi nessa época que houve necessidade de construir novos edif ícios e espaços para albergar os novos estudos. Surgiram, então, o Observatório Astronómico, o Laboratório Químico, o núcleo inicial do Jardim Botânico, a Galeria de História Natural, o Gabinete de Física Experimental e a Imprensa da Universidade. Durante o século XX, a Universidade criou novos polos, estando hoje espalhada por toda a cidade de Coimbra. Atualmente são oito as suas faculdades (Letras, Direito, Medicina, Ciências e Tecnologia, Farmácia, Economia, Psicologia e Ciências da Educação, Ciências do Desporto e Educação Física) e mais de 25 mil alunos de todos os cantos do mundo. Com 731 anos de história, a Universidade de Coimbra é uma instituição incontornável na história de Portugal e de todo o mundo lusófono, tendo sido considerada Património Mundial da UNESCO em 2013, devido ao seu património material e imaterial único.

1722

A Universidade recebe os “Estatutos Pombalinos”. Começa a reforma do ensino

2021

A instituição universitária celebra 731 anos de existência


82 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Unesco Património da Humanidade desde 2013

86732

111 Em 2013, a Universidade de Coimbra era reconhecida como Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A decisão, anunciada a 22 de junho no Cambodja, concretizava um sonho antigo: o projeto da candidatura tinha começado a ganhar forma 15 anos antes, a partir da tese de doutoramento que António Pimentel, antigo diretor do Museu Nacional de Arte Antiga e que foi, enquanto próreitor da UC, coordenador científico do dossiê da candidatura do conjunto histórico-cultural da Universidade a Património Mundial da UNESCO.

Entretanto, a candidatura viria a alargar o seu âmbito: do Paço das Escolas passou a incluir toda a Alta universitária e Rua da Sofia, num conjunto de mais de 30 edifícios. E, ao património material, a candidatura juntou o imaterial, como a produção cultural e científica, as tradições académicas, o papel desempenhado ao serviço da Língua Portuguesa. Em 2019 era confirmada a inclusão do Museu Nacional Machado de Castro na área classificada pela UNESCO como Património Mundial da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia. Esta inclusão do mu-

seu na área classificada surgia apenas seis anos depois por um motivo: durante o processo de elaboração da candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial, o edif ício do museu estava encerrado devido a uma profunda intervenção de requalificação, que decorreu entre 2004 e 2012. Conhecer a Universidade de Coimbra é viajar no tempo através da história e do património arquitetónico da Alta de Coimbra: desde o Paço das Escolas à Biblioteca Joanina (uma das mais deslumbrantes bibliotecas do mundo), o Museu da Ciência, o Jardim Botâ-

nico (criado por iniciativa do Marquês de Pombal em 1772, que se estende por mais de 13 hectares, da Alta de Coimbra até ao rio Mondego). Mas há muito que a Universidade passou os muros da Alta da cidade. Durante a sua história de mais de 700 anos, a Universidade de Coimbra sofreu várias reformas com correspondências em vários domínios do conhecimento e do ensino, mas foi a democratização do ensino superior, após o período do estado Novo, que a Universidade de Coimbra, viu-se impelida a ampliar suas instalações e a construir os Pólos II e III.

Em 1992, o Polo II instalou-se no Pinhal de Marrocos, abraçando uma área similar ao Pólo I, situado na alta universitária. Os Departamentos de Engenharia Informática, Engenharia Eletrotécnica, Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Engenharia Civil (Faculdade de Ciência e Tecnologia) foram inaugurados em 2001. O terceiro polo da Universidade de Coimbra – o Pólo III – é o Polo das Ciências da Saúde. Começou a ser construído em 2001 e assume-se como uma das maiores áreas de cuidados de saúde na Europa.


26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 83

Tradição e modernidade sempre de mãos dadas

82205

111 Se a Universidade de Coimbra é história, ela é sobretudo futuro. É neste espírito que hoje se posiciona a instituição, aliando o conhecimento acumulado ao longo dos séculos à contemporaneidade do conhecimento científico inovador. Aliás, mais de 730 anos depois, a UC continua a ser um motor de desenvolvimento tecnológico e de empreendedorismo na região e no país, com a investigação a ser um dos elos mais importantes da identidade da UC. Atualmente, a instituição tem mais de 1000 investigadores espalhados por cerca de quatro dezenas de centros de investigação, com quase 500 projetos de investigação em curso. Além disso, dos mais 25 mil estudantes que frequentam a UC, 20 por cento são internacionais, oriundos de mais de 100 países. De acordo com

dados da instituição universitária a taxa empregabilidade dos licenciados na UC é de 97,2 por cento. Na Universidade de Coimbra formaram-se algumas das mais destacadas personalidades da cultura, da ciência e da política portuguesa. Desde escritores como Almeida Garrett, Eça de Queiroz e Miguel Torga, a cientistas como Pedro Nunes ou Cristovão Clávio, passando por estadistas como o próprio Marquês de Pombal ou José Bonifácio de Andrada e Silva (o pai da independência do Brasil), a lista dos estudantes que passaram pela Universidade de Coimbra confunde-se com a própria história de Portugal. Ao longo de mais de 700 anos, a Universidade de Coimbra preocupou-se em construir um futuro, moderno, competitivo, preservando a história, a cultura e a tradição.

Maioria dos departamentos da FCTUC, no Polo II, foi inaugurada em 2001

Polo III reúne as ciências da Saúde


84 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Lampreia

Lampreia nas mesas de Penacova

111 A lampreia é cartão-de-visita do concelho de Penacova e são muitos os que se deslocam propositadamente à vila para provar uma das especialidades mais populares da gastronomia local. Esta iguaria é de tal forma marcante para este território que no site do Município de Penacova são deixadas sugestões sobre como confecionar a lampreia. “Procure adquirir lampreias vivas e que, na sua maioria, sejam fêmeas, pois as mílharas (ovas) irão enriquecer o arroz. Ao amanhar as Lampreias não as mantenha, por muito

tempo, na água a ferver. Um ou dois segundos é suficiente pois, de contrário, o sangue poderá coagular e esse é um ingrediente indispensável para uma boa confeção deste prato. As lampreias devem ser introduzidas, uma a uma, na água a ferver e, de imediato, raspadas com uma faca. Devem, ainda, ser esfregadas com um pano áspero, para que saia qualquer viscosidade que ainda tenha ficado. Lave-a bem em água morna”, propõe a autarquia. A estas sugestões juntam-se as várias ini-

ciativas gastronómicos relacionadas com este prato, de que é o melhor exemplo o tradicional Festival de Lampreia. Este ano, devido à pandemia o evento foi reinventado com a promoção de uma campanha inovadora de lampreia em take-away, que contou com quase uma dezenas de restaurantes aderentes. “Lampreia na sua Mesa” foi o mote da iniciativa. No âmbito da campanha, segundo a câmara municipal, mais de 3.000 doses de lampreia foram vendidas em três semanas pelo sistema take-away em Penacova.

82123

Muitos rios, do norte e do centro, são percorridos no inverno por estes estranhos e pouco agradáveis à vista ciclóstomos para a desova. Para os muitos apreciadores, é a altura ideal para começar a salivar o requinte gastronómico que resulta da preparação da lampreia – que, na região do Baixo Mondego (especialmente em Montemor-o-Velho e em Penacova), é sobretudo feita em arroz de sangue mas que já começa a ser apresentada de outras formas

INSTALAÇÕES E QUADROS ELÉTRICOS, LDA. COIMBRA - VISEU Sede e Armazém: Parque Industrial Taveiro, Lote 14 | Apartado 33 | 3045-508 Taveiro Filial1: Rua da Tamancaria Cruzamento de Pascoal | 3515-097 Viseu

Sede: Escritório: Av. Vladimir Lenine 173- 13ºpiso Edifício Millenium Park Maputo Escritório: Avenida 24 de julho 2096- 1ºDto Maputo Telf: +258 844786099 +258 823850019

INDÚSTRIA DE QUADROS ELÉCTRICOS E AUTOMATISMOS, LDA Sede/Fábrica: Parque Industrial Taveiro, Lote 2 | Apartado 33 | 3045-508 Taveiro

82147

Telef. 239 980 070 | Fax 239 980 089 | cinov@cinov.pt | Telefs. 232 450 991 - 232 450 992 | Fax 232 450 992 | viseu@cinov.pt | Telef. 239 980 070 | Fax 239 980 089 | prisnov@cinov.pt

COMÉRCIO E RECICLAGEM DE METAIS, LDA

Rua Regatos de Baixo, 142, apartado 465 | 4520-451 Rio Meão – Santa Maria da Feira Email: geral@riosoares.com | Telf: 256 365 – 256 758 199 – 256 758 200 – 256 356 041 | Fax: 256 758 201


86622

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 85


86 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Escada para peixes na Ponte-Açude Ponte-Açude assumia-se como um obstáculo à subida dos peixes, questão que chegou a justificar uma petição pública apresentada em Assembleia da República. A importância destes produtos na economia da região, em particular de Penacova, Montemor-o-Velho e Coimbra, levou a que muitas pessoas reclamassem uma solução para este problema. O projeto contou, na época, com um financiamento de 2,6 milhões de euros no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

Desde 2013 que a infraestrutura permite que as lampreias subam o rio até Penacova

86511

86477

111 A escada para peixes na Ponte-Açude em Coimbra permite, desde 2013, que as espécies como a lampreia cumpram o seu ciclo reprodutivo. Com um custo de 3,5 milhões de euros, este projeto, muito reivindicado no início dos anos 2000, transformou por completo a vida de várias espécies piscícolas do Mondego, como a lampreia, a enguia, o sável ou a savelha que, assim, conseguem realizar a passagem para desovar nos areais e reproduzirem-se no seu meio natural. Isto porque, antes desta escada para peixes, a


Marcas que marcaram a região centro | especial | 87

26-03-2021 | diário as beiras

Excelência gastronómica em Montemor

86737

111 No concelho de Montemor-o-Velho, encontra-se a saborosa simbiose entre a lampreia do rio Mondego e o arroz carolino do Baixo Mondego, uma combinação de excelência que faz desta uma

das grandes iguarias gastronómicas do concelho. Durante este mês de março, a autarquia de Montemor, à semelhança do que aconteceu em Penacova, resolver transformar o seu Festival do

Arroz e da Lampreia | Sabores do Campo e do Rio. Nesta 19.ª edição, cujo tema é “Delicie-se em Casa”, houve uma aposta na promoção dos serviços de take-away e entre-

ga ao domicílio, como forma de compensar a ausência das pessoas na restauração local. Assim, respeitando a memória e a riqueza gastronómica do território, o Festival, que decorre

até 28 de março, abraça a tecnologia e, em segurança, partilha com os visitantes do certame, na comodidade das suas casas, as iguarias gastronómicas, a oferta turística e patrimonial.

Participam no evento a Casa Arménio, a Casa do Benfica, o Escondidinho, a Encosta de São Pedro, o Marinheiro, O Califa, o restaurante Patinhos, o Pimpão e o Refúgio do Paúl.


88 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Rio Mondego

74370

É água, acima de tudo. Mas é também turismo, é arroz, é energia, é termas, é sal, é lampreia… E é também uma “livraria” de um rio que tanta poesia traz consigo, inspirada e cantada em Coimbra. O maior rio integralmente português é uma referência da Beira e uma marca de Portugal. Nasce na Serra da Estrela e desagua na Figueira da Foz, atravessando os distritos da Guarda, Viseu e Coimbra. Foi Coimbra que modelou e encenou o mito do Mondego. Um mito de musas e poetas, dos amores de estudantes e tricanas, do Choupal até à Lapa. Mas um mito também de bazófias que o engenho humano tarda em domar

Oh Coimbra do Mondego E dos amores que eu lá tive, Quem te não viu, anda cego, Quem te não ama, não vive. Do Choupal até à Lapa Foi Coimbra os meus amores. A sombra da minha capa Deu no chão, abriu em flores. (Mário Faria da Fonseca/António de Sousa)

Inspira de poe e de m

O executivo da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais felicita o Diário As Beiras pelo seu 27.º Aniversário

86723

Rua Flávio Rodrigues n.º 21 | 3000-550 Coimbra | Tel. 239 790 900 | F. 239 790 909 | E-mail: jfsao@hotmail.com


Marcas que marcaram a região centro | especial | 89

26-03-2021 | diário as beiras

111 Não é por acaso que o Mondego é o rio mais presente na literatura portuguesa. Poetas, músicos e escritores bebem das suas águas a inspiração. É claro que a toda esta verve criativa não é alheia a cidade e, sobretudo, a Universidade de Coimbra, durante largos séculos a única escola de estudos superiores em língua portuguesa. Aqui acorreram jovens estudantes de todo o reino e aqui se formaram as elites que dominaram a

nação e, por maioria de razão, que também determinaram as tendências e, acima de tudo, a produção cultural. O Mondego, a água e as suas margens merecem tributos vários, em textos, canções, pinturas e esculturas imortais. Na voz de Zeca Afonso, na guitarra de Carlos Paredes, nos versos de Camões ou de António Nobre, de Afonso Duarte ou de Eugénio de Castro, no olhar de Torga, o Mondego é a alma da língua portuguesa.

Nasce na Estrela o Mondego... conta e canta um dos fados mais conhecidos

ação “Mondeguinho” e a Serra da Estrela etas músicos cruza-se com um legado histórico de escasso reconhecimento mas de notável relevância. A altitude e o clima agreste deste vale da Castanheira não foram suficientes para que os pastores de antanho desistissem de ali pastarem os seus rebanhos. Ainda hoje, de resto, ali nos Casais de Folgosinho se vislumbram as ancestrais “cortes”, de colmo e granito esfarelado... bem próximos de uma antiga estrada de pedra, que nos faz recuar aos tempos em que os romanos primeiro denominaram o Munda - a palavra latina que significa transparência,

86724

86751

111 Simbolicamente, a nascente é identificada por uma fonte, artificial, a 1425 metros de altitude, à beira da estreita e sinuosa estrada serrana que liga Gouveia a Manteigas. O “Mondeguinho” é, por si só, uma referência da Serra da Estrela. Os primeiros passos do Mondego seguem a invulgar rota de nordeste como um vulgar regato de montanha. Em escassos quilómetros vence um desnível de quatrocentos metros até à primeira planura, no Covão da Ponte, já no concelho de Manteigas. Aqui, pouco depois de nascer, o rio

www.cordeirovending.com | geral@cordeirovending.com

claridade e pureza. No seu caminho até ao mar, o rio apenas se cruza uma vez com uma das riquezas naturais da Beira: as águas termais. É nas Caldas da Felgueira, no extremo poente do concelho de Nelas, onde uma nascente quente e sulfúrica alimenta, desde o início do séc. XIX, a famosa estância. As suas águas curativas foram, inicialmente, procuradas por doentes que sofrem de males de pele. Mais tarde, juntaram-se os doentes dos foros respiratório e músculoesquelético.


90 | especial | Marcas que marcaram a região centro

A Barragem da Aguieira

26-03-2021 | diário as beiras

O rio, em Coimbra, visto da belíssima ponte pedonal de Pedro e Inês

Do “bazófias” ao espelho de água

86704

1 1 1 A meio curso, quando recebe o Dão, o rio alarga-se e abre-se a um extenso lago artificial que culmina na albufeira da Aguieira. A área inundada ronda os dois mil hectares e inclui as ruínas de lugarejos, entre os quais Breda, no concelho de Mortágua, e Senhora da Ribeira e Foz do Dão, no concelho de Santa Comba Dão. A foz do rio Dão esteve, de resto, na origem do aproveitamento hidroelétrico, que data da década

de 1970 do século passado. O empreendimento começou ainda no Estado Novo e viria a ser inaugurado já em democracia. Para além da Aguieira, o sistema de aproveitamento hidroelétrico inclui duas outras barragens conexas – a de Breda e a da Raiva – e uma outra, a barragem das Fronhas, no rio Alva, ligada através de um túnel. A Aguieira domou o Mondego e mudou a paisagem da região. Em três décadas, a grande barragem

agiu diretamente sobre o meio ambiente, através do acréscimo de humidade na atmosfera e no solo, com consequências notórias sobre a avifauna e a vegetação autóctones. Mas também a geografia e a economia “mexeram”, pela força centrípeta que a barragem gerou. Isso mesmo está à vista quer no desenho de novas vias de comunicação que conduzem ao interior (IP3 e IC6) quer nos vários aproveitamentos turísticos nas suas margens.

111 Em Coimbra, hoje, o extraordinário plano de água, agora estabilizado e regularizado, continua a deslumbrar a vista e a desafiar a inspiração. Mas a novidade está na fruição, cada vez mais fomentada pelo novo paradigma da vivência urbana, assente em margens abertas, em praias fluviais, em pontes pedonais e, num futuro próximo, no regresso dos bares e restaurantes das “Docas” e no novo “Calçadão” de entre as pontes de Santa Clara e do Açude.

Duas outras pontes de rara beleza são indissociáveis do Mondego: a pedonal, designada de Pedro e Inês, desenhada pelo engenheiro António Adão da Fonseca e pelo arquiteto Cecil Balmond; e a da Rainha Santa Isabel, projetada por António Reis. No rio, tudo mudou com a regularização de caudais, a partir do sistema de barragens a montante (sobretudo a Aguieira) e da construção do açude. Como se sabe, a jusante, na extensa planície de

aluvião, já há muito que a mão do homem tinha afagado a obra da natureza. Em dois séculos, com muitas peripécias pelo caminho, o curso do rio foi regularizado e “emendado”. À saída da cidade de Coimbra, plantou-se toda uma nova mata – o Choupal. Depois, a caminho do oceano, desenhou-se e escavou-se um leito artificial retilíneo, de forma a conter as cheias invernais e a lançar as bases para todo um novo mundo do aproveitamento hidroagrícola.


86652

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 91


92 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

As salinas e um estuário único

86661

111 No final da sua caminhada, o Mondego abraça o Atlântico num imenso e rico estuário, junto à Figueira da Foz, que é também um complexo ecossistema natural. Aqui vive um grande número de aves aquáti-

cas, particularmente gaivotas. Mas muitas outras espécies ocorrem, como a águia pesqueira, a garça real e a garça-branca-pequena, o flamingo, o pernilongo, o corvo marinho, o borrelho, os estorninhos-pretos e, no Inverno,

o estorninho-malhado. Bem no coração do estuário localiza-se a ilha da Morraceira. É composta principalmente por sapais e salinas, muitas das quais ainda se encontram em atividade. Nas proximidades, desenvolveu-se nas

últimas décadas uma outra atividade económica de grande valor, a criação de peixes em aquacultura. Finalmente, a confluência do rio com o mar permite a coexistência de um atrativo porto pesqueiro e de um dinâmico porto

comercial. Aqui, tem particular relevo a atividade económica ligada à indústria vidreira e às unidades da fileira do papel, que têm na zona da Leirosa, a sul da Figueira da Foz, um dos mais importantes polos de toda a Europa.

Ainda na Figueira da Foz, cabe fazer uma referência a uma das obras de arte mais marcantes: a Ponte Edgar Cardoso, que o célebre engenheiro projetista concebeu na década de 1970 e que é um ícone da paisagem estuarina.


86445

diário as beiras | 26-03-2021

Marcas que marcaram a região centro | especial | 93


94 | especial | Marcas que marcaram a região centro

diário as beiras | 26-03-2021

Rabaçal

É uma terra pequena mas com muita história. Nas últimas décadas, a excecional qualidade dos queijos produzidos nos seus prados e a herança romana, hoje devidamente valorizada, elevam o topónimo da antiga vila e sede de concelho a um valor de marca regional, e mesmo nacional

rabaçal, terra de queijo

rsa-lp.com RSA - Advogados

82000

86712

COIMBRA Rua João de Ruão, 12, 11º C 3000 – 229 Coimbra T: +351 239 100 665 F: +351 239 091 137 E-mail: coimbra@rsa-lp.com LISBOA (sede) | PORTO | ALGARVE | MADEIRA | ANGOLA | MOÇAMBIQUE | CABO VERDE | ESPANHA | BRASIL

A União de Freguesias de São Martinho e Ribeira de Frades felicita o Diário As Beiras pelo seu 27.º Aniversário

REDE DE SERVIÇOS DE ADVOCACIA - LP LEGAL SERVICES NETWORK - PL


Marcas que marcaram a região centro | especial | 95

diário as beiras | 26-03-2021

o e de romanos

86707

86756

111 O Queijo Rabaçal é o expoente máximo da marca. É um produto artesanal feito com leites de ovelha e cabra, oriundos dos rebanhos que pastam nos terrenos verdejantes do vale e das encostas de vegetação rasteira da vertente voltada a nascente da Serra do Sicó. É um Queijo DOP, ou seja, constitui uma denominação de origem protegida, de acordo com as normas da União Europeia. Outrora manufacturado por mãos hábeis de queijeiras, é hoje fabricado na sua esmagadora maioria em pequenas unidades agroindustriais, de matriz familiar e muito razoável organização corporativa. Bem dentro da localidade, situa-se a Villa Romana do Rabaçal. Com menos de quatro décadas de trabalhos arqueológicos, é já hoje uma atração turística renomada. O sítio histórico localiza-se nas imediações da junto da estrada romana que ligava Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga) e aproveita a proximidade a Conimbriga, a afamada civitas romana cujo território integrou. Na atualidade, a villa (quinta agrícola)

está delimitada a uma área com cerca de 50 metros de largura por 150 metros de comprimento. A localidade de Rabaçal, diga-se, já foi vila e sede de concelho, até 1853. Como se constata, em artigo na Wikipedia, o antigo município integrava as freguesias de Zambujal, Degracias, Santiago da Guarda, Rabaçal e Atianha. Tinha, em 1801, 3.270 habitantes. Após as reformas administrativas do início do liberalismo, foram-lhe anexadas as freguesias de Pombalinho e Alvorge, tendo sido desanexada a freguesia de Santiago da Guarda. Tinha, em 1849, 5 172 habitantes. Com a reforma administrativa de 2012, o território da freguesia do Rabaçal foi agregado na União das Freguesias de São Miguel, Santa Eufémia e Rabaçal. Atualmente, o Rabaçal é uma freguesia do município de Penela, com 8,79 km² de área e 291 habitantes (2011). A sua densidade populacional era 33,1 hab/km². A reforça político-administrativa de 2012/2013 levou a que fosse integrada na União das Freguesias de São Miguel, Santa Eufémia e Rabaçal.

Bem no centro do Rabaçal, o passado romano e a referência geográfica unem-se

As “Terras de Sicó” 111 As “Terras de Sicó” constituem um território que traduz uma identidade geográfica e social diferenciada, numa área de 1.500 km2 em torno do Serra de Sicó – um maciço montanhoso calcário, de pequena altitude e rica vegetação autóctone, com realce para os resistentes e espinhosos arbustos, para as extensas machas de carrascais e para a valiosa presença de carvalhos-cer-

quinhos, azinheiras e sobreiros de pequeno porte. Característica distintiva deste território montanhoso é a presença de inúmeras grutas, fruto da permeabilidade da rocha calcária. São exemplos destas formações geológicas o Algar da Lagoa, em Pombal; a Gruta da Cerâmica, em Ansião; as Buracas do Casmilo, em Condeixa-a-Nova; e a Gruta de Talismã, em Penela.

Esta última gruta é já um recurso turístico de excelência, pela sua beleza, a que não falta um curso de água subterrâneo (que há de dar origem ao Rio Dueça). É também um importante espaço de pesquisa espeleológica e antropológica – nas suas imediações foram encontradas duas construções humanas e uma ponta de lança em bronze, com cerca de 2900 anos.


96 | especial | Marcas que marcaram a região centro

86719

“Erva de Santa Maria” que alimenta cabras e ovelhas

Rebanhos que pastam nas encostas do Sicó produzem o leite para o afamado queijo

diário as beiras | 26-03-2021

111 O Queijo Rabaçal é, basicamente, um queijo curado, semiduro, de cor branco-mate. No entanto, a marca surge associada também mais a notáveis produtos de queijo fresco e até produtos similares, como requeijão. Pode ser consumido como entrada, sobremesa ou mesmo como refeição ligeira. O que torna este queijo único e o seu sabor distintivo é a chamada “Erva de Santa Maria” – um tomilho espontâneo, que abunda na serra e que serve de alimento às ovelhas e cabras que fornecem o leite. No aspeto técnico, os leites são coados a pano após o que são misturados e coagulados, com recurso a um coalho de origem animal. Como se pode ler na página que a Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) dedica aos Produtos Tradicionais Portugueses, a coalhada resultante é retirada à mão para um coador, sendo de seguida depositada dentro do cincho. Quando o soro estiver completamente esgotado, procede-se a uma leve prensagem manual e salga-se o queijo. O período de salga prolonga-se por 2 a 4 dias, após o que as cintas são retiradas e os queijos colocados em prateleiras para a cura. Durante este período, nunca inferior a 20 dias, os queijos são lavados 3 vezes por semana, raspados com um pedaço de telha, faca ou mesmo uma folha de figueira, limpos os com um pano de linho ou de algodão e colocados novamente no local de cura.


Marcas que marcaram a região centro | especial | 97

diário as beiras | 26-03-2021

Longa e rica história de um queijo

86735

111 Perdem-se no tempo e na História as referências ao Queijo Rabaçal. Surgem, desde logo, no Foral do Rabaçal (1514) e nas memórias paroquiais do Rabaçal (1758). Já no início do séc. XX, Eça de Queirós faz uma significativa alusão ao queijo no seu livro “A Cidade e as Serras” (“Cada queijo, um desses queijinhos redondos, como o Camembert ou o Rabaçal, pode vir a custar-te, a ti Jacinto queijeiro, entre duzentos e cinquenta e trezentos mil réis”). O Rabaçal, já se disse, empresta os prados, os rebanhos e o nome ao famoso queijo, mas a verdade é que a produção estende-se a seis concelhos – Penela (todas as freguesias), Condeixa-a-Nova, Soure, Alvaiázere, Ansião e Pombal. Nem todas as freguesias deste amplo território, porém, integram a área de circunscrição da denominação de origem protegida. Dados da DGADR, referentes a 2020, revelam que o sistema produtivo do Queijo Rabaçal DOP é composto por 11 explorações abastecedoras de leite e 4 queijarias certificadas. Segundo aquele organismo estatal, a produção de Queijo Rabaçal DOP atingiu cerca de 11.612 kg, sendo o décimo primeiro queijo com DOP mais produzido em Portugal (cerca de 0,6% da produção nacional).

Villa Romana do Rabaçal é já uma atração turística

Dois milénios de herança romana 111 Sobre a Villa Romana do Rabaçal, lê-se em artigo disponibilizado no sítio web da Câmara Municipal de Penela que é constituída por uma área urbana (residência) e uma área rústica (alojamento de servos) e frumentária (celeiro, lagar, estábulos), separadas por um valado. foi utilizada como habi-

tação de uma família romana nobre, cujas terras ultrapassariam uma área de 100 hectares. O artigo citado explica que a casa senhorial é um domus com átrio e peristilo (pátio interior octogonal com 24 colunas, octogonal e orientado segundo os rumos da rosados-ventos. As escavações

permitiram identificar e mostram mosaicos com motivos figurativos (estações do ano, quadriga e figura feminina sentada), e mesmo algumas composições geométricas e vegetalistas, que não têm semelhanças com o que existe em Portugal. No conjunto formam um grupo estilístico novo.

A data provável da sua construção deste complexo habitacional rural terá sido em meados do século IV d. C., como confirmam os achados, em especial de moedas. Terá sido habitada até ao século V d.C. Mil anos volvidos, terá sido parcialmente reocupada como cemitério.


98 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Aldeias do Xisto

Aigra Nova

Aldeia das Dez

Ruralidade mágica e 111 Era uma vez um território abraçado pela beleza natural da região Centro de Portugal que se quis afirmar pela sua paisagem cultural, valorização do património arquitetónico construído, dinamização do tecido socioeconómico e renovação das artes e ofícios. Denominado por Aldeias do Xisto, este destino é composto por 27 espaços distribuídos por

16 municípios dos distritos de Coimbra, Leiria e Castelo Branco. Vamos, então, conhecer todo o território: Benfeita e Vila Cova de Alva (Arganil); Martim Branco e Sarzedas (Castelo Branco); Sobral de São Miguel (Covilhã); Casal de São Simão (Figueiró dos Vinhos); Barroca e Janeiro de Cima (Fundão); Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena (Góis); Can-

dal, Casal Novo, Cerdeira, Chiqueiro e Talasnal (Lousã); Gondramaz (Miranda do Corvo); Álvaro (Oleiros); Aldeia das Dez (Oliveira do Hospital); Fajão e Janeiro de Baixo (Pampilhosa da Serra); Mosteiro (Pedrógão Grande); Ferraria de São João (Penela); Figueira (Proençaa-Nova); Pedrógão Pequeno (Sertã) e Água Formosa (Vila de Rei).

Devido à sua extensão, e para uma melhor afirmação da marca, foi necessário dividir este território em quatro áreas que têm em comum o território onde se inserem: Serra da Lousã (12 aldeias), Serra do Açor (cinco aldeias), Rio Zêzere (seis aldeias) e Tejo/Ocreza (quatro aldeias). Apesar do nome indicar que estamos perante um parque temático todo à volta do xis-

86736

86739

São a porta de entrada para um território maravilhoso com uma variada oferta de turismo e lazer em íntimo contacto com a natureza e as tradições culturais da região Centro. Constituída por 27 aldeias, distribuídas por 16 municípios, é todo um mundo novo que remonta à pré-história, recuperado e servido de pontos de interesse naturais e patrimoniais, lugares onde apetece passear, fotografar, respirar o ar puro da Serra, mergulhar nas praias fluviais e dormir por uns tempos, em retiro. Para ajudar à divulgação da marca, foi necessário dividir este território em três áreas: Serra da Lousã ( 12 aldeias); Rio Zêzere (seis aldeias); Serra do Açor (cinco aldeias) e TejoOcreza (quatro aldeias)

União das Freguesias de Eiras e São Paulo de Frades parabéns ao diário as beiras

Rua Dr. Alfredo Freitas, n.º 17 - 19 - Eiras Tel.: 239 431 487 email: sede@uf-eirassaopaulodefrades.pt


Marcas que marcaram a região centro | especial | 99

26-03-2021 | diário as beiras

Benfeita

Cerdeira

e genuína em 27 aldeias

86752

86754

to, a verdade é que, para além desta pedra, há que ter em conta a identidade das pessoas que ali habitam, os sabores que transmitem a quem os visita e o entusiasmo com que são relembradas as histórias. Através da Rede da Serra da Lousã, é de destacar o Talasnal e Casal de São Simão. Mas nas 12 aldeias estão distribuídas a sim-

patia, a densa natureza, o Ecomuseu de Aigra Nova, o castelo de Casal Novo, a maior altitude em Aigra Velha (a 770 metros), o rebanho e o casal de habitantes do Chiqueiro, a proximidade das praias fluviais desde Comareira, as pedras esculpidas de Gondramaz ou a Pena, que se eleva abrigada dos penedos. Candal é das al-

deias mais visitadas; Cerdeira é lugar de criação artística e Ferraria de São João aposta na vivência ativa ao ar livre. Do lado da Serra do Açor, a visita começa em Aldeia das Dez, onde é possível admirar a paisagem de cada miradouro da aldeia enquanto saboreia um licor de medronho. Segue por Benfeita e a sua

torre sineira da paz; Fajão com os seus penedos de quartzito a lembrar castelos; Sobral de São Miguel, considerado “o coração do xisto” e Vila Cova de Alva, aldeia com janelas manuelinas e diversos monumentos. Álvaro, Barroca, Janeiro de Baixo e Janeiro de Cima, Mosteiro e Pedrógão Pequeno são as seis aldeias

da rede do Rio Zêzere. Neste agrupamento, o xisto é o material dominante das suas casas e mantém a harmonia entre o património religioso e o rural; acompanha os ciclos agrícolas e respeita penedos, vales e ribeiras. Por último, a Rede do Tejo/Ocreza. A viagem começa na fonte de água da aldeia de Água Formosa, a

10 quilómetros do Centro Geodésico de Portugal, e segue por Figueira, onde abunda o cheiro a pão quente do forno; Martim Branco, onde o pão também tem lugar de destaque e o xisto convive com o granito para manter a qualidade das casas, terminando em Sarzedas, a única aldeia distinguida com título nobiliárquico.


100 | especial | Marcas que marcaram a região centro

26-03-2021 | diário as beiras

Gondramaz

Fajão

Ferraria de São João

Uma marca pensada no turismo e nas pessoas

74231

1 1 1 O trabalho de consolidação da marca “Aldeias do Xisto” começou no início deste século. No âmbito do 3.º Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), através do Programa Operacional Regional do Centro, foi lançada a Ação Integrada de Base Territorial do Pinhal Interior. O objetivo, dedicado ao território de 21 concelhos no centro de Portugal, era estruturar o território em redes, tirando partido do seu potencial: aldeias, cur-

sos de água, percursos. Foi assim que surgiu a Rede das Aldeias do Xisto, a Rede de Praias Fluviais e a Rede Caminhos do Xisto. Até 2002, o programa foi pensado e planeado em colaboração com os municípios, visando criar uma marca no território partindo da forte identidade de um conjunto de povoações e inovando nos métodos e na forma de o requalificar. O desenvolvimento deste projeto levou a que o número de aldeias ade-

rentes fosse crescendo. Em 2007, a rede já era constituída por 24 aldeias, acabando por fechar nos 27 espaços que agora compõem este território alguns anos depois. O fim do programa em 2007 levou a que fosse criada a ADXTUR - Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto. Na prática, a Administração Pública passou a liderança do processo para uma parceria de municípios, associações

e agentes privados. A criação da marca Aldeias do Xisto, enquanto destino turístico de qualidade, efetivou no terreno uma rede público-privada potenciadora da identidade de base regional e criou um posicionamento que se afirma pela diferença no mercado de turismo nacional e internacional e que já levou a que muitos cidadãos estrangeiros tenham escolhido este território para viver. Ao mesmo tempo, fo-

ram ainda promovidos os produtos locais, a animação turística das aldeias e a qualificação dos seus habitantes e agentes económicos através de ações de formação profissional. O ponto fulcral de todas estas intervenções foram sempre as pessoas, visando a melhoria das condições de vida das populações residentes, criando emprego e qualificando os recursos humanos de forma a permitir o surgimento de uma nova base económica.

Uma das apostas da ADXTUR foi a criação de uma plataforma denominada bookinxisto. Na prática, trata-se de uma central de reservas multisserviços (alojamentos, experiências e restaurantes), que está disponível em cinco idiomas, e que agrega toda a oferta da marca. A sua criação permitiu aumentar o nível de envolvimento da rede com os parceiros locais e estimular um crescimento da capacitação digital do território.

Instalações Elétricas Comunicações Segurança Projetamos o seu conforto em segurança Projeto, Fiscalização e Consultoria Escritório: Av.ª Fernão de Magalhães, 584 6.º C - 3000-174 Coimbra Tel.: 239 833210 - mail: geral@celiumproj.pt


Marcas que marcaram a região centro | especial | 101

26-03-2021 | diário as beiras

Parceiros que vão até à noruega 111 A rede das Aldeias do Xisto tem apostado nas parcerias internacionais ao longo da sua existência. Uma das primeiras áreas de trabalho teve lugar em 2010, altura em que estabeleceu um protocolo de colaboração com o Museu de Røros — cidade norueguesa classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. O acordo candidatado e aprovado no âmbito do mecanismo financeiro EEA Grants, ba-

números 27

seou-se na transferência de conhecimentos entre os artesãos noruegueses e portugueses, tendo como base a recuperação de edifícios (num total de 80) nas Aldeias do Xisto de acordo com a filosofia de preservação do património implementada em Røros. Outra das parcerias internacionais teve lugar no projeto “Eco-Arq — Aplicação da eco reabilitação na arquitetura tradicional do

Aldeias do interior do país integram a rede

100

datas 2020

Conquista do Prémio Nacional de Turismo na categoria Turismo em Rede, pelo trabalho desenvolvido com a plataforma de reservas Bookinxisto

fazer tradicional local, para valorizar as boas práticas e disponibilizá-las ao território do Sudoeste Europeu. De âmbito nacional, mas com abrangência mundial, é o projeto da Arte Rupestre das Aldeias do Xisto. Apostando no inestimável património histórico e arqueológico do território, foram criados dois centros interpretativos em Poço do Caldeirão (Barroca, Fundão) e Chãs

2019

A estratégia digital de promoção do Bookinxisto ganhou a prata na categoria Cultura & Entretenimento dos Prémios Marketing Meios & Publicidade

86713

86747

Operadores privados atuam no território

Sudoeste Europeu”, apoiado no âmbito do Programa SUDOE - INTERREG IV B e que juntou parceiros espanhóis e franceses. O principal objetivo é promover a reabilitação sustentável do património construído de pequena dimensão, como vetor para atribuir valor acrescentado em termos económicos às rotas turísticas. Neste contexto, Eco-Arq contribui para a salvaguarda do património construído e do saber

d’Égua (Piódão, Arganil). O primeiro espaço interpretativo encontra-se no início do percurso de visita às gravuras do Poço do Caldeirão. No percurso feito ao longo da margem do rio Zêzere, podem ser apreciadas três figurações paleolíticas de cavalos, todas orientadas para a direita, gravadas por picotagem. Noutra rocha existem ainda duas representações de cabras com uso da mesma técnica.

2018

A aldeia de Casal de São Simão, em Figueiró dos Vinhos, foi distinguida com o prémio “Oxigénio” pela ADEGA- Asociación para a defensa ecolóxica de Galiza

Já o centro de Chãs D’Égua é o ponto de acolhimento e partida para a descoberta das cerca de 100 rochas gravadas já inventariadas na freguesia do Piódão. Esta aldeia de Arganil é o centro das manifestações da arte rupestre do Açor, assumindo-se como a mais importante concentração desta arte entre o Tejo e o Vale do Côa. As gravuras datam do final do Neolítico, Bronze Final e 1.ª Idade do Ferro.

2016

AICEP e ADXTUR assinam protocolo de internacionalização da marca Aldeias do Xisto. A primeira ação teve lugar na feira de design Tent London


86714

102 | especial | Marcas que marcaram a região cen-

26-03-2021 | diário as beiras


86715

26-03-2021 | diário as beiras

Marcas que marcaram a região centro | especial | 103


86434

QUE POR AGORA O MELHOR É JOGAR EM CASA

AF_CF_2021_Acreditamos_AsBeiras_252x352.indd 1

2/18/21 6:09 PM


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.