Card Player Brasil Digital - 3

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Nº3

COMO UTILIZAR OS FUNDAMENTOS DO HOLD’EM PARA SE DAR BEM EM OMAHA

CONFUNDINDO OS ADVERSÁRIOS COM JOGADAS IDIOTAS

ENTENDA OS FUNDAMENTOS DA 3-BET

JOGADOR DA SUÉCIA GANHA ENTRADA PELO BESTPOKER.COM E VENCE TORNEIO NO RIO

O JOGO DOS 9 ERROS NO POKER AFTER DARK

IGOR FEDERAL O HOMEM-FORTE DO POKER BRASILEIRO



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eXPedieNTe diretor executivo renato lins editor bruno Nóbrega de sousa Tradução rodolfo moraes Farias Projeto Gráfico e diagramação diego bittencourt lud Fernandes Thiago Fosk Webmaster bernardo benevides Conteúdo Web Karen dias Jornalista marcelo souza Fotógrafo bruno mooca Colunistas Nacionais andré “dexx”, Christian Kruel, diógenes malaquias, luan estradioto, Felipe mojave, Geraldo Campêlo, Pedro Nogueira, rodrigo seiji Colunistas internacionais alan schoonmaker, david apostolico, dusty schmidt, ed miller, Jeff Hwang, John Vorhaus suporte / saC Heliana de souza rosilene soares endereço raise editora ltda rua Pirapetinga, 176, serra CeP 30220-150 - belo Horizonte - mG Tel.: (31) 32252123 impressão Gráfica del rey distribuição dinap

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OS DOIS LADOS poker online jamais esquecerá o dia 15 de abril de 2011. Naquela fatídica data, aconteceu o que �icou conhecido como “Black Friday”, a sexta-feira negra para o poker na internet. Resumidamente, após investigação realizada pelo FBI, alguns dos principais sites de poker do mundo – incluindo os poderosos PokerStars e Full tilt – foram acusados de crimes contra a ordem econômica americana. Nas primeiras horas após a divulgação da notícia que chocou a comunidade internacional do poker, ao tentar acessar esses endereços, o que se via era um intimidador comunicado do FBI elencando as razões pelas quais tudo aquilo estava acontecendo. O fato é que, menos de três dias depois, os domínios haviam sido restabelecidos. Com uma diferença: ali, os americanos já não podiam mais jogar valendo dinheiro real. Os ianques representam cerca 30% do mercado de poker online mundial. Sem eles nas mesas, o lucro cessante das empresas afetadas chega facilmente à casa dos bilhões de dólares. Isso para não falar em eventuais repercussões negativas de curto e médio prazo, que incluem desde o atraso na regulamentação do poker online nos EUA até o pedido de concordata de algumas empresas do segmento. Se essas consequências se concretizarão ou não, só o tempo dirá. Conjecturas à parte, o que se viu depois desse espasmo da indústria foi uma espécie de “Nova Ordem Mundial do Poker”. E nessa mudança radical de cenário, os jogadores brasileiros estão entre os protagonistas. Conquistamos alguns dos melhores resultados da nossa história. As vitórias em grandes torneios online passaram a ser ainda mais constantes, a exemplo do Super Tuesday, do Sunday Million e do prestigiado Main Event do FTOPS. Sim, já vínhamos numa crescente de resultados expressivos na internet, mas essa curva de aumentou rapidamente nas últimas semanas, possivelmente por conta dos efeitos da Black Friday. Não estou querendo dizer que proibir os americanos de jogar a dinheiro real na internet tenha sido bené�ico para nós ou para quem quer que seja. Pelo contrário: o poker online perdeu muito com isso. Mas que toda moeda tem dois lados, isso tem. ♠ Bruno Nóbrega de Sousa – Editor @brunocardplayer


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Sumário

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Especiais

Conteúdo

18. Daniel Cates - O Rei da Selva

08. Carta ao Leitor

38. Igor Federal - O HomemForte do Poker Brasileiro

12. Circuito Brasil

66. Rio Poker Tour - Tem Sueco no Samba

72. Página Rosa Bate-Papo com Lisandra e Veridiana

14. DIÓGENES MALAQUIAS

26. christian kruel

32. PEDRO NOGUEIRA

Jogadas Estúpidas Diógenes defende a tese de que, fazendo jogadas “estúpidas” conscientemente, seus adversários lhe considerarão donkey e você poderá tirar proveito disso.

Retas Paralelas CK mostra como os jogadores podem utilizar os conceitos do Texas hold’em de modo a se darem bem em torneios de Omaha.

Sobre Homens e Cachorros Pedro Nogueira aborda a série “Cachorros Jogando Poker”, de C. M. Coolidge, que imortalizou o melhor amigo do homem em cenas do nosso jogo favorito.

52. André “dexx”

56. FELIPE MOJAVE

74. Forrando pesado

Pelos Caminhos da 3-Bet Nesta edição, Dexx introduz aos leitores os fundamentos da 3-bet, assunto que, segundo ele, é muito falado, mas nem sempre bem compreendido..

Poker After Dark O Jogo dos 9 Erros Análise afiada de uma mão disputada por Howard Lederer e Eli Elezra no programa Poker After Dark, identificando nove erros cometidos por eles.

Destaque da Edição: “Ariel Bahia” Ao vencer o Main Event da FTOPS, Ariel Bahia conquistou a maior premiação de um brasileiro na história do Poker online: 346 mil dólares

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s circuitos live no Brasil começaram e já conhecemos alguns dos campeões de 2011. Confira quem saiu na frente na luta pelos títulos regionais. (clique nas fotos para mais detalhes)

FAÇA PARTE do Circuito Brasil Clique aqui e saiba como!

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Maicon Biessek Campeonato Gaúcho - CGTH Local: Passo Fundo/RS Data: 07 de Maio Field: 67


Bruno Príncipe Paraíba Series of Poker Local: João Pessoa Data: 16 de Abril Field: 35

Eduardo Andrade Circuito Mineiro - MSOP Local: Vitória Data: 20 de Maio Field: 94

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PSICOLOGIA

Diógenes Malaquias @diogenes1608

jogadas estÚpidas Confunda os adVersÁrios agindo feito donKeY

Diógenes Malaquias é fundador do site de treinamento universodopoker.com, onde dá aulas de cash game online.

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as duas últimas edições, conversamos sobre a Teoria da Projeção. Em linhas gerais, esse conceito afirma que “o ser humano acredita que as outras pessoas pensam como ele”. Com origem nos estudos de Freud, a projeção é um mecanismo de defesa. No poker, ela está se tornado uma poderosa abordagem do jogo. Neste artigo, veremos outra estratégia psicológica criada no Olimpo dos cash games high-stakes online, difundida apenas a conta-gotas entre nós, meros mortais. Nós vimos ainda em meu primeiro artigo aqui na CardPlayer Brasil, na edição 20, que a essência do poker

é se adaptar aos adversários e jogar conforme as características deles. Observação é fundamental no jogo. Como se sabe, no poker existem diversos “padrões” criados com embasamento matemático. Quem foge dessa linha normalmente é rotulado de donkey. Nos cash games online, por exemplo, o jogador que entra de limp sem que ninguém tenha feito isso vai para o canto da sala com um chapéu de cone na cabeça. Vão chamá-lo de donkey. Por quê? Porque um raise seria melhor, mais lucrativo. Mas isso é outra discussão.


Já no mundo dos torneios, quem dá raise ou fold pré-flop com 10 blinds ou menos também entra no rol dos quadrúpedes de carga. Afinal, quando se tem poucas fichas, a porcentagem das vezes em que você ganha a mão é sempre maior do que a porcentagem das fichas que você ainda precisa colocar no pote. Em outras palavras, a jogada vale a pena no longo prazo. É o bom e velho conceito de equidade. Até aí tudo bem. Mas, e se quisermos aplicar uma estratégia que atrapalhe a leitura que os adversários têm de nós? Nesse caso, uma jogada que colocasse um letreiro neon escrito “donkey” na nossa testa seria ideal. E tem mais, ela poderia ser matematicamente correta. @CARDPLAYERBR

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PSICOLOGIA

Confundir outros jogadores quanto à nossa habilidade é uma estratégia perfeita. E é possível fazer isso executando jogadas “fora do padrão”. De preferência, jogadas que se pareçam com aquelas que todo mundo rotula de donkey, mas que sequer são condenáveis matematicamente. Vamos chamá-las de “fake donkey”. A fake donkey de que eu mais gosto é o mini-reraise pré-flop em vez de call. Imagine a seguinte situação: você está numa mesa de $0,25$0,50 online e o UTG aumenta para $2, quatro big blinds. Dois jogadores pagam. Você está no big blind. O padrão seria dar call com mãos como pares baixos, cartas altas e até mesmo suited connectors baixos. Mas, em vez de só pagar, você decide dar o reraise mínimo, ou seja, 7 big blinds no total.

Vamos a uma análise lógica simples: • A jogada é padrão? Não. • É estranha? Sim. • Vamos perder dinheiro fazendo isso no longo prazo? Não. • Os adversários vão pensar que somos idiotas? Sim. • Eles vão se lembrar disso quando jogarem outra mão contra nós? Sim. • Vão errar ao pensar que somos piores do que realmente somos? Sim! (Risos)

Confundir outros jogadores quanto à nossa habilidade é uma estratégia perfeita. E é possível fazer isso executando jogadas ‘fora do padrão’.

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Agora vejam o que aconteceu comigo num cash game live. Mesa de $5-$10. Jogo deep, com mais de 200 blinds. Por duas vezes eu estava em posição final e, depois de uns cinco jogadores terem dado call em um raise vindo do começo da mesa, eu reaumentei o valor mínimo. Com isso, o pote tinha um raise para 50, cinco calls e meu mini-raise para 90. E ainda aproveitei para soltar uma falinha: “Vamos dar uma engordadinha no pote”. Obviamente, todos pagaram. Mas, a partir daí, alguns jogadores tight regulares que não me conheciam passaram a me tratar como um completo donkey, um fanfarrão de primeira grandeza. Não vou falar o quanto foi bom o valor que extraí disso. Só vou dizer que vocês não fazem ideia do tamanho do meu sorriso quando saí daquela session. ♠



A D i e R O A V L E S s Pempu : Brian e s a B o Text

nhou ” Cates já ga 2 1 n a m le g n l “ju r em e 2009, Danie aior vencedo d m m o fi o o d si e o sd d e D m mais $2 online, ten ra r e fo k , o o p n a o n e s st e e re d ão $7,5 milhõ meiro trimest ais de 1 milh ri p m o m n e s a a n ri e ó p it e a de v 2010. A três anos, est a incrível tax e m d u a ir m e o C rr a s. c e tória milhõ de sua edores da his as ao longo c d n a e g v jo s s re o io ã a m de dos m anos já é um 1 2 e d m o e v jo le hoje tem n e , . ia e c n n li ê n o sc r le e a ado ller do pok McDonald’s n super high-ro o o d o o d m a o g c re s p to Em da even eio mais caro ticipação em rn r a to p o a , 1 lo 1 u 0 íc 2 curr lions s nose do Aussie Mil m cash game e 0 0 u o .0 r 0 e 5 ll 2 e o $ -r e h d na carreira d eventos hig ra g m e re a ja e S m . ra a res torna históri aiores jogado igantescos se m g s s o n d -i y m u u b , u d blee torno idamente se p ra e u q s, te Ca os os tempos. d to e d e n li n o

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Como muitos de sua geração, Cates começou no poker em home games durante seus últimos anos de colégio. Era perdedor. Seu jogo esporádico e seus cabelos compridos lhe valeram um apelido que define bem sua personalidade. “As pessoas diziam que eu lembrava George of the Jungle”, afirma Cates. Após terminar o ensino médio, ele começou a jogar cash games live com buy-ins de $100 a $200. Cates jogou durante alguns meses e perdeu muito dinheiro no começo. Não demorou para que ele resolvesse tentar o poker com mouse e teclado. Sem muitos recursos, ele desceu de nível e voltou a jogar nas mesas de $5 e $10.

Cates entrou na University of Maryland para estudar ciência da computação, tendo jogado exclusivamente online durante seu primeiro ano de faculdade. Ele finalmente começou a ter sucesso e a subir de limites. Com um desempenho modesto nos sit ’n gos e torneios em que tentava a sorte, ele voltou a se dedicar aos cash games, formato que o consagrou. Em apenas seis meses, o então obscuro grinder online se tornou regular nas mesas de no-limit hold’em de $10-$20. Muito embora sua ascensão tenha sido meteórica, Cates raramente jogava acima de seu bankroll.

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“Eu não queimei etapas”, disse ele. “Eu não tinha uma regra de buy-in, mas sempre tive uma quantidade decente de buy-ins disponível, e o valor aumentava à medida que eu subia de limites”. Seu sucesso no poker fez com que ele trancasse a faculdade em 2009 para se dedicar ao jogo.

Um Desastre Chamado “Isildur1”

Embora a escalada de Cates das mesas $10-$20 para os nosebleed stakes tenha sido relativamente suave, ele sofreu um baque que quase pôs fim à sua carreira no poker. Em dezembro de 2009, ele e a sensação do high-stakes Viktor “Isildur1” Blom se sentaram para uma intensa batalha heads-up. Quando tudo terminou, Cates tinha perdido $500.000. “Quando perdi $500.000 para Isildur1 e depois mais $90.000 no dia seguinte, o pensamento de que eu poderia quebrar começou a passar pela minha cabeça”, disse Cates, que tirou vários dias de folga depois do ocorrido.

Depois dessa enorme fatiada, Cates fez exatamente o que jogadores de poker precisam fazer quando necessário — desceu de limites. Apesar de jovem, ele lidou com a adversidade como um profissional experiente. “Minha seleção de mesas também ficou mais tight. É muito ruim ter que jogar em stakes mais baixos, mas às vezes é preciso”. Logo após isso, Cates teve uma das melhores fases de sua carreira. Não demorou muito para que seu bankroll voltasse a cerca de $1 milhão. “Eu não esperava me recuperar tão depressa”, afirma. “Foi bom ter me dado bem depois da partida com Isildur1. Eu tentava lembrar que nunca tinha corrido riscos idiotas na minha carreira e que ainda poderia ganhar muito dinheiro jogando poker. Isso me ajudou a pensar que aquela grande perda não importaria muito depois de um tempo”.


QUANDO PERDI $500.000 PARA ISILDUR1 E DEPOIS MAIS $90.000 NO DIA SEGUINTE, O PENSAMENTO DE QUE EU PODERIA QUEBRAR COMEÇOU A PASSAR PELA MINHA CABEÇA

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O Desafio Contra “Durrrr”

Em 2010, após estar estabelecido no mundo do high-stakes online, Cates recebeu uma oferta irrecusável. Tom “durrrr” Dwan lhe propôs participar do segundo Durrrr Challenge. “Eu já o tinha derrotado antes em no-limit hold’em e sei que ele tem falhas nesse jogo”, disse Cates. Não demorou muito para que Cates acabasse com durrrr nesse desafio heads-up. Após apenas 6.820 mãos de no-limit hold’em de $200-$400, Cates ganhou impressionantes $700.000. Com 40% das mãos jogadas, ele aumentara sua liderança para confortáveis $1,2 milhões. Apesar de ser um dos nomes mais temidos do poker, Tom “durrrr” Dwan perdeu mais dinheiro para Cates do que para qualquer outro jogador. Mas não foi o único. Outros vencedores das mesas caras já contribuíram para o crescimento do bankroll de Cates, incluindo Phil Ivey e Ilari “Ziigmund” Sahamies.

Por Que “Jungleman12” É Tão Bem Sucedido?

Diferentemente de quase todos os grandes vencedores da história do poker online, Cates ainda precisa ganhar um pote acima de $400.000, o que ajuda a provar que ele é um dos vencedores de high-stakes mais consistentes de todos os tempos. “Eu tento manter a variância baixa”, explicou. Seu colega Ashton “theASHMAN103” Griffin cita a agressividade na hora certa, em particular a capacidade de blefar em três streets, como uma das principais razões por trás do sucesso de Cates. No entanto, nos cash games, a sorte não substitui o trabalho duro no longo prazo: Cates joga quase todo dia nos maiores limites da internet.

Embate Contra o Galático

Agora que faz parte da elite do poker, Cates não planeja mudar de carreira. Para ele, trabalhar das 9h às 5h é pior do que 9-5 off. Porém, para um sujeito com sua reputação, não é fácil conseguir ação. Certa vez, isso aconteceu da forma mais inesperada: em dezembro, Cates foi contatado por Cristiano “CR7sete” Ronaldo via Skype. O jogador de futebol mais bem pago do mundo supostamente queria enfrentar o melhor jogador de poker online. Em uma sessão amigável de pot-limit Omaha de $1-$2, Cates perdeu uma pequena quantia para o jogador do Real Madrid. “Eu nunca tinha jogado com alguém tão famoso quanto ele”, disse Cates. “Ele é um sujeito normal. Ambos respeitamos o jogo um do outro. Não entendo de futebol, mas pelo pouco que sei, ele é um dos melhores do mundo. Eu cogitaria dar coach se ele me pedisse. Em troca, ele pagaria umas cervejas”.


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Sem Descanso No Caminho Para TORNAR-SE O MELHOR Daniel Cates tem se dado bem tanto em pot-limit Omaha heads-up quanto em no-limit hold’em. A maior parte dos seus $7,5 milhões vem desta última modalidade, por isso mesmo a maioria dos seus oponentes simplesmente parou de lhe dar ação. Ele então passou a jogar Omaha, que ganhara popularidade no mundo dos high-stakes. Antes de os potes de seis dígitos se tornarem rotina, Cates ganhou mais de $800.000 em apenas 150.000 mãos de no-limit hold’em de $25-$50 heads-up. Ele não precisou dos nosebleed stakes para se tornar milionário, mas subir de stakes era inevitável para alguém que parecia jamais perder. Confira duas mãos marcantes que Daniel “jungleman12” Cates na selva do poker online:

CATES VS. PATRIK ANTONIUS NO MAIOR POTE DA SUA CARREIRA Cates começou essa mão de pot-limit Omaha de $300-$600 com cerca de $215.000 em seu stack. Seu oponente, o finlandês Patrik Antonius, não estava muito atrás, com cerca de $190.000. Cates era o button e deu raise para $1.800. Antonius voltou $5.400 e Cates deu call. O flop veio A♣ 5♦ 4♦ e Antonius disparou $10.800.

Cates deu call e bateu o 10♣. Antonius apostou $32.000 e Cates respondeu com um raise para $129.000. Antonius voltou all-in. Cates pagou. Antonius mostrou A♠ 5♠ 7♣ 4♣, dois pares e um flush draw. Contudo, ele precisava de ajuda contra a sequência de Cates com A♦ 2♥ Q♠ 3♠. De acordo com a calculadora de Omaha da CardPlayer.com, a mão de Cates ganharia 68% das vezes. Os jogadores resolveram abrir o river e o turn duas vezes (run it twice) e em ambas Cates se manteve, faturando um pote de $375.000.

UM COOLER VS. TOM “DURRR” DWAN Com milhões em jogo no Durrr Challenge, não é surpresa que Cates tenha ganhado sua maior mão de no-limit hold’em na disputa. Com blinds em $200-$400 e stacks enormes, Cates e Dwan já produziram vários confrontos de seis dígitos. Cada um com pouco mais de $100.000, Dwan era o button e deu raise para $1.200. Cates voltou $4.800 do big blind e Dwan pagou. O flop veio Q♣ 8♥ 6♥ e Cates apostou $5.200. Dwan pagou e o K♥ bateu no turn. Cates apostou $16.800 e Dwan pagou mais uma vez. O river trouxe o 3♦ e uma aposta de $43.000 de Cates. Dwan foi all-in e Cates deu call com J♥ 2♥, enquanto Dwan deu muck com um flush menor, 5♥ 4♥. Cates puxou o pote de $216.000.

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COLUNA

christian Kruel @christiankruel

retas

paralelas fuNdameNtos do hold`em para torNeios de omaha

cK é um dos pioneiros do poker no brasil. ele também é membro integrante do Full Tilt red pro Team.

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á era. Não tem mais jeito. O Omaha tomou conta da mente e do bankroll de quase todos os jogadores. Então, para dar uma força para quem está começando a se aventurar no poker com quatro cartas na mão, vamos falar um pouco sobre torneios de Omaha. E para facilitar a compreensão dos conceitos, traçaremos paralelos com o hold’em. Levando em conta que a mecânica das duas modalidades é parecida, se você estiver familiarizado com o hold’em, já terá ferramentas para se dar bem em Omaha. Vale lembrar também que algumas variações, como o 6-max e o heads-up, possuem características específicas. Aqui, nosso foco são os torneios de mesa cheia.

E se o Omaha é parecido com o hold’em em diversos pontos, é justamente numa diferença que ele pega muitos iniciantes pelo pé: se no hold’em o melhor jogo é feito com as cinco melhores cartas dentre as sete disponíveis, no Omaha você é obrigado – repito, obrigado – a montar o jogo de cinco cartas com três do bordo e duas da mão. Uma forma interessante de se começar a aprender é assistindo a um torneio de Omaha do Full Tilt Online Poker Series, o FTOPS. Vocês perceberão uma característica relativamente comum, que é o jogo começar bem mais loose e terminar muito mais tight. No


hold’em, você geralmente constrói seu stack com muitos potes pequenos e alguns grandes. Em Omaha, você vive de ganhar poucos potes com muitas fichas. Na aparência, Omaha é um jogo bastante loose, mas o que deve prevalecer ao longo dos níveis de blinds é a paciência, como sempre. Já que recebemos quatro cartas, na prática teremos seis mãos de hold’em, em razão das combinações que elas permitem entre si. E isso faz os iniciantes cometerem outro erro

comum: o de achar que basta uma das seis combinações ser forte para entrar numa mão. Na verdade, você deve buscar ter seis jogos fortes, mas também boa posição na mesa. Assim como no hold’em, é fundamental ter informações pós-f lop caso a mão gere muita ação. Junte o fato de o jogo começar mais loose e ser limit ou pot-limit,

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COLUNA

e o resultado será uma multidão de jogadores com “muitos motivos para dar calls baratos” em todas as streets. Isso faz com que a maioria dos potes seja vencida por mãos fortes, como f lushes e sequências. E faz com que as melhores mãos para serem jogadas no início sejam aquelas que nos dão as maiores possibilidades de acertar tais jogos, que são as double suited em sequência (Ex.: 9♦ T♦ J♥ Q♥ ou 5♠ 6♠ 7♣ 8♣). Logo depois, temos as mãos seguidas com um grupo suited (Ex.: 8♦ 9♠ T♦ J♣) e as mãos seguidas “off-suited” (Ex.: T♦ J♣ Q♠ K♥). As mãos com pares altos e dois pares, apesar de possuírem boa classificação de mãos iniciais nos livros de Omaha, ficam muito vulneráveis nesse cenário loose da fase inicial do torneio, inclusive os pares de ases, principalmente se os potes forem muito contestados pós-f lop. No entan-

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No hold’em, você geralmente constrói seu stack com muitos potes pequenos e alguns grandes. Em Omaha, você vive de ganhar poucos potes com muitas fichas. to, quando os blinds ficam muito altos, o jogo se torna mais tight e os potes se concentram mais em disputas heads-up. Nessa altura, essas mesmas mãos com pares altos e dois pares ganham muito valor, superando inclusive as dos exemplos anteriores. Outro tipo de mão que tem valor no começo e na reta final do torneio é o ás suited com três seguidas


(Ex.: A♠ 8♠ 9♦ T♣). Se for double suited, melhor ainda. Vale a pena dar uma lida neste artigo do Jeff Hwang sobre mãos iniciais: http://migre.me/4dXDy. Depois de conter o ímpeto de jogar muitas mãos e ter a paciência para entrar com as certas, o próximo passo é agir com inteligência depois do f lop. É bastante comum se envolver em situações nas quais se tem uma mão marginal ou mediana, mas com muitos draws para dar suporte, o que dá equidade para os calls. Esse cenário pode levar o stack à ruína em poucos lances. Minha dica aqui é a seguinte: se você estiver diante de um multipote com muitas bets, raises e reraises, só insista em seu draw se tiver uma equidade muito boa e se ele for para o nuts. Caso contrário, é melhor abandonar a mão no início da ação.

Lembre que você vai construir seu stack ganhando poucos potes, porém grandes. Aos iniciantes em torneios de Omaha, recomendo um padrão mais conservador. Nas fases iniciais, salvo exceções, é interessante ser mais passivo pré-f lop devido à baixa equidade de fold, e mais agressivo pós-f lop, principalmente com draws para o nuts. Já na reta final, quando se tem uma equidade de fold bem maior, principalmente em pot-limit Omaha, é possível se manter agressivo durante toda a mão. Com essa linha mais conservadora, você terá subsídios para conhecer melhor o Omaha e criar sua própria estratégia de jogo. ♠

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CONHEÇA SUAS FEDERAÇÕES Federação Paranaense de Texas Hold’em Apesar de ter realizado o Campeonato Paranaense em 2009 e 2010, até o ano passado o principal foco da Federação Paranaense de Texas Holdem (FPTH) estava na formalização de sua documentação e no desenvolvimento de sua estrutura física, o que serviu de base para que outros tipos de serviços passassem a ser oferecidos aos afiliados. O resultado deste trabalho inicial veio logo no início deste ano. Uma das grandes conquistas da FPTH em 2011 foi o reconhecimento formal da Secretaria Especial de Esportes do Paraná e da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Curitiba. Ambas as Secretarias deram total e irrestrito apoio à realização do BSOP Curitiba, em março. Ainda para 2011, a FPTH está programando uma série de cursos para dealers e diretores de torneio, visto que a falta de profissionais qualificados é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos clubes. Além disso, a FPTH está negociando um contrato de assessoria jurídica aos clubes. Outra novidade em 2011 serão os cursos para jogadores. O primeiro deles foi realizado no último mês de maio, com o profissional Leo Bello. Mesmo com os novos serviços, a FPTH também se preocupou em melhorar o Campeonato Paranaense e realizou uma assembléia geral em dezembro de 2010 com todos os clubes que recebem a competição. Com isso, o Paranaense 2011 teve um salto de qualidade, tanto na parte técnica quanto na estrutura dos clubes-sedes. Neste ano, o torneio regional ganhou o patrocínio

do ROX Poker, que está distribuindo premiações adicionadas em todas as etapas, premiações para o Ranking “live” e para o Ranking do Campeonato Paranaense “online”, realizado no próprio ROX. Realizada no dia 12 de fevereiro no Clube K9 em Guarapuava, a 1ª etapa reuniu 112 jogadores, enquanto a 2ª contou com 128 inscritos na Associação Londrinense de Poker, em Londrina. A expectativa é que o campeonato continue crescendo nas próximas nove etapas da temporada. Uma das principais atrações do Campeonato Paranaense 2011 será a realização da Etapa Final no Eco Resort Capivarí, com garantia de R$20 mil e buy-in de R$600.

Federação Goiana de Poker Para a temporada 2011, a Federação Goiana de Poker (FGP) se concentrou na evolução do Campeonato Goiano. Por causa do aumento do número de jogadores, o evento passou a ser disputado nos maiores hotéis da cidade (quais são?). Além disso, a FGP vai providenciar uma nova casa, e promete ser uma das mais estruturadas do país. O Campeonato Goiano também teve alterações técnicas. Antes disputado no formato freezeout (R$ 250 – 15 mil fichas), o torneio passou a ter buy-in de R$200 (10 mil fichas) com Double Chance de R$100 (10 mil fichas) e add-on de R$100 (10 mil fichas).


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CRÔNICA

Pedro Nogueira @pedronogueira87

SOBRE HOMENS E CACHORROS

A JOGATINA CANINA IMORTALIZADA EM QUADROS HISTÓRICOS

Pedro Nogueira é jornalista, já disputou torneios internacionais de poker, como a WSOP Europe, e é blogueiro da revista Alfa, da Editora Abril.

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ualquer fã de esportes já ouviu falar em Cassius Marcellus Clay Jr. É possível que muitos, no entanto, não o reconheçam por esse nome. E com alguma razão. A�inal, passaram-se 47 anos desde que o pugilista, ex-campeão mundial dos pesos pesados, converteu-se ao islamismo e mudou de nome. Batizado pelos pais em homenagem

ao político Cassius Marcellus Clay (1810-1903), um abolicionista do Kentucky, o boxeador escolheu, ao trocar de religião, um típico nome muçulmano para ser chamado pelas pessoas: Muhammad Ali. Exatamente 98 anos antes do nascimento dessa lenda do boxe, o político americano já havia inspirado um outro casal a batizar o �ilho


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com seu nome. Assim, em 1844, nasceu Cassius Marcellus Coolidge, o artista que, anos mais tarde, imortalizaria o poker canino numa série de nove quadros. Coolidge pode não ter a dimensão artística de um Monet ou um Van Gogh. Mas, entre os jogadores de poker, sua obra é decerto tão popular quanto a de qualquer outro pintor – ou até mais. Entre 1903 e 1934, ano de sua morte, Coolidge produziu a série “Cachorros Jogando Poker” para a empresa Brown & Bigelow, uma fornecedora de calendários e artigos promocionais. São cenas clássicas do jogo pré-Texas Hold’em: sala pouco iluminada, jogadores fumando charuto, copos de uísque na mesa. E, eventualmente, uma fêmea surrando seu companheiro ao �lagrá-lo numa sessão de cartas. Só que, no lugar de homens, buldogues, boxers etc.


COOLIDGE PODE NÃO TER A DIMENSÃO ARTÍSTICA DE UM MONET OU UM VAN GOGH. MAS, ENTRE OS JOGADORES DE POKER, SUA OBRA É DECERTO TÃO POPULAR QUANTO A DE QUALQUER OUTRO PINTOR – OU ATÉ MAIS.

Das 16 telas da série, sete não retratam o poker em si. Elas mostram os cães gamblers em situações diversas, como um baile ou uma partida de sinuca. Num dos quadros, intitulado “Um Cachorro Solteiro”, um collie está sentando numa poltrona confortável, fumando charuto, com um drink ao lado. Ele lê o jornal do dia e, pelo contexto da série, supõe-se que esteja relaxando antes – ou depois – de algum jogo de poker. Um dos quadros mais famosos de Coolidge, “A Simpatia no Poker”, mostra um buldogue esparramado na cadeira e sete cachorros rindo dele. O motivo é que o azarado fez quadra de ases e encontrou um adversário com straight �lush – o

pesadelo de qualquer jogador de poker fechado. O pobre buldogue, aliás, foi uma vítima regular do pintor. Em duas telas (“Sua Estação e Quatro Ases” e “Oprimido Com Quatro Ases”), ele tinha quadra e a mão foi interrompida antes de ser concluída. No primeiro caso, porque o trem em que a partida corria chegara à estação; no segundo, porque uma batida policial acabou com a diversão da turma. O senso de humor é marcante na série, especialmente no caso de “Fazendo Companhia a Um Amigo Doente”. Na pintura, um grupo de quatro cachorros estaria, supostamente, dando suporte a um quinto colega doente, como sugere o título. Mas duas cadelas terrier descobriram o real motivo do encontro – o poker – e decidiram encerrar a partida de maneira nada amistosa. Um dos parceiros, ao tentar escapar de �ininho, apanhou de guarda-chuva.

“Cachorros Jogando Poker” virou cultura pop. As cenas criadas por Coolidge hoje estampam canecas, calendários e os mais variados tipos de souvenir. Em forma de pôster, decoram paredes de cassinos e clubes de poker ao redor do mundo. Mas, se é fácil ter uma cópia dos quadros de Coolidge, ter os originais é duro – e caríssimo. Que o diga o dono de “Um Blefe Arrojado” e “Waterloo”. Em fevereiro de 2005, o par foi a leilão na Doyle New York. A expectativa era de que fossem vendidos juntos por US$ 30 mil. Quando o martelo bateu, porém, o lance vencedor havia sido de US$ 590.400,00. O comprador? Ninguém sabe, pois se tratava de colecionador privado e anônimo. Mas, se eu fosse procurar as telas, meu primeiro palpite certamente seria a sala do Phil Ivey. Deu odds ou alguém discorda?

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IGOR “FEDERAL O HOMEM-FORTE DO POKER BRASILEIRO por Bruno Nóbrega de Sousa Fotos: Bruno Mooca

Igor Trafane é daqueles sujeitos cujo dia parece ter mais de 24 horas. Empresário, jogador e principal articulador político da regulamentação do poker no Brasil, ele trouxe para o meio uma cultura de profissionalismo na condução dos negócios. Isso inclui tanto o planejamento calculado das ações quanto a agressividade negocial. Nem todo mundo estava preparado para isso. Nascido no interior de São Paulo, em São João da Boa Vista, Igor mudou-se para a capital paulista a fim de estudar em uma das principais escolas de negócios do país, a Fundação Getúlio Vargas. Morou um tempo na Inglaterra, depois nos Estados Unidos, onde se especializou em franchising. Voltando ao Brasil, criou uma rede de escolas de inglês que, posteriormente, seria vendida e faria dele um empresário bem sucedido ainda jovem, na casa dos trinta e poucos anos. Em busca de qualidade de vida, resolveu se dedicar ao poker como jogador, tendo conseguido resultados

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bastante interessantes. Mas sua veia empreendedora falaria mais alto e ele acabaria criando outras empresas, dessa vez ligadas ao poker. Tornou-se, possivelmente, a figura mais influente do meio no país. Quis o destino manifesto que seu apelido, “Federal”, remetesse a autoridades constituídas. E ele, ciente de que trazia para si uma responsabilidade que poucos assumiriam – ou assumiriam, mas não conduziriam adequadamente – tomou a frente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em. Desta vez, além de precisar gerenciar seus negócios, que incluem um site de poker online, um portal de conteúdo, um clube, uma revista especializada e um circuito de torneios, Igor se tornava também a voz dos jogadores e empresários do poker junto ao poder público. Essa, talvez, a mais complexa iniciativa da sua vida profissional.

Conheça um pouco melhor Igor “Federal” Trafane, o homem-forte do poker brasileiro.


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Igor, pela sua trajetória, vê-se que você é um homem de negócios experiente. Quais conceitos do business você trouxe para a mesa de poker e, vice-versa, do poker para os negócios?

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Realmente é recíproco. O poker e os negócios têm muito de controle emocional, de estratégia e de paciência. Ambos tentam traçar os melhores caminhos para atingir objetivos. É muito jogo de cintura, percepção, feeling. A matemática do poker, por exemplo, é como se fosse, no business, o embasamento teórico de que você precisa para fazer bons


do”, meia dúzia de apaixonados por alguma coisa, como rugby ou beisebol no Brasil. O poker era um traço de mercado, mas cresceu. Chegou ao que se pode chamar de “nicho de mercado”. Com os números que já apresentamos hoje, de jogadores, de adeptos e de curva de crescimento, está se transformando em “segmento de mercado”, com potencial para virar produto de massa. Se irá virar ou não, é o desafio que o poker tem. Muita gente pode contribuir para que esses objetivos sejam atingidos mais rápido, menos rápido, ou até mesmo para que não sejam atingidos. Mas isso depende eminentemente do poker em si, da capacidade que ele tem de englobar e de cativar pessoas. Particularmente, eu acho que ele tem potencial para se massificar sim.

negócios. O poker é uma centelha. Há um paralelo muito forte entre a forma como você faz negócios e a maneira como você lida com a ação em uma mesa de poker. Eu sempre acho que um bom jogador de poker tem que ser uma pessoa muito preparada para a vida. Tem que ter certa malícia. Os bons empresários, via de regra, têm essas características.

Falando em negócios, você acredita que o poker pode se tornar um produto de massa no Brasil? Acredito. Ele já é assim nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Temos potencial para que isso também aconteça aqui. Costumo dizer que o poker começou como “traço de merca@cardplayerbrasil

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HÁ UM PARALELO MUITO FORTE ENTRE A FORMA COMO VOCÊ FAZ NEGÓCIOS E A MANEIRA COMO VOCÊ LIDA COM AÇÃO EM UMA MESA DE POKER. Houve um período em que você se dedicava quase exclusivamente à carreira de jogador. Foi quando você conseguiu seus melhores resultados live e online. Quais deles você considera mais marcantes? Tem três resultados que eu guardo com o maior carinho. Um deles foi quando eu ganhei a vaga para disputar a WSOP 2007. Naquela época, quase ninguém no Brasil imaginava jogar um torneio de 10 mil dólares. Vibrei como nunca quando ganhei esse pacote. E minha colocação no Main Event acabaria sendo a melhor de um brasileiro até então. Outro resultado muito marcante foi o campeonato paulista de Omaha. Na final, eu decidi com o Zidane, um dos maiores jogadores do Brasil: isso também teve um valor emocional grande. E o terceiro foi quando eu cheguei à mesa final do Sunday Million. Fui o primeiro brasileiro a fazer final table do Sunday Million, com Greg Raymer na mesa e tudo o mais. Foi inesquecível.

>>

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TODO MUNDO COM A MAO NA CABECA! A origem do apelido “Federal” Meu irmão Yan trabalhava na Bosch, em Campinas, e conhecia uma moça que era casada com um sujeito que gostava de poker. Um dia, conversando com meu irmão, ela comentou sobre essa turma de poker do marido dela e tal. Foi quando Yan disse que tinha um irmão que também jogava. Então, fui convidado para uma roda de poker em que eu não conhecia absolutamente ninguém. Entre os jogadores daquela mesa estavam Leandro Brasa, DC e Leo Bello, que era casado com essa colega do meu irmão. Eu tinha duas formas de fazer amizade. A primeira era ir devagarzinho, conhecendo as pessoas. A outra era fazer uma brincadeira ali e encurtar todo o processo. Decidi ir pelo segundo caminho. Eu tinha recebido uma carteirinha da Ordem dos Parlamentares do Brasil, por causas dos serviços que minhas empresas prestavam à educação e tal. Era uma carteira com um brasão nacional, que eu levei naquele dia do jogo. Conheci as pessoas, fiz aquela amizade superficial e, no meio do caminho, na hora que vi que a mesa estava cheia, um cara tinha dado raise, outro deu reraise, outro foi all-in, alguém deu call, enfim, aquela mesa cheia de fichas – nessa hora eu saquei a carteirinha do bolso, joguei em cima da mesa e gritei: “Polícia Federal! Todo mundo com a mão na cabeça!” E botei Brasa, Leo Bello, DC e companhia na parede, com as mãos na cabeça [risos]. Um deles chegou a gritar que era

oficial de justiça. E eu disse: “Agora é que a casa caiu de vez!” E já passei a mão no celular, fingi que estava ligando para alguém e falava, “Pode subir! Pode subir que está dominado!” Aí não me aguentei mais e comecei a rir. Quando os caras perceberam a armação, quando notaram que eu estava brincando, me deram uma surra, me deram tapa na cabeça, me jogaram no chão, pularam em cima de mim. Dali nasceu uma puta amizade. No outro dia eu recebi e-mail: “E aí, Federal? Vamos jogar essa semana?” E ficou Federal isso, Federal aquilo, e pegou. Na hora de escolher meu nick na internet, ficou fácil, “IgorFederal”. O resto é história.

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>> É provável que você estivesse no seu auge como jogador quando resolveu migrar para a condição de empresário do poker. Como se deu essa transição e como surgiu a Confederação Brasileira de Texas Hold’em nessa história? Eu acho que tenho um DNA empreendedor muito grande. Na minha veia corre o desejo de sempre fazer negócio, produzir, gerar valor e assim por diante. Simplesmente segui meu instinto. Percebi que o poker era um nicho de mercado interessante, e o quanto ele era forte nos EUA e na Europa. Sabia que tinha potencial para que isso acontecesse no Brasil, então fui naturalmente migrando para os negócios. Quanto à confederação, bem, precisávamos trabalhar com poker, mas estribados por algumas defesas daquilo que tínhamos certeza interior e pessoal de que era legítimo, legal. Sabemos que o poker não é um jogo de azar, e sim uma

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EU ACHO QUE TENHO UM DNA EMPREENDEDOR MUITO GRANDE. NA MINHA VEIA CORRE O DESEJO DE SEMPRE FAZER NEGÓCIO, PRODUZIR, GERAR VALOR E ASSIM POR DIANTE. SIMPLESMENTE SEGUI MEU INSTINTO. atividade intelectual e de habilidade, mas a sociedade brasileira não entendia isso. Mas não adiantaria chegar em frente a um juiz e jurar que há estratégia no poker. Era preciso criar caminhos de condução e argumentação que o ordenamento jurídico brasileiro aceitasse e entendesse. E não tinha outra forma: era preciso fundar uma associação, um corpo, para buscar documentos, laudos, pareceres etc. Isso para que, algum dia, quando alguém batesse à porta de uma empresa ligada ao poker querendo fechá-la, ou mesmo de um evento, querendo interrompê-lo, houvesse uma associação, um órgão, que defendesse o interesse dessas pessoas que trabalham com o poker, sejam elas jogadores ou empresários.


Eu torcia para que alguém fizesse, porque assim eu poderia me concentrar exclusivamente na atividade empresarial. Mas como na época não tinha ninguém fazendo isso, eu fui meio que assumindo a história. Fundamos a Confederação Brasileira de Texas Hold’em com o apoio de lideranças como Geraldo Campêlo no Paraná, Guga Azevedo na Bahia, Osvaldo Naves em Minas, Beto Bahia no Rio, Júlio em Goiânia, e por aí vai. Fomos juntando documentos e laudos, a coisa foi tomando corpo e tudo isso aconteceu.u. Ao longo de alguns anos de atuação, a CBTH conquistou vitórias importantes. Foram pareceres de juristas renomados, a classificação do poker como esporte da mente pela IMSA e também a questão do Conar, para citar apenas as principais. Qual momento você considera o mais difícil enquanto presidente da CBTH e qual o atual foco de ação da entidade?

A CBTH teve três momentos muito claros. O primeiro, burocrático. O cartório não queria deixar a gente nascer, a Receita não queria nos reconhecer e os bancos não queriam nos aceitar. O segundo momento foi o de juntar documentos. Foram estudos, pareceres, laudos etc. Para isso é preciso verba. O terceiro momento foi fazer uso dessa munição para avisar a todo mundo da nossa existência: foi a luta para colocar o poker na TV, com o BSOP, LAPT, e por aí vai.

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Para mim, a parte mais difícil foi a questão burocrática. Tomamos quatro ou cinco nãos do cartório, que dizia que a gente não podia fazer o registro porque o “objeto é ilícito”. Argumentamos, justificamos, fomos para a justiça, até que conseguimos fazer o cartório registrar a CBTH. Depois, recebemos da Receita Federal um código de atividade. Até hoje eu guardo esse papel. Lá, a Receita teve o peito nos entregar um CNPJ cujo código de atividade era “Exploração de Jogo de Azar”. Como se dissesse, “Isso aqui é ilegal, mas estou lhe dando um código, recolha aí, que depois a gente acerta com a Justiça”. Brigamos na Receita até conseguir um código de Associação Desportiva e Organização de Eventos Associativos. Então, essa parte burocrática foi realmente a mais complicada até agora. Nos próximos anos a meta da CBTH é consolidar sua legalidade, sua legitimidade e sua existência. Isso tudo junto ao Ministério dos Esportes, ao Ministério da Fazenda, resolvendo as questões tributárias, trabalhistas etc. Em suma, consolidar todas as formas legítimas de atuação de um segmento econômico. Depois disso, minha missão junto à Confederação estará cumprida.

Você consegue vislumbrar a CBTH sem Igor Federal à frente? Quando essa renovação naturalmente acontecer, quem você enxerga como seus eventuais sucessores na confederação?

Quando estávamos criando o estatuto da Confederação, algumas pessoas diziam: “Coloca uma cláusula para você poder se reeleger”. Outros falavam: “Coloca uma cláusula para você se defender e ter a posse disso e daquilo”. A CBTH não é minha. A CBTH é do poker brasileiro. Fiz esse trabalho até agora e vou terminar o que comecei, mas a instituição tem de ser forte por si só. Tem de ser maior do que eu, maior do que todo mundo. Ela tem de existir sozinha. E se ela não for maior do que todo mundo, é porque nunca foi maior do que ninguém. Ela já não é mais uma criança. Ela é um órgão, tem estatuto e leis sucessórias. Meu único grande desejo depois disso é abrir os Jogos Olímpicos do Brasil em 2016 com o poker como esporte da mente. Essa vontade eu tenho muito grande, mas acho que consigo suplantá-la fazendo um acordo com o futuro presidente, dizendo: “No dia dessa abertura, me leva ao seu lado pra eu ter esse prazer”. Até lá, acho que minha missão vai estar cumprida.

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A CBTH NÃO É MINHA. A CBTH É DO POKER BRASILEIRO. FIZ ESSE TRABALHO ATÉ AGORA E VOU TERMINAR O QUE COMECEI, MAS A INSTITUIÇÃO TEM DE SER FORTE POR SI SÓ.

Sobre os eventuais sucessores, bem, um candidato natural seria Alberoni Castro, o “Bill”, atual diretor executivo da entidade. Ele conhece tudo da CBTH e está ao meu lado todos os dias. Mas há, obviamente, outros nomes fortes, como Geraldo Campêlo, do Paraná, em razão da percepção associativa. Mas o presidente da CBTH não precisa ser um presidente de federação. Pela capacidade de formação de opinião, os nomes seriam você, Bruno, Juliano Maesano e Guilherme Kalil. O Marcelo Lanza é outro nome para o futuro. Quem também poderia naturalmente pleitear isso é o próprio André Akkari, claro. Enfim, precisam ser pessoas ligadas ao meio de forma profissional, séria, com solidez de condução pessoal dentro do poker.

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Quase todas as vezes em que conversamos, em algum momento, você mencionou a figura do seu pai. Hoje, então, você falou sobre ele de forma emocionada. Quanto do que você é hoje se deve a sua relação com seu pai?

Bem, como eu costumo falar muito sobre meu pai, vou começar mencionando a minha mãe. Ela é meu referencial de amor. De amor incondicional. Sou daqueles que podem dizer que tiveram a melhor mãe do mundo. Já meu pai é um referencial de razão, de competên-

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cia, de trabalho. Ele é um homem nascido no interior, em São João da Boa Vista, e enfrentou o mundo. Era funcionário de uma farmácia e por méritos próprios conseguiu se tornar geólogo, formado pela USP. Viajou o Brasil inteiro de norte a sul, desenvolvendo, desbravando, construindo estradas (a Transamazônica, a Rio-São Paulo), trabalhando em Serra Pelada, na Serra de Carajás. Meu velho viajou o mundo e hoje se refugia de novo na minha pequena cidade do interior. Ele me incutiu todos os valores de decência, de caráter, de palavra e de condução de vida que eu procuro seguir.


Meu velho sempre disse que eu sou uma versão melhorada dele. O que ele não sabe é que, se eu fosse 10% do que aquele homem foi, eu já seria o sujeito mais feliz do mundo.

Não seria exagero dizer que você é, possivelmente, a pessoa mais influente no meio do poker no país. Nessa condição, que recado você daria aos jogadores brasileiros? A principal mensagem, que eu tenho falado insistentemente é: joguem com responsabilidade. A grande razão pela qual o poker sofreu tanto preconceito, desde a década de 50 até aqui, foi porque irresponsáveis faziam dele uma fonte de desvio de condução de vida pessoal e familiar. O poker é uma arte bonita, um evento social, esportivo, estratégico. É bonito demais para ser usado de forma tão pequena, de autodestruição, sabe?

MEU VELHO SEMPRE DISSE QUE EU SOU UMA VERSÃO MELHORADA DELE. O QUE ELE NÃO SABE É QUE, SE EU FOSSE 10% DO QUE AQUELE HOMEM FOI, EU JÁ SERIA O SUJEITO MAIS FELIZ DO MUNDO.

Para você que quer ser profissional, utilizando o poker para trazer resultados financeiros, minha mensagem é que, se você perceber que não consegue ter resultados nessa dimensão, use o poker para se divertir. Na internet, utilize-o como entretenimento. Programe o quanto você pode gastar no poker como quem programa um jantar com a esposa ou uma ida ao estádio de futebol. Use o poker de forma competitiva, jogando para se desafiar, para brincar, mas nunca para trazer coisas ruins para você. Sempre que alguém faz isso, afeta todos aqueles que querem viver do poker. Se o poker não puder ser sua profissão, que seja sua diversão, seu esporte. ♠

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ganhe uma camisa


ANÁLISE

andré dexx @dexx_rj andredexx.com

andré “dexx” é instrutor do site tvpokerpro.com e um dos mais respeitados jogadores de cash games online do país.

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peLOs caminHOs da

S

3-bet

abe aqueles assuntos de que a gente escuta falar o tempo todo, mas cuja a parte elementar nem sempre entendemos? Neste artigo, veremos algo nesse sentido: os fundamentos da 3-bet. “Tribetar”, com se diz na gíria do poker, nada mais é do que dar reraise depois que um oponente abriu raise. Apesar de as variáveis que envolvem jogar um

pote tribetado serem inúmeras, a 3-bet é executada basicamente de duas maneiras: “pelo valor”, quando fazemos isso porque achamos que nossa mão está ganhando, por isso aumentamos o tamanho do pote e do nosso eventual lucro; ou “blefando”, conhecida como 3-bet light, quando queremos expulsar o oponente, antes ou depois do flop.

3-Bet Pelo Valor

Um exemplo clássico de 3-bet pelo valor é quando recebemos AA, tribetamos e nos preparamos para colocar todas as fichas em jogo caso o oponente continue no pote. Também é possível tribetar pelo valor com mãos piores como AQ, AJ, KQ ou KJ,


Veja o exemplo da ilustração. Trata-se de um oponente fraco que, além de pagar a 3-bet, paga apostas futuras. Perceba que podemos colocá-lo em várias mãos piores que a nossa, como KJ, KT, A9, K9, K7, T8, 89, 87, 67, 65, 64 e qualquer mão

dependendo da nossa posição e da qualidade do oponente. Se estivermos diante de um calling station, vamos nos isolar contra ele dando 3-bet com uma gama tão ampla de cartas altas que, se acertarmos um top pair, isso será o suficiente para atacar. Afinal, o range dele é grande a ponto de conter desde top pairs com kickers piores até middle pairs ou draws que pagarão caro para ver um turn ou um river.

Legenda X

utG $1000 8

K

sb $1000

RAISE

CHECK

RERAISE

BET

CALL

ViLãO $1328 6

8

K

FOLD

6

buttOn $1755 K

cutOff $1003

Q

K

Q

bb $502

$30

CUTOFF

Pré-flop UTG SB

com duas cartas de ouros esperando o flush. Basicamente, só perdemos para AK, KK, 88 e 66. Nossa aposta ali é uma típica 3-bet pelo valor.

X X

VILÃO BB

X

VILÃO

X

BUTTON

$100

$70

Flop VILÃO

BUTTON

$145

VILÃO

$145

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ANÁLISE 3-Bet Light A ideia por trás da 3-bet light é simples, mas muito importante, principalmente nos jogos atuais. A função dela é balancear seu range, de modo que você gere ação quando receber mãos premium. Quem não conseguir fazer isso será perdedor no longo prazo. Em qualquer limite. Se ficarmos esperando mãos premium para tribetar, os oponentes vão perceber com facilidade que só fazemos isso com as melhores mãos, por causa da baixa frequência. Por outro lado, se tribetarmos alucinadamente, também nos tornaremos previsíveis, já que ninguém recebe AA, KK ou QQ a todo instante. Nossos adversários reagirão com 4-bets e calls, sabendo que a menor parte de nossas 3-bets são pelo valor. E vão lucrar à nossa custa. Quando executada com precisão, a 3-bet light, além de muito lucrativa, influi diretamente na gama de mãos em que o oponente lhe coloca. E quanto menos previsível você for, melhor. Quando tribetamos light de forma balanceada, o oponente tende a entrar mais vezes no pote com mãos piores, fazendo com que essa jogada tenha expectativa positiva, o chamado +EV.

Os primeiros passos para a execução perfeita da 3-bet é saber ‘quando’, ‘com o quê’ e ‘contra quem’ tribetar. Mas qual o momento ideal de dar 3-bets light? A regra número um é fazer isso contra oponentes que costumam dar fold diante desse tipo ataque, ou contra oponentes que, mesmo dando call, costumem largar diante de uma aposta no flop (continuation-bet). Outro ponto é tribetar light quando tivermos posição, de preferência com mãos com as quais não queremos nos envolver dando call, pois não vão acertar o flop tão bem. É o caso de A7, K2, Q3 J8, T7 etc. Mãos como Ax, Kx, Qx são melhores ainda, porque servem como blockers. Ou seja, quando temos ás e outra carta, cortamos pela metade a chance de o oponente ter AA, e em um quarto a de ele ter AK, mãos que queremos evitar encontrar pela frente. Os primeiros passos para a execução perfeita da 3-bet é saber “quando”, “com o quê” e “contra quem” tribetar. Com as linhas gerais que vimos neste artigo, você já tem um caminho seguro para fazer isso de maneira eficiente. Aproveite. ♠ 54

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COLUNA

Felipe mojave @Felipemojave

o Jogo doS 9 erroS no poKer after darK

Felipe mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade. Faz parte do time de profissionais do Full Tilt.

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Q

uem acompanha o poker já deve ter ouvido falar no programa Poker After Dark, em que grandes jogadores se reúnem e formam uma mesa dos sonhos. Na temporada atual, o jogo passou a ser no formato winner-takes-all e virou realmente um programa de cash game, no estilo High Stakes Poker. O buy-in mínimo subiu para 150 mil dólares, e os blinds são de 300600 com antes de 100. Deep stack desse jeito, o jogo ficou muito mais apetitoso e interessante de se assistir. E a estrutura com seis jogadores foi mantida. Tudo isso junto só poderia resultar em muita ação, correto? Curiosamente, a resposta nesse caso é não. Definitivamente, não.

Em uma das semanas, o programa reuniu David Peat, Howard Lederer, Phil Laak, Greg Mueller, Olivier Busquet e Eli Elezra. Para mim, um dos lineups mais fracos da história dos programas de poker na TV. E olhe que estamos falando de uma mesa que começaria com quase 1 milhão de dólares descansando no pano! Meu sonho era estar naquela mesa. Aliás, que profissional de cash games não sonharia com isso? Como eu imaginava, a monotonia imperou naquela semana. Apesar de termos Peat e Elezra como os loose da mesa, sabemos que eles já não são mais os francos-atiradores de antigamente. Eles mudaram de perfil


depois de terem perdido muito dinheiro no poker. Eu me arrisco até a dizer que eles são bancados por um jogador investidor. Justiça seja feita, eles ainda são loose, mas essa agressividade está mais ligada a decisões ruins do que a despejar dinheiro na mesa feito loucos. Era basicamente isso o que eles faziam no passado. Lederer e Laak são conhecidos como dois dos jogadores mais tight do mundo do poker. E Busquet e Mueller, apesar de tight também, tentam diversificar o jogo, mas sem tanta frequência e quase sem criatividade. Considero esses quatro jogadores como solid money, sólido como uma pedra de calçamento. Eles realmente têm muita grana. Mas o que se viu foi um show sem sal e sem pimenta. Sem graça, em suma.

Apesar de tudo, houve mãos interessantes. Veremos uma delas em particular aqui, com pontos que merecem ser observados com bastante atenção. A mão é entre Howard Lederer e Eli Elezra, e eu vou apontar nove erros bem esdrúxulos cometidos durante a ação. Levando em conta o nível do Poker After Dark, demorei para acreditar que essa mão realmente aconteceu.

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COLUNA

A Mão

Lederer

Elezra entra de limp com A♦A♥ do UTG+2. Lederer completa o small blind com Q♥2♥. Laak dá check com T♦4♥ do BB. O flop vem Q♦4♣2♦ e o pote contém $2.300. Lederer aposta $2.000, Laak dá fold e Elezra aplica um aumento instantâneo para $6.000. Lederer apenas paga. Com $14.300 no pote, o turn é um 3♠. Lederer dá check e Elezra outra vez manda $11.400 instantaneamente. Lederer continua com o slowplay e dá só call. No river vem um 4♦, pareando o bordo e trazendo o possível flush, já que é a terceira carta de ouros do bordo. Com $37.400 no pote, Lederer dá check e Elezra aposta $15.400. Depois de pensar bastante, Lederer dá fold. Elezra puxa o pote.

O jogo dos 9 erros

ERRO 1 Elezra entra de limp. Será que ele não percebe que toda vez que tem uma mão forte ele tenta dar slowplay? É fato que ele sempre aumenta com mãos lixo. Assim, fica ainda mais fácil de ler que ele tem um monstro. Outro ponto: Quando você assiste ao vídeo, percebe a cara dele ao entrar de limp, mais uma vez estampando a armadilha que quer armar, por causa da sua ansiedade diante da ação de seus adversários na mão.

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Elezra


3

4

peat $110K

elezra $171K A

A

A

2

2

4

2

Q

Q

Q

lederer $135K

4

buSquet $170K

3

2

assista o vídeo da mão

4

laaK $169K

utg mueller $147K

Q

A

ERRO 2 Será que Elezra ainda não aprendeu que as jogadas de poker, para obterem sucesso, precisam respeitar um importante fator chamado timing? Ao aplicar esse insta-raise, ele normalmente faz com que seu adversário dê fold com muitas mãos, deixando de extrair valor com sua armadilha com AA. Ou será que ele planejava ganhar $3.600 apenas com sua inteligente arapuca pré-flop?

ERRO 3

Parece que Lederer não estava mesmo prestando atenção na ação. Se estivesse, teria aplicado uma 4-bet pelo valor no flop. Quais são as mãos com que Elezra entraria de limp num cash game 6-max? (Eles já têm muita experiência jogando um contra o outro). Enfim, somente com mãos grandes. Aliás, muito grandes.

ERRO 4 Belo timing do Elezra... Como se não bastasse errar o tempo da jogada no flop, ele aposta no turn com a mesma velocidade, estampando na testa: “Não estou blefando!”

ERRO 5

Lederer, com todas as informações possíveis indicando que Elezra está apostando pelo valor, continua dando call. Para quê? Para bater mais uma carta do straight, de ouros ou parear o bordo e matar todo o @cardplayerbr

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COLUNA

valor da sua mão? Está longe de ser a melhor decisão. Nessas horas, seu slowplay tem cara de draw. Com isso, Lederer perde mais uma oportunidade de extrair valor máximo na mão e não aumenta a aposta (acho que ele simplesmente se perde ou então está considerando as variáveis erradas). Eu gostaria de saber o que se passava pela cabeça dele... Controle do pote?

ERRO 6

Percebam depois no vídeo a reação de Lederer ao dar call no turn. Pareceu ator de novela mexicana. Deu call depois de pensar muito. Passou a mão no rosto, quase rindo, com uma cara de: “Continuo dando slowplay, Elezra”. Será que ele não sabe que esse call vai inibir qualquer ação no river? Como se já não bastasse a vasta gama de cartas capazes de inibi-la.

ERRO 7 Só no river Elezra pergunta a Lederer quantas fichas ele tinha: erro conceitual grave, uma prova de que ele nunca foi um lá um grande estudioso do poker. Obviamente, Elezra deveria saber quantas fichas seu oponente tinha antes de a mão começar. Ou pelo menos ter perguntado no flop.

ERRO 8 Peraí, deixa eu entender, Elezra: por que você apostou menos de metade do pote nesse river? Para representar uma value-bet com seu overpair? Será que Lederer está lendo overpair na sua mão? Óbvio que não, garoto! Está muito claro que ele pensa que você tem uma dama. (O que tem o mesmo efeito, mas pelo conceito errado). Para mim, Elezra, sua aposta foi muito, muito ruim.

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Se você acredita que sua mão é a melhor, ainda assim me parece um tanto vulnerável, e Lederer precisa pensar quais mãos realmente dariam call. Tsc, tsc. Que aposta inconsequente é essa, rapaz? Seu oponente dá call nas duas streets anteriores, o river dobra uma carta e pode completar um flush e você dispara menos de metade do pote? Isso me parece o seguinte: 1) Com a terceira aposta, você não vai tomar call da dama como top pair com aquele river; 2) Você só vai tomar call de mãos para as quais está perdendo, como trinca, flush ou straight; 3) Você corre o risco de tomar check-raise no river e ter que dar fold. Ou seja, Elezra, você fez de tudo para perder a mão e deu uma bela aula de como não se deve jogar com par de ases.

ERRO 9

Nem preciso dizer que Lederer também se esforçou muito para perder. Este call heroico no river é descabido. São muitas informações que tornam esse fold rápido e fácil. Por que será que ele pensou tanto tempo nessa jogada? Seria o sentimento de que poderia ter ganhado a mão, mas

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Só no river Elezra pergunta a Lederer quantas fichas ele tinha: erro conceitual grave. [...] ELE deveria saber quantas fichas seu oponente tinha antes de a mão começar. Ou pelo menos ter perguntado no flop.

fez tudo errado e agora precisa pagar para ver? Ou será que Lederer estava pensando: “Nossa, joguei muito, olha só o quanto eu economizei com esse river que bateu...”

Nas muitas faces que analisamos dessa mão, vimos como é possível estragar as coisas várias vezes seguidas. Isso aconteceu basicamente porque os jogadores envolvidos não tinham um plano de ação bem definido.

Tente você também implantar essa técnica do jogo dos 9 erros. Na maioria das vezes, você não vai encontrar os nove logo de cara, mas isso lhe fará analisar de maneira mais aprofundada os pontos chave a serem discutidos na mão. Depois passe a análise para um amigo e compare as respostas e os raciocínios. Vale a pena. ♠


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Rio Poker Tour

S

egunda etapa do RPT repete o sucesso da anterior e arranca elogios dos jogadores, mas a vit贸ria fica com jogador da Su茅cia.

TEM

SUECO NO

SAMBA por Marcelo Souza Fotos: Marcelo Souza e Mauro Zaniboni


“Confesso que, mesmo na Europa, é difícil ver um torneio tão bem organizado”, afirmou o português André Andrade. Ele, que possui três premiações em quatro EPTs disputados, estava impressionado com a qualidade do evento. E não é preciso ir muito longe para perceber o porquê do sucesso. Sem parar por um minuto sequer, um senhor esbanjava simpatia e ouvia a opinião de cada jogador sobre o torneio. “O que precisa ser melhorado? A estrutura está boa?”, perguntava ele a todo momento. Era Arthur Stephen, o “pai do RPT”, como definiu Heber Nogueira, um dos responsáveis pela organização do evento. “O sucesso do evento está aí: o Sr. Stephen trata o RPT como se fosse um filho”, afirmou. Não à toa, o Rio Poker Tour tem atraído grandes feras do poker nacional. Quem entrasse no salão de eventos do Royalty Barra, na sexta-feira, Dia 1A do evento, iria se deparar com Christian Kruel, Bruno Foster e Stetson Fraiha na mesma mesa. Ao lado, Felipe Mojave manobrava minuciosamente seu stack. O atual campeão, Danilo Souza, também marcava presença. E ao final do dia, 26 dos 98 jogadores inscritos seguiriam adiante. Dentre eles, CK e Mojave. O chip leader? O próprio Danilo. No dia seguinte, o que se viu foi uma verdadeira invasão no salão. Havia jogadores do Best Poker aos montes em meio aos 74 participantes do Dia 1B. Eram suecos, portugueses e, claro, brasileiros. Dentre eles, um nórdico de 22 anos teria muitas histórias para contar quando voltasse ao Velho Continente. Seu nome era Joakim Anderson, e ele possuía apenas o 37º maior

“Confesso que, mesmo na Europa, é difícil ver um torneio tão bem organizado” André Andrade 68

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Marcos Cerqueira Edmundo

Henrik Magnusson


Invasão do Best Poker no RPT

MESA FINALISTAS stack entre os jogadores que avançariam para o Dia 2 no domingo. Além de Joakim, o segundo dia de RPT trouxe para os feltros Marcos Sketch, Leo Bello e o ex-jogador de Palmeiras e Vasco, Edmundo, que por muito pouco não avançou junto com os 24 sobreviventes do sábado. Nos primeiros movimentos do Dia Final, o Red Pro Felipe Mojave era um dos jogadores mais ativos, mas acabou deixando o torneio precocemente. Com A♣ K♣, ele se envolveu em um all-in pré-flop com Rubem Furtado, que tinha Q♦ Q♠. E Rubem, que viu o flop trazer duas cartas de paus e nove outs extras para o Red Pro, não conseguiu respirar até que o inofensivo river fosse virado. Por sua vez, Christian Kruel, companheiro de time de Mojave, se manteve concentrado até a formação da mesa final, na qual chegou com o quinto maior stack. Eis a relação dos finalistas:

1

Danilo Montiel (RJ)

646.000 fichas

2

Joakim Anderson (Suécia)

580.000 fichas

3

Alexandre Mohamad (RJ)

528.000 fichas

4

Pedro Ptak (RJ)

437.000 fichas

5

Christian Kruel (RJ)

350.000 fichas

6

Fred Blumenschein (RJ)

324.000 fichas

7

Ricardo Borrelli (RJ)

218.000 fichas

8

Marcello Badim (RJ

185.000 fichas

9

Bruno Bressan (RJ)

119.000 fichas

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Foram seis horas de disputa até que o campeão levantasse o troféu e colocasse as mãos no primeiro prêmio de 34 mil reais. Christian Kruel, principal nome da mesa final, acabou deixando o torneio na quinta colocação. Seu algoz foi o sueco Joakim Anderson. Depois de conseguir as fichas de CK, ele seguiu firme até o heads-up, em que enfrentou Pedro Ptak. Na mão que decidiu o torneio, depois de um raise de Pedro, Joakim empurrou all-in com A♦ K♠. O brasileiro pagou com A♠ 4♠. O bordo não ajudou Pedro, que ficou com o vice-campeonato e 21 mil reais.

O campeão não escondeu sua satisfação e prometeu voltar ao Brasil em etapas futuras: “Ganhei a vaga pelo PP Race Points do Best Poker e tive a oportunidade de jogar esse torneio maravilhoso. Vou voltar para jogar mais etapas e brigar pelo topo do ranking! Esse com certeza foi o melhor torneio que já disputei”. Para Arthur Stephen e a equipe da Fullen Eventos, a sensação novamente era de dever cumprido. “Queremos que nosso torneio seja referência no Brasil”, disse Stephen. E pelo que pude ver nessa segunda etapa do RPT, eles estão no caminho certo.

Joakim Anderson

Eventos Paralelos

SECOND CHANCE Field – 45 jogadores 1. Marcus Popeye 2. Isaac Moreira 3. Moacyr Farah

LAST CHANCE Field – 29 jogadores 1. José Canosa 2. Wanderson Neves 3. Renato Vianna

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FICHA TÉCNICA Rio Poker Tour Data: 6, 7 e 8 de maio Local: Royalty Barra Hotel Field: 174 jogadores Buy-in: R$ 850,00 Prize Pool: R$ 121.800,00


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De 1 a 30 de Junho mais uma PP Race BestPoker.com

Premiação garantida para os 20 jogadores mais bem colocados: 1° Lugar - $1.550 2º Lugar - $1.050 3º Lugar - $750 4º Lugar - $450 5º Lugar - $250 6º ao 20° Lugar - $30

Premiação, regras e ranking acesse:

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ANÁLISE

Página Rosa

Copacabana Poker/Poker Viagens Team

Porque as mulheres também “estão no pano”

Sexo não tão frágil

Muitas vezes, não é tarefa fácil para nós mulheres de jogadores de poker (profissionais ou não), entender o mundo particular desse esporte. Parece que pelo simples fato de jogar cartas, eles entram em outra dimensão, pensam de forma diferente e usam vocabulário próprio! Para dar um exemplo, vocês já viram seu namorado, noivo ou marido conversando com outros jogadores? É mais ou menos assim:

produzida por Copacabana Poker (www.copacabanapoker.com).

Khatlen Guse @KhatyRS em conjunto com sua irmã Karem são as criadoras do Barbarella Poker, visando a inclusão do público feminino no Poker”

CopaBarbarella for Ladies 2011!

www.BarbarellaPoker.com

“Eu não acredito naquela Bad; tribetei o donkey, ele voltou a casa e no river bate uma azeitona, os únicos 3 outs do baralho! Será que ele não sabe que foi totalmente EV negativo?” O que significa tudo isso? É algum código secreto??? Rs... Perceberam que a linguagem é bem peculiar? Uma pessoa leiga no poker realmente não entende nada desse tipo de conversa... Para nós, é mais fácil entender o impedimento no futebol ou trocar o pneu do carro de noite, tendo acabado de fazer as unhas - coisas bem difíceis, vamos combinar! - do que saber o que é um tribete, um out ou uma azeitona (sem ser aquela da pizza...). Mas, depois de conhecer um pouco de poker e começar a mergulhar nesse universo desconhecido, a gente acaba percebendo que a sensação de ganhar um pot grande e de fazer uma boa leitura na mesa, é tão prazerosa quanto um dia de compras no shopping com cartão de crédito sem limites... Muitas pessoas já nascem com facilidade pra cartas e habilidade com números; outras, têm a dose certa de malícia que cada jogada requer; muitas são craques em fazer a leitura perfeita do adversário... Já pra nós – lá vai uma confissão - o poker foi um ENIGMA! Pra começar, a gente nem sabia direito quantas cartas um baralho tinha... rsrsrs... Mas, aos poucos, essa “nuvem” de desconhecimento passou. Passamos a entender as sequências (Royal straight flush ganha de uma quadra, que ganha de um flush, que ganha de uma trinca, etc, etc, etc), prestar atenção nos jogadores experientes e adquirir know-how necessário para iniciantes. Ainda resta muito a fazer... ainda bem que já existem sites e livros especializados em poker, que dão uma visão mais abrangente do jogo – e que também podemos contar com nossos namorados e amigos que sempre dão uma mãozinha bacana pra nos ensinar.

Barbarella Poker e Copacabana Poker se unem para oferecer o primeiro Ranking Freeroll Exclusivo para Mulheres! Serão torneios mensais gratuitos incentivando o público feminino.

Deepstack Freezeout com 15 minutos de Blinds! $100 Dólares em Premiação e Pontos para o Ranking! Além da Premiação das Etapas, o Copacabana Poker e a Poker Viagens presentearão a Campeã do Ranking do CopaBarbarella for Ladies de 2011 com um Cruzeiro de 4 dias e 3 noites! A primeira etapa ocorreu dia 09 de março. Participe das próximas! Calendário das Etapas*: 1. Etapa: Concluída 2. Etapa: Concluída 3. Etapa: Concluída 4. Etapa: 08/06/2011 às 20:30 horas * 5. Etapa: 13/07/2011 às 20:30 horas * 6. Etapa: 10/08/2011 às 20:30 horas * 7. Etapa: 14/09/2011 às 20:30 horas * 8. Etapa: 12/10/2011 às 20:30 horas * 9. Etapa: 09/11/2011 às 20:30 horas * 10. Etapa: 14/12/2011 às 20:30 horas * * Horário de Brasília

Estamos longe de ser experts...mas a caminho! Poker é uma mistura de habilidade, conhecimento e prática constante. A cada dia a gente se aprimora... e quem sabe num futuro próximo não nos encontramos “no pano verde” disputando um torneio live ou ainda nas mesas do CopacabanaPoker (www.copacabanapoker.com) aonde jogamos sempre. Lisandra e Veridiana são amigas e namoradas de jogadores profissionais do circuito brasileiro de Poker.

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FORRANDO PESADO “ARIEL BAHIA” CRAVA A MAIOR PREMIAÇÃO DO POKER ONLINE BRASILEIRO No dia primeiro de maio de 2011, Ariel Celestino, o “ArielBahia”, venceu o Main Event da FTOPS, puxando a maior premiação da história do poker online brasileiro: $346.696 dólares. Trata-se de um dos eventos online mais concorridos do ano, não apenas no Full Tilt, mas no poker online como um todo. E deu Brasil. Ou melhor, deu Bahia. Quando os blinds estavam em 300-600, você possuía cerca de 20 big blinds, uma quantidade de �ichas que não permite muitas manobras. Com o torneio ainda longe do �inal, qual foi sua estratégia para lidar com essa situação? Quando tenho 20 big blinds ou menos, eu costumo utilizar sempre a mesma estratégia: jogo mais tight, evitando ao máximo perder �ichas dando raise e depois fold. Joguei de forma sólida, esperando uma situação boa para dobrar. Depois da bolha, encontrei excelentes momentos para isso. Depois, comecei a jogar daquele jeito, “descendo o braço” na turma. Deu no que deu. Graças a Deus. Depois de cravar o maior prêmio online do poker nacional, quais são seus planos futuros?

Não penso muito a respeito. Quero jogar bastante, fazer algum investimento interessante e o resto vai para o pano mesmo. No futuro, penso em disputar eventos da WSOP, WPT e EPT. Já no próximo dia 30 estarei a caminho de Vegas. Ficarei um mês e meio por lá. Vamos ver o que acontece.

FULL TILT ONLINE POKER SERIES A FTOPS é uma série de torneios online oferecida pelo Full Tilt. Realizada a cada três meses, ela engloba diferentes modalidades de poker, de Texas Hold’em a razz. Cada um dos eventos tem como “anfitrião” um Red Pro. Além de premiações de alto valor, ela concede aos vencedores uma jaqueta exclusiva, à moda dos grandes torneios de golf. O melhor jogador no quadro geral da FTOPS recebe ainda um avatar customizado no Full Tilt.

TOP 10 – RESULTADOS BRASILEIROS ONLINE* SITE

DATA

EVENTO

NOME

POSIÇÃO

PRÊMIO

01/05/2011

FTOPS Main Event ($640)

Ariel “ArielBahia” Celestino

1º Lugar

$346.696

17/04/2011

Sunday Million ($215)

“guaicuru 07”

1º Lugar

$121.830

01/05/2011

Sunday Million ($215)

Luciano “Stunts25” Monte

3º Lugar

$93.053

24/04/2011

Evento #23 FTOPS ($163+R)

Hugo “adametes” Adametes

1º Lugar

$73.500

09/05/2011

Evento #5 SCOOP ($109+R)

Fabiano “Kovalski1”

2º Lugar

$66.690

24/04/2011

Evento #24 FTOPS ($322)

Cássio “cassiopak” Kiles

5º Lugar

$61.250

09/05/2011

Evento #3 SCOOP ($530+R)

Ivan “RoyalSalute” Santana

4º Lugar

$42.720

08/05/2011

Evento #1 MiniFTOPS ($22)

Juan “Juan Garay III” Garay

5º Lugar

$42.041

11/05/2011

Super Tuesday ($1.050)

Fabiano “Kovalski1”

1º Lugar

$35.475

01/05/2011

125K Garantidos ($163+R)

Rafael “GM_VALTER” Moraes

1º Lugar

$32.500

*Resultados entre 11/04 e 11/05.

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