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BRIGA DE CACHORRO GRANDE BRIAN HASTINGS VS. “ISILDUR1” UM CASO DE LEITURA DE TELLS

VELHA GUARDA VS. NOVA GERAÇÃO QUEM LEVA A MELHOR?

O POKER NA TV AJUDA A MELHORAR SEU JOGO?

TEORIA DA PROJEÇÃO EM AÇÃO

Pedro Nogueira explica

COMO O POKER SE TORNOU O ESPORTE INDIVIDUAL MAIS RICO DO BRASIL



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eXPedieNTe diretor executivo renato lins editor bruno Nóbrega de sousa Tradução rodolfo moraes Farias Projeto Gráfico e diagramação diego bittencourt ludmilla Fernandes Thiago Fosk Webmaster bernardo benevides Conteúdo Web Karen dias Jornalista marcelo souza Fotógrafo bruno mooca Colunistas Nacionais andré “dexx”, Christian Kruel, diógenes malaquias, luan estradioto, Felipe mojave, Geraldo Campêlo, Pedro Nogueira, rodrigo seiji Colunistas internacionais alan schoonmaker, david apostolico, dusty schmidt, ed miller, Jeff Hwang, John Vorhaus suporte / saC Heliana de souza rosilene soares endereço raise editora ltda rua Pirapetinga, 176, serra CeP 30220-150 - belo Horizonte - mG Tel.: (31) 32252123 impressão Gráfica del rey distribuição dinap

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PODER E RESPONSABILIDADE

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nquanto eu revisava a matéria de capa, muito bem escrita por Pedro Nogueira, o sentimento era de perplexidade e encantamento. Constatar que o poker assumiu, de forma escancarada, indubitável e incondicional, o status de esporte individual mais rico do Brasil é motivo de orgulho. Mas também de preocupação. Seria ingenuidade minha achar que não haverá narizes torcidos diante do rótulo de “esporte individual”. Ainda mais se essa expressão vem acompanhada de um “mais rico”. Nessa hora, olhos desavisados se arregalam. Fora isso, desnecessário dizer o quanto me orgulho do avanço napoleônico da causa de que faço parte. Por outro lado, a velha máxima do Homem-Aranha de que “grandes poderes trazem grandes responsabilidades” vem na mesma velocidade. Será que as pessoas que hoje fazem o poker no Brasil, incluídas aí as que se sentam à mesa e as que trabalham para que isso aconteça, estão preparadas para este crescimento? Nossa postura diante dessa constatação é responsável ou leviana? Pro�issional ou amadora? Estamos pensando no longo prazo? Só agora o poker brasileiro está entrando na adolescência. Sobram atitude e personalidade diante do marasmo da realidade. Mas geralmente somos incapazes de perceber a nossa própria imaturidade. Ponto. Todos esses dilemas são importantes. Digo mais, são necessários. Não podemos deixar buracos na estrada do amadurecimento, ou correremos o risco de ser engolidos por eles. Fazer as coisas com paixão é importante, mas não é o bastante. ♠ Bruno Nóbrega de Sousa – Editor @brunocardplayer


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SUMÁRIO

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ESPECIAIS

CONTEÚDO

40. ESPECIAL POKER NO BRASIL por Pedro Nogueira

08. CARTA AO LEITOR

58. Jogos Mentais com Fabiano Kovalski, Felipe Nunes e Vitor Brasil

66. ESPECIAL EUGENE KATCHALOV

12. CIRCUITO BRASIL Confira quem saiu na frente na luta pelos títulos regionais

14. ANDRÉ “DEXX”

20. DIÓGENES MALAQUIAS

26. DUSTY SCHMIDT

Perceba-se! Autoconhecimento é o Caminho Para a Evolução Nesta edição, Dexx afirma que o autoconhecimento é o caminho mais seguro para evolução do jogador: é se conhecendo que você aprende o que deve ser mudado.

Teoria da Projeção em Ação Dando continuidade ao tema, Diógenes volta a abordar a Teoria da Projeção, mostrando sua aplicação na prática por meio de uma análise de mão concreta.

O Poker na TV Ajuda a Melhorar Seu Jogo? Dusty Schmidt afirma que o poker televisionado pode ser uma ferramenta de aprendizado importante, desde que seja encarado da maneira correta.

34. FELIPE MOJAVE

54. CHRISTIAN KRUEL

76. PEDRO NOGUEIRA

“Eu Respeito Você, Mas...” Um Caso de Leitura de Tells Mojave comenta uma mão que ele jogou no Casino Wynn, em Las Vegas, na qual ele deu um fold interessante depois de fazer uma leitura precisa do oponente.

Old School vs. New School CK aborda a aparente dicotomia entre a velha guarda e a nova geração do poker, analisando se há de fato oposição entre valores da old school e da new school.

Titanic Thompson: O Homem Que Passou a Perna em Al Capone Pedro relata um episódio incrível da vida do lendário apostador Titanic Thompson: seu célebre encontro com Al Capone, o bandido mais temido de sua época.

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65. Página Rosa Bate-Papo com Renata “xTinhAx” Teixeira


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UM CAMPEONATO 3 NÍVEIS Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos.

DE 8 A 22 DE MAIO DE 2011 O SCOOP está de volta. Com níveis altos, médios e baixos em cada um dos 38 eventos e $ 45.000.000 garantidos. Uma competição sem piedade com três níveis. A batalha começa. Freerolls disponíveis apenas no maior site de poker gratuito do mundo.

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s circuitos live no Brasil começaram e já conhecemos alguns dos campeões de 2011. Confira quem saiu na frente na luta pelos títulos regionais. (clique nas fotos para mais detalhes)

Leandro Dias Circuito Catarinense - FCTH Local: Blumenau Data: 25-26 de Março Field: 110

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Pedro Bagatini Campeonato Gaúcho - CGTH Local: Porto Alegre Data: 12 de Março Field: 131


Lucas Porpino Paraíba Series of Poker Local: João Pessoa Data: 26 de Março Field: 40

Volquimar Cani Circuito Capixaba - FePES Local: Vitória Data: 26 de Março Field: 45

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ANÁLISE

@dexx_rj andredexx.com

PERCEBA-SE!

EVOLUÇÃO

andré dexx

AUTOCONHECIMENTO É O CAMINHO PARA A

andré “dexx” é instrutor do site tvpokerpro.com e um dos mais respeitados jogadores de cash games online do país.

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ma das coisas que sempre falo para outros jogadores, principalmente aqueles que estão estagnados há muito tempo em determinado nível e não sentem que estão melhorando apesar do esforço, é que, para cada degrauzinho de evolução no seu jogo, você precisa se conhecer mais. A busca pelo autoconhecimento no poker é o caminho que lhe levará a pensar com sua própria cabeça, rompendo paradigmas e entendendo coisas que você antes não compreendia. É assim que você vai adaptar seu estilo de jogo para poder enfrentar os melhores e mais variados oponentes, em qualquer limite. Então, perceba-se!

Você se dá mal no começo e melhora no final Comece a fazer isso: quando você estiver jogando, perceba como você entra para jogar. Você está calmo? Ótimo. Está nervoso e ansioso? Bem, isso é uma coisa que pode lhe prejudicar, então se concentre. Esforce-se! Você pode começar mais tight, então. Talvez não seja coincidência você quase sempre perder dinheiro no começo das sessões.

Você começa bem a session e se dá mal no final Você geralmente inicia muito bem as sessions, mas começa a ficar inquieto no final? É muito comum esse tipo de comportamento, ainda mais para quem joga esporadicamente, sem um compromisso firme sobre quantas horas exatas vai jogar por


Para todos os que têm problemas com a oscilação de emoção quando perdem ou ganham, a dica mais básica é respeitar o bankroll. Assim, você não vai ficar tão abalado quando perder nem quando ganhar

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ANÁLISE

Você está ganhando dinheiro e isso tira seu foco

dia. Se você for um desses, o melhor conselho que posso lhe dar é: faça pausas e jogue menos horas. Você pode até ir aumentando o tempo de jogo caso resolva jogar com mais disciplina todos os dias, mas se esse não for o tipo de rotina que você quer levar, então esse é o melhor conselho.

Você está perdendo dinheiro e isso tira seu foco Está triste e abalado porque perdeu dinheiro? Isso lhe incomoda profundamente durante a sessão inteira e você até escuta vozes dizendo “eu sou um mau jogador”, “por que eu inventei de jogar esse jogo?” etc.? Então no mínimo você deveria fazer um “stop loss”, estipular um limite de dinheiro que você pode perder antes de parar. Não tem problema parar perdendo: o real problema seria você perder mais – e essa é a probabilidade maior, já que você está perdendo o foco e apenas uma pequena parte da sua mente está prestando atenção no jogo. O conselho que dou é: faça um stop loss de 3 ou 4 buy-ins, ou seja, se você perder 3 ou 4 buy-ins pare enquanto é tempo. Assim, além de economizar dinheiro, você evitará o desgaste mental de perder muito dinheiro em uma sessão mal jogada.

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Por incrível que pareça – e isso pode soar estranho para alguns – muita gente vai se identificar com os jogadores que ficam agitados e perdem completamente o foco quando estão ganhando a session. Você é do tipo que quando ganha começa a pensar “eu sou o melhor jogador do mundo” ou “uau, que blefe eu dei”? Você acha coincidência muitas sessões terem começado tão bem e acabarem com prejuízo ou com um lucro muito inferior ao do começo? Isso é a falta de foco no jogo. Antes que você perca o lucro inteiro, faça um “stop win” de 3 ou 4 buy-ins. É a melhor coisa que você pode fazer.

Para todos os que têm problemas com a oscilação de emoção quando perdem ou ganham, a dica mais básica é respeitar o bankroll. Assim, você não vai ficar tão abalado quando perder nem quando ganhar, já que o dinheiro ganho ou perdido não afetará seu bankroll. Se o problema persistir, continue se adaptando ao que você joga melhor, e siga fazendo stop loss ou stop win. Ou ambos, se for o caso. ♠

A busca pelo autoconhecimento no poker é o caminho que lhe levará a pensar com sua própria cabeça, rompendo paradigmas e entendendo coisas que você antes não compreendia.


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PSICOLOGIA

diógenes malaquias @diogenes1608

TEORIA DA PROJEÇÃO EM AÇÃO

diógenes malaquias é fundador do site de treinamento universodopoker.com, onde dá aulas de cash game online.

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a última edição, apresentei a vocês a Teoria da Projeção. “Um jogador acredita que os outros pensam como ele”, afirma esse conceito psicológico. Agora, vamos ver como isso funciona na prática. Talvez vocês não saibam, mas os sites de poker gravam no seu computador todas as mãos que você joga. É quando os softwares de poker entram em ação, transformando esse histórico em dados estatísticos. (Outra forma de captar dados, claro, é durante o próprio decorrer do jogo. Enquanto a ação rola solta, você deve tomar nota das jogadas dos adversários).

Como eu disse na edição passada, o Hold’em Manager é o programa que eu uso para garimpar informações. Sabendo como os adversários jogam, eu consigo entender de que maneira eles projetam meu jogo. Vamos ver como isso se dá na prática.


Neste exemplo, o oponente é um jogador regular vencedor e agressivo que aplica muitos floats, ou seja, paga uma aposta só para blefar na rodada seguinte quando você pede mesa. A mesa é no-limit $2-$4 e nós temos stack efetivos de $400. No momento dessa mão, o jogo entre nós dois estava agressivo, com vários raises e reraises.

Ele dá raise para $12 do cutoff. Eu pago do button com AJ. Meu call em posição com uma mão que está na frente do range dele é bem tranquilo. O flop vem 5♦ 5♥ 8♦ e ele aposta $20 num pote de $30. Eu pago. Ele faz essa aposta com todo o range dele, mas eu continuo na

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PSICOLOGIA

Há muitos argumentos a favor do call no flop. No turn, até posso pagar. Mas no river seria impossível fazer isso sem o apoio da Teoria da Projeção. Ela foi o fiel da balança nessa mão com ace high.

frente. Reparem que o fato de eu ter posição deixa minha vida bem mais fácil. Tenho vários planos para o turn. Por exemplo, se bater um ás, ele deve atirar aqui e no river com uma boa frequência de blefes, pois o ás está totalmente no seu range e não no

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meu. Posso dar call de maneira confortável. Se no turn vier uma carta de ouros que completa o flush, posso representar essa mão dando raise na aposta dele ou apostando se ele pedir mesa. Se no turn meu adversário não apostar, quase sempre eu mesmo aposto para levar a mão. É o bom e velho float.


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PSICOLOGIA

O turn é o 5♠. Ele aposta $44 em um pote de $70. Aqui, o call de $44 já não é uma jogada padrão. Muitos adversários não pensam tanto em range e, depois de me verem pagar no flop, já desistem no turn. Só que esse adversário aplica muitos floats, assim, ele projeta que nós também aplicamos muito floats. A chance de ele continuar blefando no turn e no river é grande. Podemos somar a este argumento o fato de que meu range perceptível (gama de mãos que meu adversário acha que eu tenho) é um par baixo ou um draw para sequência ou flush. Um full house seria mais raro. Isso me deixa frágil contra agressões e torna o cenário geral ainda mais atrativo para ele continuar blefando e me expulsar da mão. Eu dou call de $44 e bate o 6♠ no river. Ele aposta $80 em um pote de $158. Eu dou call novamente. Ele mosta JT, sem nada. Há muitos argumentos a favor do call no flop. No turn, até posso pagar. Mas no river seria impossível fazer isso sem o apoio da Teoria da Projeção. Ela foi o fiel da balança nessa mão com ace high.

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Explorando um pouco mais a Teoria da Projeção, surge uma pergunta: se eu tivesse tido uma leitura de que meu adversário gosta de fazer slowplay e de dar raise blefando contra apostas em flops que acertam poucas mãos, eu deveria ter dado esses calls? A resposta é não. Se ele dá raise blefando em flops secos e faz slowplay, projetará que nós também fazemos isso. Portanto, ele terá medo dos nossos calls e raramente apostará três vezes blefando. Contra um adversário com essas características, devemos aplicar muitos floats. Por hora, é isso. Espero que vocês tenham gostado da Teoria da Projeção e que ela lhes seja útil. No meu próximo artigo, pretendo falar de outra teoria psicológica dos cash games high stakes que nunca foi discutida em português e que também é muito interessante. Não percam. ♠


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BUSINESS

dusty Schmidt dusty.schmidt @dustyschmidt

O POKER NA TV AJUDA

A MELHORAR SEU JOGO

dusty “leatherass” Schmidt é instrutor no dragThebar.com. ele já disputou cerca de 7 milhões de mãos online e ganhou mais de $3 milhões.

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ncarado da forma certa, o poker na TV pode ser como nos tempos da escola quando seu professor mostrava um filme na aula: uma maneira interessante de aprender. Porém, assistido de modo errado, o poker televisionado pode ser um grande besteirol. Portanto, só porque está ao alcance do controle remoto, não significa que devemos dar atenção. Em sua forma mais pura, os programas de poker permitem ver as cartas ocultas dos grandes jogadores e decifrar a lógica deles. Mas é preciso assistir de modo proativo, perguntando-se, em primeiro lugar, por que determinado jogador está naquela mesa, pois há mais de uma razão.

?

Outra coisa, se você for jogador de torneios, o High Stakes Poker, por exemplo, não adianta muito. Observar um cash game para melhorar em torneios é quase como assistir futebol para melhorar no basquete. Há muita diferença entre torneios e cash games. Ainda mais se os participantes se sentam com 400 ou 500 mil dólares em fichas e os blinds são de “apenas” 300-600. Em geral, os caras têm algo entre 200 e 1.000 big blinds nesses programas. Mas em torneios, você normalmente só tem entre 20 e 30 big blinds. É outro jogo.


É preciso se certificar de que a modalidade que está passando na TV é aquela na qual você quer melhorar. O problema dos torneios televisionados é que a mesa final raramente é composta por jogadores sensacionais. A verdade é que às vezes os finalistas são no máximo competentes. Você frequentemente verá, sei lá, vendedores de seguros entre os mesa-finalistas do World Poker Tour. Eles deram sorte, receberam cartas boas e agora estão na televisão – um

meio de comunicação que dá crédito a pessoas que geralmente não merecem. Ter esse tipo de jogador na final table é ótimo para o poker, pois mostra que, em determinadas noites, tudo é possível. Mas, no final das contas, não há quase nada que se possa aprender com um cara numa fase em que tudo dá certo para ele. Sim, nesses programas há alguns bons jogadores de

torneios. Ótimos, até. “Por que não assisti-los?”, você poderia perguntar. Bem, o poker na TV é editado – e muito, como notei depois de ter jogado o The Big Game em Londres

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BUSINESS

NA VERDADE, ACHO IRRESPONSÁVEL NÃO ASSISTIR. SE VOCÊ TIVER A OPORTUNIDADE DE VER PHIL IVEY JOGAR CENTENAS DE MÃOS ALTAMENTE FOCADO, VENDO AS CARTAS OCULTAS DELE, ISSO É ALGO QUE DEVE SER LEVADO A SÉRIO.

no começo desse ano. Para caber no formato de uma hora, os programas são reduzidos a uma pequena fração do tempo original. Você está vendo aquela mão isolada das outras, e desconhece o metagame que a conduziu até ali: eles provavelmente não vão mostrar que um profissional deu fold cinco ou seis vezes contra outro jogador, ou deu raise outras cinco ou seis vezes. Esse metagame pode ser o fator determinante da decisão que você está vendo na TV, mas você jamais terá essa informação. Por outro lado, as notícias para o jogador de cash game são boas. Se você assistir da maneira certa, pode aprender muito vendo cash na televisão. Ponto para o High Stakes Poker. De fato, eu diria que a metade das apostas que fiz esse ano foram com base na ação que vi na TV. Pense bem: alguém em 1985 daria tudo para poder assistir aos melhores jogadores do mundo disputando centenas de potes e ainda ver suas cartas ocultas. Eu passo de duas a quatro horas por sema-

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na vendo cash games no pokertube. com, onde se pode encontrar quase tudo sobre poker que passou na televisão nos quatro últimos anos. Sempre digo que 20% do tempo que você dedica ao poker deve ser para a prática, e eu considero isso grande parte do meu tempo de prática. Na verdade, acho irresponsável não assistir. Se você tiver a oportunidade de ver Phil Ivey jogar centenas de mãos altamente focado, vendo as cartas ocultas dele, isso é algo que deve ser levado a sério. A diferença fundamental entre os torneios e os cash games televisionados são os participantes. Em torneios, eles normalmente precisam mostrar meia dúzia de sortudos que chegaram à mesa final, independentemente de quem eles sejam. Nos cash games, os jogadores são convidados.

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BUSINESS

E nem todos foram convidados pelo mesmo motivo. Mesas de cash games geralmente são compostas por um misto de estrelas, revelações e jogadores de torneios que por alguma razão querem aparecer na TV – muito embora eles provavelmente sejam massacrados. Profissionais de cash games querem pelo menos um ou dois jogadores fracos à mesa, para poder lucrar à custa deles. Esses fishes são justamente os jogadores de torneios. Tudo isso é pra lhe dizer que você precisa conhecer os jogadores que está observando, e fazer isso de maneira proativa. Seria ótimo se você focasse só em Ivey, Patrik Antonius e Tom Dwan. Se você entender de poker e reconhecer outros participantes feras no cash, melhor ainda. Mas não dedique energia a jogadores que podem lhe fazer sair dos trilhos.

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Após escolher que jogadores observar, certifique-se de fazer isso com atenção e de tomar notas. Pause o programa depois de determinada jogada e se pergunte: “Por que ele fez isso?” Descreva o raciocínio que você acha que ele teve. À medida que assistir mais e mais mãos, você vai detectar padrões na ação dos jogadores. Você perceberá coisas como: “Toda vez que ele tem o par do meio e a mão chega no turn, ele dá check. Depois ele aposta no river se a mesa rodar em check de novo”.

Você começará a notar maneirismos e comportamentos habituais, como eles reagem a bad beats e à sorte, e a imaginar como você se comportaria em várias situações daquela mesa. Você ficará impressionado com a velocidade com que vai assimilar o que aprendeu, e vai usar isso instintivamente. Apenas certifique-se de que está assimilando da maneira correta. ♠


WSOP em 2005 e 2006 BSOP em 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 CPH em 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 LAPT em 2010 e 2011 Full Tilt 750K em 2010 PCA Bahamas em 2011 Tower Torneos em 2011 ARSOP em 2011 BPT em 2011 Nem o Brasil chegou em tantas finais de campeonato assim.

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AVANÇANDO A PASSOS LARGOS Na sequência das grandes conquistas e de todo o reconhecimento adquirido pelo poker no Brasil e no mundo no ano passado, 2011 teve um inicio de muita agitação e desenvolvimento no poker nacional. Em janeiro, a temporada do BSOP (Brazilian Series Of Poker) começou com o apoio da Secretaria de Esportes do Rio de Janeiro, quando o secretário Romário Galvão anunciou o início do torneio na Walter Feldman cidade maravilhosa ao lado do presidente da CBTH, Secretário Municipal de Esportes, Igor “Federal” Trafane. Lazer e Recreação de São Paulo O evento teve outro momento importante. Organizado pela Nutzz Eventos em parceria com a CBTH, o torneio beneficente “SOS Rio” arrecadou mais de treze “Depois de todas as conquistas mil litros de água mineral para de 2010, este ano começou as vítimas das enchentes e muito bem para o poker desabamentos que atingiram nacional. Autoridades de várias a região serrana do Rio de partes do país demonstraram Janeiro na tragédia do início publicamente entender o do ano. poker como um esporte da Outro grande avanço do mente, um jogo de habilidade”, poker brasileiro veio no disse Alberoni “ Bill” Castro, mês seguinte, em outro Diretor Executivo da CBTH. torneio oficial da CBTH, o “Estamos felizes com o LAPT (Latin American Poker resultado do trabalho da CBTH Tour). O circuito latinopelo reconhecimento do americano veio a São Paulo poker, e só nos resta continuar s e Esporte pela primeira vez depois de lutando para que a sociedade cretário d Richa Se a b lo ti e ri rc u a C M e d e um convite do próprio prefeito d a d brasileira entenda nosso da ci Gilberto Kassab. Na coletiva esporte como ele merece”, de imprensa do evento, o finalizou Luiz Geraldo Campêlo, secretário de Esportes de São Presidente da Federação Paranaense. Paulo, Walter Feldman, disse que as autoridades paulistanas enxergam o poker como um esporte da mente e que é uma atividade tão interessante que poderia até fazer parte do currículo escolar. O LAPT São Paulo bateu recordes de field e premiação e entrou para a história do tour, confirmando a força do poker no Brasil. Fechando o trimestre, Curitiba recebeu a segunda etapa do BSOP 2011 e, mais uma vez, com apoio evidente das autoridades locais. O torneio foi iniciado com um discurso do secretário de Esportes da capital paranaense, Marcello Richa, que elogiou o trabalho da CBTH em busca do reconhecimento do poker como esporte da mente e formalizou o apoio através de uma carta da Prefeitura de Curitiba parabenizando a organização do evento o Rio de ortes d p s E e e a Confederação. O evento teve a segunda maior d rafane l deral” T unicipa tário M BTH, Igor “Fe re c premiação da história da série. e S da C alvão ente io G Romár lado do presid o a o ir e n Ja


ê c o v e u q a r a e p d a o d d i l n i a u h q l n a a b r t Tra m o c r e k o p e u q i t pra .BR G R O . H BT C . W W W


COLUNA

Felipe mojave @Felipemojave

“EU RESPEITO VOCÊ, MAS...” UM CASO DE LEITURA DE TELLS

Felipe mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade. Faz parte do time de profissionais do Full Tilt.

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jogada desta coluna aconteceu no começo de fevereiro, num torneio que fui convidado a jogar no Casino Wynn em Las Vegas. Eu decidi compartilhá-la com vocês porque ela contém algumas situações inusitadas que muitas vezes acontecem nas mesas.

Torneio: Wynn Invitational Las Vegas Buy-In: $7.500 Prize Pool: $270 mil + $500 mil adi-

cionados pelo Cassino ($770 mil)

Field: 57 jogadores

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Os blinds estavam em 2.0004.000. Eu tinha cerca de 135K em fichas e dei raise de 9.500 do UTG com A♥Q♥. Com 220 mil fichas, meu oponente deu call do big blind. O flop veio A-5-6 de naipes diferentes. Ele pediu mesa, eu apostei 14.500. Ele pagou sem hesitar. No turn apareceu um T♥, me deixando com top pair e queda para flush. Ele apostou 20.000 e eu decidi dar apenas call. No river bateu uma dama. Minha mão era top-two: A-Q em um bordo com A-56-T-Q. Eu tinha 105.500 fichas e o pote tinha 140.000.


Casino Wynn

Para minha total surpresa, meu oponente foi all-in no river. Com a força que o river deu à minha mão, seria um call fácil: se eu estivesse perdendo para uma defesa de blind com A-X ou mesmo dois pares, agora eu estava na frente. Mas a questão aqui é que houve um fato muito interessante: enquanto eu pensava na situação, meu adversário, um senhor brasileiro, fez a aposta muito depressa e colocou seus óculos escuros... Continuei a pensar na jogada por mais alguns minutos, quando ele falou: “Mojave, respeito você como profissional, mas nessa mão ninguém nunca vai saber o que eu tenho”. Observei a situação com muita calma e continuei meu raciocínio. Pensando em termos de pot odds, eu realmente teria que dar call. Era 105.500 para ganhar 245.500, ou 2,3para-1. Mas como se tratava de um torneio multitable, o fator tournament life – a famosa “sobrevivência” – era muito mais importante. Eu ficaria com cerca de 26 big blinds. Nada desesperador, apesar de a estrutura ser mais rápida do que o normal, já que era um evento de apenas dois dias.

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COLUNA

Na minha análise de range, a possibilidade de ele ter dois pares era grande, e eu estaria ganhando. Há ainda a chance de trinca de 5 ou 6, com as quais um jogador daquele tipo daria call do big blind com um par baixo ou médio 100% das vezes. Fora isso, só poderia ser um blefe. Seria ele capaz de fazer isso no river, levando em conta que eu fui o agressor no flop e só dei call no turn? Fica difícil acreditar que alguém possa agir dessa forma e ainda blefar no river, afinal, meu call no turn foi programado justamente para evitar isso (se bem que muitos jogadores simplesmente não percebem o que o oponente está fazendo). Então, cabia a mim a analisar o nível daquele adversário e definir a ação mais indicada. Sendo assim, dos três ranges identificados – dois pares, trinca e blefe – eu só estaria perdendo para a trinca. Esse é o primeiro fator que aponta para o call. Junto com ele estão as pot odds favoráveis. Então, ficou muito difícil escapar dessa mão. Realmente, havia grandes chances de eu dobrar as minhas fichas ali. Mas

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Confesso que eu teria dado insta-call se ele não tivesse falado nada. Para mim, aquilo significou que ele tinha uma trinca ou uma sequência com K-J.

existe uma grande diferença entre “ver fantasmas” e analisar uma mão corretamente, buscando todos os fatos e informações. Acontece que esse adversário teve um comportamento muito diferente do que vinha apresentando. Lembra que ele só colocou os óculos escuros no river, dizendo que me respeitava, mas que nenhum jogador no mundo seria capaz de ler sua mão naquela ocasião? Pois bem, isso me deixou pensativo por muito tempo. Então vamos analisar as tells:

Colocar os óculos escuros no river

Para mim, isso indica que ele não estava blefando. Se um jogador razoável pretende blefar, por que colocar os óculos somente no river? Muito estranho. Parece coisa de quem não quer entregar a força da mão. Essa foi minha leitura. Assim, descartei a possibilidade de blefe.

Não prestar atenção na minha linha de ação Essa foi a tell mais importante. Foi o que me fez passar tanto tempo pensando. Confesso que eu teria dado insta-call se ele não tivesse falado nada. Para mim, aquilo significou que ele tinha uma trinca ou uma sequência com KJ. Trincas baixas quase sempre são imperceptíveis, o que justificaria o comentário. E sim, uma sequência runner-runner quando se dá call sem nada (float) em um flop rainbow deve ser a mão mais imperceptível da história.


Poker Room - Casino Wynn

Resolvi dar fold, mas antes eu disse: “Se eu der fold e acertar sua mão, você mostra suas cartas?” Ele respondeu: “Se você acertar exatamente, eu mostro”. Obviamente, arrisquei na mais improvável delas, o rei-valete. Acreditei que seria mais fácil ele ter uma sequência do que uma trinca, e não ter disparado mais uma aposta como a do turn. Em outras palavras, o all-in no river realmente foi para que eu não acreditasse na força da mão dele. Então eu disse: “Rei e valete”. E ele abriu o KJ, dizendo: “Dei call no flop porque achava que você estava blefando e comprando o ás. No turn

eu apostei porque, se você estivesse blefando, eu poderia largar”. E completou: “No river, acertei a sequência mágica e fui all-in para você não ficar realmente perdido e acabar me pagando”. Ele então me perguntou o que eu tinha, e eu respondi: “Achei que você estava blefando. Estava pensando em dar call...” E dei muck no AQ sem mostrar para ninguém na mesa. Só vocês aqui da CardPlayer Brasil conhecem o desfecho dessa mão intrigante.

Eu acabei chegando à mesa semifinal, junto com Gualter Salles e Marcelo Mesqueu, para quem mando abraços. E, claro, parabéns especiais ao meu amigo carioca Myro Garcia, que foi o grande campeão do torneio. Quanto ele faturou? 300 mil dólares. Tá bom? ♠

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l i s a r B o d r o i a om

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como o poker cresceu e se tornou o esporte individual mais rico do país por Pedro Nogueira

O Brasil é o país do futebol – e isso não se discute. Mas qual é o maior esporte individual do Brasil? O tênis de Thomaz Bellucci, 29º colocado do ranking mundial da ATP? A natação de César Cielo, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Pequim? Talvez o judô, de Mayra Aguiar, modalidade que rendeu oito medalhas olímpicas ao país na última década? Não, não e não. Se você respondeu qualquer uma das alternativas anteriores,

errou. Caso tenha pensado em algum outro esporte tradicional, como o boxe, o atletismo ou o hipismo, também está enganado. Porque, acredite, a resposta certa é o poker. Apesar de o jogo ter sido reconhecido oficialmente como esporte há cerca de um ano, em abril de 2010, quando a Associação Internacional de Esportes da Mente (IMSA) aceitou-o em seu quadro, o poker já é a maior força esportiva do Brasil. Enquanto todos os torneios de tênis, por exemplo, distribuíram juntos R$ 2,5 milhões de premiação no ano passado,

apenas o Brazilian Series of Poker (BSOP), considerado o campeonato nacional da categoria, alcançou mais de R$ 10 milhões sozinho. “É uma marca considerável para a América Latina”, diz o gerente geral da Nutzz! (empresa organizadora do BSOP) Devanir Campos. Ou, como as pessoas o chamam, DC. Nenhuma outra competição individual chegou perto da cifra no país. Isso é ainda mais impressionante pelo fato de o BSOP estar apenas na sua 6ª temporada. Na sua estreia, em 2006, a média foi de 60 participantes por etapa. Em 2010, o número subiu para 630, um aumento superior a 1.000%. “Hoje, o BSOP é sem dúvida o torneio com a melhor estrutura do


BSOP São Paulo 2010. Com 1.000 jogadores inscritos, a etapa de encerramento do circuito nacional bateu recorde de participantes em um torneio no Brasil

país”. A série ganhou tanto prestígio que a ESPN brasileira transmitiu a sua temporada passada. Ano após ano, o poker vem quebrando recordes. A última etapa do BSOP de 2010, em novembro, teve mil jogadores. Em número de participantes, foi o maior torneio da história da América Latina. A premiação alcançou R$ 1 milhão, dos quais R$ 180 mil

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foram parar no bolso do vencedor. “Minha vida mudou drasticamente depois do título”, diz o carioca André Doblas, 26 anos, ganhador da etapa e campeão brasileiro de 2010. “Em qualquer canto do país, sou reconhecido pelas pessoas e bem tratado”. Apesar de ser o atual campeão nacional, Doblas não dedica o seu tempo integralmente ao esporte. Ele trabalha em Macaé, a 182 quilômetros do Rio de Janeiro, numa companhia petrolífera. Em breve, porém, a rotina deve mudar. “Após a WSOP, pretendo me profissionalizar”, diz.

Em fevereiro último, o poker brasileiro teve novo recorde. A etapa que o Latin American Poker Tour (LAPT) sediou em São Paulo distribuiu R$ 2,4 milhões em premiação, mesmo com um número menor de jogadores, 536. A diferença é que, no BSOP, a inscrição custava R$ 1.200; e no LAPT, R$ 5 mil. Para o campeão, um cheque de R$ 615 mil foi reservado. Mas, infelizmente, o título não ficou no país. O chileno Alex Manzano estragou a festa ao derrotar, na final, o goiano João Bauer, de 24 anos. É indiscutível, no entanto, que Bauer cravou um ótimo resultado. “Esse vice-campeonato me deu muita confiança”, diz. “Quero ir esse ano à WSOP e buscar o bracelete tão sonhado”.


Segundo a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), o número de participantes em torneios live e de adeptos do poker online cresceu 238% de 2009 para cá no Brasil. “Estima-se que 1,5% da população brasileira jogue poker”, afirma o presidente da CBTH,

Igor “Federal” Trafane. Ou seja, é uma nação de 2,8 milhões de jogadores. “Acreditamos, com base em números médios de outros países, que poderemos atingir cerca de 10% da população nos próximos cinco anos. A explosão do poker ainda está por vir.” Seria difícil calcular, com exatidão, a cifra que os torneios de poker movi-

mentam no Brasil. Além dos eventos mainstream, como os citados BSOP e LAPT, dezenas de clubes de poker espalhados pelo país promovem centenas de torneios anualmente. Tomemos, por exemplo, a cidade de São Paulo. O H2 Club organiza, toda segunda-feira, um torneio com R$ 15 mil garantidos na premiação; às terças, o Vegas Hold’em Club faz um de R$ 10 mil; e o Espaço Zahle tem um torneio semanal de R$ 20 mil às quartas. Ou seja, R$ 45

Latin American Poker Tour. Ao longo de 4 dias de evento na capital paulista, foram distribuidos cerca de 4 milhões de reais em premiação.

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mil por semana. Tendo o ano 52 semanas, apenas esses três torneios regulares distribuem R$ 2,3 milhões. De volta ao mainstream, o BSOP beirou os R$ 10 milhões de prêmiação em 2010; o LAPT de Florianópolis teve R$ 1,6 milhão apenas no Main Event; o Circuito Paulista de Hold’em (CPH) bateu no R$ 1,5 milhão; e a Stack Series também alcançou sete dígitos. Some isso aos regulares citados acima, aos torneios como o Vegas 120K e o Rio 200K, às séries como a Liga Curitibana, o Floripa Open e os circuitos Catarinense e Mineiro – e temos uma cifra que ultrapassa, tranquilamente, os R$ 17 milhões no ano. A Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH) não tem números oficiais. “Em cada estado brasileiro, existem milhares de pessoas que se reúnem extraoficialmente para jogar poker”, ressalta Igor Federal. “Para se ter ideia, Mossoró [RN], Rondonópolis [MT], Uruguaiana [RS] e centenas de outras cidades espalhadas pelo Brasil afora são atualmente sedes de circuitos de poker. Alguns deles bem fortes, por sinal”. Por essa razão, é difícil se chegar a

Igor “Federal” Trafane. Presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em e principal articulador político na regulamentação do esporte no país.

uma cifra oficial. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) fez uma proposta à CBTH de reunir todos esses dados. Como o orçamento era “altíssimo”, nas palavras de Federal, não foi possível levar o projeto em frente naquele momento. Mas ele ressalta que, no futuro, a pesquisa poderá ser realizada. Em 2011, enquanto o LAPT de São Paulo teve premiação de R$ 2,4 milhões, o Brasil Open de tênis distribuiu R$ 780 mil e a São Silvestre, corrida mais tradicional do país, modestos R$ 128 mil. Revelador, não? E o papel do Brasil no poker mundial ganha, a cada ano, mais destaque. Astros como Gus Hansen e Mike Matusow, respectivamente o 16º e o 26º jogadores mais premiados da história do poker, já visitaram o país para disputar algum torneio. Além deles, Joe Cada, o campeão mundial da WSOP de 2009, também já nos prestigiou.


Um fenômeno mundial A quem não é familiarizado com a sigla WSOP, ela significa World Series of Poker. É a série mais importante do poker mundial, disputada anualmente entre maio e julho, em Las Vegas. Em 2011, a WSOP estará na sua 42ª edição e terá 58 eventos, com inscrições entre US$ 500 e US$ 50 mil. O mais importante deles é o No-Limit Hold’em Championship, cujo vencedor é considerado o campeão do mundo. No ano passado, 7.319 jogadores investiram US$ 10 mil na busca do título, gerando uma premiação de US$ 68,7 milhões. O troféu – um bracelete de ouro cravejado de diamantes – ficou com o canadense Jonathan Duhamel, de 23 anos. Seu prêmio foi uma montanha de notas de 100 dólares que, juntas, somavam US$ 8,9 milhões. Enquanto isso, Rafael Nadal embolsava US$ 1,6 milhão pela conquista de Wimbledon. O Brasil também tem seu campeão da WSOP: Alexandre Gomes. Em 2008, então aos 26 anos, Gomes venceu o evento nº 48 da Série, o No-Limit Hold’em de 2 mil dólares de entrada. Faturou US$ 770 mil com a vitória. No ano seguinte, ele voltaria às manchetes com um título no World Poker Tour (WPT), outra série impor-

World Series of Poker. Em 2010, o canadense Jonathan Duhamel, de 21 anos, venceu o evento principal. Após superar 7.319 jogadores, ele recebeu $8,9 milhões de dólares, a maior premiação esportiva individual do mundo.

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tante do circuito internacional. Desta vez, o prêmio foi maior, de US$ 1,1 milhão. Eleito o melhor jogador do país, Gomes hoje acumula cerca de R$ 5 milhões em premiação na carreira. Isso apenas em torneios ao vivo, note-se. Na internet, faturou mais R$ 1,2 milhão. É no poker online, aliás, que estão alguns dos melhores resultados brasileiros no esporte. O mesmo João Bauer que foi vice-campeão do LAPT de São Paulo ganhou, em setembro do ano passado, um evento do WCOOP, espécie de campeonato mundial de poker online promovido pelo PokerStars. Seu prêmio, R$ 526 mil. Na carreira, ele já acumula R$ 1,3 milhão. “O poker mudou muito no Brasil”, diz ele, comparando a cena atual à de três anos atrás, quando se profissionalizou. “Cresceu de uma forma imensa. Quando comecei, nós não tínhamos material de estudo. Apenas os artigos do Clube do Poker. Hoje, há vários sites e livros. Além disso, você pode encontrar um coach por 10 ou 20 dólares [a hora]. É muito mais fácil ser profissional hoje”.

Alexandre Gomes. Primeiro brasileiro a vencer um evento da WSOP, em 2008. No ano seguinte, ele se tornaria o primeiro jogador do Brasil a conquistar uma etapa do WPT.

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Com o desenvolvimento do poker no país, novas profissões foram criadas – além, é claro, da de jogador profissional. A de coach, por exemplo, citada acima por Bauer. Como em qualquer esporte, o coach do poker é um treinador que corrige as falhas do aluno e aprimora a sua técnica. “Já tive mais de 50 alunos”, diz o carioca Roberto Riccio, 22, um dos mais respeitados treinadores do segmento. “É um modelo de aprendizado muito vantajoso”. As aulas podem ser ao vivo ou online, por programas como o Skype. Além de coach, Riccio é também o fundador do MaisEV, principal fórum online de poker do Brasil. “Quase mil mensagens são postadas todo dia”, afirma.


O jogador Felipe “Mojave” Ramos, de 28 anos, chama a atenção para a força da indústria do poker no Brasil. “O poker já criou milhares de empregos aqui. E esse número está crescendo cada vez mais”, diz. Entre as novas profissões estão as de dealer (que distribui as cartas na mesa) e diretor de torneio. Além disso, há uma grande quantidade de garçons, faxineiros, cozinheiros e seguranças empregados nos novos clubes de poker. E podemos colocar na conta, ainda, os profissionais de mídia. Em 2007, Mojave largou um emprego no Bank Boston para viver das cartas. “Foi uma decisão complicada, mas nem tanto quanto as pessoas pensam”, ressalta. “Em quatro horas de poker por dia, eu estava ganhando mais do que em 10 horas diárias como gerente no banco”. Desde que se profissionalizou, ele faturou mais de R$ 1,6 milhão em torneios ao vivo e online. Mojave é considerado o melhor jogador nacional de Omaha, modalidade que vem ganhando popularidade nos últimos tempos. Os bons resultados renderam a ele um patrocínio do Full Tilt Poker, o segundo maior site de poker online. Antes, ele já havia sido atleta do BestPoker e do PartyPoker.

Ao falar sobre o fenômeno do poker, a questão do patrocínio é outro ponto crucial a ser citado. Assim como a Nike e a Adidas contratam atletas para promover as suas marcas, os sites de poker online patrocinam as grandes estrelas do carteado. O Full Tilt Poker tem, em seu time, quatro brasileiros além de Mojave: Christian Kruel, Caio Pimenta, Raul Oliveira e Leandro Brasa Pimentel. O PokerStars, seu maior rival, conta com cinco brasileiros, também: André Akkari, Alexandre Gomes, Gualter Salles, Maria “Maridu” Mayrink e Diego Brunelli. O atleta costuma receber do patrocinador uma remuneração e a inscrição em torneios. Em troca, promove o site, trazendo-lhe credibilidade e visibilidade.

Felipe Mojave. Largou o emprego no Bank Boston para viver de poker. Foi contratado pelo Full Tilt, um dos principais sites do mundo, e já faturou mais de 1 milhão de reais.

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André Akkari. Figura pública número 1 do poker brasileiro e primeiro jogador nacional a fazer parte do time de profissionais do site PokerStars.

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Fotos Akkari, LAPT e Walter Feldman por Carlos Monti

O paulistano André Akkari, 36, foi um precursor nesse quesito. Quando assinou com o PokerStars em 2007, ele se tornou o primeiro brasileiro patrocinado por um grande site de jogo. Desde então, ninguém contribuiu mais para o crescimento do poker no Brasil do que ele. Além do sucesso indiscutível na mesa – com premiação de R$ 4,5 milhões na carreira –, Akkari é um empreendedor talentoso. Foi fundador de veículos pioneiros no jornalismo de poker no país e um dos idealizadores do BSOP, além de estar à frente do TV Poker Pro, uma web TV dedicada exclusivamente ao jogo. Na eleição dos Homens do Ano de 2010 da revista Alfa, Akkari ficou em 2º lugar, à frente de esportistas consagrados como Ronaldo, Anderson Silva e Bernardinho.


e d o g o J

e d a d i l habi

A questão da legalidade, que gerou debates polêmicos, foi superada. O poker já é aceito internacionalmente como um jogo de habilidade – e não de azar. Portanto, não pode ser enquadrado no Decreto-Lei nº 3.688, de 1941, que proíbe a exploração dos jogos de azar no Brasil. Um dos principais estudos sobre o assunto, feito pela empresa americana de software Cigital, analisou 103 milhões de mãos de poker online. Em 76% das jogadas, o vencedor ganhou sem precisar mostrar as cartas; em 12% houve showdown, mas quem tinha o melhor jogo desistiu no decorrer do lance. Ou seja, apenas nos outros 12% dos casos, o ganhador tinha as melhores cartas e teve de mostrá-las. A sorte, logo, não é essencial para a vitória no poker. Estudos nacionais chegaram à mesma conclusão. Uma análise feita pelo laboratório de Ricardo Molina, ex-professor da Unicamp, chegou à conclusão de que “a habilidade é decisiva para o ganho no Texas Hold’em” e de que o poker “não pode ser considerado jogo de azar”. O jurista Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça, também deu parecer favorável ao jogo. “Vencemos 100% das ações judiciais que foram movidas contra nós, em 2010, por autoridades que questionavam nosso direito de atuar livremente no país”, diz Federal, da CBTH. “Há dois anos, os organizadores temiam que seus torneios fossem fechados a qualquer momento, a mídia não sabia exatamente se estava divulgando algo legal e até os praticantes tinham dúvidas se poderiam ser punidos por fazer parte de um jogo de poker. Temos muito do que nos orgulhar quanto ao desenvolvimento jurídico”.

“Em 2007, o poker era pisoteado pela sociedade”, diz o jogador Mojave. “Agora, as secretarias de esporte dos estados brigam para sediar os torneios internacionais”. Na coletiva de imprensa do LAPT de São Paulo, o Secretário Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo, Walter Feldman, esteve presente e conversou com os jornalistas. Segundo ele, a prefeitura não quer só o evento do LAPT, mas um legado. “São Paulo tem interesse em dar apoio público a qualquer esporte”, disse ele. “Em tudo o que o brasileiro se propõe a fazer nesta área, se destaca. Imaginem quantos atletas profissionais de poker não poderiam aparecer por aqui”. Feldman afirmou ainda, durante a coletiva, que “o poker poderia estar no currículo escolar”. Para Federal, a atitude do secretário merece aplausos. “O discurso foi emocionante e comovente para quem brigou para que isso acontecesse”,

Walter Feldman. Secretário de Esportes Lazer, e Recreação do Município de São Paulo. Segundo ele, “o poker poderia estar no currículo escolar”.

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afirma o presidente da CBTH. “Foi necessário um político com coragem para enfrentar o preconceito e dizer o que todos já sabíamos: o poker é uma atividade intelectual, não um jogo de azar. E que, portanto, deve ser apoiado, e não combatido”. Federal ressalta ainda que o poker é um esporte que se autofinancia, por meio de seus próprios participantes. Logo, não precisa se encostar no setor público, como é o caso de algumas modalidades esportivas. “Neste momento, precisamos somente de apoio político para que não enfrentemos autoridades adversas mal intencionadas”, diz ele. “E, num futuro próximo, também precisaremos contar com a lucidez e o discernimento dos políticos na hora de regulamentar e taxar o poker no país. Se o governo tiver fome demais, pode acabar por inviabilizar nossa atividade”. O paranaense Mariel Macedo, 32, é um dos que enxergaram no poker uma oportunidade de negócios. Em julho do ano passado, ele abriu uma agência de turismo especializada em viagens de poker. “Na época, foi algo inédito na América Latina”, afirma.

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“Acreditamos, com base em números médios de outros países, que poderemos atingir cerca de 10% da população nos próximos cinco anos. A explosão do poker ainda está por vir” Igor Trafane Hoje, a Poker Viagens já tem quatro concorrentes, de acordo com Macedo. “O turismo de poker teve uma grande explosão no ano passado”. Na etapa paulistana do BSOP, em 2010, a agência de Macedo fechou o hotel Spotlight Pinheiros para os jogadores. “Tivemos 100% de ocupação”, diz. A expectativa para 2011 é das melhores. “Esperamos vender 1.500 pacotes e crescer 35% em relação ao ano passado”. A previsão de crescimento da Overbet Eventos, organizadora de torneios, é ainda mais otimista. Um dos sócios da empresa, Odilon Machuca, afirma que os torneios da Overbet devem distribuir, em 2011, uma premiação 185% maior que a do ano passado. “Em 2010, distribuímos em torno de R$ 2,8 milhões”, diz ele. “Até o fim de 2011, pretendemos chegar a R$ 8 milhões”. Segundo Machuca, apenas no LAPT de São Paulo, que a Overbet organizou em parceria com o PokerStars, cerca de R$ 3,8 milhões

foram distribuídos, sendo R$ 2,4 milhões só no Main Event. Além dele, houve 11 eventos paralelos. Um deles, exclusivo para mulheres, reuniu 80 jogadoras. “Estamos trabalhando em um grande projeto para 2011”, diz Machuca. “Será um marco no poker nacional”. O projeto ao qual ele se refere é o Brasil Poker Tour (BPT), uma nova série nacional paralela ao BSOP. Mas o BPT teria uma vantagem em relação à concorrente: o patrocínio do PokerStars. E, tal qual um rei Midas,


o PokerStars transforma tudo o que toca em ouro. Além de ser o maior site de poker online do mundo, com 40 milhões de cadastrados, o PokerStars é patrocinador de algumas das principais séries do circuito ao vivo. Como o European Poker Tour (EPT), que distribuiu R$ 129 milhões em premiação na sua temporada passada, e o PokerStars Caribbean Adventure (PCA), cujo Main Event movimentou R$ 25,1 milhões em 2011. Se a Overtbet está de olho no mercado nacional, a Nutzz! planeja investir no seu tour regional de São Paulo, o CPH. “Vamos expandir cada vez mais o CPH”, afirma Devanir Campos. “Sem sombra de dúvidas, ele é o maior celeiro de profissionais do país. Das mesas do CPH saíram grandes nomes que vemos hoje nos eventos mundiais, como Akkari e Mojave”. Segundo Campos, as etapas do CPH têm, repetidamente, ultrapassado os R$ 200 mil de premiação. Isso vem atraindo novos jogadores de outros estados. “O poker saiu do cantinho e está chegando ao centro das atenções”, afirma Mojave. “A quantidade de jogadores se engajando profissionalmente vem crescendo muito no país. Certamente, teremos novos campeões mundiais no futuro”, destaca, referindo-se aos títulos de Alexandre Gomes na WSOP e de João Bauer no WCOOP. Enquanto diversas modalidades olímpicas sofrem com a falta de apoio financeiro, seja do governo ou da iniciativa privada, o poker cresce a galopadas no Brasil. A receita? “Uma comunidade muito forte e unida”, diz Mojave. Pode até parecer piegas – mas não é. Talvez por ser um esporte que, até uma década atrás, era “pisoteado pela sociedade”, para citar novamente Mojave, seus praticantes e defensores adotaram o poker como causa. O resultado? Eles não apenas conseguiram derrotar aquele velho preconceito relacionado ao poker, como também fazer dele o maior esporte individual do Brasil. ♠

Christian Kruel. Um dos precursores do poker no país. Junto com Raul Oliveira, criou o Clube do Poker, primeiro site brasileiro dedicado exclusivamente ao esporte.

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COLUNA

christian Kruel @christiankruel

OLD SCHOOL VS. NEW SCHOOL

QUEM LEVA A MELHOR?

E

m discussões de poker, um dos temas recorrentes é a suposta oposição de estilos entre os jogadores mais antigos e os mais novos. Mas será que essa dicotomia entre velha guarda e nova geração existe realmente? Estilos contrapostos podem ser ambos vencedores? Vamos tentar entender melhor essas questões agora.

cK é um dos pioneiros do poker no brasil. ele também é membro integrante do Full Tilt red pro Team.

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Algumas edições atrás, falei de ideologias que insistem em rondar o poker. Eu disse que uma das ideias prontas mais comuns é a de que devemos jogar no estilo oposto ao do adversário. “Para derrotar um oponente loose, temos que jogar tight. E para derrotar o tight, temos que jogar loose”. Estamos diante de um paradoxo: ora, se o tight derrota

o loose, como pode o loose derrotar o tight? A partir dessa indeterminação simples, vemos que nem tudo o que se lê deve ser levado ao pé da letra.

A geração que hoje chamamos de “old school” tem sua origem nos anos 1960-70. Eles criaram as bases teóricas do poker moderno. Queriam conhecer e aprender o jogo, teorizar a prática. Conceitos fundamentais como pot odds e implied odds eram desconhecidos da grande maioria dos jogadores, e praticamente não havia livros, artigos ou publicações técnicas sobre poker. Também não existia, no material disponível, a preocupação sobre “como vencer”, especificamente falando.


Doyle Brunson, patriarca do poker moderno

Aqui, vale a pena abrir um parêntese interessante para diferenciar teoria e prática. A teoria é pontual, estática. Já a prática acontece em forma de fluxo, é fluida. Quando escrevemos um artigo ou um livro, recortamos situações de jogo e usamos como exemplo. Em meio ao processo contínuo que é o jogo numa mesa, congelamos um momento e o analisamos. Às vezes fora de contexto. É assim que as teorias do jogo são construídas. Um artigo seleciona um ou dois momentos pontuais para explicar um conceito. Um livro reúne mais momentos, explica mais conceitos e constrói suas teorias. Porém, apesar de a teoria ser composta pela soma de momentos pontuais, nem sempre isso representa exatamente o que acontece no fluxo do jogo. O jogador da old school desenvolveu seu jogo no fluxo, não na pontualidade. Eles têm maior dificuldade em raciocinar de maneira pontual, tornando-se vulneráveis num ambiente em que é preciso agir em muitas mesas ao mesmo tempo, por exemplo. Ao entrar em várias mesas, o jogador perde esse fluxo e se vê obrigado a raciocinar em termos pontuais. Esse é o calcanhar de Aquiles do jogador da old school. Em casos assim ele se perde e precisa se adaptar.

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ESTRATÉGIAS E ANÁLISES COLUNA Já o pessoal da nova geração surge num momento de alta popularização do poker. A eles foi dado um arsenal de ferramentas: livros, artigos, softwares, fóruns, programas de coach, escolas online etc. Essa vasta gama de técnicas de ensino possibilita um aprendizado muito mais sólido do jogo. Sem falar que muitas das teorias são agora construídas para vencer um determinado tipo de jogo, o que as torna ainda mais eficazes.

Os jogadores da new school possuem uma capacidade infinitamente maior de trabalhar os momentos pontuais do jogo. Isso faz deles competidores fortes em ambientes de muitas mesas. Em contrapartida, eles têm uma capacidade muito menor de perceber o fluxo. Entretanto, isso não quer dizer que o jogador da velha guarda não se adapte ao pontual, ou o da nova geração, ao fluxo. Mas penso que a dicotomia entre “jogo de fluxo” e “jogo pontual”, bem como a disponibilidade de material, foram os pilares dessa suposta diferença entre as escolas. Para mim, isso não chega a ser uma contraposição.

Tom Dwan, ícone da nova geração

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O jogador da new school possui uma capacidade infinitamente maior de trabalhar os momentos pontuais do jogo [...] Em contrapartida, eles têm uma capacidade muito menor de perceber o fluxo.

Quando eu procuro um exemplo claro para distinguir as duas gerações, não imagino um conceito melhor do que o de “tournamente life”, a ideia de sobrevivência no torneio. Ele é muito valorizado pela old school, ao contrário do que acontece com a nova geração.

Suponhamos que você esteja no small blind com ATo e tenha cerca de 15 big blinds efetivos. Sua jogada é dar open-shove, raise/call ou raise/fold? Aqui, os jogadores da new school vão analisar as opções e escolher aquela que der o melhor retorno em fichas, independentemente de terem que enfrentar um showdown ou não.

Por sua vez, o jogador da old school, apesar de fazer o mesmo raciocínio, nem sempre optará pela jogada que dá o melhor retorno em fichas. Isso acontece por causa do fluxo. Por não estar envolvido em diversas mesas ao mesmo tempo, o jogador da old school consegue analisar melhor a situação como um todo. Para eles, torneios são eventos isolados. Não seria levado em conta, portanto, o “longo prazo”. Em casos assim, é muito comum vermos a old school optar pela alternativa que traz mais fichas com fold equity e sem showdown. Ainda que isso represente ganhar menos fichas

num momento pontual, no fluxo ela representará uma chance maior de sucesso nesse evento único, em que não há “long run”. Tudo o que conversamos aqui serve para evitar rotular a nós mesmos e os outros como “old school” ou “new school”. Dessa forma aprenderemos a jogar melhor, tanto no fluxo quanto pontualmente. O ato de aprender é ainda muito pouco explorado. Pouco se fala em metacognição nos dias de hoje, e a diversidade de formas de se aprender o jogo é essencial para que se capte todos os seus detalhes.

Artigos e livros, coaches e escolas, enfim, todos esses processos são importantes. Eles trabalham diferentes áreas do nosso cérebro e ajudam a solidificar os conhecimentos adquiridos nos estudos. O poker ainda é um jogo em desenvolvimento: novas jogadas e novas teorias surgem quase todo dia. Manter-se bem informado é fundamental para fazer frente aos bons jogadores, principalmente os que superaram essa oposição entre as escolas, os chamados “pósnew school”. Aprendam com esses jogadores, pois eles vêm grindando muito bem tanto na pontualidade quanto no fluxo. ♠

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JOGOS MENTAIS

COMO JOGAR PARES

BAIXOS EM TORNEIOS

Com fabiano kovalski, vitor brasil e felipe nUnes

nesta edição, três membros do projeto poker villa falam sobre como jogar pares baixos nas fases intermediária e final de torneios, quando se tem stacks médios – uma situação bastante frequente, mas que ainda pode gerar algumas dúvidas.

Fabiano KovalsKi, catarinense, 22 anos, especialista em Torneios MultiTable online. Em 2010, fez duas mesas finais do BSOP e já acumula mais de US$ 800 mil em premiações.

@fkovalski

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Felipe nunes, catarinense, 22 anos, participou do SNG Team Pro, atingindo a meta de US$ 10 mil em apenas um mês e dois dias. Já tem quase US$ 800 mil em prêmios na carreira.

@felipenunes

vitor brasil, carioca, 21 anos, participou do projeto MTT Pro em 2010 e foi um dos primeiros escolhidos para o Projeto Poker Villa. Possui mais de US$ 300 mil em premiações.

@vitorbrasilRJ


Como você joga COM pares baixos (2-2 a 6-6) nas fases intermediária e final de torneios com stacks não tão confortáveis, entre 15 e 25 big blinds?

Fabiano Kovalski: Nos blinds, pares em geral têm uma ótima equidade contra qualquer range. Então, sempre que estou nos blinds e alguém me ataca, tenho uma situação ideal de re-steal, ou seja, quando alguém em posição final abre raise, eu entro de all-in. Se ação chegar em GAP, eu avalio a agressividade do vilão no big blind, e opto por entrar direto de all-in, dar raise-call ou até raise-fold no caso de um oponente fraco. Se eu estiver entre os últimos a falar, jogo como no small blind, alterando meu plano de acordo com a agressividade dos oponentes. Se estou em posição inicial, geralmente dou open-fold. Nesse estágio, preservo meu stack para re-steals nos blinds.

Felipe Nunes: Com stacks nessa faixa, pares baixos se tornam bons para dar steal e re-steal. Nesse estágio, eles costumam ser ótimos para jogar em posição final. No entanto, tenha cuidado, pois muitos jogadores bons superestimam o valor dos pares baixos e acabam entrando em situações de alta variância, somente porque a equidade desses pares no showdown costuma ser boa. Eles realmente ganham força quando se está nos blinds, pois muitas vezes é possível apenas pagar e jogar por set value, ou dar steal e re-steal em algum adversário que esteja abusando da posição. Penso que é totalmente tranquilo pagar nos blinds uma aposta normal de qualquer posição da mesa e jogar por set value, mesmo tendo um stack na casa dos 20 big blinds.

Vitor Brasil: Em situações de guerra de blinds, se eu estiver no big blind, quase sempre jogo de forma agressiva. Com 15 a 20 blinds dou re-steal/all-in com qualquer par. No caso de o small blind completar, dou shove. Com 25 big blinds, vou de re-steal/shove. Se o vilão completar no small blind, aumento a aposta para 3,5 a 4 vezes o blind. No small blind, com a ação chegando em GAP, sempre dou all-in. Com GAP nas demais posições, dou fold e guardo meu stack para re-steal. No cutoff e no button, dou all-in com 20 big blinds ou menos. Até 25 big blinds, dou raise entre 2,3 e 2,5 vezes o blind. Potes com limpers são menos prováveis nessa altura, e devem ser analisados em separado. Contra um vilão que dá muitos limps, fica mais tranquilo dar shove com qualquer par. Já contra um vilão que não entra de limp com frequência, somente pares acima de seis são bons para empurrar, já que o range do adversário é de suited connectors e pares menores. ♠

@CARDPLAYERBR

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COMBATE MANO A MANO

BRIGA DE

Brian Hastings é formado em economia pela Cornell University e é instrutor do Cardrunners.com. Você pode encontrá-lo jogando principalmente PLO high-stakes no Full Tilt Poker. Jogo: Cash game de pot-limit Omaha heads-up no Full Tilt Poker Blinds: $25-$50 Antes: $10 Stacks: Brian Hastins – 14.448 “Isildur1” – 93.579,50

CACHORRO GRANDE

BRIAN HASTINGS VS. “ISILDUR1”

MÃO “Isildur1” 93.579,50

Brian Hastings 14.448 Q

J

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7

J

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Bordo

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J CARDPLAYER.COM.BR

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7

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Brian Hastings

6

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Viktor “Isildur1” Blom dá raise para $170 do button. Brian Hastings volta reraise para $530 com A♥ Q♠ J♦ 7♦.

Craig Tapscott: Quando resolve enfrentar um oponente inteligente e agressivo como Isildur1, que tipo de plano você tem ao entrar na sessão? Brian Hastings: Eu chego a uma disputa como essa esperando que ela seja loose-aggressive. Espero grandes potes e muitas decisões di�íceis a serem tomadas por ambos os jogadores. Eu acho que, se começar bem e ganhar alguns potes grandes cedo, posso aproveitar a boa fase e aumentar minha vantagem. Se começar mal, provavelmente desisto e volto depois; mas se estiver me sentindo realmente con�iante, continuo jogando. CT: Quais as maneiras de se ajustar ao jogo de Isildur1 e conseguir deixá-lo confuso? BH: Bem, francamente, não é muito fácil. Ele faz um excelente trabalho equilibrando suas gamas e blefando numa frequência boa. Isso é muito di�ícil de combater. O melhor que posso fazer é tentar fazer leituras de situações especí�icas em que o equilíbrio dele não está tão bom quanto normalmente é, explorar isso, e tentar deixá-lo irritado.


CT: Que fatores passam pela sua cabeça ao decidir pagar ou tribetar pré-�lop fora de posição? BH: O jogo estava muito agressivo, e eu acho que essa é uma situação em que tanto pagar quanto reaumentar são opções viáveis. Os principais argumentos a favor do reraise são que eu estou bem à frente da gama de open-raise dele e serei pago por algumas mãos extremamente fracas que �lopam mal, e talvez faça com que ele dê fold imediatamente (embora espere que isso ocorra com pouca frequência, por causa dos nossos stacks grandes). CT: E a favor do call? BH: Os principais argumentos a favor do call são que eu estou fora de posição e tenho um grande stack. Além disso, vou construir um pote maior sem posição durante toda a mão caso resolva dar reraise. Dar call manteria o pote menor. E embora minha mão seja boa, ela não é ótima, e é pouco provável que eu engane alguém, tendo em vista as cartas altas da minha mão. A diversidade da minha gama de 3-bet ajuda um pouco nesse aspecto, mas eu ainda tenho várias outras mãos de cartas altas com as quais preferiria tribetar. Pesando tudo, acho que o call é a melhor jogada, mas acho bom variar dando raise 20% ou 30% das vezes. Flop: J♥ 10♣ 6♥ (pote: $1.080)

BH: Esse é um �lop decente para minha mão, e acho que ele espera que acerte bem a minha gama. Eu tenho top pair, uma queda para a broca nuts e o A♥ como blocker caso bata outra carta de copas. Então, acho que raramente ou nunca tomarei um raise light. Aqui, uma aposta é bastante clara. Hastings aposta $850. Isildur1 paga.

CT: O call de Isildur1 restringe a gama dele para você? BH: Quando ele dá call, é di�ícil restringir muito sua gama, pois acho que ele pode ter quaisquer dois pares, uma trinca, um par e um draw (forte ou fraco) ou talvez até menos. Turn: 7♥ (pote: $2.780)

CT: Como essa carta muda as coisas para seu plano continuar sendo agressivo? BH: Bem, é uma carta interessante. Eu acerto dois pares, e é uma carta de �lush também. Embora eu tenha o nut blocker e meus dois pares pareçam não ser a melhor mão com frequência (e possam ser vítimas de blefe caso sejam a melhor mão), eu acho que a melhor jogada é apostar de novo e planejar apostar em muitos rivers.

Hastings aposta $2.000. Isildur1 paga.

CT: E agora? Você consegue delimitar a gama dele? BH: Quando ele paga minha aposta, acho que �lushes (tanto fortes quanto fracos), 9-8-X-X, J-10-X-X e trincas compõem a gama dele. River: 10♥ (pote: $6.780)

BH: Essa é a decisão mais interessante da mão, na minha opinião.

CT: Você pode dar um terceiro tiro com essa carta do river? BH: Embora no turn eu tenha planejado atirar em muitos rivers, esse é particularmente complicado. Minha mão não tem chances de vencer no showdown, então a única maneira de ganhar esse pote é blefando. Hastings aposta $6.000.

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COMBATE MANO A MANO

CT: Estou curioso para entender seu raciocínio maníaco aqui, Brian. BH: Determinar a melhor decisão a se tomar depende de com que frequência eu acho que ele dará fold diante de uma aposta. Tendo em vista o tamanho da minha aposta ($6.000) e levando em conta que eu acho que pedir mesa aqui tem EV zero e um blefe tem uma taxa de sucesso de x, precisamos que 6.780x + (-6000)(1-x) seja maior do que zero para que uma aposta de $6.000 seja melhor do que um check. Viktor “Isildur1” Blom

CT: E por que esse valor na aposta? BH: Disparei $6.000 porque acho que é uma quantia que dá para acreditar que eu apostaria se tivesse um full house ou o nut �lush. E eu não queria dar nenhuma informação que aumentasse a frequência de call dele. Se minha gama estivesse equilibrada com essas mãos em vários valores de apostas, elas seriam opções viáveis também. Tomando uma aposta de $6.000, era preciso que meu blefe funcionasse cerca de 47% das vezes para minha aposta ter EV positivo.

CT: E a mão de Isildur1? BH: Eu não sei se ele largaria um full house. E �lushes e straights são pega-blefes aqui, já que eu acho que apostar pelo valor com algo menor que um �lush de rei aqui seria loose demais. Além disso, eu não espero que ele ache que eu apostaria pelo valor com algo pior do que isso.

CT: Algum outro pensamento passou pela sua cabeça na hora de decidir apostar nesse river? BH: Um fator que ajudou minha decisão de apostar foi o fato de eu ter um valete e um 7 na mão, o que faz com que seja signi�icativamente menos provável que ele tenha um full house. Há apenas dois valetes, dois

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dez e dois setes no baralho. Há ainda três seis, mas 10-6 é pouco provável, tendo em vista a ação. Então, para que ele tenha um full house, precisa ter dois valetes ou dois setes, J-10 (quatro combos), 10-7 (quatro combos, mas pouco provável, devido à ação) ou 6-6 (seis combos). Há muito mais combos de �lushes e straights possíveis. Além do mais, ele pode dar raise com trincas ou dois top pairs no �lop. É bem mais provável que ele dê raise no �lop com essas mãos do que com um draw medíocre, que agora representa o resto de sua gama. Juntando todas essas suposições, eu diria que ele tem um full house 10% das vezes aqui, e jamais o largaria. Então, preciso que ele dê fold mais de 47 ÷ 90 = 52% das vezes em que ele tem um �lush ou um straight para que meu blefe tenha EV positivo e, portanto, seja melhor do que simplesmente dar fold. Acho que é esse o caso, embora ele certamente não tenha medo de dar calls heróicos nas situações certas. Isildur1 dá raise all-in. Hastings dá fold. Isildur1 ganha o pote de $12.780.

BH: Dessa vez ele aumentou no river, me levando a crer que de fato segurava o full house. Independentemente do resultado, nenhuma de minhas suposições foi contrariada, e eu acho que �iquei contente com meu blefe. Contudo, se eu começasse a blefar com muita frequência nessa situação e ele percebesse, ele poderia me explorar dando calls frequentes com pega-blefes. Acho que essa mão ajuda a demonstrar por que ter gamas equilibradas é tão importante para ser bem sucedido contra jogadores di�íceis. ♠


Página Rosa

Copacabana Poker/Poker Viagens Team

Sexo não tão frágil

Certa vez fui jogar um home game onde havia apenas homens. A princípio não me incomodou, afinal nunca havia tido problemas com isso, mas nesse dia me sentei em uma mesa com homens muito preconceituosos e mal-educados, que me trataram com hostilidade, dando falinhas, me questionando o tempo todo, como se eu não conhecesse nem mesmo as regras do Hold'em. Isso me abalou muito e no dia não consegui desenvolver meu jogo, o que fez com que eu jogasse muito mal, e me estressasse ainda mais. Passei um certo tempo abalada, mas aos poucos consegui superar e usar isso a meu favor. Essa experiência me ajudou a evoluir como jogadora e, por isso, resolvi escrever sobre esse tema, o tal do sexo frágil e como as mulheres podem usar essa ideia preconceituosa que muitos têm a seu favor nas mesas de poker.

Porque as mulheres também “estão no pano” produzida por Copacabana Poker (www.copacabanapoker.com).

Khatlen Guse @KhatyRS em conjunto com sua irmã Karem são as criadoras do Barbarella Poker, visando a inclusão do público feminino no Poker”

CopaBarbarella for Ladies 2011!

Assim como ocorreu em diversas outras funções na sociedade, o poker de antigamente era jogado quase em sua totalidade por homens, mas a realidade do esporte é outra e hoje em dia é cada vez mais comum encontrar mulheres sentadas às mesas. As mulheres do poker estão cada vez mais competitivas e preparadas tecnicamente, um ótimo exemplo mundial é a Annie Duke, que é considerada a mulher que ganhou mais dinheiro jogando a WSOP, além de Annette Obrestad, que virou lenda ao ser a pessoa mais jovem a ganhar um bracelete da WSOP-E, isso sem falar nas profissionais de altíssimo nível no cenário nacional, como Alê Braga, Maridu e Camila Kons. Infelizmente ainda há uma minoria que vê as mulheres como um ser frágil e sem relevância na mesa de poker, e que demonstra isso tanto dando falinha quanto menosprezando suas jogadas, mas boa parte compreende o quão boa pode ser uma jogadora e o perigo que ela pode representar em um torneio. Algumas mulheres acabam se abalando com esse fato e isso faz com que muitas delas percam a confiança, o que acaba prejudicando seu jogo. A grande questão é ter autoconfiança e não dar valor às atitudes dos outros, seguir em frente e ultrapassar os obstáculos que virão. Nas mesas alguns homens têm o péssimo hábito de estereotipar as mulheres, e cabe a elas saber explorar essas imagens, seja a imagem de fraqueza, jogando por valor e tomando as fichas do vilão, ou a imagem de nit, blefando e fazendo moves que vão passar facilmente. Uma dica essencial para superar essas situações é não tiltar com o adversário, afinal o grande objetivo dele ao provocá-la é exatamente esse, desestabilizar você! Tentar derrotá-lo a todo custo não é uma atitude inteligente, pois desta forma a possibilidade de você jogar errado é bem maior, deve-se analisar cada situação friamente para encontrar o spot ideal para lucrar em cima de seu adversário. Essas são algumas dicas que podemos utilizar para conseguir superar as atitudes indigestas que podem ocorrer durante o jogo live, agora basta definir qual imagem combina mais com você, estudar para aprimorar cada vez mais seu jogo e explorar a fraqueza do adversário, não se deixando abalar pelas provocações, mas sim usando-as a seu favor, que você certamente conseguirá extrair o máximo de valor das jogadas. E o principal: acredite sempre em você, afinal somos todas capazes de alcançar nossos objetivos se nos dedicarmos e lutarmos para isso. Renata “xTinhAx” Teixeira é jogadora de poker do time Friends of Copacabana Poker. Além disso, escreve em seu blog Dama do Poker (www.damadopoker.com.br) Twitter - @xtinhax

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Barbarella Poker e Copacabana Poker se unem para oferecer o primeiro Ranking Freeroll Exclusivo para Mulheres! Serão torneios mensais gratuitos incentivando o público feminino.

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Eugene Katchalov

P贸s-Graduado em Poker Texto base: Ryan Lucchesi

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Q

uando se formou em 2003 pela New York University em relações internacionais e finanças, Eugene Katchalov morava no Brooklyn e jamais tinha jogado poker na vida. Oito anos depois, ele é tido como um dos melhores profissionais da sua geração. Ninguém ganha mais de 6 milhões de dólares no poker por acaso.

O russo Eugene Katchalov mudou-se para os Estados Unidos em 1991, aos 10 anos, quando tanques de guerra começaram a rondar a cidade de Kiev, no exato dia do fim da ex-União Soviética. Já estabelecido com a família na América, ele começou a jogar poker em home games semanais com amigos no Brooklyn. Na primeira vez que jogou, perdeu $6, o que era muito dinheiro para ele, que na época sequer sabia as regras. O jogo se tornou mais frequente e Katchalov, mais experiente. Desbravar o poker online foi uma consequência natural. “Quando aprendi poker, eu jogava limit, depois fui para o no-limit. Eu jogava muitos sit ’n gos online, depois passei para os cash games small-stakes, mas não era muito bom nisso”.

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No final de 2004, depois de um ano de home games e sits de $5, Katchalov resolveu acompanhar um amigo numa viagem a Vegas. Foi sua primeira experiência live em cash games. Ele acabou disputando também seu primeiro grande torneio ao vivo, um evento de no-limit hold’em de $3.000 no Bellagio. Ficou em quinto lugar em um field de 420 jogadores e ganhou 47 mil dólares. Decidiu então jogar o main event do WPT com buy-in de 15 mil dólares. Novamente ficou in the money, caindo em 35º e faturando $27.277. “Ao ganhar dinheiro nesse segundo torneio, fui fisgado”, disse ele. Essa experiência lhe deu confiança, e ele voltou para casa disposto a aprender mais e a jogar mais. Katchalov começou a jogar nos clubes underground de Nova York, onde ele conheceu Nick Schulman. Juntos, começaram a viajar pelo circuito de torneios live. Ele percebeu que tudo era possível quando Schulman ganhou mais de $2,1 milhões no WPT World Poker Finals em 2005.

Seu próprio triunfo no WPT ocorreria dois anos mais tarde, após adquirir o equilíbrio ideal no seu jogo: o estilo de Katchalov passou de tight para agressivo antes de ele encontrar a versatilidade que o faria ganhar milhões. Ele superou seu amigo Schulman ao ganhar $2.482.605 no WPT Five-Diamond World Poker Classic de 2007, o que ainda é um marco na sua curta, porém incrível, carreira. “Essa foi a vitória que mudou minha vida. Isso me deu muita autoconfiança e várias oportunidades, e me permitiu jogar torneios e cash games de buy-in maiores com jogadores melhores, de modo que eu pudesse me desafiar”, afirmou Katchalov.

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O aspecto mais impressionante dos $6,6 milhões ganhos por ele até hoje não é a quantia total acumulada, mas o fato de ele ter sido capaz de ganhar esse dinheiro enfrentando os mais diversos oponentes, ano após ano, em diferentes arenas de torneios ao redor do mundo. De junho de 2007 para cá, ele já ganhou 12 vezes prêmios de pelo menos seis dígitos, marco que faz dele um dos jogadores mais consistentes no circuito de torneios.

O que torna Katchalov tão consistente e bem sucedido? “Como o jogo mudou muito ao longo dos últimos anos, acho que o mais importante é perceber que determinados estilos vitoriosos que ganhavam há alguns anos não funcionam mais hoje. É preciso ser capaz de evoluir com o jogo”, diz ele. Até mesmo os melhores jogadores do mundo são exploráveis de certo modo. Eles desenvolvem tendências ou maus hábitos, mas o jogo de Katchalov é um enigma que seus colegas ainda não conseguiram desvendar. Mas o processo de desenvolver um estilo vencedor próprio não aconteceu da noite para o dia. Foi através de tentativa e erro que ele se tornou o jogador que é hoje. “Quando comecei a jogar poker, eu era muito, muito tight. Esse estilo não era necessariamente bem sucedido, pois pessoas como Gus Hansen ganhavam muito na época sendo agressivas”. Katchalov começou a tentar fazer a mesma coisa, mas logo percebeu que não funcionava para ele. “Demorei muito até descobrir o que era preciso para ser um vencedor consistente”. Katchalov concluiu que não bastava mudar seu estilo de jogo todo mês ou toda semana. Era preciso ser capaz de mudar de marcha no ato, mesa a mesa, oponente a oponente. “Vi que jogar de forma generalizada dessa ou daquela maneira era errado”, explica. “Você deve se ajustar à sua mesa e contra-atacar o que cada jogador está fazendo”.


Vi que jogar de forma generalizada dessa ou daquela maneira era errado. Você deve se ajustar à sua mesa e contra-atacar o que cada jogador está fazendo”

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E ele vai além, explicando que, independentemente dos estilos, as pessoas jogam determinada mão da mesma maneira todas as vezes, sem perceber que poderiam maximizar o valor esperado em cada situação com apenas alguns ajustes simples. “Nos primeiros anos em que joguei poker, eu sempre tentava encontrar a melhor maneira de jogar determinada mão. O poker é jogado contra outros seres humanos, então só porque você fez algo anteriormente e deu certo, isso não quer dizer que você possa fazer a mesma coisa o tempo todo”. Com notável lucidez, Katchalov afirma que as pessoas se ajustarão a isso, portanto é necessário entrar na mente do oponente e descobrir “o que ele pensa que você está pensando, para então tentar contra-atacar e tentar tomar a melhor decisão com base nisso”.

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Katchalov pensa cada situação isoladamente, tentando descobrir a melhor maneira de jogar com base nas cartas, mas levando em conta também o histórico e os fatos que vêm acontecendo na mesa, sem jamais esquecer, claro, da própria imagem: “Ao combinar todas essas variáveis, você está preparado para tomar a melhor decisão possível em cada street”.


E Katchalov começou 2011 com dois grandes feitos. Primeiro, venceu o prestigiado Super High-Roller de $100.000 no PCA, faturando $1,5 milhões. Alguns dias depois, ficou em segundo no Turbo High-Roller de $10.000, ganhando $131.920. Com isso, ele se tornou um dos jogadores mais lucrativos desse começo do ano. Ao manter seu jogo em constante renovação e deixar seus oponentes sempre na dúvida, ele se posiciona como legítimo membro da elite do poker, apesar dos poucos anos de estrada.

É certo que ouvimos muitas histórias de jogadores que surgem com tudo e depois desaparecem, mas eu apostaria um tanque de guerra russo como Eugene Katchalov é daqueles que permanecerão muito tempo esmagando oponentes nas mesas de poker. ♠

Eugene Katchalov em Números Katchalov conta com um número impressionante de premiações em seu currículo (67 até o fechamento desta edição), mas é a qualidade desses ITMs que tornam seus resultados diferenciados.

Ele tem 12 prêmios de pelo menos seis dígitos, e dois de mais de um milhão de dólares. Confira algumas de suas principais premiações:

Dezembro de 2007

Primeiro lugar no Five-Diamond World Poker Classic do WPT

$2.482.605

Janeiro de 2011

Primeiro lugar no evento super high-roller do PokerStars Caribbean Adventure

$1.500.000

Outubro de 2009

Terceiro lugar no evento high-roller de Londres do European Poker Tour

$308.566

Junho de 2010

Terceiro lugar no H.O.R.S.E. Championship da WSOP

$248.831

Setembro de 2009

Primeiro lugar no evento nº 24 do PokerStars World Championship of Online Poker

$170.000

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FILOSOFIA DO POKER

david apostolico davidapostolico

INFLUÊNCIA

MÚTUA

david apostolico é advogado, jogador semiprofissional e autor de livros de poker, como Torneios de poker e a arte da Guerra.

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O

poker é um jogo de influência mútua. O que quero dizer com isso? Vamos dar uma olhada em outra arena de influência mútua, as negociações. Numa negociação, cada parte tenta conseguir o melhor acordo para si. Na maioria das vezes, isso significa mais do que um meio termo. A princípio, as partes não negociam a não ser queiram algo em troca. Há sempre um limite dentro do qual o acordo será realizado. Por exemplo, digamos que você esteja querendo comprar um carro. Você pesquisou e viu que 25.000 é um preço justo. Contudo, gostaria de pagar 24.500, apesar de estar disposto a desembolsar até 26.000. O vendedor toparia entregar por

25.000, mas quer arrancar 26.000. Supondo que ambas as partes negociem de boa fé, há um intervalo entre 25 mil (o menor preço do vendedor) e 26 mil (o maior valor que você está disposto a pagar) dentro do qual o acordo pode ser realizado. O meio termo seria 25.500. Qualquer valor menor que esse deve ser considerado uma vitória para você. Mas você não sabe disso, pois o vendedor não revela quão baixo ele está disposto a vender. Caso revelasse, você não faria negócio por mais de 25 mil. Então, como maximizar seu potencial de conseguir o menor preço possível? Sondando e buscando fraqueza. Fazendo perguntas e estando disposto a ir embora.


Existe muito vai e vem, leitura de linguagem corporal e outras tells. Obviamente, o vendedor vai fazer a mesma coisa. Cada um vai tentar convencer o outro de que sua posição é firme sem pôr o acordo em risco. Embora tentem influenciar mutuamente um ao outro, há um terreno comum no qual ambos ficarão contentes se chegarem a um acordo. Portanto, uma oferta extrema provavelmente será rejeitada de cara. Se o vendedor insistir em não aceitar um centavo abaixo de $27.500, você

simplesmente vai embora. Não vai ter acordo, e o vendedor vai deixar de fechar uma venda. É provável que isso não aconteça. Quando há um terreno comum, as partes invariavelmente chegarão a um acordo. A questão é quem vai sair ganhando dentro desse meio termo. O poker é um jogo de influência mútua no qual não há terreno

O POKER É UM JOGO DE INFLUÊNCIA MÚTUA NO QUAL NÃO HÁ TERRENO COMUM OU MEIO TERMO. É IMPORTANTE SE LEMBRAR DISSO, POIS NA MAIORIA DOS ASPECTOS DAS NOSSAS VIDAS, ESTAMOS TENTANDO ENTRAR EM CONSENSO OU NOS BENEFICIAR.

comum ou meio termo. É importante se lembrar disso, pois na maioria dos aspectos das nossas vidas, estamos tentando entrar em consenso ou nos beneficiar. Normalmente, é difícil mudar essa postura quando sentamos para jogar. Estamos acostumados a rejeitar ofertas extremas. No poker, vale a pena fazer as ofertas complicadas. Uma aposta ou raise alto pode não ser rejeitado. Obviamente, seu oponente tam-

bém estará tentando lhe manipular. Influência é uma força poderosa. Mas influência mútua é uma força perigosa e cheia de nuances. E onde não há terreno comum ela é poderosa, traiçoeira e exige uma mentalidade diferente da que temos normalmente. Da próxima vez que você se sentar para jogar poker, tenha isso em mente.♠ @cardplayerbr

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HISTÓRIAS

pedro Nogueira @pedronogueira87

TITANIC THOMPSON O HOMEM QUE PASSOU A PERNA EM AL CAPONE

Pedro Nogueira é jornalista, já disputou torneios internacionais de poker, como a WSOP Europe, e é blogueiro da nova revista Alfa, da Editora Abril.

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O

poker, um século atrás, era um jogo completamente diferente daquele que conhecemos hoje. Se o Texas Hold’em e o Omaha são agora, de longe, as modalidades mais populares, naquela época jogava-se o 5-Card Draw e o 5-Card Stud – conhecidos no Brasil como ”Poker Fechado” e “Stick Poker”, respectivamente. E sabe aquelas situações em que alguém aposta 70 reais, você só tem 50 reais e, então, vai para o all-in? Esqueça isso. Muitas mesas adotavam as western rules, as “regras do oeste”. Ou seja, o cacife não limitava-se às fichas que cada jogador possuía em cima da mesa, mas sim à profundidade de seus bolsos. O sujeito apostou 3.000 reais e você só tem 1.000 reais em ficha? Corra ao caixa

eletrônico ou ponha a chave da moto na mesa. Senão, vai ter que largar as cartas. Mesmo que sejam quatro ases. Foi neste período que viveu o americano Alvin Clarence Thomas (1892-1974), mais conhecido pelo seu nome “artístico”, Titanic Thompson, um dos maiores apostadores e vigaristas da história dos Estados Unidos. A origem de seu apelido é interessante. Na primavera de 1912, mesmo ano em que o transatlântico Titanic afundou, matando 1.517 pessoas, Alvin estava jogando sinuca num clube em Joplin, Missouri. Depois de ganhar 500 dólares de um parceiro chamado Snow Clark – valor que hoje seria o equivalente


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HISTÓRIAS

a 11 mil dólares –, Alvin deu a ele a chance de recuperar o dinheiro. “Apostei 500 dólares que eu poderia pular a mesa de sinuca sem enconstar nela”, escreveu Alvin numa crônica publicada na revista Sports Illustrated, em 1972. “Coloquei um velho colchão do outro lado da mesa, corri e mergulhei. Enquanto eu contava o dinheiro, alguém perguntou a Clark qual era o meu nome. ‘Deve ser Titanic’, Clark respondeu. ‘Ele afunda todo mundo.’ Desde então, ficou Titanic.” Segundo o seu biógrafo, Kevin Cook, autor de Titanic Thompson: O Homem que Apostava em Tudo, ele ganhou e perdeu milhões de dólares jogando cartas, dados, sinuca e golfe. Quando Titanic derrotava alguém no golfe, oferecia ao perdedor a chance de recuperar o seu dinheiro numa revanche – desta vez, Titanic jogando com a mão esquerda. Naturalmente, Titanic era ambidestro. “Ele gostava de suas mulheres jovens e bonitas, seus carros grandes e velozes, seus patos ricos e ingênuos”, escreveu Cook. O poker era uma das atividades preferidas de Titanic. Segundo Cook, ele calculava como um computador as probabilidades do jogo. Além disso, “trapaceava e marcava cartas com uma habilidade inacreditável”. Gângsters como Al Capone e Arnold Rothstein, e grandes jogadores como Doyle Brunson, Johnny Moss e Amarillo Slim, foram algumas das personalidades que se sentaram à mesa com Titanic. Em 1928, ele esteve envolvido no high stakes que resultaria na morte de Rothstein, um dos principais chefes do crime de Nova York. Segundo

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a lenda, Rothstein perdeu 320 mil dólares numa maratona de três dias de jogo. (Em valores atualizados, cerca de 4 milhões de dólares.) No entanto, recusou-se a pagar a dívida, alegando que o jogo fora armado. Pouco tempo depois, Rothstein seria assassinado. A passagem mais interessante do encontro entre Titanic e Al Capone – talvez o mais temido criminoso dos Estados Unidos naquele momento – deu-se após um jogo de poker, na década de 1920. Ao sair de uma partida, já de manhã, os dois caminhavam juntos em direção ao carro de “Scarface” Al. Quando passaram por uma barraca de frutas, Titanic comprou um limão e veio com a proposta: “Aposto 500 dólares que consigo arremesar um limão por cima do telhado daquele hotel.” O limão que ele comprara estava recheado de balas de revólver, para deixá-lo pesado e possibilitar um arremesso mais longo; Titanic combinara o golpe com o quitandeiro

no dia anterior. Al Capone aceitou o desafio. “Mas espere um segundo”, disse o gângster. Ele comprou um novo limão, espremeu e, sorrindo, passou-o a Titanic. “Jogue este.” Titanic não esperava por isso. A solução foi improvisar. Titanic tomou distância, correu e arremessou a fruta. Mas não o limão espremido de Al Capone – o qual segurou e escondeu na palma da mão –, e sim o pesado. Enquanto os dois observavam o limão voar por cima do hotel, Al Capone assobiou e disse: “Você é um filho da mãe versátil...” Abriu a carteira, então, e passou os 500 dólares justos para Titanic – sem suspeitar que caíra num belíssimo golpe do amigo. ♠


GABRIEL GOFFI

Aconteceu

em um

torneio

BRAZILIAN SERIES OF POKER 2011 - ETAPA RIO DE JANEIRO

FLOP

Q 10 9

9

PRÉ-FLOP: Com blinds em 400-800-100, um jogador abre raise para 2.400 do meio da mesa. Um adversário dá call, assim como Gabriel Goffi, no big blind.

9

Porcentagem de Vitória Antes do Flop: 51,69% Depois do Flop: 82,53% Depois do Turn: 20,45%

9

8

J

8

10 K

23.400 em fichas

9

9

Porcentagem de Vitória Antes do Flop: 47,95% Depois do Flop: 17,47% Depois do Turn: 79,55%

OPONENTE

K

8

Q

J

26.000 em fichas

TURN

8

GABRIEL GOFFI

RIVER

FLOP: Goffi pede mesa. Os dois adversários também. TURN: Goffi pede mesa e o jogador que abriu o pote empurra all-in de 21 mil. Goffi dá insta-call. O outro adversário dá fold. ANÁLISE: Um jogador do meio da mesa abriu raise padrão de três vezes o big blind com um par de noves. Depois do call de um adversário, Goffi decidiu ver o flop do big blind com uma mão que joga bem pós-flop, principalmente contra dois jogadores. O flop trouxe para Goffi uma queda para flush na última carta e uma queda para a broca, mas deu uma trinca para o jogador que abrira o raise. O check de Goffi foi padrão, mas o do jogador que deu raise foi muito ruim, pois ele precisaria fazer com que mãos como 10-J, 7-6 e 5-6, por exemplo, só continuassem na disputa pelo pote sem as odds necessárias. No turn, quando o bordo ficou muito perigoso, ele empurrou all-in de 21 mil em um pote de 8 mil, uma jogada bem ruim, já que ele dificilmente receberia calls de mãos que estivessem perdendo. Com o nut-straight e uma pedida para flush, Goffi deu insta-call. Mas um 8 no river completou o full-house do adversário, deixando Goffi quase sem fichas.

Nota: As porcentagens de vitórias não incluem empates. As odds são fornecidas por www.cardplayer.com/poker-tools/odds-calculator/texas-holdem. Acesse www.cardplayer.com/poker-tools/hand-matchups para mais informações estratégicas. @cardplayerbr

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