Card Player Brasil Digital - 12

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POKER

ESPORTE E ESTILO DE VIDA

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mojave ensina como reajustar seu range em torneios

tHIAGO dECANO E SUAS REFLEXÕES SOBRE A WSOP 2012


ALGUMAS PESSOAS JOGAM SEGUINDO OS LIVROS. BUSCANDO SEGURANÇA NA PRECAUÇÃO. E PENSANDO MUITO EM CADA MOVIMENTO FEITO.




E AÍ TEMOS ESSES CARAS. Existem muitas palavras que você pode utilizar para descrever os “The Professionals” do Full Tilt Poker. Mas “tradicional” não é uma delas. Porque Viktor, Gus, e Tom estão mudando a forma de se jogar. Se libertando da lógica e das convenções. Encarando riscos e testando as probabilidades. Fazendo veteranos balançarem as cabeças e os amadores ficarem de queixo caído. Então jogue fora tudo que você sabia e pegue uma cadeira. Esse é um jogo completamente novo.

©2012 Full Tilt Poker. Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Esse é um concurso desportivo e recreativo.






SUMÁRIO

12. SÉRGIO PRADO OS MELHORES JOGADORES DO BRASIL NA ATUALIDADE Em votação organizada por Sergio Prado, 15 especialistas elegeram os melhores jogadores dos últimos dois anos.

18. THIAGO DECANO WSOP 2012 - PARTE 2 Thiago Decano conta como foi sua participação no Main Event e analisa uma mão em que ele deu fold em um full house.

46. ANDRÉ DEXX O ESTADO DE PRESENÇA Explorando o lado mais espiritual do poker, André Dexx revela valiosos conceitos para se levar uma vida tranquila nos feltros

64. Dusty schmidt Jogar Poker é Uma Profissão Sim

“Leatherass” apresenta argumentos que mostram que jogar poker é uma profissão que exige habilidade, conhecimento.

72. FELIPE MOJAVE REAJUSTANDO O RANGE EM TORNEIOS Felipe Mojave discute um conceito chave para melhorar seu desempenho em torneios: o reajuste de range de mãos.

ESPECIAIS 54. Greg merson O maior campeão do ano 80. O POKER PARA ALÉM DOS FELTROS Sérgio Prado coloca todas as cartas na mesa em entrevista exclusiva.

E MAIS 94. cARDPEDIA Felipe Mojave, um dos principais especialistas em Mixed Games do Brasil.



OS Melhores Jogadores DO

por Sérgio Prado

S

empre adorei listas. Sou daqueles que passa horas na internet, em sites especializados em elencar os melhores nas mais variadas categorias, e adoro ver as principais cerimônias de premiação. Muitas vezes, discordo de metodologias e critérios, acho alguns resultados absurdos e perco a noção do tempo debatendo-as com amigos. Mas uma coisa é certa: sempre me divirto e aprendo muito com essas listas!

A minha ideia quando pensei em criar a lista com os Melhores Jogadores de Poker do Brasil na Atualidade, em meu blog no portal ESPN.COM.BR, era promover o debate, gerar discussão. A comunidade de poker do Brasil cresce em progressão geométrica, mas ainda se comporta como nicho. Colocar as pessoas para pensar é uma forma de buscar evolução – e um assunto como esse é perfeito para isso.


A comunidade de poker do Brasil cresce em progressão geométrica, mas ainda se comporta como nicho. Colocar as pessoas para pensar é uma forma de buscar evolução. Os critérios utilizados para a votação foram deliberadamente vagos e extremamente abrangentes. Na minha cabeça, a segmentação não é importante no momento atual. Uma lista complexa, dividida em várias subcategorias, é interessante para especialistas e pode ser viável no futuro, mas ainda é pouco atraente para uma imensa maioria que está apenas começando a entender o universo do poker.

Escolhi quinze jornalistas e pessoas da mídia especializada. Eles deveriam listar os dez melhores jogadores brasileiros com base nos resultados e conquistas no período de 2011/2012, seja ao vivo ou online, em torneios ou ring games, em qualquer modalidade. Os votos deveriam ser divididos em três categorias: Ouro (três indicados), Prata (três indicados) e Bronze (quatro indicados). Os votos foram publicados no blog, de maneira direta e transparente.

O RESULTADO André Akkari Thiago “Decano” Nishijima Caio Pessagno Ariel Celestino Alexandre Gomes Rodrigo Caprioli Gabriel Goffi Caio Pimenta Flávio Reis Diego “Keep” Cardoso Marcelo Fonseca

AF 5 5 3 2 3 5 2 3 2

AG 5 5 5 3 3 2 3

AA 5 5 5 3 3 2

BN 5 5 5 3 2 3

2

DT 5 5 3

FM 5 5 3

3

5

2 5 3

2 2

2 2

3

2

3

GK 5 5 5 3 3

3 2 2

JM 5 5 3 3 3 5

2 2 2

2 2

LFH 5 5 3 3 2

3 2 2

MS 5 5 3 3 3 2 5

PN 5 3 3 2 5 3 5

2

SP 5 5 5 3 3 2 3 2 2 2

2

VM 5 5 5 2 3 2 2 2

5 2 2 2

2 2 2

2 3

Bruno “GT” Terra Fábio Souza Rodrigo Garrido

3 3 3

Vinicius Marques Diógenes Malaquias

2 2

Douglas Ferreira Gabriel Otranto

Thiago Crema

GF 3 5 2 3 3 5 2 5 2 2

2 2 3 2

Felipe “Mojave” Ramos João Simão

Larissa Metran Luciano Monte

2

2 2

2

Fábio Eiji João Bauer Leonardo “Todasso” Martins

GR 5 5 3 2 3 5

2 2 2 2

TOTAL 73 73 56 43 39 32 30 28 19 14 12 11 9 7 6 4 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2

As abreviaturas correspondem aos nomes dos quinze especialistas, em ordem alfabética: Alexandre Ferreira (Pokerdoc), Alexandre Gonçalves (Intellipoker), Ari Aguiar (ESPN), Bruno Nóbrega (Card Player), Danilo Telles (MaisEV), Fábio “Mamute” (MeBeliska), Gabriel Rubinsteinn (Flop / Superpoker), Guga Fakri (Pokerdoc), Guilherme Kalil (Bluff), Juliano Maesano (Flop / Superpoker), Luiz Fernando Hermesmeyer (PokerNews), Marcelo Souza (Card Player), Pedro Nogueira (El Hombre / Card Player), Sérgio Prado (ESPN / PokerStars Blog / TV Poker Pro) e Victor Marques (TV Poker Pro).

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Meus VOTOS O resultado final é bem interessante. Ele mostra que, mesmo em um universo de análise amplo, existe um certo consenso com relação aos primeiros colocados. E a quantidade de nomes que obtiveram apenas uma lembrança é bastante positiva, mostrando que existem talentos de sobra no cenário do poker nacional. A reação do público com a publicação da lista foi exatamente a que eu esperava. Muitas pessoas adoraram, outras tantas, detestaram. Mas toda a comunidade parou, pelo menos por alguns minutos, para refletir sobre os resultados. Esse é o caminho para a evolução e o crescimento do poker. Nenhuma lista desse tipo tem a pretensão de ser definitiva. Não queria fazer um ranking com fórmulas matemáticas complexas e inquestionáveis. Pretendia apenas mostrar que as pessoas podem opinar sobre o assunto de maneira clara e honesta. Esse era o objetivo. Missão cumprida. ♠

Em meu blog, publiquei minha lista justificando cada um dos votos. Aqui estão os que escolhi e o porquê:

OURO

André Akkari Conseguiu o melhor resultado brasileiro em 2011, o bracelete na WSOP. Mesmo jogando um número menor de torneios, devido aos inúmeros compromissos profissionais, segue sendo um monstro no poker online.

Caio Pessagno Dominou todas as listas e rankings brasileiros nos últimos anos, além de conseguir, em um único dia, um número expressivo de mesas finais.

Thiago Decano “Nishijima” Fez uma World Series Of Poker excelente em 2012 e conseguiu grandes resultados online, como a vitória no evento principal do UBOC 2011. Isso sem falar nas três mesas finais em torneios High Roller do LAPT em 2012.

Ariel Celestino Com a vitória no Brasil Poker Tour Grand Final, a conquista no Evento 20-L do SCOOP 2012 e no evento principal do FTOPS XX, mostrou que domina tanto o poker ao vivo como o online.

Gabriel Goffi Conseguiu sucesso disputando pequenas fortunas contra os maiores jogadores de ring games do mundo, levando o nome do Brasil para as mesas de “high stakes”.

PRATA

Alexandre Gomes Um pouco afastado dos panos, mas sempre impressionando, conseguiu uma mesa final no EPT Grand Final 2011 e um título no Evento #1-H do SCOOP 2012.

Bronze Sérgio Prado @seprado espn.com.br/sergioprado

Sérgio Prado é um dos principais expoentes jornalísticos do poker nacional. Trabalha na ESPN, TV Poker Pro e é o blogueiro oficial do PokerStars no Brasil.

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Diego Cardoso

Flávio Reis

Marcelo Fonseca

Rodrigo Capriolli

No período de um mês, levou a melhor em duas edições do Sunday Million, o maior torneio de poker online do mundo. Um feito impressionante.

Jogador do ano na Brazilian Series Of Poker, ele conquistou o BSOP Million e, meses depois, ficou com o vice-campeonato no Brasil Poker Tour Grand Final.

Primeiro (e único) brasileiro a conseguir duas mesas finais em torneios do Latin American Poker Tour. Foi terceiro lugar no LAPT São Paulo 2011 e campeão do LAPT Punta del Este 2012.

Quinto colocado no EPT Grand Final 2012 e campeão do Evento #4-H do SCOOP 2012, além de atingir o status de Supernova Elite no PokerStars.





WSOP 2012

por Thiago Decano

BALANÇO E ANÁLISE

Parte II

C

ontinuando minha saga por Las Vegas, vou falar sobre minha trajetória no tão cobiçado Main Event e analisar uma mão bem interessante em que acabei largando um full house. A mão em questão aconteceu no Evento #36 da WSOP ($3.000 Shootout), em que cheguei à mesa final. Nesse torneio, apenas o campeão de cada mesa passa para a próxima fase. De cara, como eu disse em meu último artigo, enfrentei jogadores excelentes, casos de Jonathan Duhamel e Michael “The Grinder” Mizrachi.

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A MÃO Os blinds estão em 100/200 e a mesa tem sete jogadores. Eu recebo 7-7 no UTG e aumento para 500. No small blind, um jogador loose agressive paga. O flop vem J-10-6. Ele pede mesa. Aqui não há motivos para apostar. Esse é um bordo que acerta bastante o range de call dele, e eu tenho uma mão com valor. Então, dou check atrás. O turn é excelente, um 7. O vilão aposta 800. Eu prefiro apenas pagar. Desse modo, escondo o valor da minha mão, dou a chance para que ele blefe o river em cima de draws que não bateram e o faço acreditar ele tenha grande valor na mão, caso segure alguma mão com um J ou até mesmo um A-T.


O river é ótimo, um 6, que me dá o full house. Ele aposta 1.800. Eu penso por uns 15 segundos e aumento para 4.800. Fico com 7.500 para trás, ele espera um pouco e vai all-in. Esta é a minha análise: estou perdendo para J-J, T-T e 6-6. Mãos que ele jogaria da mesma forma. O fold se torna mais difícil pelo fato de que não apostei no flop, o que me faria perder bastante valor, já que, como disse antes, o bordo acerta muito o range de call do oponente. Então, dificilmente eu estou no topo do meu range. Em outras palavras, ele representa três mãos fortíssimas de valor. Para o meu oponente, eu posso ter 7-7, 7-6 e, na maioria das vezes, apenas o 6. Por essa linha, ele

sabe que eu largaria apenas a trinca – até por isso, acho que ele não iria all-in com 7-6 por valor. Porém, fora dos cash games, é muito difícil encontrar jogadores capazes de executar essa jogada blefando, com essa velocidade de raciocínio, e levando em conta que não havia metagame entre a gente. Eu poderia ser um jogador fraco, alguém que não largaria sequer a trinca. Alguns jogadores me perguntaram: “Você não acha que, com J-J e T-T, ele não daria reraise pré-flop?”. Considero muito difícil, já que, além de não ter ante, a 3-bet contra um raise do UTG é uma jogada muito forte. Assim, ele estaria transformando a mão em blefe.

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Sam Farha

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Diante desse cenário, opto por um fold “chorado”. Abro o 7-7 para ver a sua reação, e ele me mostra A-Q. Uau! Ele realmente foi capaz. Méritos para ele. O importante é que depois consegui me recuperar e jogar meu melhor jogo, cravando a mesa e ganhando muita confiança para os dias seguintes.

O MAIN EVENT O último torneio da WSOP, o Main Event de US$ 10.000, é com certeza a cereja do bolo da série. Além de enfrentar os melhores jogadores do mundo, também é preciso desviar das bad beats e do cansaço. Entre a frustração e a glória, detalhes: um turn, um river, uma jogada ruim...

DIA 1 Como já era esperado, minha primeira mesa estava relativamente fácil. Porém, segui minha estratégia de jogar muito mais por valor. Tentei um blefe não muito bom contra o brasileiro Marcos “Pimba”, que me pegou “no pulo”. Consegui dobrar meu stack, mas novamente o Pimba me pegou blefando. Depois de ele abrir raise, eu reaumentei em posição com 4-5 do mesmo naipe. Em geral, é uma mão que prefiro apenas pagar em posição, mas resolvi dar raise, pelo metagame e para ser o agressor. O flop trouxe um 10 como carta mais alta e meu flush draw. Eu apostei, e ele

pagou. O turn foi excelente, um K, que não completava meu flush, mas era uma ótima carta para blefar. Apostei novamente, e tomei call. O river foi uma carta irrelevante. Eu empurrei all-in, e ele foi para o tanque. Ele pagou e mostrou J-10 de naipes diferentes – novamente, uma bela fatiada no meu stack. Com esses dois blefes, além das fichas perdidas, minha imagem ficou péssima, e eu precisaria de algum valor para crescer. Isso não aconteceu. Jogando mais tight, na última mão do dia, meu par de damas segurou contra um A-K e avancei para o Dia 2 com 25.800 fichas.

DIA 2 Comecei exatamente como no Dia 1: péssimo. Em duas situação relativamente boas, eu perdi potes que me deixaram apenas com 13 BBs. O divisor de águas foi quando me trocaram de mesa. Logo no início, já trinquei um cinco e voltei para o jogo. Tudo começou a fluir quando me esqueci das mãos que havia perdido e me foquei totalmente nas que estavam por vir. Até o astral e a energia mudaram. No meio do dia, Sam Farha veio e se sentou à minha direita. Apesar de ser um perigoso oponente, conseguimos ótimas situações contra ele. Aumentando meu stack gradativamente, terminei o dia com 142.000 fichas.

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DIA 3 Altos e baixos. Consegui alavancar o meu stack para quase 300.000 por duas vezes, mas após uma sequência de potes perdidos, fiquei com 84.000. A situação poderia ter sido pior, se um adversário não tivesse jogado uma mão muito mal contra mim. Ele acertou uma sequência no flop contra a minha trinca e, não sei por que, deu check/call nas três streets. Ele vacilou e eu sobrevivi. Novamente, meu Main Event estava em risco.

Thiago Decano @TheDecano thedecano.com

Thiago Decano é considerado um dos melhores jogadores do Brasil, live e online. Chegou a duas mesas finais da WSOP e uma doWPT.

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DIA 4 Com 15 big blinds, eu precisava dobrar urgentemente. Para complicar, na minha mesa estavam: Sorel Mizzi à minha esquerda, com 738.000 fichas; Huck Seed, com seus cinco braceletes e seu stack de 137.000; e o campeão do Evento #2, Brent Hanks, com quase 230.000. Infelizmente, a árdua missão não terminou como eu queria. Caí antes do cabalístico número de jogadores ITM: 666. O cutoff abriu raise e eu, com 2-2, empurrei meus 15 BBs do small blind. Ele pensou bastante, pagou com A-8 e acertou a sequência máxima no river. Fim do sonho para mim. Acho que caí na 690ª colocação. Eu brinco que, para um jogador de poker, o dia que você cai do Main Event WSOP é o pior do ano. Mas bola pra frente. Quem quiser acompanhar minha carreira, mandar perguntas, sugestões ou ser meu aluno, é só entrar em contato pelo meu twitter ou pelo site www.thedecano.com, feito em parceria com a Card Player Brasil.


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ANTONIO ESFANDIARI

VENCE O MAIOR TORNEIO DE POKER DA HISTÓRIA Texto Base: Erik Fast

Um milhão de dólares é mais de 100 vezes o salário médio anual do Brasil. Na World Series of Poker de 2012, em Las Vegas, 48 pessoas desembolsaram esse valor para jogar o torneio com o maior buy-in da história do poker: o Big One For One Drop. O evento teve todas as vagas preenchidas. Ao primeiro lugar, US$ 18.346.673 – excluindo o boxe, o maior prêmio individual já pago em um esporte. Como se não bastasse, o campeão se tornaria o jogador que mais ganhou dinheiro em torneios de poker da história. Além de quebrar diversos recordes históricos, o Big One arrecadou mais de US$ 5,3 milhões para a Fundação One Drop, uma ONG que combate a pobreza em todo mundo através do acesso à água potável. E em um field com os principais nomes do poker mundial e empresário milionários, quem se sobressaiu foi um nome bastante conhecido em Las Vegas e no mundo: Antonio “The Magician” Esfandiari. Esfandiari ganhou fama não só por suas habilidades com o baralho, mas também por suas ostentosas festas. Mas, nos últimos anos, ele tem mudado seu foco – agora, a versão madura do bon vivant de 33 anos colhe os frutos dessas mudanças.

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O SONHO DE UM MILHÃO DE DÓLARES DE GUY LALIBERTÉ A história da maioria dos torneios de poker inicia-se ao som do conhecido anúncio: “suffle up and deal” – não foi o caso do Big One For One Drop. Tudo começou em Montreal, Canadá, com o bilionário fundador do Cirque de Soleil Guy Laliberté assistindo a um jogo hóquei com Mitch Garber, CEO da Caesars Interactive Entertainment, empresa responsável por operar mais de 50 cassinos nos Estados Unidos. Laliberté tinha acabado de fundar a One Drop Foundation, e dizia a Garber que para divulgar a sua causa, ele queria atingir os mais diferentes nichos ao redor do mundo. “Eu pensei que a comunidade do poker seria um lugar maravilhoso para começar”, disse Laliberté. “Eu tive a ideia de um torneio com buy-in de um milhão. Eu sabia que se incluísse um elemento de caridade, o evento poderia acontecer”. Laliberté jogou poker high stakes como hobby por muitos anos. Ele tinha conexões com os principais jogadores e empresários do mundo. Depois de uma reunião, os dois decidiram que o evento poderia funcionar se eles pudessem atrair os profissionais, em busca da fama e do dinheiro, e homens de negócios generosos procurando testar as suas habilidades. O evento foi anunciado em junho de 2010. Desde então, Laliberté se empenhou em reunir um field digno do buy-in de sete dígitos. A lista inicial incluía nomes como os de Tom “Durrrr” Dwan, Gus Hansen e Daniel Negreanu.

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BIG ONE FOR ONE DROP Mesmo para os melhores jogadores do mundo, não é tarefa fácil levantar um milhão de dólares. Até mesmo quem joga nos limites mais altos tem os seus ativos empregados em diversas coisas – ou simplesmente não se pode dar ao luxo de colocar tanto dinheiro em jogo de uma só vez. A saída foi vender parte do buy-in para investidores. O único jogador a declarar publicamente que pagou o valor integral da entrada foi Jens Kyllöen, finlandês de 22 anos. “Eu via isso como um tipo de aposta. Eu poderia comprar alguma coisa legal, como um bom carro ou uma casa, mas senti que tiraria mais proveito jogando esse torneio”, disse o profissional de cash games.

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Michael “The Grinder” Mizrachi, por exemplo, mesmo depois de ganhar US$ 1,45 milhões, apenas alguns dias antes do Big One, no Poker Players Championship de US$ 50.000 da WSOP, ainda vendeu cerca de 85% da sua participação. Já Gus Hansen conseguiu entrar no evento a menos de 12 horas do seu início, ao bater 96 jogadores em um satélite com buy-in de US$ 25.300. Situação semelhante viveu Phil Hellmuth. O gigante falastrão teria recebido a vaga no cassino MGM após um acordo entre os finalistas. Com 28 dos melhores jogadores do mundo e mais 20 empresários, estava definido o field do torneio mais caro da história do poker – e apenas nove deles receberiam uma fatia da prize pool de US$ 46,2 milhões.


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SHUFFLE UP AND DEAL Mesmo com a recente tendência de eventos high roller com buy-in de seis dígitos, um torneio milionário é algo que definitivamente coloca pressão nos participantes. Minutos antes das cartas serem distribuídas, tensão e ansiedade enchiam o salão, No primeiro dia, 11 eliminações – Erik Seidel, Phil Ivey, Jason Mercier

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e Bertrand “ElkY” Grospellier eram alguns dos nomes fora da corrida pelo título. O Dia 2 começou com 37 jogadores. Seu encerramento só aconteceria quando a bolha estourasse. O décimo colocado sairia com os bolsos vazios. “Eu quero muito estar nesta bolha. A adrenalina deve ser incrível”, disse o jovem fenômeno britânico Sam Trickett. A ingrata 10ª posição acabou nas mãos de um empresário russo de 34 anos, Ilya Bulychev. Muito short, ele

empurrou all-in de Q♦6♦. Trickett, com K♣7♥, pagou. O flop trouxe top pair para o britânico e flush draw para Bulychev. Nenhuma carta de ouros apareceu e, a partir daquele momento, todos já tinham garantido uma premiação milionária. O encerramento do dia foi marcado pela eliminação de Mike Sexton. Membro do Hall da Fama do Poker desde 2009, ganhador de bracelete e comentarista do WPT, Sexton embolsou US$ 1.109.333 pela nona colocação.


MESA FINAL O Dia Final trouxe os oito finalistas, e as fichas estavam distribuídas da seguinte maneira:

1. Antonio Esfandiari (Estados Unidos) – 39.925.000 2. Sam Trickett (Reino Unido) – 37.000.000 3. Guy Laliberté (Canadá) – 21.700.000 4. Brian Rast (Estados Unidos) – 11.350.000 5. Phil Helmmuth (Estados Unidos) – 10.925.000 6. David Einhorn (Estados Unidos) – 8.375.000 7. Richard Yong (Malásia) – 8.375.000 fichas 8. Bobby Baldwin (Estados Unidos) – 7.150.000 fichas


Com o desfecho do maior torneio de poker da história tão próximo, todos os finalistas agora tinham a atenção voltada para o “troféu”: um bracelete de platina com um diamante em forma de gota (drop) no centro. A joia, avaliada em US$ 350.000, foi especialmente desenhada para aquele torneio, pela fabricante suíça de relógios de luxo Richard Mille, cujo principal garoto propaganda é ninguém menos que Rafael Nadal. Richard Yong, empresário malásio e jogador regular dos cash games high stakes em Macau, foi o primeiro eliminado, seguido por Bobby Baldwin, campeão do Main Event da WSOP de 1978. Brian Rast, dono de dois braceletes e campeão do Poker Players Championship de 2011, foi o seguinte, em uma mão brutal. Depois de acertar o nut flush, ele optou por fazer um slowplay contra Sam Trickett, mas o river trouxe uma quadra de três para Trickett. O quinto colocado foi a força por trás do evento: Guy Laliberté. Em um clássico coin flip, ele viu seu par de damas ser batido pelo A♠K♦ do mago Esfandiari, que, no turn, tirou um rei mágico da cartola.

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A premiação aumentava em escala napoleônica – o mesmo acontecia com os stacks de Esfandiari e Trickett. A próxima vítima foi o membro do Hall da Fama Poker e recordista de braceletes da WSOP. Phil Hellmuth deu uma aula de como jogar short-stacked em grande parte do torneio, mas o choque entre seu A-10 e o A-Q de Sam Trickett decretou o fim da linha para o falastrão. David Einhorn, um bem-sucedido gerente de fundos de investimentos, era o único empecilho para o que viria a ser um heads up épico entre dois grandes nomes do poker mundial. Einhorn acabou caindo, mas não sem antes anunciar que doaria seu prêmio integralmente para a Fundação City Year, uma ONG com foco em educação. Em 2006, ao terminar na 18ª colocação do Main Event da WSOP, ele também havia doado seu prêmio de US$ 659.000 para a Fundação Michael J. Fox. Estava armado o palco para Esfandiari e Trickett.

Mike Sexton

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HEADS UP DE OITO DÍGITOS Esfandiari tinha uma liderança em fichas de aproximadamente 2,5-1. Com tanto dinheiro em jogo, e todos os olhos sobre ele, o profissional de 33 anos não demonstrava sentir nem um pouco da pressão, muito pelo contrário. Com uma intensidade penetrante em seus olhos, “The Magician” parecia já saber que o título tinha dono. A diferença de mais de US$ 8 milhões entre os prêmios do primeiro e do segundo colocado não fez com que o heads up se estendesse muito. Foram apenas 16 mãos. No último ato do espetáculo, Esfandiari abriu raise do button para 1.800.000. Sam Trickett pagou do big blind.

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O flop veio J♦5♦5♣. Trickett pediu mesa, e Esfandiari apostou um pouco mais que a metade do pote. Trickett aumentou para 5.400.000, e Esfandiari fez tudo 10.000.000. O britânico não se intimidou, aplicou uma 4-bet de 15.000.000 e viu Esfandiari empurrar tudo para o centro da mesa. Com menos fichas, Trickett pagou com Q♦6♦, flush-draw. Esfandiari, com 7♦5♠, tinha uma trinca de cincos e estava em vantagem. O turn foi um irrelevante 3♥. “Eu estava pensando, ‘tudo bem, este é o meu momento, se eu superar esse flush draw, vou ganhar o maior torneio da história. Por favor, Jesus, uma vez’”, conta Esfandiari.

O river foi uma carta vermelha, mas de copas – um inofensivo dois, que assegurou ao mago do poker o bracelete de platina e US$ 18,3 milhões. Com o título, Esfandiari viu seus ganhos em torneios catapultarem para US$ 23 milhões, o que faz dele o maior ganhador da história dos torneios de poker. Sam Trickett embolsou pouco mais de US$ 10 milhões e pulou para terceiro no ranking, com US$ 16,4 milhões em ganhos, atrás apenas do próprio Esfandiari e de Erick Seidel.


2. Sam Trickett US$ 10.112.001

1. Antonio Esfandiari US$ 18.346.673

5. Guy LalibertĂŠ US$ 1.834.666

4. Phil Hellmuth US$ 2.645.333 3. David Einhorn US$ 4.352.000

6. Brian Rast US$ 1.621.333

7. Bobby Baldwin US$ 1.408.000

8. Richard Yong US$ 1.237.333

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DE VOLTA AOS TRILHOS Com dois títulos do World Poker Tour e um bracelete da World Series of Poker, Esfandiari já possuía uma bagagem de respeito. No inicio dos anos 2000, ele se tornou um dos maiores nomes no poker, apesar do seu comportamento espalhafatoso. O sucesso financeiro aliado à sua personalidade naturalmente extrovertida fizeram com que ele fosse taxado como boêmio, e o seu amor

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pelas festas talvez tenha tirado a sua concentração do jogo. “Sair e ir festejar o tempo todo, no fim do dia, não me fazia feliz. Eu adoro, não me entenda mal, mas agora tenho 33 anos, e eu simplesmente decidi viver uma vida melhor”, diz Esfandiari, que atribui sua vitória graças à retomada do foco. Apesar da sua mudança, ele ainda é um cara muito sociável. “O meu estilo

é de conversar e me divertir. Eu gosto de aproveitar a minha vida, em vez de apenas me sentar lá e ficar entediado”, conta. “Porque o poker, como todos sabem, algumas vezes é entediante”. Descalço em cima da mesa que tinha feito dele uma lenda, com dois pacotes de dinheiro nas mãos e assumindo uma pose de karatê, estava claro que, apesar da sua nova fase, Esfandiari ainda está longe de ser um cara tedioso de se assistir.


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“É PARA VOCÊ, PAI” Entre os aplausos e palmas, Esfandiari pediu um momento para dedicar a vitória ao seu pai, Bejan Esfandiari – a quem prometeu o cobiçado bracelete de platina. “Eu apenas queria vencer. Nada mais importava para mim. Só assim eu poderia dar o bracelete ao meu pai. Ele tem sido o meu principal suporte, desde o início. Ele desistiu de tudo para trazer o meu irmão e eu para os Estados Unidos”, conta Esfandiari, que deixou o Irã quando tinha apenas nove anos. “Quando descobri que ele estava jogando poker, eu inicialmente o castiguei”, revela Bejan. “Ele era um estudante muito bom. Eu queria que ele fosse um médico, um engenheiro ou alguma coisa assim. E não foi ele que me contou. Eu ouvi de outra pessoa que ele estava envolvido com apostas”. Perguntado se ele ainda questionava a decisão de seu filho jogar profissionalmente, Bejan responde com uma risada: “Agora, tudo bem”. ♠

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K PO

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S C I P

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O ESTADO DE

por André Dexx

PRESENÇA Esboço de uma doutrina para um novo edge no poker


“Tudo é uma questão de apreciar e observar. Olhar de cima, estar no alto, com um campo de visão privilegiado. Nesse momento, o ego, já não está mais jogando. Eu não ganho nem perco porque o ‘eu’ não existe ali. Não sou ninguém nesse momento, e minhas emoções não distorcem o que eu estou vendo quando estou nos feltros, pois não estou envolvido emocionalmente. Simplesmente estou observando e executando o que é mais lucrativo. Tudo o que faço se resume a viver intensamente o momento. Sinto-me livre. Livre dos pensamentos. Agora minha cabeça tem total liberdade pra criar.”

S

ó quando entramos nesse “estado de transe” é possível enxergar o poker como uma arte. Apenas assim conseguimos enxergar a imensidão do jogo. E isso vale para a vida, que é perfeita e vibrante. Infelizmente, entretanto, a maioria das pessoas está embotada e identificada unicamente com os problemas pessoais, que quase sempre se tratam de pormenores passageiros. Contudo, nesse estado de seidade, de paz e tranquilidade, notamos uma variedade de opções que não cogitávamos antes, pois já não estamos operando condicionados pela mente apenas, mas com a vastidão da consciência. Quase todos os jogadores profissionais ou semiprofissionais estão buscando se tornar mais técnicos. Apenas uma irrisória minoria tem, ou passou a ter, uma nova consciência do jogo: são estes que estão com o edge realmente em seu favor. O máximo que um jogador “exclusivamente técnico” pode alcançar é figurar entre os melhores dos piores, porque o seu foco está na técnica, e esta não se adequa a todas as situações. O que se adapta a qualquer coisa – como a água se molda ao bule – é a nossa real presença no jogo.

André Dexx @dexx_rj andredexx.com

André “Dexx” é um dos mais respeitados jogadores de cash games online do país.

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No Estado de Presença, não precisamos nos “pré-ocupar” com técnicas nem pensar freneticamente onde é possível encaixá-las ao jogo, como se fosse um mero quebra-cabeças. O poker é mais complexo do que isso. Pode-se dizer que o jogador que é muito técnico consegue achar as peças do quebra-cabeças com mais rapidez, só que algumas delas não se encaixam perfeitamente. Essa é a razão pela qual nosso herói não consegue extrair o máximo de valor de uma mão em uma situação não corriqueira qualquer. O erro consiste em querer encaixar a técnica ao jogo, enquanto o correto seria encarar aquele momento como se fosse único, o qual jamais existirá outro igual, e encaixá-lo na técnica. Se você estiver jogando de forma consciente, perceberá que você não é mais jogador. Você e o jogo são uma coisa só. Por isso não é preciso pensar em técnica ou em quebra-cabeças, pois as coisas fluem naturalmente, como numa parceria entre você e o jogo.

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Ao conseguir essa afinidade com o jogo, o poder de adaptação entra em cena. E se adaptar significa ter criatividade, estar livre para enxergar e projetar a linha que mais lhe dará retorno, sem apego ao que foi lido, assistido ou dito anteriormente. Quando jogamos com a atenção, no momento presente, não agimos somente com a cabeça: jogamos com o corpo inteiro. Cada célula do organismo está focada no jogo. É nesse momento de fluidez que você reconhece o conceito de “edge”. Muitos jogadores passam bastante tempo em redes sociais ou de bate-papo enquanto estão jogando. A razão disso é que eles não estão querendo jogar, querem somente que aquele momento passe logo, na esperança de outro melhor – seja daqui a duas horas, em um bar com os amigos, daqui a dois meses, quando tiverem dobrado seu bankroll, ou daqui a dois anos, quando talvez sejam profissionais reconhecidos. Eles entram no “piloto automático” da mente condicionada. Ali, todos os seus movimentos estão reproduzindo um modelo no qual possa operar sozinho. O problema é que “só” usar a programação da mente não


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é um modo inteligente de jogar. Eles estão sonhando com algo além do jogo, com um degrau para o estimado sucesso no futuro. Entretanto, até que mudem de postura, esse momento nunca chegará. E se por sorte um dia chegar, será algo surpreendentemente vazio e insignificante. Até que fique claro que resultados bons e constantes são fruto de disciplina e de fazer o que se gosta, esses jogadores continuarão sonhando com um dia que nunca vai chegar, pelo menos da maneira como eles imaginam. Quando eu menciono a palavra técnica, estou me referindo a todo o conhecimento acumulado pelo jogador. E conhecimento é passado, algo já sabido e estruturado na mente. Apesar disso, toda situação de jogo é nova, logo, nenhum conhecimento seria, a priori, aplicável a ela. Quando interagimos com seres humanos, seja nos comunicando ou jogando (que seria outro nível de comunicação), todos os momentos são bem diferentes. Não existe a repetição do agora, portanto, é preciso se adaptar com que se tem no momento presente.

Se você quiser proceder da melhor maneira, terá que agir como uma criança que não tem conhecimento acumulado, e não se apoiar no passado. Responder com condicionamento não acertará o alvo bem no meio. É por isso que as crianças têm uma incrível capacidade de aprender. Foi precisamente isso o que Einstein quis dizer ao afirmar que “a imaginação é mais importante que o conhecimento”. Só é possível criar quando se deixa de lado o conhecimento acumulado – essa é grande charada do velho descabelado mostrando a língua. Ele, que revolucionou o mundo com sua criatividade e se tornou um dos maiores gênios da humanidade. Todos nós temos condições de acessar essa dimensão da consciência, esse “espaço de seidade”, de consciência de todas as coisas que estão acontecendo simultaneamente. É nesse estado que você jogará o seu melhor poker. Só estando inundado por esse sentimento é possível alcançar 110%. Aconteça o que acontecer, não se obrigue a jogar. Jogue somente quando for realmente se divertir, do mesmo modo como acontecia nas primeiras vezes em que você se sentou e esperou, maravilhado, que o jogo começasse. ♠





o maior campeão do ano por Marcelo Souza

Chip Count:

54

Assento 1

Russell Thomas

24.800.000

Assento 2

Jake Balsiger

13.115.000

Assento 3

Jeremy Ausmus

9.805.000

Assento 4

Steven Gee

16.860.000

Assento 5

Greg Merson

28.725.000

Assento 6

Jesse Sylvia

43.875.000

Assento 7

Robert Salaburu

15.155.000

Assento 8

Andras Koroknai

29.375.000

Assento 9

Michael Esposito

16.260.000

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V

inte e sete milhões de dólares. Quando as cartas foram distribuídas no cassino Rio, na noite do dia 29 de outubro, essa era a premiação que estava em jogo. Ao campeão, oito milhões e meio, e a glória de vencer o principal torneio de poker do mundo, o Main Event da World Series of Poker. Com seu inseparável boné do Raiders, time de


Steven Gee

9º Steven Gee (EUA) – US$ 754.798 futebol americano da cidade de Oakland, Steven era o jogador mais velho da FT. Com 57 anos, ele já havia ganhado um bracelete na WSOP 2009, e começou com quinto maior stack (56 Big Blinds) entre os finalistas. Na 30ª mão da noite, ele abriu raise do UTG para 900.000. Greg Merson pagou logo à sua esquerda. Russell Thomas também deu call, do button. O flop foi 7♣4♥5♦, e Steven saiu atirando 1,6 milhões de fichas. Merson desistiu, mas Russell pagou. O turn foi um J♣, e Steven disparou uma nova aposta de 3,25 milhões. Russell pagou novamente. O river foi um 3♠, e Steven Gee colocou 11,35 milhões na mesa – seu all-in. Russell foi para o tanque por quase cinco minutos, e pagou. Steven já mostrou seu 8♦8♣ sabendo que estava derrotado. Russell Thomas virou Q♦Q♣ e pulou para a vice-liderança do torneio Nascido no Texas, Robert é jogador

Robert Salaburu

8º Robert Salaburu (EUA) – US$ 971.360 profissional de poker. Até o October Nine, porém, seus ganhos em torneios eram irrisórios. Apesar de chegar a ser chip leader quando ainda restavam 100 jogadores, ele entrou apenas com o sétimo stack (51 BBs) para a decisão. Depois de ver Jake Balsiger dobrar com par de reis sobre seu par de damas, Salaburu não conseguiu mais se recuperar. Era a mão de número 65 quando o small blind, Jesse Sylvia, colocou-o em all-in. Robert Salaburu tinha 7♦7♥ e 20 BBs, e pagou instantaneamente. Sylvia segurava Q♣5♣ e parecia que iria tomar uma fatiada de 1/5 do seu stack quando o flop, A♦A♠4♣, e o turn, um 2♦, foram virados. Mas um dos seus três outs, a Q♥, apareceu no river e decretou a eliminação de Salaburu. Com 44 anos, Michael é de Nova York,

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7º Michael Esposito (EUA) – US$1.258.040

6º Andras Koroknai (HUN) – US$1.640.902

onde administra uma empresa de compra e venda de commodities. Segundo o próprio, ele só joga poker algumas vezes por ano. Com 54 BBs, era o sexto em fichas quando a FT foi formada – só que as coisas não deram muito certo para ele. Na 70ª mão, sem puxar praticamente nenhum pote, Michael tinha 22 BBs e empurrou tudo para centro com A-J, depois do mini-raise de Greg Merson. Este pagou imediatamente, com A-K, e assumiu a liderança.

Unidos no October Nine, o húngaro Koroknai já podia se considerar o mais sortudo entre os finalistas. No Dia 5, quando restavam cerca de 100 jogadores, ele empurrou all-in de quase 50 Big Blinds sobre o mini-raise de Gaelle Bauman. Logo em seguida, ele jogou as cartas fora, antes mesmo de a ação voltar até Bauman. Ela tinha K-K e ficou muito frustrada depois que a organização não conseguiu identificar as cartas do húngaro no monte, fazendo-o apenas pagar o aumento de Bauman, em vez de eliminá-lo. Apesar de ter entrado na mesa final com o segundo maior stack (98 BBs) e conseguir puxar bons potes, ele jogou seu torneio fora na fatídica mão 109. Com blinds em 250.000-500.000 e

Único jogador de fora dos Estados

ante de 50.000, Koroknai era o terceiro colocado, com 41.200.000 fichas. Greg Merson tinha 42.100.000 e abriu raise para 1.000.000 do button. No small blind, Jesse Sylvia fez tudo 2,6 milhões. Do big blind, o húngaro não quis ficar de fora da festa e aplicou uma 4-bet para 5,3 milhões. Merson não se intimidou e voltou uma 5-bet para 9,2 milhões. Sylvia deu fold, mas o húngaro empurrou para o centro as mais de 35 milhões de fichas que ainda possuía. Merson pagou rapidamente e mostrou A♠K♠. Para espanto da plateia, Koroknai tinha K♥Q♦ e estava em maus lençóis. O bordo 8♥ 3♠ 2♣ 7♠ 7♥ confirmou a sua eliminação e colocou quase metade de todas as fichas da mesa no stack de Greg Merson. Para este profissional de Las Vegas, o

Michael Esposito

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Andras Koroknai


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Jeremy Asmus

5º Jeremy Ausmus (EUA) – US$2.155.313 quinto lugar já foi quase um título. Quando a mesa final foi definida, Jeremy era o único jogador com menos de 10 milhões de fichas. Sua eliminação aconteceu na 129ª mão. Do button, ele abriu mini-raise para 1,2 milhão. Jesse Sylvia defendeu o big blind, os dois viram o flop 3♠ 8♠ 9♣ e pediram mesa. O turn foi um 3♦. Sylvia pediu mesa, Ausmus disparou 1,5 milhão, mas Sylvia aumentou para 3,6 milhões. Ausmus pensou por um tempo e empurrou all-in de 14,5 milhões. Sylvia pagou instantaneamente com A♣9♥. Ausmus tinha 10♠7♦ e precisava de um seis, um valete ou um dez para não ser eliminado. O river foi um 5♠, e o top pair de Jesse Sylvia lhe assegurou as últimas fichas de Jeremy Ausmus. Russell Thomas

Apesar de jogar regularmente, Russell

4º Russell Thomas (EUA) – US$2.851.537 Thomas não se considera um profissional do poker. Com 24 anos, ele entrou com o quarto maior stack (83 BBs) na mesa final e, ironicamente, acabou sendo eliminado também na quarta colocação. A mão que encerrou o dia e decretou sua eliminação foi uma batalha entre blinds. Do small blind, Thomas abriu raise para 1,5 milhão. No big blind, Jake Balsiger empurrou mais 15.825.000 para o pote, colocando seu adversário em all-in. Depois de pensar por muito tempo, Thomas pagou com A♥9♦, para logo se arrepender, ao ver o A♠K♣ de Balsiger. O bordo não trouxe alterações, e os três sobreviventes voltariam para o pano no dia seguinte, em busca do prêmio de 8,5 milhões de dólares. Os blinds estavam em 300.000-

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A BATALHA 3-HANDED 600.000-75.000 quando o nono e último dia do Main Event começou. O chip leader era Greg Merson com 90.375.000 fichas (151 BBs) – que tinha na torcida ninguém menos que Phil Ivey – seguido por Jesse Sylvia com 61.850.000 (103 BBs) e por Jake Balsiger com 45.750.000 (76 BBs). O que veio a seguir foi uma verdadeira maratona. Até a primeira eliminação, foram mais de 240 mãos jogadas. Do seu assento, Merson viu Balsiger e Sylvia protagonizarem alguns dos principais momentos da noite. Foram três potes gigantes, todos para Balsiger. Depois de quase ser eliminado, Jesse Sylvia tinha tudo para perder o foco e ser o primeiro a levantar da cadeira e voltar para casa. Porém, ao acertar um full house contra o top pair de Balsiger, este ficou

Jake Balsiger

short-stacked e teve que empurrar seus últimos 10 big blinds para o centro com Q♥10♦. Dessa vez, quem estava no seu caminho era Greg Merson, que pagou com K♣Q♠ e viu o bordo manter sua vantagem. O heads-up não durou nem 30 mãos. Merson tinha 117,6 milhões (60 BBs) de fichas, e Sylvia, 80.600.000 (40 BBs). Com os blinds em 1.000.0002.000.000, veio a mão que gerou polêmica e também decidiu o torneio. Merson aumentou do button para 4 milhões, e viu Sylvia reaumentar para 9,5 milhões. Merson não se intimidou e colocou o seu adversário em all-in, cerca de 70 milhões. Depois de pensar por muito tempo, Sylvia pagou com Q♠J♠. Um incré-

dulo Merson apresentou K♦5♦, e estava à frente. O flop não mudou a situação quando trouxe 6♣ 3♥ 9♦. O turn, um 6♠, não ajudou Sylvia. E o river, um 7♣, confirmou o título de Greg Merson. Com a vitória, Merson conquistou seu segundo bracelete na temporada e, de quebra, somou mais 500 pontos na corrida do Jogador do Ano da WSOP. Com um total 981,13 pontos, ele superou Phil Helmuth (889,33) e se tornou o Homem do Ano da WSOP 2012.

Jesse Sylvia


Greg Merson

Ficha Técnica World Series of Poker 2012 – Main Event Data: 07 a 16 de julho; e 29 a 31 de outubro Local: Cassino Rio (Las Vegas –EUA) Field: 6.598 jogadores Buy-in: US$ 10.000 Prize Pool: US$ 62.031.385

ESTATISTICAS DA MESA FINAL

RESULTADO FINAL

Mãos Vistas

VPIP*

PG (SG)**

PFR***

PFRR****

Greg Merson

399

158 (39.5%)

124 (15)

67

27

Jesse Sylvia

399

172 (43.1%)

116 (15)

73

26

Jake Balsiger

382

131 (34.2%)

91 (11)

59

29

1º - Greg Merson – $8,531,853

Russell Thomas

135

32 (23.7%)

18 (1)

25

2

2º - Jesse Sylvia – $5,295,149

Jeremy Ausmus

129

28 (21.7%)

18 (2)

19

4

Andras Koroknai

109

19 (17.4%)

11 (2)

10

8

3º - Jake Balsiger – $3,799,073

Michael Esposito

70

14 (20%)

6 (0)

5

3

Robert Salaburu

65

13 (20%)

7 (3)

8

2

Steven Gee

30

5 (16.6%)

3 (0)

4

0

* Voluntarily put (money) into the pot: Indica a quantidade vezes que o jogador colocou fichas voluntariamente no flop (desde que não haja raise, o big blind não entra nessa contagem). ** Potes Ganhos (Showdowns Ganhos) *** Raises Pré-Flop *** Reraises Pré-Flop

4º - Russel Thomas – $2,851,537 5º - Jeremy Ausmus – $2,155,313 6º - Andras Koroknai – $1,640,902 7º - Michael Esposito – $1,258,040 8º - Robert Salaburu – $971,360 9 - Steven Gee – $754,798

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Dusty Schmidt dusty.schmidt @dustyschmidt

PROFISSÃO SIM JOGAR POKER É UMA

EXIGE HABILIDADE, CONHECIMENTO E DÁ MUITO TRABALHO

Dusty “Leatherass” Schmidt é instrutor no DragTheBar.com. Ele já disputou cerca de 7 milhões de mãos online e ganhou mais de $3 milhões.

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Antes de se dedicar a transformar o poker em uma fonte de renda significativa, é importante que você compreenda o motivo pelo qual ser jogador de poker é considerado uma profissão. Para que um jogo seja uma profissão, ele deve ter dois componentes básicos: ser passível de ser ganho e a habilidade deve ser o fator predominante. Essa questão tem ido além do viés acadêmico nos últimos anos e, em outubro de 2006, o Congresso norte-americano barrou o uso de cartões de crédito em apostas online. Corridas de cavalo e negociação de ações foram a exceção, mas a nova lei abrangeu todo “jogo predominantemente sujeito à sorte”. Dentre esses, incluiu-se o poker. Na verdade, definir o poker como um jogo de habilidade é bem simples. Você só precisa se esquecer de ganhar no poker e pensar um

pouco em perder. É possível perder de propósito em um jogo de poker? Sim, claro. Mas é possível perder intencionalmente em um jogo como roleta ou craps? Não, não é. Em jogos de azar, o participante não controla o resultado. Na loteria, por exemplo, independentemente de você querer ganhar ou perder, suas chances são as mesmas. Os supersticiosos podem discordar, mas, não importa quantas vezes você puxe a alavanca, suas chances permanecem iguais toda vez que você coloca moedas numa máquina de caça-níqueis. Já no poker, suas ações podem inf luenciar o resultado de uma mão. Você definitivamente vai perder se der fold em todas as mãos, não importa o que segure. Se pagar apostas com uma mão que não pode ganhar o pote, você também perderá todas as vezes. Essa é a diferença entre um jogo de azar e um de habilidade.


É de conhecimento comum entre os jogadores de poker o fato de que a sorte é um elemento presente em toda mão, mas que ao longo de muitas mãos, a habilidade vai prevalecer – os melhores sairão vencedores. Nos mesas de high-stakes que jogo atualmente, eu ganho cerca de 55% das vezes. Se eu jogar 20 mesas de uma vez, espero lucrar em 11 delas e perder em 9. Essa é uma margem de lucro modesta, mas ainda assim é lucro. Se eu estivesse jogando em mesas mais baratas, minha razão ganho/ perda seria de cerca de 80/20, o que significa que, se eu jogasse 20 mesas, eu poderia esperar ganhar em 16 delas e perder em 4.

Alguns jogos são de habilidade, mas não säo necessariamente lucrativos. O blackjack, por exemplo, é certamente um jogo de habilidade, pois o resultado pode ser facilmente influenciado por suas ações. Você pode perder todas as mãos para o dealer se continuar pedindo cartas até ultrapassar o limite. Por outro lado, você pode jogar blackjack de maneira matematicamente perfeita e se dar muito melhor; contudo, as odds estão contra qualquer pessoa que não conte as cartas, e o jogo não é passível de ser ganho no longo

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Profissionais online são diferentes. Os melhores são bem mais sistemáticos. Nossa meta é a precisão e a eficácia total, mas normalmente não somos capazes de improvisar como os jogadores live.

prazo.No poker, nós competimos contra outras pessoas, no que eu considero o casamento perfeito entre sorte e habilidade. É comum o jogador sentir um frio na barriga quando vai all-in, pois é a sorte que ditará em que direção as fichas irão. Mas se você for um jogador habilidoso – ou pelo menos mais habilidoso do que os oponentes que está enfrentando – você frequentemente terá uma vantagem matemática sobre seu oponente, pois tem uma mão de verdade ou tenta um blefe que tem, em termos percentuais, mais chances de ganhar o pote. No poker, se você tomar boas decisões continuamente e arriscar fichas com a melhor mão, a habilidade será o fator primário para determinar se você ganha ou perde dinheiro. Jogos de azar não funcionam assim. 66

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Então, de onde vêm os grandes jogadores de poker? Jogadores de poker live vêm de todos os setores da vida. Eles jogam baseados no feeling: um cara pode jogar um pouco tight, enquanto outro pode blefar feito louco. Um pode ser um programador de computadores, enquanto outro é artista plástico. Profissionais online são diferentes. Os melhores são bem mais sistemáticos. Nossa meta é a precisão e a eficácia total, mas normalmente não somos capazes de improvisar como os jogadores live. Eu não estou dizendo que somos melhores: somos apenas diferentes. Eu jogo 1.200 mãos por hora, enquanto um jogador live joga apenas 25 ou 30. Ambas são boas escolhas de carreiras para aqueles que têm as habilidades corretas.


POKER José Daniel Litvak

Ernesto Panno

Um lançamento da

MANUAL DO INICIANTE Prefacio por Igor Federal

ALL IN

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A maioria dos novos profissionais online utiliza mecanismos similares: eles têm um coach, visitam os mesmos sites de treinamento, leem os mesmos blogs e participam dos mesmos fóruns. É como se alguém pegasse os melhores jogadores da Taça São Paulo de Futebol Júnior e enviasse ao melhor centro de treinamento. No primeiro dia, eles talvez não se destaquem tanto entre si. A técnica deles talvez seja 95% igual, e os 5% restantes são aquelas pequenas diferenças que os tornam únicos. É verdade que alguns dos maiores nomes do poker online são feras em matemática ou corretores habilidosos que descobriram como ganhar no jogo. Mas eu era um jogador de golfe que trabalhava no negócio da minha família. Matt “mbolt1” Bolt vendia pesticidas. Ninguém deve se sentir desencorajado por fazer do poker uma busca séria.

No poker, se você tomar boas decisões continuamente e arriscar fichas com a melhor mão, a habilidade será o fator primário para determinar se você ganha ou perde dinheiro. Jogos de azar não funcionam assim.

Na realidade, corretores e comerciantes fazem a mesma coisa que eu: com base em informação e intuição, eu levo em conta as variáveis possíveis de um baralho e aposto com base nos prováveis resultados. Eles fazem o mesmo, com as negociações fazendo o papel do baralho. A diferença é que com o poker – com exceção da pequena percentagem de jogadores online que têm algum vício em apostas – você ganha dinheiro com um sistema que é predominantemente recreativo. A grande maioria dos jogadores de poker online está gastando dinheiro com o que consideram entretenimento. Embora eu jamais tenha sido corretor ou comerciante, me sinto melhor sabendo que ganhei dinheiro do “fundo de diversão” de alguém do que de suas economias de verdade. Sim, ser jogador de poker é uma profissão ética e legítima. ♠

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PAulO rINK

Aconteceu

em um

torneio

POKERSTARS CARIBBEAN ADVENTuRE 2011

flOP

10

4

TurN

rIvEr

10 5

A 5

Porcentagem de Vitória Antes do Flop: 29,68% Depois do Flop: 20,20% Depois do Turn: 11,36%

J

10 Q

400.000 fichas

6

5

WIllIAN GIvENs A

5

6

Porcentagem de Vitória Antes do Flop: 69,92% Depois do Flop: 79,80% Depois do Turn: 88,64%

Q

J

1.300.000 fichas

10

4

PAulO rINK

ANálIsE: Mike Sowers vinha abrindo muitos potes, então William Givens achou que era uma boa hora para um re-steal. Com menos de 20 big blinds, mãos que contêm ases são boas para re-steal, pois, mesmo quando você for pago por mãos que lhe dominam ou por pares maiores do que sua menor carta, sempre terá 30% de equidade (exceto contra AA). Paulo Rink sabia que o adversário aplicaria re-steal com uma gama de mãos bem ampla, tornando seu par uma mão muito forte. Ele pagou, o par de dez se segurou e ele ficou com um stack gigante. Rink ficaria com a 27ª colocação no torneio, melhor colocação do Brasil no PCA 2011

Pré-flOP: Com blinds em 12K-24K-2K, Mike Sowers dá raise para 60.000. William Givens empurra all-in. Paulo Rink paga. Sowers dá fold.

Nota: As porcentagens de vitórias não incluem empates. As odds são fornecidas por www.cardplayer.com/poker-tools/odds-calculator/texas-holdem. Acesse www.cardplayer.com/poker-tools/hand-matchups para mais informações estratégicas. @cardplayerbr

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o d n a t us j a e R

M E nge a r o

torneios por Fel ipe Mojave

Nesta coluna, vou abordar um tema muito complexo e que envolve muitas variáveis: o reajuste de range de mãos. Esse é um assunto que pode confundir muitos novatos, e talvez seja um tanto quanto básico para os mais experientes. Mas, independente do seu nível de jogo, será uma leitura interessante para que seu desempenho melhore em torneios. Todo bom jogador de poker deve dominar esse quesito. Por quê? Bom, um call que seria padrão com AQs em um all-in pré-flop, pode já não ser tão atrativo quando aprendemos a reajustar nosso range. O contrário também é verdadeiro. Por exemplo, um 7-7 que, em situações nor-

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mais, você não pensaria muito em dar fold, dominando esse conceito, o call já passa a ser uma opção melhor. Na maioria das vezes, quando se fala em reajuste de ranges, o tema é intrínseco a “pot odds”. Mas, aqui, é melhor esquecer isso. Basicamente, esse ajuste é feito de acordo com a ação na mesa, e não apenas pelo metagame envolvido – inclusive, aqueles jogadores com os quais você se envolveu em poucas mãos podem ter papel importante para realizar esse ajuste. Fique de olho no modo como eles se relacionam com os demais adversários. Isso pode influenciar muito em suas decisões futuras.



Aqui, um exemplo bem claro do ajuste de range, tanto para valor quanto para blefe: Em uma fase avançada de um torneio ao vivo, você aplica um reraise em um jogador. Ele empurra all-in. Você dá fold e mostra 10-10. Seu adversário vira A-A. Na sequência, você aumenta com 4-4. Novamente, o mesmo jogador vai all-in. Você desiste, e ele te mostra K-K. Passadas algumas mãos, esse jogador aumenta. Agora, é você quem empurra. Qual seria o range de call do oponente? Grande ou pequeno?

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Fique de olho no modo como eles [os outros ponentes] se relacionam com os demais adversários. Isso pode influenciar muito em suas decisões futuras. A tendência é que ele não te pague com muitas mãos. Nessa situação, pelo seu histórico consecutivo de folds, sua jogada demonstra muito mais força que o normal. Se, normalmente, ele daria call com 77+ e AQ+, agora, é provável que ele te pague com JJ+ e AK+ – e, muitas vezes, ele acaba largando J-J ou A-K. Mas é necessário prestar atenção a um detalhe muito importante: você acredita que o seu oponente entende essas nuances do jogo? Ele está atento a todos esses fatores? Se a resposta for



não, você pode tomar call com 7-7 e ficar extremamente frustrado. Então, um dos grandes segredos envolvendo o ajuste de ranges é saber se seu oponente também entende esses conceitos. Contra um jogador razoável, você pode até ajustar o seu range como blefe. Ou seja, em vez de adaptar seu range real, você aproveitará uma oportunidade quando ela aparecer. Ele sabe que o seu índice de 3-bet é muito menor do que de um oponente que abre raise com mais frequência – e que mostra mãos ruins mais vezes. Assim, quando ele se deparar com seu reraise, deverá acreditar na força da sua mão e dar fold com mãos fortes. Espero que vocês tenham gostado do assunto. Em artigos futuros, pretendo me aprofundar ainda mais no tema.

Felipe Mojave @FelipeMojave

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games e profissional do Lock Poker.

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Ficou na dúvida? 3-bet – Quando um jogador aposta e o outro reaumenta a aposta, chamamos esse reaumento de 3-bet. Metagame – É um termo usado para definir qualquer estratégia ou método utilizado com base em fatores que extrapolam as informações visíveis. 77+, AQ+ – Terminologia usada para definir o range de mãos. Indica que todas as mãos mais fortes do que aquela que precede o símbolo “+” estão englobadas nas possíveis mãos do jogador em questão. Nesse caso específico, isso significa que o vilão deve nos pagar com 7-7, A-Q e todas as mãos mais fortes que essas duas. No caso: 8-8, 9-9, 10-10, J-J, Q-Q, K-K, A-A, AQs, A-K e AKs.


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O POKER PARA ALÉM DOS FELTROS

SÉRGIO

PRADO por Marcelo Souza

q

uando falamos de poker, em qualquer canto do Brasil, é difícil encontrar alguém que não o conheça. Se o papo é o jornalismo, seu nome é o primeiro a surgir. Nos eventos do PokerStars, ele sempre estará lá, entre as mesas, com seu bloco de anotações em mãos e um sorriso inconfundível no rosto. Se nos feltros o show fica por conta de nomes como André Akkari, Alexandre Gomes e Thiago Decano, fora deles, Sérgio da Silva Prado, o Serginho, o “Sé” ou simplesmente Sérgio Prado, seria o equivalente a esses craques.

A Card Player Brasil conversou com esse paulista de 41 anos, casado, pai da Manuela e do Daniel, e referência do jornalismo especializado em poker no Brasil.

Por que você escolheu o jornalismo? Eu me formei em comunicação, mas como radialista. Na escola, os professores gostavam dos meus textos e me aconselhavam a entrar nessa área. Eu sempre gostei dessa parte tecnológica, equipamentos eletrônicos, e acabei optando por rádio e TV. Fiz Quando fui para a televisão, eu trabalhava na produção, escrevendo muito nos programas que eu fazia.

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Todo jornalista tem as suas influências. Quais são as suas? Eu trabalhei com grandes figuras. A ESPN, para quem é jornalista e trabalha com esportes, é a maior escola de todas. Lá estão as grandes feras, pessoas que estão na profissão há muito tempo, responsáveis por reportagens fantásticas. O Helvídio Mattos, por exemplo, é um cara que eu sempre admirei. Já trabalhei com muitos repórteres sensacionais, ajudando nas coberturas. Cobri três Super Bowls [jogo que vale o título da liga profissional de futebol americano, a NFL] com o André Kfouri, e é impressionante trabalhar com ele. Merece o reconhecimento. No começo, ele ficou muito tempo na sombra do pai, mas quem entende de jornalismo sabe que ele é muito bom.

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Mas, talvez, o maior professor que eu tive por lá foi o próprio José Trajano. Um cara que sempre me deu bons conselhos. A gente conversava depois do expediente, e eu aprendi muito ali, ouvindo-o falar. No poker, aprendi bastante com o Brad Willis, o blogger oficial do PokerStars. Os textos dele são fantásticos. Toda a vez que tenho a oportunidade de conversar com ele, eu aproveito a chance.


Quem lhe conhece, sabe que você é um amante da música, em especial Frank Zappa. Há um pouco do Zappa em você, no seu trabalho? Meu caráter, minha evolução como pessoa e profissional foi formada por três pessoas: minha mãe, meu pai e Frank Zappa. Em termos musicais, ele é a minha maior influência, disparado. Foi um cara que realmente conseguiu criar e ser eficiente em todos os estilos musicais que você possa imaginar. Do erudito ao jazz, do clássico ao rock. Ele era um cara que tinha uma postura bastante crítica em relação à sociedade. Sempre contra a corrente, virando as costas para a indústria.

Hoje em dia, é comum falar de um músico que tenha a sua própria gravadora, mas ele foi o primeiro cara que fez isso. Algo impensável em 1970. O Zappa chegou a distribuir os seus discos pelo correio. Sem liberdade, optou por trabalhar do seu jeito. Toda a postura dele, tudo que ele sempre mostrou na musica e nos seus ideais, sempre me influenciou. Isso reflete, sim, nos meus textos, no meu trabalho. Algo que sempre tento fazer é me guiar pela honestidade do questionamento.

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Meu caráter, minha evolução como pessoa e profissional foi formada por três pessoas: minha mãe, meu pai e Frank Zappa.

Como começou a sua história na ESPN? Quando a ESPN Internacional começou por aqui, eles precisavam de produtores. Antes, todo o material era produzido em Bristol, nos Estados Unidos, por brasileiros. Eu trabalhava na TVA, que lançou a ESPN no País, e meu nome veio à tona. Nem pensei, abandonei o meu trabalho em outro canal de esporte e fui para a ESPN.

E a história do poker na ESPN? Isso foi marcante para mim. Na primeira semana, fizemos uma reunião. A equipe era pequena, e a gente tinha que dividir as funções de cada um. A minha chefe, na época, falou: “Vamos tentar pegar por esporte. Alguns vão pegar umas coisas legais, mas vão sobrar umas tranqueiras também”. Na hora, eu levantei a mão e falei: “Eu pego qualquer tranqueira, desde que o poker fique comigo”. Todo mundo olhou pra mim e ficou espantando, porque o poker era a maior tranqueira que havia ali (risos). Eu peguei o poker porque já gostava nessa época. Acompanhava desde 2003. Tudo sobre poker na ESPN passava na minha mão.

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Você se considera um dos responsáveis pelo o que o poker se tornou hoje no Brasil? Eu acredito que ajudei, sim. Eu era o cara certo, na hora certa e no lugar certo. tinha interesse no poker, e já havia adquirido conhecimento suficiente para mostrar às pessoas tudo o que sabia, que o poker era um esporte, não um jogo de azar. Aquilo me fez batalhar muito na ESPN para mostrar isso às outras pessoas. A ESPN mostrava o poker porque eles tinham na programação dos EUA, porque era legal passar. Eles me perguntaram se havia comentaristas para transmissões, e eu falei que existiam jogadores consagrados no Brasil. Corri atrás e fui fazendo as coisas. Trabalhei muito lá dentro, mas a força que ESPN tem no mercado ajudou bastante. Foi uma junção das duas coisas: a minha vontade de ajudar o poker e a força da emissora.

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Em que passos anda o jornalismo no poker? Está no caminho certo? Eu já até escrevi uma coluna sobre isso na Card Player Brasil, falando que o poker estava deixando de ser uma criança para se tornar um adolescente. O que eu quis dizer foi que, no começo, as pessoas que trabalhavam com o nosso esporte, o tratavam de maneira paternalista, como criança mesmo. Defendíamos o poker contra tudo e contra todos. A gente não agia muito como jornalista, mas como fãs. Enaltecíamos e mostrávamos só a parte boa do jogo. Essa atitude era muito mais por causa do preconceito do público externo. Era como uma postura de autodefesa.

Hoje, o poker esta ganhando um respeito muito grande da sociedade, está cada vez mais bem visto. Está na hora de abaixar a guarda e realmente tratá-lo como adolescente. Começar a dar os puxões de orelha quando precisar, questionar, colocar um pouco mais de opinião no nosso trabalho. Isso faltava um pouco no início. É claro que vamos ampará-lo quando for o momento, mas precisamos agir diferente. É possível ter jornalistas que opinem mais sobre o que está acontecendo no cenário nacional.


No começo, as pessoas que trabalhavam com o nosso esporte, o tratavam de maneira paternalista, como criança mesmo. Defendíamos o poker contra tudo e contra todos.

Dá para fazer um trabalho diferente no poker, jornalisticamente falando? Cabe o “jornalismo gonzo” de Hunter Thompson ou algo do tipo? Acredito que sim. É um caminho bem viável porque o poker é algo que dá para você se envolver e participar de forma rápida. Nós vimos repórteres fazendo matérias no BSOP, o Cazé Peçanha foi um desses, e ainda participou do jogo, se envolveu na coisa. Um dos livros de poker que eu mais gosto é de um cara que foi fazer uma matéria sobre a WSOP, ganhou a vaga para o Main Event em um satélite e terminou na quinta colocação [Positively Fifth Street: Murderers, Cheetahs, and Binion’s World Series of Poker, de James McManus]. Esse é um bom paralelo com as obras do Hunter Thompson. Se os jornalistas descobrirem a maneira certa, dá para fazer sim.

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Viver de poker não é fácil. Por conviver regularmente com os principais profissionais desse esporte, você é uma das pessoas credenciadas a falar sobre a profissão. O que você diria para quem está começando ou pensando em ingressar nesse trabalho. Um bom exemplo para falar de como é difícil viver do poker é o meu. Eu lido com o poker diariamente há quase dez anos. Eu conheço e sou amigo dos principais jogadores do Brasil e até do mundo. Convivo com eles, jogo com eles nos home games. Isso me faz ver que eu nunca poderia sequer pensar em ser um profissional do poker. Não sou preparado para isso. Dá para ver o quanto eles batalharam e o tamanho do talento que esses caras têm para se da bem nessa profissão. Hoje, tem muita gente que joga poker no Brasil pensando em ficar rico, em ganhar o seu sustento, mas a matemática do jogo é muito simples, existe uma pequena parcela que vai se dar bem. O restante não vai.

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Hoje, tem muita gente que joga poker no Brasil pensando em ficar rico, em ganhar o seu sustento, mas a matemática do jogo é muito simples, existe uma pequena parcela que vai se dar bem. O restante não vai. São poucas as pessoas que possuem capacidade para se profissionalizar, tecnica ou emocionalmente falando. As pessoas acham que jogar poker é muito fácil, mas não é. São decepções atrás de decepções, e o que você tem que fazer é levantar a cabeça e partir para a próxima. É o lema que todo jogador de poker tem: caiu de um torneio? Levanta porque já vem outro por aí. Se você não estiver bem preparado para isso, não vai da certo. Por fim, não se iluda com o dinheiro fácil. Se ele vier, pode saber que será difícil. É preciso estudar muito, batalhar bastante e ter consciência de que isso é necessário para se manter no topo. Eu estou nessa há anos. Já vi muito jogador profissional que começou como promessa e logo depois sumiu.


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O grande problema do poker na televisão é como lidar com ele na grade de programação. Um jogo de futebol começa ao meio-dia e acaba às duas (...) Uma mesa final da WSOP pode durar três ou quinze horas. Esse é o grande problema. O que falta para o poker se tornar parte da grade esportiva da televisão? O grande problema do poker na televisão é como lidar com ele na grade de programação. Um jogo de futebol começa ao meio-dia e acaba às duas, e dá para você colocar um jogo de vôlei em seguida. No poker, isso não é possível. Uma mesa final da WSOP pode durar três ou quinze horas. Esse é o grande problema. Para televisão, nós sempre vamos trabalhar com os programas editados. Em algumas ocasiões específicas eles serão ao vivo, caso da mesa final do Main Event da WSOP. O resto, nós teremos que nos acostumar via internet, com cartas fechadas ou com as abertas sendo exibidas com atraso. Em breve, poderemos dar passos mais largos. Se você quiser acompanhar um torneio do começo ao fim, somente na internet. Não há como transmitir um torneio inteiro, são 20 ou 30 mesas para mostrar e mais uma dezena de horas de jogo.

Para finalizar, qual momento você definiria como o mais marcante na sua carreira? Acho que foi a minha primeira cobertura de um grande torneio internacional, o PCA 2008. Naquele momento, eu tive contato com um mundo totalmente novo, o dos maiores jogadores profissionais do planeta. Foi ali que eu soube o que queria fazer na minha carreira. O resto é história.♠

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Card Pedia

Felipe “Mojave” Ramos

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paulista Felipe Mojave tem apenas 29 anos, mas não seria precipitado dizer que poucos no Brasil têm tanto conhecimento do poker como ele – e quando dizemos poker, estamos falando do jogo em sua essência, não apenas do Texas Hold’em, mas também do 2-7, do Omaha, do Razz etc. Um dos principais jogadores de Pot-Limit Omaha do Brasil, Mojave é presença garantida nos grandes torneios nacionais e internacionais. Recém-contratado pelo site Lock Poker, ele agora é companheiro de time dos tops mundiais Chris Moorman e Annette Obrestad. Antes disso, Mojave também já havia passado pelo Party Poker, como embaixador, e pelo extinto Full Tilt Poker, como Red Pro. Colunista da revista Card Player Brasil, ele acumula mesas finais nos principais circuitos do Brasil e do mundo. Especialidade: Mixed Games Ganhos na carreira: Cerca de R$ 2.000.000 Principais resultados: 2º no Evento #37 do WCOOP do PokerStars (Setembro/2009) – US$ 126.840 4º no English Poker Open (Setembro/2010) US$ 83.772 Felipe “Mojave” Ramos

3º no Evento #3 do EPT Grand Final (Abril/2008) – US$ 70.631

Top 10 – Resultados Brasileiros em Novembro

POKERSTARS BRAZILIAN SERIES OF POKER Com o recente patrocínio do PokerStars, a principal série de torneios do Brasil, a BSOP, se consolida também como uma das mais respeitadas do mundo. Desde 2006 no mercado brasileiro, a BSOP e o poker brasileiro evoluíram juntos. Se naquela época o torneio com buy-in de R$ 1.000 não atraía mais que 100 jogadores, hoje, há etapas com mais de 1.000 inscritos. Agora, com o apoio do maior site de poker do mundo, a expectativa é que a série extrapole limites territoriais e atraia jogadores de toda a América Latina e, quem sabe, do mundo.

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Site

Data

Evento

Nome

Posição

Prêmio

04/11

Sunday Million ($215)

João “João M.” Marcelo

1° Lugar

$147.233

25/11

Sunday Million ($215)

Gabriel “gabriel171” Otranto

5º Lugar

$113.855

25/11

No-Limit Holdem ($216)

Felipe “PREDADOR-88” Nunes

3º Lugar

$49.769

11/11

Sunday Million ($215)

“Dudupoker-Br”

6º Lugar

$43.714

04/11

Sunday 2nd Chance ($215)

Ariel “ArielBahia” Celestino

2º Lugar

$34.600

01/11

Wednesday Hundred Grand ($320)

Rafael “GM_VALTER” Moraes

1º Lugar

$28.671

11/11

$109 1R 1A

André “aakkari” Akkari

1º Lugar

$28.144

11/11

Sunday Rebuy ($109)

Hemerson “zilbeee” Mendes

1º Lugar

$25.972

15/11

Wednesday Hundred Grand ($320)

“Castro089”

1º Lugar

$25.504

11/11

Sunday Supersonic

Caio “pessagno” Pessagno

3º Lugar

$24.769


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BSOP São Paulo

8ª temporada 24 a 28 de Janeiro 2013

Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.

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