Card Player Brasil Digital - 10

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POKER

ESPORTE E ESTILO DE VIDA

MA DAS U E D S E D A CURIOSID NÚMEROS E KER ONLINE O P O D S IE R SÉ PRINCIPAIS THAT’S POKER , O ARTIGO DE ESTREIA DE CAIO PESSAGNO NA CARD PLAYER BRASIL CHRIS MOORMAN O JOGADOR MAIS TEMIDO DE 2011

CONHEÇA A MODALIDADE DO FUTURO


Somos comprometidos com uma política de atitude responsável. Somente para maiores de 18 (ou a idade legal de seu país de origem). *Sujeito aos termos e condições. Acesse www.partypoker.com/terms para mais informações. PartyPoker.com é uma marca pertencente ao grupo bwin.party. bwin.party digital entertainment plc é uma empresa listada publicamente na Bolsa de Valores de Londres. Todos os direitos reservados. © bwin.party 2012. † “World Series of Poker” e “WSOP” são marcas registradas pertencentes ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. Seu uso aqui não implica nenhum tipo de licença, afiliação, patrocínio ou endosso. Não somos licenciados ou afiliados de modo algum ao Caesars Interactive Entertainment, Inc. ou ao World Series of Poker. Para mais informações, favor ligar para 00 800 0000 8282 (ligação gratuita). 04323


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SUMÁRIO

24. CAIO PESSAGNO THAT’S POKER Em sua coluna de estreia, Caio Pessagno fala sobre os perigos e as recompensas quando se joga poker.

38. DIÓGENES MALAQUIAS TUDO NO PANO Com quais mãos vale a pena irAll-in antes do flop?

46. Ed Miller COMO TOMAR FICHAS DE UM FISH Nesta edição, Ed Miller dá dicas de como levar o stack dos jogadores fracos: grandes potes, controle de situações marginais, overbets, vantagens e simpatia. 70. Jeff Hwang A JAPINHA ATREVIDA, O AUSTRALIANO MALANDRO E A MESA INSANA Jeff Hwang dá dicas valiosas de como enfrentar, principalmente, maníacos nas mesas de Pot-Limit Omaha. 78. FELIPE MOJAVE A MODALIDADE DO FUTURO Felipe Mojave fala o porquê de o Pot-Limit Omaha estar ganhando tantos adeptos entre os jogadores de poker.

ESPECIAIS 30. SCOOP 2012 Estatísticas e curiosidades sobre a maior série de poker online da história. 56. CHRIS MOORMAN Saiba tudo sobre o melhor jogador de 2011.

E MAIS 10. FICHAS NA TELA In time: O Preço do Amanhã (2011) 14. Alan Schoonmaker Minta Para Min 84. cARDPEDIA Thiago “Decano” Nishijima, o melhor jogador do Brasil que nunca foi patrocinado.



fichas na tela

A cena Os cientistas descobriram a fórmula para a vida eterna. Quando as pessoas completam 25 anos, param de envelhecer. Mas há um custo. A partir daí, elas são programadas para viver apenas mais um ano. Para sobreviver, não se pode parar um minuto. Tempo é dinheiro, literalmente. Nas zonas de tempo inferiores (periferias), pessoas morrem a todo momento, enquanto nas superiores (áreas nobres), os milionários desfrutam de suas vidas tediosas e eternas. Mas Will Sallas (Justin Timberlake) recebe um presente de um misterioso homem; e com mais de um século em sua “carteira”, ele vai fazer de tudo para derrubar o sistema. Uma partida de poker, em que o preço pode ser a sua vida, é apenas o começo. 10

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Momentos marcantes dos filmes de poker

Phillipe Weis: Acho que não tive o prazer de encontrá-lo antes, senhor... Will Salas: Salas. Will Salas. Weis: Phillipe Weis. Deve ter tempo de família, certo? Salas: Digamos que estou apostando minha herança. Weiss: Não tem guarda-costas, Sr. Salas? Salas: Achei que estava entre amigos. Weiss: Eu aposto 50 anos. Você deve ser jovem. Depois de ter 25 há cem anos, como eu, sempre pensa que um ato violento pode tirar sua vida. Você aprende a apreciar o que tem. Salas: E você parece ter muito a apreciar. Eu pago Weiss: Claro que alguns pensam que o que temos é injusto. Diferença de tempo entre zonas.


assista ao trailer

In Time O Preço do Amanhã (2011) Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Cillian Murphy, Vincent Kartheise e Olivia Wilde. Produtora: 20th Century Fox Direção: Andrew Niccol

Salas: Ouvi isso. Weiss: Mas não é esse o próximo passo na cadeia evolutiva? Ela não foi sempre injusta? A sobrevivência do mais forte. Aposto dois séculos. É apenas o modo do capitalismo darwiniano. Seleção natural. (Will olha para o relógio em seu braço. Se pagar, só terá 30 segundos restantes de vida) Salas: Claro. Só os fortes sobrevivem; e acredito que sua mão é ruim. Eu Pago. Weiss: Parece que apostou tudo, Sr. Salas. (Com uma sequência, a um segundo da morte, Will Salas puxa um pote de 1.100 anos)




psicologia

Alan Schoonmaker alannschoonmaker@hotmail.com

MINTA PARA MIM

Leitura e controle da linguagem corporal

O Dr. Alan Schoonmaker é PhD em psicologia ocupacional e autor da Trilogia da Psicologia do Poker.

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o poker com os amigos ou mesmo em um torneio maior, estar atento ao que acontece à mesa pode ser a diferença entre sair com dinheiro no bolso e ser alvo de “falinhas” infames. Algo que pode lhe ajudar a se dar bem no jogo é a leitura e o controle da linguagem corporal. A mesa de poker é como um episódio do seriado “Lie to Me”: uma mão no queixo ou uma frase titubeante pode ser o bastante para entregar tudo o que você tenta esconder. Talvez seja o bastante para você puxar o stack inteiro do oponente ou entregar seu stack a ele.

Se você não conseguir ler e controlar a linguagem corporal, provavelmente não vencerá ninguém mais habilidoso no jogo do que seu tio de 83 anos. Ainda que você entenda a teoria e a matemática do poker, muitos jogadores lhe lerão melhor do que você os lerá. A linguagem corporal é sutil e ambígua demais para ser desenvolvida sem trabalho árduo. Sem esforço, nada feito. Descubra aqui como aprimorar essas habilidades, e não deixe que ninguém minta para você.


tipos de linguagem corporal Muitos jogadores chamam todas as linguagens corporais de tells. Na verdade, existem dois tipos.

Tells

Sugerem como o jogador percebe a força de suas cartas. Ele acha que tem a mão vencedora? Não tem certeza de sua força? Está blefando? Percepções são tudo o que você consegue ler. Ele pode achar que está forte quando na verdade está derrotado.

Telégrafos

Sugerem o que o jogador pretende fazer. Ele dará fold, check, bet ou raise? Intenção é diferente de percepção. Por exemplo, ele pode ter intenção de dar raise porque acha que sua mão é a mais forte, porque quer uma carta grátis ou porque está blefando. Independentemente dos motivos, saber a intenção do oponente lhe deixa em grande vantagem. @cardplayerbr

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psicologia

Controle Sua Própria Linguagem Corporal Papo reto: não se mexa, não mostre suas cartas sem necessidade. Se você não mudar sua expressão facial, os movimentos da sua mão, sua postura, etc., a maioria dos oponentes não conseguirá ler sua linguagem corporal. Você não é ator. Se tentar enganar os adversários franzindo as sobrancelhas, suspirando, sorrindo, apostando de maneira forçada ou tímida, ou fazendo qualquer outra coisa, entregará informação. Você pode enganar os jogadores mais fracos, mas vai ajudar os mais fortes a lhe ler. Eles talvez percebam a encenação imediatamente. Se não o fizerem, irão lentamente correlacionar sua linguagem corporal às suas apostas e cartas para decifrar seus sinais.

Desenvolva suas Habilidades de Leitura Para aprimorar esta habilidade, há duas coisas a se fazer:

Aprender a teoria

Estude (isso é mais do que apenas ler) um ou ambos os livros de Mike Caro e Joe Navarro. Estes e outros autores escreveram muitos artigos, mas estes livros são os mais completos e mais bem organizados. Estudá-los tornará seu aprendizado muito mais rápido. O Livro das Tells é um clássico escrito por Mike Caro há mais de vinte anos. Já Read ‘em And Reap, de Joe Navarro, é mais recente. Compre o que preferir. Eu recomendo ambos.

Praticar e receber feedback sobre seu desempenho Pode acontecer de você ter um conhecimento imenso, mas muito pouca habilidade. Isso ocorre porque não é possível desenvolver a habilidade sem prática e feedback. Por exemplo, você pode devorar livros e vídeos sobre golfe, e depois tirar a nota máxima em uma prova sobre a teoria do golfe. Entretanto, não conseguirá desenvolver a habilidade sem antes dar centenas de tacadas e ver onde as bolas vão cair.

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psicologia

Como Ler a Linguagem Corporal dos Oponentes Quase tudo que foi escrito sobre linguagem corporal discute princípios gerais relacionados ao significado de tells específicas. Joe Navarro, por exemplo, escreveu: “Sempre presuma que alguém que parar de se mexer, congelar, ou de outra forma controlar demais a si mesmo, está blefando”. Embora eu tenha gostado deste livro, a palavra “sempre” é um erro imperdoável. Congelar pode significar um blefe 80 ou 90% das vezes, mas as pessoas congelam por outros motivos, e o significado de qualquer sinal depende do indivíduo e da situação. Não há como ter certeza do que um sinal quer dizer sem observá-lo repetidamente e ver quais cartas esse jogador tem, ou o que ele faz em seguida. Embora haja muito mais material escrito sobre tells, é bem fácil desenvolver habilidades de leitura de “telégrafos”. Só se pode conseguir um feedback certeiro sobre tells quando você vê as cartas. Levando em conta que você vê relativamente poucas mãos (especialmente em no-limit), talvez você nunca descubra o que uma ação em particular significa para um jogador específico. O ciclo de feedback do telégrafo é muito menor. E mais confiável. Você vê uma ação: ele segura as cartas na mão esquerda, por exemplo, e poucos segundos depois dá fold. Na próxima vez que ele segurar as cartas na mão esquerda, observe se ele vai largar. Você rapidamente descobre que certas ações são telégrafos 100% confiáveis de que essa pessoa irá dar fold, etc. Algumas, por sua vez, são 10, 20 ou 30% confiáveis. Outras, ainda, não fazem qualquer sentido.

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o significado de qualquer sinal depende do indivíduo e da situação. Não há como ter certeza do que um sinal quer dizer sem observá-lo repetidamente e ver quais cartas esse jogador tem, ou o que ele faz em seguida


Mencionei qual mão segura as cartas porque esse geralmente é um telégrafo confiável. Movimentos das mãos são muito mais confiáveis do que expressões faciais. As pessoas aprendem a controlar suas expressões faciais, mas raramente pensam em controlar suas mãos. A maioria das pessoas geralmente aposta com a mesma mão. Se for nela que estiver segurando as cartas, frequentemente indica um fold. Mas não há como ter certeza. Você precisa observar a maneira com que ele segura as cartas várias vezes e ver o que acontece quando ele as segura em uma das mãos, e como as segura. Por exemplo, se segura as cartas na mão com a qual aposta, e esta mão estiver acima do stack, ele irá apostar. Se ele as segurar na mesma mão alguns centímetros acima do feltro e vários centímetros à frente do stack, irá dar fold. Os telégrafos de mãos mais confiáveis são os de fold pré-flop, pois muitos jogadores não ligam para o que acontece em seguida.

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psicologia

Se você fizer boas anotações e as comparar às cartas e ações dos jogadores, lentamente irá desenvolver perfis para a maioria dos oponentes. Também aprimorará sua habilidade de leitura de linguagem corporal geral. Para acelerar sua curva de aprendizado, faça anotações detalhadas. Escreva como este jogador segura suas cartas, aposta suas fichas, se senta, e por aí vai. Compare com as cartas com as quais ele chega ao showdown e suas ações. Você lentamente descobrirá o significado de determinadas ações de alguns indivíduos em certas situações. Quando estávamos discutindo as anotações, um amigo me perguntou: “Você não tem medo de que alguém veja suas notas?” Respondi que não, “pois eles não sabem o que minhas anotações significam”. Então mostrei uma anotação típica: C/ME-VM=F/PF. Como ele não entendeu, eu expliquei. “Se ele segura as cartas na mão esquerda, pronto para virar a mão, ele dará fold pré-flop”. Ele não tem esse telégrafo depois do flop, pois, quando paga pré-flop, coloca uma ficha sobre suas cartas. Essa nota foi detalhada a este ponto porque eu queria lembrar exatamente o significado de ações específicas em situações específicas. Conhecendo os telégrafos de dar fold pré-flop, eu frequentemente mudo minha posição efetiva. Se eu estou em posição intermediária e sei que todos depois de mim irão dar fold, eu me torno efetivamente o button. Se você fizer boas anotações e as comparar às cartas e ações dos jogadores, lentamente irá desenvolver perfis para a maioria dos oponentes. Também aprimorará sua habilidade de leitura de linguagem corporal geral. E já que você vai saber mais sobre seus oponentes do que eles sobre você, sua vantagem será enorme. ♠

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THAT’S POKER

POKER por Caio Pessagno

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este artigo inaugural, mostrarei minha visão sobre uma realidade muito interessante para quem busca aprimorar suas habilidades e adquirir mais harmonia e equilíbrio na sua vida como jogador – seja por hobby ou até mesmo profissionalmente. Hoje, no Brasil, o poker tem feito sucesso como nunca. Nosso esporte atrai cada vez mais adeptos, em uma escala muito alta de crescimento, e vem se consolidando como uma paixão nacional. Um dos fatores que contribui para isso é o fácil acesso. Qualquer pessoa pode simplesmente sentar e jogar, a qualquer hora, em qualquer lugar. Sem contar que ainda há possibilidade de estar ao lado dos melhores jogadores do País, sem sequer estar perto do nível de jogo dos mesmos. Isso, por si só, já consolida o poker como um esporte único. Em que modalidade

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você, como iniciante, já pode encarar os melhores profissionais do mundo? E mais, com chances reais de vitória, mesmo sendo um amador. No tênis, por exemplo, nunca poderemos jogar contra o Rafael Nadal ou o Roger Federer. No futebol, sem chance de tabelar ou marcar o Neymar. E mesmo que isso acontecesse, quais seriam as chances de vitória? No poker, há essa possibilidade, há dúvida acerca do triunfo. E é isso que movimenta o esporte. O poker proporciona esses momentos únicos e algumas situaçoes inusitadas. É capaz de trazer sentimentos, que, às vezes, podem nos confundir em relação ao tempo real de estudo e as condições que te qualificam para você realmente estar onde está. E, com isso, é preciso ter cuidado. O fácil acesso à informação confunde as pessoas no quesito qualidade. A maioria


A maioria dos jogadores sempre se supervalorizam e esquecem um fator primordial dentro do poker: a experiĂŞncia.


dos jogadores sempre se supervalorizam e esquecem um fator primordial dentro do poker: a experiência. E por pularem etapas importantes do processo, não atingem o retorno esperado. Isso porque não estão aptos a achar o bom investimento. Ser uma pessoa realista e autocrítica é fundamental. Só assim evoluímos no poker – um trabalho em que não há patrão e muito menos “regras” para te disciplinarem. Com algumas exceções, nesse esporte, tudo depende exclusivamente de você. O responsável por cada momento, seja ele bom ou ruim, são os próprios jogadores e mais ninguém. As desculpas estarão presentes na sua vida, se queimar etapas, quando se encontrar diante de uma situação em que você mesmo se colocou.

Caio Pessagno @CaioPessagno caiopessagno.com.br riverstyle.com.br

Caio Pessagno é o maior destaque do poker online brasileiro na atualidade. Jogador do Ano da Card Player Brasil em 2010 e 2011, ele quebrou os padrões do poker moderno com estratégias únicas e efetivas.

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Comportamentos desse tipo ocorrem justamente pela expectativa que foi criada perante as premiações milionárias de “fácil acesso”. Isso cega o jogador a tal ponto que ele deixa de lado os fatos e acredita piamente que a vitória sempre estará ali, mesmo quando a chance é mínima. Mas é aí também que está a beleza do esporte: a chance do sucesso é para todos. E qualquer jogador está sempre perseguindo isso, e assim o esporte cresce. Bom, vou ficando por aqui. É uma grande honra fazer parte da equipe de colunistas da Card Player Brasil. Espero, neste espaço, poder expressar os meus pensamentos e tentar mostrar o meu conhecimento sobre essa ciência chamada poker.





SCOOP O CÉU É O LIMITE

Realizado no Poker Stars, entre os dias 06 e 20 de maio, o Spring Championship of Online Poker 2012 entrou para a história do poker online ao distribuir mais de US$ 65 milhões em prêmios e se tornar a maior série do esporte mental já disputada na internet.

Se no futebol uma final da Liga dos Campeões da Europa ou o “simples” acontecimento de uma Copa do Mundo deixam multidões ao redor do globo em um estado de agitação “fora do normal”, no poker online, isso acontece quando o PokerStars promove uma de suas séries de torneio. Em 2009, o site anunciou a criação do Spring Championship of Online Poker (SCOOP); uma série diferente que, em um mesmo evento, dava opções de buy-ins para todos os bolsos – Baixo (Low), Médio (Medium) e Alto (High). O campeão ainda recebia em casa um luxuoso relógio personalizado. O sucesso foi imediato: mais de

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US$ 40.000.000 distribuídos e a aceitação maciça da comunidade logo na primeira edição. Três anos depois, o brilho não diminuiu. Alheio à Black Friday, em 2012 o SCOOP tornou-se a maior série de poker online já disputada. Em 40 eventos, foram 120 torneios e US$ 65.332.179 distribuídos. O grande destaque foi o fenômeno norte-americano Shaun Deeb. Jogando do México, ele, que tem mais de seis milhões de dólares em prêmios, apenas na internet, levou quatro torneios e se tornou o recordista de títulos – em uma única edição e da história da série (cinco).


André Akkari e Gabriel Goffi foram os únicos brasileiros ITM no Main Event-High

Entre os países, destaque para o Canadá. Novo lar de boa parte dos profissionais norte-americanos, o País foi recordista em vitórias (20), mesas-finais (127) e premiações (mais de US$ 10 milhões). Rússia, Reino Unido e Alemanha também se destacaram. Ninguém colocou tantos jogadores no SCOOP quanto às três potências europeias. Juntas, elas foram responsáveis por mais de um terço dos buy-ins realizados. Para o Brasil, o SCOOP 2012 também vai ficar na história. Além dos seis títulos conquistados, Rodrigo Caprioli, o “Zidane”, se tornou um dos jogadores mais bem sucedidos da série. Ele entrou para o seleto grupo de competidores com mais de um título. Não satisfeito, Zidane chegou à sua nona mesa final, em quatro anos de série. Nesse quesito, ele agora fica atrás apenas de Shaun Deeb, que, com as oito FTs deste ano, chegou a 10 no total. O encerramento da série veio com o Main Event-High de US$ 10.000. Jogando da Costa Rica, o norte-americano Nick “GripDsNutz” Grippo levou o título e o prêmio de mais de um milhão de reais. Os brasileiros Gabriel “verve.oasis” Goffi (42º colocado - US$ 25.850) e André Akkari (16º colocado – US$ 41.360) conseguiram entrar na zona de premiação.

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OS TITULOS BRASILEIROS

Evento #1 HIGH – $2.100 [No Limit Hold’em 6-Max, $750K Garantidos] - Alexandre “allingomes” Gomes: US$ 282.240 Logo no início da série, um sinal de que o SCOOP 2012 seria histórico para o Brasil: título; e nas mãos de uma verdadeira lenda do poker brasileiro. Jogando com o estilo agressivo que lhe é característico, Alexandre Gomes varreu os adversários no evento de estreia. No heads up, o campeão da WSOP e do WPT ainda viu seu adversário recusar um acordo. Azar do gringo sem juízo. Deu Brasil na cabeça. Alexandre Gomes foi o campeão do Evento #1

Evento #4 HIGH – $2.100 [FL Badugi, $75K Garantidos] – Rodrigo “caprioli” Caprioli: US$ 39.900 Mais conhecido no meio como “Zidane”, Rodrigo Caprioli fez história no SCOOP. Ao cravar o evento de Badugi, ele mostrou o porquê é reconhecido como um dos grandes especialistas brasileiros em mixed games. Além da premiação de quase US$ 40.000, ele se tornou o brasileiro com o melhor desempenho da história da série: dois títulos e oito mesas finais.

Evento #14 LOW – $7,5 [No-Limit Hold’em, Ante Up] – João Marcos “J_Marcos” Navarro: US$ 9.423,48 O terceiro título verde e amarelo veio com o paranaense João Marcos. Depois de superar mais de 13.000 jogadores para alcançar a mesa final, ele se viu diante de mais um desafio: derrotar sete europeus e um australiano na FT. Conseguiu; e o resto é história.

Campeão do Evento #4, Zidane se tornou um dos melhores jogadores da história do SCOOP

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Evento #20 LOW – $27 [No Limit Hold’em, $400K Garantidos] – Ariel “ArielBahia” Celestino: US$ 55.048,04 Que o baiano Ariel Celestino é um dos principais nomes do poker nacional, ninguém discute. No SCOOP 2012, ele provou isso novamente. Ariel era apenas um entre os 22.013 inscritos que compunham o field gigantesco do Evento #20. Na mesa final, era o único “não europeu”. Não se intimidou; quarto título para o Brasil.

Ariel Bahia derrotou mais de 20.000 oponentes para cravar o Evento #20

Evento #30 MEDIUM – $215 [6-Max SuperKnockout, $200K Garantidos] – José “neto gol” da Costa: US$ 58.497,82 Nos últimos anos, a força nordestina nos feltros está cada vez mais evidente. O título de José da Costa, de Aracaju, Sergipe, serviu apenas para corroborar isso. Superando um field duro, com os principais nomes do poker online, ele também garantiu seu relógio do SCOOP.

Evento #33 LOW – $27 [1R1A, $250K Garantidos] Pedro “PaDiLhA SP” Padilha (US$ 70.624,32) O sexto e último título brasileiro no SCOOP teve dedo de campeão mundial. Pedro Padilha é um dos membros do Akkari Team, capitaneado, como o próprio nome diz, por André Akkari. Ele gastou menos de US$ 100 dólares, e o retorno foi homérico: uma premiação de mais de US$ 70.000. O field foi digno de Sunday Million – 8.987 jogadores –, e o final, com “Festa do Povo”.

O campeão do Evento #33 Pedro Padilha é um dos pupilos de André Akkari

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Tudo no Pano

por Diógenes Malaquias

COM QUAIS MÃOS VALE A PENA IR ALL-IN ANTES DO FLOP?

Muitas vezes, ao recebermos mãos fortes, nossa vontade é empurrar todas as fichas para o centro da mesa sem pensar duas vezes. Isso é correto do ponto de vista técnico? A resposta é típica do poker: depende. Entenda as situações nas quais ir all-in pré-flop é de fato lucrativo.

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a nossa mesa hipotética, todos os jogadores têm 100 big blinds. Nessas condições, o all-in pré-flop costuma acontecer da seguinte maneira: o jogador A aposta entre 3 e 4 blinds, e B aplica a famosa 3-bet de 10 a 14 blinds. Agora, o jogador A dispara entre 22 e 30 blinds, e B aposta todo o seu stack de 100 blinds. Alguns de vocês devem estar se perguntando qual a razão dessa sequência de aumentos para só então ir all-in. Por que não colocar tudo direto no raise do adversário, em vez de voltar entre 10 a 14 blinds? Ou por que não empurrar all-in no lugar de reaumentar de 22 a 30 blinds? Ambas as perguntas têm a mesma resposta.

Ao disparar uma 3-bet ou 4-bet em vez de ir all-in de uma vez, você utiliza a menor quantidade de fichas necessária para fazer o adversário desistir de blefar, enquanto equilibra sua gama entre mãos fortes e blefes sem precisar colocar todo o seu stack em risco. Além disso, diante de um all-in, seu oponente só pode pagar ou fugir. Com uma 3-bet ou 4-bet, porém, ele talvez continue apostando com cartas piores. É como se você entregasse a corda para ele se enforcar.

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Levando em conta a dinâmica do jogo, qual a gama de mãos ideal para ir all-in antes do flop quando estiver diante de re-reaumento, a chamada “4-bet”? Imagino que os iniciantes estejam de olhos arregalados, esperando sedentos pela resposta. Já aqueles que têm um pouco mais experiência, devem ter pensado em algo como JJ, QQ, KK, AA e AK (gama que, no poker, pode ser descrita simplesmente como JJ+ e AK). Pois bem, esse realmente tem sido o range padrão há muitos anos. Só não me pergunte o motivo, porque não vejo sentido nisso. Curiosamente, os jogadores costumam ter essa mesma gama quando disparam uma 4-bet e depois pagam um all-in. Perceba que eles estão condicionados a ir all-in e a pagar um all-in com as mesmas mãos. Em bom “pokerês“, isso está errado porque contraria o Conceito de Gap, que afirma que é preciso ter uma mão

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Ao disparar uma 3-bet ou 4-bet em vez de ir all-in de uma vez, você utiliza a menor quantidade de fichas necessária para fazer o adversário desistir de blefar, enquanto equilibra sua gama entre mãos fortes e blefes sem precisar colocar todo o seu stack em risco”. mais forte para pagar um aumento do que para fazer um aumento. Mas esse papo fica para outro artigo. Voltando à nossa situação, o único argumento aceitável para os jogadores agirem dessa forma é que eles consideram essas cartas fortes o bastante para arriscar todas as fichas antes mesmo do flop. Nem preciso dizer que isso não se baseia na lógica, muito menos na matemática do jogo.


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Então, qual é a gama recomendada para ir all-in pré-flop quando estiver diante de uma 4-bet? Talvez sejam mais mãos do que você esteja esperando. É possível empurrar todas as fichas para o centro da mesa com AJs+, AQo+, TT+ e pares pequenos, de 2-2 a 6-6 (lembrando que o “s” quer dizer suited, ou do mesmo naipe; e o “o” vem de offsuit, ou naipes diferentes). São três as razões pelas quais essa festa toda é permitida:

• A gama para ir all-in precisa ser maior do que aquela com a qual o adversário paga o all-in. Quando somos nós que empurramos todas as fichas, temos “equidade de fold”, que é a capacidade de desistir das mãos e ainda assim continuar vivo no jogo. Isso faz com que você ganhe fichas, várias vezes, quando a 4-bet do oponente não passar de um blefe. • Para poder ir all-in com essas cartas, você precisa ter feito um reaumento com elas. Em muitas ocasiões, os oponentes vão pagar essa sua 3-bet com mãos mais fracas, dominadas, fazendo com que a jogada seja lucrativa. Na linguagem do poker: “A gama ampla de all-in fortalece sua gama de 3-bet”. Seus oponentes vão pirar • quando perceberem que você está

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indo all-in com mãos como 6-6 ou A-J de naipes diferente. Isso vai fazer com que eles ampliem a gama com a qual pagarão o seu all-in, um erro caro da parte deles. O certo seria que começassem a pagar com TT e AQs, mas você vai encontrar sujeitos desesperados, querendo ganhar com AJs, 8-8 e por aí vai.

Como diria David Sklansky, “o poker parece raso na superfície, mas quando você mergulha, percebe a profundidade e a beleza do jogo”. O all-in pré-flop é o tipo de assunto que reforça esse raciocínio. E o conhecimento que você acabou de adquirir é um colete salva-vidas que lhe dá segurança para saltar nessas águas. Sem medo de se afogar. ♠

Diógenes Malaquias @diogenes1608 diogenesmalaquias.com.br

Diógenes Malaquias é especialista em cash games online e dá aulas particulares em seu website





ANÁLISE

Ed Miller edmillerauthor notedpokerauthority.com

Como tomar fichas

de um Fish A

Ed Miller é uma das maiores autoridades mundiais em teoria do poker. Ele é instrutor do stoxpoker.com

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s pessoas frequentemente me fazem perguntas como, “Quanto posso ganhar por hora em uma mesa de $2-$5?” Não há resposta certa. É claro que depende de quão bom você é. Mas depende igualmente de quantos fishes há no jogo, e de quanto dinheiro eles têm. Eu consigo fazer uma estimativa de minha taxa de ganhos em determinada mesa contando quanto do dinheiro à mesa é controlado pelos fishes. Após algumas mãos, geralmente tenho uma ideia de quem são os jogadores de fato vivos no jogo. Eles jogam quase todas as mãos. Gostam de entrar de limp e pagar raises. E normalmente parecem que se sentaram apenas para passar algumas horas numa mesa de poker. Observo esses jogadores e então conto todo o dinheiro controlado por eles. Minha taxa de ganhos é praticamente proporcional a essa

quantia. Uma mesa com quatro fishes, cada um com $500, e outra, tendo dois fishes com $1.000, seriam igualmente lucrativas (muito embora, a mesa com os quatro fishes é um pouco melhor porque o dinheiro será dividido entre menos jogadores “bons”). Enquanto qualquer uma das duas seria praticamente duas vezes mais lucrativa do que uma mesa com apenas $1.000 em “dinheiro de fish”. Assim, fica claro que eu preciso levar as fichas do fish se quiser maximizar meus ganhos. Dê uma olhada em como eu faço isso.


Construa potes pré-flop e, se possível, isole o fish Quando os fishes entrarem de limp pré-flop, dê raise contra eles, sobretudo se você tiver posição. se esse aumento lhe deixar heads-up ou three-handed no flop, ele se torna indispensável. Tento dar raise na maioria das mãos que jogo. Isso inclui cartas como K-8 suited, J-9 suited, par de seis, e assim por diante. Eu raramente entro só de limp depois de um fish. Por que estou construindo potes pré-flop antes de ter uma mão? O objetivo principal é aumentar as apostas. Em uma mesa de $2-$5, se eu entrar de limp do button depois de outro limper, provavelmente jogarei um pote de $20 com outras três pessoas.

Quando os fishes entrarem de limp pré-flop, dê raise contra eles, sobretudo se você tiver posição. se esse aumento lhe deixar heads-up ou three-handed no flop, ele se torna indispensável.

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ANÁLISE

Apesar dessas exceções, geralmente é interessante dar raise contra o fish. Construa potes em posição. Isso lhe ajudará a ganhar dinheiro.

Além disso, se o fish for fraco a ponto de frequentemente colocar todo o stack em um pote no qual entrou de limp, dar raise com mãos marginais também pode diminuir sua vantagem. Apesar dessas exceções, geralmente é interessante dar raise contra o fish. Construa potes em posição. Isso lhe ajudará a ganhar dinheiro.

Busque a overbet Se eu der raise para $25 pré-flop, estarei em um pote de US$57 heads-up ou um de US$77 ou US$80 contra outros dois oponentes. As apostas pós-flop são maiores no pote maior. Considerando que posso esperar que os fishes façam apostas ruins pós-flop, prefiro que elas sejam maiores. Quanto mais fichas na aposta, mais dinheiro no meu bolso. Mas há algumas exceções. Poucas, na verdade. Se os fishes estiverem short stack, digamos, com $200 ou menos em uma mesa de $2-$5, construir um pote maior pré-flop com mãos marginais diminui sua vantagem. Após dar raise pré-flop, vale a pena ter dinheiro o suficiente em seu stack para fazer apostas confortáveis em todas as três streets pós-flop. Se não tiver, dê raise apenas com mãos fortes pré-flop.

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Depois de construir um pote pré-flop, a overbet pós-flop, aquela aposta maior do que o pote, é a ferramenta mais poderosa para levar o stack de um fish. Teoricamente, se seu oponente der overbet, você deve tornar seu range de call mais tight. Só que os fishes geralmente não fazem isso. Eles não leem bem as mãos, e frequentemente criam lógicas estranhas para tomar suas decisões de call.


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ANÁLISE

Se você acertar seu flush no river, vá em frente. Dispare uma overbet pesada. Bons jogadores saberão que não devem pagar, mas os fishes darão call com straights, trincas, dois pares e até top pair. Se você tem uma trinca em um bordo com ás como carta mais alta, aposte forte de novo. Um fish com um ás pode ir adiante. Você pode fazer isso na maior cara de pau. Talvez todos os jogadores razóaveis da mesa saibam o que você tem, mas o fish não. Isso é o que importa.

Evite coin flips com o fish Pode parece estranho dizer para evitar coin flips, levando em conta que a maioria dos novatos dão fold bem rápido, em vez de disputar em uma situação decente. Mesmo assim, é preferível evitar entrar em disputas demais contra o fish. Sabe por quê? Fishes frequentemente não fazem rebuy quando perdem todas as fichas. Se você quebra um deles, a mesa imediatamente se torna menos lucrativa. Seu objetivo é arrancar as fichas do fish, lógico, mas é melhor fazer isso quando tiver uma vantagem, e não em um coin flip.

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O que estou querendo dizer, especificamente? Digamos que você, em condições normais, daria raise e iria all-in com uma queda para flush em determinada situação. É necessário ter equidade de fold para tornar essa jogada lucrativa, pois você espera ser não favorito se todo o dinheiro for parar no centro da mesa. Ao enfrentar o fish com o flush draw, esteja mais propenso a fazer slowplay. Primeiro, porque o blefe funcionará com menos frequência contra um oponente fraco do que contra um mediano. Segundo, você terá a chance de disparar uma overbet caso acerte sua mão. Além disso, sua vantagem nessa jogada muitas vezes será pequena, ao mesmo tempo em que geralmente jogará valendo stacks inteiros. É melhor não dar ao fish uma disputa razoável. Em vez disso, espere por uma situação boa para degustar esse filé temperado com uma overbet.


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ANÁLISE

Seja um sujeito simpático e aberto Você não precisa ser a pessoa mais extrovertida da mesa, mas deve participar das conversas e tentar se divertir. No geral, a maioria dos fishes sabe que provavelmente sairá de bolsos vazios. Ainda assim, eles tentarão não perder seu último dólar para um babaca. É fácil. Não repreenda as pessoas. Não siga as regras “só por princípio”. Não ignore as pessoas quando elas falarem com você, a menos que esteja jogando uma mão. Não force a barra. Não crie problema com o dealer, a menos que seja realmente necessário (por exemplo, se o dealer cometer uma série de erros óbvios e negligentes). Você pode até mesmo usar um casaco com capuz e óculos escuros e ficar ouvindo seu iPod, se preferir. Mas retire os fones de vez em

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Fishes não são idiotas, apenas jogam poker por motivos diferentes dos seus. Eles querem gastar algum dinheiro e talvez conseguir um bom resultado de vez em quando. E querem oponentes simpáticos.

quando e ria de uma piada. Se você for gente boa com o pessoal à mesa, os fishes gostarão mais de você e, melhor ainda, estarão mais dispostos dar call quando você tiver mãos fortes.

Considerações Finais Fishes não são idiotas, apenas jogam poker por motivos diferentes dos seus. Eles querem gastar algum dinheiro e talvez conseguir um bom resultado de vez em quando. E querem oponentes simpáticos. Respeite os fishes. Construa potes pré-flop, controle o pote pós-flop em situações marginais, tente grandes overbets quando souber que tem vantagem. Siga esta receita e você terá muitas oportunidades de tomar todas as fichas do fish. ♠


* Tarifas pré-reservadas são sujeitas a alteração sem prévio aviso pela cia aerea, ou hotel

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s i r Ch n a m r o o M Ben Lamb ganhou o prêmio de Jogador do Ano de 2011 da Card Player. Mas não seria nenhum absurdo dizer que ninguém brilhou tanto nos feltros quanto Chris “moorman1” Moorman. Online ou ao vivo, o britânico passou como um trator por cima de seus adversários.

UM FREEROLL, UMAS LIBRAS, UMA CARREIRA... Ele tem 26 anos. Em 2011, ele acumulou quase US$ 2,5 milhões em ganhos apenas nos torneios ao vivo. Na internet, mais de US$ 1 milhão. Seus resultados o colocaram no Top 10 do Jogador do Ano 2011 da Card Player, online e live – um feito inédito. Natural de Southend, Reino Unido, Chris Moorman já ganhou mais de US$ 5,3 milhões em sua curta carreira como profissional – isso sem somar os ganhos, que não são poucos, provenientes de seus “cavalos” (jogadores patrocinados). Apenas na World Series do ano passado, ele chegou a quatro mesas finais. Em uma delas, ele enfrentou um dos field mais difíceis do mundo, o do Evento Principal da World Series of Poker Europe (WSOPE), quando ganhou seu primeiro prêmio de sete dígitos.

Moorman e sua irmã mais nova cresceram em constante competição, mas foi Chris que ficou obcecado pelas cartas. Seu pai era seu principal tutor, e fazia com que todas as suas vitórias fossem o mais difícil possível. “Durante minha vida, sempre tentei vencê-lo, fosse na sinuca ou no tênis dae mesa”, lembra Moorman. “aEle me ensinava tudo o que podia, mas assim que eu chegava a um nível que poderia vencê-lo, nós passávamos para o jogo seguinte. Eu me lembro que, com 12 anos de idade, eu era o mais jovem jogador na mesa de bridge, em que a média dos parceiros era uns 40 anos. Mas o Texas Hold’em só entrou na minha vida nos meus tempos de universitário”. Moorman descobriu o poker durante o seu segundo ano na Universidade de Essex. Depois de abrir uma conta online, em um pequeno site de poker, ele conseguiu terminar na segunda colocação de um freeroll e ganhou £120. Era o início um bankroll.

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“Jogando somente sit ‘n go (SNG), eu conseguir transformar isso em £500”, conta. “Uma vez que me senti imbatível, fui para os cash games e imediatamente pulverizei minha grana. Só me restou £20. Pensei que não iria mais jogar poker, mas eu consegui ganhar um último grande SNG e mantive algum dinheiro na minha conta. A maioria das pessoas provavelmente continuaria jogando SNGs, mas eu estava determinado a vencer nos cash games. E, depois de quase um ano, eu já estava jogando nas mesas de 5-10”. Depois que o site em que jogava fechou, Moorman foi obrigado a migrar para o PokerStars (PS) e Full Tilt (FTP), onde a competição era muito mais difícil. “Eu não consegui fazer meu software de análise de dados funcionar de imediato, então decidi brincar em alguns torneios. Isso foi a melhor coisa que fiz. Os cash games no PS e FTP eram muito mais difíceis”, diz

Moorman. “Logo de cara, cheguei à mesa final de um dos grandes torneios de domingo. Era um sinal para eu continuar jogando”. “Na época, eu tinha o mau hábito de jogar sem parar até transformar uma sessão perdedora em uma lucrativa. Lembro que cheguei a jogar por dois dias ininterruptos em diversas ocasiões”, revela. “Os torneios me mantinham sob controle, uma vez que, quando eu perdia, não poderia ficar gastando mais. Com os cash games, sempre havia o risco de sair da linha e perder todo o meu bankroll. Mas, jogando os maiores torneios da internet, eu só quebraria se passasse por uma fase bastante ruim e prolongada”. Longe dos feltros, Moorman estava se saindo bem na universidade. Ele tinha notas razoáveis, mas o poker era sua verdadeira paixão. “Eu não estava me esforçando muito”, admite. “Terminei a faculdade de Economia, mas nem de longe tive um desempe-

O Moorman é um dos jogadores mais consistentes e imprevisíveis que já vi. Desde que comecei a jogar, várias fases passaram e o cara sempre esteve ali, entre os melhores do mundo” Marcos Sketch – Técnico da seleção brasileira de poker e um dos fundadores do time 4Bet

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nho excelente. Na Inglaterra, as suas notas influenciam a força da sua graduação. Se eu optasse por seguir carreira, seria obrigado a começar de baixo. Assim, não foi muito difícil dar uma chance ao poker. Eu disse aos meus pais que eu tinha economizado algum dinheiro, cerca de £25.000, e que tentaria viver do jogo pelos próximos seis meses.” Sua formação acabou ajudando a evitar algumas das armadilhas que atormentam outros tantos jovens profissionais do poker que, de repente, se encontram perdidos com a “síndrome de muito dinheiro”. “Eu não sou fã de apostas”, explica Moorman. “Mas gosto de ter vantagens. Qualquer coisa que eu faça com o meu dinheiro tem que ter uma expectativa positiva. O poker, de muitas maneiras, é


U M L A NÇA

ng Jeff Hwa

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M E N TO


Em um torneio importante, ele é a última pessoa do mundo que você vai querer em uma ‘guerra de level’ pré-flop” simplesmente um investimento. Aqueles que fazem o dever de casa e conhecem o seu negócio, provavelmente, conseguirão um bom retorno para os seus investimentos. Veja todos esses eventos high rollers acontecendo. Eles normalmente não me interessam. Eu prefiro muito mais jogar um torneio grande, com bastante amadores, do que competir contra os melhores jogadores do mundo em um field reduzido. Isso pode parecer muito óbvio para algumas pessoas, mas há a coisa do ego na comunidade do poker, e muitos jogadores sentem a necessidade de provar alguma coisa.”

FAMÍLIA DIVIDIDA Moorman não teve problemas em convencer o seu pai que ele poderia ter uma carreira de sucesso no poker. O mesmo não podia dizer da sua mãe. “O meu pai me apoiou. Acho que porque ele já gostava de jogos quando comecei. A minha mãe, por outro lado, só começou a acostumar com a ideia recentemente. No meu primeiro ano, ela sempre me enviava informações sobre vaga de empregos. A princípio, foi difícil explicar que o poker não só era uma profissão legítima como eu também poderia me sobressair nela”. O britânico ainda descreveu uma conversa engraçada que teve com a mãe, depois de um difícil começo nos torneios

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Fabiano “Kovalski1” Kovalski – Membro do 4Bet, tem mais de US$ 1.000.000 em prêmios online

ao vivo. “Ela estava assistindo poker na televisão, e me chamou para perguntar por que os outros jogadores estavam usando óculos escuros. Eu expliquei que, algumas vezes, isso tornava mais difícil a leitura do jogador. Ela então me perguntou por que eu não usava óculos escuros, e eu disse que me sentia um tolo usando em ambientes fechados. Ela então falou que eu deveria tentar, já que eu não poderia me sair pior do que já estava me saindo. Essa é a minha mãe”, conta com um sorriso. Enquanto a mãe de Moorman ainda tinha que ser convencida da sua mais nova fonte de renda, o pai só precisou olhar os extratos bancários. “Ele sempre fazia isso, como se policiasse a minha carreira. Eu realmente estava sendo cuidadoso com o meu bankroll, e me certificava de manter registros precisos. Eu não posso me lembrar do valor exato que eu tinha ganhado depois desses seis primeiros meses, mas, nesse ponto, o meu pai estava muito impressionado, e até me pediu para ensiná-lo a jogar”.


RUMO AO TOPO Moorman então começou a sua ascensão nos rankings online. Rapidamente, estava entre os melhores jogadores do mundo. Em 2008, ele terminou o ano na 19ª colocação do “Jogado do Ano da Card Player – Online”. Em 2009, ele foi o quarto. No ano seguinte, ficou atrás apenas de Steve “gboro780” Gross, a quem ele de chama de melhor do mundo. Neste ano, apesar de ter se dedicado mais ao poker ao vivo, ele ainda conseguiu ficar entre os dez melhores. Embora esses números impressionem, Moorman insiste que a importância dos rankings, para ele, não tinha nada a ver com ego. “Naquela época, eu queria reconhecimento”, explica. “Não porque eu desejava ser conhecido como o melhor. Eu apenas queria ter mais acesso aos outros grandes jogadores do mundo”. E foram esses profissionais que o ajudaram a melhorar o seu jogo ao vivo. Em 2011, Moorman começou chegando à mesa final do Evento Principal do Aussie Millions. Na World Series of Poker, foram cinco ITMs, sendo um segundo e um terceiro lugar. Meses mais tarde, ele terminou novamente em segundo, dessa vez, no evento principal da WSOP Europe, quando perdeu para Elio Fox. Embora não tenha conseguido um título, suas performances foram suficientes para colocá-lo em segundo lugar no ranking de “Jogador do Ano” da Card Player.

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Moorman percorreu um longo caminho desde o seu primeiro evento ao vivo, em 2006, quando encarou a pressão que muitos profissionais do online enfrentam no período de adaptação. “O meu primeiro torneio ao vivo foi um evento paralelo de $1.500 da WSOP. Quando me sentei, apenas cinco posições estavam ocupadas, o que eu achei um pouco estranho. Depois de algumas órbitas, David Willians, Kathy Liebert e Antonio Esfandiari se sentaram. Eu estava apavorado. Realmente eu não teria chances naquele torneio. Fui eliminado muito cedo, mas disse a mim mesmo que da próxima vez eu estaria preparado. No fim do dia, estávamos todos no mesmo jogo novamente. Depois disso, eu não ficaria com medo de mais ninguém.” Mesmo não estando mais nervoso, Moorman não foi bem. Enquanto o poker online continuava a ser sua menina dos olhos, o ao vivo insistia em zombar da sua cara.

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Um dos jogadores mais difíceis de enfrentar. Sabe usar muito bem sua imagem mega-loose e tira muita vantagem disso” “Antes de 2011, eu bati na trave por várias vezes. Eu construía grandes stacks, mas perdia tudo em um coin flip ou bad beat. No ano passado, a variância finalmente voltou-se a meu favor. Em vez de ser eliminado na bolha da mesa final, agora eu estava chegando na liderança. Também continuei a dizer para mim mesmo que eu não precisava ganhar todos os potes. Eu definitivamente me tornei mais paciente.” Moorman também atribui o seu sucesso ao tempo que ele gasta online, o que lhe permitiu permanecer sempre atualizado sobre o jogo. “Eu não quero ser aquele sujeito que consegue algum sucesso ao vivo e depois vê o seu jogo na internet se deteriorar”, comenta. “É muito importante, não apenas para o seu bankroll, mas tam-

Rafael “Lirola” Monteiro – Membro do Steal Team, tem mais de US$ 600.00 em prêmios online

bém o seu desenvolvimento como jogador, manter-se atualizado sobre as últimas tendências em ambos. O fato é que o poker ao vivo pode ter muitas oscilações, mas há torneios online o suficiente para equilibrar essa variância.” No ano passado, foi ele quem liderou a invasão britânica que colocou diversos jovens e bem-sucedidos profissionais da Terra da Rainha no topo dos maiores eventos do o mundo. Para ele, é esse tipo de união que faz uma série de torneios se parecer mais com uma festa do que com um trabalho. “Todos os britânicos tendem a ficar juntos, e eu acho que o último ano foi como a nossa festa de debute”, analisa

Moorman. “Se você olhar para 2011 , ficará impressionado com as performances não apenas minhas, mas de camaradas como Jake Cody, James Dempsey, Sam Trickett, Toby Lewis e muitos outros. Há um apoio interno incrível dentro desse time. Se um de nós for eliminado de um torneio, ele ficará na torcida, encorajando os outros a ganhar. De muitas maneiras, é como se fosse a Inglaterra contra o mundo”.

O Moorman é um fenômeno do poker moderno. Muito agressivo e eficiente. Resumindo, o cara é um monstro!” Ariel Bahia – Um dos melhores jogadores do Brasil tanto online quanto ao vivo.

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SEMPRE A DAMA, AINDA NÃO A NOIVA Você pode ter notado um tema recorrente nesta história: Chris Moorman terminou muitas vezes em segundo lugar. Embora faça disso uma piada, ele admite que é difícil não lembrar de determinadas decisões com algum pesar. Mas, segundo ele, isso não vai diminuir as suas realizações. “Estou me acostumando a terminar em segundo” diz em tom de brincadeira. “Não apenas fui vice na disputa de ‘Jogador do Ano da WSOP’, perdendo para Ben Lamb, mas também na disputa da Card Player. Para tornar as coisas piores, de alguma

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forma eu também terminei em segundo em dois eventos por braceletes. Isso tem sido extremamente frustrante para mim, mas, ao mesmo tempo, eu tento manter as coisas em perspectiva. O poker não é como o tênis, uma vez que você não tem um prazo de validade. Não é como eu ter perdido a final de Wimbledon, porque eu planejo continuar jogando pelas próximas cinco décadas pelo menos, o que me dará algumas outras centenas de oportunidades. Realmente, é apenas uma questão de tempo”. Mas Moorman foi rápido em destacar que ele já venceu um torneio ao vivo.

“Acredite, eu sei o que é a vitória. No último verão, antes da WSOP, uns dois amigos e eu fomos jogar um torneio de £50 em um bar. Um deles sempre diz que o sucesso gera sucesso, assim eu imaginei que a melhor maneira de começar rapidamente o meu próprio sucesso era vencer um evento pequeno. Eu ganhei cerca de £1.000, e levei aquilo tudo muito a sério, o que realmente me ajudou com a minha confiança pelo resto do ano. Agora, eu apenas tenho que fazer isso de novo em um grande torneio. Talvez isso aconteça em 2012”.


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Consegue mixar arrojo e planejamento. Entende muito bem os fatores do jogo e erra pouco, por isso se tornou consistente, inclusive ao vivo”. Felipe Mojave – Especialista em Mixed Games, é um dos principais nomes do poker no Brasil.

Quando colocamos “poker”, “mulher” e “Brasil” na mesma frase, é difícil que o nome de Maria Eduarda Mayrinck, a Maridu, não esteja no meio. Parte da “old school” do poker brasileiro, ela é uma das grandes amigas de Chris Moorman. Veja o que ela nos contou sobre o britânico: Não vou ficar elogiando o Moorman, porque todo mundo já deve estar fazendo isso. Falando como “ele joga bem e blá, blá, blá” – isso é óbvio. Vou contar algo engraçado. Inglês que é, ele bebe bem, feito gente grande. Há uns três anos, durante a World Series, uma noite voltando pra casa, ele adormeceu na calçada de tão bêbado, e foi preso porque estava “interrompendo o dia dos cidadãos”.

No ano seguinte, ele teve que se apresentar à corte devido ao incidente e, por causa disso, não pôde comparecer ao evento da WSOP que, em 2011, ele terminou em 2º lugar (No-Limit Hold’em/ Six Handed Championship). Para vocês verem como certas coisas estão escritas no destino de algumas pessoas. Neste ano, ele deve ganhar o bendito evento. E ele é cara muito divertido, mas fuma muito, e como neste ano eu parei, não vou mais ter os breaks, durante os eventos da WSOP, lá fora, fumando e rindo com ele. Não tem problema, garanto que ele ainda vai passar muitos dinner breaks aqui em casa com a gente. ♠

Principais Resultados da Carreira (premiações em dólares): Abril (2009) SCOOP - Main Event 8º Lugar $112.950

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Agosto (2009)

FTOPS - Evento #17

2º Lugar

$204.000

Março (2010)

The Sunday Brawl

1º Lugar

$109.620

Janeiro (2011)

Aussie Millions - Main Event

7º Lugar

$174.244

Março (2011)

$1K Monday

3º Lugar

$235.592

Junho (2011)

WSOP - Evento #26

3º Lugar

$271.800

Junho (2011)

WSOP - Evento #46

2º Lugar

$716.282

Outubro (2011)

WSOPE - Main Event

2º Lugar

$1.068.690

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A JAPINHA ATREVIDA, O AUSTRALIANO MALANDRO E A

MESA

INSANA texto base: Jeff Hwang

Quem joga poker há algum tempo entende a importância de manter os maiores stacks, os maníacos e demais jogadores loose à direita. E conhece também as vantagens de ter stacks pequenos e jogadores tight-passivos à esquerda. Essa ideia é tão importante no pot-limit Omaha que, com algumas horas de voo, você aprende a traçar rapidamente o perfil do adversário à sua esquerda e a identificar os maníacos, fazendo os ajustes necessários. Isso pode significar mudar de lugar, ficar mais tight ou simplesmente sair do jogo. Veja por quê.

O Australiano Malandro

E

m março do ano passado, eu e meu amigo Aaron fomos ao Aria, em Las Vegas. Escolhemos uma mesa de $2-$5 de pot-limit Omaha, que na época tinha buy-in mínimo de US$200 e máximo de US$1.500. Havia quatro jogadores na mesa, com stacks entre $300 e $700, um jogo baratinho para os padrões da cidade. Aaron, um autêntico maníaco, escolheu o assento oito e fez o buy-in do máximo. Não querendo ficar à direita de Aaron, peguei o assento dois, perto de um sujeito com um stack aparentemente inofensivo de US$700, e também comprei $1.500 em fichas. O stack daquele cara era o maior da mesa, fora o de Aaron, e havia um lugar vago à esquerda dele. Mas quem se senta com $700 em uma mesa $2-$5 de PLO geralmente não banca o durão. 70

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Se você for bom nesse jogo, tende a entrar com pelo menos $1.000. Praticamente uma mão depois de nos sentarmos, o jogador à minha esquerda puxou um maço de notas, e agora ele tinha também cerca de $1.500 dólares na mesa. Essa foi a primeira pista. Comecei a conversar: perguntei de onde ele era. Falando com um sotaque engraçado, ele disse que era da Austrália, que estava ali de férias. Perguntei quanto tempo ele ficaria na cidade, e ele falou que não sabia. Segunda pista. Perguntei há quanto tempo ele estava em Vegas. Ele disse que desde janeiro. Estava concluído. Nessa altura, eu não tinha jogado uma mão sequer, mas já sabia que o cara sentado à minha esquerda era um profissional, pelo menos um quase-maníaco loose-aggressive (LAG). Meu plano era ficar no lugar seis, duas posições à direita de Aaron, que era o menor dos males – pelo menos eu seria o button duas vezes com o short stack ultraconversador à minha esquerda na posição sete. @cardplayerbr

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Button

or ad e g Jo os lo

Ficar quatro posições à esquerda do australiano não era uma opção, levando em conta que costuma ser uma prática ruim abertamente colocar outro profissional como alvo. Fato é que o malandro australiano se mostrou um parceiro bacana. Ficamos amigos. Quando escrevi esta coluna, meses depois daquele jogo, o cara ainda estava em Las Vegas. A Japinha Atrevida

Algumas semanas depois, pouco antes do início da WSOP, fui novamente à mesa de $2-$5 PLO no Aria. Agora, o buy-in mínimo era de $400, com máximo de US$1.500. Era pouco mais de meia-noite e havia duas mesas $2-$5 de PLO rolando, ambas com poucos - mas certamente mais insanos - jogadores, do que no primeiro exemplo. Escolhi a mesa menos pirada. Eu estava no lugar um. Pouco depois, meu amigo Alex “Ukraine” veio de outra mesa e tomou o assento oito. Alex é meio louco, mas vindo de outro jogo, ele parecia confuso e humilde. Você verá por que em breve. 72

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Jogador loose

Cutoff

Hijack Posição Intermediária

Cerca de uma hora depois a outra mesa acabou. Uma garota asiática veio e sentou-se à minha esquerda. “Estou vindo da outra mesa. Preciso colocar todo meu stack na mesa?”, foi a primeira coisa que ela disse. Pista número um: ninguém pergunta se tem que colocar todo o stack, uns $2.000, na mesa, a menos que queira. Nesse instante eu tinha


Small Blind Big Blind Maior Sta ck cenário ideal

vo

Menor Stack

Under the Gun

tig

ht

Posição Inicial

mais ou menos $2.100, mas ninguém tinha muito mais do que $1.000. Pelo jeito, o fish era eu. Minutos depois veio outro sujeito daquela mesa. Ele pegou o lugar seis, e tinha uma pilha de fichas de $25 e pequenos stacks de fichas de $5. Uns $2.800 no total, provavelmente. E assim nossa mesa ficou. Na primeira mão depois de eles terem se sentado, eu estava no big

blind e postei $5. A japinha postou o straddle no UTG como se não houvesse outra opção. Ela não se incomodou de perguntar se tinha que postar para entrar na mão, mas claramente sabia que não precisava. Essa foi a segunda pista. Três jogadores entraram de limp. Na mesma hora, o cara novo apostou o valor do pote (US$70). O cara depois dele deu fold. e Alex disse: “Eu aposto o valor do pote”. A moça de olhos puxados disparou $270, e o cara novo a corrigiu: “Não, é US$260”. @cardplayerbr

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A lição que tiramos disso tudo é que, com um oponente insano à esquerda, você só consegue jogar confortavelmente uma mão por rodada, quando for o button”. Isso tudo aconteceu em menos tempo do que você levou para ler. Não houve contagem para ver qual deveria ser o reraise do tamanho do pote. Veja bem, eu jogo esse negócio há um bom tempo e não sabia de cabeça que três limpers, um raise do tamanho do pote e um reraise do tamanho do pote em uma mão com straddle era US$260. Então, ou esses dois eram as duas pessoas mais inteligentes do planeta, ou essa mesma situação acontecia em quase toda mão na mesa onde eles estavam. Terceira pista detectada. De qualquer forma, todo mundo deu fold até a japinha, que deu instacall – a quarta pista. Outro jogador deu call all-in, assim como cara novo. Havia cerca de US$1.100 no pote, e o flop veio com três cartas de paus. A mesa rodou em check. O turn foi irrelevante, e todo mundo deu check de novo.

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No river veio outro tijolo. A moça agora disparou US$315. O cara novo pensou por um tempo e finalmente deu call. Alex deu fold. A japinha mostrou 10-10-5-3 com um flush de 10, e levou o pote. O cara novo deu fold sem mostrar as cartas, levantou e foi embora. Eu não precisava de mais pistas. Um novo parceiro estava a caminho da cadeira vaga. Eu lhe disse que podia ficar no meu lugar. Quanto a mim? Bem, eu me levantei e fui direto para o lugar que tinha acabado de ficar vago, é claro. A lição que tiramos disso tudo é que, com um oponente insano à esquerda, você só consegue jogar confortavelmente uma mão por rodada, quando for o button. Por outro lado, se houver dois ou três jogadores muito conservadores na canhota, quem manda e desmanda na mesa é você. E quem é bobo de não querer isso? ♠

Jeff Hwang jeffhwang.com

Jeff Hwang é um jogador de poker semiprofissional e autor de três aclamados livros de Pot-Limit Omaha. Você pode conferir seu site no endereço jeffhwang.com


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A MODALIDADE

DO FUTURO por Felipe Mojave

Todos nós já ouvimos falar, conhecemos ou jogamos o Texas Hold’em, a modalidade de poker mais praticada no mundo inteiro. Porém, de uns tempos para cá, uma nova modalidade vem ganhando força e representatividade no mundo do poker: o Omaha.

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Conhecendo o Pot-Limit Omaha

O

Omaha é, com certeza, a modalidade de poker mais praticada depois do Texas Hold’em, e tem uma legião de adeptos no mundo inteiro. No Brasil, o Pot-Limit Omaha (PLO), em que o limite de uma aposta é a quantidade de fichas no pote, já se tornou tão popular que toda casa de poker ou série de torneios tem a modalidade em sua grade. Na lista de torneios da World Series of Poker (WSOP), por exemplo, somente o no-limit hold’em supera o PLO. Mas por que a modalidade tem caído tanto nas graças do público? A resposta é simples: no Omaha, a ação sempre é intensa. Isso porque a diferença de força entre

as mãos é muito pequena. O resultado é um jogo de alta variância, que fará com que você ganhe ou perca muito em pouco tempo. Em contrapartida, um bom jogador de Omaha terá na maioria das vezes uma vantagem maior contra seus adversários do que no Texas Hold’em, já que os jogadores mergulham no Omaha sem preparação alguma, acreditando que o jogo de quatro cartas é similar ao Hold’em – o que definitivamente não é.


Omaha é um jogo em que há ação em praticamente toda mão.

Mas quando e onde começou tudo isso? Na verdade, não temos uma informação muito precisa. No livro “Omaha Hold’em Poker”, Bob Ciaffone afirma que, ao contrário do que muitos pensam, a modalidade não foi criada na cidade de Omaha, em Nebraska, e sim em Las Vegas, no estado de Nevada. Segundo Bob, o Omaha era uma variante do Texas Hold’em – já muito praticada nos anos 70 –, em que o jogador tinha que usar, obrigatoriamente, as duas cartas da mão para concorrer ao pote. Depois de um tempo, mais duas cartas foram incluídas, caracterizando a modalidade que é conhecida hoje em dia.

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Já Ted Perry, autor da obra “Texas Hold’em: An In-Depth Study” (Texas Hold’em: Um Estudo Aprofundado), acredita que o Omaha teve sua origem na cidade de Seattle, em Washington, onde um grupo de jogadores, aficionados pelo poker, estava procurando por uma variante do jogo com muito mais ação. Alan Bostick, que ficou conhecido por suas pesquisas sobre as variantes do poker, também confirmou essa história. Ambos os autores afirmam que esses amigos viajaram para Las Vegas durante a WSOP de 1982, e, durante uma sessão de cash game, perguntaram ao dealer se poderiam praticar aquela modalidade apelidada de 4-Card Hold’em. Ele respondeu que, se todos na mesa estivessem de acordo com o jogo e suas regras, eles poderiam jogar o que quisessem. E foi assim que o Omaha começou a ser difundido. No Brasil, fui um dos precursores da modalidade – até porque comecei a praticá-la juntamente com o Texas Hold’em. Em 2007, assim que o Circuito Paulista de Omaha foi criado, a prática ao vivo aumentou bastante, e consegui vários resultados significativos. Correndo os circuitos do mundo, fui o primeiro brasileiro a fazer uma mesa final de Omaha na WSOP (World Series of Poker), cheguei também à mesa final da WSOPE (World Series of Poker Europe) e ganhei o anel de ouro da WSOPC (World Series of Poker Circuit), na África. Acredito que isso me credencia a trazer um conteúdo de qualidade a todos vocês, leitores da Card Player Brasil. Em minha próxima coluna, aprenderemos as regras e as noções básicas do jogo. Com alguns conceitos, você já poderá se destacar quando resolver se aventurar pelas mesas de Omaha. ♠

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Felipe Mojave @FelipeMojave

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games.


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Card Pedia

Thiago “Decano” Nishijima

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Com 33 anos recém-completados, Thiago Decano é uma das poucas unanimidades do poker nacional. Nas famosas listas comparativas que sempre surgem nas rodas de bate-papo, Decano é nome certo. Completo, ele entende as nuances do jogo de maneira ímpar, tanto ao vivo quanto online. Santista fanático – daqueles que atravessam o mundo para ver o time jogar –, Thiago Decano é integrante da seleção brasileira de poker, já disputou os principais torneios do mundo e também é famoso por ser “o melhor jogador brasileiro que nunca foi patrocinado”.

Especialidade: No-Limit Hold’em Ganhos na carreira: Cerca de R$ 7.000.000 Principais resultados: 3º no Evento #45 da World Series of Poker (Junho/2010) – US$ 315.828 1º Main Event do UBOC do Ultimate Bet (Janeiro/2011) – US$ 231.338 Thiago “Decano” Nishijima

1º no Evento #16 do WCOOP do PokerStars (Setembro/2009) – US$ 249.280

Top 10 – Resultados Brasileiros em Maio

WSOP A World Series of Poker é a principal série de torneios ao vivo do mundo. Responsável por dezenas de novos milionários em todos os anos, a WSOP distribui mais de US$ 50 milhões apenas em seu evento principal, que nunca atrai menos que 5.000 jogadores. Neste ano, além de torneios com os buy-ins tradicionais (entre US$ 1.000 e US$ 10.000, e um de US$ 50.000), a série terá um evento especial cuja entrada custará US$ 1.000.000.

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Site

Data

Evento

Nome

Posição

Prêmio

07/05

SCOOP – Evento #1Alto ($2.100)

Alexandre “allingomes” Gomes

1º Lugar

$282.200

27/05

Sunday Million ($215)

Diego “diegokeep” Cardoso

1º Lugar

$196.000

18/05

SCOOP – Evento #31Baixo ($27)

Pedro “PaDiLhaSP” Padilha

1º Lugar

$70.624

17/05

SCOOP – Evento #30Médio ($215)

José “neto_ gol” da Costa Neto

1º Lugar

$58.497

14/05

SCOOP – Evento #20Baixo ($27)

Ariel “ArielBahia” Celestino

1º Lugar

$55.048

27/05

Sunday 500 ($530)

“Mr Luiz 29”

2º Lugar

$51.918

13/05

Sunday Second Chance ($215)

João “INeedMassari” Simão

1º Lugar

$50.320

06/05

SCOOP – Evento #2Alto ($2.100)

Cassio “cassiopak” Kiles

8º Lugar

$42.697

21/05

SCOOP – Main Event-Alto ($10.300)

André “aakkari” Akkari

16º Lugar

$41.300

27/05

Sunday 500 ($530)

Maicon “mbiessek” Biessek

3º Lugar

$41.818


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