Card Player Brasil Digital 60 - Phil Hellmuth Chega ao Brasil para jogar o partypoker MILLIONS

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POKER

ESPORTE E ESTILO DE V

VOCÊ SABE O QUE É UMA APOSTA NÃO FORÇADA?

ÚdO E T N O C AdO N O i C E sEL

PAR DE ASES EM POTES MULTIWAY








SUMÁRIO LEONARDO BAPTISTA

PESOS, 12 DOIS DUAS MEDIDAS Em mais um texto bastante informativo, o CEO da Pay4Fun debate sobre o futuro dos de jogo de apostas online no Brasil.

FÁBIO “F1OBA” MARITAN

26 DAR E RECEBER Fellipe ressalta o quanto é importante a troca de informações entre os jogadores de poker quando o assunto é evolução.

ED MILLER

COM AS 32 CUIDADO APOSTAS NÃO FORÇADAS Você sabe o que é uma aposta não forçada? Ed Miller explica e mostra por quais motivos elas são tão perigosas.

JONATHAN LITTLE

44. VAI ENCARAR? Phil Hellmuth chega ao Brasil para jogar o partypoker MILLIONS South America

20 CÉREBRO NA CARTOLA “Fioba” mostra que para se desenvolver no poker não existe roteiro e nem fórmula mágica, mas caminhos de muito trabalho duro e disciplina.

FELLIPE NUNES

ESPECIAIS

ASES CONTRA 38 JOGANDO QUATRO ADVERSÁRIOS Jon Little mostra que mesmo em um pote com muitos jogadores, você não precisa ter medo de jogar seu par de Ases.

E MAIS 56. HAND X HAND Vinícius de Paula, o “Gansao”, faz uma análise completa de um dos blefes mais famosos do poker

64. THE BOOK IS ON THE TABLE Kil Phil - A via mais rápida para o sucesso em torneios No-Limit Hold’em

70. CARDPEDIA Destaques brasileiros em Janeiro e Fevereiro

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dOis pEsOs dUAs mEdidAs Por Leo Baptista

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os últimos meses, muito tem se falado sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil. Para analisar essa questão, foi criada a Comissão Especial do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, que acaba de divulgar seu primeiro parecer sobre o tema. E é em relação a esse documento que venho me manifestar. Contudo, antes de mais nada, gostaria de me apresentar de forma mais adequada. Meu nome é Leonardo Dinacci Baptista, sou sócio diretor de um dos principais sites de entretenimento online que opera no Brasil e em toda a América Latina e Central, o Betmotion.com. Durante anos, fui entusiasta e defensor da regulamentação e liberação dos jogos de azar, por entender ser uma fonte importantíssima para o país no que diz respeito à arrecadação, geração de empregos e incentivo ao turismo.

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Nossa história com os jogos de azar vem de muitos anos, desde 2004, quando os bingos ainda eram permitidos. Naquela época, tive o prazer de desenvolver um dos primeiros (senão o primeiro) site de bingo online do Brasil. De lá para cá, os bingos foram proibidos e o site mencionado fechado. Porém, não conseguia estar de acordo com a situação de ter demitido mais de 50 pessoas que trabalhavam em sua operação. Sendo assim, em 2009, demos início à operação do Betmotion.com, que foi muito além do bingo e que hoje tenho o prazer de chamar de um grande “Shopping Center de Entretenimento”. Nossa operação conta atualmente com várias verticais, como Bingo, Cassino, Esportes e Poker. Inclui desde os jogos de azar até as apostas esportivas e também de


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habilidade, o poker. Tudo com atendimento ao cliente, marketing online e offline, desenvolvimento da plataforma, design gráfico, experiência do usuário, controle de risco e fraude, controle de qualidade e financeiro. Com toda essa experiência, nos causou tremenda estranheza alguns pontos do parecer. Entendemos que as apostas online certamente fariam parte do conjunto de modalidades que teriam sua regulamentação chancelada. Por conta disso, impossível não pensar que motivos fizeram que tão importante modalidade ficasse fora desse documento, tendo ainda sua operação sendo considerada contravenção penal. Por conta dessa conclusão, que na nossa humilde opinião foi equivocada, lamentamos a não inclusão dos jogos oriundos deste importante canal que é a internet. Fazendo uma analogia, proibir os jogos online é como se fosse regulamentado o comércio em lojas físicas para determinado tipo de produto, mas sua comercialização através de canais de e-commerce fosse considerada uma infração penal.

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Além de discordarmos sobre a exclusão dos jogos online no Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, paira ainda uma dúvida: apenas os jogos considerados “jogos de fortuna” pelo meio online foram deixados de fora do marco. O poker, sendo uma modalidade de habilidade, estaria também proibida na sua forma online aqui no Brasil, mesmo não sendo um jogo de azar? Por estarmos nesse mercado há décadas e por acompanharmos as peculiaridades do mesmo, por meio do contato com empresas que operam em outros países e pela nossa participação em congressos e feiras internacionais, podemos afirmar que existe um interesse gigantesco de grandes empresas multinacionais que operam no meio online em investir no mercado nacional de forma imediata, tamanho o potencial do nosso segmento. A não exploração desse segmento significa perda de uma importantíssima fonte geradora de arrecadação. A exclusão dos jogos online representaria aproximadamente 6,6 bilhões de reais a menos em arrecadação efetiva aos cofres do governo — esse valor representa um terço do total estimado em arrecadação com a regularização dos jogos de fortuna. A entrada dessas grandes corporações ligadas ao jogo online no mercado nacional empregaria um contingente considerável de mão de obra especializada. Dessa forma, teríamos uma maior geração de empregos e


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um maior número de contribuintes ao atual e deficitário sistema previdenciário brasileiro. Apenas a título de ilustração, atualmente, o Betmotion gera cerca de 120 postos de trabalhos diretos e mais 230 indiretos — são aproximadamente 20 diferentes profissões dentro da estrutura, entre designers, desenhistas, programadores, atendimento ao cliente, financeiro, controladoria, marketing, comercial, manutenção, infraestrutura etc. A capilaridade da operação online é milhares de vezes maior do que qualquer modalidade de jogo de azar. Vejamos: atualmente, a Caixa Econômica Federal comercializa seus produtos por meio de 13 mil lotéricas espalhadas em todo território nacional. Estima-se que o jogo do bicho tenha cerca de 350 mil “pontos de vendas”. Se considerarmos que cada computador seja um “ponto de venda” em potencial para jogos online, temos uma rede de distribuição já instalada de 200 milhões de PDV’s, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. O relatório cita em diversas ocasiões a obrigatoriedade da integração e/ou utilização do Sistema de Gestão de Controle (SGC) e acompanhamento das operações de ganhos e perdas do jogador em tempo real por parte das autoridades competentes. Cita ainda a importância da identificação pessoal do jogador. Isso já é uma realidade para a indústria do jogo online há anos. Por conta disso e por conta de outros fatores pertinentes ao modelo de negócio em si, os operadores de jogos online têm a possibilidade de operar de forma quase que instantânea, podendo ser uma fonte de arrecadação muito mais rápida do que qualquer outra modalidade estabelecida atualmente, inclusive a do jogo do bicho.

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Todas as operadoras sérias do setor online têm em seu portfólio jogos certificados por entidades de reconhecimento internacional. Ou seja, os provedores que fornecem esses jogos são, na sua maioria, grandes empresas de capital aberto, cuja auditoria se faz constantemente necessária por parte dos órgãos que regem o mercado financeiro. Isso mostra mais uma vez a versatilidade e rapidez de implementação e a transparência da modalidade online. Em função de todos esses consistentes argumentos apresentados, continuaremos lutando pela inclusão dos jogos online no Marco Regulatório dos Jogos dos Jogos no Brasil.

LEONARDO BAPTISTA Leonardo Baptista é fundador e CEO do Betmotion.com, maior site de jogos online da América Latina


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CÉREBRO NA CARTOLA

Um papo sobre como aprender poker vai muito além de roteiros Por Fábio F1oba Maritan

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Fábio Maritan é jogador e instrutor do Samba Poker Team. Ele possui mais R$ 1,8 milhão em prêmios apenas no PokerStars.

FÁBIO “F1OBA” @f1oba

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o poker ou em qualquer outra atividade, pessoas alcançam sucesso em seus propósitos e inspiram outras pessoas. Na onda da inspiração, muitos aprendem e evoluem consoante a uma grande maioria que apenas procura o segredo, a fórmula mágica e rápida para surfar também. Pois bem, afinal qual a mágica? Primeiro de tudo, é inegável que cursos, coachings e discussões, em geral, tornam o jogador cada vez mais capacitado. Afinal, conhecimento sempre é bem-vindo. A capacitação torna o jogador cada vez mais “defendido”, rico em repertório. Ótimo, mas quão limitado é ter uma receita de bolo de cenoura perfeita se, em pouco tempo, cenouras passassem a causar alergia? Você quer surfar a onda perto da quebra ou na formação? Muito cuidado com a abordagem da informação que você procura. Desconfie totalmente de fórmulas prontas. Vivemos um momento de valorização do pensamento e da criatividade. Tomar decisões, jogando poker profissionalmente, exigem mais profundidade

que o senso comum imagina. Você pode aplicar conceitos que aprendeu e abusar da experiência a seu favor, mas jamais deve esquecer que as situações, principalmente as mais difíceis, são únicas. Não tem fórmula mágica. A decisão é você com você, interpretando o que significam aqueles tamanhos de apostas daquele jogador, naquele cenário totalmente específico e complexo. Subjetividade aliada a esforço mental. O que parece mais divertido? Tomar uma decisão ruim hoje e ser gratificado pela aleatoriedade do baralho rindo com os amigos ou se esforçar em tomar boas e embasadas decisões no longo prazo? O poker precisa ser sério apenas pra quem quer levá-lo a sério, e pronto. A maioria está ali apenas pra se divertir num baita desafio legal. Muito inconveniente é aquele jogador que se senta à mesa e parece deter a verdade, importunando e corrigindo publicamente os demais com seu “livrinho de boas práticas”. Oras,

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toda subjetividade envolvida faz com que certo e errado estejam muito mais ligados a argumentos que embasam decisões do que simplesmente: “você não pode abrir essa mão dessa posição”. Muito preguiçoso colocar uma regra em seu jogo sem entender os porquês. Pior, a partir de regras, colocar o escudo do “eu já sei jogar” e viver numa acomodação melancólica. Uma jogada aparentemente ruim pode ser explicada por argumentos. Argumentos podem ser trabalhados para enriquecer a decisão. E assim sempre. Amém. Obviamente, que absurdos existem, mas frustrar-se em excesso pela decisão alheia apenas expõe incapacidade

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de adaptação. Você não pode mudar a aleatoriedade do baralho, mas pode mudar sua postura em relação a isso. No mais, para quem busca evolução, valorize coachings que estimulem o pensamento e a criatividade. Coachings que não apenas falem, mas também ouçam e modelem argumentos. Em minha opinião, times de poker saem na frente nesse sentido. Com capital humano qualificado, evoluindo diariamente, se ganha em velocidade de adaptação e, consequentemente, colhem-se retornos regulares. Coloque seu cérebro nas mesas e boa diversão.


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uando iniciei minha jornada no poker online, ainda não existiam tantos times tão bem consolidados e os sites relacionados ao tema não eram tão abundantes. Assim, grande parte da minha evolução veio da troca de conhecimento que acontecia nos fóruns. Aprendi muito com todos que, como eu, estavam à procura de conhecer e aprofundar conceitos e estratégias. Os mais experientes auxiliavam os iniciantes e todos pensavam sobre o jogo. Com isso, criava-se uma comunidade de jogadores cada vez mais forte, e todos podiam evoluir a partir dessa ajuda mútua. Hoje no FLOW, incentivamos essa cultura de transmitir e receber conhecimento: os mais experientes passam aos mais iniciantes aquilo que já viveram e conhecem, em uma troca muito enrique-

cedora para todos os envolvidos. Quem se compromete a transmitir o que aprendeu se mantém sempre atualizado e pensando em formas de evolução no jogo, estudando para conseguir responder às dúvidas que possam surgir. O estudo constante e o contato com jogadores que seguem outras linhas de jogo, com diferentes histórias e experiências, enriquece e amplia o conhecimento, tanto de quem ensina quanto de quem aprende. Por sua vez, os jogadores que estão aprendendo ficam sempre atentos a qualquer novidade, podem pedir ajuda para superar as próprias dificuldades e começam a construir um conhecimento que vai auxiliar na sua evolução e, depois, poderá auxiliar na de outros. A intenção no time é que todos possam passar e receber conhecimentos mantendo uma corrente sempre viva de aprendizado e troca de experiências.

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Focado agora no FLOW, em contato com os jogadores do time, eu aprendi muito observando as mais diversas jogadas, debatendo mãos e conceitos e ampliando meu horizonte de estratégias e linhas de jogo. Ao mesmo tempo em que transmito minha experiência aos jogadores e procuro auxiliá-los em suas carreiras, construo também um conhecimento mais amplo e sólido. A constante troca de conhecimentos foi fundamental no início da minha carreira e segue sendo tão importante agora, tanto para mim quanto para os 250 jogadores do FLOW. Minha dica é: sempre que puder, transmita aos outros o conhecimento que está adquirindo. Isso com certeza beneficiará a eles e a você que, para transmitir, sistematiza o conhecimento, reflete sobre ele e mantém-se continuamente atualizado. Além disso, esteja sempre aberto a ouvir outros pontos de vista, perceber diferentes linhas de jogo e aprender com as experiências de outros jogadores. Essa constante troca de conhecimentos só tem a beneficiar a todos.

FELLIPE NUNES Fellipe Nunes é um dos principais jogadores de poker do Brasil. Campeão do SCOOP, em 2013, e do BSOP, em 2011, ele possui mais R$ 5 milhões de reais em prêmios na carreira.

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CUidAdO COm As ApOsTAs NÃO FORÇAdAs Por Ed Miller

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postas não forçadas significam problema. Mas o que é uma aposta não forçada? Bem, vou dar o meu melhor para definir isso. O conceito é sutil, mas uma vez que você entenda a ideia, ela se torna uma arma poderosa. Primeiro, vou mostra um exemplo de uma aposta que sempre é não forçada: uma aposta no river que fecha a ação. Digamos que você esteja jogando $2-$5, com stacks efetivos de $500. Você abre para $20, e dois jogadores pagam. Após o flop, você aposta $40 em um pote de $67. O jogador no BTN paga. Você dá check-call na aposta de $70 do adversário no turn. Há $287 no pote. Você tem $370 para trás. Você pede mesa novamente no river e vê seu oponente apostar $180. Isso é uma aposta não forçada. Ele poderia facilmente pedir mesa e ir para o showdown — e é isso que faz a aposta ser não forçada. Ele não precisa apostar porque ele não precisa ter medo de dar uma carta grátis, ser blefado, deixar de ser o agressor etc. Se ele

pedir mesa, a mão simplesmente vai para o showdown. No geral, em limites baixos, ao vivo, apostas não forçadas significam problema. Por quê? Porque não é uma aposta defensiva ou padrão (exemplo: é padrão fazer uma c-bet depois de aumentar pré-flop). Apostas não forçadas são feitas por duas razões: por blefe ou por valor. Como jogadores desses limites tendem a blefar com menos frequência e são bem cuidadosos com suas apostas por valor, esse tipo de aposta pende para um range bem forte de mãos. Essas são apostas que você deveria ser recusar a pagar. Se você identificá-la, largue suas cartas e comece a pensar na próxima mão. O que deixa esse conceito enganador é que muitas pessoas fazem as apostas “forçadas”. O jogador não é forçado como se alguém estivesse com uma arma mandando-o apostar, mas ele sente que se não apostar, o desfecho pode ser trágico ou o adversário pode “tomar as rédeas” da ação. Por exemplo, como eu citei acima, a con-

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tinuation bet. Muitos jogadores acham que ao abrir raise pré-flop, eles devem continuar apostando no flop, seja para extrair valor ou para não mostrar fraqueza. Uma diferença óbvia nesses dois tipos de apostas é que a aposta não forçada, geralmente, é maior, quase sempre, mais da metade do pote, enquanto que a aposta “forçada” será algo entre 30 e 50% do pote. Por experiência própria, posso afirmar: fiquem mais preocupados com as apostas maiores em jogos de limites baixos. No entanto, algumas vezes, apostas forçadas podem ser bem grandes também, e elas não devem ser tão temidas. Um dos cenários mais comuns é quando o jogador vai all-in no flop ou no turn. Vamos a um exemplo: o jogo é $2-$5 e a maioria dos jogadores tem $500, mas o oponente desta mão tem $350. Ele abre raise para $25. Um jogador paga e você faz o mesmo no BTN, com A-Q. O flop vem Q♣10♥8♥, e seu adversário aposta $35 em um pote de $82. Você aumenta para $100, e ele vai all-in de $325 no total. Essa é definitivamente uma aposta grande, mas também é uma aposta forçada. Para entender o porquê, considere que seu adversário tenha algo como K-Q, J-Q ou um bom draw. Para a maioria, essas mãos são muito fortes para largar no flop. A decisão então é pagar ou dar raise. Porém, o call o coloca em uma situação bastante delicada. Ele fica com apenas uma aposta restante, fora de posição e com duas streets pela frente. Ele então opta por uma jogada defensiva, o all-in. Alguns também pensam que já estão comprometidos com o

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pote e tomam esse “atalho”. Como você pode ver, apesar de uma aposta grande, essa é uma aposta forçada, então você não precisa ficar com medo de dar call com seu A-Q. O mesmo vale para o turn. Você abre raise para $25, com A♠J♠, e dois jogadores pagam. Há $82 no pote novamente e um dos adversários tem $215 para trás. O flop vem J♥9♦3♥. Você aposta $45, e o button paga. Há $172 no pote e $170 no stack do seu oponente. O turn é um 7♣. Você coloca $80 e ele vai all-in, mais $90 para você pagar. Novamente, isso é uma aposta forçada. Ele pode ter 10-8 ou uma trinca? Sim. Mas ele também pode ter K-J, um par ou um flush draw, até mesmo algo com J-10 ou 10-Q. A razão por essa aposta ser forçada é porque ele se sente comprometido com o pote, por ter apenas $90 restando. Então, em vez de apenas pagar e dar call novamente no river, ele vai all-in. Essa é uma aposta que você deve pagar. Agora, pense na mesma situação, mas você e seu adversário possuem $700 de stack e ele deu raise para $200 no turn. Esse raise é uma aposta não forçada, já que se ele tiver uma mão como K-J, ele apenas dará call na maioria das vezes. Então, é bom você considerar largar seu top pair. A diferença entre apostas forçadas e não forçadas às vezes podem ser sutis, mas aprender a diferenciá-las lhe ajudará a fazer bons calls e a realizar grandes folds.

ED MILLER @edmillerauthor notedpokerauthority.com

Ed Miller é uma das maiores autoridadets mundiais em teoria do poker. Ele é instrutor do stoxpoker.com


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JOGANdO AsEs CONTRA QUATRO AdvERsÁRiOs Por Jonathan Little

JONATHAN LITTLE Jonathan Little joga profissionalmente há quase 10 anos. Ele tem dois títulos do WPT e já ganhou mais de US$ 6 milhões em torneios ao vivo.

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o artigo desta edição, vou falar de uma mão que joguei em um torneio de US$ 1.000 de Nova Jersey. Logo no início do Dia 1, com blinds 50-100 e stacks efetivos de 30.000, um jogador desconhecido entrou de limp do under the gun (UTG). A mesa tinha nove jogadores e eu estava logo à sua esquerda, no UTG+1. Com A♥A♣, aumentei para 400. Eu gosto do meu raise de quatro vezes o big blind porque aumenta o pote e não deixa o jogador que entrou de limp ter boas impllied odds. Alguns jogadores gostam de entrar de limp nesse caso, esperando que alguém faça um aumento e eles possam fazer uma 3-bet, o que geralmente tira todos os jogadores da mão. Mas esse é um dos piores resultados que

você pode obter ao ganhar um pote. No poker, você ganha dinheiro quando seus adversários erram. Se você tem A-A e faz com que todos desistam antes do flop, mesmo que seja para ganhar algo como 1.000 fichas, você perde a oportunidade de deixar seu oponente acertar alguma coisa e ganhar ainda mais fichas do mesmo. Bem, voltando a mão, um jogador do meio da mesa (MP), o button (BTN), o small blind (SB) e o UTG deram call. Alguns veem todos esses calls como uma situação ruim para um par de Ases, mas na verdade isso é fantástico se você jogar bem o pós-flop, já que estará enfrentando outros quatros jogadores que seguram mãos muito piores. O flop veio 10♣9♣3♠. Depois do SB e do UTG pedirem mesa, eu apostei 1.200 em um pote de 2.100. Minha aposta foi por valor, já que eu espero tomar call de inúmeras mãos piores, como top pair e draws. Apenas o UTG pagou e nós vimos uma Q♦ aparecer no turn. Apostei 1.900 no pote de 4.500.

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Nesse ponto, acredito que tanto apostar quando pedir mesa são opções aceitáveis. Sua decisão deve ser feita em função da maneira que você espera que seu oponente irá se comportar. Se você acha que ele dará fold com todas as mãos que parearam, como A-10 e 9-7, você deve pedir mesa. No entanto, se você ajustar o tamanho da sua aposta corretamente, muitos jogadores tendem a dar call com suas mãos marginais. Perceba que minha aposta de 40% do pote é bem diferente do que os amadores costumam usar. Eles gostam de apostar algo como 80 ou 90% do pote, com medo que os adversários paguem e consigam a mão vencedora no river. Bom, meu oponente pagou e o river foi um 2♣. Para minha surpresa, ele saiu apostando 2.500 em um pote de 8.300. Agora, eu certamente não amo meus Ases porque eu estou perdendo para todo o range de valor do UTG, os flushes, no caso. Porém, eu tenho o A♣ em minha mão. Isso elimina várias combinações de flush da mão dele. Um outro detalhe é que ele poderia dar raise no turn com mãos como J♣K♣ e Q♣J♣, o que elimina ainda mais combinações de flushes. Isso me levou a acreditar que ele poderia estar transformando uma mão como 8-7 ou 9-8 em um blefe. Dito isso, existe algum mérito em fazer um raise alto e blefar nossos

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Ases, afinal nós temos o A♣ como blocker, mas eu não acredito que sejam muitos os jogadores que estejam dispostos a largarem um flush. Pelo tamanho da aposta dele, eu preciso vencer esta mão apenas 19% das vezes para que meu call não seja perdedor. Não acho que ele tenha muitos blefes nesta situação, mas como eu só preciso ganhar a mão uma a cada cinco vezes, dar call parece ser uma boa ideia. Acabei optando pelo call e meu adversário mostrou 10♦6♦. Uma jogada bem estranha, uma vez que se ele quisesse blefar o seu Dez, ele deveria pelo menos fazer uma aposta maior. Mais um mérito do call: ainda que ele tivesse uma mão melhor, teríamos uma informação importante sobre o vilão.


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Por Marcelo Souza

Ame ou odeie, mas são poucos os jogadores que rivalizam com Phil Hellmuth quando o assunto o poker. Detentor dos principais recordes da World Series of Poker (WSOP): mais braceletes (15), mais mesas finais (53) e mais ITMs (109), ele finalmente jogará um torneio do Brasil — um torneio compatível com a grandeza de seus feitos, o partypoker Millions South

America, o maior das história da América Latina. Em entrevista exclusiva para a Card Player Brasil, Phil não fugiu de nenhuma pergunta. Sempre bem-humorado, ele falou sobre seu comportamento nas mesas, sua relação com celebridades, poker online dentre outros assuntos. Confira:

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Marcelo Souza: É sua primeira vez no Brasil. Qual sua expectativa do País e dos jogadores? Phil Hellmuth: Eu ouvi que o Brasil ama o jogo, que as pessoas amam no-limit hold’em. O que eu espero é isso: um lugar que tenha paixão pelo poker. A propósito, eu quase fui para o Rio, em 2016, para assistir o Michael Phelps nadar nas Olimpíadas, mas acabei ficando um pouco receoso devido ao Zika vírus. MS: Se olharmos sua carreira, você tem títulos em todas as partes do mundo, mas não dá para falar em Phil Hellmuth sem pensar em Estados Unidos, Vegas e WSOP. O que fez você querer jogar o torneio do partypoker no Brasil? PH: Eu ganhei torneios em todos os lugares do mundo, mas uma coisa sobre torneio é “timing”. O partypoker Millions South America será um dos maiores do mundo e eu ainda poderei curtir o Carnaval. Dizem que é uma experiência única na vida. Minha esposa e eu estamos muito animados.

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MS: Qual sua relação com o partypoker? PH: Eu gosto muito do Rob Yong (idealizador do partypoker Live) e do Warren Lush (consultor de jogos). Eles são o meu elo com o partypoker e eu adoro o que o site vem fazendo pela comunidade. Todos esses torneios gigantes em volta do mundo. O poker precisa disso. MS: Muitas pessoas dizem que você é um cavalheiro quando não está jogando. No entanto, nos feltros, você tem um comportamento peculiar, muitas vezes agressivo. Se me permite a analogia, seria algo como o Pateta no episódio “Motor Mania”, em que ele se transforma assim que começa a dirigir. Então, que é o verdadeiro Phil? E você se transforma tanto assim quando joga? PH: Sim, eu mudo muito. Não sou só eu, isso acontece também com grandes amigos e grandes pessoas que conheço, como Draymond Green e John McEnroe [nota do editor: Green é um dos astros do Golden State


O partypoker Millions South America será um dos maiores do mundo e eu ainda poderei curtir o Carnaval. Dizem que é uma experiência única na vida. Minha esposa e eu estamos muito animados.”

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Warriors da NBA e conhecido por suas brigas dentro de quadra, que já lhe renderam várias suspensões. Já McEnroe é um ex-tenista número 1 mundo. Aposentado desde 1992, ele é conhecido por ser um dos tenistas mais temperamentais da história do esporte. No YouTube é possível assistir a vários compilados de seus ataques de fúria]. Algumas vezes, por alguns minutos, nós simplesmente nos perdemos. Esses momentos sem controle são fantásticos para a TV e, apesar de tudo, eleva seu nome pelo mundo. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa muito positiva e meu livro #POSITIVITY tem a chancela de ninguém menos que Tonny Robins [nota do editor: Robbins foi um dos primeiros “life coaching” do mundo, tendo trabalhado com personalidades como André Agassi, Princesa Diana e Arnold Schwarzenegger]. Meu livro tem ajudado milhões de pessoas a conseguir mais na vida. Eu ajudei a levantar 54 milhões

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de dólares em torneios para a caridade. Eu nunca traí minha mulher e sempre fui um cara honesto na minha profissão. Você perguntou quem é o verdadeiro Phil. Bem, esse sou eu. MS: Você é um dos maiores jogadores de poker de todos os tempos, como ficar no topo por tanto tempo, ser reconhecido como um dos melhores ainda hoje e isso tudo sem jogar online? PH: O que posso lhe dizer é que minha principal habilidade é “ler pessoas”. No poker, desde que você entenda seus adversários, você pode ter chance contra qualquer um. Eles farão suas jogadas e eu estarei lá para ver. Eu irei lê-los, baby! MS: Você também é famoso por sua boa relação com celebridades da TV e do esporte. Como isso começou?


PH: Muitas vezes, eles são meus fãs, assim como sou deles. Louco, não? Quando vou a eventos, clubes ou festas sempre me conecto com pessoas famosas. Eu sou um cara legal, autêntico e divertido. Sem rodeios. Direto. Tenho carisma e sou inteligente. Pessoas de sucesso se atraem. Minha vida é abençoada. MS: O poker online nunca foi tão difícil e baseado em cálculos matemáticos. Mas você parece ser um cara que se baseia muito no comportamento das pessoas e tem o que você costuma chamar de “Magia Branca”. O que seria isso? E o que você pensa da matemática no poker? PH: A matemática é gigante no poker (muita ênfase no “gigante”). Mas no-limit hold’em é uma arte. Meus oponentes ainda

têm que me encarar. O termo “Magia Branca” se refere apenas às minhas grandes habilidades em ler pessoas. Chamar de “Magia Negra” seria meio esquisito, certo? Online, a matemática é tudo. Mas no mundo real, ela só pode te levar até certo ponto. Jogadores matemáticos podem ser excelentes, mas não tanto como aqueles que têm “a leitura” ao seus lados. MS: Então você poderia vencer qualquer um ao vivo. Mas você acredita que pode vencer os melhores do mundo online? PH: Atualmente? Em NLH, com certeza. Em HORSE e mixed games também. Mas se eu jogar contra o melhor jogador de Stud Hi-Lo, ou o melhor de PLO ou PLO8, então a resposta é não. Eles jogam apenas um jogo todos os dias e online eu não posso usar

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Eu sou um cara legal, autêntico e divertido. Sem rodeios. Direto. Tenho carisma e sou inteligente. Pessoas de sucesso se atraem. Minha vida é abençoada.”

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minha “Magia Branca”. Mas mesmo esses especialistas não podem me vencer nos mixed games. MS: Você fala do poker com tanta paixão. No final das contas, para você, o poker é sobre dinheiro ou sobre legado? PH: 100% sobre legado. Daqui 100 anos, se uma pessoa em cem milhões se lembrar de mim será por duas coisas: a primeira por eu ser o melhor jogador de todos os tempos, e a segunda por ser o fundador do movimento positivista. MS: Você criou alguns dos grandes jargões do poker mundial. Um deles ficou famoso após você largar A-K em um bordo A-4-4-Q, em que seu oponente apostou apenas no turn e tinha Ases. Você se levantou, olhou para sua esposa na arquibancada e disse: “I can dodge bullets, baby!”. Primeiro: como você escapou dessa mão? E esses jargões, você fica pensando em coisas desse tipo? PH: Os jargões são naturais. Eu apenas sinto o momento e coloco para fora. Sobre essa mão, em 2005, ainda me lembro como

se fosse hoje. Ficou famosa na ESPN. E é como eu disse, é preciso saber ler as pessoas. Principalmente naquela época, eu poderia contar nos dedos quem não quebraria naquela mão. MS: Por que grandes jogadores do passado caíram no esquecimento, mas caras como você, Daniel Negreanu e Erik Seidel continuam vencendo? PH: Perseverança, leitura, inteligência, coração, estratégia, vivacidade e o mais importante de tudo: vontade de vencer. Falando de mim, eu quero vencer tanto que eu me adapto sempre a qualquer estilo de jogo que o meu oponente esteja jogando. MS: Recentemente, nós vimos seus nome envolvido em algumas apostas bem divertidas, como acertar cestas de três pontos no basquete e devolver um saque de um profissional de tênis. No Brasil, o principal esporte é o futebol. Você aceitaria uma aposta do time contra o João Simão, por exemplo? PH: Seria algo muito divertido, mas o que poderia ser? Eu devo ter chutado uma bola no máximo duas vezes em toda minha vida. Acho

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que três chances de marcar de pênalti contra um goleiro profissional seria justo. MS: Você tem algum arrependimento na carreira? PH: Eu queria ter dado um call e um fold na mesa final do Main Event da WSOP em 2001. Carlos Mortensen ganhou naquele ano. Ele é um dos grandes jogadores da história, mas naquela época estava apenas aprendendo. Isso foi decisório entre não conseguir o bracelete e ficar em quinto lugar. Se tivesse ganhado, hoje eu teria 16 braceletes em vez de 15 e duas vitórias no Main Event. MS: Você acha que alguém pode superar seus recordes na WSOP? PH: Acho que Phil Ivey tem chances. Falando da geração atual, dos jovens jogadores, acho que Joe Cada, Adrian Mateos e Dominik Nitsche podem chegar lá. MS: Se alguém quiser aprender com você. Qual o valor?

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PH: Meu coaching custa US$ 25.000 por cinco horas. Eu sei que o preço é caro e por isso tenho poucos alunos, mas eu lançarei em breve um curso “Master Class”, por apenas $90. Aguardem. MS: E como é a relação da sua família com o poker? PH: Minha mulher é meu pilar. Meus filhos gostam e são bons no jogo, mas não são excelentes. Eles poderia ser, mas eu os incentivei a seguirem caminhos diferentes. A vida de um jogador de poker pode ser muito difícil. Hoje, eu tenho uma vida incrível e até queria que eles jogassem mais. MS: Que dica você daria para os brasileiros que querem melhorar no poker? PH: Leiam meu livro “Play Poker Like The Pros”. É um excelente livro que mostra a maneira certa de se abordar o jogo. Fiquem também de olho no meu curso, que será lançado em 2019.


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HAND for

HAND Por Vinicius de Paula

MUSTAPHA KANIT X ANTON BERTILSSON (€25K HIGH ROLLER DO EPT DUBLIN 2016)

A cada mês, um renomado profissional do poker nacional analisará uma mão entre duas feras do poker mundial. Nesta edição, o mineiro Vinícius “Gansao” de Paula fala sobre um blefe incrível do italiano Mustapha “lasagnaaammm” Kanit, no High Roller de 25 mil euros do EPT Dublin, contra o sueco Anton Bertilsson.

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MUSTAPHA KANIT

ANTON BERTILSSON cardplayerbr

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Q

9

Q Mustapha Kanit 7.510.000 fichas

Q

Q

9

Q

Q

Anton Bertilsson 4.240.000 fichas

Blinds: 50.000/100.000 com antes de 10.000

PRÉ-FLOP Do BTN, Bertilsson aumenta para 200.000. No SB, Kanit faz uma 3-bet para 530.000. “Gansao”: Estamos 4-handed em um dos torneios com o field mais difícil do mundo, o High Roller de 25 mil euros do EPT. Até aqui, uma jogada padrão, sendo que o Kanit também poderia optar pelo call. Contra o range do botão, as duas linhas são boas, o call ou a 3-bet. Eu gosto do valor da 3-bet, 2,6 vezes o aumento, uma vez que as mãos que dão call em uma 3-bet de 2,5 também darão call em uma de 3 vezes. Então, algo entre 2,5 e 3 é bom. Ao fazer uma 3-bet maior que 3 vezes o raise, é verdade que você expulsa mais mãos do pote, no entanto, você também induz o adversário a reagir com uma 4-bet com mãos ruins.

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A AÇÃO VOLTA ATÉ BERTILSSON, QUE FAZ UMA 4-BET PARA 1.180.000. KANIT PAGA. “Gansao”: Nessa situação, o range de 3-bet do Kanit é bem amplo, já que ele tem mais fichas e é uma situação de BTN versus SB, porém, seu range de 5-bet é pequeno. Assim, eu não gosto da 4-bet do Bertilsson. Prefiro o call à 4-bet — e jogar em posição contra esse range amplo do Kanit, com uma mão que está esmagando seu range dele. A decisão do Kanit é inesperada, mas quando o Bertilsson faz uma 4-bet, ele polariza seu range. Contra esse range polarizado, que seria o topo, AK e QQ+, e algumas mãos com blockers, ruins para pagar, mas boas para 4-bet, como A-X e K-7s+, o Q-9s tem as odds corretas para dar o call, apesar de que o SPR fica um pouco pequeno.


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FLOP: A♦ 8♠ 8♥ (POTE: 2.500.000) Kanit pede mesa. Bertilsson aposta 700.000. Kanit paga.

Kanit aposta 1.750.000.

TURN: 7♥ (POTE: 3.900.000)

“Gansao”: A jogada do Kanit no river é perfeita. Esse é o tamanho de aposta exato que faz a jogada ser lucrativa no longo prazo, esperando que todos os blefes do Bertilsson desistam. O Kanit não espera que o Bertilsson largue um Ás ou um Oito, mas ele também não acredita que o sueco possa ter K-K ou Q-Q pela maneira que a mão correu. Então, no longo prazo, mesmo que ele seja pago com os Ases e os Oitos do adversário, as mãos que desistem, que estão no range de 4-bet por blefe do Bertilsson, compensam isso.

Kanit pede mesa. Bertilsson faz o mesmo.

Com 2.360.000 em seu stack, Bertilsson larga seu par de Damas.

“Gansão”: É aqui que acontece o maior erro da mão. Em um bordo A-8-8, de quais mãos o Bertilsson espera extrair valor ao fazer uma continuation bet? Em tese, nenhuma. Já o Kanit, ao dar call, tem em seu range percebido algum Ás, e com um SPR tão pequeno, ele sabe que as chances do Bertilsson blefar no turn são bem pequenas.

“Gansao”: No turn, ação padrão. Aqui, ir all-in com Q-Q não tem valor nenhum, então o Bertilsson acaba fazendo a melhor jogada.

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River: J♠ (Pote: 3.900.000)

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VINICIUS

DE

PAULA

Mineiro, é um dos nomes grandes nomes do poker online brasileiro. Já ganhou US$ 1,2 milhão nas mesas do PokerStars jogando sob a alcunha de “Gansao”.





KILL PHIL A Via Mais Rápida Para o Sucesso em Torneios de Poker No-Limit Hold’em Rodman - Nelson - Heston Prefácio Por Phil Hellmuth


THE BOOK IS ON THE TABLE

Por que você deveria ler Kill Phil? Bem, acredito que se eu lhe dissesse para fazê-lo não soaria tão crível como se o recordista de braceletes Phil Hellmuth o fizesse. Palavras do Poker Brat, não minhas: “Primeiramente, permitam-me que eu — Phil Hellmuth Jr. — diga o seguinte: ‘Não tomem o título desse livro ao pé da letra! Ninguém quer que esse destino recaia sobre nenhum dos Phils. Em vez disso, os autores querem que vocês nos derrotem e tomem todas as nossas fichas nas mesas de poker’. Eu confesso que me diverti, e me senti lisonjeado, quando ouvi que um livro com esse título em breve estaria circulando no mundo do poker. Kill Phil obviamente se refere a mim até certo ponto, mas com Phil “Unabomber” Laak, Phil Gordon e especialmente o jovem fenômeno Phil Ivey também com o mesmo nome, eu não sabia ao certo que parcela de imputação eu poderia presumir. Para ser honesto, eu gostaria que esse livro jamais tivesse encontrado quem o publicasse. Quer dizer, quem quer um livro de credibilidade, escrito por dois jogadores durões (Blair Rodman e Lee Nelson), dizendo ao mundo exatamente como lhe derrotar? A estratégia que eles apresentam aqui é simples e efetiva. É basicamente uma extensão de uma das táticas que David Sklansky apresentada no seu livro Advanced Texas Hold’em Tournament Strategy. Com tantos livros disponíveis sobre estratégia do poker, eu não posso recomendar — nem recomendo — muitos deles. Frequentemente, um escritor bom, porém medíocre como jogador de poker, escreve um livro que contém algumas boas observações, mas muitas observações ruins. Rodman e Nelson passaram por muitas batalhas e realmente entendem o jogo. Portanto, embora o título desse livro me seja pouco amigável, eu recomendo que você o adquira”.

Capítulo III - As Estratégias KILL PHIL Intermediárias IMAGEM À MESA E MUDANÇA DE RITMO (p. 136)

“Imagem à mesa” é a percepção que outros jogadores têm de determinado jogador. É um quadro composto por muitos fatores. Juntos, esses traços criam uma impressão que influencia como os outros jogadores reagem a ele. Fatores mecânicos incluem quantas mãos são jogadas, com que frequência os potes são aumentados e reaumentados e que mãos são mostradas. Indicadores não verbais incluem aura ou presença física, como ele aposta as suas fichas, as suas expressões faciais, linguagem corporal e vários outros sinais. Mensagens verbais completam o quadro. Embora você imagine os jogadores de poker como criaturas que não demostram sentimento, muitos dos melhores conversam com

frequência, não apenas para ajudar a criar uma impressão, mas também para conseguir uma leitura dos seus competidores. Ao longo de um torneio, os jogadores estarão lhe observando atentamente. Como estratégia no KP Basic, nos primeiros limites de torneios você pode não jogar uma mão por horas. Os jogadores percebem isso. Se você for novo nos torneios ao vivo, os jogadores experientes vão perceber que você é um novato e, como você estará jogando tão poucas mãos, eles vão presumir que você seja tímido. À medida que os limites sobem, você vai se tornar mais ativo e começar a implementar a sua estratégia all-in. Até que você chegue a um ponto no qual atuou ativamente em diversos potes ou mostrou mãos

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fortes ou medianas, os seus oponentes vão manter aquela sua imagem supertight. Enquanto eles têm essa imagem, você pode se tornar um pouco mais liberal com a sua seleção de mãos contra os oponentes que você perceber que são tight ou que não estão dispostos a se arriscar. Você pode até reforçar essa jogada dizendo algo como: “Uau, eu realmente estou recebendo muitas mãos boas”. Se os seus oponentes temerem a força das suas mãos, você será capaz de coletar esses blinds e antes tão importantes. Ao longo de um torneio, a sua imagem à mesa vai mudar. Tente se ver como os outros lhe veem. Você precisa fazer ajustes regulares à medida que prossegue. Isso se chama “mudar de ritmo”. Se você tiver se envolvido em alguns potes recentes, fique mais tight. Se você tiver entrado de all-in e mostrado uma mão como suited connectors, os seus oponentes certamente vão notar e tenderão a achar que você tem entrado de all-in com mãos menores que premium. Eles vão ficar muito mais propensos a dar call, então torne os seus requisitos mais tight. Se você tiver muita sorte, vai receber uma mão alta e preparar uma armadilha contra um oponente que acha que você está fraco. Se você não estiver recebendo mãos com as quais jogar, cogite ficar um pouco loose. Os seus oponentes provavelmente vão interpretar um grande período de inatividade como sinal de um jogo tight, e ficarão mais propensos a lhe dar crédito par ter uma mão forte. Variar bastante o seu jogo com base no seu histórico recente lhe traz benefícios ao longo do torneio. Em estágios finais de um torneio, a imagem que um jogador KP projeta é a de um jogador que é capaz de entrar de all-in a qualquer momento, e que não teme confrontos. Essa é uma imagem que mantém os seus oponentes recuando e temerosos, cientes de que todas as fichas podem correr perigo a qualquer tempo. Os jogadores Kill Phil se tornam alvos para os outros jogadores. Isso é bom! Quando os jogadores estão reagindo a você, você os deixou perturbados. Eles ficarão à espera de uma mão alta com a qual possam lhe eliminar. Ao mudar de ritmo adequadamente, você se torna um alvo difícil. Um feeling para os torneios, aliado a uma observação atenta dos seus oponentes, e a uma compreensão de como o seu jogo os afeta, lhe fornecerá pistas de quando aumentar ou diminuir o ritmo.

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TÍTULO: KILL PHIL AUTORES: Blair Rodman, Lee Nelson e Steven Heston NÚMERO DE PÁGINAS: 296 PREÇO: R$ 74,90 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com





CARD PEDIA FERAS DO ONLINE GUSTAVO GOTO

TOP 10 – RESULTADOS BRASILEIROS EM FEVEREIRO SITE

Torneio (Buy-in)

Data

Nome

Posição

Prêmio

$5.200 The Big Game

24/02

“drakeonne”

$148.000

$55 Main Event Low da Turbo Series

17/02

Pedro “FlipMaster08” Paulo

$132.411

Evento 78 da Turbo Series

13/02

Gustavo “PIUlimeira” Goto

$101.768

$109 Sunday Million

24/02

Carlos “DIFINI” Difini

$88.839

$88 Main Event da MOSS

17/02

Ciro “Zeca Patioba” Gomes

$71.363

$2.100 Sunday Gladiator

24/02

João “joaosimaobh” Simão

$65.216

$109 Sunday Million

03/02

Nícolas “verkannt” Reis

$49.379

€ 250 Main Event da Carnaval Series

18/02

“knowyourenemy”

€ 48.355

$10.000 Sunday Blade

24/02

“baita”

$47.301

$109 Sunday Million

17/02

Guilherme “VinceVegaMF” Cheveau

$45.601

CAÍQUE CARNEIRO

TOP 10 – RESULTADOS BRASILEIROS EM JANEIRO SITE

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Torneio

Data

Jogador

Posição

Prêmio

$215 Sunday Million

13/01

Caíque “Caz_Carneiro” Carneiro

$111.973

$109 Sunday Million

27/01

“kmarao-Vix”

$99.334

Main Event High da Winter Series

07/01

Geraldo “GeraldoCesar” César

$98.781

Main Event da Winter Series

14/01

Matheus “mateus@ tandy” Rocha

€ 97.486

Evento 1-H da Winter Series

07/01

“TavimWin”

$84.843

Evento 1-M da Winter Series

07/01

“paulinhoo00”

$78.025

Evento 1-M da Winter Series

07/01

“EFHenn”

$72.370

Evento 1-L da Winter Series

07/01

Igor “Borgesxx” Borges

$71.900

Evento 40-H da Winter Series

02/01

“Alex.Z5518”

$71.528

$530 Bounty Builder High Roller

06/01

Brunno “botteonpoker” Botteon

$67.809

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