Card Player Brasil 57

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POKER

ESPORTE E ESTILO D

ÚDO E T N O C NADO O I C E L SE

O que é ser o melhor? Quando o mar não está para peixe, há algo a se fazer?






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SUMÁRIO Leonardo Baptista

DOS JOGOS 12 ADELEGALIZAÇÃO AZAR NO BRASIL O CEO da Pay4Fun analisa o crescente debate em torno da iminente legalização dos jogos de azar no País e ganhos com jogos no geral.

JOÃO BAUER

18 o que é ser o melhor? O goiano João Bauer fala sobre os desafios em manter foco e disciplina para alcançar o melhor desempenho nas mesas

JONATHAN LITTLE

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QUANDO O MAR NÃO ESTÁ PARA PEIXE

Jon Little analisa uma mão em que ele enfrentou um bom jogador na Bellagio Cup deste ano.

ESPECIAIS 32. entrevista com fedor holz O Super High Roller Bowl está em andamento e o fenômeno Fedor Holz é um dos 31 sobreviventes na briga pelo primeiro prêmio de US$ 5.000.000.

E MAIS 48. ANÁLISE DE MÃO Matthew Hilger comenta seu aprendizado diante de três grandes jogadores do online.

62. the book is on the table Como Vencer Torneios de Poker - Volume II

FELLIPE NUNES

56 SOBRE LÓGICA E FANTASMAS

72. CADERNO PARTY POKER Aprenda a jogar no partypoker

O criador do FLOW Team fala sobre a importância de agir logicamente no poker, mesmo que algumas poucas experiências traumáticas digam o contrário.

FÁBIO MARITAN

68 VELHAS MÁXIMAS “F1oba” explica porque nem sempre jogar mais telas pode ser benéfico para seu rendimento no poker.

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A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS

DE AZAR NO BRASIL Por Leonardo Baptista

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A

legalização dos jogos de azar andou em alta nas últimas semanas. Primeiro, pelas declarações do governo; segundo, pelos números revelados durante evento em Brasília. Os jornais de todo o País noticiaram a proposta de legalização dos jogos defendida por dois ministros do governo Michel Temer. De acordo com a mídia, Henrique Eduardo Alves, do Turismo, e Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, apoiam a legalização dos jogos de azar como medida para aumentar as receitas da União. E como é sabido, já estudam

a possibilidade de permitir a volta de bingos, cassinos, jogos pela internet, jogo do bicho e caça-níqueis no Brasil Essas atitudes, além de elevarem a arrecadação por meio de um projeto de lei que determina que 60% ou 70% do arrecadado vá para a premiação, 7% para os Estados, 3% para os municípios e o restante para a empresa autorizada a explorar a atividade do jogo, visam o desenvolvimento e o estímulo ao turismo em determinas regiões e o crescimento econômico.

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Ainda segundo as notícias, a ideia central é legalizar todos os tipos de jogos já existentes, incluindo bingos, cassinos e o jogo do bicho. O objetivo é tornar legal aquilo que já ocorre clandestinamente sem gerar qualquer benefício ao Estado. E o assunto teve desdobramentos em Brasília. Nos dias 11 e 12 de maio, estive na capital federal para acompanhar o II Brazilian Gaming Congress, e os números apresentados revelam que o faturamento atual dos “jogos legais” gira em torno de R$ 14 bilhões contra os R$ 20 bilhões dos “jogos ilegais”, o que representaria arrecadação de R$ 17 bilhões em impostos com a liberação dos jogos. Ainda falando em valores, o potencial do mercado de jogos no Brasil corresponde a 1% do PIB, ou seja, R$ 59 bilhões de faturamento bruto. Quando falo de turismo e emprego, o poder de atração dos cassinos mostra números mais expressivos. Las Vegas recebe cerca de 40 milhões de visitantes anualmente, desse total, mais de 130 mil são brasileiros. O mesmo acontece no Uruguai. Os brasileiros são responsáveis por 50% do faturamento do Conrad Casino. Hoje, o desemprego no Brasil alcança índices assustadores. Temos 10% da população ativa sem ocupação e em busca de uma nova recolocação. Com a legalização dos jogos de azar, estima-se que seriam criados 400 mil novos postos de trabalho. Fato que faria com que o País retomasse a atividade econômica. Somente como exemplo, nos EUA, para cada uma vaga de trabalho aberta pelo jogo, é criado 1,9 emprego indireto. Agora, nos resta aguardar. A legalização é questão de tempo.

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Leonardo Baptista Leonardo Baptista é fundador e CEO da Pay4Fun, carteira virtual para cobranças e intermediação de pagamentos online.





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Oserque é o melhor? Por João Bauer

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ara ser o melhor naquilo que você faz é muito fácil, basta você ser o mais focado, disciplinado, estudar todos os dias, praticar constantemente, ter um estilo de vida saudável e uma mente treinada para buscar a alta performance em todas as atividades que o cercam. No poker, ser o melhor exige mais ainda. É preciso muito mais do que técnica e ritmo de grind. É necessário perseverança, em retomar dia após dia com a mesma intensidade.

Um grande exemplo do que é ser perseverante é Michael Jordan, o maior ídolo da história do basquete. Jordan afirma que errou mais de 9.000 arremessos na sua carreira, que perdeu quase 300 jogos e que em 26 ocasiões teve a bola do jogo em suas mãos e errou. Ainda assim, continuava treinando. Ele aprendeu a lidar com o erro e identificou que o acerto é fruto do trabalho. Outro grande exemplo disso é Thomas Edson, provavelmente o maior inventor

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norte-americano. Na tentativa de inventar a bateria, falhou por 10 mil vezes, e perguntado como se sentia por ter falhado tanto ele respondeu: “Não sei o porquê de você achar que foi um fracasso. Hoje, eu conheço 10 mil maneiras de como não fazer uma bateria”. Segundo ele, um gênio é 99% transpiração e 1% inspiração. Ser o melhor do mundo como jogador de poker é exatamente isso. É se acostumar com o erro, com a falha, e usar cada deslize como autoaprendizado. Uma forma de você maximizar isso é estudando os erros que já foram cometidos por outros, avaliar pessoas, analisar retas finais de terceiros. Tudo isso envolve parte do processo de transpiração para atingir o êxito. Mas para ser o melhor, você não pode ficar restrito ao mundo do poker. É preciso ir além. Você precisa de um estudo da mente humana, das características do ser humano. Para isso, você pode usar diversas ciências e ou estudos para lhe auxiliarem, desde literatura à hipnose. O que estou tentando mostrar é que ser médio é fácil, basta estudar um pouco, abrir as salas de poker, praticar, tentar entender o que os regulares estão fazendo, fazer um ou outro review e, no final, estará tudo bem. Você terá lucro no final do mês. Se tiver sorte, o famoso big hit pode aparecer também, mas para ser o melhor é necessário transpirar, sair do normal, trabalhar enquanto os outros descansam. Enquanto as outras pessoas vão a um barzinho e esquecem realmente do que fazem, você também pode ir, se divertir, mas há a opção de treinar a sua obser-

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vação, identificar tudo que está rolando em sua mesa, aumentando assim sua visão periférica e criando um processo de treinamento e observação, que são extremamente importantes para o jogador de poker. Se você disciplinar o foco, utilizando métricas perfeitas para cada atividade realizável, o sucesso acaba sendo inevitável. Agora saia do sofá e vá estabelecer suas metas e traçar os caminhos que deve percorrer para alcançá-las. No próximo artigo, vou comentar todos os fatores que devem ser analisados ao se jogar uma mão.

João Bauer @jddnbauer

João Bauer é um dos fundadores do Steal Team. É um dos poucos brasileiros a conquistar um título da principal série de poker online do mundo, o WCOOP. Ele também já chegou à mesa final do LAPT e da WSOP.


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QUANDO O MAR NÃO ESTÁ PARA PEIXE Por Jonathan Little

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á pouco tempo, joguei a Bellagio Cup de US$ 10.000, evento que acontece perto do fim da World Series of Poker. Geralmente, o field é bem fraco, já que muitos profissionais ainda estão no Main Event da WSOP ou tão frustrados que acabam não jogando esse torneio. A Bellagio Cup é como se fosse um “high roller last chance”. Bom, o dia não começou bem para mim. Depois de ir das 40.000 fichas iniciais para 60.000, ganhando vários potes pequenos, eu perdi muitas fichas com A-A versus J-J, em um pote com 4-bet e que meu oponente trincou no river. Isso me deixou com 30.000 fichas. Com os blinds 200-400 e antes de 50, a ação chegou em fold até mim, no button. Com K♥10♥, eu aumentei para

1.000. O big blind, um jogador aparentemente sólido, com o stack inicial, reaumentou para 3.400. Não achei o tamanho da 3-bet dele fora do normal, uma vez que a maioria dos jogadores vêm fazendo reraises de até 3,5 vezes quando estão fora de posição. Eu não estava certo de quão loose seu range de 3-bet era. Ele poderia estar dando raise com A-A ou K-K, mas também com A-X, K-X e suited connectors. A verdade é que eu não tinha uma leitura dele. Mesmo tendo a possibilidade de estar dominado, com um stack de 75 big blinds e em posição, K-10s torna-se uma mão muito forte para simplesmente dar fold. Fazer uma 4-bet tem seus méritos, mas, no geral, vou ficar satisfeito em dar call e ver o flop com uma mão que tem boa equidade.

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O flop vem K♦ 7♦ 2♣, me dando top pair com um kicker marginal. Meu oponente aposta 3.600 em um pote de 7.400. Em um bordo como esse, ele irá fazer uma continuation bet com praticamente todo seu range de 3-bet. Talvez, ele dê check com mão feitas, mas que sejam marginais, como K-3 e Q-Q. Meu top pair é bastante forte para dar fold, mas dar raise está fora de cogitação. Ele daria fold com todas as mãos feitas piores que a minha e daria call com mãos que estariam esmagando a minha ou apenas ligeiramente atrás, como um flush draw. Então, eu paguei. O turn foi um K♠, melhorando minha mão para uma trinca. Ele então aposta 5.600 em um pote de 14.450. É complicado definir um range de second barrel quando você não conhece o oponente. Ele poderia continuar com todo seu range de 3-bet, mas também poderia apostar apenas com trincas e fulls. Acredito que muitos jogadores fariam uma aposta pequena com 10-10, mãos prontas e flush draws. Ele também pode continuar blefando um A-Q, A-J ou A-10, esperando que eu largue todas as mãos piores que trincas. Novamente, dar raise não é uma boa ideia. Ele provavelmente só iria me pagar com

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Contra bons jogadores, você não quer fazer uma aposta com suas mãos fortes dando a entender que você esteja esperando ser pago A-A ou melhor, um range que amassa a equidade da minha mão. O river é uma Q♣. Meu oponente pede mesa. Nesse ponto da mão, eu acredito que ele decidiu tirar o pé do acelerador com alguma trinca, um par alto de mão, Ás-high ou um flush draw que não bateu. Se eu apostar, acredito que ele irá me colocar em um draw. É difícil saber qual o range de call, mas se eu acertar o tamanho da minha aposta, ele pode me dar call até com Ás-high. Não acho que uma aposta pequena, de 6.000, por exemplo, faça sentido. Isso transpareceria


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desespero pelo call. Contra bons jogadores, você não quer fazer uma aposta com suas mãos fortes dando a entender que você esteja esperando ser pago. Uma aposta muito grande também não faria sentido, já que eu não quero deixá-lo acanhado para dar um hero call. Então, eu aposto 13.000 em um pote de 24.450. Sem pensar muito, ele deu call e puxou um grande pote com A-K. Percebam que as únicas mãos que me venceriam no river eram Q-Q, 7-7, A-K e K-J. Já que eu acredito que meu oponente poderia me pagar com algo como A-10, minha aposta é lucrativa no longo prazo. Mesmo se ele pagar apenas com uma Dama ou algo melhor, ainda temos mais combinações de mãos que eu derroto do que eu perco. Dito isso, fiquei bastante satisfeito com a minha jogada. Vale lembrar que se meu oponente fizesse uma aposta por valor no river, eu perderia praticamente a mesma coisa. Eu gosto da maneira como ele jogou, dando check river. Se eu tivesse algo como J-J ou 8-7, eu daria fold. Ao pedir mesa, ele permite que meus draws que não bateram tenham a chance de blefar. Ele jogou bem — e o poker fica bem mais complicado quando seus adversários jogam bem.

Jonathan Little Jonathan Little joga profissionalmente há quase 10 anos. Ele tem dois títulos do WPT e já ganhou mais de US$ 6 milhões em torneios ao vivo.

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KAISER HOLZ O NOVO IMPERADOR DO POKER MUNDIAL Foto de Capa: PokerCentral Fotos: Carlos Monti

Por Marcelo Souza

Apontar quem é o melhor jogador de poker sempre gera bastante polêmica. Em um esporte com tantas variáveis e tanta variância, melhor é um superlativo perigoso a ser usado. Mas desde o início do ano passado, é possível afirmar, sem medo de errar, que alguém ocupou o posto de melhor jogador do mundo, pelo menos nos dias atuais: o alemão Fedor Holz. Fedor tem apenas 23 anos e nos últimos 20 meses ele ganhou US$ 19.676.642 em torneios ao vivo. Isso sem falar no seu mais recente feito, o vice-campeonato no Super High Roller (SHR) da principal série de poker online do mundo, o WCOOP 2016, em embolsou US$ 1 milhão. Mas o mais impressionante foi que em um espaço de apenas dois meses, durante a World Series of Poker e o European Poker Tour Barcelona, ele chegou ao 3-handed de sete torneios SHR e venceu cinco, sendo que um deles lhe rendeu seu primeiro bracelete de ouro. Ao redor do mundo, todos se questionavam se Fedor havia feito alguma descoberta no poker que os outros deixaram passar batido. Onde estaria a variância, que deveria ser enorme em torneios desse tipo? Afinal, a maioria dos fields dos SHRs é composta dos melhores jogadores de cash games e torneios do mundo. Em entrevista exclusiva à Card Player Brasil, Fedor falou sobre sua vida, André Akkari e Global Poker League, a polêmica aposentadoria e, claro, poker.

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Marcelo Souza: Como você começou a jogar poker? Fedor Holz: Eu comecei a jogar quando eu tinha 17 anos. Comecei com um pequeno grupo de amigos, jogávamos cash games com blinds de um e dois centavos e eu apenas perdia (risos). Era só por diversão. MS: E quando a coisa ficou séria? FH: Bom, alguns amigos jogavam nos limites médios e me ensinaram algumas coisas. Aos 18, comecei a jogar online. Eu fazia Ciências da Computação e percebi que eu realmente amava jogava poker. Eu fui jogando cada vez mais e estudando cada vez menos (risos). MS: Qual a origem do seu nickname, “CrownUpGuy”? FH: Eu sempre tive amigos mais velhos. Sempre fui o mais novo da turma. Quando eu tinha 16, eles tinham 18, 19, 20 anos, então eles sempre brincavam dizendo: “Você precisa crescer, cara” [em inglês, “grow up, guy”]. E foi a primeira coisa que veio à minha cabeça na hora de criar o nick, mas resolvi brincar com as palavras e usar “CrownUp”, que seria equivalente a coroar-se (risos). MS: Logo após você vencer o SHR da WSOP, você disse que se aposentaria, mas continua jogando. O que você realmente quis dizer com aposentadoria? FH: Isso apenas significa que eu não jogo mais poker para viver, mas por diversão. Eu era um jogador profissional nos últimos

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quatro anos e agora jogo apenas quando sinto vontade. Não vou fazer tantas viagens e não vou gastar diversas horas no online. Antes, eu jogava em torno de 2.500 horas por ano, agora eu jogo apenas umas 400. Não quer dizer que não vou jogar mais, mas vou jogar bem menos. Veja, um jogador amador, que corre os circuitos não precisa disso para viver. Joga quando quer. É o que acontece comigo hoje. MS: Quais eram os seus métodos de estudo para continuar evoluindo? FH: Para mim, a melhor maneira de aprender é conversar com pessoas. Conversar com alguém é melhor do que usar programas. Pessoas são mais rápidas e espertas. Quando você conversa com alguém, você aprende muito mais. Eu sempre tentei conversar com o máximo de jogadores. Se você tem amigos que são bons no que você faz, vocês poderão aprender uns com os outros e a curva de aprendizado será muito maior. MS: Seus resultados têm causado espanto na comunidade do poker. Afinal, você descobriu alguma coisa que o mundo não sabe? Quero dizer, você não está derrotando amadores, mas os melhores jogadores do mundo. A vantagem entre vocês não deveria ser mínima? FH: Acredito que a grande diferença está na parte mental. Há três anos, eu comecei a trabalhar minha mente. Contratei um “Life Coaching” para trabalhar isso.


Fedor vestiu a camisa do Team EnVyUS para vencer o Super High Roller da WSOP 2016.

Foto: Cardplayer cardplayerbr

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Em novembro do ano passado, comecei a trabalhar com Elliot Roe [famoso “Coaching Mental” especialista em poker. Já trabalhou com nomes como Brian Rast, Gabriel Goffi e Jonathan “Apestyles”]. Ele é sensacional no que ele faz. Ele me motiva muito e trabalha muito a parte da concentração, inclusive usando técnicas de hipnose. Esse é o meu segredo e minha diferença para os outros. Existem muitos jogadores bons, mas que não conseguem jogar bem o tempo todo. Isso porque muitas vezes suas mentes estão em outros lugares. Ficam preocupados com downswings, problemas em casa etc. Quando você trabalha com ele, tudo isso some e você apenas dirige seu foco para o poker. MS: E quanto ao coaching do Holz. Há um preço? FH: Acho que sempre há um preço, mas, no momento, não acho que seja um preço que as pessoas estejam dispostas a pagar. No entanto, se eu acho que uma pessoa é interessante, eu gosto de ajudar,

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conversar com ela, ajudar a descobrir o que é melhor a se fazer. A verdade é que não gosto de dar treinamento em troca de dinheiro. No momento, só quero ser feliz e aproveitar a vida. MS: Como alguém que já fez “Life Coaching”, acredito que você conhece a famosa frase de Jim Rohn: “Você é a média das cinco pessoas com quem passa mais tempo”. Qual sua opinião sobre isso? FH: É muito verdadeira. As pessoas que eu passo mais tempo são grandes amigos e eu admiro cada um deles. Todos eles são muito bons em alguma coisa. Alguns em matemática, ler pessoas etc. Cada pessoa que é próxima de mim me ensina muito, e eles também aprendem comigo. Acho que muitos jogadores de poker não enxergam que eles podem ser bons em outras áreas e se aprimorarem como seres humanos, o que ajuda muito não só no poker, mas também na vida.


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eu gosto muito do Brasil e de todos os brasileiros que conheci atĂŠ hoje

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MS: A Global Poker League (GPL) reuniu os melhores jogadores no mundo. Muitos brasileiros perguntaram ao capitão do São Paulo Mets, André Akkari, por que ele não escolheu você para o time. Mais tarde, ele disse que isso foi um pedido seu. Qual a razão? FH: Eu não quero que os brasileiros pensem que foi porque não gosto do Brasil. Veja bem, eu gosto muito do Brasil e de todos os brasileiros que conheci até hoje. Acontece que a Maria Ho, capitã do LA Sunset, é uma grande amiga minha. Para essa primeira GPL, acho que era muito importante ter essa conexão com o seu time. A GPL não é sobre fazer dinheiro. Eu apenas achei que se entrasse em um time que eu conhecesse as pessoas bem, o desempenho seria o melhor possível. Eu nunca havia conversado com o André antes, mas pelos cinco minutos de bate-papo, ele me pareceu um grande cara que levou tudo numa boa. MS: E como funcionou para você a GPL. Você joga por milhões de dólares a todo momento e, de repente, está jogando um torneio que não paga nada. Dá para levar a sério? FH: É a competição. Enfrentar os melhores. Estar na TV. Eu amo poker,

mesmo sem dinheiro. Gosto das pessoas, da comunidade, da atmosfera. Se você se diverte, você joga bem e quer ganhar. MS:Falandoemcompetição,quando você venceu o One Drop da World Series of Poker, você estava usando a camisa do time de Counter-Strike EnVyUs. Qual sua relação com os esportes eletrônicos (e-sports)? Você também joga? FH: Na verdade, não jogo muito (risos). Prefiro assistir a jogar. Sempre que jogo algo, uma hora é o limite. Eu dedicava tanto tempo ao poker que era difícil jogar outra coisa. Mas eu admiro muito os profissionais de e-sports. Eles têm paixão pelo que fazem. Mesmo que muitos não levem a sério, para mim, é incrível que as pessoas persigam seus sonhos — e esses caras fazem isso. Eles são o símbolo de que você pode ter sucesso fazendo aquilo que ama. Quanto ao EnVyUs, sou um grande amigo do capitão do time, Nathan “NBK-” Schmitt, um cara incrível. Ele me mandou a camisa e decidi usá-la na mesa final.

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é difícil. Isso me deixa cansado de vez em quando. Sua privacidade acaba, as pessoas falam com você e sobre você o tempo todo. Mas eu realmente amo o poker. Se alguém falar mal do poker, minha voz aparecerá na multidão para defender o jogo. E eu sempre vou mostrar para as pessoas o meu ponto de vista sobre o jogo. E acho que todos deveriam fazer o mesmo, serem embaixadores a suas maneiras. Mas mais do que falar, você precisa mostrar isso com ações.

MS: Por que você bloqueou seu nickname em sites de estatísticas como o Pocket Fives, Shark Scope e OPR? FH: Principalmente porque a situação do poker aqui na Europa, financeiramente falando, não é clara. Então, para nós, jogadores, é melhor não deixar essas informações soltas por aí. MS: Dá para ser vencedor no poker semestudarmuitoamatemáticadojogo? FH: Com certeza. Na verdade, não existe toda essa matemática para estudar. Há muita matemática envolvida, claro, mas o poker é também um jogo de lógica. Eu nunca fiz muitos cálculos. Obviamente, eu estudava muito, mas nada como pegar contas complicadas e tentar resolver o jogo. Na maioria das vezes, é apenas lógica. MS: Você tem apenas 23 anos e já é um dos mais famosos jogadores de poker do mundo. Mesmo sem intenção, você é um embaixador do poker. Como carregar esse fardo tão jovem? Isso acelerou o seu amadurecimento? FH: Realmente, há muita pressão. Muitas pessoas formam opiniões sobre você, algumas boas, outras nem tanto (risos). Há muita exposição e isso às vezes acontece de repente. Um dia, ninguém lhe conhece, no outro, você ganha um grande torneio e todos sabem quem você é. Em alguns momentos

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MS: Poucas pessoas têm tanta propriedade para falar de poker online e ao vivo como você. Então, quais as principais diferenças entre um e outro? FH: Acho que a grande diferença é que você tem muito mais vantagem no poker ao vivo. Você joga apenas uma mesa, portanto, seu foco será bem maior. O online está ficando gradualmente mais difícil. Não há muito mais dinheiro entrando, até por causa da Black Friday, e os jogadores estão cada vez melhores. MS: Se lhe pedissem uma lista com os melhores jogadores de poker do mundo, quem estaria na sua? FH: Em cash games online, eu colocaria “OtB_RedBaron” no topo e em torneios online o “bencb789”, que me venceu no heads-up do Super High Roller do WCOOP. Ao vivo, acho que Daniel Colman é definitivamente o melhor.


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MS: Falando em Dan Colman, há dois anos, logo após vencer o The Big One for One Drop, ele disse que o poker é um jogo sombrio. O que você acha disso? FH: Eu acho que ele disse aquilo no calor do momento, mas eu concordo com essa frase dentro da minha interpretação. No poker, para você vencer, alguém tem que perder. Não existe a situação “win-win” (todos vencem). Na maioria das outras profissões, se você ganha, a outra pessoa também ganha. Eu pago por um pedreiro para construir minha casa e ganho um lar em retorno. Eu pago por um bom restaurante e sou alimentado. Você ganha, o dono do restaurante ganha, o pedreiro ganha e todos ficam felizes. Você não vai sentir totalmente realizado, porque é apenas receber, receber e receber. Você dá nada ou quase nada em retorno. Então eu entendo o que ele quer dizer. MS: Há uma maneira de compensar esse lado do poker, de “dar um pouco de volta”? FH: É bem difícil. Porque tem que ser algo natural. Não é fácil jogar poker e ter projetos paralelos. Por exemplo, apenas doar para a caridade não é algo que conta. Isso é meio que mecânico e uma maneira de aliviar sua consciência. Acho que tudo tem que ser natural. Ser uma boa pessoa, respeitar os outros, a sociedade, essa é uma maneira de retribuir o que o poker fez por mim.

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MS: Como é o Fedor fora das mesas? FH: Eu sou uma pessoa muito positiva, sempre querendo fazer algo. Gosto de jogar futebol, acabei de comprar um apartamento em Viena, na Áustria. Vou comprar um cachorro e também viajar para conhecer o mundo. Quero fazer as coisas que sempre quis. O poker me exauriu muito. Às vezes, eu jogava sem querer. Agora é hora de focar em coisas que eu desejo mais do que jogar. MS: Como é ganhar tanto dinheiro? Como as pessoas lhe tratam? FH: É complicado, principalmente com os amigos. Já fui enganado e toda semana alguém me pede dinheiro emprestado. O dinheiro lhe coloca em muitas situações estranhas. Você nunca sabe se alguém está se aproximando por sua causa ou por ter ganhado milhões. Mas ainda bem que tenho verdadeiros amigos para me ajudar a lidar com tudo isso. MS: Você poderia deixar uma mensagem para os brasileiros? FH: Eu estive no Brasil há dois anos. Os brasileiros foram sensacionais comigo. Eles têm uma forma muito positiva de levar a vida. Mas a mensagem que quero realmente deixar para todos é: “Vamooooss, Brasil” (risos).


5 DICAS DE FEDOR HOLZ PARA SE DAR BEM EM TORNEIOS 1. PREPARAÇÃO Você deve planejar o que for jogar. Se alimentar bem, dormir bem. Muitos jogadores apenas sentam em frente ao computador e começam os registros. Organizar-se é fundamental. 2. EVOLUÇÃO Assista vídeos, converse com amigos e pense por você mesmo. Pense sempre cada jogada e, caso tenha dúvidas, revise-as à exaustão. 3. CONHECIMENTO Se você conhece seus adversários, então saberá reagir. Principalmente online, quando você joga contra os mesmos caras. Tome notas e use ferramentas auxiliares, como o Hold´em Manager ou Poker Tracker. 4. INDEPENDENT CHIP MODEL (ICM) Se você quiser ser vencedor, você precisa realmente entender o conceito de ICM. Muitos jogadores sabem o que significa, mas não sabem realmente como utilizá-lo. 5. SEJA COMO ÁGUA Você precisa aprender a se adaptar às retas finais. Principalmente na mesa final, você tem que saber como jogar shorthanded e também heads-up. É impressionante como tantos bons jogadores fazem um torneio perfeito e depois ficam completamente perdidos no heads-up.

OS 7 PRÊMIOS MILIONÁRIOS DE FEDOR HOLZ NO POKER DATA

BUY-IN (USD)

TORNEIO

POSIÇÃO

PRÊMIO (USD)

Julho/2016

$111.111

High Roller for One Drop da WSOP

$4.981.775

Maio/2016

$300.000

Super High Roller Bowl

$3.500.000

Janeiro/2016

$200.000

Super High Roller do WPT Filipinas

$3.463.500

Dezembro/2015

$100.000

WPT Alpha 8

$1.589.219

Agosto/2016

$55.800

Super High Roller do EPT Espanha

$1.473.127

Setembro/2014

$5.200

Main Event do WCOOP do PokerStars

$1.300.000

Setembro/2016

$102.000

Super High Roller do WCOOP do PokerStars

$1.067.639

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Mão 21 Enviada por Bill Sutton, também conhecido por MXRider .

Posição 8 - BB

420.222

Posição 1

167.839 Posição 7 - SB

112.701

Posição 2

60.388

Posição 6 (Button)

Posição 3

362.216 Posição 4

Posição 5

Herói

76.950

126.676

Blinds de 2.500/5.000, ante de 500 Estrutura: Este é um freezeout de $5,50 com mais de 3.000 participantes. Há aproximadamente 60 jogadores restando. Você tem jogado um poker sólido, tight-aggressive, roubando os blinds frequentemente de posição final.

A 5

Flop (39.000): A Posição 7 empurra all-in.

2

5

A CardPlayer.com.br

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A

50

Pré-flop (11.500): Você dá raise para 15.000. A Posição 7 paga do small blind.

10

2

A

271.395


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O que você faz? PearlJammer A-10 de naipes diferentes certamente é uma mão forte o suficiente para abrir o pote do hijack com 25 big blinds, mas ao dar raise de três vezes o big blind, eu desnecessariamente aumento o pote e perco fichas demais quando tomo uma 3-bet pré-flop. Nesta mão, a Posição 7 dá call do small blind, e eu acerto top pair no flop em um bordo razoavelmente seco. Com 39.000 no pote, o meu oponente toma a iniciativa, entrando de all-in por mais do que o dobro do pote! Este tipo de jogada raramente é vista em torneios de buy-in mais alto, mas não é assim tão incomum em torneios com buy-in de $5. Se houvesse um flush draw ou straight draw de duas pontas no bordo que a Posição 7 pudesse razoavelmente ter, este certamente seria um call, uma vez que ele teria essas mãos com frequência demais para que eu desse fold. No entanto, em um bordo tão seco, a gama do meu oponente deve ser de qualquer ás, talvez uma trinca ou dois pares, ou às vezes até mesmo “blefes” como um par na mão ou segundo par jogado de forma estranha. De todas essas mãos, eu só derroto os ases com kickers mais fracos do que o meu, e os blefes. Mesmo assim, eu teria dificuldade para dar fold com top pair com um kicker razoável neste flop, uma vez que não espero que o meu oponente faça esta jogada com o limite superior da sua gama. Eu espero que ele dê check com A-K, A-Q ou uma trinca, tentando preparar uma armadilha e conseguir pelo menos uma continuation bet minha. Ele provavelmente teria feito uma 3-bet com A-K ou A-Q pré-flop; no entanto, em um torneio com buy-in baixo, muitas pessoas dão call com essas mãos em situações nas quais uma 3-bet ou all-in seriam automáticos. Espero que ele mostre A-J a A-7 na maioria das

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vezes, mas uma vez que esta jogada é tão não ortodoxa, e os oponentes em torneios com buy-in baixo frequentemente fazem jogadas deploráveis, ele poderia facilmente mostrar um A-K jogado de forma estranha, ou um Q-Q jogado de forma terrível. Embora esta seja uma situação rara, quando um oponente toma a iniciativa com uma overbet contra mim, gosto de pensar no que eu faria caso tivesse feito uma continuation bet padrão antes de ele fazer esta jogada. Se a resposta for dar call, como seria neste caso (embora seja uma decisão difícil), então eu darei call. Portanto, dou um call um tanto quanto choroso.

Rizen Esta é uma posição realmente precária. Por um lado, tenho top pair, e se a Posição 7 gostasse tanto assim da sua mão, não seria melhor dar check-raise em vez de tomar a iniciativa? Além disso, se ele realmente gostasse da sua mão, não teria apostado um valor que eu provavelmente pagaria, em vez de quase três vezes o pote? Por outro lado, ainda tenho aproximadamente 20 big blinds, e se eu perder, ficarei com apenas 2, tornando dar call e perder um evento catastrófico. Na maioria das vezes, os jogadores que fazem este tipo de jogada as fazem como um semiblefe, ou com uma mão pronta fraca. Neste bordo, acho que uma gama provável seria de 44/33, ou mesmo A-4/A-3. Eu estou tendo muita dificuldade de achar que ele poderia estar jogando uma mão como 55/22. Além disso, a maioria dos ases com kickers mais altos do que o meu teriam dado reraise pré-flop. Eu pagaria o all-in e esperaria estar à frente na maioria das vezes.


Apestyles Com stacks efetivos de 25 big blinds, dar raise de três vezes o big blind pré-flop é uma overbet. Eu daria raise para no máximo 2,3 vezes o big blind. Com stacks de menos de 30 big blinds, não dou raise de mais do que o mínimo com frequência, a menos que a mesa seja extremamente loose pré-flop. No flop, é difícil colocar a Posição 7 com uma gama, uma vez que ele não deveria estar jogando nenhuma mão desta forma. Como posso descobrir o que meu oponente está pensando se ele não está pensando? O meu argumento principal a favor do fold é que não há nenhum draw real, mas eu ainda clicaria no botão de call. Mesmo oponentes inexperientes geralmente dão check com as suas mãos mais fortes neste tipo de bordo, uma vez que o raiser pré-flop geralmente fará uma continuation bet. Tendo dito isto, ele pode não conhecer o conceito de continuation bet! Ele pode ter uma trinca e pensar, “Espero que o meu oponente tenha um ás. Eu entro de all-in”. Se eu fosse obrigado a escolher uma mão específica para o vilão nesta situação, eu imaginaria que ele tivesse três ou quatros. Mas mesmo assim, por que ele não daria check-raise com estas mãos? Na ausência de mais informação, eu prefiro pagar por diversas razões: estou em posição final, então as gamas de mãos são amplas, a maioria dos jogadores daria reraise com os seus ases fortes, e jogadores inexperientes costumam fazer esse tipo de aposta quando querem que o seu oponente dê fold — e não com a parte mais forte da gama. Acho que é melhor presumir que o meu oponente não tem cartas fortes aqui, uma vez que há mais combinações de mãos que eu derroto do que combinações de mãos para as quais eu perco. Afinal de contas, é difícil acertar um flop!

Matthew Uma vantagem que os amadores têm é que às vezes as suas jogadas não ortodoxas são muito difíceis de ler. Isso pode fazer com que os bons jogadores cometam erros ao enfrentá-los. Acho que o herói basicamente entrará de all-in todas as vezes no flop independente das circunstâncias, mas você pode ver quão difícil é colocá-lo com uma mão. O vilão tinha A-J.

Matthew Hilger Matthew é dono da editora Dimat Enterprises, que já lançou títulos como: Advanced Pot-Limit Omaha, Volume II e Volume III, de Jeff Hwang; e Small Stakes No-Limit Hold’em, de Ed Miller, Matt Flynn e Sunny Mehta.

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SOBRE LÓGICA

E FANTASMAS Por Fellipe Nunes

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o poker, pensar logicamente é quase tão essencial quanto dominar conceitos e estratégias. No entanto, por vezes, tendemos a superestimar a leitura das situações. Quando o adversário entra de limp e, sem nenhuma informação adicional, optamos por não dar “raise” com uma mão na qual certamente deveríamos fazê-lo, deixamos a lógica de lado e passamos a agir de acordo com uma leitura breve e superficial. Nesse momento, vimos fantasmas e agimos com medo.

E não sei quanto a vocês, mas eu não acredito em fantasmas. Acredito que o poker, de maneira geral, é bastante exato, assim como suas maravilhosas e confusas linhas de pensamento. Analisando logicamente o exemplo acima, quantos limps são aplicados para fazer um “slowplay” ou uma armadilha com mãos do topo do range? É uma quantidade ínfima quando comparada à quantidade de “limps” aplicados com mãos especulativas ou fracas.

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Se nos deixarmos agir com base nos fantasmas que enxergamos, com o tempo, perdemos não só nossa linha de raciocínio e jogo, mas também a confiança. O limp é uma jogada que representa fraqueza. Se o jogador estivesse com cartas de alto valor, ele daria raise. O limp é aplicado para conseguir avançar até o flop sem precisar pagar muito. Portanto, sua essência é ser uma jogada especulativa, sem grandes propósitos. E se a lógica diz que essa é uma jogada especulativa, bom, não há motivos para enxergar fantasmas. Portanto, para não nos perdermos no jogo, precisamos pensar logicamente e seguir uma linha de raciocínio. Com isso, não quero dizer que poker é estritamente lógica. Caso fosse, uma boa tabela de ranges tornaria todos vencedores. Precisamos ler a mesa, as jogadas do adversário, o estágio em que o torneio se encontra, o histórico dos jogadores, ser criativos para pensar em jogadas que transcendem o básico, entre diversos outros fatores, mas sempre seguindo uma base lógica. Reiteramos com frequência no FLOW que o pensamento

lógico e a confiança são essenciais para construir uma carreira sólida. E deixar que os fantasmas que enxergamos nas mesas guiem nossas ações, com certeza, não vai nos ajudar. Eventualmente, você encontrará adversários que aplicarão jogadas fora do esperado, mas não deixe que esses percalços lhe distanciem da lógica e dos seus estudos. Afinal, de que servem as exceções, senão para justificar as regras?

Fellipe Nunes Fellipe Nunes é um dos principais jogadores de poker do Brasil. Campeão do SCOOP, em 2013, e do BSOP, em 2011, ele possui mais R$ 5 milhões de reais em prêmios na carreira.

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Raise Editora

Para ndado Recome ntes Inicia

Barry Shulman

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Mark Gregorich

para Texas Hold’Em


THE BOOK IS ON THE TABLE

“52 Dicas é um manual de fácil entendimento sobre como jogar Texas Hold’em. É recheado com dicas práticas que lhe ensinará e melhorará o seu jogo de poker de forma fácil e divertida. Nenhuma palavra foi gasta com anedotas sem sentido, tabelas ou estatísticas complicadas difíceis de se lembrar. A primeira e única coisa que fará é torná-lo um melhor jogador de poker”. As palavras de Daniel Negreanu já seriam um atestado, inquestionável, de qualidade a qualquer produto relacionado ao poker, quando falamos de um livro técnico então. Escrito pelo dono da franquia Card Player e campeão do Main Event da WSOPE 2009, Barry Shulman, “52 Dicas para Texas Hold’em” tem coautoria do jogador e escritor Mark Gregorich e é um prato cheio para jogadores de todos os níveis, principalmente para aqueles que jogam limit Hold’em.

DICA 9: NÃO HÁ NADA ERRADO EM APENAS PAGAR COM A-K (p. 41) Esta dica não é absoluta. Há situações nas quais existem jogadas melhores, que também serão tratadas aqui. O problema em “ir para a guerra” com A-K é que essa mão geralmente deve melhorar para um par ou melhor para ganhar o pote. Há vezes nas quais é preferível não comprometer muitas fichas antes do flop; de preferência, você pode dar um smoot call (apenas pagar, isto é, especificamente não dar raise) em um raise com o seu A-K, e esperar para ver o que acontece. Se você acertar um par no flop, pode então passar para um modo mais agressivo. Fazendo isso, você tende a perder o mínimo quando não acertar o flop. Além disso, pode ganhar apostas extras quando acertar a sua mão, uma vez que a falta de agressividade pré-flop pode levar os seus oponentes a subestimarem a sua mão. Basicamente, pagar um raise pré-flop com A-K é preferível quando você sentir que a sua mão precisa melhorar para ganhar, e o reraise é preferível quando você sentir que pode ser capaz de ganhar o pote com apenas Ás como carta alta. Vamos ver como você pode determinar quais condições são o caso:

Fatores que favorecem pagar com A-K • Quando você enfrentar um raiser de posição inicial, é provável que este jogador tenha uma boa mão, talvez um par alto ou até mesmo A-K. Jogadores previsíveis não dão raise com A-X ou mãos como K-J de posição inicial. Assim, é improvável que o seu A-K seja muito favorito sobre a maioria das mãos dos raisers em posição inicial. Entretanto, ela melhora frequentemente o bastante para justificar um call. • Quando um jogador der raise e alguns jogadores tiverem pagado, você definitivamente tem que melhorar para ganhar o pote, uma vez que alguém começou com um par ou acertará um. Além disso, acertando um par no flop, é possível que o raiser original aposte contra o field, estabelecendo uma oportunidade para você preparar uma armadilha aos outros jogadores com um raise.

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Para ndado Recome ntes Inicia

Fatores que favorecem dar reraise com A-K • Quando o único jogador no pote estiver em posição de intermediária à final, você deveria quase sempre dar reraise com A-K. Nesse cenário, é provável que o raiser não tenha nada mais do que cartas altas (ou possivelmente uma mão como A-X suited) e o seu A-K joga muito bem heads-up contra esse tipo de mão. Você também gostaria de eliminar o restante do field, possibilitando que jogue a mão heads-up e em posição. Nessa situação, você tem duas maneiras de ganhar o pote: com uma aposta no flop, ou mostrando o seu ás como carta alta no river. • Quando o raiser original for um maníaco, você provavelmente deveria dar reraise, independente da sua posição. As razões para isso são as mesmas da circunstância anterior, uma vez que você preferiria se livrar dos outros jogadores, além do que teria a melhor mão na maioria das vezes.

TÍTULO: 52 Dicas para Texas Hold’em (52 Tips for Texas Hold’em Poker) AUTORES: Barry Shulman e Mark Grogorich NÚMERO DE PÁGINAS: 154 PREÇO: R$ R$ 52,00 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com

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Fábio Maritan é jogador e instrutor do Samba Poker Team. Ele possui mais R$ 1,8 milhão em prêmios apenas no PokerStars.

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o atual cenário do poker profissional, cada vez mais as vantagens entre os competidores estão atreladas a minúcias, detalhes que, somados, impactam em vantagem competitiva. Gerir adequadamente volume com qualidade de jogo, com certeza, representa um desses diferenciais. Falando mais especificamente de torneios online, uma grande dificuldade de quem está iniciando é conseguir impor um volume adequado. Por restrições físicas e técnicas, considerando que o desenrolar do torneio é composto pelo acúmulo de pequenas decisões, quanto mais torneios em simultâneo, naturalmente, pior é a qualidade das escolhas. Equação chata de balancear, porém uma dose de experiência me permite compartilhar algumas sacadas, uma otimização do que chamamos de “grindar”. Primeiramente, a quantidade de telas que um jogador consegue administrar é algo subjetivo. Falando em torneios, existem jogadores lucrativos administrando

Fábio “f1oba” @f1oba

dezesseis telas simultaneamente, assim como outros que não excedem seis. A grande chave é descobrir qual a quantidade máxima de telas que inibe a capacidade de raciocinar sobre cada decisão. Aquele ponto em que o jogador deixa de ser pensante e se torna um mero “clicador de botões” rasgando dinheiro. A boa notícia é que nosso cérebro aprende muito por experiência, logo é preciso exercitá-lo gradualmente para melhorar suas capacidades. Gerir a quantidade de telas enquanto joga também é mandatório. Falando por mim, atualmente procuro manter entre nove e doze torneios abertos nos momentos de pico, mas cabem algumas ressalvas. É muito diferente administrar doze telas de torneios em estágio inicial/intermediário e doze telas sendo duas delas mesas finais, por exemplo. A sacada aí está em abdicar de determinados registros (ou mesmo pegar alguns registros tardios),

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com objetivo de melhorar a qualidade das decisões no momento em que se exige mais: a mesa final. Nesse ponto, cabe também a disciplina de assistir o registro tardio de um bom torneio se exaurir e entender que amanhã tem mais. Quando estou fazendo uma mesa final, por exemplo, dificilmente tenho mais de cinco telas concorrentes. Uma boa métrica para avaliar o dilema entre volume e qualidade é o ROI (return on investment ). Também chamado de taxa de retorno, nada mais é do que o retorno percentual (positivo ou negativo)

sobre o capital investido. Quanto mais telas em simultâneo, pior tende a ser o ROI e vice-versa. Para entender porque coexistem lucrativamente tanto jogadores volumando insanamente quanto os que optam pela linha de menos telas, além de uma boa base técnica em comum, o ponto é que os jogadores “volumeiros” aceitam um ROI ligeiramente mais baixo e acabam compensando a equação toda no próprio volume. Voltando ao aspecto subjetivo, você deve fazer suas sessões e avaliar o ROI alcançado, com objetivo de encontrar um número ideal.

ROI (%) = [(Lucro do Investimento - Custo do Investimento)/Custo do Investimento] * 100

No mais, cabe ao bom jogador estar cada vez mais preparado para suportar a infinidade de decisões que jogar um torneio exige. Desse ponto em diante, o caminho é multiplicar esta capacidade para o máximo de telas em simultâneo que conseguir, sem perder qualidade. Um profissional de referência na área pode apresentar atalhos significativos neste sentido. Sucesso nas mesas e até a próxima.

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O partypoker é um dos sites de poker pioneiros no mundo e vem investindo cada vez mais para trazer a melhor experiência para seus jogadores — seja ao vivo ou online.

COMO EU CRIO UMA Para começar a sua experiência no partypoker basta acessar o site partypoker.com e clicar no botão “Baixar Gratuitamente”. 1

A partir daí, basta criar sua conta e usufruir de todos os benefícios que só o partypoker pode oferecer.

BÔNUS

O partypoker disponibiliza um bônus único para os jogadores que estão começando a jogar no site. Qualquer valor (até US$ 500) que o usuário colocar em seu primeiro depósito, ele receberá o dobro para poder jogar. Por exemplo, caso você faça um primeiro depósito de $10, o partypoker dá outros $10 para você utilizar nas mesas do site.

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SISTEMA DE RECOMPENSAS

O partypoker oferece um sistema de recompensas exclusivo para seus usuários, que é dividido em quatro categorias: Bronze, Prata, Ouro e Palladium. Para atingir uma categoria, você precisa acumular determinado número de pontos por mês. A cada $1 de rake, você ganha dois pontos. Por exemplo, ao jogar um torneio de $22 — em que $20 vão para a premiação e $2 correspondem à taxa administrativa do site (rake) —, você acumula quatro pontos. Os pontos podem ser trocados por entradas de torneios (tíquetes) ou por dinheiro. BRONZE – 0 ponto/mês Recompensas: tíquetes de até $22 PRATA – 50 pontos/mês Recompensas: tíquetes de até $109 OURO – 750 pontos/mês Recompensas: tíquetes de até $530 e até $100 em dinheiro. PALLADIUM – 2.000 pontos/mês Recompensas: tíquetes de até $1.000 e até $500 em dinheiro.

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MISSÕES

No partypoker, o jogador ainda tem a opção de realizar “Missões”. As missões dão ao usuário objetivos que o desafiam a experimentar novas coisas e aprimorar o próprio jogo. Mas não existem obrigação. É possível completá-las em um ritmo tranquilo. Mas aprimorar as suas habilidades no poker é apenas um dos benefícios aqui. O partypoker dá recompensas extras para cada missão concluída, que incluem tíquetes para torneios, dinheiro, bônus etc. Para escolher uma missão, basta entrar em “Missions”, depois clicar em “Overview” e encontrar uma Missão que você goste. As missões que você pode iniciar terão um ícone “jogar” (play) ao lado. Missões com um ícone de cadeado estão bloqueadas. Para liberá-las é preciso cumprir algum tipo de missão antes. Depois de começar uma missão, o jogador ainda tem a opção de pausar a mesma e começar uma outra.

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TORNEIOS O partypoker conta com uma das melhores grades de torneio da internet, atendendo jogadores de todos os limites, dos mais baixos até aqueles que gostam apenas de high rollers. Múltiplas Fases Nos torneios de múltiplas fases, você pode jogar um evento de até US$ 250.000 garantidos. Esses torneios consistem em duas fases. As Fases 1 estão disponíveis ao longo da semana e se você durar 16 níveis, se classifica para a Fase Final, que acontece no domingo. Se for eliminado, basta tentar novamente — você pode jogar a Fase 1 quantas vezes quiser. Caso se classifique e não esteja satisfeito com seu stack, você pode se classificar novamente e levar seu melhor stack para o Fase Final. Com buy-ins entre US$ 5,50 e US$ 109 e torneios de segunda a domingo, eventos de múltiplas fases lhe dão a chance de pagar pouco para tentar ganhar muito dinheiro.

Nível

Fase 1

Fase 1

Fase Final (Domingo)

BUY-IN

Premiação Garantida

Peso Pena (Featherweight)

Segunda a sábado (a cada 2 horas, das 14h às 4h)

Domingo (a cada hora, das 10h às 17h)

Às 18h30

$5,50

$50.000

Peso Médio (Middleweight)

Segunda a sábado (a cada 2 horas, das 14h às 4h)

Domingo (a cada hora, das 10h às 17h)

Às 18h30

$22

$100.000

Peso Pesado (Heavyweight)

Segunda a sábado (a cada 2 horas, das 16h às 2h)

Domingo (a cada 2 horas, das 10h às 16h e também às 16h)

Às 18h30

$109

$250.000

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Torneios PESO PENA

O partypoker trabalha com três frentes de buy-in em seus torneios regulares, classificadas em: Peso Pena (Featherweight), Peso Médio (Middleweight) e Peso Pesado (Heavyweight). Além dos torneios de múltiplas fases, existem também aqueles de fase única, mais conhecidos pelo público. No Peso Pena, você encontrará mais de 170 torneios com buy-ins de $5,50 a $11. O principal deles é o The Jab, um torneio diário de $5,5 com premiação garantida de $7.500, de segunda a sábado, e de $10.000 aos domingos. Você pode jogar os torneios Peso Pena diariamente entre 10h e meia-noite.

Torneios Peso Médio

Entre os Pesos Médios são oferecidos mais de 230 torneios semanais, com entradas entre $22 e $55, sendo mais de US$ 850 garantidos pelo partypoker. O The Contender, com buy-in de apenas $22, garante $15.000, de segunda a sábado, e $25 mil aos domingos. Já o The Cournterpunch tem buy-in de $55 e premiação garantida de $7.500. Ele também acontece diariamente. Você pode jogar os torneios Peso Médio todos os dias de 6h às 4h.

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Torneios Peso Pesado

Com mais de US$ 1 milhão distribuídos durante a semana, os mais de 60 torneios Peso Pesado do partypoker têm buy-in entre $109 e $215. Carro-chefe da categoria, o Title Fight ocorre aos domingos, às 19h. Com buy-in de $215, o Title Fight tem premiação garantida progressiva. Começando em $300.000 garantidos, toda vez que o garantido for batido, o partypoker aumentará em US$ 25.000 a premiação garantida da próxima semana. O Title Fight ainda possui a melhor estrutura da internet, com stack inicial de 30.000 fichas e subida de blinds a cada 20 minutos. Por quase metade do preço do Title Fight, você pode jogar o Main Event. Com buy-in de $109, o Main Event é jogado também aos domingos, às 19h, e tem premiação garantida de US$ 150.000. Por fim, o Uppercut e o Weigh-In. Enquanto o Uppercut ocorre de segunda a sábado, com buy-in de $109 e garantido de US$ 50.000, o Weigh-In é um torneio diário. Com entrada também de $109, ele tem premiação garantida de US$ 25.000 todos os dias, exceto aos domingos, quando esse valor sobe para US$ 50.000. Os torneios Peso Pesado podem ser jogados diariamente entre 10h e 1h.

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High Rollers

Para quem gosta de jogos ainda mais caros, o partypoker oferece mais de 20 high rollers semanais, que distribuem mais de um milhão de dólares. Os valores das entradas variam entre $530 e $2.600. Confira a grade:

Data*

Buy-in

Garantido

Domingo (15h)

$530

$150.000

Domingo (13h)

$530

$100.000

Domingo (18h)

$530

$25.000

Domingo (15h)

$2.600

$100.000

Segunda-feira, quarta-feira, quinta-feira e sábado (15h)

$530

$50.000

Segunda-feira a Sábado (17h)

$530 (Turbo)

$20.000

Segunda-feira a Sábado (13h)

$530

$20.000

Terça-Feira (15h)

$530

$20.000

Terça-Feira (15h)

$530

$100.000

*Sujeito a alterações

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