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PROFISSÃO: POKER QUANDO O LIMP É UMA BOA JOGADA

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SUMÁRIO DUSTY SCHMIDT

14 LIMP(E) SUAS IDEIAS Dusty mostra que entrar de limp pode ser, sim, uma boa jogada. Conheçam o overlimp.

FÁBIO MARITAN

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ESPECIAL 28. O MAIS NOVO EMBAIXADOR DO POKER BRASILEIRO Entrevista com Hélio Neves, novo sócio do Samba Team e Team Pro do PPI Poker.

O QUE NÃO PODE FALHAR

“F1oba” fala sobre toda a estrutura física que você precisa para ter uma alta produtividade no poker online.

MATTHEW HILGER

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ANÁLISE DE MÃO

46. THE BOOK IS ON THE TABLE

Um dos mais respeitados escritores do poker comenta seu aprendizado diante das análises de três grandes jogadores do poker online. MOACIR MARTINEZ

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E MAIS Teoria do Poker, de David Sklansky

52. CARD CLUB Clubes de poker.

ENTRE OUTS E ODDS

Aprenda como calcular de maneira simples as chances de melhorar a sua mão.

WENDEL LAUTERTE

54 PROFISSÃO: POKER Em mais um artigo do Time da Forra, Wendel Lauterte fala sobre o duro, mas gratificante, caminho para quem quer se profissionalizar.

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LIMP(E) SUAS IDEIAS Tradução e adaptação: Marcelo Souza

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Por Dusty Schmidt


N

o artigo de hoje, um tema um pouco polêmico: o overlimp, que nada mais é do que entrar de limp quando um ou mais jogadores também já entraram de limp. Há um consenso de que entrar de limp é um jogada fraca e ruim. Geralmente, sim. Mas, principalmente em cash games ao vivo, há situações em que prefiro o limp ao raise. Vamos ver algumas situações:

♠ Você tem uma mão que joga melhor contra vários jogadores Pares pequenos e suited connectors podem se beneficiar das implied odds quando há muitos oponentes na mão. Dar raise é uma opção com essas mãos, se seus oponentes tendem a dar fold com frequência antes do flop. Mas em jogos loose, com oponentes que gostam bastante de ver flop, o melhor é também entrar de limp e tentar acertar uma boa mão em um pote multiway (com três ou mais jogadores).

Sua mão joga melhor em heads-up, mas é improvável que você vá conseguir tirar outros jogadores da mão Querer jogar um pote heads-up é elegante, ideal, mas quando você está em uma mesa com mais jogadores, depende deles deixarem você sozinho com o limper (jogador que entrou de limp). Mesmo se há apenas um limper antes de você, um ou mais jogadores podem dar call depois que você aumentar. É importante observar principalmente se o big blind (BB) e o button (BTN) gostam de defender suas posições. Se eles gostam de jogar muitas mãos, então você poderá ter muitos problemas se tentar isolar um limper.

Você tem uma mão que gostaria de jogar, mas alguém provavelmente irá empurrá-lo para fora do pote se você der raise Algumas vezes, temos mãos que valem apena jogar com um aumento, mas

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não com dois. Explico. Se há um jogador depois de você que gosta de fazer 3-bets quando há tentativas de isolar o limper, então você deve se tornar um dos caras a ser isolado. Em artigos futuros, darei dicas de como combater esses jogadores que jogam agressivamente dando reraises, mas, por agora, entenda que com esse tipo de jogador à sua esquerda, pode ser um estorvo tentar isolar um limper. Se você quer mesmo ver um flop e o jogo está muito loose, o overlimp é uma boa opção.

Quando sua mão é melhor jogando contra apenas um jogador, mas você dificilmente conseguirá se colocar em uma posição de heads-up, é preciso pesar os riscos de se envolver em um pote multiway e os benefícios de manter o pote pequeno. Com uma mão como A♦9♠, você deve provavelmente dar raise ou fold. No entanto, dar call é uma opção com A♣9♣.

REQUERIMENTOS PARA O OVERLIMP Sua mão é forte o bastante para jogar Sua mão não é forte o bastante para pagar uma 3-bet Sua mão joga bem contra vários jogadores Seus oponentes, provavelmente, vão lhe deixar ver o flop quando entrar de limp

Vamos a alguns exemplos: $5-$10 – No-Limit Hold’em – 9 jogadores Stacks: Todos têm cerca de $1.000 Informações: O UTG é loose e fraco. O jogador à sua esquerda é um relativamente tight Pré-flop: Você tem A♦5♣ no hijack UTG entra de limp, 3 folds, você paga, 2 folds, SB paga, BB pede mesa Flop: K♣8♦3♦ ($40 – 4 jogadores) SB check, BB aposta $25, UTG fold, você fold, SB fold Resultado: Você joga suas cartas fora e o BB puxa o pote. Análise: Você perdeu uma ótimo oportunidade de isolar o limper com um raise e acabou em um pote com quatro jogadores. Se você estiver em heads-up, sendo o joga-

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dor que aumentou pré-flop, você levará o pote com frequência com uma simples continuation bet (c-bet). Quando você utiliza o overlimp, geralmente terá que acertar uma mão para levar o pote. Neste caso, um dos adversários decidiu apostar no flop e você, sabiamente, deu fold com seu Ás-high. Você deu limp, errou e perdeu. Esse não é o problema. O problema é que sua mão lhe dá poucas chances de acertar um monstro e levar um grande pote multiway. $5-$10 – No-Limit Hold’em – 9 jogadores Stacks: Todos têm cerca de $1.000 Informações: O UTG é loose e fraco, assim como os jogadores à sua esquerda Pré-flop: Você tem A♦5♦ no hijack UTG entra de limp, 3 folds, você paga, cutoff paga, BTN paga, SB paga, BB pede mesa


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Flop: K♣8♦3♦ ($60 – 6 jogadores) SB check, BB aposta $45, UTG fold, você paga, cutoff paga, BTN paga, SB fold Turn: J♦ ($240 – 4 jogadores) BB aposta $150, você paga, cutoff fold, BTN fold River: 2♣ ($540 – 2 jogadores) BB aposta $300, você all-in, BB call Resultado: BB mostra K♦2♥, e você puxa um grande pote com o nuts. Análise: Esta mão é muito similar à anterior, mas há duas diferenças importantíssimas. A primeira é que sua mão é suited. Mãos do mesmo naipe jogam melhor potes multiway do que uma mão offsuit. A segunda diferença é que os jogadores à sua esquerda são fracos e gostam de jogar muitas mãos. Quando você tem uma mão boa para jogar contra vários jogadores, você quer esse tipo de adversário com você. Eles cometerão grande erros pós-flop se você lhes der essa oportunidade. Aumentar com A♦5♦ não é uma jogada ruim aqui, mas dar apenas call encaixa perfeitamente. Depois do flop, o cenário dos sonhos: você consegue o nut flush draw, o BB sai apostando e você é um dos três jogadores que deram call.

Quando o turn traz seu flush nuts, você apenas dá call para que os outros jogadores tenham a chance de errar. Você teve sorte de o BB ter acertado uma grande mão, mas, no final, só foi pago porque ele é o tipo de jogador que gosta de ver um flop com uma mão como K-2 de naipes diferentes. Conclusão Quando um jogador entra de limp antes de você, dar raise é geralmente a melhor jogada, mas, como vimos, não esqueça que o overlimp pode ser também uma ótima tática.

Dusty Schmidt @dustyschmidt dusty.schmidt

Dusty “Leatherass” Schmidt é instrutor no DragTheBar.com. Ele já disputou cerca de 7 milhões de mãos online e ganhou mais de 3 milhões de dólares.

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O QUE NÃO PODE FALHAR

Condições relevantes para uma boa produtividade no poker online Por Fábio “F1oba” Maritan

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uitas telas, variáveis e decisões difíceis contra diferentes tipos de adversários ocorrendo simultaneamente. Por mais que você não queira e tente minimizar, jogar poker em alto nível lhe expõe a errar. E errar bastante. Até aí, tudo normal. Jogadores erram e tiram lições de seus erros todos os dias. Entretanto, existem alguns aspectos que não podem falhar: cuidados básicos com

seus equipamentos e suprimentos essenciais para produzir, a nossa setup. Primeiramente, invista em uma máquina de qualidade e bom desempenho. Não dá pra tolerar uma computador que engasgue no meio daquela mão importante. O ideal é algo voltado especificamente para o trabalho e que suporte os softwares das salas mais populares e dos softwares de apoio e estudo. Olhando para as opções do mercado e sendo mais específico, alguns requisitos mais que suficientes seriam algo como: processador com dois núcleos ou mais, 4 GB de memória RAM, disco rígido de 500 GB com 7200 RPM e uma boa placa de vídeo. Uma dica são os

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discos rígidos com tecnologia SSD. Apesar de mais caros, melhoram muito o desempenho, principalmente dos softwares auxiliares, como Poker Tracker e o Hold’em Manager, que trabalham com bases de dados robustas. Sobre monitores, mais importante que o número de polegadas é a resolução dos mesmos para que não haja sobreposição das mesas. Ao meu ver, dois monitores de 23’’ com resolução igual ou maior que Full HD (1920 x 1080) são suficientes. As jornadas de trabalho são longas e exigem muito preparo físico e mental. Fadiga em meio as decisões não é opção. Uma cadeira bem acolchoada e com apoios para uma postura adequada é fundamental para seu conforto e para evitar desgastes, principalmente em sua coluna. Há boas opções de poltronas e cadeiras executivas no mercado — não hesite em investir pesado nesse sentido. Mais frustrante que os erros é não ter nem a opção de errar. Nada pior que não ter uma conexão rápida e estável com a rede. Você trabalhou por oito horas, está no meio daquela mão importante na mesa final e sua conexão não responde. E agora? Além de uma conexão principal de confiança, tenha uma conexão de backup, caso a principal falhe, pronta para uso. Uma boa opção para backup são os planos com mini modens com tecnologia 3G ou 4G das operadoras de telefonia móvel.

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O ambiente adequado também é muito importante, não só para os dias de grind, mas também para os dias de estudo, já que ambos exigem muita concentração. É essencial mantê-lo limpo e organizado. No mais, muita dedicação e foco para manter a cabeça fresca e tomar as melhores decisões possíveis. Acima de tudo, crie as condições para jogar poker de forma prazerosa. Afinal, o poker é bastante divertido, certo? Um grande abraço e até a próxima.

Fábio “f1oba” @f1oba

Fábio Maritan é jogador e instrutor do Samba Poker Team. Ele possui mais R$ 1,8 milhão em prêmios apenas no PokerStars.


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R O D A X I A B M E O V O O MAIS N R I O E L I S A R ER B

K O P DO

Po r M a r c e l o S o u z a

Hélio Neves é um dos principais nomes do poker brasileiro. Mesmo desconhecido por uma parte do grande público, entre seus colegas de profissão, Hélio é extremamente respeitado, principalmente por ser um dos jogadores mais vencedores do Brasil em jogos de heads-up. Fundador do extinto time Copo de Neve, ele se tornou sócio do Samba Team, juntando sua mente afiada com as de Kelvin Kerber, Fabiano Kovalski e Guilherme Cheveau. Agora, a regularidade do baiano de 26 anos, nos feltros ao vivo e virtuais, lhe rendeu mais uma oportunidade dentro do poker. Hélio acaba de se torna o embaixador do PPI Poker, um novo site que traz uma proposta diferente para jogadores. Em entrevista exclusiva à Card Player, o campeão do Super High Roller do WSOP Circuit Brasil e recordista de mesas finais no PokerStars Championship Panamá falou sobre seu novo momento dentro do poker.

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Marcelo Souza: Como surgiu o convite para integrar o time de profissionais do PPI Poker? Hélio Neves: No ano passado, eu consegui vários resultados de expressão em nível mundial. Venci o TCOOP, consegui um anel do WSOP Circuit, assumi a liderança do ranking brasileiro no Pocket Fives quando o João Simão e João Mathias estavam distraídos (risos) e tive muito sucesso com o meu ex-time, o Copo de Neve. No final do ano, ainde me juntei ao Samba Team, o que deu mais evidência. Isso chamou a atenção do Casey “bigdogpckt5s“ Jarzabek, que é dono do site e muito conhecido no poker americano. Como eles são um site de jogador para jogador, acredito que acharam que meu perfil se encaixava, então abracei a ideia.

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MS: O que você poderia nos falar sobre o PPI Poker? HN: Os caras já chegaram investindo em um time de embaixadores de diversos países: o próprio Casey Jarzabek, a russa Darya Krashennikova, o canadense Mike Leah, o português Pedro Oliveira e o canadense Danny Noseworthy. Sobre o software, nós temos uma grade de torneios com mais US$ 100 mil garantidos, diariamente, sendo que muitos estão dando overlay, já que o site ainda é pouco conhecido. Mas os campeonatos estão muito bons. Eles têm investido bastante em inovações e buscam trazer várias propostas inéditas, com jogos e recursos diferentes. Nos eventos de bounties, por exemplo, você já ganha os seus bounties após o estouro da bolha. Os cash games não têm limite máximo de buy-in, há também jogos que você só pode jogar de all-in. Oferecemos também


o “rabbit hunting”, ou seja, quando você dá fold, você pode ver a carta que seria virada. E um dos recursos mais legais é a compra de ação. Você pode abrir sua “cavalada” no lobby do site. Tenho certeza que vieram para ficar. MS: Agora, falando um pouco da sua carreira. Você ficou famoso principalmente por jogar heads-up (HU). É justa sua fama na modalidade? HN: Bem, eu comecei a jogar poker no início de 2008 e eu jogava em todos os tipos de jogos baratos. Em tudo, eu conseguia ganhar alguma coisa, mas mixaria. O primeiro resultado grande que tive foi no SCOOP, um torneio de HU com mais de 16 mil jogadores. Fiquei em quinto e ganhei um prêmio grande. Por causa do resultado, eu pensei que sabia jogar HU e fui para os cash games. Lá, ganhei muita experiência nas mesas de $0,25/$0,50. No final de

2009, migrei para os SNGs de HU. No primeiro dia, ganhei uns 20 buy-ins e aí, logicamente, eu gostei do jogo. Para minha sorte, naquela época, os jogos eram bem fáceis e eu podia criar essa ilusão de que sabia jogar (risos). Com o tempo, fui melhorando cada vez mais. Até 2014, eu jogava praticamente só HU. Torneios, apenas aos domingos e nas séries. Joguei mais de 150.000 SNGs de HU, mais de 5 milhões de mãos, e meus resultados foram muito bons. Mas a partir de 2014 os jogos foram morrendo. Eu jogava turbo, mas tive que mudar para o hyper-turbo, que ficou pior com os spins e com o aumento do rake do PokerStars. Com isso, cheguei à conclusão que era melhor focar nos torneios. MS: Nesta nova fase de torneios, você fundou o Copo de Neve e, agora, se junta ao Samba como sócio. O que você acrescenta ao time?

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HN: Acho que já temos grandes jogadores no comando, mas isso não é a grande vantagem. O que a gente tem de melhor é a diversidade. As qualidades que eu tenho são diferentes das do Kelvin, do Cheveau e do Kovalski. Cada um tem conhecimentos diferentes. Eu tenho bastante experiência nos HUs, softwares e matemática do jogo. O Kovalski sabe muito de SNGs e estruturas hyper-turbo. O Cheveau tem muito conhecimen-

to de turbos e do Sunday Million. E o Kelvin, bem, o Kelvin é o rei dos torneios (risos). Chegando ao time, vi logo que tem muita coisa que pensamos totalmente diferente, mas isso é uma coisa bastante positiva. Eu sei que a minha maneira acrescenta algo no jogo deles e vice-versa. Acho que o nosso potencial de crescimento é infinito. Cada um domina sua área. MS: Você falou que tem grande conhecimentos sobre softwares. Dá para vencer sem eles? HN: Tudo é possível, mas quem não usa está em desvantagem. Muitos conseguem algum tipo de sucesso no poker só no talento, sem usar esses recursos, mas se usassem estariam muito além. Assim como tem gente que não tem nenhum talento, mas com esforço e com estudo consegue chegar a um nível bom, principalmente por causa de estudo e desses recursos. MS: Como o mais novo embaixador do poker brasileiro, quais os seus planos para o poker em 2017? HN: Não sou muito de traçar metas específicas. Eu simplesmente busco fazer o meu melhor sempre. No ao vivo, eu procuro disputar grandes torneios na América Latina no primeiro semestre. No segundo semestre, devo ir para Europa jogar algo. No online, o objetivo é ir bem nos domingos e nas séries. Neste ano, quem sabe não vem a tríplice coroa dos “coops”. Já cheguei muito perto. Eu tenho um título no TCOOP, um vice no SCOOP e um sexto no WCOOP. Se não vier este ano é um plano a longo prazo. É uma conquista que eu busco muito. Além disso, quero ajudar bastante no desenvolvimento do Samba. É sempre bom você ver os seus alunos se dando bem, ganhando torneios grandes. E, por fim, ajudar no crescimento do PPI no Brasil.

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HÉLIO NEVES AO VIVO DATA

TORNEIO

BUY-IN

COLOCAÇÃO

PRÊMIO

20/10/2016

Super High Roller do WSOP Circuit Brasil

R$ 20.000

R$ 190.000

11/03/2017

Evento #4 do PokerStars National Championship

US$ 1.100

US$ 60.660

17/07/2015

Main Event do Latin American Poker Tour

US$ 2.500

US$ 35.360

07/08/2011

High Roller do BSOP São Paulo

R$ 3.000

R$ 50.400

19/03/2017

Evento #25 do PokerStars National Championship

US$ 2.200

US$ 18.660

“HNEVES182” ONLINE DATA

TORNEIO

BUY-IN (USD)

COLOCAÇÃO

PRÊMIO (USD)

21/01/2016

Evento #1 do TCOOP

$27

$111.000

17/05/2015

Sunday 500

$530

$63.500

14/06/2015

Sunday 500

$530

$58.261

27/04/2014

Sunday Rebuy

$109+R

$56.592

26/09/2016

Evento #82 do WCOOP

$1.050

$40.977

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E S I L Á N A

O Ã M DE t t he w

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U ma ker – em o P e d nç ad o orneio ncer T ez Vol. I I I, la a, é uma e V o om aV itor oker. e C ad ise Ed M ão d ês pela R a atura de p r i c E r u e por tug ias em lit r ” Tur n e r, leet c F e n n m am e ferê ” Va das r o n “ P e a r l J “A pest yles rnet. N o e J n in o o eJ na t N e le Lynch os jogadas o um resum ” n e o ç ã a ig f m “ Riz t r , Hilger am 5 0 es te a analis , M at thew s. A mão d a eu final, es aprendid livro. õ ç li 21 do das úmer o n e d éa

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Mão 21 Enviada por Bill Sutton, também conhecido por MXRider .

Posição 8 - BB

420.222

Posição 1

167.839 Posição 7 - SB

112.701

Posição 2

60.388

Posição 6 (Button)

Posição 3

362.216 Posição 4

Posição 5

Herói

76.950

126.676

Blinds de 2.500/5.000, ante de 500 Estrutura: Este é um freezeout de $5,50 com mais de 3.000 participantes. Há aproximadamente 60 jogadores restando. Você tem jogado um poker sólido, tight-aggressive, roubando os blinds frequentemente de posição final.

A 5

Flop (39.000): A Posição 7 empurra all-in.

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5

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A

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Pré-flop (11.500): Você dá raise para 15.000. A Posição 7 paga do small blind.

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271.395


OS MELHORES BARALHOS DO MUNDO

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O que você faz? PearlJammer A-10 de naipes diferentes certamente é uma mão forte o suficiente para abrir o pote do hijack com 25 big blinds, mas ao dar raise de três vezes o big blind, eu desnecessariamente aumento o pote e perco fichas demais quando tomo uma 3-bet pré-flop. Nesta mão, a Posição 7 dá call do small blind, e eu acerto top pair no flop em um bordo razoavelmente seco. Com 39.000 no pote, o meu oponente toma a iniciativa, entrando de all-in por mais do que o dobro do pote! Este tipo de jogada raramente é vista em torneios de buy-in mais alto, mas não é assim tão incomum em torneios com buy-in de $5. Se houvesse um flush draw ou straight draw de duas pontas no bordo que a Posição 7 pudesse razoavelmente ter, este certamente seria um call, uma vez que ele teria essas mãos com frequência demais para que eu desse fold. No entanto, em um bordo tão seco, a gama do meu oponente deve ser de qualquer ás, talvez uma trinca ou dois pares, ou às vezes até mesmo “blefes” como um par na mão ou segundo par jogado de forma estranha. De todas essas mãos, eu só derroto os ases com kickers mais fracos do que o meu, e os blefes. Mesmo assim, eu teria dificuldade para dar fold com top pair com um kicker razoável neste flop, uma vez que não espero que o meu oponente faça esta jogada com o limite superior da sua gama. Eu espero que ele dê check com A-K, A-Q ou uma trinca, tentando preparar uma armadilha e conseguir pelo menos uma continuation bet minha. Ele provavelmente teria feito uma 3-bet com A-K ou A-Q pré-flop; no entanto, em um torneio com buy-in baixo, muitas pessoas dão call com essas mãos em situações nas quais uma 3-bet ou all-in seriam automáticos. Espero que ele mostre A-J a A-7 na maioria das

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vezes, mas uma vez que esta jogada é tão não ortodoxa, e os oponentes em torneios com buy-in baixo frequentemente fazem jogadas deploráveis, ele poderia facilmente mostrar um A-K jogado de forma estranha, ou um Q-Q jogado de forma terrível. Embora esta seja uma situação rara, quando um oponente toma a iniciativa com uma overbet contra mim, gosto de pensar no que eu faria caso tivesse feito uma continuation bet padrão antes de ele fazer esta jogada. Se a resposta for dar call, como seria neste caso (embora seja uma decisão difícil), então eu darei call. Portanto, dou um call um tanto quanto choroso.

Rizen Esta é uma posição realmente precária. Por um lado, tenho top pair, e se a Posição 7 gostasse tanto assim da sua mão, não seria melhor dar check-raise em vez de tomar a iniciativa? Além disso, se ele realmente gostasse da sua mão, não teria apostado um valor que eu provavelmente pagaria, em vez de quase três vezes o pote? Por outro lado, ainda tenho aproximadamente 20 big blinds, e se eu perder, ficarei com apenas 2, tornando dar call e perder um evento catastrófico. Na maioria das vezes, os jogadores que fazem este tipo de jogada as fazem como um semiblefe, ou com uma mão pronta fraca. Neste bordo, acho que uma gama provável seria de 44/33, ou mesmo A-4/A-3. Eu estou tendo muita dificuldade de achar que ele poderia estar jogando uma mão como 55/22. Além disso, a maioria dos ases com kickers mais altos do que o meu teriam dado reraise pré-flop. Eu pagaria o all-in e esperaria estar à frente na maioria das vezes.


Apestyles Com stacks efetivos de 25 big blinds, dar raise de três vezes o big blind pré-flop é uma overbet. Eu daria raise para no máximo 2,3 vezes o big blind. Com stacks de menos de 30 big blinds, não dou raise de mais do que o mínimo com frequência, a menos que a mesa seja extremamente loose pré-flop. No flop, é difícil colocar a Posição 7 com uma gama, uma vez que ele não deveria estar jogando nenhuma mão desta forma. Como posso descobrir o que meu oponente está pensando se ele não está pensando? O meu argumento principal a favor do fold é que não há nenhum draw real, mas eu ainda clicaria no botão de call. Mesmo oponentes inexperientes geralmente dão check com as suas mãos mais fortes neste tipo de bordo, uma vez que o raiser pré-flop geralmente fará uma continuation bet. Tendo dito isto, ele pode não conhecer o conceito de continuation bet! Ele pode ter uma trinca e pensar, “Espero que o meu oponente tenha um ás. Eu entro de all-in”. Se eu fosse obrigado a escolher uma mão específica para o vilão nesta situação, eu imaginaria que ele tivesse três ou quatros. Mas mesmo assim, por que ele não daria check-raise com estas mãos? Na ausência de mais informação, eu prefiro pagar por diversas razões: estou em posição final, então as gamas de mãos são amplas, a maioria dos jogadores daria reraise com os seus ases fortes, e jogadores inexperientes costumam fazer esse tipo de aposta quando querem que o seu oponente dê fold — e não com a parte mais forte da gama. Acho que é melhor presumir que o meu oponente não tem cartas fortes aqui, uma vez que há mais combinações de mãos que eu derroto do que combinações de mãos para as quais eu perco. Afinal de contas, é difícil acertar um flop!

Matthew Uma vantagem que os amadores têm é que às vezes as suas jogadas não ortodoxas são muito difíceis de ler. Isso pode fazer com que os bons jogadores cometam erros ao enfrentá-los. Acho que o herói basicamente entrará de all-in todas as vezes no flop independente das circunstâncias, mas você pode ver quão difícil é colocá-lo com uma mão. O vilão tinha A-J.

Matthew Hilger Matthew é dono da editora Dimat Enterprises, que já lançou títulos como: Advanced Pot-Limit Omaha, Volume II e Volume III, de Jeff Hwang; e Small Stakes No-Limit Hold’em, de Ed Miller, Matt Flynn e Sunny Mehta.

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ENTRE

OUTS e ODDS Por Moacir Martinez

Q

uando estamos em uma mesa de poker, ouvimos muito sobre outs e odds do pote. Esses dois elementos estão interligados no poker, ou seja, eles dependem um do outro. Os outs são aquelas cartas que se aparecerem no bordo farão com que você vença a mão e leve o pote. Já as odds do pote é a razão entre o tamanho do pote e aposta do adversário. Para que seu call seja correto, do ponto de vista matemático, as odds do pote devem ser maiores do que as chances de acertar sua mão. Mas como calcular isso de maneira fácil?

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Quando você recebe suas duas cartas (hole cards) e temos a abertura do flop, há 47 cartas não reveladas, então: X = 100 x {1 – [(47 – NC)/47] x [(46 – NC)/46)]}, em que “NC” é o número de cartas que melhoram o seu jogo, o número dos seus outs; e “X” são as chances de você acertar um desses outs, de completar a mão para que ela seja vencedora. Por exemplo, você recebe 8♣9♣ e o flop vem 7♣6♣2♦, o que lhe dá duas pontas para a sequência mais uma chance de flush (flush draw). Seu adversário tem A♦A♠, então, vencemos a mão se o turn


Moacir Martinez é jogador e estudioso na influência da matemática no poker, tanto no online como no live, e autor do livro Matemática Fácil do Poker.

Moacir Martinez mgbmartinez@uol.com.br

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ou river trouxerem uma das nossas cartas de paus, que são nove (A♣, 2♣, 3♣, 4♣, 5♣, 10♣, J♣, Q♣ e K♣); ou a nossa sequência, seis cartas (5♦, 5♠, 5♥, 10♦, 10♠, 10♥ — lembrando que o 5♣ e o 10♣ já entraram na conta antes), um total de 15 outs. Usando a fórmula, temos: X = 100 x {1 – [(47 – 15)/47] x [(46 – 15)/46]}, o que dá aproximadamente 55%. Mas vamos facilitar para você. Quando turn e river ainda não foram virados e o número de outs variar entre 1 e 9, basta multiplicarmos o número de outs por 4 e teremos aproximadamente as suas chances de vencer a mão, não sendo necessário fazer todas as contas da fórmula. E quando o número de outs for maior do que 9? Entre 10 e 17 outs, basta multiplicarmos por 4 e subtrairmos a soma dos dois algarismos correspondentes ao seu número de outs. No exemplo acima, flush draw mais duas pontas, temos 15 outs, então: 4 x 15 – (1+5) = 54%. A partir de 17 outs, basta acrescentarmos 2,5% às odds anteriores para acharmos nossas chances. Por exemplo, se temos 17 outs, nossa chance de melhorar a mão é de 60%, então com, 18 outs, essa chance é 2,5% maior, ou 62,5%. Então teríamos:

19 outs = 65% 20 outs = 67,5% 21 outs = 70% No entanto, se flop e turn já tiverem sido virados, essa conta muda. Para esse caso, a fórmula seria: X = 100 x [1 – (46 – NC)/46]. Vejamos, novamente você tem 8♣9♣ e seu oponente, A♦A♠. O bordo mostra 7♣6♦2♦ 3♠. Sua chance de ganhar a mão é se o river trouxer um dos Dez (10♣, 10♥, 10♠, 10♦) ou dos Cincos (5♣, 5♥, 5♠, 5♦) restantes no baralho, o que lhe dá 8 outs. Pela fórmula, temos X = 100 x [1 – (46 – 8)/46], ou 17,39%. Porém, aqui também temos uma maneira mais fácil de calcular: De 1 a 5 outs = número de outs vezes 2. De 6 a 10 outs = número de outs vezes 2 mais 1. De 11 a 15 outs = número de outs vezes 2 mais 2. De 16 a 21 outs = número de outs vezes 2 mais 3 No exemplo acima, em que temos 8 outs, basta multiplicarmos por 2 e acrescentarmos 1 ao resultado: 8 x 2 + 1 = 17.

QUANTOS OUTS EU POSSUO? TIPO DE MÃO Uma carta para o straight flush Par de mão para acertar a trinca Broca ou dois pares tentando o full house Duas overcards Broca + uma overcard Duas pontas para sequência Flush draw Flush draw + uma overcard ou flush draw + broca Duas pontas + flush draw Duas pontas + flush draw + duas overcards

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NÚMERO DE OUTS 1 2 4 6 7 8 9 12 15 21


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DAVID SKLANSKY

TEORIA DO


THE BOOK IS ON THE TABLE

Em qualquer biblioteca que se preze, os clássicos têm lugar garantido na prateleira. Na literatura do poker acontece a mesma coisa. Nesta edição, o The Book Is On The Table traz um clássico absoluto do ramo, o Teoria do Poker. O autor, David Sklansky, tem desenvolvido ao longo últimos 30 anos um trabalho fundamental para evolução do jogo, estruturando conceitos que compõem a base do poker moderno. Voltado para os milhões de jogadores de poker que conhecem os fundamentos, mas não compreendem completamente a lógica e os princípios do jogo, este é um guia sério e abrangente que mostra como pensar tal qual um profissional. Teoria do Poker o leva para dentro da mente dos maiores jogadores do mundo, e ensina todos os fatores importantes que devem ser considerados em situações específicas, antes de se determinar o que fazer. Fala, ainda, sobre conceitos gerais do poker que se aplicam a praticamente todas as variantes, descrevendo a linha de raciocínio dos jogadores de nível avançado. Através de exemplos, analisa cada aspecto de uma mão, desde a estrutura de antes até o momento em que a última carta é aberta, em modalidades Hold’em, Seven-card Stud e Razz. Inclui também as regras básicas das variantes e um glossário de termos de poker.

CAPÍTULO 3

(p. 39)

O TEOREMA FUNDAMENTAL DO POKER Há um Teorema Fundamental da Álgebra e um Teorema Fundamental do Cálculo. Chegou a hora de apresentar o Teorema Fundamental do Poker. Assim como todos os jogos de cartas, o poker é um jogo de informações incompletas, o que o distingue de jogos de tabuleiro como xadrez, gamão e damas, nos quais sempre se pode ver o que o oponente está fazendo. Se as cartas de todos estivessem à mostra o tempo inteiro, sempre haveria uma jogada matematicamente precisa e correta para cada jogador. Qualquer um que se desviasse dela reduziria a sua expectativa matemática e elevaria a expectativa dos oponentes. Claro, se as cartas pudessem ser vistas o tempo todo, não haveria poker. A arte do poker é preencher os espaços das informações incompletas fornecidas pelas apostas dos seus adversários e pelas suas cartas à mostra nas modalidades em que isso acontece e, ao mesmo tempo, impedi-los de descobrir algo a mais do que aquilo que você quer que eles saibam sobre sua mão. Isso nos leva ao Teorema Fundamental do Poker: Toda vez que você jogar uma mão de maneira diferente da que teria jogado se pudesse ver todas as cartas dos seus oponentes, eles vencerão. E sempre que jogar uma mão da mesma maneira que jogaria se pudesse ver todas as cartas

deles, você vencerá. Por outro lado, sempre que os seus oponentes jogarem suas mãos de maneira diferente da que jogariam se pudessem ver todas as suas cartas, você vencerá. E sempre que eles jogarem suas mãos da mesma maneira que jogariam se pudessem ver todas as suas cartas, você perderá. O Teorema Fundamental aplica-se a todos os casos nos quais a disputa por uma mão se limitar a você e um único oponente. E quase sempre é válido também para multipotes, com raras exceções, que discutiremos ao final deste capítulo. Qual o sentido do Teorema Fundamental? Perceba que, caso o seu oponente, de alguma forma, conheceça a sua mão, haveria uma jogada correta a ser feita por ele. Por exemplo, se em uma partida de draw poker seu adversário vir que você tem um flush completo ou esteja representando um antes do draw, a jogada correta será largar um par de ases quando você apostar. Pagar seria um erro, mas de um tipo especial. Não estamos querendo dizer que ele teria jogado mal ao dar call com um par de ases; estamos dizendo que ele teria jogado de maneira diferente se pudesse ver as suas cartas. O exemplo do flush é bastante óbvio. Na verdade, o teorema como um todo é óbvio, e é aí que está a sua beleza — mas mesmo assim suas aplicações, em geral, não são tão óbvias. Às vezes, a quantidade

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de dinheiro no pote torna o call correto, ainda que você pudesse ver que a mão do seu oponente é melhor do que a sua. Vamos dar uma olhada em vários exemplos do Teorema Fundamental do Poker. Exemplos do Teorema Fundamental do Poker Exemplo 1 Digamos que, ao apostar, sua mão não seja tão boa quanto a do seu oponente. Ele paga a sua aposta e você perde. Mas, na verdade, você não perdeu: ganhou! Por quê? Porque, obviamente, a jogada correta dele, se soubesse o que você tinha, seria dar raise. Além disso, você ganha quando ele não aumenta a aposta e, se ele tivesse largado a mão, você teria ganhado um belo pote. Esse exemplo também pode parecer óbvio demais para uma discussão séria, mas se trata de uma regra geral para algumas jogadas bem sofisticadas. Vamos supor que, em no-limit hold´em, você tenha 10♥ J♥ e seu oponente esteja com a seguinte mão K♠Q♦ O flop traz Q♥8♣7♥ Você dá check, o seu adversário aposta e você paga. Então, o Ás de ouros surge no turn, e você aposta, tentando representar um Ás. Se o oponente soubesse sua mão, a jogada correta dele seria aumentar a ponto de tornar muito caro o draw para flush ou straight na última carta, e você teria que desistir. Portanto, se ele apenas pagar, você ganha. Você ganha não somente pelo fato de ter conseguido ver a última carta de forma relativamente barata, mas porque o seu oponente não executou a jogada correta. Se ele der fold, claro, o seu ganho será tremendo, uma vez que ele terá descartado a melhor mão. Exemplo 2 Suponhamos que haja $80 no pote e você tenha dois pares na mão. Trata-se de um jogo de draw poker e você aposta $10, valor que vamos considerar a aposta máxima. Seu único adversário tem four-flush, ou seja, quatro cartas para o flush. A questão é: a torcida é para ele dar call ou fold? Naturalmente, você quer que ele tome a decisão mais lucrativa para você. O Teorema Fundamental do Poker diz que o mais lucrativo é o seu oponente fazer a jogada incorreta com base na informação completa sobre ambas as mãos. Considerando que ele tem odds de 9-para-1 (o call de $10 pode lhe render $90) e está em desvantagem de apenas 5-para-1 para acertar o flush, o certo é pagar, pois o call tem expectativa positiva. Uma vez que essa é a jogada correta, segundo o Teorema Fundamental do Poker, você está torcendo para que ele dê fold. Esse tipo de situação ocorre com frequência. A melhor mão é a sua, mas o seu oponente tinha odds suficientes para tornar o call correto, caso soubesse o que você tinha. Assim, você quer que ele desista. Do mesmo modo, o certo é que você tente acertar o draw quando conseguir as odds necessárias. Se não fizer isso, estará perdendo dinheiro e, portanto, fazendo com que ele lucre. 48

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TÍTULO: TEORIA DO POKER (The Theory of Poker). AUTOR: David Sklansky NÚMERO DE PÁGINAS: 362 PREÇO: R$ 79,00 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com


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A Card Player Brasil acaba de criar o Card Club, um programa com vantagens únicas que levará as principais marcas de clubes de todo o País a você que nos acompanha em todas as nossas plataformas. Através do Card Club, qualquer clube do Brasil pode se tornar um parceiro da Card Player Brasil, tendo sua marca e seus torneios divulgados nas páginas da principal revista de poker da América Latina, edições impressa e digital; e, claro, nas nossas mídias sociais. Em breve, também em nosso site, uma seção exclusiva para os nossos parceiros. Você, dono de clube, que deseja formar uma parceria com a Card Player Brasil, basta enviar um e-mail para contato@cardplayerbrasil.com e ficar pode dentro dos detalhes de como fazer parte do nosso time.


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PROFISSÃO:

Poker Por Wendel Lauterte

E

stou muito feliz em escrever aqui para compartilhar algumas ideias com vocês que estão começando ou querendo começar uma carreira dentro do poker. Hoje, vou falar um pouco sobre a minha experiência no processo de profissionalização — vantagens e desvantagens. Eu jogo pelo time do Time da Forra há pouco mais de um ano e há alguns meses me tornei instrutor. Sou formado em Odontologia e, depois de seis anos, decidi abandonar a profissão e me profissionalizar como jogador de poker. Desde então, sou bombardeado com perguntas de todos os tipos: ainda vale a pena ser profissional? Ainda é possível ganhar dinheiro online? Como os familiares lidam com isso? Bem, meu objetivo, neste artigo, é tentar responder essas e outras perguntas.

Acredito que tudo na vida depende de quanto você quer e de quanto está disposto a pagar para conseguir seu objetivo. Comecei a jogar poker há três anos e, como a grande maioria que joga pela primeira vez, fiquei fascinado. Isso me fez querer estudar mais, então fiz coachings com três jogadores renomados do circuito: Thiago “Decano”, “Dowgh-Santos” e Leo Bello. Com os estudos, meu jogo foi melhorando bastante e uma grana extra começou a aparecer. Meu prazer em jogar era tanto que, um dia, resolvi que iria viver do poker. Aí veio a primeira questão: eu conseguiria sobreviver? Há pouco tempo, um dos melhores jogadores do mundo, Daniel Colman, criou polêmica ao não dar entrevista após um grande título. O motivo? Ele não queria incen-

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tivar os jogadores a se tornarem profissionais. Por quê? Basicamente, devido à alta variância envolvida no jogo. É verdade, o poker tem a sua variância, mas também lembro as “enormes variâncias” que vivi que em meu consultório. Isso sem contar “a variância” que alguns colegas, que estudaram comigo, pegaram. Alguns não conseguiram montar consultório e nem mesmo um emprego. Você, leitor, deve ter algum amigo trabalhando em algo completamente diferente do que ele se formou. Bem, alguns acabaram virando vendedores, empresários etc. Provavelmente, eles acharam algum prazer ou valor em outra profissão. E eles pagaram um preço por isso. Trabalhando mais, estudando algo novo e por aí vai. Então, não se iluda com o poker. Não é fácil ganhar dinheiro. É preciso trabalhar muito. Se você quer ser um dos melhores, é preciso estudar mais que os outros. Portanto, antes de tomar essa decisão, pergunte-se: o quanto eu quero isso? Depois que tomei a decisão, fui compartilhar com minha esposa — quando você é casado, não tem jeito, tem que andar junto. Se ela não está vendo o que você está enxergando, bem, pelo menos ela tem que acreditar que você está vendo. Isso foi um outro obstáculo. Claro que ela já sabia meu desejo. Sentei com ela e fizemos um acordo. Eu tentaria por um ano, e ela aceitou. Conversei com meu irmão, que é dono da clínica onde eu trabalhava, e ele me deu apoio. Disse que se algo desse errado, o consultório estaria lá. Na parte da manhã, eu continuaria trabalhando na prefeitura. A partir dali, o negócio era comigo. Comecei a me dedicar e a estudar. Mesmo com as finanças apertadas — nossa renda sofreu uma queda brusca —, eu estava muito bem. “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”. Essa frase sintetizava bem o meu momento. Passei um tempo jogando pra mim e resolvi buscar um time, o que meu deu uma ótima estrutura para começar uma carreira. O acordo com a minha esposa já acabou. Hoje, consegui uma estabilidade. Ainda continuo na prefeitura e exploro várias áreas do poker. Dou treinamentos, ganho porcenta-

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gem como instrutor do time e, recentemente, comprei um clube de poker na cidade. Então, o segredo de tudo é simplesmente o quanto você quer. E as perguntas do início do texto?

Ainda vale a pena ser profissional? Vale, se a motivação for suficiente para pagar o preço Ainda é possível ganhar dinheiro online? Sim, como em qualquer outra área. Ainda existem muitos jogadores recreativos. Se estiver encontrando muito regulares, estude bastante para superá-los. Como os familiares lidam com isso? A família quer sempre o nosso bem. A rejeição é por medo do desconhecido. Esteja bem, dedique-se de verdade que no fim tudo dará certo. Um grande abraço. Nos encontramos nas mesas.

Wendel Lauterte Wendel Lauterte é integrante e instrutor do Time da Forra e já ganhou cerca de R$ 700.000 jogando no PokerStars e no Full Tilt.


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