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POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

Os principais times de poker no Brasil O maior erro que os amadores podem cometer

o retorno da lenda ENTREVISTA EXCLUSIVA COM fabrizio Gonzรกlez, O MELHOR JOGADOR DA INTERNET

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SUMÁRIO EXPLICANDO POKER

POKER COMO 10 EXPLICANDO SE EU TIVESSE CINCO O Conceito Gap

TIMES DE POKER

ESPECIAL 30. Fabrizio González O RETORNO DA LENDA

16 TIMES DE POKER ONLINE Saiba quais são os principais times do poker nacional.

E MAIS 50. CARD CLUB Clubes de poker

HAND FOR HAND

HOLZ versus 36 FEDOR DAN SMITH Fellipe Nunes destrincha uma das mãos que mudou o rumo do heads-up do torneio mais caro da WSOP 2016.

IVAN SANTANA

44 UMROTINADESAFIO CHAMADO Vilã ou aliada? Afinal, o que significa rotina para o jogador de poker? Descubra as respostas neste artigo de Ivan Santana.

JONATHAN LITTLE

MAIOR ERRO QUE OS 52 OAMADORES PODEM COMETER Após a última WSOP, Jonathan Little descobriu uma grande falha que a maioria dos amadores comete com frequência.

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EXPLICANDO POKER COMO

SE EU TIVESSE CINCO

Quando jogamos poker por muitos anos, é fácil de esquecer que a linguagem técnica do jogo pode ser bem diferente da linguagem tradicional, principalmente para nós, cuja língua é o português. Se você não lê bastante ou é iniciante no jogo, alguns conceitos podem ser desconhecidos ou passar batidos. O que são implied odds reversas? O que é stack to pot ratio? Para relembrá-lo ou ajudá-lo a não ficar perdido em meio a uma conversa de profissionais, trazemos esta nova coluna: “Explicando Poker Como Se Eu Tivesse Cinco”. Em cada edição, um novo conceito ou termo — e é provável que você sempre cruze com um ou dois no meio dos nossos artigos.

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O CONCEITO

GAP Por Equipe Card Player

O CONCEITO: O CONCEITO GAP. O QUE É ISSO?

OK, AGORA EXPLIQUE COMO SE EU TIVESSE CINCO

Existe uma diferença considerável entre a força de uma mão para abrir um raise e de uma mão para dar call nesse raise. Ao aumentar uma aposta, você pode levar o pote de duas maneiras: no showdown, com a melhor mão, ou com todos os seus oponentes desistindo. Mas quando apenas pagamos uma aposta, o único jeito de vencer é no showdown. Portanto, quem está dando call, para continuar no jogo, deve ter uma mão mais forte do que quem aumentou.

É preciso ter uma mão mais forte para pagar um raise do que para dar o primeiro raise.

ME DÊ UM EXEMPLO Vamos dizer que você receba K♦9♦ em posição intermediária. Dependendo da dinâmica da mesa, você pode aumentar tranquilamente com essa mão. No entanto, se alguém do início da mesa aumentar antes, você geralmente deve descartar seu K♦9♦. A razão é o conceito gap: sempre é

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preciso uma mão mais forte para dar call no aumento. Apenas pagar é uma postura passiva e não lhe permite tomar as rédeas da situação. Se apenas pagar, você também não pode fazer seu oponente desistir. A não ser que você aplique raise ou reraises nas streets posteriores (flop, turn ou river), sua chance de levar o pote será apenas no showdown. Seguir o conceito gap também lhe ajudará a escapar de situações em que você estará dominado. Provavelmente, não haverá grandes problemas se você der raise com A♠J♦ do cutoff, mas se alguém aumentar das posições iniciais, você poderá estar jogando contra um A♥Q♥ ou A♣K♦, o que será um desastre quando o flop trouxer um Ás. Claro, o gap sempre pode variar. Isso vai depender das situações e dos oponentes. Contra jogadores particularmente tights, o gap aumenta bastante. Contra alguém que só abre raises com mãos muito fortes, por exemplo, você deve sair do caminho na

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maioria das vezes. Mas contra um oponente bastante loose, mãos como K-Q, K-J e Q-J podem jogar bem contra o range dele. Como tudo no poker, posição também é fundamental. Um raise do início da mesa é feito sabendo que ainda há vários jogadores para agirem. No entanto, um aumento do final da mesa pode representar uma mão mais fraca, já que poucos jogadores agem depois. Por exemplo, A♠10♠ poderá ser uma mão que você dará call se um jogador aumentar do button ou do cutoff, mas deverá estar propenso a dar fold quando o aumento vem do UTG ou UTG+1. Muitos jogadores modernos sentem que o conceito gap não tem muita utilidade, mas a verdade é que, para ignorá-lo, tal jogador deve ter uma habilidade muita boa em avaliar a mão do oponente de acordo com a textura do flop. Você pode pagar um raise de qualquer lugar da mesa com A♣3♣, mas é preciso saber avaliar a real força da sua mão se um oponente lhe pressionar em bordo A♦Q♦9♠. Então, fique atento.♠

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Times de Poker

online online Por Vinícius Perri

Já foi o tempo em que era preciso começar em freerolls para construir um bankroll. Atualmente, existem diversos times de poker que são estruturados para dar todo o suporte necessário para o jogador. Tudo isso, em troca de uma porcentagem dos lucros. Um time de poker é importantíssimo para um jogador que ainda está dando os seus primeiros passos no poker. Ele terá pessoas mais experientes para auxiliá-lo e dar a segurança necessária para o melhor desempenho possível nas mesas. Aqui, no Brasil, existem dezenas de times de Norte a Sul. Hoje, vamos conhecer alguns dos mais famosos e que oferecem a melhor infraestrutura e conhecimento para seus “cavalos”.

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4-BET 4-BET 4-BET

É o maior time do País e pioneiro no ramo. O fato de ter começado antes deu fôlego e potencial para o time chegar ao estágio atual. São mais de sete anos de existência e mais de 130 alunos. Conhecidos por sua excelência na formação de novos talentos, seus donos são: Will Arruda, Caio Brites, Marcos Sketch, Thiago Crema e Rafael Moraes. O 4-Bet conta hoje com quatro divisões: light, intermediário, principal e elite. Will Arruda falou um pouco sobre isso: “Para entrar no time light, o principal não é ser vitorioso, mas encaixar-se em um perfil que julgamos ideal. Número de torneios jogados conta bastante, mas ser lucrativo não é necessariamente um diferencial. É preciso querer aprender e ter uma situação financeira que permita ficar alguns meses sem ver dinheiro, porque no começo não é fácil. Vale ressaltar que os buy-ins jogados no light ainda são maiores que 90% do que ‘cavalos’ de outros estão acostumados a jogar”. Ao final do contrato com o time light, o jogador faz uma entrevista,

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facebook.com/4BetTeam

ele então pode ir para o time intermediário ou principal, em que terá coachings com Thiago “KKremate” Crema, Rafael “GM_Valter” Moraes e o próprio Will “hellzito” Arruda. Recentemente, o 4-bet lançou o Time Elite. Basicamente, são os instrutores e melhores jogadores do time. Eles têm aulas mensais com coaches convidados e todo conteúdo voltado aos high stakes. O projeto elite tem pouco mais de um mês. A crescente onda de investimentos de times estrangeiros no Brasil não preocupa o 4-Bet. “Não vemos os times gringos como concorrentes. Eles são muito bem-vindos, mas independente disso, acabam atendendo uma demanda bem diferente da nossa. Eles procuram um outro tipo de jogador e têm acordos e métodos totalmente diferentes. Toda estrutura que montamos aqui visa o médio e longo prazo. Oferecemos condições para que o jogador chegue de forma rápida e sólida ao topo”, conta Will.

Will Arruda

Marcos Sketch

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Kelvin Kerber

SAMBATEAM TEAM SAMBA O Samba Team poderia se chamar “Sunday Million Team”. O time tem quase três anos de existência e já conta com sete mesas finais do maior torneio regular da internet, sendo três cravadas. Os responsáveis pelo Samba são Kelvin Kerber e Guilherme Cheveau. Eles possuem aproximadamente 40 “cavalos”, mas 20 deles estão no Sambinha, uma espécie de divisão de acesso para o Samba. Os responsáveis pelo Sambinha são Jean “jmlucky26” Marcel, Fábio “F1oba” Maritan e Peter “pitaoufmg” Patrício. “Existe um processo dentro do time, por isso dividimos em duas categorias. No Sambinha, são três responsáveis pelos coachings e tudo que envolve ajuda na rotina do atleta. Após esse jogador estar apto, ele é “promovido” ao Samba, em que os limites jogados são mais altos e os coachings são aplicados pelo Guilherme Cheveau e por mim”, conta Kelvin.

facebook.com/sambapokerteam

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Guilherme Cheveau

OS MELHORES BARALHOS DO MUNDO

AKKARI TEAM AKKARITEAM TEAM AKKARI

facebook.com/QgAkkariTeam

André Akkari

Por levar o nome do principal jogador brasileiro da atualidade, o Akkari Team é provavemente o time mais conhecido do Brasil e, na verdade, funciona como uma amostragem dos cursos ministrados pelo próprio Akkari e seu parceiro Leonardo Bueno. Em 2014, eles realizaram um vestibular para entrar no time. Foram aproximadamente 20 selecionados para o time micro, que passaram um mês na sede do time, em Cabreúva. Outros oito foram selecionados para o time principal, mas ficando um ano no QG do time. “Estamos preparando uma seleção já há algum tempo, mas algumas novidades do Akkari Team estão vindo, então seguramos um pouco”, comenta Leonardo Bueno O Akkari Team já teve parceria com o extinto Steal Team. Eles compartilhavam jogadores e todo o suporte que o Steal Team tinha a oferecer.

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facebook.com/stealteampoker

STEALTEAM TEAM(EXTINTO) STEAL STEAL TEAM João Bauer

João Bauer, uma dos fundadores do Steal, conta que o time durou aproximadamente cinco anos e formou mais de 500 jogadores: “O grande diferencial do Steal foi que o time realmente criou os jogadores. Lapidamos desde o zero até torná-los lucrativos. Isso em um período de 12 a 18 meses”, revelou João. Perguntado sobre o motivo de um time tão famoso e eficiente ter chegado ao fim, Bauer respondeu: “O principal motivo foi que nós não estávamos mais na mesma pegada. Foram mais de cinco anos trabalhando em alto nível e isso foi extremamente desgastante. Você lida com seres humanos o tempo inteiro. Chegamos a ter 80 jogadores simultaneamente. São muitas personalidades diferentes e um negócio que possui alto grau de variância”.

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Fellipe Nunes

FLOW TEAM FLOWTEAM TEAM FLOW Um dos novos times desse mercado é o FLOW. Com pouco mais de um ano e meio de existência e mais de 200 jogadores, eles criaram um sistema em que os jogadores têm acesso a uma página do time em que há todo o suporte necessário, desde envio de saldo do caixa até vídeos e treinamentos técnicos. Os fundadores do FLOW são Fellipe Nunes e Igor Turci. O time conta ainda com o PréFLOW, em que o jogador passar por um período de três meses testes. Baseado em seu desempenho, ele pode entrar para o Pro-FLOW, com contrato de 12 meses, ou renovar por mais três meses com o Pré-FLOW. Para fazer parte do Pré-FLOW, o jogador tem que ter o Sharkscope liberado e no mínimo 500 jogos online, além de uma conta regularizada e disponibilidade para se dedicar ao jogo. O FLOW criou um método interessante de “grind”, o Sprint. Sprint é uma reta diária gerada para o jogador. No início, vão aparecer torneios deep e regulares. Do meio ao final, turbos e hypers. Assim, o grind será potencializado, não estendendo e sempre focando nos melhores torneios.

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Armando Sbrissa

SMARTTEAM TEAM SMART SMART TEAM Responsáveis pelo Smart Team, Armando Sbrissa, Fernando Viana e Marcelo Asensio são nomes conhecidos no cenário do poker nacional. Os três comandam mais de 20 jogadores e já formaram mais de 80. O propósito do time é recrutar e ensinar novos jogadores, exigindo comprometimento com aprendizado e com o grind. O Smart disponibiliza todo suporte psicológico e financeiro para os jogadores se tornarem profissionais. Armando “Zareta” Sbrissa, Fernando “Fviana” Viana e Andrey “Dr_drey15” Lamego são os responsáveis pelos coachings e reviews. Fernando Viana

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Mateus Lessa

STEP TEAM STEP TEAM STEPTEAM TEAM STEP O Step Team também ampliou as funções de times de poker. Além do time, o Step oferece um pacote de coaching para quem tem interesse. Eles pagam um determinado valor e por cinco meses, o aluno terá aulas semanais, além de todo auxilio de um time de poker. Ao final do período, caso o jogador obtenha lucro, eles ficam com 20%. Recentemente, o Step Team lançou o Curso Elite. Os interessados no Projeto Elite pagam um determinado valor de inscrição e recebem um material avançado. O Projeto Elite é direcionado para aqueles que jogam em limites um pouco mais altos. São cinco meses de duração, com três aulas semanais. Ao final do período, o Step fica com 10% do lucro. A capacidade do Projeto Elite é de 20 jogadores. Os responsáveis pelos mais de 40 cavalos do time são: Mateus Lessa, Igor Campanha, Gui Moura, Gustavo “GremistaAK” e Thiago Grigoletti.♠

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Gui Moura

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O retorno da lenda Por Pablo Besón Martínez Tradução: Diego Scorvo

Tamanho nunca foi documento para o Uruguai. O pequeno país localizo no sudeste do continente é um gigante em diversos aspectos, incluindo o esporte. Bicampeões da Copa do Mundo de futebol, eles também têm o melhor jogador de torneios online do planeta, o jovem Fabrizio “SixthSenSe19” González.

O mundo de “SixthSenSe19” virou de cabeça para baixo em 2012. No auge da sua carreira, o jogador teve a sua conta bloqueada no PokerStars por conta de uma acusação de collusion. Sem poder participar do SCOOP, o grinder acabou utilizando outra conta (“joacowalter”). O sucesso foi inevitável, com González faturando dois relógios e mais de US$ 250 mil dólares, porém infringir as regras novamente saiu muito caro. O site o baniu por tempo indeterminado de todos os seus torneios online e ao vivo. González voltou a utilizar a sua conta “SixthSenSe19” em maio e o retorno foi

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avassalador. No SCOOP, o jogador soltou o grito de campeão no Evento 48 Medium: $215 Stud, já no WCOOP, o uruguaio foi quem somou mais pontos, feito inédito entre os sul-americanos. Desde o dia 05 de outubro, ele lidera o ranking mais prestigiado dos MTTs online. Já na primeira etapa da uruguaia da história do WSOP Circuit, ele confirmou o favoritismo e cravou o Main Event, levando a torcida local à loucura no Enjoy Conrad Casino, em Punta del Este.

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Em bate-papo exclusivo com a revista Card Player Latin América, González falou sobre a sua meteórica carreira no poker e a suspensão que o afastou dos feltros online por quatro anos. Confira: P: Por que você escolheu o nick “SixthSenSe19”? R: Na época que comecei a jogar poker o filme Sexto Sentido (1999) era o meu longa-metragem favorito. Eu também adorava a ideia de poder ter um sexto sentido na hora de sentar em uma mesa. Eu acreditava que isso causaria uma boa impressão. P: Como você começou? R: Eu treinava nas divisões de base do Club Fênix, junto com Hermán “HNKakaroto” Novick (ex-estrela do poker uruguai que atualmente defende as cores do Peñarol). A gente pegava um ônibus que fazia um trajeto muito longo. Um dia o Hermán chegou com um baralho e me ensinou a jogar. Nós fizemos as fichas com pedaços de papel. Nessa época eu tinha apenas 17 anos. P: Como você migrou para o online?

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R: Após o Hermán me falar que um site dava alguns dólares para você começar a jogar poker online, eu passei a ir a um cyber café. Um dia eu ganhei 500 dólares, o que para mim foi motivo de muita festa. Continuei grindando e pouco tempo depois venci outro torneio e embolsei US$ 12.000, até hoje um dos meus momentos mais felizes no poker. Com esse dinheiro consegui ter internet na minha casa, comprar um computador e diversos movéis. Eu estava eufórico. Ainda foi o suficiente para jogar torneios mais caros, e logo eu estava participando das séries do PokerStars. P: Qual o torneio que não sai da sua memória? R: O Evento 38: $530 NL Hold’em Heads-up, do WCOOP 2010, quando conquistei o meu primeiro bracelete. Poucos dias antes eu bati na trave em um dos torneios second chance. Nessa época o meu bankroll não era muito grande, mas em poucos dias consegui engordá-lo, tudo isso quando eu passava por alguns problemas pessoais.

P: Como foi voltar da suspensão? R: Foi muito bom, uma vez que muita gente querida tinha uma enorme expectativa sobre o meu retorno. Eu sentia que eu deveria mostrar que, apesar de todos estes anos, eu ainda estava em condições de vencer os melhores do mundo. Fazer isso e ainda liderar o ranking do WCOOP foi uma satisfação superior ao dinheiro obtido. P: O que significa para você o apelido “lenda”? R: O apelido foi uma brincadeira dos meus amigos, mas logo as pessoas começaram a levar a sério, contando para outras que há alguns anos um jogador com o nick “SixthSenSe19” foi o responsável pelo surgimento do poker no Uruguai. Me deixa feliz ver que muitos pensam dessa forma. P: Qual foi o motivo da sua suspensão e como você e lidou com isso? R: Ficar sem uma conta para jogar foi o momento mais difícil da minha carreira no poker. Hoje eu tenho as coisas mais claras. Naquela época eu era muito jovem e não sabia como funcionava. Quando o PokerStars fechou a minha conta, eu escrevi pedindo que se havia alguma investigação, que ela acontecesse após o SCOOP, mas eles não aceitaram. E eu, sendo jovem, me deixei levar pelo impulso. O que aconteceu foi que eu utilizei outra conta e ganhei vários torneios.

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P: O que exatamente aconteceu antes do SCOOP? R: Eu estava jogando alguns SNGs e havia um amigo meu do Panamá na mesma mesa, e outros jogadores conhecidos nosso também estavam ali. Eles denunciaram ao PokerStars que a gente estava jogando junto e o site fechou a minha conta para averiguação. P: O momento de maior euforia do poker uruguaio foi quando você teve um desempenho notável no Main Event da WSOP 2012. Fale sobre isso. R: Aquele 45ª lugar foi sensacional. Recordo que cheguei ao Dia 6 com um dos dez maiores stacks do campeonato. O melhor de tudo foi a sensação de apoio incondicional em todas as mãos. Os nervos estavam à flor da pele, nunca senti isso durante um torneio. P: Neste torneio você quase eliminou Greg Merson, jogador que ficaria com o bracelete de diamantes. Como foi? R: Foi incrível. Nos dois estávamos com bastante fichas e no flop aconteceu o all-in call. Eu tinha uma trinca de valetes e

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ele estava com o flush draw. Como era uma jogada muito importante, os organizadores decidiram que ela deveria ser televisionada. Nós ficamos alguns minutos esperando os repórteres cinematográficos chegarem. Nunca fiquei tão tenso, uma vez que eu sabia que seria eliminado caso aparecesse alguma carta de espadas. O turn e o river não ajudaram o Merson, que saiu da mão com apenas dois big blinds. P: Depois de tudo que você conquistou, ainda lhe restam sonhos? R: Meu grande sonho é vencer o Main Event da WSOP em Las Vegas. Sei que é difícil de acontecer e que mesmo indo aos EUA muitas vezes talvez eu não consiga. No curto prazo, o meu sonho é cravar importantes torneios ao vivo. Sempre sonho com a vitória do Uruguai na Copa do Mundo de futebol e a minha no Main Event.

HAND for

HAND Por Fellipe Nunes

FEDOR HOLZ X DAN SMITH ($111K HIGH ROLLER FOR ONE DROP DA WSOP 2016)

A cada mês, um renomado profissional do poker nacional analisará uma mão entre duas feras do poker mundial. Nesta edição, nosso colunista e fundador do FLOW Team Fellipe Nunes analisa uma mão que foi decisiva para o desfecho do torneio mais caro da WSOP, o High Roller for One Drop.

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FEDOR HOLZ

DAN SMITH cardplayerbr

6 Fedor Holz 33.875.000 fichas

Dan Smith 57.650.000 fichas

Blinds: 400.000/800.000 com antes de 100.000

Fellipe Nunes: Quero começar agradecendo à Card Player pelo convite e dizendo que, antes de tudo, minhas limitações são infinitas se comparadas a esses dois monstros. Portanto, farei o melhor com o conhecimento que tenho. Dan Smith, com 71 bbs, tem aqui uma vantagem muito importante sobre seu adversário. Para mim, antes de pensar nas mãos em si, o processo passa por ter um planejamento sobre como administrar a situação em que você se encontra no momento. E com essa vantagem de fichas, eu buscaria não tomar decisões complicadas contra o meu adversário, escolhendo só as melhores para investir fichas contra o mesmo. Meu conselho: mantenha a vantagem e faça progressos leves para deixá-lo ainda mais desconfortável do que se encontra no momento. Fedor Holz tem 42 bbs, um stack muito bom para utilizar sua criatividade e transformar a dinâmica do heads-up (HU). Com esse stack, ele pode abusar das 3-bets, check-raises e em uma sequência de ações agressivas, desmoralizar seu adversário e passar a dominar o HU, mesmo que ainda tenha um stack menor. PRÉ-FLOP

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Do BTN, Holz aumenta para 1.800.000. No BB, Smith reaumenta para 6.000.000. Holz paga. Fellipe Nunes: 9-8o não está muito presente no meu range de 3-bet pré-flop em um HU, costumo selecionar mãos que me deem melhores condições no pós-flop, como mãos conectadas e naipadas. Em um HU, a frequência com que o adversário pagará a 3-bet será muito maior. É importante notar que a resistência no pós-flop também é maior em HU, por isso prefiro mãos que desenvolvam melhor quando monto meu range de 3-bet. Não considero uma 4-bet por parte do Fedor, pois ele está em posição e o stack dele ainda o permite jogar um 3-bet-pot de maneira confortável. E é importante observar que: sem blockers, a 4-bet tenderá a ter menos sucesso no longo prazo. Flop: 8♣ 6♠ J♥ (Pote: 12.200.000) Smith aposta 4.100.000. Holz paga. Fellipe Nunes: Textura do flop muito interessante para os dois jogadores. Entendo a c-bet do Smith como uma maneira de manter o controle da mão, tirar valor presente e futuro

sempre que o Holz tiver um par menor do que de Oito ou mesmo alguns tipos de draws ou high cards com backdoor flushes. Smith consegue realizar algum lucro em cima desse range e também da parte do range do Holz que possa blefar turn e river. Quando digo valor futuro, me refiro sobre quando o seu par evolui. Particularmente, eu prefiro o check e optaria por uma linha de check-call até o river — a não ser que minha mão evoluísse muito. Acredito que essa é uma maneira mais “tranquila” de se jogar essa mão contra um adversário tão bom. O call do Holz é padrão. Ele tem um par, que muitas vezes será a melhor mão em um HU, e backdoor flush draw, o que melhorará consideravelmente a equidade de sua mão quando uma carta de copas aparecer no turn. Turn: 6♣ (Pote: 20.400.000) Smith pede mesa. Holz aposta 5.4000.000. Smith paga. Fellipe Nunes: Um turn cruel para Smith e maravilhoso para o Holz, uma vez que ele fortalece o segundo par de Smith e o deixa ainda mais confortável na mão. No entanto, Holz sabe que está praticamente nuts — em HU, uma trinca, como essa, tem ainda mais valor que em uma situação normal. Aqui, penso que Smith já havia planejado ir de check na maioria dos turns. Mas o maior problema da linha de 3-bet no pré-flop, c-bet no flop e check no turn, adotada por ele, é que ele construiu um pote muito grande para a força de sua mão. E quando se está enfrentando um adversário da qualidade do Holz, não se pode esperar que você tenha sucesso se colocando nessa situação. Mesmo que o Holz não tivesse acertado a trinca, Smith estaria em uma situação ruim, pois Holz teria uma possibilidade bastante interessante para blefar

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ou extrair valor de mãos com possíveis Valetes. No lugar de Holz, eu apostaria sempre nesse turn. Acredito que apenas uma parte bem pequena do range de Smith iria para o check-fold depois da 3-bet pré-flop e da c-bet no flop. Interessante notar que, até aqui, o tamanho das apostas dos dois jogadores foi perfeito. River: 9♦ (Pote: 31.200.000) Smith pede mesa. Holz vai all-in de 18.275.000. Fellipe Nunes: Aqui, Smith tem um grande problema, pois uma sequência está praticamente fora de seu range, baseada na maneira como ele jogou. Com uma mão com potencial para completar o straight, ele apostaria no turn e não iria para o check-call. Então, basicamente, se pensarmos no range de valor de Smith, ele normalmente terá algo como um 8 ou um J, já que as trincas e draws para sequências continuariam apostando no turn. E esse é um lugar difícil para se estar. Você sabe que o seu adversário sabe que seu range é de mãos com valor médio para fraco, e ele é um dos melhores do mundo e é capaz de utilizar essa informação da melhor maneira. Quando pensamos no range do Fedor, é improvável pensar em um range fraco. Seu range é muito capcioso e polarizado, mas acho difícil ele se colocar nessa situação sem nada. Mesmo que uma parte do range seja “air”, por ele entender qual o range do Smith, não seria uma boa ideia tentar fazer seu adversário largar uma mão como um 8 ou um J, o que torna a situação perfeita para extrair valor da sua trinca. Smith paga.

Fellipe Nunes: Para mim, Dan Smith perdeu a mão quando sua ansiedade no river suprimiu a racionalidade. Seus gestos, modo de respirar, tudo transparecia seu total desconforto. E quando o sentimental sobrepõe o racional, no pôquer, você já perdeu. Podemos discutir o plano dele para a mão, seu range de 3-bet pré-flop e muitos outros fatores, mas a lição mais importante, aqui, é aprender a respirar e buscar a racionalidade de volta quando a ansiedade toma conta. Se o call é o melhor no river ou não, considero que isso é menos importante do que a falta de controle de Dan Smith ao tomar sua decisão.

Fellipe Nunes Fellipe Nunes é um dos principais jogadores de poker do Brasil. Campeão do SCOOP, em 2013, e do BSOP, em 2011, ele possui mais R$ 5 milhões de reais em prêmios na carreira.

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TORNE IO

C I A E LD P S E E

O N A FREEROLL ESPECIAL DE ANO NOVO! Vamos encerrar o ano com o bankroll renovado para 2017? No dia 30 de dezembro, às 21 horas (horário de Brasília), faremos nosso Freeroll de Ano Novo com uma premiação garantida de US$1.500! Então prepare seu champanhe para jogar o último grande torneio comemorativo do Betmotion em 2016.

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Acompanhe todas as nossas promoções para este final de ano TORNEIO DE NATAL

O Natal está chegando e já é hora do tradicional presente do Betmotion Poker para você! No dia 22 de dezembro, às 21 horas (horário

de Brasília), faremos nosso Freeroll Especial de Natal, com nada mais, nada menos que US$1.000 garantidos de premiação!

Isto sim é presente para Papai Noel nenhum botar defeito!

CLASSIC

Logo no início de janeiro, o Betmotion colocará no ar uma série de torneios garantidos em formato Freezeout, remetendo aos bons e velhos tempos: THE CLASSIC!

Os torneios estarão distribuídos em toda a nossa grade, começando no dia 8 até o dia 15 de janeiro com os mais diversos Buy-ins.

Fique ligado para não perder um só torneio, pois serão €350.000 garantidos!

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UM DESAFIO

CHAMADO ROTINA Por Ivan “RoyalSalute” Santana

cordar, engatar na sessão um pouco atrasado, jogar, fazer reta final de alguns torneios, terminar no “ferro”. Assistir a um seriado, jogar LoL (League of Legends), dormir. Dia seguinte, o mesmo. De vez em quando, um review ou algum evento social. Muitos jogadores de poker on-line podem reconhecer nessa breve descrição a sua rotina. Porém, ela contém um ciclo de decisões erradas. E essas decisões têm um efeito poderoso e direto sobre o progresso nas mesas. Olhar para o seu dia a dia e ter senso crítico para enxergar o que pode ser melhorado é essencial para acelerar o desen-

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volvimento no poker. A rotina descrita acima não é a ideal para o progresso em nenhum trabalho, nem para uma vida plena. No entanto, se você se reconheceu nesse ciclo, não precisa se alarmar. Escolha um ponto por vez e dedique-se para melhorá-lo com calma. Não adianta querer virar um monge budista do dia para noite. Isso não vai acontecer e você só vai terminar com mais frustrações por não ter conseguido executar um plano que de antemão estava fadado ao fracasso. Uma pequena mudança por vez é o segredo para substituir maus hábitos por bons. Para os que gostam de ler, sugiro o livro “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg.

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Para mim, foi um ótimo ponto de partida para entender como nossos hábitos podem gerar boas ou más rotinas. Você pode optar por um banho gelado, uma meditação de cinco minutos ou qualquer outra pequena mudança. Ela pode ser o suficiente para mostrar a si mesmo que você consegue mudar. Concentre seu foco em apenas uma mudança por vez. Sugiro iniciar as manhãs com o novo hábito, pois no decorrer do dia vamos ficando com menos energia para colocá-lo em prática. Procuramos incentivar esse comportamento nos jogadores do FLOW e reiteramos a eles, em diversos meios de comunicação e de diferentes maneiras, a importância do equilíbrio e das decisões fora das mesas para construir um caminho sólido e uma carreira no poker. Escolha um novo hábito que te faz bem, transforme-o em prioridade e execute-o ao iniciar o dia. Esse é um bom caminho para, aos poucos, construir uma rotina que ajuda a maximizar seu potencial e eliminar os hábitos que lhe sabotam. Planeje hoje e execute amanhã. Nos vemos nas mesas.

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Ivan Santana @ IvanRoyalSalute www.ivanroyal.com.br

Ivan Santana é um dos maiores e mais respeitados especialistas em cash games do Brasil. Ele é instrutor do FLOW e autor do livro “The Royal Book”.

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O MAIOR ERRO

QUE OS AMADORES

PODEM COMETER Por Jonathan Lit tle

ste ar tigo é inspirad o no erro mais adversários dando fol comum que vi mu d para esse jogador, itos jogadores tor nando quase impo recreativos cometer ssível para que ele em du ran te a ex traia valor signifi WSOP 2015. A ma cativo com suas mã ioria destes jogadore os s for tes. Se você só ga sequer percebem nhar potes pequenos que estão cometen do com essas mãos, en este erro. É algo dif tão será difícil bater ícil de perceber, espe o jogo no longo pra zo cialmente para aq . ueles que jogam em limites médios ou Em vez de reaumen baixo, em que quas tar apenas com e mãos for tes, você de todos apresentam ve fazer isso com um esta falha. Uma ve z range de mãos ma que os amadores is amplo, baseado se tornarem conscie na nmaneira como você tes disso, eles se espera que seu op rão instantaneame onte nente reaja. Se você capa zes de melhorar acha que ele dará ca as suas estratégias ll , com mãos marginais permitindo-lhes jog — como 2-2, A-10 ar de uma forma be e m K9 —, você deve faz mais lucrativa. er 3-bets com seu range mais for te. Iss Grande parte dos am o não inclui apenas adores simplesA-A e A-K, mas tam mente não aplica pre bém as mãos que ssão suficiente antes podem estar domina do flop. Sua estra ndo o seu oponente: tégia é esperar pe las 9-9, A-J e K-Q, po mãos for tes e en r exemplo. Essa es tão fazer um rerais trae, tégia funciona me esperando que seus lhor contra jogadore adversários paguem s fra cegamente com qu cos que não desis alquer lixo. O result tirão por já terem acolocado fichas no po do é óbvio: te pré-flop.

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Se você espera que o seu adversário irá dar fold ou uma 4-bet (rereraise), você deve polarizar seu range de 3-bet. Ou seja, seus reaumentos devem incluir mãos muito fortes (QQ+ e A-K), e mãos que não são boas o suficiente para pagar o raise inicial do seu oponente, como A♦7♣, K♦10♠, K♥8♥ e 10♦7♦ . Ao adotar essa estratégia, seu range de call será de mãos que jogam decentemente pós-flop (A-J, K-Q e 8-7 suited). Essa estratégia funciona bem porque quando você dá um reraise com uma mão fraca, raramente você quer ver o flop. Com mãos com A-J e K-Q, normalmente você quer ver o flop, então você apenas paga. No entanto, se você espera que seu oponente só aumentará com as chamadas “premium hands”, o que acontece muito em torneios mais baratos, então você também só deve dar reraise com mãos muito fortes. Não há razão para blefar. Na maioria das vezes, você falhará. Por exemplo, o jogador que abriu raise do UTG é conhecido por ser extremamente tight, contra ele, se você fizer uma 3-bet com algo como A-Q ou 10-10 e ele continuar na mão, então você estará em maus lençóis depois do flop. Mas se ele der fold, então você blefou seu A-Q ou 10-10. Sua intenção com mãos boas,

não é fazer seu oponente desistir. Então, apenas dê call e jogue o pós-flop. Contra esse tipo de jogador, seu range de 3-bet deve ser A-A, K-K, Q-Q e A-K suited. Se você acha que aplicar reraises com mãos marginais e blefar é muito arriscado, então procure outro jogo. Para se ter sucesso no poker, você tem que roubar potes que não pertencem a você, principalmente nos limites baixos e médios. Caso se sente à mesa esperando que alguém derrame as fichas sobre seu colo, você será engolido pelos blinds na maioria das vezes. Tome as rédeas da situação e não deixe seu destino na mão do baralho. É assim que se joga poker.

Jonathan Little Jonathan Little joga profissionalmente há quase 10 anos. Ele tem dois títulos do WPT e já ganhou mais de US$ 6 milhões em torneios ao vivo.

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