Card Player Brasil Digital - 41

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POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

SANTA CATARINA VENCE TORNEIO POR EQUIPES

CONHEÇA O LIVRO DAS TELLS










SUMÁRIO CLÁUDIO DAVINO

combos em 14 Calculando NL Hold’em Veja como é possível calcular o número total de combinações na mão do vilão para que você defina com precisão o que significa exatamente o range dele.

THE BOOK IS ON THE TABLE

20 O Livro das Tells

ESPECIAIS 26. SANTA CATARINA VENCE TORNEIO POR EQUIPES 46. O DIA DO BARALHO Veja o que a Copag preparou para o Dia do Baralho e conheça a origem desta ferramenta milenar de entretenimento: o baralho.

Mike Caro

E MAIS 60. CARD CLUB Clubes de poker FÁBIO EIJI

38 DESAFIO do EIJi Na volta do “Desafio do Eiji”, nosso colunista desafia o leitor a entender a lógica por trás da aposta por blefe ou por valor.

JOÃO BAUER

CAMINHO PARA A 52 OPROFISSIONALIZAÇÃO NO POKER Bauer e “F1oba” dão dicas fundamentais para quem quer se profissionalizar como jogador de poker.

RAMON SFALSIN

das anotações 62 Anaimportância hora de blefar Conheça os principais conceitos práticos no pós-flop e as vantagens que você terá ao fazer importantes anotações na hora do blefe.

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Calculando

Combos

em No-Limit

Hold’em Por Cláudio “PeixeFeliz” Davino

F

ala pessoal, beleza? No artigo do mês passado, falei sobre como devemos pensar em uma mão de poker e consequentemente decidir qual ação será melhor para ela utilizando nosso conhecimento sobre ranges. Nesta edição, mostrarei como podemos calcular o número total de combinações na mão do vilão para que possamos definir com mais precisão o que significa exatamente o range dele.

Afinal, o que são combos? Combo é a palavra em inglês para combinação, logo, quando falamos sobre combinatória em geral, queremos dizer quantas combinações diferentes de mãos existem em determinada situação, por exemplo: * De quantas formas possíveis você pode receber A-K como mão inicial? * De quantas formas possíveis você pode receber 6-6 como mão inicial? * Quantas combinações de 7-7 existem no flop A-7-5? * Quantas combinações de sequência existem no flop A-T-7?

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Usando combinatória, você será capaz de rapidamente trabalhar com esses números e usá-los para tomar melhores decisões baseado na probabilidade de certas mãos aparecerem.

Básico da combinatória: Mãos iniciais de poker Por enquanto parece um pouco complicado não é? Vamos descomplicar tudo então. Agora! Podemos dividir as mãos iniciais em dois tipos: 1 - Mãos não pareadas (A-K, 2-7, 8-9) 2 - Mãos pareadas (2-2, 10-10, A-A) Cada mão não pareadas possui 16 combinações totais possíveis. Sendo assim, se você escrever todas as possíveis formas que você pode receber A-K como mão inicial, seriam 16 (A♠K♠, A♠K♥, A♠K♦, A♠K♣, A♥K♠, A♥K♥, A♥K♦, A♥K♣, A♦K♠, A♦K♥, A♦K♦, A♦K♣, A♣K♠, A♣K♥, A♣K♦, A♣K♣).


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E cada mão pareada possui apenas seis combinações totais possíveis. Então, se você quiser todas as possíveis formas de receber 6-6 como mão inicial, seriam seis (6♠6♥,6♠6♦, 6♠-6♣, 6♥6♦, 6♥6♣, 6♦6♣). Então, como vocês podem deduzir, nós temos praticamente três vezes mais chances de receber uma mão não pareada do que uma mão pareada. Curiosidade: Existem 1.326 combinações possíveis de mãos iniciais no Texas Hold’em.

Aplicando combinações usando cartas conhecidas Vamos supor que nós temos A-K em um flop K-9-2 (os naipes não importam). Quantas combinações possíveis de K-Q e 9-9 o vilão pode ter? Resposta: Devemos usar a fórmula de mãos não pareadas:

C = A1 x A 2 Em que: C = Combinações totais. A1= Cartas possíveis para a primeira carta. A 2 = Cartas possíveis para a segunda carta. Então, com a mão inicial A-K, temos C= 4 Ases x 4 Reis = 16 combos Assim sendo, no caso do K-Q no flop K-9-2, existem quatro Damas e dois Reis disponíveis no baralho. Assim, multiplicamos 4 x 2 e temos então o número total de K-Q possíveis nessa situação, ou seja, oito combos. Para os combos de 9-9, devemos usar a fórmula de mãos pareadas:

C=

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A x (A - 1) 2

Então, para o nosso problema, existem três Noves disponíveis no baralho. Assim, multiplicamos 3 x (3-1) e dividimos o total por 2, totalizando três combos.

Importância Combinatória é importante porque ao trabalhar as combinações de mãos, você pode encontrar mais informação sobre o range do vilão. Por exemplo, vamos supor que o range de 3-bet do vilão é de apenas 2%. Isso significa que ele faz esse tipo de jogada apenas com A-A, K-K e A-K, que é um range muito tight. Agora, apenas olhando para esse range de mãos, você deve achar que ele está mais sujeito a fazer a 3-bet com grandes pares. Afinal, tanto A-A quanto K-K estão no range dele, comparado com apenas uma mão não pareada que é o A-K. Então, sem considerar combinatória para esses 2% do range dele, você provavelmente deve achar que a probabilidade para cada mão parece com isso: A-A = 33% K-K = 33% A-K = 33% Sendo assim, os pares seriam compostos por 66%, enquanto A-K apenas 33%. Entretanto, vamos olhar mais a fundo essas mãos comparando o número total de combinações de cada mão. A-A = 6 combinações (21,5%) K-K = 6 combinações (21,5%) A-K = 16 combinações (57%)


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Então, das 28 possíveis combinações feitas de A-A, K-K e A-K, 16 delas são de A-K. Isso significa que quando o vilão usar a 3-bet, a maior parte das vezes ele terá A-K, e não A-A ou K-K.

Aplicação prática de combinatória: Em uma situação hipotética, estou com 3♣3♥ no small blind, jogando contra um vilão short stack, no big blind, com apenas $60 no stack. Em um river que o flop e turn rodaram em check, me encontro na situação em que o pote tinha $12 e o bordo era A♥ K♥ 8♣ 4♠ 3♠. No river, aposto $10 e o oponente dá all-in de $60, o que significa que pagaremos $50 para um pote de $82. Na situação em questão, estava confiante que o vilão faria essa jogada quase sempre com dois pares, com o Ás na mão ou sets. De acordo com as odds do pote, nós temos que pagar 50 para ganhar um pote de 82, então fazemos 50/(50+82) x 100 = 37,87. Então temos que ganhar pelo menos 38% das vezes para o nosso call ser lucrativo no longo prazo. Então vamos

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ver a porcentagem de mãos que ganhamos e perdemos para analisar a melhor jogada. Mãos que ganhamos: * * * *

A-K = 3 x 3 = 9 combos A-8 = 3 x 3 = 9 combos A-4 = 3 x 3 = 9 combos A-3 = 3 x 1 = 3 combos

Mãos que perdemos: A-A = (3 x 2) / 2 = 3 combos K-K = (3 x 2) / 2 = 3 combos 4-4 = (3 x 2) / 2 = 3 combos 8-8 = (3 x 2) / 2 = 3 combos No total temos 42 combos. Combos que vencemos = 30 (71,5%). Combos que perdemos = 12 (28,5%). Assim, nós temos que dar o call, porque ganhamos 71,5% da vezes quando precisaríamos vencer apenas em 38% para o call ser lucrativo.

Cláudio Davino claudio@pokerlab.com.br fb.com/claudioam instagram.com/davinopoker

Cláudio Davino é um dos destaques brasileiros em cash games on-line, especialista em NL200 (Zoom) e instrutor da PokerLAB.”


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O Livro das tells Mike Caro

RAISE EDITORA


THE BOOK IS ON THE TABLE

Ao andar por um salão de um torneio de poker, observamos que não são poucos os jogadores cobrindo seus rostos com óculos e gorros. A explicação é simples: não fornecer ao adversário quaisquer informações sobre a força da sua mão. Um movimento com os dedos, uma respirada mais forte ou um simples olhar despretensioso para o lado pode colocar muita coisa a perder se você estiver jogando contra um expert. Em O Livro das Tells, Mike Caro, “O Gênio Louco do Poker”, desvenda os segredos por trás da linguagem corporal, as famosas tells. Saiba quando seus oponentes estão blefando, quando não estão e por que. São mais de 170 exemplos ilustrados para que você não deixe passar nada na próxima vez que se sentar à mesa. “Mike Caro ensinou mais jogadores a vencer do que qualquer um na sua história. Suas pesquisas e suas palestras revolucionaram o poker”, palavras não minhas, mas da maior lenda viva do esporte mental: Doyle Brunson.

TELL #16 (p. 98) TÍTULO: Ótimo flop, é melhor eu me certificar de que minhas fichas ainda estão aqui. CATEGORIA: Olhando de relance para as fichas. DESCRIÇÃO: A tell de olhar de soslaio, ligeiramente, para as fichas ocorre com muita frequência no hold’em. Na Foto 28, o flop é registrado na mente da jogadora. Ela instintivamente olha para suas fichas (Foto 29). Mas você precisa observar com atenção para não perder nada, pois na Foto 30 — menos de um segundo depois — ela já está olhando em direção ao flop novamente. MOTIVAÇÃO: Uma reação instintiva depois que o flop ajudou a mão dela. CONFIABILIDADE: Jogadores fracos = 98% Jogadores medianos = 96% Jogadores fortes = 90%

VALOR POR HORA: Limite $1 = $2,75 Limite $10 = $9,50 Limite $100 = $40,00 DISCUSSÃO: Essa tell é muito similar — e, de fato, conceitualmente idêntica — à anterior. No entanto, essa mulher não desvia o olhar da ação. Em vez disso, ela simula estar estudando o flop. Obviamente, ela já sabe muito bem que o flop a ajudou, então ela não precisa estudá-lo. Ela está simplesmente tentando fazer com que você pense que ela está mais fraca do que realmente está. Se você estivesse observando o flop — como até mesmo os jogadores mais profissionais invariavelmente fazem — você não teria visto essa oportunidade bastante lucrativa e não saberia que a mulher agora segura uma mão forte. MELHOR ESTRATÉGIA: Você precisa de uma mão mais forte que a usual para competir. Não blefe contra essa mulher. Não espere flagrá-la blefando. Se você gosta de utilizar o check-raise, essa é uma boa oportunidade.

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Foto 28: O jogo é hold’em e aí vem o flop.

Foto 29: A jogadora olha imediatamente para suas fichas.

TÍTULO: O Livro da Tells (Caro’s Book of Poker Tells) AUTOR: Mike Caro NÚMERO DE PÁGINAS: 314 PREÇO: R$ 79,90 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com

Foto 30: Mas o olhar é breve e agora ela faz de conta que está estudando o flop.

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Sul em Festa Por Diego Scorvo

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Causou muita estranheza a ausência dos estados do Sul do país no pódio do Campeonato Brasileiro por Equipes em 2014 e 2015. Na quarta edição do evento, a região encontrou a sua redenção na última jogada. Ao derrotar o goiano João Bauer no heads-up de um SNG 9-Handed, o catarinense Renê Paz garantiu o primeiro título do seu estado. Também contribuíram para o triunfo Fábio Eiji, Igianne Bertoldi, Affif Prado, Célio Voelz, Rodrigo Garrido e Kelvin Kerber. Por causa do torneio de heads-ups do BSOP São Paulo, Kelvin não participou do Dia Final, dando lugar ao herói da cravada. A 4ª edição do Brasileiro por Equipes teve como sede o WTC Sheraton, casa do BSOP Millions nos últimos dois anos. No grandioso salão Golden Hall, 18 seleções trouxeram vários de seus melhores jogadores para uma disputa sem prêmios monetários. As apostas paralelas agitaram bastante os competidores, mas o espírito esportivo da competição não foi afetado.

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Quem se saiu melhor no primeiro ato do evento foi o Paraná. Com 67 pontos, o estado estabeleceu um novo recorde para essa fase da competição. Equipe dona de um elenco estrelado, São Paulo finalmente conseguiu avançar para a etapa decisiva, porém no Dia Final nada deu certo para o time do técnico Will Arruda. Com nomes do calibre de Pedro Padilha, Rafael Moraes, Vivian Saliba, Luiz Duarte e Thiago Decano em campo, o estado teve junto com Sergipe e Paraíba a menor pontuação, apenas seis de 120 pontos possíveis. Santa Catarina chegou ao Dia Final empatado na terceira posição com o

Distrito Federal. Nos SNGs 9-Handed de NL Hold’em, o grupo conquistou duas vitórias e dois vices, desempenho que lhe rendeu 44 pontos. Apesar da ótima pontuação, o time não controlava o seu destino na reta final do torneio. Ao lado da mesa de Renê, o November Nine Bruno Foster estava no heads-up de outro SNG 9-Handed. Em caso de vitória contra o rondoniense Ronnie Perin, o cearense conquistaria um inédito título para o Nordeste, porém a vitória não veio. Em seguida, Renê conseguiu o triunfo que encerrou a competição.

Confira a pontuação de Santa Catarina no CBE IV: Fábio Eiji – 22 pontos Igianne Bertoldi – 22 pontos Rêne Paz – 20 pontos Célio Voelz – 10 pontos Kelvin Kerber – 10 pontos Affif Prado – 6 pontos Rodrigo Garrido – 5 pontos

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Melhor jogador do Torneio: Em sua quarta participação no Campeonato Brasileiro por Equipes, o profissional Nicolau Villa-Lobos voltou a ser o jogador que somou mais pontos. Representante do Rio de Janeiro nos SNGs 6-Handed PL Omaha, ele encerrou o Dia 1 com uma vitória e uma terceira colocação. Já na Fase Final, o jogador do 888poker venceu o seu SNG 9-Handed. Maior pontuador da história do torneio, Nicolau garantiu o título dos cariocas na estreia da competição, quando de virada venceu o último heads-up do torneio. Naquela temporada, ele também foi quem somou mais pontos.

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Classificação final: 1. Santa Catarina 95 pontos

2. Ceará 93 pontos

3. Rondônia 92 pontos

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4. Distrito Federal 85 pontos

5. Goiรกs 83 pontos

6. Paranรก 81 pontos

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Classificação final: 7. Rio de Janeiro 70 pontos

8. Pernambuco 67 pontos

9. Rio Grande do Sul 55 pontos

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10. ParaĂ­ba 47 pontos

11. SĂŁo Paulo 45 pontos

12. Sergipe 38 pontos

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Classificação final: 13. Tocantis 30 pontos*

14. Pará 22 pontos*

15. Rio Grande do Norte 22 pontos *

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16. Amazonas 20 pontos*

17. MaranhĂŁo 20 pontos*

18. Bahia 15 pontos *

*Equipes eliminadas no Dia 1 cardplayerbr

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Poker pics

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DESAFIO DO EIJI por Fábio Eiji

E Fábio Eiji @fabioeiji www.fabioeiji.com.br

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.

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ste final de ano tem sido bastante atarefado; muitas atividades relacionadas ao poker, como torneios e coachings, têm tomado bastante o meu tempo. Para não deixar vocês sem um artigo neste mês, resolvi publicar aqui na Card Player uma análise que foi o tema do Desafio do Eiji I, que vocês podem acessar no meu blog www. fabioeiji.com.br. Trata-se de uma questão aparentemente simples, mas interessante pelos conceitos e stacks envolvidos. A MÃO

Em MP2, Hero, com 18 bbs, faz um mini-raise com A♥8♥. Apenas o jogador no CO paga. Ele tem 30 bbs de stack e não temos maiores informações. O Flop traz A♦ 2♠ J♥. Devemos fazer uma continuation bet?


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PRÉ-FLOP Não tenho absolutamente nada contra o raise pré-flop se estiver jogando em uma mesa tight. Hero tem um blocker (Ás) e suited, e a tendência é enfrentar poucos calls por causa do stack curto. A favor do raise é que dificilmente seremos explorados — é muito difícil, por exemplo, fazer uma 3-bet light com um stack de 18 bbs. Por outro lado, se jogamos uma mesa cheia de jogadores passivos, o fold é mais recomendável, já que jogaremos muitas vezes o pós-flop fora de posição, com uma mão fraca e um pote grande em relação ao nosso stack. VALOR E BLEFE Antes de ser uma pergunta sobre continuation bet, esse desafio é uma pergunta sobre um conceito básico do poker: o motivo para apostar. Pode parecer simples, mas é um dos grandes erros que os jogadores cometem. Só existem dois motivos para apostar no poker: valor ou blefe.

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Uma aposta por valor é aquela que recebe ação de mãos piores. Uma aposta por blefe é aquela que consegue fazer mãos melhores desistirem. No caso do A8s, quais mãos melhores do que a nossa vão desistir? Nenhuma. Logo, a aposta não funciona como blefe. E quais mãos piores vão dar call? Muito poucas. Por isso, não há um grande valor nessa aposta. Estão erradas todas as respostas que justificam as ações com algum desses argumentos: “eu quero encerrar a mão logo”, “preciso saber onde estou pisando”, “vou apostar porque tenho top pair”. Veja bem, nenhuma dessas ideias são realmente motivos para apostar. Informação e proteção são consequências da aposta, não motivos. FLOP: FAZER A C-BET OU NÃO? Dependendo do jogador, há de se fazer ajustes. Por isso, considero corretas duas respostas: Se enfrentamos um jogador mais passivo, a c-bet de 1/3 do pote funciona bem, já que a tendência é que esse tipo de jogador tenha um


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range grande de flat call pré-flop e seguirá na mão com praticamente todas as broadways (por serem straight draw) além dos Valetes. Dessa forma, o Hero vai criando um pote grande e induzindo o oponente a se comprometer com uma mão marginal. Mas veja bem, não estamos falando aqui em “encerrar a mão” ou “mostrar que temos força”. Nada disso. Estamos falando em uma aposta por valor. Contra jogadores mais agressivos, o check é a melhor opção, já que o range de flat do vilão é mais definido (por exemplo, jogadores agressivos tendem a ir 3-bet pré-flop com AJ+) e ele tende a explorar nosso check mais vezes que o jogador passivo. Esse tipo de vilão transformará em blefe muitas mãos que tenham valor de showdown, como J-X e alguns pares. Além do que, quando optamos pela c-bet contra esse tipo de jogador, facilitamos demais sua vida e, a partir de então, ele praticamente não cometerá erros. Como padrão, o check-call flop segue sendo a melhor linha, já que a maioria dos jogadores que enfrentamos cometem mais erros no turn e river do que no flop.

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JOGANDO TURN E RIVER Como padrão, podemos assumir a linha do check-call flop e ajustar conforme o jogador que enfrentamos. Na maioria das vezes não há mais como dar fold depois do check-call flop. Isso porque teremos aproximadamente um pote para trás, SPR = 1 (para saber mais sobre SPR, você deve ler o meu artigo publicado na edição 76), e o range do vilão tem poucos A-X. Nossa mão é um bluff catcher (pega-blefe) em uma situação que é possível induzir a muitos blefes. Quando não há chance do adversário blefar, há a possibilidade do check-fold. Mas cuidado, é preciso ter informações sólidas para esse fold funcionar bem. Quando enfrentamos check behind no flop, a linha do bet turn e bet river é boa, justamente porque você elimina os A-X do seu range aos olhos de um vilão mais despreparado. Dessa forma, ele tende a não dar fold em um J para duas apostas. Aliás, muitas vezes não dão fold em par algum.


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CBTH agradece Federações e competidores da 4ª edição do Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes Realizado em São Paulo neste ano, torneio mostrou que o amor pelo esporte corre nas veias dos atletas de uma das modalidades que mais crescem no país

O tradicional Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes, organizado pela CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold’em), chegou a sua quarta edição neste ano, e com ele, mais uma grande disputa entre estados brasileiros foi registrada. O salão do Golden Hall, no WTC Sheraton, em São Paulo, foi palco de uma grande disputa de poker, vencida no último heads up pela seleção de Santa Catarina. Com a tabela se alterando durante os dois dias de disputas, o estado do sul do país ficou com o título, somando 95 pontos, apenas 2 a mais que o Ceará, que ficou sem segundo lugar e Rondônia/Acre, que com 92 pontos, voltou a subir ao pódio, dessa vez com a terceira posição do torneio. Com um misto de rivalidade e brincadeira entre os competidores, o CBPE provou mais uma vez que o amor à camisa e a paixão pelo esporte são grandes diferenciais do torneio, que não conta com nenhum tipo de premiação em dinheiro. Com mais um grande sucesso, a CBTH agradece as

18 Federações participantes e seus respectivos atletas por proporcionarem esse momento único para o poker brasileiro e parabeniza o estado de Santa Catarina, formado por Affif Prado, Célio Voelz, Fábio Eiji, Igianne Bertoldi, Kelvin Kerber e Rodrigo Garrido, pela conquista. “Pelo quarto ano seguido, graças à ajuda das Federações, atletas e staff, conseguimos realizar um grande torneio, que dessa vez foi decidido no apagar das luzes. Parabenizamos Santa Catarina pelo título e agradecemos aos demais estados que fazem o Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes ser uma disputa que mistura rivalidade e espírito esportivo nas mesas do BSOP. Espero continuar fazendo deste torneio uma das coisas mais legais que se tem notícia do poker em todo o mundo, sempre, claro, contanto com a ajuda de todos os envolvidos no CBPE”, afirma Igor Federal, Presidente da CBTH. A quinta edição do Brasileiro por Equipes acontecerá apenas no ano de 2017, em sede ainda a ser definida.

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Stand da CBTH no BSOP São Paulo recebe esportes da mente e invenção de jovem Denominado JOTADEF, projeto ajuda pessoas com deficiência a praticarem esportes de tabuleiro

A etapa de julho do BSOP foi marcada mais vez pela presença do stand da CBTH, em parceria com a ABRESPI (Associação Brasileira de Esportes da Mente), que tem com o objetivo, proporcionar atividades de outros esportes da mente, como dama, xadrez, go e bridge, durante as etapas do Campeonato Brasileiro de Poker, aproveitando a total sinergia existente entre as modalidades. Além dessas atividades, o stand recebeu a presença de Diego Silva Mota, um jovem de Limeira, interior de São Paulo, de apenas 19 anos, mas que já carrega com ele uma invenção de gente grande. O estudante desenvolveu o JOTADEF (Jogo de Tabuleiro Adaptado para Deficiente Físico), um projeto que tem como objetivo de promover a inclusão social, ajudar na fisioterapia e raciocínio lógico, além de promover o lazer para pessoas que perderam a mão, parte dos membros ou até mesmo os movimentos de pinça.

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O material consiste em um eletroímã que pode ser acomplado ao braço da pessoa, podendo ser acionado por alguma parte dos próprios braços ou dos pés. Com isso, pessoas deficientes podem jogar com outras deficientes ou até mesmo pessoas não deficientes. A ideia de Diego surgiu em 2013, quando ele estava no segundo ano do colegial e possuia uma disciplina de projetos técnicos e científicos. Nela, o jovem, junto com dois amigos, resolveram adaptar a ideia de um projeto de jogo de botão, para criar a adaptação para jogos de tabuleiro.


B A O R D A LHO A I D O Por M arc

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O ser humano sempre foi fascinado por jogos. Jogos promovem a competitividade, raciocínio lógico e, claro, a confraternização. No Brasil, é raro achar alguém que nunca teve contato com um baralho, e entre essas pessoas que passam ou já passaram o tempo em uma roda de cacheta, buraco ou truco há uma coisa em comum: todos, pelo menos uma vez, já seguraram cartas da Copag. Copag e baralho se tornaram sinônimos, substantivos inerentes em nosso País. Agora, com a explosão do poker, as cartas ganharam ainda mais importância na cultura do brasileiro. Pensando nisso, a Copag, em uma inciativa inédita, criou o “Dia do Baralho”. Com ações de marketing por todos Brasil, a marca deu outra dimensão ao dia 13 de setembro — referência ao seu baralho mais popular, o Copag 139, aquele mesmo do truco de final de semana —, e nós, da Card Player Brasil, como amantes do poker, não poderíamos deixar esse dia passar em branco.

Entre Reis, Rainhas e Valetes A humanidade sempre se pautou pela incessante busca de significado. Nada acontece por acaso. Nada tem um sentido transcendental. O baralho, obviamente, não poderia ficar de fora dessa necessidade de achar porquês em tudo. Há muito se especula sobre as origens das cartas do baralho. Entre diversas histórias, criam-se lendas e histórias mirabolantes.

A verdade é que a confecção de baralhos recebeu inúmeras influências ao longo dos anos, com variações que iam do número de cartas à quantidade e natureza dos naipes. Os baralhos italianos, por exemplo, possuíam 56 cartas, com quatro tipos de figuras: Rei, Dama, Valete e Servo. Em vez dos tradicionais copas, espadas, paus e ouros, os naipes se dividiam em bastões, cálices, espadas e moedas. Com o passar do tempo, a figura do Servo foi descartada e os baralhos passaram a ter o padrão atual de 52 cartas. Ao adotarem o baralho, os espanhóis excluíram as damas e, no lugar delas, incluíram os Caballeros. Os alemães também excluíram as damas, chamando as figuras de König (Rei), Übermann (Homem Superior) e Üntermann (Homem Inferior). Os germânicos ainda modificaram os naipes, substituindo os símbolos franco-itálicos por sinos, corações, folhas e bolotas. Já os franceses foram além: deixaram de fora o Übermann e reincluíram a Dama. Nos naipes, adotaram os corações (hoje, copas) e as folhas dos alemães foram viradas de cabeça para baixo e adquiriram a conhecida forma do naipe de espadas. A partir

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das bolotas, conceberam e adaptaram o naipe de paus. Os sinos foram substituídos por ouros (do francês carreaux, azulejos envernizados usados em igrejas). A partir disso, especulações históricas começaram a atribuir significado a cada naipe, dizendo que cada um representava um setor da sociedade: o clero, o exército, os burgueses e os camponeses. Mas o que lemos em relação a isso são apenas suposições. Quanto às figuras, também chamadas de cartas reais, a ideia de que elas foram baseadas em personagens históricos tem uma razão: um baralho confeccionado, por volta de 1567, por Pierre Mar é c hal . Ele ainda

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se encontra preservado no museu da cidade francesa de Ruão e contém inscrições que indicam textualmente quem são as figuras ali representadas, o que fez com que se pensasse que todas as cartas reais tinham sido baseadas nas mesmas personalidades. Contudo, uma análise histórica mais profunda revela que diversos notáveis serviram de inspiração, a depender da época e da localidade. As primeiras escolhas para as identidades dos Reis foram Salomão, Augusto, Clóvis e Constantino, mas, durante a última parte do reinado de Henrique IV (1553-1610), elas foram mais ou menos padronizadas e representavam Carlos Magno (copas), Davi (espadas), César (ouros) e Alexandre, o Grande (paus). As Damas, por sua vez, sempre foram objeto de muita especulação, por não serem tão facilmente identificáveis: Judith, a rainha de copas, é associada à Imperatriz Judite (esposa do filho de Carlos Magno) ou Isabel da Bavária (esposa de Carlos VI e mãe de Carlos VII). Palas (espadas) representaria Atenas, a deusa grega da guerra ou a heroína francesa Joana d’Arc. Agnès Sorel (a amante de Carlos VII) ou a esposa de Jacó seriam Rachel, a Dama de ouros. E Argine (paus), que é um


acrônimo para “Regina” (Rainha), seria María de Aragón (esposa de Carlos VII) ou a deusa romana Hera (irmã e esposa de Zeus, o deus dos deuses). As identidades dos Valetes, por sua vez, sempre permaneceram constantes: La Hire (Étienne de Vignoles, cavaleiro e herói da França) como o Valete de copas; Holger (um dos cavaleiros de Carlos Magno) como o Valete de espadas; Heitor, herói de Troia, como o Valete de ouros; e Lancelot, o grande cavaleiro da Távola Redonda de Artur, como o Valete de paus. Essa prática francesa de associar personagens reais às figuras de seus baralhos chegou ao fim após a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Depois de Luís XVI e Maria Antonieta terem sido condenados à guilhotina, símbolos da monarquia passaram a não ser mais bem vindos na nova república. Quanto ao Ás, a carta suprema do baralho, ela representa, ao mesmo tempo, o número 1, o A, o alpha, como também o sol, Alá, Deus. Enfim, possui diversos significados, quase todos transcendentais. Não por acaso, o Ás encerra a ideia de ciclo. Isso justificaria, por exemplo, o straight poder tanto começar quanto terminar com o Ás.

Festa do baralho Para comemorar o Dia do Baralho, a Copag trouxe um personagem curioso. O habilidoso Rei do Baralho, senhor de Cartópolis (cartopolis.com.br), um lugar onde as pessoas podem marcar ou encontrar um home game de seu jogo favorito de cartas, desde o nostálgico Jogo do Mico até o Poker. O icônico rei recebeu duas passagens para Las Vegas e teria que escolher alguém para ser seu acompanhante. E qual a melhor maneira de fazer isso? Promovendo um torneio, obviamente. A modalidade escolhida foi o poker e da mesa final, composta de 10 selecionados

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de todo o Brasil, Márcia Callegaro, do Rio Grande do Sul, foi quem saiu vitoriosa e faturou o prêmio. As comemorações do Dia do Baralho ainda contaram com um evento para imprensa, que distribuiu viagens nacionais e internacionais para os vencedores. Outra iniciativa, promovida pela Copag e pelo Shopping Plaza Sul, em São Paulo, foi a “Catedral de Cartas”, em que Bryan Berg, reconhecido internacionalmente pelas suas grandiosas obras envolvendo construções com baralhos, vem construindo, desde o dia 13, uma réplica da Catedral da Sé. O resultado do trabalho de Berg poderá ser visto gratuitamente até o dia 30, no próprio shopping. E para quem não pôde participar dos festejos, a Copag criou versões próprias, para tablets e smartphones, de três dos jogos preferidos dos brasileiros: buraco, paciência e truco, além do site www.diadobaralho.com.br. A expectativa é que, nos próximos anos, o Dia do Baralho ganhe cada vez mais atrações e adeptos. Afinal, seja uma criança de cinco anos ou um senhor de setenta, não tem quem não goste de uma boa roda de baralho.

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OS MELHORES BARALHOS DO MUNDO

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O CAMINHO PARA A PROFISSIONALIZAÇÃO NO POKER Por Fábio “F1oba” Maritan e João Bauer

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azer o que ama e ser recompensado satisfatoriamente. O poker profissional, assim como qualquer outra carreira, proporciona isso. Ótimo se fosse rápido e fácil, porém há muito trabalho duro e uma série de atitudes que vão lhe apontar para o que chamamos de postura profissional. Este artigo pretende clarear o caminho que muitos querem traçar, mas poucos conseguem. Afinal, o que tanto difere um jogador profissional de um jogador amador? Fundamentalmente, se você é apaixonado e se sente desafiado pelo mundo do poker, você tem o combustível para evoluir. É o primeiro passo. Fazer com afinco o que se propõe. Tudo bem, mas por onde começar? Hoje, a quantidade de material de estudo disponível é gigantesca. Existem vários times que oferecem coachings e staking a partir dos limites mais baixos, além de vários sites

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com conteúdo de qualidade através de uma assinatura mensal. Muitos livros também já foram traduzidos para o português e temos jogadores bem-sucedidos ofertando coachings de todos os preços. Um cenário diferente de sete anos atrás, por exemplo, em que a única fonte de estudo era o extinto Clube do Poker e os artigos do Poker Strategy. Por outro lado, cabe ressaltar que, atualmente, o universo de jogadores é mais amadurecido e duro, desde os limites menores, elevando o nível de exigência e preparação. Se você tem a intenção de se tornar um jogador profissional, entrar para um time cercado de boas referências é um ótimo início. O processo de aprendizagem fica acelerado na frequência que ocorrem treinamentos, discussões diárias em chats e áudio-confe-

rências, bem como acompanhamentos com a presença de jogadores que já são vencedores. Tudo isso com um aporte financeiro (staking) que dá a tranquilidade necessária para a evolução. Dizem por aí que o tempo é o seu bem mais precioso e os jogadores profissionais não brincam nesse quesito. Simplesmente organize o máximo possível seu tempo. Tenha horários definidos para coachings e estudos, para jogar e também para tudo aquilo fora do poker. Lembrando que algumas horas de estudo diário têm peso maior em sua evolução do que semanas e meses somente jogando. Saiba o tempo máximo que suas sessões podem levar e mantenha as pessoas de sua convivência cientes, evitando desgastes. O equilíbrio dessa equação traz como benefício a disciplina e o foco, além da estabilização no âmbito pessoal.

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O ambiente também é uma verdadeira selva, prepare-se para um mundo altamente competitivo. Mantenha-se atualizado sobre as tendências do jogo, mantenha os pés no chão nas vitórias e derrotas e nunca se acomode, ou será engolido. Aprimore seu conhecimento e fortaleça seu network com pessoas de diferentes visões do jogo, mas com objetivos similares. Tenha liberdade e exponha todas as suas dificuldades. A evolução mais uma vez bate à porta e lembre-se que as melhores conclusões são sempre fruto de uma discussão madura entre dois indivíduos ou mais. Diferente dos trabalhos convencionais em que os salários são pagos uma vez ao mês, no poker, o resultado financeiro do seu desempenho sofre variações diárias. É necessário muita perícia para lidar com este fator. Ao longo da sessão, o seu psicológico é muito testado. Você convive com a expectativa de um grande prêmio, concomitante com a frustração daquela bad beat em um pote importante. Tudo sem sair da linha, afinal existem outros torneios que continuam. Acostume-se, confie em sua técnica no longo prazo. O volume e a experiência trazem o que chamamos de maturidade emocional, a vacina contra o tilt. Muitos artigos falam sobre controle de bankroll justamente por ser um tema bem importante para quem quer se profissionalizar. Para se jogar múltiplos torneios, o seu bankroll vai variar em conformidade com o seu ROI

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(retorno sobre investimento) e porcentagem de vezes em que é premiado (in the money). O que pode influenciar também é o número de torneios diários e a quantidade de torneios que você joga simultaneamente. Quanto maior o seu ROI e porcentagem de itm, menor é sua variância, sendo um indicador que o bankroll para seu estilo de jogo pode ser mais conservador e vice-versa. Se você ainda não tem nenhum indicador deste disponível, um controle de bankroll conservador e sustentável seria em torno de 400 buy-ins para a média de valor inscrição que você realiza. Por exemplo, se você joga uma média de inscrição de US$ 10,00, você precisaria de US$ 4000,00 para jogar tranquilamente, ficando atento que em caso de um início ruim, você deve baixar a média de inscrição de acordo. Largar sua profissão e dedicar-se exclusivamente ao poker é uma decisão muito difícil, devendo ser feita de forma gradual e segura. É importante conciliar sua atividade atual com o poker até conseguir manter um bankroll confortável e ter, no mínimo, doze meses guardados e intocáveis para o que chamamos de reserva mensal (custo médio mensal próprio). Tudo isto considerando que você já é um jogador mais maduro emocionalmente, lucrativo e constante, com resultados provenientes não somente de um ou poucos torneios.


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Para alavancar a produtividade, as receitas são genéricas, porém essenciais. Exercícios físicos regulares e hábitos saudáveis melhoram sua vida e deixam a mente e o corpo aptos para as grandes jornadas de concentração e desgaste físico. Um ambiente de trabalho confortável, limpo, organizado e livre de distrações também favorece aquele dia de produção extraordinária. Por fim, também é importante ter um bom equipamento, softwares auxiliares e conexões múltiplas e estáveis com a Internet. Por fim, para manter-se em alto rendimento e jogar os limites maiores e mais desejados, o principal diferencial, além do bankroll apropriado, é o autocontrole e maturidade emocional no mais alto nível. As oscilações são ainda mais pesadas e os erros mais caros. Jogadores fracos sempre vão existir em todos os limites, mesmo com a elevada concorrência nos high stakes. É normal ver jogadores de torneios oscilando bruscamente em volumes de trabalho entre cinco e dez mil jogos. Não há jogador que não vá passar por esses momentos e a diferença é o quanto eles se planejaram para superar essas fases. O caminho é árduo e gradual, semelhante a qualquer profissionalização. Mais uma vez, chegar ao topo e se manter por lá depende muito do seu esforço e força de vontade, com muita disciplina, foco e também uma pitada de sorte quando as grandes oportunidades aparecerem.

João Bauer @jddnbauer

João Bauer é um dos fundadores do Steal Team. É um dos poucos brasileiros a conquistar um título da principal série de poker online do mundo, o WCOOP. Ele também já chegou à mesa final do LAPT e da WSOP.

Fábio “f1oba” @f1oba

Fábio Maritan é jogador e instrutor do Steal Team. Ele possui mais R$ 1,8 milhão de reais em prêmios apenas no PokerStars.

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Seja nosso parceiro e tenha seu clube e seus torneios divulgados em nossa revista e nossas redes sรณcias. Envie um e-mail para contato@cardplayerbrasil.com e saiba como.

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A importância das Anotações na hora de blefar Por Ra mon Sfa lsin

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ala, pessoal. Tudo certo? Primeiramente, quero agradecer por todas as mensagens com feedback e elogios do meu artigo de estreia, aqui na Card Player, falando sobre como fazer anotações nos oponentes. Hoje, falarei sobre conceitos práticos, no pós-flop, de como as anotações são importantes na hora de definir a melhor linha estratégica para blefar. Para entender as linhas técnicas é de suma importância entender novamente o conceito de “valor”. Muitos jogadores cometem o erro de apostar só porque acham que estão ganhando a mão, porém, apostar representa força e pode fazer o oponente desistir de todas as mãos fracas que estávamos ganhando. Claramente, não é isso que queremos. Um dos nossos objetivos é sempre manter as mãos piores do oponente no pote, pois são delas que tentaremos ganhar mais fichas. Portanto, “apostar por valor” é quando no range de call do oponente estão mais mãos que estamos ganhando do que perdendo. Agora vamos falar de três linhas mais comuns quando o jogador é o agressor pré-flop:

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BET/BET/BET Essa sem dúvidas é a linha padrão mais forte no poker. O jogador que aposta no flop, turn e no river, provavelmente, tem uma combinação muito forte ou simplesmente está blefando, pois mãos de valor médio tendem a jogar passivamente, controlando o pote, em alguma das rodadas. É muito incomum um jogador apostar no flop, turn e no river com A-3 no board A-J-2-8-7, sendo bem nítido que o kicker é muito fraco e as chances do oponente ter uma mão melhor são enormes (top pair, dois pares e trincas). A tendência é que o jogador passe a vez no flop ou turn para controlar o tamanho do pote, mostrar fraqueza e manter as mãos piores do oponente em jogo, como J-X e pares médios, para tentar extrair fichas dessas mãos no river. Se o jogador apostar no flop e no turn, a tendência é pedir mesa quase 100% das vezes no river, por causa do kicker. Portanto, fica bem nítido que essa linha geralmente é uma combinação forte ou um blefe tentando representar força. BET/CHECK/BET É bem simples entender o porquê essa linha geralmente é valor. Se o jogador apostou no flop com nada e quisesse insistir no blefe, ele apostaria novamente no turn, pois não faz muito sentido passar a vez no turn, mostrar uma certa “fraqueza” e apostar no river blefando. Por exemplo: damos raise pré-flop, apostamos no flop A♦ 5♠ 2♥ e o adversário paga. As mãos mais prováveis que o adversário pode ter nessa situação são A-X, pares médios e trincas. O turn é um 7, ambos passamos a vez e o river é um 3. Quais as chances do adversário desistir para uma aposta com qualquer uma das mãos que definimos para ele no flop depois que mostramos uma “passividade/fraqueza” no turn? Se quiséssemos blefar, representando um top pair, dois pares ou trinca, não seria melhor apostar novamente no turn? Portanto, fica evidente que esta linha na grande maioria das vezes é uma mão de valor.

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CHECK/BET/BET Um bom jogador de poker não vai apostar somente quando tem uma boa mão, pois ele sabe que em muitas situações uma aposta pode representar força, espantar quase todas as mãos do oponente e consequentemente ganhar o pote. Depois de ser o agressor pré-flop, o jogador inteligente raramente vai passar a vez no flop com a intenção de tentar blefar no turn ou no river contra um jogador fraco ou desconhecido, pois passar a vez mostra fraqueza para este tipo de adversário e aumentam as chances do blefe não funcionar. Há muitas flops que não acertam a maioria das mãos do oponente. Por exemplo, demos um raise no meio da mesa, o adversário no big blind paga. O range padrão de call do oponente aqui é algo como 22-TT, AT+, KQ, KJ, QJs, JTs, T9s, 98s, 87s. O flop é A-7-3 rainbow (três naipes diferentes), o adversário passa a vez e nós apostamos. Percebam que, independente do que temos, apostar coloca o oponente em uma situação complicadíssima se ele não tiver pelo menos um par de Setes, e na maioria das vezes ele não terá, portanto. Mesmo que não tenhamos acertado, apostar para blefar aqui é muito lucrativo. O jogador que foi o agressor pré-flop e não aposta nesse excelente flop para blefar, obviamente terá uma mão média ou monstra tentando confundir o oponente, mostrando “fraqueza”, para tentar extrair mais fichas no turn e no river. Apesar de incomum, há jogadores fracos que dão raise pré-flop e desistem da mão no flop quando não acertam nada, mas depois que o oponente passa a vez novamente no turn, tentam roubar o pote desesperadamente.



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Agora vamos para o exemplo mais comum que ocorrerá centenas ou milhares de vezes na vida de vocês. Nesse exemplo, os blinds são 75-150, optamos por aumentar para 350. Somente o jogador no big blind paga. Pergunta: Qual a melhor linha para blefar nesta situação? A resposta é: depende. “Poxa, Ramon! Mas sempre ‘depende’?” Sim. Os três principais pontos para determinar qual linha adotar são: — Padrões de valor do oponente. — Seus padrões de valor na visão do oponente. — Metagame. Enfrentando um jogador que não tem muitas tendências de fazer jogadas mirabolantes ou entrar em guerra psicológicas complexas, optar pela linha que o oponente faria com a maioria das mãos de valor no seu lugar será a melhor escolha. Se você viu seu oponente optar pela linha bet/check/bet com Q-J em um bordo J-8-2-8-3, a melhor opção para blefar será obviamente a mesma linha.

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Se você viu seu oponente optar por check/bet/bet com A-T no bordo A-6-6-J-5, provavelmente este jogador tem tendências da linha check/bet/bet e talvez essa linha mostre mais força contra ele do que apostar no flop e turn, pois você representa uma força muito extrema, polarizando entre mãos monstros (A-K, A-6, A-3, 6-6 e 3-3) e blefes. Sendo assim, o vilão pode cogitar muito mais blefes no seu range do que eventualmente uma mão fortíssima. E depois de todas essas análises, ainda há a possibilidade do oponente estar em uma guerra psicológica tentando te confundir de alguma forma, seja fazendo o inverso ou até mesmo a jogada padrão. Cabe a você, em cada situação especificamente, fazer a leitura e determinar em qual linha psicológica o oponente está.

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Ramon Sfalsin @RamonSfalsin www.pescanco.com.br facebook.com/ramonpoker

Ramon Sfalsin é uma das jovens revelações do poker nacional e um dos poucos a chegar, de forma consecutiva, a duas mesas finais de BSOP. É instrutor da PokerLAB e especialista em satélites online.



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