Card Player Brasil Digital - 35

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POKER

Conceito de GAP Relembre a vit贸ria de Nicolau Villa-Lobos no UKIPT












SUMÁRIO 14. EXPLICANDO POKER COMO SE EU TIVESSE CINCO O Conceito Gap.

ESPECIAIS 20. George Danzer Fenômeno dos mixed games, George Danzer também já foi temido nos tabuleiros de xadrez. Conheça a carreira do tricampeão da WSOP.

32. FELIPE MOJAVE

ESTOU PERDENDO, MAS VOU PAGAR Mojave ensina como escapar da tentação de pagar uma aposta quando a situação está claramente contra você.

40. DEVANIR CAMPOS

PERGUNTE AO DIRETOR Nesta edição, DC fala sobre a desatenção nas mesas e as suas consequências, além da famosa regra do “dead button”.

46. DESCOBRINDO A EUROPA

Conheça Nicolau Villa-Lobos, o primeiro brasileiro a conquistar um título importante na Europa.

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EXPLICANDO POKER COMO

SE EU TIVESSE CINCO

Quando jogamos poker por muitos anos, é fácil de esquecer que a linguagem técnica do jogo pode ser bem diferente da linguagem tradicional, principalmente para nós, cuja língua é o português. Se você não lê bastante ou é iniciante no jogo, alguns conceitos podem ser desconhecidos ou passar batidos. O que são implied odds reversas? O que é stack to pot ratio? Para relembrá-lo ou ajudá-lo a não ficar perdido em meio a uma conversa de profissionais, trazemos esta nova coluna: “Explicando Poker Como Se Eu Tivesse Cinco”. Em cada edição, um novo conceito ou termo — e é provável que você sempre cruze com um ou dois no meio dos nossos artigos.

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O CONCEITO

GAP Por Equipe Card Player

O CONCEITO: O CONCEITO GAP. O QUE É ISSO?

OK, AGORA EXPLIQUE COMO SE EU TIVESSE CINCO

Existe uma diferença considerável entre a força de uma mão para abrir um raise e de uma mão para dar call nesse raise. Ao aumentar uma aposta, você pode levar o pote de duas maneiras: no showdown, com a melhor mão, ou com todos os seus oponentes desistindo. Mas quando apenas pagamos uma aposta, o único jeito de vencer é no showdown. Portanto, quem está dando call, para continuar no jogo, deve ter uma mão mais forte do que quem aumentou.

É preciso ter uma mão mais forte para pagar um raise do que para dar o primeiro raise.

ME DÊ UM EXEMPLO Vamos dizer que você receba K♦9♦ em posição intermediária. Dependendo da dinâmica da mesa, você pode aumentar tranquilamente com essa mão. No entanto, se alguém do início da mesa aumentar antes, você geralmente deve descartar seu K♦9♦. A razão é o conceito gap: sempre é

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preciso uma mão mais forte para dar call no aumento. Apenas pagar é uma postura passiva e não lhe permite tomar as rédeas da situação. Se apenas pagar, você também não pode fazer seu oponente desistir. A não ser que você aplique raise ou reraises nas streets posteriores (flop, turn ou river), sua chance de levar o pote será apenas no showdown. Seguir o conceito gap também lhe ajudará a escapar de situações em que você estará dominado. Provavelmente, não haverá grandes problemas se você der raise com A♠J♦ do cutoff, mas se alguém aumentar das posições iniciais, você poderá estar jogando contra um A♥Q♥ ou A♣K♦, o que será um desastre quando o flop trouxer um Ás. Claro, o gap sempre pode variar. Isso vai depender das situações e dos oponentes. Contra jogadores particularmente tights, o gap aumenta bastante. Contra alguém que só abre raises com mãos muito fortes, por exemplo, você deve sair do caminho na

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maioria das vezes. Mas contra um oponente bastante loose, mãos como K-Q, K-J e Q-J podem jogar bem contra o range dele. Como tudo no poker, posição também é fundamental. Um raise do início da mesa é feito sabendo que ainda há vários jogadores para agirem. No entanto, um aumento do final da mesa pode representar uma mão mais fraca, já que poucos jogadores agem depois. Por exemplo, A♠10♠ poderá ser uma mão que você dará call se um jogador aumentar do button ou do cutoff, mas deverá estar propenso a dar fold quando o aumento vem do UTG ou UTG+1. Muitos jogadores modernos sentem que o conceito gap não tem muita utilidade, mas a verdade é que, para ignorá-lo, tal jogador deve ter uma habilidade muita boa em avaliar a mão do oponente de acordo com a textura do flop. Você pode pagar um raise de qualquer lugar da mesa com A♣3♣, mas é preciso saber avaliar a real força da sua mão se um oponente lhe pressionar em bordo A♦Q♦9♠. Então, fique atento.♠


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NUNCA SUBESTIME O RONALDO. Ele sempre blefou muito bem. Pergunte aos goleiros. Sempre teve raciocínio rápido. Pergunte aos zagueiros. Sempre foi um fenômeno O Fenômeno. Pergunte aos fãs. Nunca subestime o Ronaldo. Afinal de contas, é um jogo mental. E essa parte de seu corpo nunca esteve tão afiada. Pergunte aos seus adversários do poker. Somos poker.


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George Danzer Do xadrez ao poker Por Julio Rodriguez Tradução e adaptação: Diego Scorvo

Tendo em vista a quantidade de público dos torneios atuais na WSOP, parece improvável que apenas um jogador ganhe vários braceletes em um verão. Mas isso acontece com frequência. Aliás, todo ano, desde 2000, pelo menos um competidor ganhou dois braceletes. Em 2014, tal honra pertenceu ao veterano George Danzer. O alemão de 32 anos pode não ter estado no radar de ninguém quando o verão começou, mas, após 10 anos participando da WSOP, ele finalmente tirou um grande peso das costas. Danzer, que teve várias traves em sua carreira, não apenas ganhou dois braceletes, mas também anotou sete ITMs e o prêmio de Jogador do Ano do WSOP.

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Começo no Poker Danzer nasceu em 17/07/1983, em São Paulo, mas cresceu na Áustria. Quando criança, ele era um prodígio no xadrez, chegando até a competir em campeonatos internacionais. Aos 15 anos ele alcançou uma classificação suficiente para que ele fosse nomeado um FIDE Master, que é um passo abaixo de Master Internacional e Grand Master no mundo do xadrez. Foi nos torneios de xadrez que Danzer foi apresentado ao poker. “Eu tinha entre 16 e 17 anos, e estava participando de torneios de xadrez na Alemanha”, ele relembra. “Eu ia a estes torneios com alguns dos meus amigos do xadrez e a noite nós jogávamos alguns jogos de cartas alemães. Um dia o poker entrou na roda dos jogos e, 14 anos depois, eu tenho jogado desde então”. No início, Danzer era bom o suficiente para vencer seus colegas de xadrez em vários jogos bávaros, mas com o poker a história era diferente. Frustrado pela falta de sucesso, ele estudou o jogo até que fosse capaz de vencer seus amigos.

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Com essa nova paixão, Danzer começou a explorar formas de jogar por conta própria, porém, ele ainda não tinha a idade mínima para entrar em um cassino. “Eu comecei em 2000, antes do surgimento do boom causado por Chris Moneymaker”, ele disse. “De fato, eu até cheguei a jogar poker online antes do Moneymaker. Naquela época eu jogava poker online sem valer dinheiro, apenas para marcar pontos. O site não tinha clientes com dinheiro de verdade. Era bem básico”. Se tornando profissional Danzer não tinha qualquer plano de transformar o poker em carreira, mas, quando ele estava na faculdade, a popularidade do poker explodiu. Sentindo a existência de uma oportunidade de fazer bastante dinheiro, ele fez a difícil escolha de colocar seus objetivos acadêmicos em espera. “Eu estudei micro engenharia na Universidade, mas, no fim de 2005, a popularidade do poker tinha decolado de vez. Eu senti que deveria tentar. Por sorte, funcionou pra mim”. A primeira WSOP de Danzer foi um fracasso, mas, sua segunda participação, em


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2006, incluiu uma atuação mais consistente no Main Event, onde ele ficou com o 305º lugar e US$ 38.759. Ele voltou no ano seguinte e chegou à sua primeira mesa final, ficando em nono lugar no $1.500 pot-limit Omaha eight-or-better. Foi através dos mixed games que ele viu a melhor oportunidade de conseguir um bracelete. “Eu comecei a jogar os mixed games bem cedo”, ele recorda. “Claro que eu comecei com o hold’em, mas eu logo conheci o pot limit Omaha. Daí eu mudei para o Omaha eight-or-better. Em seguida aprendi a jogar deuce-to-seven draw. Eu percebi logo cedo que eu precisava de ser bom em todos os jogos, não apenas no NLH”. Enquanto a maioria dos jogadores teria começado em mesas baratas a fim de aprender um jogo novo, Danzer não quis saber de esperar para entrar de cabeça nos jogos mais difíceis que ele conseguia encontrar. “Eu não tive sempre a melhor gestão de bankroll”, ele admite. “Eu costumava aprender os jogos ao jogar com os melhores jogadores que eu conseguia encontrar. Se eu tives-

se dinheiro suficiente para apostar contra o melhor jogador, então eu tentava. Talvez eu poderia vencê-lo, mas, provavelmente não. De qualquer forma, eu aprendi bastante. Foi assim que eu melhorei”. Várias vezes por um triz Danzer continuou se saindo bem em torneios online e na Europa, o que lhe rendeu um contrato com o Team PokerStars Pro. Todo verão ele persistia nas visitas a WSOP, e toda vez ele chegava um pouco mais perto de seu maior objetivo - ganhar um bracelete. “Desde a primeira vez que eu fui a WSOP, em 2005, eu fiz do meu principal objetivo ganhar um bracelete. Eu pensava que era um ótimo jogador e que isso iria acontecer logo. Eu descobri, rapidamente, que eu não era tão bom quanto achava que era, mas isso só me fez querer mais o bracelete”. Em 2010, ele recebeu US$ 115.295 pela terceira posição no $10.000 deuce-to-seven draw. Dois anos depois, Danzer perdeu o heads-up do $2.500 Omaha e stud eight or better. No mesmo ano, ele conquistou outra medalha de bronze, dessa vez no $10.000 deuce-to-seven single draw. Em 2013 ele chegou à mesa final do $2.500 Omaha and stud eight-or-better, terminando em sexto e com US$ 34.348.

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Então, ele ficou em quinto no Poker Players Championship, quando recebeu US$ 388.523, a sua maior premiação nos MTTs ao vivo. “Eu não diria que fiquei frustrado. Eu sabia que estava chegando mais perto e que cada experiência me ajudaria a, eventualmente, ganhar um bracelete”. Conseguindo o seu ouro A campanha de Danzer em 2014 foi a sua melhor na WSOP. Depois de terminar em quinto no $10.000 deuce-to-seven triple draw, ele ganhou o $10.000 razz. Pouco tempo depois, ele faturou o seu segundo bracelete no $10.000 stud eight-or-better. No total, Danzer ficou ITM em sete eventos da WSOP 2014, com um ganho de US$ 782.240. Já na WSOP Ásia-Pacífico, ele faturou mais uma joia da série. Mesmo com prêmios de seis dígitos, para ele vencer nunca foi sobre o dinheiro. “Os braceletes são muito mais importantes para mim do que o dinheiro. Foram 10 anos para que as coisas acontecessem, mas valeu a pena”.

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Quando perguntado sobre o que ele acredita ter sido o fator responsável por ele chegar ao topo no último verão, Danzer diz que foi sua forte ética de trabalho, e não suas habilidades naturais. “Você tem que se manter forte e continuar estudando”, ele diz. “Você não pode simplesmente aparecer na WSOP todo verão, esperando se sair bem se você não praticou o tempo necessário. Os bons jogadores se adaptam aos novos estilos de jogo a fim de continuar no topo. A humlidade de Danzer em relação ao poker é revigorante, em uma época que muitos jogadores acreditam que mereçam que as vitórias sejam entregues a eles. “Se você perguntar a qualquer jogador de poker, ele lhe dirá que é o melhor, ou talvez um dos dois melhores jogadores em sua mesa”, ele explica. “Bem, o jogador de poker médio deve ser colocado no 5º lugar da mesa, mais ou menos, então tem, claramente, uma diferença matemática entre a habilidade real de um jogador e a habilidade que o jogador acha que tem.


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Acho que eu sou apenas mais realista quanto as minhas habilidades”. “Eu também acho que minha humildade quanto ao jogo é melhor para minha mentalidade. Se você acredita que é o melhor e não ganha, você acaba culpando a falta de sorte ao invés de encontrar uma maneira de melhorar e tomar a melhor decisão em cada situação”. Seguindo em Frente Danzer é alemão, mas ele não faz parte dessa nova leva de alemães que dominam o circuito de torneios high rollers. Com 32 anos, ele diz que se sente como o idoso do grupo. “Muitos dos meus amigos no poker são muito mais novos que eu”, ele diz. “Esses jovens jogadores, que só agora estão se tornando conhecidos, são extremamente motivados. Eu também sou muito motivado, mas eu não sinto a necessidade de discutir todas

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as mãos de poker que joguei todos os dias. Quando um torneio tem um intervalo, eu uso este tempo para relaxar, mas eles querem analisar cada mão e podem falar sobre isso por horas. Eu acho que é aí que a diferença de idade é mais sentida”. Danzer também gosta de dar uma relaxada quando está em casa. Ele descobriu que os jogos de computador lhe dão a distração mental que ele precisa para fugir do poker por um tempo. Ele também não descarta a possibilidade de se aposentar mais cedo. “Poker é como qualquer outro esporte, a diferença é você não está usando seu corpo fisicamente. Talvez, quando eu estiver com 35 ou 36 anos, a idade que os atletas se aposentam, eu deixe o poker e encontre algo diferente para fazer. Se um dia eu acordar e não gostar mais disso, eu irei seguir para o próximo desafio, mesmo que eu esteja ganhando”.


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CBTH realiza assembleia com Federações de diferentes estados do país Transparência de contas foi o tema central da reunião que aconteceu durante a abertura do BSOP São Paulo O primeiro dia de disputas do BSOP São Paulo (Brazilian Series of Poker), o Campeonato Brasileiro de Poker, realizado no WTC Sheraton, foi marcado por uma assembleia entre a CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold’em) e representantes de 18 estados do país. Em pauta, a abertura de receitas e

gastos totais realizados pela Confederação durante o ano de 2015 foram explicadas aos presentes. Desde 2009, quando foi criada, a CBTH preza pela transparência de contas a toda a comunidade do poker que envolve patrocinadores, Federações, jogadores e demais interessados. A entidade entende

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que essa é a melhor forma de demonstrar de onde vem as receitas e onde são gastos todas as verbas que saem do caixa. Responsável por conduzir a assembleia, o presidente da CBTH, Igor Trafane Federal, se mostrou aberto a responder todas as dúvidas e questionamentos que surgiram dos representantes. Igor aproveitou ainda para lembrar algumas histórias que marcaram o poker nacional nos últimos anos para explicar determinados investimentos que precisaram ser feitos. “É importante que meu sucessor continue com essa prática de transparência de contas. Isso é uma atitude muito importante para a comunidade do poker, assim conseguimos manter a CBTH como uma instituição séria e respeitada como foi durante todos esses anos”, conta Trafane. A assembleia serviu ainda para que a CBTH explicasse os passos tomados e conquistas obtidas durante os últimos meses, como por exemplo, a filiação definitiva

do poker - o segundo esporte que mais cresce no país - que se credencia junto ao xadrez, dama, go e bridge, como esporte da mente junto à ABRESPI (Associação Brasileira de Esportes Intelectuais). Outra conquista importante para a CBTH foi o auxílio do Ministério do Esporte para a criação de um estudo sobre a regulamentação do poker no Brasil. O grupo de estudos é formado também membros da CBTH que se reúnem em reuniões periódicas para a discussão de melhorias nas regras e formas de disputas que são pertinentes para a modalidade. Outro ponto debatido durante o encontro foi sobre o 4º Campeonato Brasileiro de Poker por equipes que contou com a exposição de novas ideias e possíveis mudanças na característica do torneio já para este ano. Além de contar com grandes nomes de profissionais do país, o evento de 2016 apresentará algumas novidades nos próximos meses que prometem deixar o torneio ainda mais emocionante.

Foto: Fernanda Lopes

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ESTOU PERDENDO,

MAS vou PAGAR por Felipe Mojave

a

ntes de começar o artigo de hoje, eu queria agradecer a todos vocês que sempre leem as minhas colunas. Para quem está com a Card Player em mãos pela primeira vez, saibam que costumo mesclar os mais diversos assuntos relacionados ao poker, seja nas modalidades ou nos níveis de jogo. Inclusive, o material de hoje serve para jogadores iniciantes e avançados. Existe uma situação no poker que acontece e atormenta todos os jogadores: dar o call quando a situação mostra que você está perdendo. Sim, isso acontece com todo mundo. Obviamente, acontece com mais frequência entre os menos inexperientes, mas são inúmeros os casos entre profissionais do mais alto gabarito que não conseguem soltar uma mão forte

e acabam despejando umas fichas a mais no colo do adversário, mesmo sabendo que as chances de derrota são grandes. Vamos a um exemplo clássico: o check-call no river. Essa jogada tem uma essência de minimizar riscos e, muitas vezes, esse fator, por si só, já é motivo para o jogador pensar: “Perdi o mínimo” ou, “joguei bem”. E o correto, na verdade, seria o check-fold e a perda efetiva mínima: zero. Digamos que você tem 9♠9♣ e abre raise em MP. Seu oponente, no BTN, dá call, assim como o SB e o BB. O flop vem 10♦9♦4♠. O SB e o BB dão check. Você aposta 2/3 do pote. O BTN dá call, e o SB também. O turn é um 8♠, o SB dá check e você aposta metade do pote. O BTN dá raise, o SB dá fold, mas você paga.

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No river, um A♣ aparece. Você pede mesa, o BTN aposta forte e você paga. Ele mostra Q♠J♥, uma sequência. Quando seu oponente dá o call no flop, raise no turn e aposta forte o river, isso não é um grande indício de uma sequência? A resposta é sim. E, mesmo assim, você deu o call. Por quê? Bom, normalmente as justificativas são: “Ah, mas eu só perdia para sequência”, “ele poderia ter dois pares” etc. Geralmente, arrumamos uma desculpa para colocar o nosso oponente em uma mão mais fraca que a nossa, pois não conseguimos dar fold em mãos fortes, mesmo quando a verdade está à nossa frente. Sim, é muito difícil dar fold em trincas, mas o ato de “pagar para ver”, normalmente, terá um final infeliz.

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A minha principal dica nessas situações é repensar toda a jogada e fazer um exercício de range, ou seja, tentar identificar as possíveis combinações de mãos que o seu oponente jogaria daquela forma. Se há algo indicando que uma mão que lhe derrote esteja em evidência nesse range, dê fold e comece a pensar nas próximas mãos. Outra situação conhecida, que segue a linha deste artigo, é quando você sabe que o oponente deu o call para ver determinada carta e mesmo assim você vai para o check-call. Imagine a mesma situação anterior, porém, desta vez, no turn, o BTN só dará call, assim como o SB. Existem fortes indícios de flush draw aqui, certo? No river, um 3♦ aparece, completando um possível flush, e seu oponente do SB sai apostan-



do, fora de posição, contra dois jogadores. Mais um indício evidente de um flush. E, ainda assim, nessa situação, são poucos os jogadores que dão fold em suas trincas. Nesse caso, muitos jogadores não conseguem enxergar que a jogada está totalmente equivocada. Você percebe que apostou forte no turn e não deu odds para o seu oponente, mas ele ainda deu o call, portanto ele é um jogador fraco e a sua jogada está justificada. Mas tão ruim quanto o call no flush draw é o seu call no river sabendo que ele tem o flush. Quando você está batido, você está batido. Outro ponto importante aqui é que você está entre dois jogadores. Ainda existe a possibilidade do jogador que está em posição sobre você ter completado uma mão no river, o que aumenta ainda mais o risco do call neste tipo de situação. Com certeza, o poker é um dos esportes que requer a maior carga de disciplina e poder de raciocínio sob pressão, por isso é tão fantástico e nos leva a graus superelevados de análises, em que mesmo em uma situação teoricamente simples e aberta, ainda assim conseguimos errar. Espero que vocês tenham curtido este pequeno exemplo e que sirva de aprendizado para situações similares no futuro.

Geralmente, arrumamos uma desculpa para colocar o nosso oponente em uma mão mais fraca que a nossa, pois não conseguimos dar fold em mãos fortes, mesmo quando a verdade está à nossa frente.

Felipe Mojave @FelipeMojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games, profissional do Lock Poker e membro do My Poker Squad.

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PERGUNTE AO DIRETOR O mais renomado diretor de torneios do Brasil tira todas as dĂşvidas dos leitores da Card Player Brasil. Para ter sua pergunta respondida, envie um e-mail para contato@cardplayerbrasil.com ou mande uma mensagem em nosso Facebook.

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Matheus Picoli

São Paulo, SP

Estava em um evento do PokerStars e notei uma coisa diferente dos torneios ao vivo em que jogo. Eu estou no UTG e dou fold. O Jogador A (small blind) e o Jogador B (big blind) se envolvem em all-in pré-flop, que culmina na eliminação do Jogador B. Na mão seguinte, eu deveria ser o big blind, correto? Mas o que aconteceu foi o que BTN passou normalmente para o Jogador A, mas o BB “me pulou”, e eu me tornei o SB. Afinal, todos os jogadores não têm que ser small blind e big blind uma vez por órbita?

Olá, Matheus. O software do PokerStars, ao contrário dos torneios ao vivo, não utiliza a regra do dead button (botão morto) – que prevê que, quando há uma eliminação, o botão poderá ser colocado em frente a um assento vazio para que todos os jogadores tenham que pagar os blinds em uma órbita. Os torneios online do PS utilizam o moving button (botão que se move), ou seja, ele sempre vai andar para o próximo jogador, independentemente de isso resultar em um ou mais participantes não pagando um big blind ou small blind.

Nas regras de torneios online do site (pokerstars.com/br/poker/tournaments/rules/), você pode ver a explicação, a regra #14: “O PokerStars utiliza um regra de ‘botão de prosseguimento’ em seus torneios. De acordo com essa norma, nenhum jogador recebe o botão duas vezes seguidas. Ao término de cada mão, o botão se desloca no sentido horário. A implicação dessa regra é que quando competidores são eliminados, pode haver jogadores que acabem não pagando um ou ambos os blinds. Já que essas ocorrências são basicamente devidas ao acaso, nenhum jogador receberá vantagem de longo termo, e a regra é necessariamente justa para todos os jogadores”. Espero que a dúvida tenha sido sanada.

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PERGUNTE AO DIRETOR

Thiago Legnani A dúvida em questão surgiu na comunidade do Facebook da Federação Mineira de Texas Hold’em (FMTH) e gerou muita discussão: Os blinds estavam em 600/1.200, e o UTG+1 empurrou all-in de 30.000 fichas. Sem perceber a ação do adversário, um jogador do meio da mesa anunciou raise para 2.700. Quais são as possíveis interpretações para essa situação? Se ele anuncia verbalmente o raise, ele tem que dar o raise mínimo, no caso, all-in? E se ele apenas joga as 2.700 fichas?

Devanir “DC” Campos @DC_Brasil

Devanir Campos é um dos fundadores da ADTP (Associação de Diretores de Torneios de Poker do Brasil) e é um dos responsáveis pela direção do BSOP.

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Varginha, MG

Olá, Thiago. Existem algumas correntes de pensamento que divergem um pouco sobre como agir neste caso. No poker, como você deve estar acompanhando nesta coluna a cada edição, há várias situações que simplesmente não são “preto no branco” e, consequentemente, sobra ao diretor do torneio uma interpretação mais justa sobre como proceder. Veja que, sobre esse tema, a ADTP possui a seguinte regra: 48. APOSTA NUM POTE JÁ AUMENTADO: Quando um jogador desatento realiza uma aposta, sem se dar conta que o pote foi aumentado por outro jogador, antes dele, naquela rodada de apostas, este terá a opção de pagar a aposta anterior ou desistir da mão deixando no pote o valor colocado. Seguindo o seu exemplo, vamos ver os dois casos abaixo: 1 – Anunciou verbalmente “raise”, “aumento” ou termo similar, mas não especifica o valor: terá que fazer um raise mínimo em relação à aposta anterior, mesmo que isso signifique comprometer todo o seu stack. Isso se deve ao fato de que quando o jogador fala “aumento” e não diz logo o

valor, fica impossível determinar qual era a real intenção dele. 2 – Se apenas joga as fichas, eu aplico a regra #48, pois, se após um raise de 30.000, um jogador coloca 2.700 fichas no pote, fica bem claro que foi um erro por falta de atenção. Assim, damos a oportunidade de o jogador desistir, porém, deixando as 2.700 fichas no pote. Ele também tem a opção de pagar as 30.000. Gostaria de adicionar que a situação seria um pouco mais limítrofe no caso do call. Veja que se o jogador falar “call”, eu o obrigo a dar o call, da mesma forma que o raise. Contudo, se ele coloca as fichas no pote, tudo vai depender de como esta ação se procede: No caso do blind 1.200, se o jogador coloca 1.200 ou pelo menos algo próximo (duas fichas de 1.000, uma de 1.000 e outra de 500 etc.), fica óbvio que foi uma confusão e a intenção era o call. Logo, voltamos à regra #48. Agora, se ele joga uma ficha de 1.000 ou mesmo uma ficha maior, como a de 5.000, voltamos a não conseguir perceber a intenção do jogador e, portanto, comprometendo-o com o call. Uma abraço, e bons jogos.





O D N I R B O C S DE

A P O R U E A IRO BRA OS É O PRIME

A-LOB

NICOLAU VILL

sil janeiro, o Bra e d 1 2 ia d tulo No último eiro grande tí m ri p u e s u nha conquisto ável pela faça s n o p s re O . a ker na Europ sações do po n e s s a v o n s a foi uma d brasileiro.

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NHAR UM TÍT SILEIRO A GA

por: Marcelo

So


Nicolau Pacheco Villa-Lobos tem apenas 25 anos, mas sua história com o poker começou quando o esporte mental ainda dava os seus primeiros passos no Brasil. Depois de passar por uma cirurgia no coração, ele ficou seis meses sem poder realizar qualquer atividade física. Mas há males que vem para o bem. Foi nesta época que “Nico” conheceu o poker – um esporte que ainda não era esporte, ou melhor, que ainda não era reconhecido como tal.


Começando Cedo “Foi em 2007 que conheci alguns clubes no Rio de Janeiro e um pessoal que joga até hoje, o Carlos ‘Mavca’, o Fabiano Lemos... Acabei fazendo amigos em São Paulo também, como o Vini Marques”, conta Nicolau. O aprendizado foi como o da maioria, lendo um livro aqui e outro ali. O melhor deles, segundo ele, já lançado em português no Brasil pela Raise Editora: “Como Vencer Torneios de Poker – Uma Mão de Cada Vez”, escrito por Eric “Rizen” Lynch, Jon “apestyles” Van Fleet e Jon “PearlJammer” Turner. “Eu não gosto de ler algo que fica me dizendo o que fazer. Por ser um jogo da mente, você precisa tentar entender como cada cabeça pensa. Como a obra deles é feita apenas com exemplos de mãos, foi a que eu mais gostei”, revela. Ao contrário de outros jogadores, Nicolau não teve proble-

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mas com a família quando começou a levar o poker mais sério – algo não muito comum, se seu pai não fosse Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da lendária Legião Urbana. Definitivamente, preconceito e repressão são duas palavras que passam longe da casa do músico. “Seria muita hipocrisia da parte do meu pai não me deixar jogar poker. Quando ele tinha 17 anos, virou para a minha avó e disse que queria ser músico”, conta. “Não vou dizer que ele gostava, porque eu jogava em uns lugares meio undergrounds. Mas, hoje, ele acompanha meus torneios e torce bastante”. Inclusive, a hipótese de Dado aparecer em um evento não está descartada: “Se bobear, vou até tentar levar ele um dia. Ele não vai ter muita paciência, mas se eu ganhar um buy-in do BSOP ou algo tipo, acho que conseguiria levá-lo. Porém, tem que ser no Rio de Janeiro. Ele não iria viajar para jogar”.


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Foto: Mickey May

Nicolau no heads up do UKIPT

Explodindo para o Brasil Para o Brasil, Nicolau apareceu no final de 2011. Ele resolveu disputar o Rio Poker Tour Grand Finale, no Rio de Janeiro, e acabou sendo o bolha – posição que lhe rendeu um tablet. Alguns meses depois, em março de 2012, um vice-campeonato no BSOP do Rio. O resultado elevara a sua moral, mas nada poderia prepará-lo para o que viria no meio do ano. Quando a World Series of Poker caminhava para o seu final, Nicolau ainda estava no Brasil. “Não sou um cara que fica planejando as coisas. A princípio, não iria jo-

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gar a WSOP. Nem visto eu possuía, mas todos os meus amigos estavam lá”, conta. “Mas depois de achar uma passagem barata, tirar o visto e abrir uma cavalada – tudo isso em um espaço de cinco dias –, embarquei”. Com exatos US$ 10.000 no bolso, ele se hospedou em um hotel mais barato e partiu em busca do sonho. “Eu pretendia jogar o Main Event, mas não queria pagar o buy-in integralmente. Chegando lá, engatei em um satélite de mil dólares, mas não deu. Fui para o Venetian e recu-

perei o dinheiro no cash”, revela. “No último dia, consegui a vaga. Aquilo me deu uma tranquilidade enorme”. No principal torneio de poker do mundo, Nicolau adotou uma estratégia mais conservadora. “A estrutura do evento é surreal. Os blinds aumentam a cada duas horas. Você não precisa se apressar. Joguei tight, adotando o estilo small ball. Sem desespero. Torneios não são vencidos no primeiro dia”, diz.


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A estratégia deu certo, e ele foi avançando dia após dia. No Dia 4, um susto. Ele caiu na mesa com Joseph Cheong (3º no Main Event de 2010), Paul Volpe (mais de 1.5 milhão de dólares em premiações online) e Taylor Paur (cavalo de Chris Moorman e com quase US$ 2 milhões de ganhos na internet). “Eu fiquei realmente desanimado. Os caras eram extremamente agressivos, sem nenhum apego às fichas”, conta. “No entanto, acabei dobrando em cima do Paul e ganhando duas boas mãos em cima do Cheong, que acabou tiltando e indo all-in, com 40 big blinds, pouco depois”. A bolha do torneio foi um dos momentos mais tensos para Nicolau. Os blinds eram 4.000/8.000, e ele tinha 550.000 fichas – quase 70 big blinds, mais que o suficiente para passar tranquilamente pela temida bolha. Mas não foi o que aconteceu. “A mesa rodou em fold até mim, no cutoff. Com A♠K♠, aumentei para 17.000. Nos blinds, um britânico reaumentou para 56.000. Era uma situação complicada. Se eu aplicasse uma 4-bet

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Nicolau Villa-Lobos (canto inferior direito) na mesa final do BSOP Rio de Janeiro

e ele fosse all-in, o que faria? Dar fold no meu Ás e Rei estava fora de cogitação? Então, preferi o call. O flop veio Q-T-5, com uma carta de espadas. Ele repete a aposta, e eu pago. O turn é um K, e ele aposta 180.000. Foi uma decisão muito difícil. Nós dois tínhamos os maiores stacks das mesa. O pote já estava gigante”, conta. Nicolau acabou pagando, esperando que seu oponente tirasse o pé do acelerador no river, mas não foi o que aconteceu: “O river foi um 7, e ele empurrou all-in.

Era o meu torneio em jogo. Na hora, passa um milhão de coisas na sua cabeça. Acabei sentindo a pressão e dei fold”, confessa. Para desespero de Nicolau, seu adversário deu showdown de J♦8♦, um blefe total. Apesar do golpe, ainda restaram 30 BBs no stack do carioca, que colocou a cabeça no lugar e avançou – e foi longe o bastante para ser lembrado como o melhor brasileiro no Main Event da WSOP 2012.

Ao cair no Dia 6, na 77ª posição, ele garantia US$ 88.070 e se firmava como um dos principais jogadores do País: “Ninguém espera chegar tão longe, mas quando acontece, você já começa a pensar em mesa final e outras tantas possibilidades. Espero repetir a dose”. Para fechar o ano com chave de ouro, ele ainda terminou em 66ª lugar (de 1.612 jogadores) no principal evento de poker do calendário nacional: o BSOP Million.

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. Eu Entrei muito confiante ndo sabia que estava joga logo bem. Consegui dobrar em. no início e tudo fluiu b

Sonho de Férias Depois de um ano frenético, Nicolau embarcou com toda a família para a Europa. Seria um mês inteiro no “Velho Continente”, mas não longe dos feltros. “Eu já sabia que íamos voltar para o Brasil no final de janeiro. Sempre que viajo, procuro um lugar para jogar. Planejei disputar algum evento paralelo no WPT de Paris e o Main Event do UKIPT, este último com a comodidade de pagar o buy-in e receber o prêmio exclusivamente pelo PokerStars”, conta. “Estávamos em Londres, peguei um trem para a Edimburgo e cheguei lá pouco antes do Dia 1B começar. A organização era fantástica. Dealers perfeitos, pontualidade britânica, diretores à altura do evento. Não espera-

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va menos de um torneio com a chancela do PokerStars”, diz. O PokerStars United Kingdom Ireland Poker Tour (UKIPT) foi criado em 2010, mas foi só em 2013 que a série britânica atraiu os olhares brasileiros – graças a Nicolau. Era 20 de janeiro quando o as redes sociais se agitaram. O melhor brasileiro no Main Event da WSOP 2012 já estava ITM no UKIPT, e seguia avançando. Ao final do dia, a notícia que Nicolau Villa-Lobos estava na mesa final. Muito short, é verdade, mas vivo: “Entrei muito confiante. Eu sabia que estava jogando bem. Consegui dobrar logo no início e tudo fluiu bem”. Mesmo com adversários experientes na mesa, caso de David Vamplew (campeão do EPT de

Londres em 2010), Nicolau impôs seu jogo. Quando restavam quatro jogadores, ele mandou um por um para casa, até ficar em heads up contra o búlgaro Vladislav Donchev, e com uma vantagem de quase 8-para-1. Não deu zebra. Encurralado pelo brasuca, Donchev empurrou suas poucas fichas para o centro com Q♥7♥, mas ele estava em maus lençóis quando Nicolau pagou instantaneamente com A♣Q♣. O bordo não deu nenhum susto em Nico, que entrou para a história e embolsou 101.000 libras (cerca de R$ 315.000): “Na hora, não pensei na repercussão. Eu era o único brasileiro no field. Só depois fui ver o quanto aquilo era importante. Foi uma sensação única”, conta.


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Carreira

Agora, Nicolau já se considera um jogador profissional e, no momento, só pensa em seguir no poker, mesmo com as fortes influências culturais que possui ao redor: “A música é tudo para mim. É o ar que respiro. Comecei a tocar violão aos sete anos, tive uma banda, participei de gravações com Vanessa da Mata, Adriano Calcanhoto, com o meu pai. Conheci muita gente bacana do meio. Também teve a faculdade de cinema. No futuro, não descarto seguir carreira na música ou em algo parecido, mas em 2013 vou focar no poker”, revela. Os grandes torneios no Brasil e os LAPTs estão na sua mira neste ano, mas o objetivo principal é Las Vegas: “Quero ir para Vegas bem preparado, com a cabeça no lugar. Vou jogar vários eventos, a série Deep Stack do Venetian, a WSOP... Este é o meu foco”.

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Exemplo, Dentro e Fora dos Feltros Nicolau Villa-Lobos é mais um que vem para acabar com o estereótipo de que o jogador de poker é preguiçoso, sedentário e egocêntrico. Esportista nato, o carioca não tem nada de marrento, é humilde e disciplinado. Ele mantém o corpo sempre em forma para que a mente esteja sempre saudável. Trabalhando sempre com os pés no chão, os resultados vêm aparecendo com regularidade – e, pelo andar da carruagem, não serão os últimos. ♠

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ELE ERA O FENÔMENO COM A BOLA. AGORA, VAMOS VER O QUE ELE SABE FAZER COM AS CARTAS.

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