Card Player Brasil Digital - 34

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POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

O CONFLITO DE DAN COLMAN “ROYALSALUTE” E OS HUDS

PHIL IVEY SETE ANOS DO único TÍTULO NO WPT










SUMÁRIO 12. FÁBIO EIJI

O CONFLITO DE COLMAN Em pauta na coluna do Eiji a polêmica do momento: Dan Colman e o silêncio no The Big One for One Drop.

ESPECIAIS 26. PHIL IVEY Há sete anos, Ivey conquistava o seu único título do WPT.

20. THE BOOK IS ON THE TABLE O Livro dos Blefes, de Matt Lessinger.

34. JONATHAN LITTLE

VELOZES E FURIOSOS – PARTE I No seu primeiro artigo sobre torneios turbos, Jonathan Little dá três dicas para corrigir falhar nesses tipos de eventos.

40. IVAN SANTANA

A MATEMÁTICA POR TRÁS DAS TELAS Craque dos cash games online, o estreante Ivan “RoyalSalute” Satana explica porque você não pode ficar sem o Hold’em Manager.

46. MOACIR MARTINEZ

DESTRINCHANDO AS CORES DO FLOP Nosso colunista fala sobre o flop, a street que pode lhe levar à glória ou a perda de um verdadeiro caminhão de fichas.

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O CONFLITO DE

COLMAN por Fábio Eiji

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as últimas semanas, quem tem acompanhado as mídias de poker, já sabe o que fez o campeão do The Big One for One Drop, Daniel Colman, e a repercussão que isso gerou ( ver CardPedia, página 96 ). Colman venceu um torneio com buy-in de US$ 1 milhão e então recusou-se a dar entrevistas e, inclusive, de tirar a foto com uma montanha de dinheiro e com a mão vencedora, como usualmente acontece — no fim, ele acabou cedendo e tirou a foto, mas com uma expressão não muito feliz. A mídia especializada, principalmente o maior site de notícias de poker do mundo, o Poker News, criticou duramente a atitude de Colman, que se pronunciou menos de um dia depois no fórum TwoPlusTwo, explicando os motivos pelo qual tomou aquela atitude.

A despeito dos argumentos simples e rasos de Colman, suas ideias e atitudes, no contexto de um jogador extremamente vencedor ao longo da carreira, têm enorme valor, já que trazem à tona questões muitas vezes ignoradas ou até mesmo camufladas pela grande mídia do poker. Colman foi criticado — covarde e exageradamente por uma parte; e educada e lucidamente por outra — de várias formas pela mídia, personalidades e interessados em geral do meio. O que não podemos, ao meu ver, é deixar que essas críticas nos impeçam de aproveitar uma bela oportunidade de elevar o nível de discussão acerca de aspectos do poker, muitas vezes subestimados em prol da luta pelo reconhecimento do mesmo como atividade lícita elevada à condição de esporte (da mente, nunca se esqueçam).

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Alguns pontos que me chamaram atenção e que sugiro maior destaque são:

Colman vive um conflito ético (e isso é legítimo) O fato de Daniel ser um jogador extremamente vencedor não o impede de conviver com um conflito, dentro do que ele considera ser a postura correta de uma pessoa ou profissional. Você ser possuidor de uma casa, um carro ou uma fazenda são características que não podem (e não devem) lhe impedir de refletir sobre os problemas que enfrentam as bilhões de pessoas que não têm acesso à terra, por exemplo. Desfrutar dos prazeres de uma churrascaria, não lhe torna incapaz de olhar pelos que não têm o que comer diariamente. Pelo que me informei a respeito de sua carreira, Colman não tem um histórico exemplar de comportamento, principalmente nas

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mesas online. Isso não significa que ele não possa amadurecer, perceber o quão idiota são essas atitudes e mudar para melhor. Inclusive, foi elogiado por seu xará Daniel Negreanu nesse sentido. Colman é jovem. Tem todo o direito de errar. Mas tem a obrigação de crescer. Colman não levantou nenhuma bandeira Ele não procurou a grande mídia para se explicar. Não saiu dizendo aos jornais comuns que o poker deveria ser severamente regulamentado. Não palestrou na sede dos Jogadores Anônimos. Colman se manifestou, após sofrer ataques, em um fórum especializado, frequentado por jogadores e interessados em poker. Dessa forma, entendo que suas palavras têm um ar muito mais “confessional” do que qualquer outra coisa. Essa forma de se expressar, até

mesmo ingênua, foi muito mal interpretada. Entendo que ele não pediu o fim dos cassinos, apenas explicou o motivo de seu posicionamento: rejeitar a ideia de ter sua imagem vinculada à promoção do poker de uma forma negativa — o que nos leva ao próximo ponto.

O “lado negro” do poker Como qualquer atividade, especialmente as que envolvem competição e dinheiro, o poker tem, sim, seu lado negro. Há pessoas que perdem grandes montantes que não poderiam. Há jovens que abandonam seus estudos e criam um ambiente conflituoso com os familiares para se dedicar ao jogo. Há ainda chefes de família que se iludem com resultados a curto prazo e expõe seus cônjuges e filhos à uma variância avassaladora. Entendam: eu não acho o fim do mundo que um jovem tranque a faculdade para expe-



rimentar algo novo por um período, tampouco que as pessoas corram atrás de seus sonhos — principalmente, se o que fazem atualmente as tornam infelizes. Mas eu duvido que a maioria dessas pessoas tem a real noção do que seja de fato ou da potencialidade que tem a variância no poker. Minha experiência diz que grande parte dos profissionais de poker do Brasil, inclusive jogadores renomados, faz uma péssima gestão de bankroll e já quebrou ou esteve perto disso. Alguns, mais de uma vez. Porém, o que vemos nas capas de revistas e nos boletins online se resumem a uma parte, às vezes ínfima, da realidade de um profissional de poker, especialmente de torneios. O trabalho da mídia do poker, falando da realidade brasileira, tem sido de apontar majoritariamente os benefícios e exemplos de sucesso, camuflando — com frequência assustadora — as histórias tristes que acontecem diariamente nos clubes e salas online. Isso é até compreensível, visto que: 1) como consumidores de poker, tendemos a realmente querer ouvir as boas histórias e nos

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espelhar nos grandes vencedores; 2) a história do poker no Brasil é curta e, estrategicamente, precisou assumir uma postura de contrapor os preconceitos arraigados na cabeça do cidadão comum, que considera o poker um jogo tão complexo como a roleta. Por fim, convido os leitores e leitoras, amantes do poker, que levantem essas e outras questões com colegas interessados, seja nas mesas de um home game, seja assistindo a um programa da WSOP na televisão. Mas não deixem o assunto morrer. Atacar o Daniel Colman é a melhor maneira de “empurrar para debaixo do tapete” um assunto que assusta muita gente, mas que deve estar constantemente em pauta. O poker é um jogo belíssimo e, na medida, lugar e com as companhias certas, tem tudo para ser saudável, social e desafiador. Mas também é um jogo que envolve dinheiro e, quando passa dos limites aceitáveis, pode nos transformar em pessoas que não gostaríamos de ser.

Fábio Eiji @fabioeiji www.fabioeiji.com.br

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.


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Diretoria de atletas e organizadores do BSOP selam grande acordo para o poker brasileiro Foto: Carlos Monti

Comissão de jogadores chega a acordo com o BSOP para mudanças na fórmula de disputa dos torneios. Alterações já tiveram início durante o BSOP Millions 2015 O poker conquistou importantes vitórias para os jogadores brasileiros. A Diretoria de Atletas - criada pela Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH) e representada pelos principais jogadores profissionais do país – fechou um acordo com a organização do BSOP, a Brazilian Series of Poker, para promover mudanças na fórmula de disputa dos torneios. A associação - liderada por Alexandre Rivero - tem como

objetivo dar voz ativa aos competidores de poker dentro dos torneios oficiais realizados pelo país. Para deixar a categoria ainda mais democrática, o comandante criou um grupo de debates com grandes nomes do poker nacional, representando as diferentes regiões do Brasil. “Conquistamos vitórias importantes para a nossa comunidade e, cada vez mais, estamos conquistando nosso espaço – como uma categoria representativa. São passos importantes para os jogadores

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terem mais vez e voz na comunidade”, comemora o carioca Rivero, líder dos jogadores. Após uma série de reuniões realizadas durante o ano passado, a Diretoria de Atletas conquistou um grande avanço e chegou a um acordo com o BSOP para aplicar algumas mudanças nas formas de disputa dos eventos. As modificações já foram aplicadas durante o BSOP Millions de 2015 e contam com as seguintes alterações para os demais eventos do Campeonato Brasileiro:

Um dia a mais de evento

Mínimo dois torneios 6-max no ano

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De 1h15 Mesas 8 handed no High Roller

Mesas 9 handed no Main Event e início às 17h

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3 Máximo de 9 atletas em casos de extrema necessidade

Durante o Millions poderá ter início antes desse horário

6 Passando de 5 para 6 dias

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Para o presidente da CBTH, Igor Trafane Federal, a conquista da Diretoria é uma peça importante para o crescimento e profissionalização do poker no Brasil. Além disso, fortalece os jogadores e promovem uma democratização no esporte. “O poker é um dos poucos esportes no país a darem espaço para seus atletas. Nossa modalidade para ter sucesso precisa ouvir os seus representantes e ficamos felizes em perceber que uma categoria ganhe tanta força para conseguir diálogos e acordos com a organização do principal torneio de poker do país, o BSOP”, afirma Igor.


O Livro dos Blefes

2ª Edição

O Livro dos Blefes Como blefar e vencer no Poker Matt Lessinger


THE BOOK IS ON THE TABLE

Blefar. Nada é mais emocionante no poker que um bom blefe! É fácil abocanhar um pote com a melhor mão, mas é necessário muito talento para fazer isso com as piores cartas. Para se tornar um verdadeiro vencedor, é preciso aprender como e quando blefar. O Livro dos Blefes é o primeiro e único livro que ensina a dominar essa habilidade essencial. Aprenda a reconhecer situações de blefe, sentir fraqueza em seus adversários, executar diferentes tipos de blefes, fingir ter mãos fortes de maneira convincente e melhorar seu jogo estudando blefes famosos feitos pelos melhores jogadores, como Stun Ungar, Chris Moneymaker e Gavin Griffin. Seja você iniciante ou experiente, Matt Lessinger vai lhe mostrar a técnica para dominar seus adversários sem precisar usar as suas cartas.

CAPÍTULO TRÊS — Blefes Básicos (p. 63) Blefe #9. Todos Nós Partimos de Algum Lugar (p. 86) Embora esta mão tenha ocorrido há quatro anos, eu ainda me recordo claramente dela, em especial porque a reação de meu amigo foi muito verdadeira. Aquilo me lembrou de como é boa a sensação de descobrir algo novo na mesa de poker. O cenário: Mario, a figura central desta mão, jogava poker há apenas duas semanas, mas queria realmente aprender o jogo. De forma sábia, ele escolheu spread-limit seven-card Stud de $1-$5, a mesa mais barata oferecida em nosso salão local. O blefe: Mario começou a mão com o J♣ exposto e 10♦9♦ ocultos. Ele pagou o bring-in de $1, assim como outros três jogadores. Na fifth street, o bordo dele era J♣4♣2♣. Ninguém possuía um par visível, e o jogador à sua esquerda tinha um Ás como maior carta da mesa. Ele deu check, e todo mundo fez a mesma coisa até chegar a Mario, que também pediu mesa. Na sixth street ele conseguiu o 6♣. A mesa rodou em check de novo, e Mario finalmente puxou o gatilho e apostou. Todos desistiram rapidamente, e ele levou o modesto pote tendo apenas um valete como carta mais alta. Grau de Dificuldade:1 Índice de Sucesso: Muito Alto Frequência: Muito Alta

Os resultados: Depois daquela mão, Mario atravessou a sala de jogo me procurando. Ele descreveu o ocorrido e depois me falou: “Matt, essa foi a primeira vez que eu blefei”. “Sério? É uma sensação ótima, não é?” “Para falar a verdade, eu estava morrendo de medo! Quando todo mundo pediu mesa na fifth street, eu comecei a notar que eles temiam minha mão. Eu sei que isso deve soar idiota, mas aquela foi uma sensação inédita para mim”. “Não é idiota de maneira alguma. Eu entendo perfeitamente o que você quer dizer”. “É, daí eu senti que eles achavam que eu poderia ter um flush, mas ainda assim não me sentia confortável para apostar. Achei que deveria esperar pela última carta, já que eu não tinha nada”. “Não há nada de errado nisso”. “Eu sei, mas depois, quando eu consegui uma quarta carta de paus, e todo mundo pediu mesa até mim novamente, todos eles pareciam tão desconsolados! Como se estivessem resignados por ter perdido a mão. Eu achei que devia tentar. Além disso, eu poderia conseguir uma quinta carta de paus no river, certo?” “Com certeza. Você jogou corretamente. E pegou a cereja do bolo. Mandou bem, cara”. “Foi (risos). Eu não sei com qual frequência farei isso novamente. Blefar é muito estressante. Mas foi meio divertido também”.

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Hoje, quatro anos depois, Mario é um sólido jogador mid-limit que blefa como a maioria das pessoas, se não mais. E, na maioria das vezes, ele escolhe as oportunidades certas para fazer isso. A análise: Eu creio que um dos ritos de passagem para se tornar um bom jogador de poker é passar pelo seu primeiro blefe de sucesso. Se você é experiente, sabe que isso faz parte de qualquer sessão típica de poker. Na verdade, metade de seus blefes acontece tão automaticamente que você sequer pensa a respeito. Vamos nos colocar no lugar de Mario. Se fosse você que tivesse quatro cartas de paus à mostra na sixth street em uma partida de seven-card Stud, não hesitaria. Apostaria no flush de quatro cartas, todos desistiriam e o pote seria seu. Isso seria natural para qualquer jogador de Stud, e você possivelmente não pensaria duas vezes, nem iria se vangloriar por ter feito a coisa certa. A alternativa de pedir mesa e possivelmente dar fold seria tão covarde e idiota que você jamais se perdoaria por ter desistido de abocanhar um pote que deveria ter sido seu. Mas você ficaria surpreso com a quantidade de iniciantes que ficam aterrorizados só de pensar em executar esse blefe. Eles têm medo de que outros paguem a aposta, medo da vergonha de ter de mostrar uma mão que é um lixo. Mesmo os experientes devem se recordar que um dia sentiram isso. É preciso coragem para puxar o gatilho em um blefe, especialmente quando se está apenas começando a aprender o jogo. Para os iniciantes que estiverem lendo este livro, as emoções experimentadas por Mario devem ser bastante familiares. Elas não são nem um pouco incomuns, então não se sintam desencorajados. Todos os grandes jogadores sobre os quais você lê ou vê na televisão tiveram que começar em determinado momento, certo? Em algum ponto dessa jornada, passaram a se sentir confortáveis blefando regularmente. Se vocês ainda não atingiram esse estágio, não se preocupem. Ele virá, e este livro irá ajudá-los a acelerar o processo.

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TÍTULO: O LIVRO DOS BLEFES – COMO BLEFAR E VENCER NO POKER (The Book of Bluffs – How To Bluff And Win At Poker). AUTOR: Matt Lessinger NÚMERO DE PÁGINAS: 282 PREÇO: R$ 79,90 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com


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NUNCA SUBESTIME O RONALDO. Ele sempre blefou muito bem. Pergunte aos goleiros. Sempre teve raciocínio rápido. Pergunte aos zagueiros. Sempre foi um fenômeno O Fenômeno. Pergunte aos fãs. Nunca subestime o Ronaldo. Afinal de contas, é um jogo mental. E essa parte de seu corpo nunca esteve tão afiada. Pergunte aos seus adversários do poker. Somos poker.


Joel Lipton for Full Tilt Poker

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Phil Ivey consegue sua primeira vitória no World poker tour

recordista de mesas Finais do WPT, ivey Ganha L.A. Poker Classic e $1,6 milhões Por Lizzy Harrison

O nome Phil Ivey é sinônimo de sucesso no poker. Com ganhos de $8,8 milhões em torneios, cinco braceletes do World Series of Poker e a reputação de ser um dos mais temidos competidores em qualquer jogo ultra-high-stakes, Ivey rapidamente alcançou status de ícone. E recentemente adicionou à sua lista de feitos o primeiro título do World Poker Tour, no L.A. Poker Classic de 2008. Ele superou 665 competidores e uma difícil mesa final que incluía o vencedor de 11 braceletes do World Series of Poker, Phil Hellmuth Jr., e outro campeão do WPT, Nam Le. Sua oitava mesa final no WPT foi um recorde, um atestado de seu estilo “jogar para vencer” – em todas as vezes em que ganhou dinheiro em eventos do WPT, foi chegando à mesa final. Quando Ivey se senta em uma mesa de poker, tem um único objetivo em mente: vencer. Ele não joga poker pelo respeito de seus colegas e fãs (embora tenha obtido). Ele certamente não precisa do dinheiro: já tem o suficiente. Ivey tem uma natureza competitiva, o que significa que quer sempre jogar o melhor que puder o tempo inteiro. Tudo de que ele precisa para fazer isso é se concentrar. Quando está focado nas mesas, nada o consegue deter, especialmente quando constrói sua típica montanha de fichas. Quase 10 anos atrás, Ivey era um dos jovens talentos das mesas de poker e, ao longo da última década, amadureceu e se tornou um dos melhores, se não o melhor, de todos os jogadores. Ele compete regularmente nos maiores cash games online e ao vivo, e admite que é difícil justificar o porquê de passar dias a fio jogando torneios em que o buy-in equivale ao big blind dos cash games que ele freqüenta. Ivey era o líder em fichas no início da mesa final do LAPC, e a Card Player conversou com ele antes de sua vitória. CardPlayerBraSIl.Com

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Phil Hellmuth e Phil Ivey no L.A. Poker Classic

Lizzy Harrison: Os torneios de poker mudaram drasticamente desde que você começou sua carreira. Quais são as maiores diferenças que você percebeu? Phil Ivey: Desde que comecei a disputar torneios, os jogadores ficaram muito melhores. Hoje em dia é preciso tomar mais decisões corretas. Existem também muito mais jovens talentosos surgindo, em especial na Internet. Além disso, os torneios são muito mais difíceis de vencer, pois a competição é muito mais numerosa. Mas, acima de tudo, os jogadores melhoraram. LH: Como você ajustou seu jogo de modo a continuar a ter sucesso? PI: Eu tive que me ajustar constantemente aos novos oponentes e nunca ser descuidado. Houve um

período em que as pessoas se sentavam à minha mesa e eu poderia e fazia julgamentos rápidos sobre o estilo delas. Era possível dizer imediatamente se jogavam bem ou não. Hoje eu tenho que somar o máximo de informações que conseguir antes de decidir como jogar contra cada adversário. LH: Quando você ganha dinheiro em torneios de buy-in caro, geralmente ganha muito. Por que você acha que isso ocorre? PI: Porque se eu fizer dinheiro, geralmente estarei com muitas fichas quando isso acontecer. A maneira que eu jogo visa tentar acumular muitas fichas. Desse modo, tenho mais chances de ganhar o torneio. LH: Sua concentração aumenta à medida que os competidores

são eliminados? PI: Sim. Como agora, por exemplo. Eu estou concentrado nesse evento. Quando estou há alguns dias em um torneio, fico muito focado. Em um torneio, os dois primeiros dias são um período de fatiadas, o que significa que tenho que tentar me posicionar para ser capaz de suportar algumas delas. Basicamente, no começo eu apenas tento acumular algumas fichas. Mas quando há menos competidores, cada mão é importante. Durante os dois últimos dias de jogo, todas as mãos são fundamentais. LH: Por que é tão difícil lhe deter quando você consegue um grande stack? PI: Porque são necessárias algumas pancadas para me derrubar. Eu tenho a chance de ir de all-in com todo meu dinheiro duas ou três vezes, e preciso perder todas para sair do torneio. Outras pessoas, que podem ter um terço do que eu tenho, terão a chance de fazer isso apenas uma vez. Se perderem, vão sair do torneio. LH: Quais são as habilidades mais importantes quando se está jogando com um grande stack na reta final do torneio? PI: Ser capaz de tomar decisões pós-flop é o mais importante. Também é preciso saber quando blefar e quando não blefar. Você deve saber o momento de apostar e, o principal, o quanto apostar.

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Pot-limit Omaha

$195,000 .

2002

Seven-card stud

. $132,000

2002

Seven-card stud eight-or-better

. $118,440

2002

S.H.O.E. (seven-card stud, limit hold’em, Omaha eight-or-better, and seven-card stud eight-or-better)

. $107,540

2005

Pot-limit Omaha

$635,603 .

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Top photo: WPT/BJ Nemeth

Os Cinco de Phil Ivey no of Poker Phil Ivey’sBraceletes Five World Series ofWorld PokerSeries Bracelets

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WPT/BJ Nemeth

LH: Sua experiência lhe dá vantagem nessa área? PI: Sim, pois eu jogo muito poker. Eu jogo tanto em torneios quanto em cash games, então toda minha experiência definitivamente me ajuda a tomar decisões. LH: À medida que os blinds e antes aumentam, suas decisões se tornam mais fáceis ou mais difíceis? PI: Eu acho que ficam mais fáceis. Por exemplo, se um jogador for de all-in e houver um reraise, você sabe que precisa ter uma mão excelente para pagar ou aumentar ainda mais. Quando os blinds e antes ficam muito altos, boa parte do jogo é prejudicada e se transforma em uma metralhadora rumo ao fim do torneio. É preciso ter sorte. Quando você coloca todo seu dinheiro no pote com a melhor mão, ela tem que se manter. LH: Como você determina quais competidores estão jogando para ganhar e quais estão tentando subir na premiação? PI: É como um pressentimento. Você percebe pela maneira como eles jogam e pelas cartas que mostram. Você deve olhar para as que eles jogam e para as que descartam. Eu acho que todo mundo joga para ganhar, mas alguns deles simplesmente não sabem como fazer isso. LH: Quando você percebe isso, como joga contra eles? PI: Depende muito da situação. O poker não é um jogo em que você pode decidir enfrentar determinado oponente. Se fizer isso, acabará em maus lençóis. LH: Em que colocação você deve ficar em um torneio para valer a pena o tempo que passou afastado dos cash games? PI: Se eu não ganhar um torneio, não fico muito feliz. Nesse estágio, ganhar é mais importante do que qualquer outra coisa. LH: Quando você está na reta fiCardPlayerBraSIl.Com

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Ivey’s eighth WPT final-table appearance netted him $1.6 million.

nal de um torneio, pensa apenas no dinheiro da primeira colocação ou também no respeito que uma vitória irá somar a seu currículo? PI: Nenhum dos dois. Eu não jogo torneios por prestígio ou respeito, e nem pelo dinheiro. Quando eu entro em um torneio, simplesmente quero ganhar. Acho que o mais importante é dar o melhor de mim sempre que jogo. Houve muitos eventos em que eu não fiz o melhor que pude, e tenho tentado mudar isso. Como você pode perceber, meus resultados têm melhorado, e eu tenho ficado mais bem colocado nos torneios. LH: O que você fez para ter certeza de que jogou seu melhor? PI: Eu me concentrei mais e me esforcei ao máximo. Eu estou tentando voltar à minha boa forma no poker e, especificamente, nos torneios. LH: É mais fácil para você se concentrar em um torneio quando não há um grande cash game acontecendo no cassino? PI: Sim, com certeza. LH: Por quê? PI: Eu realmente adoro jogar cash games, e quando faço isso, gos-

to dos adversários contra os quais eu jogo. Eu me divirto muito. Realmente não sou muito fã de torneios. Não me leve a mal, eu até curto jogá-los, mas preferiria estar em um cash game. Em torneios, são necessários cinco ou seis dias para ganhar, e coisas estranhas podem acontecer no caminho. LH: Como você decide quais torneios são mais valiosos? PI: Eu geralmente jogo os torneios de buy-in elevado, que conceda $1 milhão ou mais para primeiro lugar. Gosto de jogar os Main Events com buy-in de $10.000. LH: O que você faz para se distrair depois de um longo dia de torneio? PI: Gosto de sair para comer e relaxar, talvez ir ao cinema. Eu gosto de me divertir. LH: Como você se prepara psicologicamente para o dia seguinte? PI: Eu realmente não tenho uma rotina preparatória. Eu simplesmente relaxo. LH: Você alguma vez pensou sobre seu lugar na história do poker? PI: Não, eu nunca penso sobre nada desse tipo [rindo]. ♠ 53



Iniciamos o ano de 2016 celebrando nossa parceria com muito poker e promoções!

Nós do Betmotion te desejamos um excelente 2016 e agradecemos imensamente a confiança durante todo o ano de 2015! Continue nos acompanhando, pois estamos trabalhando duro para trazer muitas novidades e promoções exclusivas para celebrar ainda mais essa parceria!


Acompanhe todas as nossas promoções para esse começo de ano novo:

FOUR PLAY – MOSH PIT

FREEROLL DE FÉRIAS

Durante o mês de Janeiro, jogando quatro vezes o The Mosh Pit, a quinta entrada é por nossa conta! O The Mosh Pit (com até €10.000 de premiação garantida), é nosso divertido torneio diário com buyin de €22 e rebuys de €20. Jogue rumo à vitória todas as noites a partir das 20:00 CET.

Aproveite as férias de verão e jogue nosso torneio Freeroll de Verão, com US$600 de premiação garantida. O torneio terá entrada gratuita com rebuys de US$1.10 ilimitados na primeira hora e um add-on do mesmo valor. O torneio irá acontecer no dia 20 de janeiro às 21 horas (horário de Brasília) com 1 hora de late registration.

TORNEIO ESPECIAL DE CARNAVAL

CHECK LIST

Curta o Carnaval e desfrute de um torneio de Poker com US$ 600 de premiação garantida! Acompanhe sua escola de samba do coração enquanto joga um torneio divertido, gratuito e com premiação garantida. O torneio acontecerá no dia 09 de fevereiro às 16 horas (horário de Brasília).

Todos os meses, o Betmotion irá lançar uma check list com pequenas tarefas a serem cumpridas. Ao completar essas tarefas, você será convidado para jogar o torneio Freeroll Check List com US$1.000 de premiação garantida! Fique atento todos os meses para saber quais são as suas tarefas e complete sua lista.

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VELOZES E

FURIOSOS por Jonathan Little

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á alguns meses, venci o evento turbo de €5.300 do European Poker Tour (EPT), realizado em Praga. Então, esse é um bom momento para dar algumas dicas que ajudarão os leitores a melhorarem em torneios cuja estrutura é mais acelerada.

O que é um torneio turbo? Não há uma definição exata para torneios turbos, basta saber que se, depois de algumas horas, a média dos stacks estiver entre 10 e 20 big blinds, então, definitivamente, você está jogando um torneio turbo. A maioria dos jogadores de limites menores, que jogam torneios locais, não percebe que estão jogando eventos com estruturas aceleradas e cometem erros infantis, o que torna tais eventos extremamente lucrativos para aqueles que sabem se ajustar de maneira correta.

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PARTE I

DICA #1: Estude o jogo short-stacked e jogue torneios turbos Primeiro, quero deixar bem claro que, apesar do que você ouve de alguns profissionais renomados por aí, ter um stack curto não transforma o poker em uma espécie de bingo. A maioria dos jogadores gosta de ter um stack grande porque isso dá uma falsa sensação de controle. A verdade é que se você e seu oponente possuem o mesmo nível de habilidade, o tamanho do stack será irrelevante, já que no longo prazo os dois terminarão empatados. Enquanto a quantidade de big blinds que um jogador habilidoso ganhará por hora será maior em jogos mais deeps, em torneios turbos, mesmo ganhando apenas um big blind por hora, você perceberá que isso fará diferença. Digamos que você esteja na reta final de um torneio que você tenha um pouco de vantagem sobre os adversários. Você acredita que ganhará cinco big blinds por


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hora na mesa em o stack médio é 100 bbs. Por outro lado, em uma mesa em que a média de fichas é de 10 bbs, você deverá conseguir um big blind por hora. Perceba que no primeiro caso, você ganhará 1/20 do seu stack por hora. Já no segundo caso, esse número sobe para 1/10. Claramente, a segunda situação é mais lucrativa. No entanto, a variância na mesa que tem uma média menor será bastante cruel. Você poderá quebrar mesmo sendo habilidoso. Se as fichas acabam, não é possível continuar jogando e ganhando um big blind por hora. Veja bem, em jogos mais deep, você poderá ganhar mais porque seus oponentes são fracos no pós-flop, mas em jogos com stacks curtos, você também pode ganhar muitas fichas enquanto seus adversários esperam mãos fortes. O que estou tentando dizer é que mesmo que você ganhe poucas fichas, em termos de big blinds por hora, no final, isso poderá ser uma grande vitória, quando convertidos em dólares por hora. Não pense que só por você ter um stack pequeno, não há habilidade envolvida.

DICA #2: Não quebre cedo; só entre de all-in se a sua equidade for muito grande Geralmente, você deve tentar não quebrar cedo em um evento turbo, especialmen-

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te quando a estrutura de premiação tem uma boa recompensa apenas por entrar ITM. No evento de €5.300 que ganhei, 22 jogadores entraram e apenas quatro ganhariam dinheiro, o que corresponde a 18% do field. O 4º lugar levava algo como €12.000, ou 2,25 buy-ins. Em torneios com mais jogadores, normalmente, 12% do field será premiado e você receberá pelo menos 1,5 buy-in se premiar. Vencer um torneio como o meu significa que você embolsará perto de nove buy-ins, mas nos outros torneios, você levará mais. Nota-se que entrar ITM é mais importante à medida que as primeiras faixas de premiações pagam mais em relação ao buy-in. Em eventos com fields menores é interessante acumular fichas antes de se envolver em situações de all-in. Durante os três primeiros anos da minha carreira, joguei basicamente torneios no formato de sit-n-go. Eles recompensavam muito bem quem entrasse ITM, o que era quase 30% do field. Apesar do evento que venci no EPT não estar nesse extremo, ainda assim, a sua faixa de premiação era melhor do que a de muitos outros eventos. Por causa disso, eu acabei abortando algumas situações, no início, em que achei que a minha vantagem era peque-


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na, dessa maneira, mantive a integridade do meu stack. Para chegar ao dinheiro, é preciso sobreviver aos estágios iniciais.

DICA #3: Não fique com medo de ir all-in com mãos medianas quando estiver short Uma vez que você esteja com poucas fichas, não tenha de medo de empurrar. Quando ficar short, uma das piores coisas que você pode fazer é entrar de limp e pagar raises com mãos que não acertarão o bordo com a frequência necessária para se tornarem lucrativas, como 9♣7♣; ou A♠10♦, que tende a acertar bastante a segunda melhor mão, mas não a melhor. Na casa dos 20 big blinds, se você quer jogar tais mãos de maneira lucrativa, se alguém aumentar para 2,5 bbs e você acreditar que ele desistirá mais vezes do que pagará quando você empurrar all-in, então vá de all-in. É importante deixar claro que contra um oponente que só aumenta com mãos fortes, você deve dar fold, já que ele pagará seu all-in quase sempre. Sempre pense sobre seu oponente e suas tendências. Já com 10 big blinds ou menos, se todos derem fold até você, simplesmente empurre, especialmente se o range de call dos oponentes, que falam depois de você, é mais tight. Isso permitirá a você construir lentamente um bom stack. Ficar dando call em raises só lhe permi-

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tirá ganhar fichas quando você acertar a melhor mão e seus oponentes acertarem a segunda melhor — e todos sabem que isso acontece poucas vezes. No próximo artigo, mais três dicas para ajudar os leitores a evoluírem em torneios turbos.

Jonathan Little @JonathanLittle

Jonathan Little venceu o WPT por duas vezes, tem mais de US$ 6 milhões acumulados em torneios e escreveu o livro “Segredos do Torneios de Poker Profissional”.



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F

ala, pessoal. Primeiro, eu gostaria de agradecer ao convite e dizer que será um prazer nos encontrarmos todos os meses para trocarmos figurinhas. Agora, estaremos juntos por aqui também, na Card Player. Neste artigo de estreia, vou falar um pouco sobre os softwares que armazenam

estatísticas e o impacto que eles têm no poker online. Atualmente, o Hold’em Manager (HM) e o Poker Tracker são os principais softwares utilizados por jogadores de poker online. Além de armazenarem seu histórico de mãos, esses programas utilizam um HUD (display) que indica as estatísticas dos seus adversários.

Para quem nunca viu, a imagem de um HUD no Pokerstars.

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Como podemos ver na imagem, há vários números, e cada um indica uma estatística do jogador. Entre os mais utilizados temos o VPIP (a porcentagem de mãos que um jogador entra de maneira voluntária na mão), o PFR (a porcentagem de mãos que um jogador está jogando agressivamente, ou seja, com um raise ou reraise), a porcentagem de steal (o quanto ele tenta roubar os blinds do final da mesa), a porcentagem de c-bet (se ele dá muita continuation bet ou não), entre outros. Com poucas mãos já é possível saber quem é tight, quem é loose, quem faz muitas 3-bets, quem é mais passivo etc. Com uma base de dados grande, você pode ver detalhes mais específicos, como a quantidade de check-raise no turn e no river ou como o jogador costuma se comportar em potes com 3-bet. Você pode (e deve) editar o seu HUD para colocar as estatísticas de seu interesse. Em teoria, esses programas não fazem nada ilegal (desde que você utilize apenas o seu banco de dados, e não o banco de dados de sites ou terceiros), eles “apenas” fazem

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automaticamente um trabalho que você poderia fazer manualmente: não há nada de errado em ter um histórico de mãos e anotar qual a porcentagem de mãos que o seu oponente está jogando baseado nesse histórico. Mas, na prática, esses programas “facilitam” bastante a vida dos regulares, já que ajudam muito na leitura dos oponentes, o que dá uma vantagem a quem utiliza a ferramenta. Nos torneios, em que cada momento um jogador provavelmente jogará diferente, o HUD não é tão importante. Um jogador pode jogar mais tight no começo, ter uma estratégia short-stacked e outra deep, jogar diferente na bolha, quando está na mesa final, ITM etc. Inclusive, o HUD pode até atrapalhar um jogador que apenas vê os números e não pensa na situação. Mas, sem dúvidas, para um jogador experiente, que não irá apenas olhar para os números, o HUD facilita muito, ainda mais se o jogador estiver multi-tabling (com muitas mesas abertas). É impossível prestar atenção em 10, 11, 12 telas ao mesmo tempo, e o HUD pode indicar quem é o NIT (só joga mão



premiuns), quem é o jogador fraco, quem é o agressivo da mesa e por aí vai. Em cash games, o buraco é mais em baixo. Lá você terá uma vasta base de dados de cada jogador, pois enfrenta os mesmos caras com maior frequência, e como não estamos falando de torneios, não terá que se preocupar com “momentos diferentes”. No cash, o Hold’em Manager acaba equilibrando a disputa entre os regulares e faz com que o jogo muitas vezes se torne uma leitura de bordo combinada com a leitura de números, dando pouco espaço para estratégias “exploráveis”. Por conta disso, os regulares de cash game tentam ao máximo balancear os ranges, tentando chegar próximo ao GTO (Game Theory Optimum), ou seja, uma estratégia inexplorável. Apesar de eu dar coaching de Hold’em Manager e usar o aplicativo, no meu “mundo ideal” do poker online não há HUD. No entanto, hoje, vejo que deixar de usar o programa é deixar de obter uma vantagem que quase todos os outros jogadores estão tendo. Então, para equilibrar ou até virar o jogo pra cima desses jogadores (utilizando ao máximo a ferramenta), vejo o HM como um “mal necessário” no poker online. Para quem quiser mais informação, seguem os links para os sites do Hold’em Manager, do Poker Tracker e da minha página, em que dou dicas e também coaching dos aplicativos: www.holdemmanager.com www.pokertracker.com www.ivanroyal.com.br

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Ivan Santana @ IvanRoyalSalute www.ivanroyal.com.br

Ivan Santana é um dos maiores e mais respeitados especialistas em cash games do Brasil. Ele é instrutor da Poker Lab e autor do livro “The Royal Book”.


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DESTRINCHANDO AS CORES DO FLOP por Moacir Martinaz

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o artigo de hoje, vamos falar sobre o flop, a street que pode lhe levar à glória ou a derramar um verdadeiro caminhão de fichas. No flop, as possibilidades são muitas, você pode acertar nada, o jogo mais forte ou aquele draw tentador. Mas quais são os diferentes tipos de flop que podem aparecer, e qual a matemática por trás da primeira street? Basicamente, temos três tipos de flop analisando os naipes e três tipos analisando as cartas. Hoje, analisaremos o flop pelo naipe.

1. O FLOP MONOTONE O flop monotone é um dos mais temidos e, muitas vezes, inibe a ação, já que traz três cartas do mesmo naipe. Este tipo de flop ocorre em 5,18% das vezes. Ou seja, mais ou menos cinco vezes a cada cem mãos. Exemplos:

A

7

Moacir Martinez

7

A

9

9

mgbmartinez@uol.com.br

4

K

4

7

K

7

Moacir Martinez é jogador e estudioso na influência da matemática no poker, tanto no online como no live, e autor do livro Matemática Fácil do Poker.

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2. O FLOP RAINBOW Se os jogadores têm cuidado com o flop monotone, é no rainbow que acontecem a maioria das continuation bets e check-raises. A explicação é simples: este tipo de flop traz três cartas de naipes diferentes, draws para sequência à parte, geralmente, são bordos secos. Este é um flop que você verá com frequência, cerca de quatro vezes a cada dez mãos (39,77%). Exemplos:

Q

Q 3

9

9

A

3

2

J

J

A

2

3. O FLOP COM FLUSH DRAW Este é o tipo de flop que você mais verá, o com duas cartas de um mesmo naipe, ou seja, com um draw para flush. Ele ocorre 55,05% das vezes. A cada duas vezes que flop for virado, um deles trará um flush draw. Exemplos:

8

K

8

J

J

5 10

10

6

K

5

6

Notem que se somarmos as probabilidades dos três flops teremos 100%. Mas como chegamos a esses percentuais?

A base para os cálculos é a mesma. Vamos supor que eu quero saber quais as chances dos três naipes serem diferentes: a) A primeira carta pode ser qualquer uma do baralho, que contém 52 cartas, então teremos: 52/52; b) A segunda carta não pode ter o mesmo naipe da primeira. Então, agora, temos 51 cartas no baralho, mas 12 delas não nos servem mais. Assim, teremos: 39/51; c) A terceira carta não pode ser igual nem à primeira nem à segunda. Agora, temos 50 cartas no baralho, mas 24 delas (12 + 12) não nos servem mais. O cálculo então será de 26/50. d) Multiplicando a x b x c, chegamos a 39,77%. O número de combinações possíveis para um flop é de 22.100. Portanto, 8.788 combinações de flop serão rainbow, com três cartas de naipe diferente. Caso queira calcular o flop com flush draw, no segundo termo, em vez de 39/51, teremos 12/51, em que 12 é o número de cartas que nos servem. No terceiro termo, para que o flop não seja monotone, 39 é o número de cartas que podem aparecer, o que nos dá 39/50. No entanto, como o flop tem três cartas, esse evento pode acontecer de três maneiras diferentes. Então, além de 52/52 x 12/51 x 39/50, teremos que multiplicar tudo por 3, o que nos dará 55,05%. E se eu quiser calcular um flush draw de um naipe específico, com duas cartas de ouros e uma terceira aleatória ou duas cartas de paus e uma terceira aleatória, por exemplo? Também é simples. Alteraremos apenas o primeiro termo do exemplo anterior. Como temos interesse em apenas um naipe, apenas 13 cartas nos servem, em vez das 52, então, teremos 13/52. A conta final será 13/52 x 12/51 x 39/50 x 3, ou seja, 13,76%. Notem que, como temos quatro naipes, se multiplicarmos esse número por 4, chegaremos a aproximadamente 55%, que é o número de vezes em que o bordo terá um flush draw. Este e outros assuntos estão ainda mais detalhados no livro de minha autoria, lançado pela Raise Editora, “Matemática fácil do Poker”.


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ELE ERA O FENÔMENO COM A BOLA. AGORA, VAMOS VER O QUE ELE SABE FAZER COM AS CARTAS.

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