Card Player Brasil Digital - 29

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POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

JOGANDO COM UMA MÃO BROADWAY

O GRANDE MALANDRO, A HISTÓRIA DO MAIOR APOSTADOR DE TODOS OS TEMPOS

BRUNO FOSTER HÁ POUCO MAIS DE UM ANO, ELE CHEGAVA AO NOVEMBER NINE












SUMÁRIO 16. FÁBIO EIJI

Jogue sua mão como ela merece Você exagera na hora de apostar? Veja como jogar a sua mão da forma correta.

ESPECIAIS 48. BRUNO FOSTER CONTRA O MUNDO

Confira a entrevista exclusiva com primeiro brasileiro que disputará o November Nine.

24. FINAL TABLE

COM RONNIE BARDAH Integrante do time de Phil Ivey, Bardah analisa duas mãos importantes que lhe ajudaram a conquistar seu primeiro bracelete da WSOP.

32. MOACIR MARTINEZ

VOCÊ CONHECE A SUA FORÇA? O matemático Moacir Martinez mostra as probabilidades que você tem de levar um pote ao segurar determinada mão.

40. FELIPE MOJAVE

JOGANDO COM BROADWAY CARDS Mojave desvenda os segredos e as armadilhas que envolvem as “Broadway Cards”, as cartas altas do poker.

60. THE BOOK IS ON THE TABLE

THE BOOK IS ON THE TABLE

O Grande Malandro, a história do maior apostador de todos os tempos.

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JOGUE A SUA MÃO COMO ELA MERECE

por Fábio Eiji

U

m erro bem comum de jogadores iniciantes é jogar sua mão de maneira mais forte do que ela merece. Chamamos isso de overplay. Esse erro acontece porque o jogador não domina corretamente o conceito de “motivos para apostar”. No poker, uma aposta necessita de um motivo. Existem apenas três razões para se apostar: valor, blefe e recolher o dinheiro morto (dead money). Informação, proteção, bloqueio e intimidação são consequências e efeitos da aposta, não motivos. Uma aposta por valor é aquela que visa receber ação de mãos piores. Existem duas variações: aposta por valor esperando um raise, que é aquela em que o jogador tem o nuts, seminuts ou induz a blefes; e a aposta por valor em que o jogador não espera o raise, tentando extrair basicamente do range de call do vilão. Já uma aposta por blefe é aquela que visa receber fold de mãos melhores. As

variações são o blefe total e o semiblefe, no qual o jogador ainda tem possibilidades consideráveis de melhorar sua mão, como draws. Aqui, cuidado: “Não existe outro jeito de ganhar a mão” não é motivo suficiente pra apostar por blefe, ou seja, o oponente deve ter mãos em seu range que certamente desistirão para a sua aposta ou aumento. Recolher o dead money, geralmente, é um motivo complementar aos dois anteriores. É feita para encerrar a ação, mesmo que o jogador dê fold com mãos piores, mas que ainda têm uma equidade considerável — por exemplo, se temos J-9 em um bordo A-5-7, e nosso oponente tem T-8, ele ainda tem seis outs, além dos backdoors, para nos bater no showdown. Para ilustrar a análise, utilizarei duas mãos que joguei, em um torneio ao vivo, como exemplos de situações em que houve overplay.

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MÃO #1 Blinds são 75/150, tenho 10♥9♥ no meio da mesa (MP) e 20.000 fichas. Vilão 1 (30.000) é um jogador loose-aggressive (LAG), bastante agressivo, pré e pós-flop, a ponto de cometer erros nesse sentido. Vilão 2 (25.000) é um jogador desconhecido. Abro raise para 375, a mesa roda em fold até o Vilão 1, que paga no small blind (SB), e o Vilão 2 acompanha. Vemos o flop J-7-2, com uma carta de copas. Os dois pedem mesa, e eu faço uma continuation bet (c-bet) de 600, aproveitando que tenho uma boa equidade, com a broca pra nuts e um backdoor flush. O Vilão 1 dá raise para 1.400. O Vilão 2 dá fold, assim como eu. O Vilão 1 gentilmente mostra seu A-J. Aqui temos um exemplo de overplay. O Vilão 1 certamente está jogando sua mão por valor, pois espera receber ação de mãos piores. Mas que mãos piores ele espera que eu tenha? E quais delas vão dar call? Quais delas vão dar raise? Supondo que ele espere que eu dê call com um improvável A-J, já que ele tem blockers para A-J, K-J, Q-J e QQ+; e dê raise com 2-2, 7-7, J-J e alguns blefes, como ele espera se comportar nas próximas streets? Na verdade, ele acaba cometendo o erro de representar mais força do que

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realmente tem. Afinal, eu espero que ele faça isso com um range muito mais polarizado, entre trincas e blefes secos. E, na maioria das vezes, vou optar pelo fold de K-J e Q-J, por exemplo, e apenas dar call com QQ+. Por que apenas call com QQ+? Porque, como espero que ele esteja polarizado, não quero que ele desista de blefar e, ao mesmo tempo, não jogo por stacks contra seu range de valor, que está batendo meu K-K ou A-A.

MÃO #2 Blinds são 100/200, tenho A♦A♣, 25.000 e estou em MP. Vilão 1 (25.000) e Vilão 2 (15.000) são os mesmos da última mão. Abro raise pra 500 e recebo call dos dois, nos blinds. O flop vem K-J-2, com duas cartas de ouros. Ambos pedem mesa, e eu faço uma c-bet de 1.200. O Vilão 1 dá raise pra 3.200, e o Vilão 2 dá fold. Em uma situação normal, esse seria um bom exemplo para largarmos um par



de Ases. Afinal, enfrentamos um range que contém 2-2, J-J, K-J e alguns combo draws de 10♦9♦ e Q♦10♦. Ou seja, a equidade do A-A é bem ruim contra esse range de valor e semiblefe. Mas essa situação está longe de ser normal pelas características do vilão. O modo como ele jogou o A-J anteriormente me mostrou que ele tem tendência ao overplay. Então, seu range de valor — o que ele considera valor — é maior do que um range normal. Portanto, optei pelo call no flop. Ele então apostou mais 4.800 quando o turn trouxe um Nove. Novamente, optei pelo call. O river foi uma carta irrelevante, e ele pediu mesa. Ali, tive dúvidas em

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apostar ou não. Ao mesmo tempo em que não espero que ele peça mesa com 2-2 e J-J, espero (equivocadamente) que ele vá de check com K-J e draws que não bateram. Ou seja, sobra apenas K-Q no range de mãos que ele me dá call e que estou à frente, já que com A-K, provavelmente, ele faria uma 3-bet pré-flop. Pedi mesa, e o Vilão mostrou K-Q. Mais um exemplo de overplay, mas, dessa vez, o resultado ajudou a mostrar como ele se equivocou na análise dos ranges e acabou colocando mais valor em seu top pair do que ele merecia.

Fábio Eiji @fabioeiji www.fabioeiji.com.br

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.





Por Craig Tapscott

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

Grandes campeões analisam mãos decisivas que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo.

RONNIE BARDAH LEVA SEU PRIMEIRO BRACELETE DA WSOP Ronnie Bardah começou a jogar poker ainda jovem — seu pai lhe ensinou a jogar five card draw (poker fechado) quando tinha apenas cinco anos. A profissionalização veio em 2003 e o primeiro grande resultado, 2010: a 24ª posição no Main Event da World Series of Poker, que lhe rendeu US$ 317.000. Apesar de se considerar um jogador de cash games, o membro do Team Ivey, time capitaneado por Phil Ivey, já ganhou cerca de US$ 1 milhão em torneios ao vivo.

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Evento

2012 WSOP $2,500 limit hold’em six-handed

Jogadores

302

Buy-in

US$ 2.500

Primeiro Prêmio

US$ 182.088

Colocação


Mão #1 Q

5

9

5

3

Vincent Gironda 360.000

A

9

3

Q

Q

Terrence Chan 225.000

A

Q

Maria Ho 48.000

A

A

Ronnie Bardah 138.000

A

A

Q

Q

Blinds: 2.000-5.000 • Jogadores: 5 Competidores no Torneio: 11

Conceitos-chave: Jogar sua mão de maneira rápida e fazer com que ela pareça fraca; maximizar o valor; quando não fazer slow play; manter a calma ao perder um grande pote. Do UTG, Maria Ho aumenta para 10.000. Terrence Chan faz tudo 15.000, e Vicent Gironda aplica uma 4-bet para 20.000. Craig Tapscott: Uau. Muita ação antes de chegar até você. O que passa na sua cabeça segurando Q-Q nessa situação? Ronnie Bardah: Eu também disse “uau”. Em primeiro lugar, eu acho que a mão de Maria é bem irrelevante, mas, ao mesmo tempo, não posso ignorá-la, já que ela tem poucas fichas. Terrance sabe disso, então, devido ao stack dela, ele não irá isolá-la a

menos que tenha uma mão decente. Por fim, o Vinny. Ele é um jogador bastante sólido e extremamente tight no pré-flop. Então, quando ele faz um 4-bet de 20.000, do small blind, essa é mão com a qual estou mais preocupado. Mas nós estamos 5-handed e eu tenho Q-Q. Bardah aplica um 5-bet para 25.000 do big blind. Ho larga a sua mão. Chan e Gironda dão call. Flop: Q♣3♦5♠ (pote: 85.000) CT: Uau, de novo! Eu aposto que você desejava que um deles tivesse feito um slow play com K-K ou A-A nesse ponto, o que não é muito provável, considerando a ação.

RB: Sim. Antes do flop, eu torcia para que o Vinny não segurasse A-A ou K-K, mas eu acertei a maior trinca e comecei a pensar: “Por favor, Vinny, tenha Ases ou Reis”. Gironda pede mesa. Bardah aposta 5.000. Chan aumenta para 10.000. Gironda aumenta para 15.000. RB: Agora eu sei que o Vinny tem Reis ou Ases, então decidi colocar mais dinheiro no pote. Bardah aumenta para 20.000. CT: Então você não viu a necessidade de fazer uma armadilha? RB: Muitas pessoas diriam para esperar o turn e apenas dar call na 3-bet no flop. Mas sendo o “capper” [jogador que faz a última

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aposta permitida em jogos limit] no pré-flop e devido à dinâmica do torneio naquele momento, eu quis colocar mais dinheiro no pote. Chan dá fold, e Gironda paga. CT: O que ele pensa que você tem? RB: Vinny é um cara muito bom em ler mãos. Nesse ponto, ele já deve saber que eu tenho Q-Q. A única mão que ele pode vencer é K-K, então ele pisa no freio e apenas paga. Eu esperava que ele fizesse um 5-bet e saísse apostando no turn, o que me daria uma big bet extra [neste caso, é uma aposta única cujo valor é duas vezes o big blind]. Turn: 9♥ (pote: 135.000) Gironda pede mesa. Bardah aposta 10.000. Gironda paga. RB: Eu estou sentado lá e pensando: “Este é o maior pote do torneio e será sensacional avançar para o Dia 3 com esse stack”, mas... River: A♦ (pote: 155.000) Gironda aposta 10.000. RB: Ao jogar as fichas, ele demonstrou toda a alegria do mundo naquele momento. Eu só queria chorar. Era metade do meu stack no pote. Com eu podia dar fold para uma aposta daquela? Qualquer jogador que estivesse na minha situação saberia que ele tinha A-A. O pote estava gigante e talvez, muito talvez,

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ele segurasse A-Q. Depois de pensar por quase um minuto, paguei. Gironda mostra A♣A♠ e leva um pote de 175.000. RB: Mais tarde, eu descobri que Chad Brown tinha largado A♥4♥ (Chan tinha J-J; Maria, 7-7). Apenas um out. CT: E o que você faz para continuar jogando o seu melhor depois de uma pancada dessas? RB: Quando você perde uma mão assim é preciso lembrar-se de o que você está jogando e se recompor. No passado, eu passei por situações parecidas e não havia lidado bem com elas, o que ajudou no meu crescimento. Você tem que se lembrar de quanto tempo e dinheiro você investiu no torneio, e não descontar a sua raiva no seu stack. Eu aprendi a permanecer calmo e paciente, e sempre mantendo o que planejei. E, pelo menos para mim, que havia vendido cotas para o torneio, entrar em tilt é impensável, afinal, não é só o meu dinheiro, tenho que respeitar meus investidores. Conceitos-chave: Atacar bordos secos. Tomar o controle do pote. Análise de range. CT: Você sabe o bastante do jogo de Marco Johnson para que lhe ajudar na batalha heads-up (HU)?



Mão #2 3

10

4

J

10

2

J

2

6

Marco Johnson 1.300.000

4

5

Ronnie Bardha 1.100.000

3

5

6

Blinds: 15.000-30.000 Competidores no Torneio: 2

RB: Sim. Marcos era o último jogador que eu queria no heads-up. O garoto é um monstro. Ele é vencedor nos principais high-stakes de mixed games do Bellagio. Johnson aumenta para 60.000 do button. RB: Eu tenho 5♥3♦. Muitos diriam para, fora de posição, eu dar fold nessa mão, e muitas vezes eu faria isso, mas em um HU, em alguns momentos, temos que nos defender e apimentar um pouco a disputa pela a mão. Algumas vezes posso acertar um par ou um draw no flop, caso não, tentarei ser criativo e talvez levar o pote em alguma das streets. Bardah paga. Flop: 6♠ 2♠ 10♥ (pote: 120.000) RB: Eu tenho um draw para sequência e um bom flop para um check-raise.

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CT: Sério? Por que um check-raise? RB: Se eu quero vencer esse pote, preciso aplicar um check-raise no flop e tirar o comando da mão do Marco. E outra coisa, eu estava acertando muitas mãos e vencendo quase todos os potes. Então, o momento realmente estava do meu lado.

RB: Desta vez, o river está ao meu favor e me dá uma sequência.

Bardah pede mesa. Johnson aposta 30.000. Bardah reaumeta para 60.000. Johnson paga.

RB: Marco pagou com muita ressalva, pois ele sentiu a vibe da mão. Algumas vezes você sente isso. Ele não sabia o que eu mostraria, mas ele tinha quase certeza que estava derrotado.Ele pode ter pensado que eu havia acertado um par no flop e um flush draw no turn. Eu continuei muito bem na partida e finalmente consegui meu primeiro bracelete da WSOP.

Turn: J♠ (pote: 240.000) CT: E como foi essa carta pra você? RB: Foi ótima. O J♠ me dá um flush draw, que, apesar de ser de 5, se o Marco acertou um par no flop e está disposto a dar call até o final, eu acabo de ganhar outs extras. Bardah aposta 60.000. Johson paga. River: 4♦ (pote: 360.000)

Bardah aposta 60.000. Johnson paga e esconde as suas cartas. Bardah leva um pote de 480.000.





VOCÊ CONHECE

A SUA FORÇA?

Calculando a força pré-flop das duas cartas iniciais por Moacir Martinaz

Moacir Martinez é jogador e estudioso na influência da matemática no poker, tanto no mgbmartinez@uol.com.br online como no live.

Moacir Martinez

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A

Par (AA) x (AK)

92%

7%

empate <1%

B

Par x Dois undercards (Cartas Menores ou Carta Menor, depende da concordância)

82%

18%

empate <0,5%

C

Par x par inferior

82%

18%

empate <0,5%

D

Par x 1carta do par + 1 over

71%

28%

<0,5%

E

Par x uma over e uma under

71%

28%

<0,5%

F

Dois overcards x Dois undercards (Cartas Menores ou Carta Menor, depende da concordância)

64%

35%

< 1%

G

Par x Dois overcards

57%

43%

< 1%

H

Kicker maior x Kicker menor

71%

24%

< 6%

I

Dois Pares iguais

2%

2%

96%

J

2 cartas aleatórias iguais, naipes diferentes

E

ssa é uma tabela bem simples, para você avaliar a força de duas mãos no pré flop, todo jogador com um pouco de experiência já tem esses dados na cabeça. No caso A

A

A K

K

A

A

A

os mesmos valores do item I

par, terá que fazer trinca ou quadra que ocorrerá em 2,54%. Como temos 4 naipes diferentes, a possibilidade de fazermos um flush com um dos naipes é de 1,09%, a chance de fazermos uma sequência é de 2,35%. Os percentuais serão aproximados e o empate só ocorrerá quando não houver participação das 4 cartas no bordo, ou só parte delas. Essa diferença é menos gritante à medida que diminuímos o par e a outra carta é um conector com chance de sequência no andar superior e inferior como: Par (T,T) x (T,9) 81%-16%, empate 3% Mas mesmo assim o par levará vantagem em mais de 80%. À medida que o par diminui, o que aumenta é a possibilidade de empate.

A

Essa é a pior situação que um jogador se encontra, pois não adiantará fazer um

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Exemplo D

7

10 A

7

7

No exemplo C)

Exemplo E

A 2

10 2

2

È o caso mais evidente quando temos um par monstro contra um par pequeno. O par pequeno terá que fazer trinca ou jogo maior, mas é bem mais comum ao sair o bordo, o nosso par pequeno poderá desaparecer, uma vez que no bordo temos em 42,5% um par e em 4,7% dois pares . Resumindo só em 50,7% das vezes é que temos um bordo livre de cartas dobradas.

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Q

10

A 2

J

J

Q

A

J

A

68%-29%-3% para empatar. Aqui fica fácil determinar os percentuais, se você tem o A7, você terá que torcer para que caia pelo menos um às no Bordo, e esse evento ocorre em 27,60%, aproximadamente em 28%. Note que o par de (77) está com um out queimado.

J

8

Você só conseguirá a vitória se conseguir fazer dois pares, sequência, trinca, flush, motivo pelo qual se as undercards forem conectadas e suited, esse caminho será menos trabalhoso. Veja com mais detalhes no livro “Matemática fácil do Poker” da editora Raise.

7

A

10 8

7

7

10

7

10

7

No exemplo B

Par x 1 overcard e 1 undercard (JJ) x (TQ). Esse é semelhante ao anterior, você terá que acertar a dama, e torcer para que não caia o Valete no Bordo. Jogos maiores poderão acontecer, mas o caminho mais comum é esse e ficará com os seguintes percentuais: 71%-28% < 1% de empate.



Exemplo F 2 overcards x 2 undercards. É bom lembrar que em 22% nada irá mudar, pois não cairá nada no bordo. Caso não caia nada as overcards irão vencer, os percentuais são: 64%-35% <1%

Exemplo I

10

10

Exemplo G

10

10 10

10

10 K

10 K

A

Par x 2 overcards. 57%-43% <1% 2 cartas aleatórias irão cair no bordo (Flop/Turn/River) em 48,74%, esse percentual cai exatamente porque o Dez poderá fazer uma trinca, Às e Reis não irão bem em termos de sequência.

10

10 A

10

10

Dois pares iguais. Nesse caso o mais frequente é o empate, pois só um flush irá desempatar. Cada naipe irá fazer um flush em 1% das vezes e o empate ocorrerá em aproximadamente 96%. Exemplo J

Q

J

Exemplo H

Q

Q Q

Q J

A CardPlayer.com.br

J

A J

AQ x AV 71%-24% entre 5 e 6% de empate. Esse é um exemplo que o Kicher é quem ás vezes decide, o jogador que tem o valete tem que torcer pra que caia um valete e não caia uma dama, o que ocorre em 21% das vezes, note que o empate ocorre nesses casos com maior frequência perto de 6%. Outros jogos maiores poderão acontecer, como sequência e outras.

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J

Q

A

J

A

Os percentuais são os mesmos do exemplo anterior. Bom jogo a todos.


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JOGANDO COm

BROADWAY CARDS por Felipe Mojave

N

esse artigo, vou falar um pouco sobre táticas de como se jogar com cartas altas, as famosas “Broadway Cards”, cartas que vão de Dez a Ás (neste artigo, não iremos considerar as mãos premium como A-A, K-K e A-K). Quando dizemos que o range de mãos do adversário inclui broadway, estamos falando de mãos como J-10, K-Q, K-J etc. No geral, esse é um grupo de mãos bastante forte, mas que também pode lhe deixar em situações bem complicadas. Toda vez que se joga com esse tipo de mão, existe a possibilidade de acertar um flush ou uma sequência alta, que, quando completada, é com frequência a mão vencedora. No entanto, acertar um par com broadway cards também é uma boa pedida. Por exemplo, se você tem Q-J e o flop vem Q-3-7, obviamente você acertou um ótimo flop, com um top pair alto e kicker J — mas é exatamente aí

que começam as diversas dificuldades, sendo que a maior delas é saber dar fold corretamente em cenários como esse. Aqui, é preciso, basicamente, avaliar se o oponente tem: — um kicker melhor; — uma trinca; — um overpair (par maior).

Head-up Contra apenas um jogador, as Broadway Card jogam muito bem já que se você conectar com o flop, seu oponente dificilmente terá uma mão melhor que a sua. E mesmo quando você não acertar um flop muito favorável, ainda pode ter uma força relevante na hora do showdown. Apostar no draw ou como semiblefe, segurando duas overcards (cartas mais altas do que a do bordo), também funciona bem em heads-up.

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Posição Como é uma mão que temos que tomar certo tipo de precauções, é melhor jogar em posição. Dessa forma economizamos fichas quando estamos perdendo e podemos maximizar os ganhos com frequência quando a oportunidade surgir. Fora de posição, em geral, cogite dar fold do início da mesa e do small blind. Do meio da mesa é uma boa oportunidade para entrar na mão, pois normalmente jogaremos contra os blinds. E mesmo quando algum oponente, em posição, conectar com o bordo, muitas vezes teremos uma mão mais forte, já que não houve 3-bet pré-flop. Em posição é preciso ter cuidado quando os blinds resolverem reaumentar. Em posição de roubo, normalmente podemos gerar esse tipo de ação, portanto o cuidado deve ser redobrado.

Jogue agressivamente Quando for jogar com as broadway hands, aumente pré-flop. Você não quer se complicar quando acertar um par e quer manter a situação mais simples para analisar o jogo pós-flop, mantendo os riscos conforme os o itens apresentados acima. Isso vai facilitar muito a leitura de jogo, assim como a arrecadação de fichas. Fica explicito então o porquê de eu preferir jogar com esse grupo das posições intermediárias. Acredito que é de onde podemos tira mais vantagens. Para defender o big blind, também é uma boa opção, obviamente, com os cuidados necessários, já que estaremos fora de posição. Lembrem-se que broadway cards são mãos muito boas em determinadas situação, mas cuidado para não jogá-las como se fosse um Q-Q ou K-K. Espero que essas dicas possam ajudar-lhes na evolução. Para mais dicas e artigos, acessem meu website.

Evite jogar quando um jogador tight abrir raise. Quando acertar o flop, o range do adversário estará na nossa frente. Considere dar fold com frequência quando um oponente lhe aplicar uma 3-bet. Claro que é necessário avaliar quem deu o reraise, mas o fold evita complicações futuras. Em estágios finais de torneios, o call em 3-bets é ainda pior. Quando estamos nessa fase, um roubo de blinds significará um incremento de aproximadamente 5% do nosso stack. Se decidirmos dar um call em uma 3-bet, a relevância desse pote sobe para aproximadamente 20%, o que gerará uma equidade negativa.

DICAS IMPORTANTES AO JOGAR BROADWAY CARDS Evite jogar quando um jogador tight abrir raise. Quando acertar o flop, o range do adversário estará na nossa frente. Considere dar fold com frequência quando um oponente lhe aplicar uma 3-bet. Claro que é necessário avaliar quem deu o reraise, mas o fold evita complicações futuras. Em estágios finais de torneios, o call em 3-bets é ainda pior. Quando estamos nessa fase, um roubo de blinds significará um incremento de aproximadamente 5% do nosso stack. Se decidirmos dar um call em uma 3-bet, a relevância desse pote sobe para aproximadamente 20%, o que gerará uma equidade negativa.

Felipe Mojave @FelipeMojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade. Especialista em mixed games, o paulista é membro do My Poker Squad.


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ELE ERA O FENÔMENO COM A BOLA. AGORA, VAMOS VER O QUE ELE SABE FAZER COM AS CARTAS.



BRUNO

FOSTER O D N U M O A

CONTR Fotos e foto de

capa: Luis Berta

Por Diego Scor vo

zini

Fique por dentro da preparação do primeiro brasileiro a chegar ao November Nine da WSOP

O

profissional Bruno Foster está no lugar certo. No topo do mundo. Carismático, o paulista — mas cearense de berço e de coração — já mostrou, em pouco tempo, que será um grande embaixador do esporte da mente. Por onde passa, Foster esbanja simpatia e um poker afiado, que o credenciou a representar o Brasil na mesa final mais cobiçada do mundo. O resultado do brasileiro já vem lhe rendendo frutos. Além dos diversos convites para entrevistas de jornais e revistas “off-poker”, Foster acabou de fechar contrato com o 888poker, a segunda maior plataforma de poker online do mundo, se juntando aos também contratados do site Nicolau Villa-Lobos e Bruno Kawauti. Postulante ao maior feito da história do poker brasileiro, Foster aproveitou o hiato do Main Event e conversou com a Card Player Brasil.

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Estou indo lá para buscar o bracelete. Ficar em nono ou segundo não adianta nada. Só o primeiro será o campeão do mundo. Você lembra quem ficou em terceiro há dois anos?”

Diego Scorvo: Quando começará a sua preparação para o November Nine, que acontecerá nos dias 10 e 11 de novembro? Bruno Foster: Trinta dias antes da mesa final. Meu técnico, Ariel Bahia, e eu vamos começar um estudo dos meus oponentes, que ele já está preparando. Mas, no momento, tenho jogado tudo que posso. DS: Você vem mostrando muita confiança. Será assim também durante a final? BF: Sim. Estou indo lá para buscar o bracelete. Ficar em nono ou segundo não adianta nada. Só o primeiro será o campeão do mundo. Você lembra quem ficou em terceiro há dois anos? Ninguém se recorda. Já estou marcado por ser o primeiro brasileiro no November Nine, mas para ficar mesmo na história, tem que trazer o bracelete. O Brasil merece essa joia e eu estou indo lá para isso.

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DS: Vários finalistas cedem à pressão do November Nine, que é algo completando único. Essa confiança que você mostra é fundamental? BF: Sim. Confiança, determinação e dedicação são fundamentais. Esse é um jogo em que cada jogador tem que fazer por onde. O poker exige um pouco de tudo, principalmente preparo físico e mental. Vou estar me preparando ao máximo, e acredito que no dia 10 de novembro mostrarei meu A-game. DS: Dos seus oito oponentes, quem você mais enfrentou durante o torneio? BF: Passei mais tempo ao lado do (Mark) Newhouse e do (Martin) Jacobson, que são dois dos três profissionais. O Jacobson, na minha opinião, é o jogador mais perigoso da FT. Tecnicamente falando, ninguém se compara a ele. Mas chegando na hora, tudo se nivela, todos merecem estar ali, não há nenhum aventureiro na decisão. Mesmo ainda sem fazer um estudo detalhado, posso dizer que o holandês (Jorryt van Hoof) me dará muito trabalho. O jogo dele é excelente, principalmente pós-flop.



Não posso não estar feliz ao ver as pessoas me abraçando, me apoiando, me desejando o bem. Acho que esse é o momento mais feliz da minha vida, com toda a certeza.”

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DS: Você ficou entre os líderes durante boa parte do torneio, mas na bolha da FT, você era um dos shorts. A pressão era grande? BF: Não, eu estava bem tranquilo, muito focado. Por ter ainda 40 bbs, sabia que não seria o bolha. Estava com muitas fichas, não me assustei. DS: Você teve a maior torcida do evento e terá mais uma vez. Qual a importância de contar com o público ao seu lado? BF: A torcida é importante em vários aspectos. Primeiro, por me colocar para cima quando mais preciso. Quando tomei duas trincas para o Newhouse, eles não me deixaram abater. Aquilo é tão forte que você se


sente bem e pensa: “Não será agora”. O que passa na hora é indescritível. Não estou jogando em casa, mas sinto como se estivesse, e no November Nine será ainda mais gente. DS: Muitas pessoas da sua família irão ao November Nine? BF: A minha mãe, irmã, avó e namorada irão. Meu pai não poderá ir por causa do trabalho. A torcida será grande. DS: Como você vem lidando com o assédio nas redes sociais? BF: É gratificante contar com todo esse apoio. O mínimo que posso fazer é responder quem se dá ao trabalho de falar comigo. Isso tudo me motiva, me deixa bem. Eu estou

realizando o meu sonho, mas também o de todo brasileiro que joga poker. Não posso não estar feliz ao ver as pessoas me abraçando, me apoiando, me desejando o bem. Acho que esse é o momento mais feliz da minha vida, com toda a certeza. DS: Você já sabe o que fazer com os US$ 10 milhões que ganhar? BF: Não posso dizer que já tenho uma meta. Pode parecer hipocrisia, mas tenho muito mais vontade de ganhar o bracelete que os US$ 10 milhões. Para mim, é muito mais importante. Eu tenho uma vida estável, o dinheiro agregaria muito, mas sonho muito mais com a joia.


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DS: Você vem jogando muitos torneios. O plano é descansar ou seguir engatando? BF: Vou continuar colocando a “mão na massa”. Vou para o LAPT Peru, BSOP Florianópolis. Não posso parar. Agora é o momento de ter foco, dedicação e muito estudo. Este é o momento mais importante da minha vida e tenho que pisar no acelerador, não no freio. Junto com o Ariel, vou traçar um plano e executá-lo. DS: Na jogada [ver “Aconteceu Em Um Torneio”, p. 88] que decidiu os finalistas da WSOP, você abriu raise do meio da mesa, Mark Newhouse deu call no button e Luis Velador empurrou all-in de 15 bbs do small blind. É verdade que você tinha 10-10? Se sim, por que o fold? BF: Sim, é verdade. Quando eu abri de 10-10, do meio da mesa, a minha estratégia era jogar pós-flop contra meus adversários. Quando o Mark deu call no BTN, e o Velador empurrou do SB, eu fiquei sem ação. Primeiro porque a chance de enfrentar um flip era enorme, e também porque eu poderia estar enfrentando J-J, Q-Q, K-K, A-A. E mesmo que fosse um flip, eu não queria decidir o sonho da minha vida em uma situação dessas. Joguei meu A-game durante sete dias e não podia arriscar o sonho em um flip. Além disso, ainda havia um jogador muito perigoso para falar depois de mim. Então, eu dei fold por dois motivos: por ter certeza que haveria situação melhores e porque após o call do Mark, eu sei q ele vai pagar o all-in do Velador, ou seja, ele poderia estar facilmente preparando uma armadilha.


Quando retornar aos feltros do Rio AllSuite Hotel & Casino, em Las Vegas, no dia 10 de novembro, Foster terá o menor stack da decisão, porém, ao contrário dos últimos “lanternas” do November Nine, o cearense não está short. Os seus 30 big blinds lhe garantem tranquilidade o suficiente para usar um arsenal razoável de jogadas. Ao seu lado, alguns amadores e três profissionais, que merecem toda atenção possível. Chip leader, o holandês Jorryt van Hoof é um dos grinders mais temidos dos high stakes. Segundo Gabriel “verve.oasis” Goffi, ele certamente será o adversário a ser batido. Já Martin Jacobson é quem mais impressionou Foster. Além de ser o finalista com mais ganhos em eventos ao vivo, o sueco possui a experiência necessária para lidar com a pressão. Por último, Mark Newhouse é o único com experiência em um November Nine. No ano passado, o jogador foi o primeiro eliminado da decisão e faturou US$ 733.224. Completam a mesa final: “Billy Pappas” (EUA), Felix Stephensen (Noruega), Andoni Larrabe (Espanha), Willian Tonking (EUA) e Dan Sindelar (EUA).

Premiação no November Nine 2014 1. US$ 10.000.000 2. US$ 5.145.968 3. US$ 3.806.402 4. US$ 2.848.833 5. US$ 2.143.174 7. US$ 1.235.862 8. US$ 947.077 9. US$ 730.725

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O Grande Malandro

Mem贸rias de Amarillo Slim O maior apostador de todos os tempos


THE BOOK IS ON THE TABLE

Quando o assunto é o poker, poucos são os livros que têm leitura tão prazerosa quanto O Grande Malandro, uma autobiografia de Amarillo Slim Preston — campeão do Main Event da WSOP de 1972 e membro do Hall da Fama do Poker. Nele você não vai aprender nada sobre 3-bets, 4-bets, 5-bets ou quaisquer outras técnicas avançadas do jogo, mas, em compensação, não vai conseguir desgrudar os olhos, nem por um segundo, das mais fantásticas histórias que um apostador já viveu. Entre apostas hilárias, inusitadas e até perigosas, estão personagens históricos como o traficante colombiano Pablo Escobar, o ex-presidente do Estados Unidos Lyndon Johnson, o rei da pornografia Larry Flint e outras tantas celebridades. Amarillo morreu em abril do ano passado, mas seu legado e o título de “maior apostador de todos os tempos” perdurarão para sempre.

Introdução

(p. 21)

Se qualquer coisa for alvo de controvérsia, eu aposto nela ou me calo. E como discutir não é algo muito apropriado para um cowboy, já fiz várias apostas na vida. Mas, na minha humilde opinião, eu não sou um apostador qualquer. Sabe, amigo, eu nunca saio em busca de um idiota; eu procuro um campeão e faço dele um idiota. Eu sabia que não convenceria nenhum amador a jogar pingue-pongue comigo por dinheiro, apenas Bobby Riggs, o campeão de Wimbledon de 1939 — eis um homem que estava interessado em fazer uma aposta. Droga, se um cara não achar que tem alguma vantagem, você não tem chance alguma de ele apostar com você. Bobby não era apenas o melhor jogador de tênis do momento, como também uma personalidade, uma celebridade mundialmente conhecida. Ele era tão famoso que o Tio Sam pediu que ele fizesse exibições de tênis para as tropas durante a Segunda Guerra Mundial e usou isso para fazer propaganda. Em Pearl Harbor, em 1944, um infeliz estranho, que não fazia ideia que Bobby era um campeão, desafiou-o a uma partida de tênis valendo muito dinheiro. Sem praticamente esforço algum, Bobby saiu com todo o dinheiro do cara, o seu carro e o seu bizarro bangalô em Honolulu. Dizem que Bobby se sentiu mal pelo coitado e devolveu tudo — exceto $500, que ele disse ser pela “lição”. Eu sei que esse é um preço muito alto por uma lição, mas acho que poderia ter sido muito pior para a vítima desavisada de Bobby.

Bobby também era conhecido por suas apostas no tênis. Para atiçar idiotas que queriam uma chance de jogar com ele, mas sabiam que jamais o derrotariam, ele inventava as maiores loucuras. Ele jogava com um poodle amarrado em cada perna, ou com uma capa de chuva e galochas enquanto segurava um guarda-chuva aberto com a sua mão esquerda. Acredite em mim, esse menino tinha imaginação, e ele não diminuiu o ritmo nem um pouco à medida que envelhecia. Em maio de 1973, aos 55 anos, Bobby enfrentou a jogadora número um do mundo, Margaret Court, em uma partida-desafio no San Diego Country Estates, chamada de “A Batalha dos Sexos”. De algum modo, aquele enérgico senhor executou truques suficientes para derrotá-la. Bem, Billie Jean King, a segunda melhor jogadora do mundo, que Bobby tinha chamado de “a verdadeira líder sexual do bando revolucionário”, não gostou dos comentários de Bobby sobre a superioridade do gênero masculino e o desafiou a jogar uma partida contra ela. Diante de mais de 30 mil espectadores no Astrodome, em Houston, em setembro de 1973, a mulher de 29 anos derrotou o senhor de 55 em três sets consecutivos. E isso promoveu manchetes ao redor do mundo. Como se tratava de um evento no qual o resultado era duvidoso — pelo menos no Texas —você pode ter certeza de que eu estava lá, e é provável que eu tenha feito uma pequena aposta também. Eu tinha conhecido Bobby rapidamente no ano anterior, em Las Vegas, na World Series of Poker e, quando conversei com

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ele depois da partida de tênis, Bobby me disse que eu seria sempre bem-vindo no Bel Air Country Club, na sua cidade natal, Los Angeles. O poker era bom no sul da Califórnia naquela época — ainda é hoje — e na minha viagem seguinte até lá, eu fiz uma visita ao velho Bobby no seu elegante country clube. Não demorou muito para que ele tentasse me convencer a apostar, e como eu não era um jogador de tênis, ele tentou me persuadir a jogar pingue-pongue. Nós dois sabíamos que ele era um jogador muito melhor, mas depois daquele incidente em Pearl Harbor, Bobby tinha amadurecido e aprendido a não se entregar. Em outras palavras, ele não estava querendo ganhar quinhentos dólares por uma lição, ele estava querendo chutar o meu traseiro magro e interiorano. Como era de se esperar entre dois apostadores, nós ficamos em um vai e vem tentando achar uma aposta justa, mas Bobby continuava se recusando a me dar uma oportunidade. Então finalmente eu disse que jogaria com ele com uma condição: que eu escolhesse as raquetes. “Nós dois usaremos a mesma raquete?” “Sim, senhor”. “Então quando você chegar com duas raquetes iguais, eu posso escolher com qual eu quero jogar?” “Sim, senhor, desde que eu traga as raquetes”. Bobby achava que eu ia dar algum golpe juvenil — que seria uma questão de peso ou que uma das raquetes seria furada ou algo do tipo. Mas quando eu disse que ele podia escolher qualquer uma das duas raquetes que quisesse usar, ele imediatamente comprometeu o seu dinheiro. Nós apostamos $10.000 e concordamos em jogar às 14h do dia seguinte. Antes de eu sair, apenas para evitar mal-entendidos, eu confirmei a aposta: nós iríamos jogar pingue-pongue de vinte e um pontos, com cada um usando raquetes de minha escolha. Eu cheguei no dia seguinte ao Bel Air Country Club preparado para a disputa. Quando Bobby me pediu para ver as raquetes, eu enfiei a mão na minha mochila e entreguei a ele duas frigideiras, de mesmo peso e tamanho, e disse que ele poderia usar qualquer uma. Bobby era o atleta mais bem-coordenado que já viveu, mas sacudia aquela frigideira como um cozinheiro ensandecido. Ele só começou a aprender a manejar a frigideira quando eu estava perto de derrotá-lo, mas foi tarde demais. Eu ganhei o jogo de 21 a 8, e poderia ter sido bem pior. Mais uma vez eu tinha provado que você pode ganhar a vida derrotando um campeão apenas usando a sua cabeça em vez do seu traseiro. A pessoa mais fácil de ser enganada no mundo é um enganador, e Bobby tinha mordido aquela isca feito um porco selvagem depois de uma enchente. Eu vinha praticando com aquela frigideira desde que o tinha encontrado em Houston, e depois que recolhi o dinheiro, apertei a mão de Bobby e nós rimos muito.

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TÍTULO: O Grande Malandro – Memórias de Amarillo Slim, O Maior Apostador de Todos os Tempos (Amarillo Slim in a World Full of Fat People) AUTOR: Amarillo Slim NÚMERO DE PÁGINAS: 322 PREÇO: R$ 75,00 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com


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