Card Player Brasil Digital - 24

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POKER

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SUMÁRIO 16. FÁBIO EIJI

A arte da continuation bet Fábio Eiji fala sobre a evolução de uma das jogadas mais antigas do poker, a continuation bet.

ESPECIAIS 44. No Topo do Mundo

A sólida carreira do melhor jogador de torneios online do planeta, o brasileiro Yuri “theNERDguy” Martins

24. FINAL TABLE

COM JUSTIN BONOMO A segunda parte da análise de um dos principais jogadores do mundo que rendeu quase dois milhões de dólares ao campeão.

32. JOGOS MENTAIS

A IMPORTÂNCIA DOS BLOCKERS NOS CASH GAMES Com Matt Moore, Tristan Wade e Andrew Lichtenberger

38. THE BOOK IS ON THE TABLE

THE BOOK IS

Todas as Mãos Reveladas, de Gus Hansen

ON THE TABLE

60. FELIPE MOJAVE

DICAS VALIOSAS PARA POT-LIMIT OMAHA PARTE II Na segunda parte da série de artigos sobre PLO, Mojave dá dicas de como executar com sucesso o check-raise.

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A ARTE DA

CONTINUATION

BET por Fábio Eiji

N

o artigo de hoje, o assunto será continuation bet (c-bet). Este é mais um tema bem familiar a jogadores de todos os níveis e uma das primeiras ferramentas que (mais ou menos) aprendemos a utilizar. Trata-se da aposta que fazemos no flop quando somos o agressor pré-flop, ou seja, continuamos a agressão. A lógica dessa jogada parte do pressuposto de que, para defender-se de uma aposta, o vilão tem que acertar o flop, mas isso só acontecerá perto de 35% das vezes. Bem, isso faz bastante sentido se falarmos de um poker jogado em 2008 ou 2009. Hoje, já não é bem assim que a coisa funciona. De maneira geral, os jogadores, mesmo os recreativos, aprenderam a jogar e praticamente não cometem erros quando falamos do jogo pré-flop. E eles sabem que, quando decidem pelo call, enfrentarão uma c-bet muitas vezes. Ou seja, já estão acostumados e, muitas vezes, preparados para enfrentar e reagir a essa jogada.

É comum encontrar por aí jogadores, mesmo regulares vencedores, que ainda não se adaptaram a essa nova realidade e cometem o erro de usar a c-bet demais, ou seja, fazem continuation bets de maneira automática, sem fazer as devidas adaptações. Antes de fazer a c-bet, é preciso pensar em alguns elementos importantes: – Range que representamos. – Range que enfrentamos (perfil do oponente — loose ou tight; passivo ou agressivo). – Textura do bordo. – SPR (tema do último artigo). – Valor ou blefe. Complementando os elementos acima, há a c-bet que não se encaixa nem em valor nem em blefe, que seria a aposta para “recolher o dead doney”. Por exemplo, fazer uma c-bet com A-K em um bordo 7-7-2 rainbow para ganhar o pote ali, já que mãos não dominadas (live cards) ainda têm seis outs para melhorar e dificilmente reagirão agressivamente nesse tipo de flop.

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C-BET POR VALOR E POR BLEFE Se estamos apostando por valor, devemos considerar as seguintes questões: 1. Definir o range do adversário e fazer a seguinte pergunta: esse range acerta o bordo? 2. É possível extrair três streets de valor (fazer o oponente pagar flop, turn e river com mãos piores)? 3. Quais os tipos de turn vão me fazer desacelerar? Se a reposta para alguma das duas primeiras perguntas for “não”, então, geralmente, o check será melhor do que a c-bet. Já se estamos fazendo a c-bet por blefe, devemos considerar o seguinte: – Qual o range que estou enfrentando? Esse range acerta esse bordo? De que forma? – Em quais turns continuarei a blefar? Quais mãos pagariam flop e dariam fold no turn? – Quais rivers continuarei a blefar? Quais mãos pagariam flop e turn, mas dariam fold no river? Ou seja, é necessário que, antes de fazer a c-bet, haja um plano em mente para as próximas streets. Já que a ideia é continuar apostando em muitos turns e rivers que ajudarão a representar mãos fortes, é importante que haja equidade para melhorar a efetividade da jogada: gutshots (brocas), backdoors para straight e flushes (chances de ficar para o draw no turn), e overcards costumam ser o suficiente.

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Exemplo: Temos 18 bbs e abrimos miniraise do HJ com A♥8♥. O BB, com 30 bbs, paga. O pote tem 5,5 bbs. O flop é A♣ 6♥ 2♦, e o oponente pede mesa.

Análise Muitos jogadores fariam a c-bet de maneira automática aqui, afinal, “temos top pair”! Mas sugiro pensar um pouco mais a respeito. A nossa aposta aqui seria por valor ou por blefe? “Por valor, claro”, diria um leitor mais desatento. Porém, devemos começar pensando no range de call pré-flop do vilão. Podemos excluir AJ+ e 88+, pois quase todos os oponentes iriam de 3-bet pré-flop com essas mãos. Ao mesmo tempo, temos blockers para os Ases, o que reduz significativamente a frequência de A-X que enfrentamos. Mesmo assim, ainda é mais comum um oponente fraco dar call com broadways (combinações entre 10, J, Q, K e A) e pares do que com Ases nesse cenário.


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Agora, vamos pensar nas mãos que representamos. Geralmente, o Ás acerta em cheio o range de quem agride pré-flop. Afinal, há muitas combinações de Ases no range de quem abre raise. Então, esse seria um bordo que acerta muito mais o range que representamos (como agressores) do que o range do vilão (como passivo). Se optarmos por apostar aqui, há poucas mãos piores do que a nossa que dariam call. Isso porque, como disse anteriormente, não há muitos Ases no range do vilão, além do fato do Ás acertar mais o nosso range que o dele. Dito isso, podemos concluir que a c-bet aqui não funciona como aposta por valor. Se apostarmos por blefe, temos que fazer com que mãos melhores deem fold, o que também não parece funcionar bem, já que as poucas combinações de Ases melhores que 8 não dariam fold, muito menos as trincas. Ou seja, apenas as mãos que já estamos ganhando desistiriam. Então, também não serve como uma aposta por blefe. Resumindo, a aposta aqui não tem sentido, por isso, devemos optar pelo check. Dessa forma, conseguimos manter um range fraco na mão e induzir o vilão a cometer erros — blefar, por exemplo — nas próximas streets. Espero que este artigo ajude o leitor a repensar as suas continuation bets. Não devemos fazê-las de maneira automática, como um robô. É preciso ter um plano

bem elaborado para o restante da mão. E lembre-se: não é vergonhoso desistir de um pote quando avaliar que o bordo ajuda muito mais o oponente do que você, mesmo sendo o agressor. Se jogar corretamente, dificilmente será explorado por isso.

Fábio Eiji @fabioeiji binhoeiji@yahoo.com.br

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.

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TABLE Por Craig Tapscott

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

Grandes campeões analisam mãos chaves que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo.

JUSTIN BONOMO E ALGUMAS ESTRATÉGIAS DINÂMICAS DO POKER: TEXTURA DO BORDO, SAIR APOSTANDO NO RIVER E BALANCEAR O RANGE — PARTE II Justin Bonomo vem jogando profissionalmente há mais de dez anos. Em 2012, ele venceu o EPT Grand Final Monte Carlo No-Limit Hold’em Super High Roller 8-Max e embolsou US$ 2.167.000. Ele é um dos jogadores mais temidos do circuito ao vivo, seja em torneios (MTTs) ou em high-stakes cash game. Seus ganhos combinados (live e online), apenas em MTTs, já ultrapassaram a barreira dos 7,5 milhões de dólares.

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Evento

2013 Seminole Hard Rock Poker Open

Jogadores

2.384

Buy-in

US$ 5.300

Primeiro Prêmio

US$ 1.745.245

Colocação


Mão #1 A

9

A

9 8

2

8

K

K

2

K

A

Blair Hinkle 47.000,000

K

K

Justin Bonomo 24.000,000

8

8

K

A

Mão #1 - Blinds: 125,000-250,000 • Antes: 25,000 Número de jogadores na mesa: 2

Conceitos-chave: Jogando heads-up; textura do bordo; sair apostando no river; range balanceado. Craig Tapscott: Novamente, por que você escolheu essas duas mãos para a nossa análise? [Ver edição 76] Justin Bonomo: Bem, elas ilustram falhas muito comuns no jogo de vários profissionais. Em ambas, dei check-call no turn, mas a carta do river mudou completamente a textura do bordo. Nessas situações é importante ter um range com o qual você sai apostando no river. CT: Quando você chegou à mesa final (FT), acredito que você colocou Blair Hinkle como seu principal adversário para conquistar o título. Você veio com algum plano a respeito do jogo dele?

JB: Blair chegou à FT como chip leader e estava sentado logo à minha esquerda. Ele gosta de fazer 3-bets, então eu sabia que não poderia jogar tão loose quanto eu gosto, principalmente das posições iniciais. Uma vez no heads-up (HU), eu não tinha muitas informações. Na minha cabeça, ele não tem muita experiência em HUs. Como a maioria dos jogadores de torneio, isso significa apostas muito pequenas e uma postura na seleção de mãos bastante tight. Obviamente, isso é um estereótipo. A verdade é que eu estava no escuro e teria de me ajustar com o andamento da partida. Basicamente, meu plano inicial era jogar de forma sólida e agressiva. Blair aumenta para 525.000 do button (BTN). Bonomo paga com K♠9♠. JB: A jogada pré-flop aqui é padrão. Blair vinha fazendo sempre 625.000 nesse nível de blind. Esse foi o seu primeiro raise com

valor diferente. Eu percebi que era muito provável que fosse um “missclick” e não dei muita importância. De qualquer maneira, não importa o tamanho da aposta, o call com K9s é normal. CT: E o que você acha de um reraise? JB: Algum jogador inexperiente em HU poderia aplicar uma 3-bet com essa mão sem se perguntar: “Isso é um raise por valor ou blefe?” É importante saber a reposta dessa pergunta. Para o seu range de blefes, na maioria das vezes, você vai escolher mãos que não são lucrativas para dar call, e K9s é definitivamente uma mão que tem valor o bastante para tornar o call lucrativo nesta situação. E se pensarmos no range de valor para a 3-bet, K9s é um pouco fraca para inflar o pote fora de posição. Não está tão longe de ter valor para a 3-bet, mas não é o caso aqui. É uma situação clara de call.

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Flop: A♥K♥8♦ (pote: 1.100.000) Bonomo pede mesa. Hinkle aposta 650.000. CT: O que está passando na sua cabeça com esse flop? JB: Não há muito para dizer. Ele tem todas as mãos com um Ás em seu range, mas eu não, já que eu aplicaria uma 3-bet com Ases fortes. Isso significa que ele tem mais mãos fortes em seu range do que eu tenho. Dito isso, ele pode representar um range bem amplo de mãos grandes. Então, eu espero que ele vá fazer uma continuation bet quase sempre. Uma vez que ele aposta, minha mão é muito boa para cogitar o fold, mas não boa o bastante para dar raise, então... Bonomo paga. Turn: 2♥ (pote: 2.400.000) Bonomo pede mesa. Hinkle aposta 1.600.000. CT: Você pode dar call nessa aposta? JB: Sim, a decisão no turn é bem difícil, mas é a mesma lógica do flop. CT: Que seria? JB: Eu espero que Blair aposte com muitas combinações de mãos que não acertaram pares, mas que tenham uma carta de copas. Há também algumas mãos que eu derroto, como K-7, que são boas para apos-

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tar por valor. Apesar disso, é uma decisão complicada, minha mão é apenas razoável contra o seu range, e ele ainda pode ter um Ás, o que me deixaria praticamente sem chances. River: K♣ (pote: 5.600.000) JB: Eu acertei a carta dos sonhos no river. Como na mão anterior [ver edição 76], é um grande erro sair pedindo mesa automaticamente. Na verdade, é um erro maior aqui do que na primeira mão. CT: Por quê? JB: Grande parte do range de valor de Blair, no turn, é um Ás. Isso significa que quando ele está blefando, ele também está representando um Ás. Depois desse river, acho que dificilmente ele apostará por valor segurando um Ás. Eu tenho várias combinações de Rei na minha mão, e ele esperar que eu pague uma terceira aposta com um Oito é muita ambição, apesar de não ser impossível. Quando o Rei aparece, ele está derrotado na maioria das vezes. Veja bem, eu tenho qualquer K-X em meu range de mãos no turn, enquanto Blair dará check com a maioria dos seus Reis no turn. CT: Então com quais mãos você aposta aqui? JB: Como antes, com as minhas melhores (top range) e piores mãos (bottom range), assim meu range estará polarizado. Minhas

melhores mãos incluem não apenas combos de Rei, mas também flushes, que eu decidi não dar raise no turn. É um pouco estranho jogar um flush dessa maneira, mas, se pararmos para pensar, é a mesma lógica que me faz sair apostando no river com o Rei. O river acerta muito mais o meu range do que o dele, e espero que ele peça mesa com quase todas as mãos que segura. Então, sair apostando com mãos de valor aumenta também o range de mãos que posso blefar nessa situação. CT: E com quais mãos você blefa? JB: Com o bottom do meu range, especialmente mãos com bons blockers, como a Q♥. Eu não pagaria uma aposta no turn com Q-J sem uma carta de copas, por exemplo. Isso significa que todas as minhas mãos que não parearam têm de conter uma carta de copas. Todas elas estão no meu range de blefe, mas há outras. Posso pagar esse turn com mãos do tipo 5♥5x e 7♥8x. Nem sempre tenho tempo na mesa para balancear meu range perfeitamente, mas estou inclinada a blefar com quase todas as minhas mãos que contenham um 8 e com todas piores que 8-X. Bonomo aposta 4.000.000. CT: Por que uma aposta desse tamanho? JB: Eu escolhi um bom valor, 70% do pote. O range dele tem muito mais fulls do que o meu, o que deixa overbets fora de



questão. Mesmo que eu possa ter K-2 ou K-8, não há muitas combinações no meu range que me deixam nuts. Apesar disso, meu range é polarizado entre apostas fortes por valor e blefes, então não há razão para apostar pouco. Com certeza, Blair poderia ter escolhido me blefar aqui, já que ele tem muito mais combinações para o nuts em seu range. Felizmente, para mim, ele deu aquele conhecido suspiro de quem diz, “eu não vou aumentar”. Ele pensou por uns três minutos... Hinkle paga e mostra A♣8♠. Bonomo puxa um pote de 13.600.000. JB: Depois de assistir a toda mesa final, percebe-se o quanto é importante ter uma imagem de alguém que blefa com certa frequência. Se as pessoas estão dando “hero folds” porque parece que você nunca blefa, isso será ruim no longo prazo. Por outro lado, se você está sempre colocando seu adversário em situações difíceis, então a chance de as coisas saírem do jeito que você planeja é grande. Durante a mesa final, mostrei sempre estar propenso a blefar, o que certamente funcionou bem a meu favor.

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CT: Eu conversei com vários jogadores que acham você um dos melhores jogadores de heads-up do mundo, e você também é um regular de cash games high-stakes. Você poderia dar algumas dicas de como desenvolver seu jogo para HUs? JB: Minha primeira dica é sempre encarar o jogo de forma acadêmica. Você deve estar em aprendizado constante. Estude tudo o que puder. Para heads-up, especificamente, já que você está jogando contra um único jogador — em um torneio, por exemplo, de nove mãos que você joga, (quase) todas são contra oponentes diferentes —, os ranges serão mais específicos. Alguns jogadores darão muitos raises em bordos com muitos draws, mesmo com um range fraco. Um bom jogador irá explorar isso, blefando nesses tipos de bordos. Você precisa pensar sobre o seu range e o que você pode representar com ele, tanto mãos de valor como blefes. Se você jogar heads-up à base de adivinhação, será difícil ser um vencedor, mas se a cada street, cada ação, você parar para analisar o range do seu adversário, quando menos esperar, estará vencendo de forma bastante natural. ♠


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A IMPORTÂNCIA DOS

NOS CASH GAMES Com Matt Moore, Tristan Wade e Andrew Lichtenberger

Diferentes pontos de vistas, uma mesma situação. A complexidade do poker impressa em algumas páginas. Nesta edição, dicas de como lidar com os famosos blockers, cartas que você segura e que, por isso, podem mudar consideravelmente a percepção do range do seu adversário.

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Matt Moore

Tristan Wade

Andrew Lichtneberger

Graças ao poker, Moore paga seu aluguel em dia desde 2010. Na última WSOP, no heads-up do Evento #30, ele jogou fora a liderança e a chance de conquistar um bracelete em um blefe malsucedido. Ele mantém o site www.AnotherKidAnotherDream.com.

Wade é um jogador profissional e treinador de poker. Ele é diretor de operações na DeepStacks. Conhecido como “Cre8ive” no online, ele já jogou o BSOP em duas oportunidades.

“LuckyChewy”é membro do Team Ivey. Ele faz vídeos e escreve para o site de treinamento leggopoker.com e já ganhou mais de US$ 4 milhões jogando poker.

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Craig Tapscott: O que você pode falar sobre blockers em cash games e como usar isso a seu favor?

Matt Moore: Hoje, é comum você ouvir jogadores vomitando a palavra “blockers” em volta de uma mesa de poker, seja na $1-$2 ou na $50-$100. Geralmente, escuto isso de um jogador, que acabou de perder todas as fichas, tentando justificar um hero call ou blefe que deu errado. “Mas eu tinha blockers”, é a famosa última frase de muitos que estão se levantando da mesa de no-limit hold’em (NLH) $10-$20 do Bellagio. Na verdade, a coisa mais importante sobre blockers é: não se preocupe com blockers. Sim, estou brincando, mas apenas parcialmente. Em quase qualquer jogo de NLH abaixo de $25-$50, os ranges não serão tão balanceados, então, levar em conta os blockers, não terá tanto efeito nos ajustes que você tem que fazer em relação à gama de mãos do seu adversário. Use a sua intuição. De uma forma simples, eu uso os blockers para manter uma linha. Por exemplo, dou raise do cuttoff e um jogador desconhecido do small blind paga. O bordo vem J♦ 7♦ 6♠. Eu aposto. Meu oponente dá raise. Nessa situação, J-10 e 10-10 parecem ter o mesmo valor, mas eu daria fold no 10-10 e continuaria com J-10. Por quê? Blockers. Por eu segurar um dos três últimos Valetes do baralho, existem mais combinações de draws na mão do small blind do que de J-X mais fortes do que o meu. Tristan Wade: Blockers são muito importantes quando jogamos cash games. Não apenas por saber quais cartas não estão em jogo, mas também por podermos representar ranges que incluem essas cartas. Blockers desempenham papéis significativos e diferentes em todas as formas de poker, como no pot-limit Omaha

(PLO) e no NLH. O que devemos compreender é que sua jogada vai depender do seu adversário. Suas estratégias mudarão caso seu oponente entenda ou não o conceito de blockers. Recentemente, joguei uma mão contra um oponente que entendia esse conceito. Nós havíamos jogado algumas vezes juntos, então eu sabia do que ele era capaz. A mesa era de NLH $5-$10. Eu tinha K♣Q♠, em um pote que abri raise e ele defendeu o big blind. O flop veio A♦ J♣ 7♣. Ele deu check-call no flop, e o turn trouxe um A♣. Novamente, ele deu check-call. O river foi um 5♦, e ele pediu mesa. Essa é uma situação em que eu, geralmente, vou dar o terceiro tiro, mas nem sempre, principalmente contra esse vilão. Depois que ele pagou turn, seu range é composto por mãos de valor (flushes, A-X, J-X), e ele também sabe como esse bordo afeta meu range. Essas são apenas duas explicações de por que dei check no river e desisti do pote. Andrew Lichtneberger: Usar seu conhecimento sobre blockers em cash games lhe ajuda a entender como as combinações do range de mãos do adversário muda, lhe mostrando se a sua equidade para levar o pote melhora ou piora, levando em conta a conectividade do range do oponente com o bordo. Um exemplo simples: se você tem uma carta de copas e há três cartas de copas no bordo, é menos provável que o seu adversário tenha um flush do que se você não tivesse um blocker. O quão isso é relevante depende da carta de copas que você segura. No geral, quanto mais alto o seu blocker, mais importante ele é, já que as pessoas tendem a jogar mais Ases, Reis, Damas e Valetes do que Dois, Três, Quatros e Cincos.

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Craig Tapscott: Como usar essa informação para blefar no river? Matt Moore: Quando você está jogando contra jogadores de alto nível, que pensam o jogo e têm um range balanceado, fica mais e mais difícil de termos a certeza de onde estamos na mão. Esse tipo de oponente planeja o seu range de maneira que, quando eles dão raise no flop, para cada dois pares e sequência que acertem, eles também tenham um draw para flush ou sequência. Isso faz com que fique difícil jogar contra eles, e nos coloca para pensar se nosso top pair é bom ou não. Vamos dizer que eu abro raise com A♣K♠ do meio da mesa e um desses bons jogadores me paga do button (BTN). O flop vem K♣ Q♦ 9♣. Faço uma continuation bet de dois terços do pote. O BTN dá raise, e a ação volta até mim. Apesar de top pair/top kicker ser uma mão forte com apenas três cartas viradas, em um flop K-Q-9, essa força é relativa. Quando pensamos sobre as mãos que nosso oponente representa, temo a seguinte situação: são três combinações de 9-9, quatro combos de J-10 suited e seis combos de K-Q. O que dá um total de 13 combinações por valor. Mas de acordo com o que disse antes, vamos pensar que ele dará raise com todos os draws para flush, além

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de A♣10x e A♣Jx. Vou dar a ele seis combos de flush draws que não contenham um Ás. Agora, já que as pessoas, contra um primeiro raise, costumam jogar qualquer A-X suited em posição, posso adicionar outros 12 combos de draws para sequência e flush, se eu não segurar o A♣. Nessa situação, isso triplica a frequência com que ele blefa e faz o fold ser uma jogada bem ruim. Mas como eu tenho o A♣ como blocker, posso dar fold tranquilamente, sabendo que o range do adversário está bem à frente do meu top pair. Aplicar a matemática de maneira correta pode ser difícil e irrealista durante uma mão. O importante, então, é entender quais blockers afetam mais o range do nosso oponente. Por exemplo, um Ás para blocker de um flush é três vezes mais significativo do que outro blocker qualquer para esse mesmo flush. Isso porque as pessoas tendem a jogar todos os seus Ases naipados, enquanto só jogam outras cartas do mesmo naipe se as mesmas estiverem levemente conectadas. Tristan Wade: Quando jogar cash games deep-stacked, você pode chegar ao river de diversas maneiras. Isso é perfeito para você inflar o pote e preparar um grande blefe — se você não for pago com tanta frequência. Na maioria das vezes é melhor você ter algum tipo de blocker, ou provavelmente estará jogando dinheiro fora. Não é preciso ter a carta que representa o nuts, contanto que tenha uma carta na sua mão ou no seu range que você possa representar. Um amigo jogou uma mão


que ilustra perfeitamente o que estou dizendo. Os stacks efetivos são de 100 big blinds. O BTN aumenta e meu amigo paga no big blind com 10♣7♣. O flop é muito bom: 9♣ 8♥ 2♣. Meu amigo sai apostando metade do pote, e é pago. O turn é um 8♠. Meu amigo pede mesa, o BTN aposta; meu amigo dá raise e então cria um pote grande, o que lhe possibilita empurrar all-in no river. O river é uma Q♠ e ele sai de all-in, que é um pouco mais do que o pote. O BTN dá fold. Esse blefe pode ter funcionado por muitas razões, mas a lição é que meu amigo, da maneira que ele jogou a mão, pôde representar um grande range de valor. Ele também tinha um Dez, então foi possível retirar alguns combos de J-10 da mão do vilão e jogar como se ele próprio possuísse essa mão. Quando você joga contra jogadores bons, tirar vantagem de informações extras, definitivamente, ajuda. Andrew Lichtneberger: Usar os blockers ajuda a blefar o river, mas o mais importante é saber se o range que você representa é mais forte do que o do seu adversário. Como eu disse antes, quando você tem uma carta de copas na mão e o bordo traz três cartas de copas, é menos provável que seu oponente tenha o flush. Assim, se você acredita que o range de call dele é tight o bastante para dar fold frente a seu blefe, então faz sentido blefar com um blocker. Porém, se sempre fizer isso, você se torna explorável; então o seu oponente vai procurar top pairs e bluff-catchers para lhe dar call, e sua estratégia de blefar apenas com blockers será inútil.

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DATE 4/24/2015

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TIME

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Main Event Continues 1A and 1B combine

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Sat

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$3500 High Roller

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$125 NLH

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Main Event Final Table, High Roller continues

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5/2/2015

5/3/2015 30

Poker Room opens at 1:00 PM and closes at 6 AM each day for cash games. • ✝ Free roll for CPC cruisers and their referrals. • ✝ ✝ Free roll for room deposit customers who registered by 12/31/14. • ✝ ✝ ✝ Free roll for all non hotel guests who play in at least one tournament prior to the main event. * $195 per day single occupancy, $140 per person per day double occupancy, 3rd person $120 per day. Children under 5 are free, children 6-12 $45 per day. Rooms have either one king or two double beds. Pricing includes; room, food, all beverages including alcohol. Tournaments and cash games every day, main event will be a $1650 NL hold em tournament with a $200,000 guarantee. This limitless all-inclusive St Maarten resort is a spectacular “destination within a destination,” offering endless activities for your enjoyment and relaxation. A large pool with cascading waterfalls, four tennis courts, a lively children’s program, an array of water sports, swim-up pool bar, five restaurants & bars, a casino and nightclub and much more. All tournaments to be governed by TDA rules. Card Player Poker Tour is not responsible for any tournament event details including, without limitation, structures, schedules, formats, general rules or prize pool distributions. Management reserves the right to change tournament dates or suspend or cancel tournaments, in whole or part, without notice for any reason at any time.


GUS HANSEN

Reveladas ♠♦♣♥


THE BOOK IS ON THE TABLE

Todas as Mãos Reveladas foi escrito por um dos profissionais mais intrigantes e fascinantes do mundo: Gus Hansen. Conhecido por seu estilo corajoso e agressivo, ele inovou o setor da literatura especializada em poker ao transcrever cada mão jogada por ele durante o Main Event do Aussie Millions 2007. Detentor de diversos títulos do circuito internacional, Gus superou 747 jogadores e faturou 1,2 milhão de dólares pela vitória no evento australiano. Agora, ele revela os segredos que o levaram à vitória. Os últimos capítulos ainda trazem tabelas e gráficos de estatísticas que ilustram desde o número de mãos premium que ele recebeu até a porcentagem de all-in vencidos.

Mão 46

Mão 48

Blinds

Minha posição

Minha mão

Meu Stack

Blinds

Minha posição

Minha mão

Meu Stack

500/1.000/100

BB

Q♦8 ♠

61.6K

500/1.000-100

Button

8♣6♣

76.600

9

10

9

K

A

Eu dou check. Ele aposta 7.000, e eu dou fold. Muitas pessoas inteligentes podem dizer que eu desperdicei 2.000 nesta mão.

5

10

K

2

5

A

Um jogador tight abre raise de 3.500 do hijack, e eu pago do button com 8♣6♣. Repare a diferença entre esta mão e a do o Q8o. Aqui, eu tenho posição, mas, mais importante, estou encarando um raise de posição final. O flop vem:

2

Um jogador tight abre raise de 3.000 da segunda posição. Eu pago do BB com Q8o. Quando eu vou aprender? Pagar raises com Q8o, do BB, quando um jogador tight abre o pote das posições iniciais, simplesmente, não vai render dinheiro. O flop vem:

Ele dá check, e eu aposto 4.600 em um pote de 9.300. Foi uma aposta pequena, menos da metade do pote, mas eu tinha um pressentimento de que seria o bastante para afugentá-lo se ele não tivesse se conectado com o flop. Por outro lado, se ele acertou e jogou para o “sujo check-raise”, eu economizaria algumas fichas, já que teria desistido da mão.

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39


O flop vem:

Q

8

3

3

8

Q

Ele pondera o call, mas acaba dando fold. É provável que ele tivesse duas cartas altas. Claro, sempre é bom acertar o flop, mas meu par de Seis era bastante irrelevante para as ações que aconteceram. Minha aposta dependeu exclusivamente do fato de ele ter dado check antes de mim, e eu ainda teria apostado se tivesse errado o flop completamente.

Jeff atira 5.300 no pote. O jogador que abriu raise paga e, embora eu possa ter que correr para alcançá-los, também pago. Afinal de contas, eu estou tendo mais do que 4-1.

Mão 52

Turn

Blinds

Minha posição

Minha mão

Meu Stack

600/1.200/200

Hijack

7♥8♥

81K

8

8 Estamos agora no mais importante nível “roube tanto quanto puder”. Com blinds de 600/1.200 e antes superaltos de 200, é de extrema importância que você fique alerta e comece a dar raise em algumas mãos. Há 3.400 no pote e um raise normal de três vezes o big blind (3 x 1.200) é de 3.600, o que significa uma razão perto de 1-1. Escapar com o roubo dos blinds e antes 50% das vezes é uma proposição que lhe deixa no zero a zero. Além disso, há o benefício adicional de verdadeiramente acertar uma mão e talvez ganhar um pote monstruoso. Sério, não há desculpas para jogar conservadoramente neste nível. Nossa mesa foi levada para a sala da TV. Um jovem jogador abre raise de 3.600 e eu pago de duas posições antes do button com 7♥8♥. Jeff Madsen decide pegar carona e paga mais 2.400 no BB.

TÍTULO: Gus Hansen – Todas as mãos reveladas (Gus Hansen – Every Hand Revealed) AUTOR: Gus Hansen NÚMERO DE PÁGINAS: 378 PREÇO: R$ 79,90 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com

Esta era o tipo de carta que eu estava procurando. Jeff dá check e o raiser inicial também dá check. Eu tenho que considerar como proceder com minha trinca de Oitos. Obviamente, tenho uma mão muito forte e meus oponentes, provavelmente, estão sem chances ou quase sem chances. Portanto, eu quero tentar extrair o máximo de dinheiro possível sem tirar todo mundo da mão. Por outro lado, eu não acho que fazer slowplay é a ideia correta, mesmo com a possibilidade de um flush draw à espreita. Eu aposto 13.200 – um pouco menos do que a metade do pote. Jeff rapidamente dá fold e agora é com o meu oponente remanescente. Ele pondera por um tempo e eventualmente descarta a sua mão. Eu venço o pote de 29K. Determinar o tamanho correto da aposta é sempre muito complicado, para não dizer “impossível”. Talvez, desta vez, eu pudesse ter apostado um pouco menos e, desse modo, ganhado um pote maior, mas naquele momento 13K pareceu-me apropriado.


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Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.


Eu sou todos que alguma vez duvidaram de mim Cada jovem tolo e babão Cada velho desprezível Eu estou aqui Sua semelhante Eu sou forte

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No Topo do Mundo Por Marcelo Souza Fotos e foto de capa: Charles Northrup - GrupoVFX”

“Um cara extremamente disciplinado e que não erra”. Foi com essa frase que Marcos Sketch, um dos maiores “olheiros” do poker brasileiro, definiu Yuri “theNERDguy” Martins em 2011, em entrevista concedida à Card Player Brasil. Pouco mais de três anos depois, Yuri alcançou o topo do mundo. No último mês de setembro, Yuri foi o responsável pelo maior feito da história do poker online brasileiro. Naquele que é considerado o torneio de poker online mais difícil do mundo, ele chegou ao heads-up e levou uma premiação de US$ 708.000 (cerca de R$ 1,8 milhão). O torneio? O Main Event de US$ 5.200 da principal série da internet, o World Championship of Online Poker (WCOOP). Os adversários? 2.141 dos melhores jogadores de poker do mundo, incluindo nomes como Akkari, Negreanu e “Isildur1”. Hoje, o curitibano ocupa o primeiro lugar no ranking mais conceituado de poker online do mundo, do site PocketFives, e se melhor ou pior são conceitos relativos no poker, no momento, ninguém tem jogado “o fino do poker” como ele.

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Marcelo Souza: Você apareceu para o Brasil no 4Bet Team, time que formou alguns dos grandes nomes do poker nacional. Como foi sua experiência por lá? Yuri Martins: Eu já jogava poker profissionalmente. Por falta de maturidade, eu não lidei bem com o dinheiro e acabei quebrando. Nessa época, pedi o “Tuba”, um amigo que era do 4Bet, para me indicar e acabou dando certo.

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A gratidão que tenho por aqueles caras é imensa. Minha evolução foi incrível. Logo no início, lucrei mais de 30 mil dólares, mas então veio a fase ruim e fiquei no zero a zero. Só que isso não podia acontecer. Eu tinha que pagar as minhas coisas e pensei seriamente em largar o poker. Cheguei nos donos do time (Sketch, Will Arruda e Caio Brites) e avisei que não dava mais, que o poker era incerto demais.

Bom, eles não me deixaram sair, me ofereceram um salário fixo por mês — eu teria que pagar de volta depois, mas teria segurança para jogar. Logo na primeira semana desse novo acordo, eu venci o $162 Multi-Entry do antigo Full Tilt, o que me rendeu 40 mil dólares. Aquele foi um período essencial para mim. Aprendi o significado de ser um grinder, um profissional.


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O poker ao vivo é muito mais fácil. O que o torna mais desafiador são as horas de jogo e a impossibilidade de jogar múltiplas mesas”

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MS: Para você, qual é verdadeira realidade em ser um jogador de poker? YM: As pessoas costumam ter uma visão errada. Eu sinto que elas acham que alcancei meus resultados facilmente. Mas quem está comigo, quem joga todos os dias ao meu lado, sabe como é difícil. Esse resultado no WCOOP foi algo surreal, mas só quem me acompanhou diariamente sabe como apanhei durante o mês. Veja bem, eu não estou reclamando, mas antes daquele Main Event, a série tinha sido desanimadora. Sinto que estou na minha melhor fase técnica e mental, mas quando você trabalha tanto por uma coisa, espera o resultado e ele não vem, é frustrante. O ser humano é assim, né? E o poker tem uma variância gigante. Tudo no seu tempo. Obviamente, a vida de profissional tem o seu lado bom, as viagens, fazer o que gosta, mas o esforço é homérico, e quando falamos de torneio, temos que lidar com a derrota diariamente, afinal, você só vai entrar no dinheiro cerca de 15% das vezes. É preciso reconhecer mais o trabalho do jogador de poker, não apenas as vitórias.

MS: Você também já ganhou notoriedade no poker ao vivo. Quais são as principais diferenças e sentimentos do ao vivo para o online? YM: O poker ao vivo é muito mais fácil. O que o torna mais desafiador são as horas de jogo e a impossibilidade de jogar múltiplas mesas. Jogar uma mesa só é muito entediante. Tecnicamente falando, é mais fácil, mas ficar ali por 12 horas, por dias seguidos, jogando apenas uma mesa, é para poucos. . Por isso, eu tiro chapéu para quem crava um grande torneio ao vivo, como um Main Event da WSOP. A maratona é absurdamente cansativa. Obviamente, ao vivo, uma bad beat também tende a ser mais doída, justamente pelas horas que você gastou apenas naquele torneio, naquela mesa. Lembro que a quando fui bolha do Main Event da WSOP 2013, eu saí meio desnorteado. MS: Há alguns meses, você pediu para que nós não mais publicássemos seus resultados em nosso site. Qual foi o motivo? YM: Eu pedi isso porque é uma exposição muito grande. Por exemplo, tem pessoas que você sabe que

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são milionários, mas, com algumas exceções, você nunca sabe quanto o cara ganha exatamente. É uma questão de segurança também. A gente sabe que tem muita gente ruim por aí.

MS: Isso não prejudica a sua imagem? YM: Depois de pensar muito, conversar com alguns amigos, eu percebi que isso não era o principal para mim. Como disse meu amigo e jogador Rodrigo “Seiji”, há duas maneiras de você ser patrocinado: ou você cuida muito bem da sua imagem ou você é um cara muito bom no jogo. E se for para eu ser patrocinado um dia, que seja pela segunda opção. Porque eu acho que o Brasil já está muito bem representado por caras que cuidam muito bem da imagem, como o Akkari, o Pessagno. Eles traba-

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lham isso muito bem. Eu não me importo tanto porque não quero ficar ali batendo de frente com caras que construíram tanta coisa trabalhando esse lado. Eu prefiro estudar, estudar e estudar cada dia mais, com o foco apenas em ser o melhor.

MS: Antes do WCOOP, você estava focado em cash games de Omaha. Como foi essa transição? Por que deixar de lado os torneios? YM: Eu comecei a jogar cash games de Omaha por alguns motivos. Primeiro porque gosto de estudar outras modalidades de poker. Para quem quer ser o melhor, é necessário aprender outras variantes. De alguma forma, você verá que tudo é complementar. O Omaha foi a terceira modalidade que comecei a estudar — e eu me encantei com o jogo. É


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realmente fascinante e não nos deixa limitado como os torneios online, até mesmo financeiramente falando. Para você ganhar muito dinheiro em torneios online, sem acertar um big hit, você tem que ter fases muito boas, o que faz com que a sorte influencie mais do que o normal. E isso não é legal. Percebi que no Omaha, se eu estudasse muito, eu não teria limites. Os jogadores que mais ganham dinheiro no mundo, jogam lá. Eu olhava aquilo e via que era o que eu queria para mim. Depois de anos jogando torneios, eu estava começando a me sentir limitado. Sem contar que, nos cash games, você pode ganhar mais e ter uma qualidade de vida melhor. Você pode começar e parar quando quiser. Em torneios, caso esteja jogando mal, não dá para simplesmente ficar sitting out e parar de jogar.

MS: Então o WCOOP foi a sua despedida dos torneios? YM: Era pra ser. Porém, junto com os resultados que eu tive no final de semana do WCOOP, eu fui para liderança no ranking do PocketFives. Isso me motivou a pelo terminar o ano no topo. Eu quero terminar o ano como o melhor do mundo. A verdade é que eu estava em um ritmo lento, em relação aos torneios, jogando uma ou duas vezes na semana. Mas agora, que estou em primeiro, estou com um novo ânimo. Então, até o final do ano, o pessoal vai poder me ver em ação nos torneios regulares. Mas depois disso, a dedicação será total aos cash games de Omaha.

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MS: E a caminhada até o vicecampeonato do WCOOP, como foi? YM: Foi engraçado porque no Dia 1, no domingo, eu não estava prestando tanta atenção como eu deveria (risos). Eu estava focado, como sempre jogo, mas era apenas mais uma mesa no meio de tantas. Manter o foco jogando muitas mesas, acredito que é uma grande qualidade minha. Então, mesmo tendo torneios muito importantes para jogar no dia, gosto de abrir várias mesas. A questão é que a reta final do The Big 162 é bastante difícil e requer bastante atenção. Então, o Main Event ficou meio de lado. Foi engraçado, porque quando venci o The Big 162 e voltei minha atenção para Main Event, eu vi que tinha 100 big blinds. Fui voltando as mãos e vi como cheguei naquele stack, sem showdown e jogando muito bem. Para o Dia 2, achei estranho, porque a galera estava criando uma expectativa sinistra, até meus pais. Tudo bem que era um torneio que pagava quase US$ 2 milhões para o campeão, mas ainda restavam quase 300 jogadores, quero dizer, o caminho ainda era longo. MS: Em qual momento você percebeu que dava para chegar? YM: Na verdade, foram dois. Um deles foi uma mão muito grande que eu ganhei um pote de quase 100 big blinds, no Dia 2. Eu tenho A-K e aplico uma 4-bet, o cara vai all-in com K♦Q♦ e eu dou call. O flop já traz uma Dama. Aí olhei para tela e pensei: “Sério mesmo? Joguei tão focado para acontecer isso...”, mas o turn traz um A♦, que deixa o cara flush draw. Minha cabeça foi a mil. Acabou que segurou e eu vi que era um sinal.


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O outro momento foi quando o Luciano, meu cavalo, passou na minha casa para dar boa sorte. Quando ele estava lá, aconteceram umas jogadas bizarras. Caras que, teoricamente, são muito bons fazendo umas jogadas ruins. Poxa, se aqueles caras estavam jogando daquele jeito, então minhas chances eram muito boas. Antes de ir embora, o Luciano ainda me falou: “Velho, hoje é o dia de você provar”. O resto é história.

MS: Fale um pouco sobre o acordo com seis jogadores na mesa final. YM: Os stacks estavam meio parecidos. Só o cara que cravou que estava bem maior e todos jogavam decentemente. O acordo por ICM sempre vai ser o mais justo, mas, sinceramente, não entendendo muito bem de acordos. Já fiz vários, mas não sou especialista, não sei o que falar na hora. Aí pedi ajuda para o Sketch e para o Will [do 4Bet]. Perguntei se podiam entrar no áudio comigo e me ajudar. Bom, eu nunca olho as premiações quando estou jogando, até para não me deixar influenciar, mas nessa hora tive que olhar. Quando vi, pensei: “Meu Deus. É Muito dinheiro, né?” (risos). Eles me ajudaram muito. Me falaram que por eu ser um dos shorts, não tinha muito o que dizer naquele momento: “Cara, não leve pro ego e não cause brigas porque isso só vai atrapalhar. Deixa os grandes ‘brigarem’ um pouco e depois nos posicionamos”, me disseram. Acabou que abri mão

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Esse é um torneio que não tem longo prazo. Você joga contra os melhores, em um field gigante. Se chegar àquela posição, provavelmente, será apenas uma vez na vida. Então vou deixar de garantir R$ 1,2 milhão a mais por causa de ego?” de US$ 7 mil do primeiro acordo proposto. Como o Sketch disse, não era muita coisa. Sete mil de 708 mil era menos de 1% (a premiação para o sexto era pouco mais de US$ 200 mil). Então por que entrar em uma guerra de ego se eu já teria garantido um dinheiro que mudaria a minha vida? Aí fechamos o acordo.

MS: Teve gente que criticou o acordo entre seis jogadores, até mesmo alguns nomes famosos do meio. O que você pensa sobre isso? YM: Bom, acredito que se fosse algum deles no meu lugar, eles também fariam. Esse é um torneio que não tem longo prazo. Você joga contra os melhores, em um field gigante. Se chegar àquela posição, provavelmente, será apenas uma vez na vida. Então vou deixar de garantir R$ 1,2 milhão a mais por causa de ego? Se esse dinheiro não faz diferença para alguém, para mim, faz — e muito (risos).


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O poker é uma profissão maravilhosa se você se dedicar horas e horas todos os dias. Se não fizer isso, você será mais uma dessas pessoas frustradas que têm aquele pensamento: “por que ele chegou ali e eu não?”

MS: Você tem algum desejo especial dentro do poker, como jogar um torneio como The Big One (buy-in de US$ 1 milhão)? YM: Sinceramente, não. Os caras que têm essa coisa na cabeça, de jogar torneios com buy-in de seis ou sete dígitos, são caras que têm o ego inflado. A minha ambição é muito mais jogar os chamados “Championships” da World Series, aqueles torneios de 10 mil dólares de Omaha, Stud etc. Modalidades que tenho estudado, mas ainda tenho que aprimorar mais.

MS: Então quais são os planos para o futuro? YM: Por estar em primeiro no ranking do PocketFives, vou jogar torneios até o final do ano. Depois, pretendo subir de limites no cash game. Atualmente, eu jogo de $2-$5 até $10-$20. Não jogo regularmente o $10-$20, mas a minha intenção é fazê-lo e subir até o $25-$50 e

$50-$100. Óbvio que isso vai demandar tempo. Lá estão os melhores do mundo e não é de uma hora pra outra que eu vou poder subir assim. Existem várias histórias de pessoas que tentaram subir de uma vez e quebraram. Vou com calma.

MS: Alguma mensagem final? YM: Queria deixar uma mensagem para a galera que leva ou quer levar o poker a sério, algo que eu sempre levei comigo como filosofia. O poker é uma profissão maravilhosa se você se dedicar horas e horas todos os dias. Se não fizer isso, você será mais uma dessas pessoas frustradas que têm aquele pensamento: “por que ele chegou ali e eu não?” As pessoas olham muito para os resultados dos outros e uma dica que eu deixo é: esqueça isso. “Ah, esse cara é bem pior do que eu e cravou o Sunday Million”, você pode pensar. Oras, que isso então sirva de incentivo. Se ele é pior que você e cravou um Sunday Million, imagine então o que você é capaz de fazer? Acho que devemos sempre ficar focados nos nossos objetivos. Se a pessoa quer realmente ser o melhor em algo, não deve olhar para os lados. As pessoas costumam vir me falar: “Nossa, você viu quem cravou tal torneio?” Cara, eu não estou preocupado com isso, eu estou preocupado com o que eu cravei. Mantenha sempre isso em mente e acredite em você mesmo.

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Deve-se salientar, entretanto, que o cérebro funciona como um todo integrado, e ao desenvolver determinada habilidade, consequentemente há um aprimoramento de diversas áreas e funções mentais/cerebrais. Ainda mais quando estamos tratando dos lobos pré-frontais (F.E.), área que possui ligações neuronais com todas as demais localizações cerebrais. Ou seja, ao desenvolver uma área específica, todo o seu cérebro e sua capacidade mental crescem juntos. O cérebro funciona através de generalizações: o que você aprende em uma situação ele usará em outros contextos semelhantes. O contrário também é válido: se você não costuma usar uma habilidade em determinado ambiente, dificilmente conseguirá demonstrar tal habilidade em outra situação. E aqui vai para alguns a má notícia: não adianta querer aperfeiçoar as F.E. como jogador de poker se você não faz o mesmo na sua rotina. Não funciona.



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Dicas Valiosas PARA

Pot-Limit

Omaha

Parte 2

por Felipe Mojave

O CHECK-RAISE

N

essa edição, vou dar algumas dicas para executar, com sucesso, o check-raise, no flop, em pot-limit Omaha. Em geral, sabemos que essa jogada pode ser realizada por diversos motivos, mas basicamente por valor ou blefe, claro. Parece meio óbvio, mas não é. Muitos jogadores aplicam o check-raise em PLO, mas, mesmo depois de analisar a mão, não dá para saber se objetivo era ganhar fichas ou fazer com que oponente desistisse. Lembre-se que o check-raise, se bem executado, é uma jogada bastante lucrativa. Para entender o que eu quero dizer, vamos analisar alguns cenários:

CENÁRIO 1 Você possui A♦J♠10♦9♣ e deu o call no small blind em um raise de três big blinds feito por um jogador que varia bastante o jogo. Aqui você está fora de posição, mas dar o call no SB é ok, principalmente com uma mão boa o bastante para ver o flop, mas não tão boa para uma 3-bet — já que isso alavancaria o tamanho do pote, o que não pode ser bom frente a certos tipos de oponentes e determinados tamanhos de stacks. Vamos supor que ambos os jogadores têm 100 big blinds e o flop vem 10♥ 9♦ 5♥. Você pediu mesa com top-two pair (os dois maiores pares) e seu oponente apostou cinco bbs.

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É comum ver os jogadores aplicarem o check-raise nessa situação e, em geral, é um grande erro. Percebam que o bordo contém draws para flush e sequências, e que nós não possuímos nenhum desses. Você tem uma mão de valor e a jogada faria seu oponente dar fold em uma mão mais fraca. Outro ponto: se o seu oponente decidir continuar na mão, existem muitas cartas no turn que vão atrapalhar a sua vida — quaisquer cartas de copas, K, Q, J, 8, 7 e 6. Ou seja, quase metade do baralho. Isso pode fazer com que você desista com a melhor mão ou pague uma aposta no turn para tentar acertar o seu full, o que não é uma jogada lucrativa.

Muitos jogadores aplicam o check-raise em PLO, mas, mesmo depois de analisar a mão, não dá para saber se objetivo era ganhar fichas ou fazer com que oponente desistisse.”

CENÁRIO 3

CENÁRIO 2 Vamos inverter a situação e imaginar que agora você tem um draw com A♥J♠7♥2♣, no mesmo bordo do Cenário 1. Nesse caso, se o seu oponente estiver blefando, ótimo, já que você ainda não tem uma mão formada. Aqui, forçar o fold é uma jogada excelente, já que, matematicamente, você não seria favorito contra várias mãos de valor. E mesmo que o oponente dê call, sua jogada tem bastante equidade, pois você acertará o seu flush ou a sua sequência em aproximadamente 40% das vezes. No caso do adversário responder o check-raise com outro raise, aí você tem diversos pontos para observar e a decisão pode variar entre call, fold ou raise.

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Agora vamos analisar a mão somente por valor. Você tem 6♦7♦8♥8♣ e dá call no big blind. O flop vem A♥ 8♦ 4♦. Nesse caso, temos middle-set (segunda maior trinca), flush draw e um gutshot (broca) para o nut-straight (sequência máxima). Aqui, o check-raise é totalmente por valor, mas também serve para inibir que seu oponente



jogue draws ruins que, ainda assim, têm boa equidade para ganhar a mão. Por exemplo, K♥Q♦J♦8♠, em que o seu oponente tem um par, flush draw em Dama e algumas possibilidades de redraw para straight e até mesmo para o full.

CENÁRIO 4 De qualquer forma, se você encontrar bastante resistência nesse tipo de mão, considere que seu oponente pode ter uma trinca maior e jogue com mais cautela. Aqui vamos considerar apenas o check-raise como blefe. Algumas texturas de bordos serão propícias para a continuation-bet (c-bet), ou seja, o seu oponente vai apostar no flop pelo fato de ter posição. Exemplos: três cartas do mesmo naipe, cartas dobradas, três cartas que completam um straight etc. Nesses casos, o check-raise como blefe, quando você não conectar com o flop, vai funcionar muito bem contra os oponentes mais agressivos. Outra dica importante: aplicar essa jogada quando segurar blockers, cartas-chave que inibem o seu oponente a continuar

na mão, pois dificilmente ele terá o nuts. Por exemplo, você tem J-J-T-8 e o flop vem 8-9T. Aqui, para seu oponente ter uma mão forte, no geral, ele precisa ter um J, mas como você possui dois, as chances de ele ter algum dos outros dois Valetes são reduzidas. Outro exemplo de blocker seria você segurar o A♥ em um bordo com três cartas de copas. Você não tem o flush, pois não tem outra carta de copas na mão, mas sabe que o seu oponente também nunca terá o nut-flush, pois o A♥ está com você. Em casos assim é bem comum que o check-raise funcione. Espero que vocês tenham curtido este artigo e boa sorte nas mesas.

Felipe Mojave @FelipeMojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games, profissional do Lock Poker e membro do My Poker Squad.

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