Card Player Brasil Digital - 23

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POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

ENTENDA O Stack to pot ratio DICAS VALIOSAS PARA JOGAR POKER CHINÊS

RELEMBRE A VITÓRIA DE DAN COLMAN

EM TORNEIO DE US$ 1 MILHÃO










SUMÁRIO 14. FÁBIO EIJI

STACK TO POT RATIO Não entendeu o título? Fábio Eiji explica. O conceito de SPR, desconhecido por muitos, mas de importância ímpar para qualquer jogador ser lucrativo.

ESPECIAIS 28. DANIEL COLMAN VENCE TORNEIO DE 1 MILHÃO DE DÓLARES

A vitória emblemática de Dan Colman no segundo maior torneio da história do poker ao vivo.

20. FINAL TABLE

COM JUSTIN BONOMO A primeira parte da análise de um dos principais jogadores do mundo em um torneio que rendeu quase dois milhões de dólares ao campeão.

38. FELIPE MOJAVE

OPEN-FACE CHINESE POKER PINEAPPLE Mojave fala sobre a variante do Poker Chinês que virou febre ao redor do mundo.

44. THE BOOK IS ON THE TABLE

COMO VENCER TORNEIOS DE POKER Vol. I, de “apestyles”, “Rizen” e “PearlJammer”.

50. JOGOS MENTAIS

COM TOM MARCHESE, DUSTY SCHMIDT E JOHN WALTS Três especialistas comentam sobre um dos fatores que pode ser a tênue linha entre o fracasso e a glória: o ego.

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STACK TO

POT RATIO por Fábio Eiji

S

tack to Pot Ratio (SPR) é um conceito que muitos jogadores de torneios não conhecem ou estão desacostumados a trabalhar e diz respeito ao tamanho do pote em relação ao stack efetivo. Enquanto pré-flop utilizamos a quantidade de big blinds como referência, pós-flop, utilizamos o SPR para saber o quão deep estaremos para o restante da mão, o que influencia diretamente nas nossas decisões. Em geral, jogadores de cash game já estão bem acostumados com esse conceito e trabalham a construção do pote todo o tempo, enquanto muitos jogadores de torneios não costumam trabalhar isso tão bem — o que é considerado uma falha grave. Para encontrar o SPR, o cálculo é simples, basta dividir o stack efetivo pelo tamanho do pote. Por exemplo, o pote tem 1.000 fichas. Nós temos 3.000 fichas para trás, e o nosso oponente, 2.000. Nesse caso, o SPR é 2; ou seja, temos dois potes para trás em stack efetivo. Mas o que esse conceito interfere no jogo de poker? Basicamente, quanto menor o SPR, mais agressivamente devemos jogar os draws, e mais valor temos com mãos fracas, como pares do meio ou top pairs.

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EXEMPLO 1: Blinds: 500-1.000 com ante de 100 Herói (10♣J♣): 15.000 fichas Vilão: 25.000 fichas Pote: 10.000 fichas SPR: 1,5 Flop: 8♣9♦5♠ Vilão aposta 5.000. Herói? ANÁLISE Certamente, a melhor opção é ir all-in. Quando vamos all-in de 15.000 contra uma aposta de 5.000, ainda temos fold equity, ou seja, nosso adversário ainda tem a oportunidade de largar mãos que não acertaram o bordo. Além disso, quando somos pagos, temos uma boa chance contra quase todas as mãos, pois temos nossas duas pontas para straight e duas overcards. Por outro lado, o call parece ser a pior opção, pois no turn teremos um pote de 20.000 e um stack de 10.000 para trás. Isso significa que não teremos mais espaço pra nenhuma jogada e seremos obrigados a dar fold contra uma aposta qualquer.


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EXEMPLO 2: Blinds: 500-1.000 com ante de 100 Herói (10♣J♣): 40.000 fichas Vilão: 65.000 fichas Pote: 10.000 fichas SPR: 4 Flop: 8♣9♦5♠ Vilão aposta 5.000. Herói?

piores que trincas, representa um erro grave. Por isso, a melhor opção, sem dúvida, é jogar essa mão blefando, fazendo um aumento no flop e seguindo apostando nas próximas streets, o que colocaria nosso oponente em uma situação bastante desagradável e o obrigaria a desistir com algumas das melhores mãos de seu range. CONCLUSÃO

ANÁLISE Neste caso, o raise não deve ser nossa primeira opção, já que não queremos induzir nosso oponente a ir all-in, o que nos obrigaria a dar fold em nosso draw. Além de boas implied odds, ainda temos posição e espaço para desenvolver o jogo pós-flop. Podemos dar o float, por exemplo, o que não é o caso do exemplo anterior.

Quanto menor o SPR, mais agressivamente devemos jogar nossos draws e mais light podemos “atolar” sem estar cometendo um erro. Porém, quanto maior o SPR, se não temos o nuts, mais errado se torna jogar por stacks.

EXEMPLO 3: Blind: 500-1.000 com ante de 100 Herói (10♣J♣): 120.000 fichas Vilão: 150.000 fichas Pote: 10.000 fichas SPR: 12 Flop: 8♣9♦5♠. Vilão aposta 5.000. Herói? ANÁLISE Aqui temos possibilidade de usar todo o nosso arsenal. A jogada padrão seria dar call, mas vamos pensar juntos: com todo esse stack pra trás, quais tipos de mãos esperamos que um oponente reaja a um aumento e a apostas nas streets posteriores? Percebem o quão desconfortável ficaria o Vilão com uma mão como QQ+ nesse flop? Diferente do Exemplo 2, reagir a um raise aqui, com mãos

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Fábio Eiji @fabioeiji binhoeiji@yahoo.com.br

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.


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DATE 4/24/2015

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8 9

DAY

TIME

Guarantee Main Event Prize Pool

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4/27/2015

4/28/2015

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5/1/2015

Sat

2:00

Main Event Continues 1A and 1B combine

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5/2/2015

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5/3/2015 30

Poker Room opens at 1:00 PM and closes at 6 AM each day for cash games. • ✝ Free roll for CPC cruisers and their referrals. • ✝ ✝ Free roll for room deposit customers who registered by 12/31/14. • ✝ ✝ ✝ Free roll for all non hotel guests who play in at least one tournament prior to the main event. * $195 per day single occupancy, $140 per person per day double occupancy, 3rd person $120 per day. Children under 5 are free, children 6-12 $45 per day. Rooms have either one king or two double beds. Pricing includes; room, food, all beverages including alcohol. Tournaments and cash games every day, main event will be a $1650 NL hold em tournament with a $200,000 guarantee. This limitless all-inclusive St Maarten resort is a spectacular “destination within a destination,” offering endless activities for your enjoyment and relaxation. A large pool with cascading waterfalls, four tennis courts, a lively children’s program, an array of water sports, swim-up pool bar, five restaurants & bars, a casino and nightclub and much more. All tournaments to be governed by TDA rules. Card Player Poker Tour is not responsible for any tournament event details including, without limitation, structures, schedules, formats, general rules or prize pool distributions. Management reserves the right to change tournament dates or suspend or cancel tournaments, in whole or part, without notice for any reason at any time.


TABLE Por Craig Tapscott

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

Grandes campeões analisam mãos chaves que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo.

JUSTIN BONOMO E ALGUMAS ESTRATÉGIAS DINÂMICAS DO POKER: TEXTURA DO BORDO, SAIR APOSTANDO NO RIVER E BALANCEAR O RANGE — PARTE I Justin Bonomo vem jogando profissionalmente há mais de dez anos. Em 2012, ele venceu o EPT Grand Final Monte Carlo No-Limit Hold’em Super High Roller 8-Max e embolsou US$ 2.167.000. Ele é um dos jogadores mais temidos do circuito ao vivo, seja em torneios (MTTs) ou em high-stakes cash game. Seus ganhos combinados (live e online), apenas em MTTs, já ultrapassaram a barreira dos 7,5 milhões de dólares.

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Evento

2013 Seminole Hard Rock Poker Open

Jogadores

2.384

Buy-in

US$ 5.300

Primeiro Prêmio

US$ 1.745.245

Colocação


Mão #1 9

K

9

Blair Hinkle 24.000,000 4

2

8

2

4

6

8

6

J

K

K

Justin Bonomo 18.000,000

8

8

J

K

Mão #1 - Blinds: 75,000-150,000 • Antes: 25,000 Número de jogadores na mesa: 6

Conceitos-chave: Tamanho de aposta, textura do bordo, sair apostando no river e balanceamento de range. Craig Tapscott: Por que você escolheu as mãos em questão para a nossa análise?

assim como a maioria dos profissionais de torneios. As apostas dele são pequenas, então não preciso ficar preocupado em quebrar. Essa é uma boa notícia para mim, já que ele não deve me pressionar demais, mesmo sendo o chip leader e tendo posição.

Justin Bonomo: Bem, elas ilustram falhas muito comuns no jogo de vários profissionais. Em ambas, dei check-call no turn, mas a carta do river mudou completamente a textura do bordo. Nessas situações é importante ter um range com o qual você sai apostando no river. Nesta primeira mão, a dinâmica está no tamanho dos stacks. Blair e eu temos dois grandes stacks, mas ele teve sorte ao ficar na minha esquerda.

Com J♥9♥, Bonomo aumenta do UTG para 300.000.

CT: O que você sabe sobre o jogo do Blair? JB: No geral, ele é um grande jogador,

Do meio da mesa, Blair reaumenta para 750.000.

CT: Em que você está pensando quando abre um raise do UTG com esse tipo de mão? JB: Não é sempre que você deve fazer isso com J-9 suited dessa posição. No entanto, aqui nós temos 100 big blinds e quatro pessoas esperando alguém quebrar. Dito isso, esse é um raise obrigatório.

CT: E então? JB: A 3-bet de Blair não é uma surpresa, apesar de eu achar que o tamanho da aposta dele é um erro. Nós temos cerca de 120 bbs, então uma 3-bet apropriada seria de três vezes o meu raise ou maior. Do jeito que ele jogou, vou continuar na mão com 100% do meu range. Ele está me dando odds de 3-para-1. Blair é um grande jogador e que gosta de aplicar 3-bets e jogar em posição, então há muitos blefes em seu range. Obviamente, ele pode estar segurando um monstro, mas ele faz esse tipo de jogada com tanta frequência que estou disposto a aproveitar minhas odds e jogar pós-flop. Para que você possa “recusar” odds de 3-para-1, seu range de call tem que estar constantemente atrás do range de 3-bet do seu adversário, e não há mãos no meu range de abertura do UTG que se encaixem nessa descrição contra um oponente como Blair.

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JB: Um flush draw. Ótimo!

fortes/nuts/polarizadas do que eu tenho. Então, raramente, serei o agressor nesse tipo de situação.

Bonomo pede mesa.

Turn: 2♠ (pote: 2.925.000)

JB: A maioria dos jogadores pediria mesa aqui, mas é importante entender por quê. Em situações como essa, o adversário que aplicou a 3-bet tem um range mais forte e também mais polarizado, então ele irá apostar com uma frequência alta. No geral, se alguém está propenso a apostar, você deve pedir mesa com todo o seu range e deixar que ele coloque fichas no pote.

Bonomo pede mesa. Blair atira 1.500.000.

Flop: K♣6♥4♥ (pote: 1.875.000)

Blair aposta 525.000. Bonomo paga. CT: O que você pensa sobre o tamanho dessa aposta? JB: Esse é um bordo seco e Blair não pode puxar o pote com uma c-bet (continuation bet) pequena. Minha opinião é de que esta c-bet deveria ser um pouco maior, mas isso não é nada de mais. CT: Você pensou em aumentar? JB: Acredito que é melhor apenas pagar com a maior parte do meu range. Mãos como K-J são fracas para dar raise por valor, então não tenho mãos de valor o bastante para balancear com o meu amplo range de blefe. Blair ainda tem mais mãos

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CT: Blair apostou metade do pote. Isso é bom ou ruim, levando em consideração seu range? JB: Esse é um erro grosseiro que muitos jogadores de torneios cometem. Há muitas mãos com as quais dou call aqui, mas que eu daria fold frente a uma aposta maior: flush draws, pares com combinações de gutshot e mesmo apenas um par fraco, como 7-7 ou A-6 suited. Mas você pode argumentar que se Blair tem um Rei ou algo melhor, ele quer ação. No entanto, é preciso pensar que já há muitas fichas no pote. Se eu puder dar call nessa aposta pequena, tendo odds de 3-para1, com seis ou mais outs, a mão poderá não ter um desfecho interessante para Blair. Seria melhor apostar forte e fazer esses tipos de draws pagarem caro para ver a próxima carta. Claro que ele tem muitas mãos em seu range que não querem ação e apostar forte pode ser a diferença entre ganhar e perder o pote. De qualquer maneira, no “mundo dos torneios”, uma aposta de metade do pote tornou-se largamente aceita como uma aposta forte, e todos os adversários dão fold sem questionar. A verdade é que estamos com 120 bbs e

apostar metade do pote não irá maximizar o valor que Blair deveria ter com o seu range. CT: E contra a sua mão específica? JB: Minha mão é bem marginal, então, eu certamente não daria call em uma aposta grande. Eu tenho odds de 3-para-1, e as chances de acertar o flush são de 4-para-1. Eu paguei porque, se ele estiver blefando, um Nove ou Valete podem ser boas cartas para mim também. É até mesmo possível que ele tenha algo com 8-7 suited e minha mão possa ganhar (improvável) um showdown no river. E, claro, se eu acertar o flush, posso extrair algum valor dele. River: 8♥ (pote : 5.925.000) CT: Você já tinha um plano para o caso de acertar o flush? JB: Sim. No turn, eu já estava imaginando sobre o que ele pensaria se eu saísse apostando. Uma aposta por valor só será bem-sucedida se o seu oponente acreditar que você tem a pior mão. Em situações como essas, vários jogadores cometem o erro de pensar, “ele apostou no turn e é o agressor, então vou pedir mesa e deixar que ele termine o serviço”. Na verdade, a carta no river é scary (ruim, que pode acertar a mão dos envolvidos). Óbvio que Blair pode ter um flush ou tentar representar um, sem ter absolutamente nada, mas ele também pedirá mesa com algumas mãos de valor, como Reis marginais, que ele certamente apostaria se o Oito não fosse de copas.


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CT: Esta é uma grande situação para demonstrar a “polarização de ranges”. JB: Sim. Você sempre estará em vantagem em qualquer situação que você conseguir polarizar o seu range e colocar o seu adversário para tomar uma decisão difícil por muitas fichas. Aqui não é diferente: eu sempre vou sair apostando com todos os meus flushes e também transformar as minhas piores mãos em blefe (6-5 e 8-7, por exemplo). Algumas pessoas não gostam de transformar mãos com valor de showdown em blefes, mas é importante saber qual é o bottom do meu range, ou seja, as piores mãos que eu posso ter. Essas serão as mãos que blefarei. Devo sempre ter blefes no meu range, caso contrário, nunca serei pago. Bonomo aposta 4.700.000 CT: É um valor muito estranho para uma aposta por valor, certo? JB: Muitas pessoas podem considerar isso uma aposta grande. Não eu. Eu aposto 80% do pote e não há razão para eu apostar menos, já que meu range está tão polarizado. Na verdade, a mão que seguro é uma das piores que eu posso ter no meu range de valor. Aqui a maioria das minhas apostas por valor será com o nuts. Afinal, eu tenho qualquer combinação de A♥X♥ no meu range, exceto A♥K♥, já que com essa mão eu teria dado raise em algum momento, embora não seja necessário. CT: Não há a possibilidade de Blair ter um flush maior e aplicar um reraise?

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JB: Bem, é muito difícil para Blair dar raise contra o range que estou representando, então eu posso apostar forte com relativa segurança. Acho que uma aposta maior do que 4.700.000 também seria bom, mas eu reservo isso para as minhas mãos que tenham um A♥, estando nuts ou blefando. Blair pensa por bastante tempo, mas abandona a mão. Bonomo leva o pote de 5.925.000. JB: Acho que as causas principais para ele ter dado fold são: 1) Estávamos no começo da disputa da mesa final. 2) Eu ainda não havia mostrado o quão propenso eu estava a blefar. A verdade é que você pode dar fold tranquilamente contra maioria dos jogadores nessa situação, contudo, gosto de pensar que eu blefo o bastante para não ser enquadrado nessa categoria. CT: Alguns minutos depois, você descobriu o que Blair tinha, certo? JB: Sim. Havia uma transmissão com 30 minutos de atraso para quem quisesse assistir. Ele tinha K♦8♦. Mesmo que todos os jogadores tenham ficado sabendo o que eu tinha na mão, eles também viram alguns blefes meus em situações parecidas com essa. Todas essas mãos foram determinantes para o desenrolar da Parte II desta coluna.


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DANIEL COLMAN VENCE TORNEIO DE 1 MILHÃO DE DÓLARES Por Erik Fast

No início de abril, Daniel Colman tinha pouco mais de 350 mil dólares de prêmios em torneios ao vivo. Agora, apenas alguns meses depois, o norte-americano de 23 anos é o sexto jogador de torneios que mais ganhou dinheiro na história, são US$ 18.785.680 no total, a maior parte disso veio de sua vitória na segunda edição do “Big One For One Drop”, torneio da World Series of Poker com buy-in de US$ 1.000.000. O jovem profissional, especialista em heads-up sit-n-gos turbo, levou a melhor sobre um

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

field de 42 jogadores e embolsou US$ 15.306.668. A vitória histórica veio dois meses depois de vencer o Super High Roller de €100.000 do European Poker Tour Grand Final, em que levou US$ 2,1 milhão. Depois da sua vitória no Big One, ele ainda ficou em 3º lugar no Super High Roller de $100.000, para outros US$ 800.000, do cassino Aria. Para coroar o ano único, Colman chegou à semifinal do evento de $10.000 da WSOP e levou mais US$ 111.942. Pelo andar da carruagem, 2014 pode estar apenas começando para Daniel Colman.

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QUE OS JOGOS COMECEM O Big One For One Drop 2014 teve início similar ao de 2012 em muitos aspectos, como o buy-in de US$ 1 milhão e os US$ 111.111 retirados de cada buy-in, destinados à Fundação One Drop, uma ONG fundada em 2007 por Guy Laliberté, fundador do Cirque du Soleil, e que tem por objetivo dar acesso às populações de diversos países na América Latina, África e Ásia à água potável. No total, 42 jogadores pagaram o buy-in, o que gerou um prize pool de US$ 37.333.338 e mais US$ 4.666.662 para a caridade. Os blinds começaram em 3.000-6.000 e cada jogador recebeu um stack com 3.000.000 de fichas. O terceiro colocado de 2012 e gerente de fundos de cobertura, David Einhorn, foi o primeiro eliminado, depois de ver sua trinca ser batida pela sequência de Sam Trickett, coincidentemente, o mesmo jogador que eliminou Einhorn na primeira edição do evento. Trickett, por sinal, estava impossível e eliminou também a primeira mulher a participar do Big One, Vanessa Selbst, em que seus Reis levaram a melhor contra o A-K da norte-americana. O britânico terminou o Dia 1, liderando os 31 sobreviventes, com 13,4 milhões de fichas.

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DIA 2 – A HORA DA BOLHA?

O segundo dia de torneio não foi bom para Trickett. Ele acabou sendo eliminado na 15ª posição com par de Ases contra Daniel Negreanu, que acertou uma trinca de Noves. A queda de Trickett contrastava com a ascensão do atual campeão. Dois anos depois de ganhar a maior premiação da história do poker, Esfandiari parecia querer repetir o feito. Ele tomou a liderança ainda cedo, mas acabou caindo na bolha da mesa final, depois de, com A♦5♥, perder um duelo de blinds para o A♠J♣ de Tobias Reinkemeier. Apesar do feito de alcançar a mesa final, um dos nove jogadores sairia do Big One de bolsos vazios, já que apenas oito jogadores seriam premiados. O estouro da bolha deveria marcar o fim do Dia 2, mas o jogo se estendeu madrugada afora, e por volta das 4:20, a organização decidiu paralisar o torneio.

DIA FINAL – A ASCENSÃO DE COLMAN

O torneio foi reiniciado com o produtor de filmes e entusiasta do poker Rick Salomon na liderança. Filho de um ex-executivo da Warner Bros, Salomon ficou mundialmente conhecido depois do vazamento de um vídeo íntimo dele com sua então companheira Paris Hilton. Ele também teve relações com as celebridas Shannen Doherty e Pamela Anderson, de quem se divorciou (pela segunda vez) dois dias depois do término do evento. Junto dele, outros grandes nomes do poker mundial: Scott Seiver, Tobias Reinkemeier, Christoph Vogelsang e Daniel Colman. Completavam a mesa os empresários, apaixonados por poker,

Tom Hall, Cary Katz e Paul Newey. Katz, Seiver, Hall, Vogelsang e Newey eram os mais fortes candidatos à primeira eliminação do dia. Cada um tinha menos do que 15 big blinds. E o dolorido título de bolha caiu no colo de Tom Hall, que viu seu par Dez ser derrotado pelo A♠Q♦ de Daniel Negreanu. Uma vez no dinheiro, as eliminações pipocaram. Com menos de três horas e meio de jogo, oito jogadores se tornaram dois. Daniel Colman chegou ao headsup com uma ligeira vantagem contra “a cara do poker mundial”, seu xará Daniel Negreanu. Apesar de Negreanu ter tomado as rédeas do duelo no início, Colman teve competência (e um pouco de sorte) suficiente para retomar a liderança. Depois de quase 50 mãos, e com Colman tendo uma vantagem de quase 5-para-1, veio a decisão. Com os blinds em 800.0001.600.000 e ante de 200.000, Negreanu entrou de limp do button. Colman aumentou para 4.000.000, e Negreanu empurrou all-in de 21.000.000. Colman pagou e mostrou K♦Q♥. Negreanu estava à frente, com A♦4♣, e ficou em situação ainda melhor quando o flop veio A♥J♠4♠. A alegria do canadense durou apenas alguns segundos, já que o turn foi um 10♠, que deu a Colman uma sequência. O river, um 7♠, não mudou nada e assegurou a Daniel Colman o pote e o título. Pela segunda posição, Negreanu embolsou US$ 8.288.001 e se tornou o jogador que mais ganhou dinheiro em torneios na história do poker, deixando para trás Antonio Esfandiari.

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CAMPEÃO, SIM; EMBAIXADOR, NUNCA

Depois de vencer um dos maiores nomes da história do poker e levar mais de US$ 15 milhões, o semblante de Colman demonstrava muitos sentimentos, mas não alegria. Ele parecia decepcionado com ele mesmo. Para surpresa de todos, Colman também não quis dar entrevistas e apenas falou rapidamente com a ESPN sobre caridade, nada sobre poker. Sua hesitação em tirar fotos promocionais também era evidente. Em um primeiro momento, recusou-se. Depois, encorajado por seu mentor, Olivier Busquet, ele posou. Seu comportamento gerou críticas pesadas da mídia e dos fãs, mas amigos e outros profissionais o defenderam. “Ele joga poker. Esse é o seu trabalho e ele está aqui para trabalhar. Se ele não quer dar entrevistas, eu o respeito completamente”, disse Negreanu. Alguns dias depois, Colman publicou uma nota no 2+2, maior fórum de poker do mundo, se defendendo: “Primeiro, eu não devo nada ao poker. Eu tive a felicidade de me beneficiar desse jogo, mas joguei tempo o bastante para ver o lado feio desse mundo. Esse não é um jogo em que os profissionais são sempre felizes e realizados. Ter um trabalho em que você está à mercê da variância pode ser muito estressante e lhe levar a muitos hábitos não saudáveis. Nem em um milhão de anos eu recomendaria a alguém tentar ser um profissional, [...] eu não concordo com a publicidade do jogo, assim como não concordo com a do cigarro e do álcool. Fico incomodado que as pessoas se preocupem tanto com o bem-estar do poker, sendo algo que tem um forte efeito negativo sobre as pessoas que jogam — tanto financeiramente quanto

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emocionalmente. Sim, eu sei que estou entrando em conflito. Ganhei muito dinheiro nesse jogo que explora as fraquezas das pessoas. Eu adoro o poker, amo a estratégia por trás dele, mas o vejo como um jogo sombrio”. Apesar de não ter alcançado grandes resultados ao vivo até 2014, Colman lucrou milhões jogando heads-up com o nick “mrGR33N13”. A virada em sua carreira, como disse em entrevista ao HUsng.com em 2012, veio em 2007. Ele estava assistindo uma das lendas da modalidade, Olivier “livb112” Busquet, jogando e ficava escrevendo no chat as mãos que Busquet supostamente segurava. Mais respeitado jogador da modalidade na época, Busquet ficou impressionado com a frequência com que o falastrão do chat acertava suas mãos. Eventualmente, ele conseguiu contatar Colman e se tornou uma espécie de mentor do então aspirante a profissional, treinando e bancando-o. A relação, combinada com o talento natural de Colman, levou o jovem americano ao sucesso. Em 2013, Colman tornou-se o primeiro jogador de hyper-turbos online da história a embolsar mais de US$ 1 milhão (sem contar rakeback) em um ano. Na verdade, ele conseguiu o feito em apenas nove meses. Agora, o fenômeno de 23 anos escreveu novamente seu nome na história do poker, mesmo a contragosto. ♠


Resultado Final do Big One For One Drop (USD): 1-Daniel Colman (EUA) $15.306.668 2-Daniel Negreanu (Canadรก) $8.288.001 3-Christoph Vogelsang (Alemanha) $4.480.001 4-Rick Salomon (EUA) $2.800.000 5-Tobias Reinkemeier (EUA) $2.053.334 6-Scott Seiver (EUA) $1.680.000 7-Paul Newey (Reino Unido) $1.418.667 8-Cary Katz (EUA) $1.306.607 cardplayerbr

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OPEN-FACE CHINESE POKER

PINEAPPLE por Felipe Mojave


N

o artigo desta edição, um tema diferente. Hoje, vou abordar as estratégias de um jogo que já era febre em sua forma original, mas agora, na versão Pineapple, explodiu de vez, o Open-Face Chinese Poker Pineapple (OFCP). Eu fui o precursor dessa modalidade por aqui. Lembro da primeira vez que jogamos no Brasil, depois de uma mesa final no Circuito Paulista de Hold’em (CPH). Sentei com alguns amigos para explicar o jogo e brincamos por várias horas. Lembro inclusive de ter ensinado o pessoal a jogar, além do Chinese Poker tradicional, um modelo com 2-7 no meio, ou seja, uma modalidade na qual é preciso formar duas mãos high e uma low. O jogo tinha até que se difundido bem, mas depois de um tempo foi morrendo, pois

não havia muitos adeptos. O tempo passou e a modalidade Open-Face Chinese (OFC) foi criada, e a febre do Poker Chinês voltou de vez. No ano passado, em Las Vegas, aprendi então, com alguns amigos, a modalidade Pineapple. O jogo ainda não era mania e também não havia tomado forma, mas já havia muitos jogadores ligados a esse formato. E foi após o término da WSOP 2013 que o OFC Pineapple pegou de vez, quase que excluindo o OFC tradicional das rodas de amigos. Bem, este artigo é direcionado para quem já joga o Chinese Poker tradicional e o Open-Face, e que agora vai aprender mais sobre o Pineapple e suas estratégias. Primeiro, vamos falar um pouco das principais diferenças nas regras e estratégias do OFC para o OFCP.

No OFCP, em vez de receber uma carta de cada vez e posicioná-la, você recebe três cartas por rodada. De acordo com a sua vontade, posiciona duas delas e descarta a outra. Todo o resto continua igual, inclusive a distribuição inicial das cinco cartas. Uma mudança importante é que o Pineapple é jogado no máximo com três jogadores. Caso esteja querendo jogar entre quatro amigos, basta que um fique de fora quando for embaralhar. Na questão estratégica, a diferença é bastante gritante. Se no OFC grande parte da estratégia era tentar atingir a Fantasy Land (FL) e receber as 13 cartas para ter a vantagem de formar o seu jogo de uma vez só, no OFCP essa é a estratégia básica, principalmente pelo fato do bônus para FL ser diferente. Bom, aqui não estou falando dos

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valores de bônus, que continuam os mesmo, mas sim da quantidade de cartas. Na variante mais comum, toda vez que o jogador alcançar a FL ele receberá 14 cartas e descartará uma. Desse modo, há uma grande vantagem em jogar para o Fantasy. Outra variante do jogo, mais disputada recentemente, tem 13 cartas dadas para o Fantasy com Q-Q, 14 para K-K e 15 para A-A ou superior. As quadras, fulls e flushes, inclusive na mão do meio, já são mais comuns nesta variante, portanto, jogar para bônus é essencial. No OFC tradicional, é comum que os jogadores que arriscam fechar grandes bônus “estourem” (misset), ou seja, não conseguem formar uma mão válida. Já no OFC Pineapple, isso acontece com mais frequência nas tentativas de chegar à Fantasy Land. Um exemplo dessa estratégia é a formação do jogo nas mãos de baixo sem bônus. Por exemplo, dois pares e dois pares maiores, fazendo assim uma preparação para tentar o Fantasy com um par de Damas, Reis ou Ases na mão de cima. O fato de receber uma carta extra quando está na Fantasy Land praticamente dobra matematicamente as chances de um jogador permanecer na FL, cujos bônus para “re-fantasy” são os mesmo do OFC. A modalidade OFCP é mais dinâmica por diversos motivos. Além ser um jogo mais agressivo pela natureza da distribuição de cartas, o fator descarte é muito importante, pois adiciona uma característica diferenciada ao jogo. No OFC, todos jogadores tinham uma clara noção ao longo da partida de seus

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outs, já que você pode ver todas as cartas distribuídas e conta-los. Com os descartes, é realmente mais difícil saber quais outs ainda estão disponíveis. Existem obviamente mais fatores a serem observados, mas basicamente a abordagem para este artigo é mostrar as diferenças entre as modalidades e popularizar o jogo. OFCP é muito divertido, mas tomem cuidado, pois naturalmente deve se jogar em limites bem menores que o OFC tradicional, pois os bônus são muito mais fáceis de serem feitos e assim a variância do jogo é realmente muito maior. Bom jogo e boa diversão.

Felipe Mojave @FelipeMojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games, profissional do Lock Poker e membro do My Poker Squad.





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THE BOOK IS ON THE TABLE

Como Vencer Torneios de Poker foi escrito por três dos maiores vencedores do poker atual. Além de Eric “Rizen” Lynch, o livro teve a contribuição de ninguém menos que Jon “Apestyles” Van Fleet e Jon “Pearljammer” Turner, que, juntos, possuem mais de US$ 8 milhões em prêmios acumulados apenas na internet. Em linguagem simples e direta, os vitoriosos autores utilizam toda a sua experiência de jogo para explicar, passo a passo, o processo de tomada de decisão através de exemplos de mãos reais, jogadas por eles em torneios online. Sucesso de público e crítica, Como Vencer Torneios de Poker representa o pensamento moderno dos jogadores da internet. É uma obra indispensável para quem quer levar o poker a outro nível, independentemente da experiência ou dos valores em que joga. No primeiro volume, os autores abordam desde o início dos torneios até o estouro da bolha. No último capítulo, os três ainda analisam 20 mãos em conjunto.

MÃO 184 (p. 344) Posição 1-SB Posição 2-BB

5.260

2.745

Posição 8

Posição 3

3.650

6.025

Posição 7

Posição 4

Herói

Posição 6

4.635

2.390

Posição 5

2.935

3.640

Estrutura: Este é um torneio noturno com buy-in de $320. Os blinds são de 50-100. A Posição 8 tem dado call em muito dos raises pré-flop do Herói. Q

4

Pré-flop (150): O Herói dá raise para 250. A Posição 8 paga no cutoff, e dois jogadores veem o flop. Flop (650): O que você faz?

3

3

K

J

Q

K

PearlJammer Com 650 no pote e um oponente muito ativo, devo manter a minha agressividade pré-flop com um disparo no flop. Ele provavelmente dará fold com qualquer mão não pareada, e também poderá dar fold com um par médio. Se ele pagar, irei desistir da mão no turn, a menos que acerte um Rei, uma Dama ou consiga um draw. Eu quero apostar cerca de metade a dois terços do pote. Rizen Eu faço uma continuation bet padrão. Embora haja uma queda para flush, este bordo provavelmente não acertou o meu oponente. O pote tem 650, então, aposto 400. Apestyles Definitivamente, faço uma continuation bet neste bordo relativamente descoordenado. O Herói aposta 400, e o oponente paga. Turn (1.450): O que você faz?

K

K

1.825

Posição 9 (button)

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4

J


Rizen Eu aposto novamente. Há 1.450 no pote, e tenho 3.085 restando. Se eu der check, e o meu oponente apostar, ficarei em uma posição muito ruim, tendo que possivelmente encarar apostas no turn e no river por todo o meu stack, apenas com top pair. Se eu apostar 900, o meu oponente provavelmente definirá a sua mão para mim, e eu poderei tomar uma boa decisão. Será difícil (embora não impossível) para ele dar um raise blefando, me dando as pot odds para pagar. Se ele só der call, frequentemente, terá uma mão como Q-10 ou J-10, com talvez uma única carta de ouros, e eu posso dar all-in por valor em quase todos os rivers que não trouxerem uma carta de ouros Apestyles Esta é uma mão difícil. Leituras são realmente importantes nesta situação. Se eu apostar e ele der raise, a minha mão não deve ser boa o bastante, e eu provavelmente terei que dar fold. Se ele só pagou com um Valete no flop, provavelmente, apenas pagaria uma aposta no turn, em vez de transformar a sua mão em um blefe ao dar raise com o Rei do turn. No entanto, ele poderia estar blefando com quedas na gaveta e quedas para straight. Ele também poderia definitivamente ter dado call com K-J, uma trinca, e uma queda para flush aqui, mãos que me dominam completamente no turn. Embora eu tenha a Q♦, não terei as odds corretas para perseguir o meu draw se ele der raise-all-in, baseado no range de mãos no qual o coloco. Eu também odiaria dar fold com a minha mão, considerando que tenho top pair, segundo kicker, e uma queda decente para o flush. Dar check-call parece ser a melhor opção considerando tudo isso; dar check-raise-all-in também não é ruim, uma vez que sempre que meu adversário tiver quedas piores, ele deve dar fold, e eu então ganho sua aposta no turn. Eu peço mesa, torcendo para ele fazer o mesmo depois de mim. Assim, posso apostar pelo valor no river.

TÍTULO: Como vencer torneios de poker – Uma mão de cada vez – Volume I (Winning Poker Tournaments – One hand at time – Volume I)

AUTORES: Eric “Rizen” Lynch, Jon “apestyles” Van Fleet e Jon “PearlJammer” Turner NÚMERO DE PÁGINAS: 378 PREÇO: R$ 84,00 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com

O Herói pede mesa. O Posição 8 aposta 1.100, e o Herói paga. River (2.550): O Herói pede mesa. O seu oponente empurra all-in de 1.900. O que você faz?

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PearlJammer Fico feliz em acertar um Rei; no entanto, esse Rei, em particular, completa um possível flush. Se eu pedir mesa, convido o meu oponente a apostar com mãos como um par de mão médio ou um Valete, com os quais ele provavelmente daria fold se eu apostasse de novo. Se eu apostar e o meu oponente voltar all-in, eu teria dificuldade em dar fold com top pair e draw para o segundo maior flush. Ao dar check, ajudo a controlar o valor do pote. Se o meu oponente der check depois de mim, apostarei pelo valor na maioria dos rivers. Eu dou check.

PearlJammer Agora, estou arrependido de ter feito uma continuation bet. No entanto, o pote está bem grande, e o meu oponente tem jogado muitas mãos. Além disso, da forma que joguei, ele deve acreditar que estou relativamente fraco, com algo como 10-10, na melhor das hipóteses, A-J. Ele também pode achar que paguei no turn com apenas o Ás de ouros, e não poderei pagar a sua aposta no river. Contudo, ele pode ter me batido com um flush, uma trinca, dois pares, ou até um straight milagroso no river. É uma decisão difícil; mas opto pelo call, considerando o valor do pote e o jogo mais solto do meu oponente até este momento. Rizen Vê por que aposto no turn? Agora tenho odds de quase 3-para-1 para pagar, mas isso representa a maior parte do que sobrou das minhas fichas. A maioria dos oponentes não é capaz de dar call no flop e então blefar tanto o turn quanto o river aqui. Então, o meu oponente pensa que está apostando por valor. Não há muitas mãos com as quais ele aposta por valor que eu possa derrotar. Dar fold me deixa com fichas o suficiente para esperar e escolher situações mais favoráveis em mãos futuras. Pagar e perder me deixa com um stack quase impossível de ser jogado. Eu daria fold e ficaria aborrecido comigo mesmo por não apostar no turn. Apestyles O meu oponente mostrou muita força. A única forma da minha mão ainda ser boa seria se ele tivesse tomado uma linha de ação completamente insana para blefar, ou dado apenas call com K-10 e agora estar ganancioso demais. Se você comparar o número de mãos possíveis que me derrota à improvável possibilidade de ele só estar fazendo algo insano aqui, parece bem claro que estou perdendo na maioria das vezes. Eu dou fold. Resultado: O Herói dá fold.


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DEIXE O

EGO

FORA DA MESA PARA TER

SUCESSO Com Tom Marchese, Dusty Schmidt e John Walts

Diferentes pontos de vistas, uma mesma situação. A complexidade do poker impressa em algumas páginas. Nesta edição, como lidar com um fator corriqueiro nas mesas: o ego.

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Tom Marchese

Dusty Schmidt

John Walts

Joga profissionalmente há seis anos e se especializou em 6-max high-stakes cash games. Em 2010, ele começou a despontar nos torneios ao vivo ao vencer o North American Poker Tour (NAPT) e embolsar US$ 827.648. Dois anos depois, venceu o Five Star World Poker Classic High Roller. Ele possui cerca de 4,6 milhões de dólares ganhos em torneios.

É um dos maiores vencedores dos cash games online da história. Ele também é autor do aclamado livro “O Poker Como Negócio — Onde Termina o Hobby e Começa o Business”, lançado no Brasil pela Raise Editora.

Nascido e criado em Los Angeles, ele é um profissional de cash games live que alcançou sucesso nos limites médios do jogo.

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Para um jogador profissional, o quanto pode ser prejudicial não conseguir controlar o ego, a parte emocional?

Tom Marchese: O ego é o lado negro da confiança e prejudica com frequência o crescimento de um jogador. No início da minha carreira, eu tinha um ego maior do que o meu jogo. No entanto, tive sorte o bastante para que a minha evolução como jogador andasse a passos mais largos do que o meu crescente ego. Os jogos na época eram mais fáceis, então meu ego nunca causou problemas para atingir o meu objetivo final: ganhar dinheiro. Nos dias de hoje, com essa competição mais dura, quem tem um ego inflado, provavelmente, irá quebrar. O poker está mais difícil, o jogador deve ser mais honesto com ele mesmo. O dinheiro perdido em um jogo que você não tem edge (vantagem), dificilmente será recuperado; e mesas com jogadores fracos estão cada vez mais difíceis de achar. Escolher o que e onde jogar (game selection) tornou-se uma das partes mais importantes de ser um profissional. Se você se acha o melhor, mas não é, então quais a chances de estar se colocando em jogos que você é vencedor? Na época em que o meu ego era enorme, isso me fez mais bem do que mal. Fiz um bom trabalho achando o equilíbrio entre escolher os jogos certos e me desafiar como jogador. Isso me levou a ter oscilações maiores na minha carreira, mas me ajudou a evoluir mais rápido do que qualquer outra coisa. Um equilíbrio saudável desses dois fatores é necessário se você quiser manter-se no topo. Dusty Schmidt: Inflar seu ego é, definitivamente, uma das coisas mais importantes que você deve evitar nas mesas. Mesmo se acontece de vez em quando, o impacto disso pode ser devastador, já que esse também é um dos grandes causadores do tilt. Por exemplo, você é um profissional do online que joga, em média, 100.000 mãos por mês. Vamos supor que enquanto você está jogando o seu melhor, uma vez na semana, seu ego lhe custa 300 big blinds. Isso representa aproxima-

damente 1.200 bbs por mês, 14.400 a cada 12 meses. Se você joga $2-$4 (NL400), são US$ 57.600 perdidos em um ano, valor bem superior do que a renda da maioria das pessoas. Imagine isso por toda vida? Jogadores medianos que conseguem evitar que o emocional tome as rédeas tendem a fazer mais dinheiro do que alguns jogadores excelentes que entram em tilt por uma ou duas horas na semana. O impacto é gigante. Houve um tempo em que tive problemas com o controle emocional. Cheguei a quebrar mouses e teclados. E isso tem um ônus financeiro, além de ser muito embaraçoso. Quanto antes você conseguir evitar o tilt, mais feliz e rico você será. John Walts: Remover o ego do seu jogo é essencial. Vejo um grande número de jogadores com um ego gigantesco. O grande problema de ter o seu ego envolvido quando você joga é que você atrai muita atenção para você e suas jogadas — e poker não é sobre você, mas sobre os seus “clientes”, e se você quer o dinheiro dos mesmos, então tem que fazer com o que jogo seja sobre eles, sobre o jogo deles, sobre as cartas deles. Acredito que uma abordagem mais humilde na mesa é a chave. Vamos dizer que você executou um blefe brilhante no river contra um jogador fraco, mas ele pagou com uma mão ruim. Um jogador emocionalmente instável pode explodir: “Você é um donkey. Como consegue jogar tão mal? Meu range está muito à frente da sua mão”. Você não apenas cometeu o erro de tentar ensinar um jogador ruim, mas também lhe deu o direito de agir da mesma maneira desrespeitosa no futuro. Um jogador controlado diria, “boa mão, grande call”; e faria uma nota mental: “Não blefar este cara. No futuro, com uma mão forte, devo apostar alto, como se fosse um blefe”. Essa seria uma atitude muito mais construtiva na mesa.

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Para um jogador profissional, o quanto pode ser prejudicial não conseguir controlar o ego, a parte emocional? Tom Marchese: A chave para dominar o seu ego é perceber que, como jogador de poker, você não é nada especial. Eu sei que sou um profissional de sucesso e que dediquei muito tempo ao jogo, e me considero um cara inteligente. Como eu, existem centenas por aí, mas tenho que me manter à frente da concorrência trabalhando mais duro do que eles. Achar um equilíbrio entre a confiança e o ego é muito importante. Você precisa confiar no seu jogo, mas estar pronto para recuar um passo se necessário, ser imparcial em relação ao seu jogo e perceber como isso irá lhe ajudar contra seus oponentes. Os jogadores quando atingem certo nível, em que eles são bons o bastante para fazer muito dinheiro, tendem a parar de estudar. Essa é a razão de você não encontrar mais, no topo, aqueles caras que eram os melhores há cinco ou seis anos. O ego disse-lhes que eles eram os melhores, eles acreditaram nisso e pararam de trabalhar para evoluir. Como é de se esperar, um trabalho em que você faz seu próprio horário, ganha muito dinheiro e não tem chefe é desejo de todos. Então, caras que trabalham duro, com egos menores, assumiram. De qualquer maneira, a ausência de ego também pode lhe prejudicar. Eu tinha um colega de quarto que era (ainda é) um grande jogador. Quando moramos juntos, nós dois jogávamos $2-$4 (NL400) online. Ele tinha confiança no próprio jogo, mas nunca desafiou a si próprio como jogador. Hoje, cinco anos depois, ele ainda joga os mesmo limites. Se ele tivesse um ego maior e subido de limites, talvez, ele teria sofrido mais com a variância, mas, provavelmente, estaria jogando em jogos mais caros. Bem, mas ele está feliz em conseguir uma boa grana nos limites médios.

Dusty Schmidt: Primeiro eu tento aplicar o que aprendi como jogador de golfe profissional. Bob Rotella, o mais famoso psicólogo do golfe, escreveu bons livros sobre isso. No campo de golfe é mais

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fácil manter a compostura, não só por existir menos dinheiro envolvido. Veja bem, ninguém quer jogar com alguém que fica perdendo a calma e agindo como um louco quando não consegue vencer. Então, você se controla. No poker (online), você está sozinho em casa, então se sente mais à vontade para extravasar. Ultimamente, tenho feito um trabalho mental intensivo com Jared Tendler. Ele é “o cara” do mental coaching (treinamento mental) do poker e tem feito maravilhas ao meu jogo. Em uma modalidade em que você pode ir do céu ao inferno em um curto espaço de tempo, Jared vem fazendo um trabalho de valor incalculável com alguns jogadores. Controlar o seu emocional nas mesas requer muito trabalho e é essencial. É mais fácil falar do que fazer, mas, no final, você verá que valeu a pena.

John Walts: Comece reconhecendo que o seu ego é um problema, então tome a decisão de removê-lo do seu jogo. Os budistas devotam suas vidas a isso, exterminar o ego. Ainda assim, não é possível alcançar o sucesso pleno, mas mesmo pequenas conquistas fazem grande diferença. Para mim, o que funciona são diálogos, internos e externos. Externamente, parei de repreender jogadores ruins. Hoje, lhes trato como clientes. Um cliente é alguém que tem valor. Se você é um homem de negócios e um cliente paga seu preço sem pechinchar, você o destrata? Não, você faz dele um VIP. Poker é o seu negócio, lembre-se. Internamente, expurgue coisas negativas. Aprenda com seus erros, mas não os repita. Até você achar algo que ajuste-se perfeitamente para você, haverá muitos erros, mas o importante é não desistir.



Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.

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Chegou a hora de um novo desafio Agora, eu sou poker

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