Card Player Digital 20

Page 1

POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

Saiba quem é o homem que mudou o poker na Noruega Aaron Jones e a importância do controle de pote no PLO

s IO R Á S R E V D A S O E IA R A TRAJETÓ A D A H IN M A C A N R E T S O DE BRUNO F AO NOVEMBER NINE


SUMÁRIO 10. Diógenes Malaquias

A JORNADA COMEÇA AQUI Diógenes dá dicas valiosas para quem está começando do zero no poker e tem pouco ou nenhum dinheiro para investir.

ESPECIAIS 28. Bruno Foster

A incrível jornada do primeiro brasileiro no November Nin

40. O HOMEM QUE MUDOU O POKER NA NORUEGA

16. FÁBIO EIJI

LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO Eiji destrincha para o leitores uma das jogadas mais importantes do poker: o resteal.

A história de Ola “Odd Oddsen” Amundsgaard, “nosebleeder” que provou com suas ações que o poker é um jogo de habilidade.

22. JOGOS MENTAIS

Quatro profissionais, uma situação, diferentes pontos de vista. Na volta dos “Jogos Mentais”, veja quais são as principais falhas que os jogadores cometem ao jogar torneios.

56. FELIPE MOJAVE

ASES NA MANGA Usando a criatividade, Felipe Mojave surpreende seus adversários com par de Ases em um evento da WSOP 2013.

62. HAND HISTORY

AND istory

Na estreia da mais nova seção da Card Player, o membro do time de profissionais de Phil Ivey, Aaron Jones, analisa uma mão de pot-limit Omaha.

CARD PLAYER BRASIL CARDPLAYERBRASIL.COM









A JORNADA COMEÇA AQUI por Diógenes Malaquias


U

ma das perguntas mais recorrentes que escuto é o que eu faria se começasse a jogar poker nos dias atuais. Neste artigo, vou traçar a melhor estratégia que um iniciante pode seguir para construir um bankroll e adquirir conhecimento com o intuito de se profissionalizar ou de fazer do poker um passatempo lucrativo. Vamos observar dois cenários. No primeiro, a pessoa não tem recursos financeiros nem condição de fazer investimento algum. Já no segundo, o aspirante a jogador tem recursos suficientes para investir na sua formação. Para começar, nos dois casos, é preciso adquirir um mínimo de conhecimento. Depois, a estratégia será jogar o mais barato possível para colocar em prática o que foi aprendido – ao mesmo tempo em que seguimos em busca da evolução de nosso jogo.

CENÁRIO #1 Aqui, a única opção viável é buscar por materiais de ensino gratuitos. Recomendo você entrar no fórum MaisEv, na seção Novidades E Opiniões, e ler todo os conteúdos dos seguintes tópicos: Master Stick – Leia Antes de Postar e Compilação de Artigos de Teoria Geral. Pronto, lá existe toda a base que um iniciante precisa para começar a jogar. Depois desse conhecimento inicial, eu procuraria jogar freerolls em sites de porte médio, como o BestPoker.

Para nosso objetivo, esses sites são melhores do que o PokerStars, pois seus torneios são menores, assim há menos variância. Para quem não possui um bankroll sólido, é mais vantajoso jogar um freeroll com 100 pessoas, em que o primeiro colocado ganha $2, a jogar um freeroll com 1.000 pessoas, em que o campeão leva $25. Tenha em mente que é mais fácil construir um bankroll de grão em grão do que tentar ganhar tudo de uma vez. Essa facilidade é tanto matemática quanto psicológica. Mas as justificativas dessas afirmações são temas para outro artigo. Quando nosso bankroll chegar a 10 dólares, devemos migrar para torneios ou sit and go micro stakes. Aqui, vale salientar, não há opção de mesas de cash game para a gestão saudável de um bankroll tão pequeno, mas há uma infinidade de torneios com inscrição de 10 centavos. Lembre-se que um bom controle de bankroll se aprende desde o início. Assim, nós vamos usar uma gestão de 100 buy-ins para os micro stakes. No futuro, ao subirmos de limite, seremos ainda mais conservadores. Aqui não há alternativa. Estude e jogue o máximo que você puder. Digite artigos de poker no Google e leia-os. Porém, tome cuidado, nem todo material é de boa qualidade.

@cardplayerbr

11


Meu conselho é que você procure jogadores que sigam uma linha orientada pela matemática, pois é algo palpável, sendo mais fácil para o iniciante ter a certeza de que o conteúdo estudado é válido ou não. Não digo que os jogadores “não lógicos” sejam ruins. O que quero dizer é que, para um iniciante, é mais fácil seguir um caminho lógico, para não correr o risco de se dedicar a aprender coisas ruins ou ultrapassadas. Então, procure conteúdos que defendam seus pontos de vista provando que X + Y = Z, e não conteúdos que usem argumentos como: “faça, pois eu faço e dá certo”.

Agora sua estratégia inicial já está formada. Vá jogando até atingir um bankroll de pelo menos 1.000 dólares. Nesse meio tempo, se você tiver talento, há sempre a opção de entrar em um time de poker em que você receberá bankroll e aulas. Mas se esse não for o objetivo, o caminho é usar parte do bankroll acumulado no aprendizado. Compre um Hold’em Manager. Procure coaches que cobrem entre $35 e $40 por hora. Eles podem não ser os melhores do mundo, mas têm um ótimo custo benefício para alavancar as suas habilidades. Os passos seguintes se assemelham à estratégia do Cenário #2. Fiquem atentos à próxima edição.

Diógenes Malaquias @diogenes1608 diogenesmalaquias.com.br

Diógenes Malaquias é especialista em cash games online e dá aulas particulares em seu website.


JOGUE O BSOP MILLIONS ATRAVÉS DOS SATÉLITES NO BETMOTION POKER A última etapa do Campeonato Brasileiro de Poker acontecerá em São Paulo, de 25 de Novembro a 3 de Dezembro, e o Main Event terá uma premiação milionária garantida de 5 milhões de Reais.

Serão nove dias de evento e 36 torneios com uma infinidade de modalidades, buyins e premiações.

Para esse evento o Betmotion preparou uma grade de satélites simples, onde você pode conquistar uma das quatro vagas de forma totalmente gratuita.

STEP FINAL: Pacote no valor de US$2.000 - 02/Nov e 16/Nov às 16h

STEP 2: 1 entrada para o STEP FINAL a cada 4 jogadores - 27/Out a 31/Out e 10/Nov a 14/Nov às 20h STEP 1: 5 entradas para o STEP 2 - 26/Out a 30/Out e 09/Nov a 13/Nov às 20h

LEVAMOS VOCÊ PARA JOGAR A ÚLTIMA ETAPA DO CONRAD POKER TOUR EM PUNTA DEL ESTE

A última etapa do Conrad Poker Tour 2014 acontecerá em Punta del Este, no Uruguai, entre os dias 4 e 6 de Dezembro de 2014, e distribuirá milhões de Dólares em prêmios! O Betmotion quer te levar para esse lugar paradisíaco, para se hospedar em um dos melhores hotéis do mundo e jogar a última etapa deste torneio com jogadores de toda a América Latina.

Acompanhe abaixo o cronograma dos STEPS e cadastre-se agora para participar. A grade será simples, com 3 STEPS diferentes: nos dias 09/11 e 23/11 (sempre aos Domingos) haverá torneios cujo campeão ganhará automaticamente uma vaga para o Conrad Poker Tour (STEP FINAL). No decorrer da semana

STEP FINAL: Pacote no valor de US$3.000 - 09/Nov e 23/Nov às 16h

que antecede cada torneio principal haverá classificatórios para os torneios principais (STEP 2). E temos ainda uma série de torneios Freerolls que darão vagas para o STEP 2 (STEP 1). É sua oportunidade de jogar gratuitamente um dos maiores torneios de Poker da América Latina, viajar para um local incrível e correr o risco de voltar milionário!

STEP 2: 1 entrada para o STEP FINAL a cada 5 jogadores - 03/Nov a 07/Nov e 17/Nov a 21/Nov às 20h STEP 1: 5 entradas para o STEP 2 - 02/Nov a 06/Nov e 16/Nov a 20/Nov às 20h

2014

Ainda não possui conta no Betmotion?

Cadastre-se agora no Betmotion.com com o Promocode WELCOME100, receba 100% de Bônus no seu primeiro depósito e inscreva-se nos nossos satélites! @cardplayerbr

13





LADRÃO QUE

ROUBA LADRÃO por Fábio Eiji

H Fábio Eiji @fabioeiji binhoeiji@yahoo.com.br

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.

oje falarei de um assunto que, para os mais experientes, talvez já esteja um tanto batido: o resteal. Este é um tema básico, que mesmo os iniciantes já devem ter ouvido bastante sobre. O resteal consiste em reagir contra um raise, em linhas gerais, a fim de “roubar o roubo”, e é uma ferramenta essencial para a manutenção do seu stack durante o torneio. Neste artigo, trataremos dos resteals com stacks entre 15 e 20 big blinds. Quando nos encontramos nessa faixa de stack, passamos a ter um arsenal limitado de movimentos. Para roubar potes, não podemos abrir raises com muitas mãos, pois colocamos em risco uma parte preciosa do

nosso stack. Ao mesmo tempo, ainda há uma boa Fold Equity, ou seja, o vilão não ficará comprometido com o pote quando enfrentar um shove (all-in). Vejam este pequeno exercício: estamos no big blind com 20 BBs. O jogador no BTN abre raises de 2.5 vezes o blind com 30% das mãos que recebe, e pagaria nosso shove com um range de 10% – isso que dizer que a cada três mãos, ele dará fold cerca de duas vezes. Então, o que fazer quando recebemos: A5o, KJs ou 2-2. Qual dessas mãos é melhor para o resteal? Uma conta simples de chipEV (expectativa de ganhar fichas) pode nos dar uma resposta satisfatória. Para analisar matematicamente o quanto o EV de uma jogada é positivo, basta analisar os cenários possíveis, que, neste caso, se tratam de:

@cardplayerbr

17


A) O VILÃO DÁ FOLD.

Isso acontecerá 66% das vezes, e ganharemos um pote de 4.75 BBs (1 do big blind, 0,5 do small blind, 2,5 do raise e 0,75 dos antes). Ou seja, no longo prazo, ganharemos 3.14 BBs ao executar esta jogada (0.66*4.75).

Quanto mais tight for o range para abrir raise do vilão e quanto mais jogadores ainda para agir restarem, mais tight deve ser nosso range de resteal.

B) O VILÃO PAGA E GANHA. C) O VILÃO PAGA E DOBRAMOS.

Isso acontecerá 33% das vezes, e perderemos 20 BBs. O cálculo para saber quantos big blinds vamos perder em média, no longo prazo, é: 0.33*(-20)*(equidade do vilão).

Isso acontecerá 33% das vezes, e ganharemos 41.25 BBs. A conta para descobrirmos quantos BBs vamos ganhar no longo prazo é quase a mesma do caso B: 0.33*(41.25)*(nossa equidade).

Agora, basta utilizar o PokerStove e chegaremos à nossa conclusão: MÃO DO HERÓI

EQUIDADE DO VILÃO*

EQUIDADE DO HERÓI*

# DE BBS GANHOS NO LONGO PRAZO (A+B+C)

A5o

64,1%

35,9%

3,8

KJs

61,8%

38,2%

4,3

22

59,9%

40,1%

4,6

*Números obtidos através do PokerStove (considerando que o range de call do vilão no all-in do herói é de 10%).

18

CardPlayer.com.br


Mas lembrem-se que existem muitos fatores subjetivos que contribuem para a eficácia dos resteals. Os principais são: – Perfil do vilão que está abrindo raise (joga muitas mãos? Joga de maneira agressiva? Como reage às 3-bets?). – Posição do vilão que enfrentamos. – Nossa posição. – Momento do torneio (Começo de torneio? Bolha? Existe um salto significativo de premiação?). – Imagem do herói (como o vilão espera que eu reaja?). Resumindo, quanto mais tight for o range para abrir raise do vilão e quanto mais jogadores ainda para agir restarem, mais tight deve ser nosso range de resteal. Por outro lado, esse range deve ser ajustado à medida que o vilão for mais loose. Mas fiquem atentos a outras características do adversário e à sua própria imagem: por que um jogador inteligente abriria raises com mão fracas sabendo que estamos abusando

dos resteals? Assim, um shove aparentemente padrão de 15 BBs, do meio da mesa, com AQo, contra um raise de um jogador muito tight, na posição de UTG, pode não ser tão bom. Porém, o all-in de 2-2, com 25 BBs, do BTN, contra um cutoff mais loose, pode ser uma ótima jogada. Nessa mesma situação, porém, devemos dar fold em nosso K9o se a nossa imagem já estiver desgastada. Portanto, caberá ao jogador processar as informações disponíveis e tomar a decisão corretamente. Minha dica? Dê preferência aos pares pequenos e às mãos de mesmo naipe quando for executar esse tipo de jogada. Voltando ao exercício proposto, podemos perceber que o 2-2 é levemente melhor do que o KJs, que, por sua vez, é melhor do que o A5o para essa jogada. Isso se deve exclusivamente à equidade dessas mãos contra o range que enfrentamos. Não deixe de ter o resteal em seu arsenal. Essa jogada é uma importante ferramenta para manter o stack quando encontramos problemas.

@cardplayerbr

19




CORRIGINDO EM TORNEIOS DE POKER Com Bryan Piccioli, Scott Sitron, Peter Jetten e Jonathan Tamayo

A seção “Jogos Mentais” está de volta. Diferentes pontos de vistas, uma mesma situação. A complexidade do poker impressa em alguma páginas. Nesta edição, dicas cruciais para se tornar um vencedor em torneios de poker.

22

Bryan Piccioli

Scott Sitron

Peter Jetten

Jonathan Tamayo

Venceu recentemente a WSOP Asia-Pacific e foi o 8º colocado no WPT Canadian Spring Championship. Tem mais de 5,5 milhões de dólares em prêmios na carreira.

Possui 20 ITMs na World Series of Poker e mais de US$ 2.000.000 acumulados jogando ao vivo e online

Canadense, Jetten joga profissionalmente há oito anos. Ganhou notoriedade ao participar dos programas de TV Poker After Dark e o Million Dollar Cash Game.

Com cerca de US$ 1,5 milhão de ganhos na carreira, Tamayo é um dos membros do time de profissionais de Phil Ivey, o Team Ivey Pro.

CardPlayer.com.br


Quais são os maiores erros que vocês veem os jogadores cometerem em torneios?

Bryan Piccioli: Uma falha que vários jogadores cometem é não ajustar o jogo de acordo com o tamanho dos stacks. Isso é ainda mais comum em torneios ao vivo, já que, ao contrário do online, não há a contagem exata das fichas de seus adversários. No poker ao vivo é muito importante você prestar atenção para onde as fichas estão indo na mesa. Se você tomar uma decisão baseada no stack do seus oponente, sem perceber que poucas mãos antes ele ganhou ou perdeu um grande pote, isso poderá lhe prejudicar muito. Outro erro bastante comum é não prestar atenção nos “tells de tempo”, ou seja, o tempo que o jogador demora para tomar uma decisão. Sempre acreditei que esse tipo de tell é de extrema importância. Qual era a força da mão do adversário quando ele demorou para agir naquela situação? O que ele tinha quando apostou rapidamente depois daquele turn? Online, esse tipo de tell é ainda mais importante. Se alguém está pedindo mesa muito rápido em cada street, geralmente, isso quer dizer que ele está com a atenção dividida entre muitas telas e, consequentemente, jogando no piloto automático. Então, deve-se explorar esse adversário, roubando pequenos potes sempre que possível.

Scott Sitron: Um erro grave é, fora de posição, jogar de forma passiva as mãos marginais. Ao fazer isso, você permite ao seus adversários conseguirem valor máximo ao completar suas mãos e ainda terá que tomar decisões difíceis em cada uma das streets, o que lhe torna um alvo fácil para ser blefado com frequência. Por exemplo, estou em um torneio com 30 big blinds e recebo K♦10♠. Eu abro raise, um jovem russo, com pouco mais de 20 anos, dá reraise pela terceira vez. Meu ego toma as rédeas e, em vez de aplicar uma 4-bet ou dar fold, eu pago. Erro o flop, o garoto faz uma continuation bet e dou fold com o meu K-high. O russo puxa mais um pote com seu 9-high. Outro erro gritante que vejo o jogador iniciante cometer é fazer grandes apostas com pares altos quando uma carta ruim aparece no turn ou no river. Exemplo: os blinds estão em 50-100, o Herói abre raise com K♣K♠, do meio da mesa, e é pago pelo button e pelo big blind. O flop vem 8♥6♥3♦. O Herói aposta 600, depois de o blig blind pedir mesa. O button dá fold, mas o BB paga. O turn traz um 7♥, completando uma possível sequência ou um flush. O BB pede mesa novamente. Em pânico, o Herói empurra um all-in totalmente desproporcional em relação ao tamanho do pote. O que

cardplayerbr

23


Outro erro gritante que vejo o jogador iniciante cometer é fazer grandes apostas com pares altos quando uma carta ruim aparece no turn ou no river” Scott Sitron

acontece na sequência? O big blind desiste do seu par, a pior mão, fazendo com que o Herói não extraia o valor máximo; ou ele dá call com um flush ou sequência, deixando o Herói sem nenhuma chance de vencer a mão. Isso é um erro básico, mas que sempre vejo acontecer. Petter Jetten: A maior falha que vejo nos jogadores, especialmente entre aqueles que estão começando, é a falta de confiança. Isso pode fazer seu jogo ser explorável de diversas maneiras, principalmente, se você chegar à reta final de um torneio na disputa por grandes quantias de dinheiro. Se você começar a se sentir intimidado, confie no seu jogo e dependa menos dos seus instintos. Jonathan Tamayo: O primeiro grande erro é jogar de maneira muito conservadora, aguardar demais por uma boa situação. Os jogadores preferem esperar uma mão premium até ficarem com seis big blind, por exemplo, do que se envolverem em uma situação de flip (ou algo do tipo) com 21 big blinds.

24

CardPlayer.com.br

Em torneios ao vivo, outra grande falha é esperar três ou quatro horas para se registrar, principalmente em eventos com fields gigantes, como os de US$ 1.000 da WSOP, em que boa parte das fichas que conseguimos são dos jogadores ruins – jogadores estes que não duram muito tempo no evento. Outro ponto importante é que você começa com cerca de 30 big blinds a menos. Esses fatores fazem com que o seu ROI (retorno de investimento) caia bastante. Fora isso, entrar durante o late register lhe colocará em mesas mais difíceis, já que muitos profissionais entram no período de registro tardio. Por fim, eu vejo que muitos jogadores não se alimentam nem se hidratam de maneira adequada. Eles simplesmente não entendem o impacto negativo que a fome e a sede podem ter no cérebro depois de muitas horas de jogo.


cardplayerbr

25


Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.


100.000 Pontos de Jogador Frequente em duas semanas Campe茫o Mundial Supernova Supernova Elite No momento, n茫o me lembro do pr贸prio nome

n贸s somos poker


HISTÓRICO BRUNO FOSTER LEVA O BRASIL AO NOVEMBER NINE Por Marcelo Souza

28

CardPlayer.com.br


oyle Brunson uma vez disse a seguinte frase, imortalizada no filme Rounders – Cartas na Mesa: “O No-Limit Texas Hold’em é o Cadillac do poker”. Nos eventos de poker, esse Cadillac seria o Main Event da World Series of Poker (WSOP). Não importa o valor do buy-in ou onde são disputados, nenhum dos torneios do mundo atrai tantas pessoas, direta e indiretamente, como o Main Event. O público é o mais eclético possível. Basta uma rápida circulada pelos salões do Rio Casino e você trombará com astros

D

do basquete, do futebol e do cinema; com americanos, europeus e asiáticos; com mulheres, idosos e jovens. Neste ano, não teríamos nada de diferente, se não fosse por um detalhe: pela primeira vez, desde 1970, quando começou a ser disputado, o mundo verá um brasileiro no principal torneio de poker do planeta. No último dia 15 de julho, o cearense Bruno Foster entrou para história ao se tornar um November Nine, nome dado aos nove finalistas do Main Event, desde 2008, em alusão à mesa final ser disputada no mês de novembro.

cardplayerbr

29


Com 31 anos, Foster tem a chance de ganhar o terceiro bracelete da WSOP para o Brasil e uma premiação de US$ 10.000.000, o equivalente a R$ 24 milhões. Apesar de ter o menor stack entre os finalistas, a situação está longe de ser desesperadora. Com 30 big blinds, Foster terá bastante espaço para impor seu jogo. Para chegar à decisão, ele teve que encarar 68 horas de jogo e 6.683 jogadores que pagaram o buy-in de US$ 10.000. Agora, ele terá pouco mais de 100 dias para se preparar e estudar os adversários, uma vez que a mesa final só será realizada nos dias 10 e 11 de novembro.

Foster começou a chamar a atenção no Dia 4, quando jogou por bastante tempo na mesa da TV e chegou a ser o chip leader do torneio. A atuação rendeu elogios do maior vencedor da história da WSOP, Phil Hellmuth, que afirmou que o Brasil teria, com Foster, um representante entre os November Nine. A partir dali, ele figurou sempre entre os líderes e a tão sonhada mesa final era questão de tempo. No Dia 7, quando o mexicano Luis Velador foi eliminado, a torcida brasileira, na internet, no Brasil e em Vegas, explodiu. A história estava começando a ser escrita, e, independentemente do desfecho, já tem final feliz.

A TRAJETÓRIA DE BRUNO FOSTER NO MAIN EVENT DA WSOP 2014

30

Dia 1C

Dia 2C

Dia 3

Dia 3

Dia 4

Dia 6

Dia 7

STACK AO FINAL DO DIA

66.800

72.400

110.000

2.280.000

5.475.000

11.625.000

12.125.000

NÚMERO DE BIG BLINDS

134

45

28

190

137

97

30

MÉDIA DE FICHAS

77.980

107.560

268.750

688.970

2.537.850

7.425.555

22.276.667

POSIÇÃO

474/2.571

1.134/1.864

598/746

5/291

4/79

6/27

9/9

CardPlayer.com.br


cardplayerbr

31



AS PRINCIPAIS MÃOS QUE LEVARAM BRUNO FOSTER AO NOVEMBER NINE Dia 4 – Flip valendo a vida contra Phil Ivey Jogadores Restantes: 574/6.683 Média: 350.000 fichas Blinds: 3.000-6.000 com ante de 1.000 Do UTG, Bruno Foster (175.000 fichas) abre raise para 14.000. Imediatamente à sua esquerda, Phil Ivey (750.000 de fichas) reaumenta para 45.000. A ação volta até Foster, que empurra suas últimas 161.000 fichas para o centro da mesa. Ivey paga. Foster: 9-9 Ivey: A-K Bordo: Q-Q-5-3-5 Foster vence um flip decisivo contra um dos melhores jogadores do mundo e ultrapassa a média de fichas do torneio.

Dia 5 – Set over set para a liderança Jogadores Restantes: 219/6.683 Média: 915.000 fichas Blinds: 8.000-16.000 com ante de 2.000 Do meio da mesa, Bruno Foster (2.340.000 fichas) abre raise para 40.000. No botão, Zach Jiganti (3.000.000 de fichas) faz tudo 114.000. A ação volta até Foster que reaumenta para 276.000, e é pago. Flop: A♥ K♠ 9♥

Foster aposta 279.000 e vê Jiganti colocar 657.000 na mesa. O brasileiro pensa por quase quatro minutos e aumenta novamente para 1.200.000. Até então chip leader, Jiganti não leva muito tempo para colocar Foster em all-in, que paga instantaneamente. Foster: K♦K♥ Jiganti: 9♦9♠ O 8♦ e o 5♣ que completam o bordo não mudam nada, e Bruno Foster assume a liderança do Main Event com quase 5.000.000 de fichas.

Dia 6 – Uma trinca de 10 milhões Jogadores Restantes: 37/6.683 Média: 5.420.000 fichas Blinds: 50.000-100.000 com ante de 10.000 Bruno Foster (6.240.000 fichas) aumenta para 250.000. No cutoff, Robert Park (4.500.000 fichas) faz uma 3-bet para 575.000. Foster paga. Flop: A♠ 9♥ 2♠ Foster pede mesa, mas paga a continuation bet de 675.000 de Park.

River: K♥ Foster aposta 1.200.000 e é pago instantaneamente por Park. Foster: 9♣7♣ Jiganti: A♥K♠ O brasileiro chega a 10,4 milhões de fichas, quase o dobro da média.

Dia 7 – November Nine, finalmente Jogadores Restantes: 10/6.683 Média: 20.490.000 fichas Blinds: 200.000-400.000 com ante de 50.000 Do meio da mesa, Bruno Foster (13.025.000 fichas) aumenta para 900.000. No button, Mark Newhouse (19.850.000 fichas) paga. Luis Velador (6.150.000 fichas) anuncia all-in do small blind. Foster pensa por quase dois minutos e larga. Newhouse pensa por um tempo, mas paga. Velador: 4♦4♥ Newhouse: 5♥5♠ Bordo: A♣ A♥ 6♦ 3♥ A♠ Luis Velador é eliminado e a mesa final, com o brasileiro Bruno Foster, é formada.

Turn: 9♠ Foster pede mesa, assim como Park.

cardplayerbr

33


OS OITO OBSTÁCULOS DE

BRUNO FOSTER No dia 10 de novembro, quando as cartas forem distribuídas, Bruno Foster terá um stack de 12.125.000 (30 big blinds) para buscar o tão sonhado prêmio de US$ 10 milhões. Para isso, ele terá que enfrentar os seguintes adversários:

BILLY PAPPAS (EUA) Assento 1

FELIX STEPHENSEN (NORUEGA) Assento 2

JORRYT VAN HOOF (HOLANDA) Assento 3

MARK NEWHOUSE (EUA) Assento 4

Martin Jacobson (Suécia) Assento 8

Dan Sindelar (EUA) Assento 7

34

CardPlayer.com.br

iam Tonking (EUA) Assento 6

Andoni Larrabe (Espanha) Assento 5


ASSENTO 1: “BILLY (ESTADOS UNIDOS)

PAPPAS”

Stack: 6º – 17.500.000 (44 bbs) O dealer William Pappaconstantinou fez a sua estreia no Main Event da WSOP neste ano. O seu currículo no poker é modesto. Em quatro anos, jamais conquistou um título, mas já conheceu o mundo graças a um outro jogo, o pebolim. Pappas já foi campeão mundial da modalidade e jogou etapas por todo o planeta.

ASSENTO 2: FELIX STEPHENSEN (NORUEGA) Stack: 2º – 32.775.000 (82 bbs) Com 23 anos, o norueguês Felix Stephensen trocou a capital da Noruega, Oslo, pela capital da Inglaterra, Londres. Com apenas 22 mil dólares ganhos em torneios ao vivo, ele é um dos finalistas mais inexperientes. Essa foi somente a sua segunda participação no Main Event, o único torneio em que registrou-se na WSOP 2014.

ASSENTO 3: JORRYT VAN HOOF (HOLANDA) Stack: 1º – 38.375.000 (96 bbs) Pelo segundo ano consecutivo, a Holanda marca presença no November Nine, e cabe a Jorryt van Hoof a responsabilidade de conquistar um resultado melhor que a 7ª posição de seu antecessor Michiel Brummelhuis. Pesa contra o holandês o fato de que somente um chip leader na história do November Nine conseguiu ficar com o bracelete, Jonathan Duhamel, em 2010. A seu favor, sua vasta experiência no poker. O jogador joga cash game high-stakes de pot-limit Omaha sob o pseudônimo de “TheCleaner11”.

O curioso sobre seu nick é que ele foi escolhido devido a um duelo contra um dos principais jogadores do mundo: Justin “ZeeJustin” Bonomo. Na época, após uma sessão contra Jorryt, que usava o nickname “Jorrytvh”, Bonomo foi perguntado contra quem ele estava jogando. O norte-americano respondeu: “I don’t know, but he cleaned me out” [Eu não sei, mas ele me limpou].

ASSENTO 4: MARK NEWHOUSE (ESTADOS UNIDOS) Stack: 3º – 26.000.000 (65 bbs) Ele é o cara para quem os holofotes estão virados. Desde o boom do poker, no ano de 2003, apenas Mark Newhouse conseguiu chegar a duas mesas finais no Main Event da WSOP — e de forma consecutiva. Campeão do World Poker Tour Borgata 2006, o norte-americano, um dos jogadores mais experientes da mesa final, quer apagar a “desastrosa” 9ª colocação conquistada no November Nine do ano passado.

Assento 5: Andoni Larrabe (Espanha) Stack: 4º – 22.550.000 (56 bbs) Torcedor fanático do Athletic de Bilbao, Andoni Larrabe quebrou um jejum de 13 anos sem espanhóis na mesa final do Main Event. Outro morador de Londres, o profissional conquistou o melhor resultado da sua carreira no PCA 2013. Ele venceu o Evento #18 da série e faturou US$ 218.710.

cardplayerbr

35


Assento 6: William Tonking (EUA) Stack: 7º – 15.050.000 (38 bbs) Mais conhecido por seus feitos nos cash games online, Tonking conseguiu ficar ITM nos três torneios da WSOP que disputou neste ano. Se conseguir acumular fichas, pode ser tornar um adversário perigoso.

Assento 7: Dan Sindelar (EUA) Stack: 5º – 21.200.000 (53 bbs) Dan Sindelar tinha um péssimo retrospecto no Main Event. Mas em sua sétima participação no torneio, ele não só conquistou o primeiro ITM como também foi para a mesa final. Aos 31 anos, seu melhor resultado no poker foi o título do Fall Poker Classic 2007, em que ganhou US$ 105.000.

Assento 8: Martin Jacobson (Suécia) Stack: 8º – 14.900.000 (37 bbs) Um dos principais destaques do Main Event, Martin Jacobson passou o torneio todo entre os líderes, mas quando retornar ao seu assento, ele terá o segundo menor stack. Com cerca de US$ 4,8 milhões conquistados em torneios ao vivo, ele é o finalista com os melhores resultados entre os November Nine. Ele já chegou a outras mesas finais da WSOP, WSOP Europa e EPT.

36

CardPlayer.com.br


cardplayerbr

37




40

CardPlayer.com.br


O Homem que mudou O POKER NA NORUEGA

OLA “ODD ODDSEN”

AMUNDSGAARD

Por Brian Pempus

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

Ola “Odd Oddsen” Amundsgaard é um dos casos mais recentes de jogador de cash game online que fez a transição dos limites médios para os “nosebleeds”. Em 2013, o norueguês foi o quinto jogador mais lucrativo da modalidade. Apenas no Full Tilt, ele lucrou quase US$ 2.000.000. Suas habilidades para tomar decisões rápidas e jogar milhares de mão por mês têm como base os jogos de computadores (electronic sports), muito populares nos países nórdicos. Só que não foram os seus ganhos ou sua sede por competição que o fizeram ganhar fama no mundo, mas a sua luta para a legitimação poker online na Noruega. Disposto a mostrar que o poker é um jogo de habilidade, ele desafiou um político local para uma batalha heads-up. As consequências foram surpreendentes — e vocês conferem nesta matéria com o fenômeno da Noruega.

O INÍCIO NO POKER Ola conheceu o poker em 2005, quando era apenas um adolescente. Naquela época, ele jogava Counter-Strike e Starcraft, games de computador populares em todo o mundo, até que seu irmão lhe chamou a sua atenção. “Ele me perguntou por que eu continuava a jogar ‘coisas estúpidas’ sem ganhar dinheiro”, conta Ola. “Então, ele me mostrou o poker. Logo percebi que as pessoas cometiam erros bobos e que as oportunidades para ganhar dinheiro eram muito boas”. A natureza competitiva do poker, a liberdade e a possibilidade de fazer dinheiro encantaram Ola, e quando ele finalmente completou 18 anos, começou a jogar na própria conta. Naquela época, ele já sabia como fazer seu bankroll crescer, mas ainda precisava aprender a não quebrar.


Ele então trocou os cash games pelos torneios, conseguiu alguns bons resultados por volta de 20062008 e um bankroll de cinco dígitos, mas acabou quebrando novamente. No entanto, Ola não estava preocupado. Ele sabia que podia bater o jogo, então voltou sua atenção mais uma vez para os cash games, dessa vez, para o pot-limit Omaha, não para o hold’em. “Eu conhecia alguns caras da Noruega que estavam ganhando bastante dinheiro jogando PLO”, conta Ola. “Eu entrei em contato com um deles, que jogava futebol comigo. Ele me recomendou jogar PLO, já que as pessoas naquele tempo ainda não eram muito boas, e me disse que o futuro da variante era muito mais promissor do que o do hold’em”.

LEVANDO A SÉRIO Ola se apaixonou pelo Omaha rapidamente. Segundo ele, por as mãos terem equidades bem próximas no pré-flop, os jogadores ruins sentiam que poderiam ter mais chances de vencer. “Por pagarem 3-bets e 4-bets fora de posição, os jogadores fracos não eram punidos como no hold’em”, diz o norueguês. “Bom, eu também gostei mais porque há mais ação e, se você tem um bom jogo pós-flop, pode entrar em muitas mãos”.

42

CardPlayer.com.br


cardplayerbr

43


Naquele momento, Ola estava jogando em mesas com blinds de no máximo 50 centavos. Seu bankroll era de US$ 5.000. Foram três anos de muito grind até chegar às mesas de $25-$50. O caminho foi cheio de percalços. Em certo momento, jogando $3-$6, Ola chegou a perder US$ 45.000 em uma única sessão. Ele atribui o seu sucesso e o poder de recuperação ao fato de ser capaz de jogar 16 a 24 mesas ao mesmo tempo — e em alto nível. Três anos podem parecer muito, mas conseguir ir das mesas de $0,25-$0,50 para as de $25-$50, jogando sempre dentro do bankroll, é um feito louvável. “Era uma rotina insana”, revela Ola. “Acho que a minha habilidade de jogar muitas mesas de uma só vez vem da minha infância, quando eu jogava Starcraft. Nesse jogo é preci-

44

CardPlayer.com.br

so fazer as coisas de maneira muita veloz. É preciso pensar uma estratégia em pouco tempo, e são as suas ações por minutos que definirão a sua efetividade. Também acho que os jogos de computador me ajudaram a desenvolver um cérebro que reage instintivamente a várias situações e de maneira bastante rápida. Quando você joga 20 mesas 6-max ou 12 mesas de heads-up ao mesmo tempo, você é obrigado a tomar decisões rápidas, caso contrário, seu tempo acaba e você perde dinheiro”.

A ASCENSÃO AOS NOSEBLEEDS Ola conta que teve sorte quando chegou ao $25-$50, pois havia muita ação e jogadores abaixo da média nas mesas 6-max de $50-$100, e admite


que o momento teve papel fundamental em seu avanço. “Hoje, há poucos jogos correndo. Então, se quiser chegar aos high-stakes, você é obrigado a jogar com os melhores”, diz. “De outra maneira, você não vai conseguir colocar volume. Tive sorte que existiam bons jogos diariamente. A variância também esteve ao meu lado quando tentava uns tiros nos limites mais altos. Isso é fato”. Na época, ser um desconhecido também ajudou. Vários regulares davam a ele a ação necessária para construir o bankroll de um “nosebleeder”. Ainda assim, quando as sessões não eram boas, ele dava um passo para trás. Apesar da vontade de jogar com os melhores, Ola sempre foi bastante conservador com o seu bankroll.

Meu bankroll foi construído com sangue, suor e lágrimas, então eu o trato como um filho”

cardplayerbr

45


Você pode jogar o seu melhor, nunca cometer erros, colocar bastante volume e ainda ficar no vermelho durante meses. Isso mexe com o seu psicológico” “Meu bankroll foi construído com sangue, suor e lágrimas, então eu o trato como um filho”, conta. No entanto, às vezes, ele vende parte de sua ação. “Meus riscos são todos calculados. Eu não sou o cara que joga bem se grande parte do bankroll estiver na mesa”. A paciência foi recompensada, e quando ele finalmente se firmou no último nível dos cash games online, foi um sentimento indescritível: “Lembro-me da primeira vez que joguei na $200-$400 do PokerStars. Fiquei nervoso, mas eu estava pronto, e o mais importante: confortável. Eu sabia que tinha uma grande vantagem ali. Estava certo que se fizesse a mesma coisa que vinha fazendo há milhões de mãos, seria lucrativo. Foi um momento de grande orgulho. Finalmente, eu tinha conseguido atingir o meu objetivo. Na primeira sessão, fiquei US$ 270.000 positivo e não consegui dormir. A energia era incrível”. Alcançar o ponto mais alto no poker online impressionou um de seus pais, mas deixou o outro com um sentimento ruim. “Meu pai me apoiava sempre”, diz Ola. “Ele me liga várias vezes na

46

CardPlayer.com.br

semana para saber como estou indo, apesar de eu não gostar disso. Porém, minha mãe é muito conservadora e não gosta que eu jogue poker para viver. Ele acredita que é um jogo desonesto de apostas. Mas acho que isso seja por causa da sua experiência no passado. Meu avô tinha uma mina de cobre por volta de 1900 e, pelo que ouvi, ele bebia e jogava muito poker nos finais de semana”.

O que o faz tão bom Ola acredita que o poker é um jogo muito difícil para mente a humana, principalmente o PLO: “Você pode jogar o seu melhor, nunca cometer erros, colocar bastante volume e ainda ficar no vermelho durante meses. Isso mexe com o seu psicológico. É muito fácil ser orientado apenas pelo resultado, especialmente em PLO. Então, trabalhar sempre com o seu objetivo em mente é crucial. As pessoas não têm autocrítica quando se trata do próprio jogo, mas essa é um qualidade imprescindível”. Rever suas sessões sempre foi um importante aspecto no seu crescimento, mas aprender com os melho-


Leve os torneiosa pra dentro de cas

: BARALHOS E ACESSÓRIOSR WWW.COPAGLOJA.COM.B


res foi fundamental. “A grande razão por eu estar hoje nas nosebleeds é porque aprendi muito com jogadores melhores do que eu”, conta. “Bum hunters [jogadores que escolhem mesas exaustivamente] têm uma visão muito limitada do jogo. Esses caras nunca vão melhorar tão rápido quanto eles poderiam. Não estou dizendo que você deve enfrentar jogadores melhores do que você o tempo todo, mas de vez em quando é preciso sentir como é jogar contra pessoas com estratégias superiores a suas. Várias dessas coisas poderão ser utilizadas nos limites que você joga”. Como todos os jogadores, Ola ainda luta contra algumas falhas no seu jogo. Ele tem que se vigiar para não entrar no que chama de “modo zumbi”, ou seja, as vezes que ele começa a jogar no piloto automático. Segundo Ola, nos limites em que está, manter o foco e jogar de acordo com o seus

48

CardPlayer.com.br

oponentes é crucial. “Nesses tempos em que os ganhos são menores e a vantagem sobre o adversário é mínima, não jogar o seu A-game pode ser catastrófico”, conta. De acordo com o norueguês, os melhores jogadores das mesas nosebleeds ganham apenas dois ou três big blinds a cada 100 mãos. Com esses números em conta, Ola revela que só conseguiu subir de limites porque ele tem consciência do que o tilt pode causar — e ele aprendeu como evitá-lo. “A variância no PLO é insana”, revela. “Eu não acho que a mente humana está apta a entender completamente esse jogo. Já vi pessoas que pegaram uma variância inacreditável e ficaram 300 buy-ins no vermelho, mesmo com o all-inEV positivo”. Ola é humilde o bastante para admitir que ainda não pegou essa fase de variância negativa, mas ele sabe que ela virá.


Hac Dang

No fim do arco-iris O maior pote da carreira de Ola foi em 2012, nas mesas de $200-$400 do PokerStars. Com A♣ A♠ K♣ 8♥ e um stack de $183.433, ele estava no cutoff. “Axelf82”, com $50.000, abriu raise para $1.200 do UTG. Para induzir um possível squeeze, Ola apenas pagou. Um oponente no button deu call, e Hac Dang ($108.000) deu raise-pote para $6.400 no small blind. O UTG deu fold, e a ação voltou para Ola que deu uma 4-bet-pote para $22.000. O button deu fold e Dang pagou. O flop veio J♥ 7♦ 5♠, e Dang saiu atirando o pote: $46.800. Ola empurrou all-in, Dang pagou mais $40.000 e mostrou K♦ J♣ 10♥ 9♣, top pair e broca. Com seus Ases secos, Ola era 55% favorito. O turn foi um 3♣, e o river um 4♣, dando a Ola um pote de $220.000. “Essa mão revela o tipo de variância envolvida no PLO. Se eu estivesse no lugar do Dang, eu teria jogado da mesma maneira”, revela Ola. “Foi o meu primeiro pote acima de $150.000. Digo-lhe que meu coração foi a mil, e pareceu que tanto o turn quanto o river caíram em câmera lenta. Eu fico calmo sempre que jogo uma mão, mas sempre que o pote passa de $100.000, sinto meu coração acelerando. Mas isso é bom, pois mostra que de alguma maneira eu dou importância ao dinheiro. Mas ficar estressado é ruim. A chave é achar um equilíbrio”.

cardplayerbr

49


Senti como se todo o futuro para a legalização poker na Noruega estivesse sobre os meus ombros” Mudando o poker na Noruega Ola não está feliz da maneira como o poker é visto e taxado na Noruega, então ele tentou mudar as coisas ele mesmo e fez um desafio público a qualquer político norueguês. O duelo consistia em 10.000 mãos de PLO. Se ele perdesse, daria US$ 170.000 ao adversário, mas se ganhasse, o político em questão teria que lutar pela legitimida-

de do poker como jogo de habilidade e contra os abusos tributários. Um legislador do partido Conservador-Liberal, Erlen Wiborg, aceitou, e a partida foi agendada para o dia 07 de dezembro de 2013. “Senti como se todo o futuro para a legalização poker na Noruega estivesse sobre os meus ombros”, conta. “Eu pensei: ‘Se eu perder essa partida, não só perderei

O político Erlen Wiborg sofreu uma derrota humilhante para Ola em apenas uma sessão. 50

CardPlayer.com.br

dinheiro, mas toda a esperança da legalização do poker online por aqui’. Então, perder significaria um futuro sombrio para mim, para os jogadores noruegueses e para todo o poker da Noruega”. De acordo com Ola, Wiborg tinha certa experiência no poker, mas não foi o que pareceu quando o heads-up começou. A batalha, originalmente agendada para durar vários meses, foi realizada no Centro de Conferência de Oslo e só durou uma sessão. O político jogou a toalha depois de perder 26 buy-ins em cerca de 1.000 mãos. Foi um massacre. Os dois jogaram com blinds de $0,50-$1. Depois da humilhante derrota, Wiborg concordou em envergar a bandeira do poker no País. “Espero que isso tenha servido pelo menos para colocar o poker em pauta”, desabafa Ola.



Derrotado por Obama nas eleições de 2008, John Mccain foi flagrado jogando poker durante uma reunião no Congresso.

Ola também tem esperanças de conseguir apoio de outros países e que o poker possa ser visto como um esporte da mente, a exemplo do xadrez. Ele acredita que os Estados Unidos devem puxar a fila. Homens como o Joe Barton e John Mccain podem fazer a diferença. O primeiro é um ávido jogador de poker e, no passado, propôs uma lei federal a favor do poker online. O segundo perdeu a eleição presidencial em 2008 para Barack Obama e foi pego jogando poker em seu telefone durante uma reunião no Congresso. “Os jogadores de poker estão na Capitol Hill, talvez algum jogador devesse desafiá-los”, finaliza Ola.

52

CardPlayer.com.br

Um futuro com menos poker Como muitos profissionais que passam anos em ritmo pesado de grind, Ola acha que pode cortar o poker online da sua vida alguma dia, já que o jogo é muitas vezes estressante e solitário. “Perder e ganhar seis dígitos todos os dias é complicado. Eu preferiria um emprego com salário fixo, principalmente quando constituir família”, revela. “O dia que eu perder a motivação para seguir melhorando, então vou parar e procurar outros desafios na vida”. Atualmente, Ola faz meio-período de Ciências da Computação. Ele gosta de ir à escola e ter uma vida social, isso ajuda com a monotonia da roti-


na online: “É sempre bom manter a cabeça fresca com outras coisas além do poker, isso me ajuda a não pirar”. Outro motivo que pode levar o norueguês a largar o poker é algo completamente paralelo à sua vida pessoal. Segundo ele, o limit hold’em é um jogo que foi “basicamente desvendado” por computadores e isso pode acontecer com outras modalidades no futuro. “Eu realmente acho que o PLO será resolvido por computadores nos próximos 10 anos. Mas como é uma modalidade bem complexa e avançada, essa será a última variante do poker que terá todos os seus segredos desvendados”.

Perder e ganhar seis dígitos todos os dias é complicado. Eu preferiria um emprego com salário fixo, principalmente quando constituir família”

Ola derrotou facilmente Erlen Wiborg nas mesa de PLO.

cardplayerbr

53




ASES NA

MANGA por Felipe Mojave

N

o artigo desta edição, vou comentar uma mão que joguei já na World Series of Poker, que segue a todo vapor. A mão aconteceu em um evento de US$ 1.000, cujo stack inicial é de 3.000. Os blinds eram 50-100, terceiro nível, e eu tinha 6.500 fichas. Naquele momento, a mesa me reconhecia como um jogador bastante agressivo, principalmente pelo fato de eu ter mixado bons blefes com mãos de valor, consequência de eu ter jogado, até então, um número bastante elevado de mãos. Um dos melhores jogadores da mesa, no meu julgamento momentâneo, abre raise do UTG+1 para 250 fichas. Uma jogadora desconhecida da Alemanha, bem tight, dá o call. Ele tem 5.400 fichas, e ela, 2.300. A ação chega até a mim no BTN. Segurando A-A, faço uma 3-bet para 775 – é bom pon-

56

CardPlayer.com.br

tuar que eu havia acabado de ganhar dois potes com 3-bets, em que os oponentes tinham dado fold. A ação volta ao UTG+1 que aplica uma 4-bet para 1.350. Depois de pensar por um bom tempo, a alemã vai all-in por mais 2.250, um total de 2.500. A ação volta até mim novamente. Como dizemos no poker, “um sonho”. Ter a chance de pilotar um stack de quase 150 big blinds, no início de um torneio em que todo mundo tinha 30, seria uma vantagem monstruosa. Pensando nisso, resolvi aplicar o “slowplay do slowplay”, e apenas pagar o all-in dela, tentando incentivar o UTG+1 a continuar na ação. Nesse caso, eu tinha colocado os meus adversários em mãos bastante específicas para executar essa jogada. O risco era bem menor ali, pois estava jogando contra mãos legítimas. Meu oponente do UTG+1 deu o call e ficou com 30 big blinds para trás.


@cardplayerbr

57


Nesse momento, eu acreditava que a alemã tinha um range que não poderia fugir de A-Q ou J-J. No caso do UTG+1, na minha cabeça, salvo raras exceções, era A-K ou Q-Q. O flop veio 6-8-9, rainbow. Meu oponente saiu apostando 400 fichas, e eu fui all-in. Ele pagou instantaneamente com Q-Q. Ela tinha J-J. Contra aquele range pré-flop, minhas chances de vencer, contra ambos os oponentes, era de 70% – ou seja, as mesmas do que as de jogar contra uma mão dominada, A-K versus A-Q, por exemplo, mas ganhando mais que duas vezes a minha quantidade de fichas. Foi uma jogada bastante inusitada, mas analisando o risco x retorno, valia à pena. Já no flop, as minhas chances aumentam para 80%. Infelizmente um 10, no turn, e uma Q no river me fizeram perder tanto o pote principal quanto o paralelo. Independente do resultado da ação, a análise situacional foi satisfatória. Mesmo contra oponentes desconhecidos, duas horas, nesse limite, são suficientes para um bom jogador ter uma clara noção da mesa que está jogando. Depois, fiquei imaginando se eu tivesse ido all-in pré-flop. Por mais que eu tivesse um perfil agressivo, o fato de isolar a ação contra uma jogadora tight demonstraria muita força, o que acabaria forçando o meu oponente a dar o fold com uma mão totalmente dominada.

58

Pelo lado da jogadora alemã, acredito que ela tenha executado a jogada correta. Era totalmente plausível que eu aplicasse uma 3-bet light do botão, assim como o UTG+1 poderia estar contra-atacando com uma 4-bet light, que tende a representar muita força, mas que também pode ser uma jogada bem planejada em cima de um jogador mais agressivo. Espero que vocês tenham gostado deste artigo. Em breve, trarei mais experiências na maior série de poker do mundo.

Felipe Mojave @FelipeMojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games, profissional do Lock Poker e membro do My Poker Squad.



BETMOTION FECHA PARCERIA COM CASINO CARRASCO E CIRCUITO URUGUAIO DE POKER Nos dias 3 e 4 de Outubro aconteceu em Montevideo, no Uruguai, o primeiro Torneio Montevideo Premium Poker – Casino Carrasco, que teve a participação de 113 jogadores e uma premiação que chegou a US$76.000.

Betmotion.com recomenda o Sofitel Montevideo Casino Carrasco & Spa como a melhor opção para se hospedar, se divertir e relaxar no Uruguai. Conheça mais em: www.casinocarrasco.com.uy


O palco desse torneio foi o elegante e refinado Hotel Sofitel - Casino Carrasco, uma luxuosa construção inaugurada em 1921, que depois de restaurada se tornou um dos mais luxuosos hotéis 5 estrelas de toda América Latina. O hotel conta com 116 luxuosos e confortáveis quartos, além de um restaurante de nível internacional e um suntuoso Spa. O torneio contou com uma série de satélites ao vivo, dentro do próprio Casino Carrasco, e satélites online disponíveis durante três semanas dentro do Betmotion Poker.

Essa primeira edição do Montevideo Premium Poker foi um sucesso. A classificação final ficou da seguinte forma: Campeão 2º colocado 3º colocado 4º colocado 5º colocado 6º colocado 7º colocado 8º colocado 9º colocado 10º colocado 11º colocado

Joaquín Walter Jorge Onetto Jorge Iraldi Daniel Campodónico Ismael Arroy Aleksandronch Gonbachenko Yury Kerzhapkin Daniel Tashiro Mario Goyena Julio Arocena Joaquín Melogno

US$24.450 US$12.100 US$7.500 US$6.000 US$5.000 US$4.000 US$3.000 US$2.400 US$2.000 US$1.400 US$1.000

Pablo Beson e Germán Barbé, os diretores do CUP (Circuito Uruguaio de Poker) e da Revista Mundo Poker, comemoram o sucesso do torneio, e mais que isso, brindam à parceria entre a entidade e o Betmotion Poker. O Circuito Uruguaio de Poker está se encerrando em 2014 de uma forma muito exitosa, o circuito corre o país, dando a oportunidade de divulgar nosso esporte e, ainda por cima, fortalecer o Poker dentro do Uruguai, coroando ao final da série nosso campeão nacional”, diz Pablo Beson.

“A parceria atual com o Casino Carrasco e o Betmotion é a certeza de que o trabalho está sendo feito de forma profissional e alcançando patamares nunca antes alcançados”, complementa Germán Barbé.

Pablo Besón (diretor do CUP), Leonardo Baptista (COO e Sócio Betmotion.com) e Germán Barbé (diretor do CUP).


AND istory AARON JONES E O CONTROLE DE POTE NO POT-LIMIT OMAHA Na edição de aniversário da Card Player, a estreia da seção Hand History. Todos os meses, um profissional renomado analisará as nuances por trás de uma mão específica que aconteceu ao vivo ou online. Você também pode participar. Basta enviar um e-mail, com uma jogada que você julgue interessante, para contato@cardplayerbrasil.com ou para nossa página no facebook.

o profissional Aaron “AEJones” Jones é uma das mentes mais brilhantes do poker moderno. Seu pensamento estrategista o levou a criar o LeggoPoker.com, um site de treinamento em que ele fala sobre as mais diversas variantes do poker. Agora, Jones é um profissional de cash games do Ivey Poker, site fundado por Phil Ivey. Sua especialidade é NLH 6-max, mas ele também alcançou sucesso em outras modalidades do poker. Seus ganhos em torneios, online e ao vivo, chegam a meio milhão de dólares. Nos cash games online, ele já ganhou cerca US$ 1,6 milhão.


AND istory A MÃO

Em um cash game ao vivo de pot-limit Omaha $2-$5, o Herói ($3.200) está no hijack e abre um raise-pote segurando 9♦9♥7♦7♥. O cutoff paga, assim como o jogador no button, ambos com mais fichas que o Herói. O flop vem 10♦7♣5♥, e o Herói aposta $45. O jogador no CO larga, mas o BTN dá reraise para $205. O Herói faz tudo $675 e é pago. O turn é um 8♦, o Herói aposta $1.400 e novamente é pago. O river é um 4♣, o Herói empurra seus últimos $1.100 para o meio. O BTN paga, mas manda suas cartas para o monte ao ver a trinca de Setes do Herói.

Mas mesmo jogando bem pós-flop, é preciso ter cuidado quando estamos deep stack, pois podemos encontrar uma trinca maior do que a nossa. Você não vai querer colocar todo seu dinheiro em jogo em um flop Q-9-X com 9-9-7-7. Mas se você possui um SPR baixo, então pode colocar suas fichas no pano tranquilamente. Neste momento, especificamente, temos que nos preocupar um pouco, já que estamos bastante deep.

E qual o seu range de mãos para abrir raise do hijack?

A ANÁLISE Você gosta de abrir raise com a mão do Herói? Uma mão como 9-9-7-7 double suited deve-se, sim, dar o raise. É uma mão prêmio. Quaisquer mãos com dois pares são boas o bastante para abrir o pote de qualquer posição. Elas jogam muito bem em PLO, especialmente em potes contra apenas um jogador, já que você pode acertar uma trinca e colocar todo o seu stack em jogo se tiver um stack to pot ratio (SPR) baixo. Se o seu oponente acerta top pair em um flop como 10-7-X, segurando K-Q-J-10, ele provavelmente não largará a sua mão, já que terá boas odds contra mãos como A-A-X-X.

É difícil dizer, pois há centenas de combinações em PLO. Acredito que quaisquer quatro cartas maiores do que oito ou nove, quaisquer cartas em sequência (rundown) ou mãos com apenas um gap.

O Herói sai apostando $45, e o Vilão dá raise para $205. Sabemos que ele é um maníaco e que, em muitas situações, enxerga um valor muito maior do que deveria (overvalue) em uma mãos com dois pares. Com essas informações, você daria call, fold ou reraise?

estamos praticamente mortos contra um trinca maior. Nós sempre podemos avaliar o turn. Por exemplo, se o turn for uma Dama, e identificarmos fraqueza, podemos dar check-raise-pote. Se o turn for um Dois, sempre poderemos dar check-raise-pote, mas em qualquer turn podemos dar check-call. Então, contra a maioria dos oponentes, vou apenas pagar o raise. Porém, contra esse supermaníaco, acho que devemos dar reraise para $700, ou o valor que caiba no pote, e ir até o final. Isso já deixa o cenário praticamente armado para um all-in no turn. Obviamente, existem algumas cartas ruins que podem aparecer, mas nenhuma que seja horrível, acredito. Contra esse cara, com a segunda melhor mão no flop, vou simplesmente dar um reraise-pote. Contra qualquer outro jogador, vou apenas pagar. Ele apenas pagou?

Não. Ele ele deu um raise-pote de $675. Bem, realmente não há razão para fazer um aumento menor do que o pote, já que estamos fora de posição. Então, essa é uma boa jogada.

Contra a maioria dos jogadores, eu daria apenas call e esperaria por um turn tranquilo, já que temos reverse implied odds aqui, e

cardplayerbr

63


AND istory

O turn é um 8♦. Essa não é uma carta que gostaríamos de ver, mas agora o Herói tem também um flush draw de ouros. Qual seria sua linha aqui?

64

Você daria mesa para controlar o pote? Você poderia fazer uma comparação entre as razões para o controle do pote e as razões para tentar conseguir valor imediato de mãos piores que estão no range do vilão?

Eu daria mesa, mas pagaria até mesmo uma aposta do tamanho do pote. Agora temos também a chance de acertar o flush, o que provavelmente será a melhor mão cerca de 80% das vezes. E, ainda assim, a trinca será boa em alguns cenários. Há também a possibilidade de um full house, que também seria bom, desde que o river não fosse uma carta como um 10 – já que é provável que o Vilão possa ter algo como J-10-9-8. Então, se damos check-call no turn, também daremos check-call em alguns rivers. Se acertarmos um full house, sair apostando por valor é uma boa opção. Essa é uma excelente mão para dar check-call. Dar bet-call é estranho. Se você aposta e o adversário reaumenta, você ficará desconfortável, pois existem três opções diferentes de sequência no bordo.

Há poucas mãos piores com as quais esse cara empurraria. Mesmo um maníaco iria apenas pagar com 6-4, J-8 ou algo do tipo. Eu não vejo ele empurrando com uma trinca de Cincos, por exemplo. Mas, definitivamente, é possível tomar-lhe todo o stack, se ele tem 5-5, caso o turn seja irrelevante, como um Dois. A verdade é que dar check-call em Omaha é bastante comum. Você está fora de posição, mas tem odds gigantes para acertar um carta de ouros ou para o bordo parear. Em no-limit hold’em, você não vai querer fazer isso com frequência, já que sua mão ficará óbvia para o seu oponente, mas em PLO é normal, já que teremos sempre, na pior das hipóteses, odds de 2-para-1.

O Herói acabou apostando o pote ($1.400).

Então você não vê nenhum valor imediato em apostar no turn?

Agora ele tem que ir até o final. É obviamente uma mão que tem muita equidade contra um louco, e não podemos dar fold se ele empurrar. Basicamente, já estamos de all-in.

Não, é estranho apostar no turn. Se o turn fosse uma Q, seria sensato apostar, já que ele pode ter algo como Q-J-10-X. Desde que ele não tenha uma trinca de Dez, é improvável que ele tenha uma de Damas, levando em conta que ele deu raise no flop e pagou a nossa 3-bet. Realmente não gosto de apostar no turn. Você precisa controlar o pote em várias situações em PLO.

CardPlayer.com.br


cardplayerbr

65


AND istory Bom, o Herói apostou e foi pago. Nós ainda iremos até o fim no river? Ele foi pago? Então estamos bem, não nas nuvens, mas podemos ficar tranquilos. Mas não “atolaremos” em qualquer river. Quero dizer, se o river for um K, vamos dar check-call. Quando ele paga o turn, acredito que tenha um flush draw ou algum overpair com flush draw – o que parece improvável, dado o raise no flop, mas ele pode ter algo com Q-J-10-8, que ficou para o flush no turn. Bem, ele também pode ter dois pares, que nos estamos à frente, ou 9-6, que ele nunca vai dar fold. E qual foi o river?

O river foi um 4♣. O que você faria? Nesse momento, eu daria check e tentaria uma “leitura de alma”. Se ele tem 7-6 e completou o straight, não acredito que ele iria all-in por valor. Ele nunca irá dar fold com 9-6, e há algumas mãos aleatórias, contendo um 10, que ficaram para o flush no turn e que eu espero que ele tente blefar. Há quatros possibilidades de sequência no bordo, então eu pediria mesa e veria a sua reação. Eu olharia para as fichas deles, o que ele faria com elas, quão rápido ele apostaria e se ele conferiria suas cartas mais de uma vez. Acredito que isso me daria mais informações para decidir o que fazer.

ENTENDA O CONCEITO BÁSICO DE STACK TO POT RATIO (SPR) SPR nada mais é que o stack efetivo dividido pelo tamanho do pote no flop. Vamos dizer que em um cash game $1-$2 de NLH, você abre raise para $8, o CO paga e ambos os blinds dão fold. Vocês tem o menor stack ($100), portanto o stack efetivo, então o SPR seria de 4.8 (92/19). Um SPR é considerado baixo quando está entre 0 e 6. Médio quando está entre 7 e 16. Alto quando está acima de 17 (números que variam do Omaha para o Hold’em e dos cash games para os torneios). Um exemplo prático é quando você segura A♦Q♣ em um flop Q♥T♥9♠. Você tem o top pair/top kicker, mas em um bordo extrema-

66

CardPlayer.com.br

mente conectado, com flush draw e chances para sequência. Você irá tranquilamente de all-in caso o pote contenha $10, e os stacks efetivos sejam de $40 (SPR = 4). Contudo, caso o pote tenha os mesmos $10, mas os stack efetivos sejam de $300 (SPR = 30), é preferível não se deparar com uma situação em que haja muita resistência, e é melhor que você possa levar o pote sem se arriscar demais. Em NLH, trincas são ideais para entrar em potes com SPR alto. No entanto, em PLO, elas já se tornam vulneráveis, principalmente as baixas, e você irá preferir entrar em potes com SPR baixo.


cardplayerbr

67


BSOP

MILLIONS 2014

Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.

25 DE NOVEMBRO A 3 DE DEZEMBRO

68

FESTIVAL DE 9 DIAS DE POKER 36 EVENTOS PREMIAÇÃO GARANTIDA DE R$5.000.000,00 CLASSIFIQUE-SE AGORA PARA O BSOP MILLIONS 2014 APENAS NO MAIOR SITE DE POKER GRATUITO DO MUNDO

nós somos poker CardPlayer.com.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.