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Publicação trimestral l dezembro 2016 l número XLVI ( 46 )


C.M.P. distingue os melhores alunos

As três alunas da AEAS distinguidas pela Câmara Municipal do Porto com elementos da Direção da AEAS

Na foto, da esquerda para a direita: Mariana Filipa da Costa (ensino secundário), Dr.ª Manuela Violas (Adjunta), Ana Maria Teixeira Neves (3º ciclo), Matilde Nogueira Monteiro de Pinho (2ºciclo), Dr.ª Delfina Rodrigues (Diretora do AEAS), Dr.ª Beatriz (Adjunta) e Dr.ª Teresa Miranda (Subdiretora)

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Ana Maria Teixeira Neves foi a melhor aluna do Município do Porto, do 3º ciclo do ensino básico, e recebeu uma medalha e um computador pessoal patrocinado pela Hewlett Packard. Estivemos à conversa com a Ana e percebemos que a sua fórmula para o sucesso passa pela atenção às aulas e pela dedicação e estudo sistemático. Ela própria reconhece que o gosto pela leitura e a apetência natural pela matemática dão uma ajuda preciosa. Conta com o apoio dos pais que a rodeiam de livros e lhe permitem sonhar com o desejo de ser médica pediatra. A Ana, agora a frequentar o 10º de Ciências e Tecnologias, continua na nossa Escola e sente-se muito motivada. Fui professora da Ana Neves durante três anos. Não posso esquecer a evolução que demonstrou nas suas relações interpessoais. Falar da Ana Neves é falar de inteligência, empenho, rigor e

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determinação. Parabéns Ana! Palavras da professora de Ciências Maria da Graça Gouveia

Prémio de Mérito Escolar Rumo à Excelência – Ano Letivo 2015/16 “A entrega dos prémios teve lugar nos Paços do Município, no dia 27 de

setembro. Inserido no programa educativo municipal Porto de Futuro, o Rumo à Excelência visa a promoção do mérito escolar na população estudantil da cidade do Porto”. Adaptado de http://www.porto.pt/noticias

Equipa Jornalesas Ana Filipa Ramalho,11ºG

Na foto: Ana Maria Teixeira Neves, a melhor aluna do Município do Porto, do 3º ciclo do ensino básico


Escola para pais ? Quando fui aluna na Escola Secundária Aurélia de Sousa, estava longe de imaginar que um dia ia lembrar-me de propor à estação televisiva Porto Canal uma rubrica chamada “Escola para Pais”! Com uma linguagem simples e propostas práticas no momento “mãos à obra” já muitas ideias viajaram para muitas famílias! Recentemente fui mãe e surgiu a ideia de levar à Escola para Pais a Escola dos filhos! O tema dos meses de Setembro, Outubro e Novembro foi “A Tríade: Criança/Jovem, Pais e Professores!” Começamos com uma Educadora do Berçário e percorremos as diversas infâncias até chegar à adolescência e ao ensino secundário! E claro, a minha referência do ensino secundário, a professora Manuela Violas, felizmente aceitou o convite para me acompanhar duas vezes e fê-lo de uma forma exemplar! Desta vez, acompanhou uma Sara Berény com 29 anos, muito feliz por ser mãe e com muitas ideias e projetos para tornar a Vida das crianças e dos jovens ainda melhor! E é à minha querida professora Manuela Violas que dedico este texto que, com muita honra, aparece aqui no Jornalesas, o Jornal da minha escola do secundário! Sara Berény (antiga aluna da Escola Secundária Aurélia de Sousa, Psicóloga na Clínica Vila Maria Alice e na escola OSMOPE e responsável pela rubrica Escola para Pais no Porto Canal) Contactos: sara_bereny@hotmail.com Clínica VMA: no Facebook https://www.facebook.com/ CLINICAVMA/ e através do 91 767 30 38 Link para visualizar os programas:

http://portocanal.sapo.pt/um_video/ c4fcpiKz21eUHJaq0wc5 http://portocanal.sapo.pt/um_video/ vv7zjNeZYzLQLMgQP6rM

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embro-me bem que, nos meus 15, 16, 17 e 18 anos, a curiosidade pelas pessoas, pela sociedade, pelo mundo e, sobretudo pelas crianças, já era muito grande… Escolhi Humanidades pelas no 10º ano e, apesar de ouvir tantas vezes “isso não dá para nada”, estava convicta de que estavam todos enganados!!! O apoio e entusiasmo, esses sempre os tive dos meus Pais e dos meus Professores! Eu, a Família e a Escola em sintonia!!! E foi na vivência dessa harmonia que escolhi o curso de Psicologia como primeira opção! Especializei-me em Psicologia Clínica e da Saúde, fui também professora de Ballet, andei no Cambridge, trabalhei na empresa Bial, estagiei no Serviço de Consultas da Universidade do Porto, namorei, fiz muitas coisas até conseguir abrir a minha própria clínica o ano passado, a Vila Maria Alice! De todas estas experiências das Consultas e da OSMOPE, a escola onde também trabalho, senti que o desafio da Parentalidade estava confuso, com muitas dúvidas, receios e anseios … Os problemas com o xixi fora do sítio, as depressões infantis e juvenis, as hiperatividades e os défices de atenção, os problemas de socialização e de comunicação, os divórcios, os comportamentos agressivos e de oposição, as ansiedades e os medos estão intimamente relacionados com a falta de tempo para o diálogo entre os diversos contextos onde os filhos se movem! Tendencialmente a Família e a Escola! São tantas as dúvidas que a nós (Psicólogos e Professores) levantam as famílias relativamente à educação dos seus filhos… O que é afinal educar de uma forma saudável? Como gerar e gerir as novas dinâmicas familiares? A “Escola para Pais” segue uma abordagem preventiva, desenvolvimental e sistémica que respeita a diversidade de contextos familiares e o perfil de cada criança/jovem.


entrevista Marina Viana A professora Marina Viana tem vindo a protagonizar na escola, e fora desta, um papel bastante interessante, personificando a nossa patrona, Aurélia de Sousa, dadas as reconhecidas semelhanças físicas que tem com a artista. A (fiel) representação física por parte da professora tem aberto várias oportunidades de homenagear a pintora.

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Quando veio para a escola já lhe diziam que apresentava semelhanças à artista que deu nome ao estabelecimento onde trabalha? Não, nunca tinha tido essa ideia. Foi há alguns anos no dia da Aurélia de Sousa, com duas alunas de uma turma minha de artes fizemos um quadro vivo e a partir daí começaram a atribuir-me semelhanças com a pintora. Comecei a receber comentários constantes. Falando agora da curta-metragem que protagonizou sobre Aurélia. Como é que teve início este projeto? Tudo se iniciou quando fui contactada em surdina para me vestir de Aurélia de Sousa no dia do seu 150º aniversário,13 de junho, para comparecer de surpresa num almoço comemorativo na escola. Com a colaboração incontornável da D. Sílvia Pereira, mãe de uma ex-aluna e modista de mão cheia, conseguimos uma reprodução fiel do famoso “Auto-retrato de casaco vermelho”. Entretanto, nesse mesmo dia, inauguravam-se os dois núcleos da exposição

“Aurélia, Mulher Artista” e eu fui para o evento na Quinta de Santiago onde me cruzei com o realizador Cristiano Pereira da Oporto Picture Academy (OPPIA) que. coincidentemente, andava à procura de alguém que se assemelhasse fisicamente à pintora, para realizar um filme em Super 8mm. Esta curta-metragem seria o filme de apresentação do V Douro Filme Festival – Festival Internacional de Cinema Super 8mm do Porto. Qual foi a reação por parte das pessoas ao ver o filme? A estreia no Ateneu Comercial a 24 de Outubro contou com a presença das pessoas por quem tenho um apreço incondicional da Direção da escola, elementos do pessoal administrativo e alguns colegas. Ainda que tenha desiludido alguns que pensavam que o filme se assemelharia com aqueles produzidos em Hollywood, quem é cinéfilo e está habituado a ver filmes analógicos de 8 milímetros, soube apreciar o romantismo que esta técnica antiga de filmagem impregna à história e gostou bastante.


Aurélia, mulher artista As filmagens demoraram cerca de 3 dias e ficaram reduzidos a uma curta-metragem que ronda os 8 minutos, com algumas cenas cortadas. Os exteriores foram captados na Quinta da China, enquanto as cenas de interior decorreram na Casa Museu Marta Ortigão Sampaio. Embora o processo tenha sido exaustivo, percorrer o espaço da Quinta da China foi a concretização de um sonho pessoal que por isso mesmo me tocou de forma indelével. Senti-me verdadeiramente privilegiada igualmente por trabalhar com a equipa. O Zé Alberto, diretor de fotografia, e o Cristiano conseguiram admirável e pacientemente transformar-me numa atriz.

Em torno de que tema, mais especificamente, é que se desenvolve o filme? O filme desenrola-se em torno dos hábitos e do quotidiano de Aurélia de Sousa na sua residência na Quinta da China, imaginando tudo o que faria num dia normal. Foi dada especial atenção à rotina artística e ao processo criativo que dava lugar às suas obras.

https://www.facebook.com/OPPIA.Porto/?fref=ts José Miguel Barbosa - 10ºH

No Dia do Diploma, a 30 de setembro, a professora Marina Viana protagonizando a nossa patrona, Aurélia de Sousa.

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Quanto tempo demoraram as filmagens?


ONU l Guterres António Manuel de Oliveira Guterres foi aclamado oficialmente como Secretário Geral das Nações Unidas, no passado dia 13 de Outubro de 2016, Sucedendo a Ban Ki-moon neste cargo, o nosso português torna-se o 9º Secretário Geral, eleito por unanimidade e aclamação. Tomará posse a 1 de Janeiro de 2017, para um mandato de 5 anos.

António Guterres com Ban Ki-moon

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ascido a 30 de abril de 1949 em Lisboa, António sempre demonstrou uma grande capacidade intelectual. Aos 4 anos de idade aprendeu a ler e a escrever por impulso da família. Foi um aluno brilhante, acabando o secundário com uma média de 18 valores e premiado com o prémio nacional de melhor aluno do ano. Para além de ter sido ser um aluno de excelência, Guterres era dedicado à família e à religião. Acompanhava a mãe nas idas à missa e presenciava habitualmente os convívios da Juventude Universitária Católica. Em 1965 entrou no Instituto Superior Técnico (IST), seguindo o curso de Engenharia Eletrotécnica. Licenciado em 1971, iniciou uma carreira académica, sendo regente das disciplinas de Teoria de Sistemas e Sinais de Telecomunicações no IST. Durante a Universidade manteve-se sempre longe da agitação, nunca participou em qualquer manifestação estudantil contra o regime de Salazar, dedicando-se apenas aos estudos. Muito marcado pela educação católica, tornou-se presidente do Centro Social Universitário e conheceu as misérias de bairros como a Curraleira ou a Quinta de Calçada, cujas injustiças sociais presenciadas e o choque despertaram nele maior interesse pela política portuguesa. Esteve também presente em inúmeras ações, entre as quais o apoio às vítimas das cheias de 1967. Para além disso, envolveu-se também no “Grupo da Luz”, um sítio de de-

bates religiosos e sociais, onde conheceu Helena Roseta (deputada do PS e Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa), Marcelo Rebelo de Sousa (atual Presidente da República), António Tavares (Escritor) e Vitor Sá Machado (fundador do CDS-PP). Conheceu Vítor Melícias, sacerdote que acabaria por celebrar o casamento de Guterres com Luísa Amélia. Em 1973, com ajuda de António Reis, tornou-se membro do Partido Socialista. Atraído pelos ideais socialistas, abandonou a carreira universitária e dedicou-se à política. Em 1976, na sequência das eleições legislativas desse ano, ganhas pelo PS, estreou-se como deputado da Assembleia da República, onde acabaria por exercer funções como presidente das comissões parlamentares de Economia e Finanças e de Administração do Território, Poder Local e Ambiente. Foi eleito 5 vezes presidente da Assembleia Municipal do Fundão, cargo que exerceu de 1979 até 1995. Em 1992 foi eleito Secretário-geral do PS e 3 anos mais tarde venceu as eleições legislativas, chefiando os XIII e XIV Governos Constitucionais. Em 2002 demitiu-se deste cargo, sucedendo-lhe Durão Barroso. Passados 3 anos, foi nomeado para o cargo de Altocomissário das Nações Unidas para os Refugiados e aí se manteve até 2015. No âmbito deste cargo, Guterres fez a sua primeira deslocação ao terreno para ver alguns refugiados de Guerra, perto do Sudão e nas margens do alto Nilo.


Guterres l ONU

(embaixador de Portugal junto da ONU), Guterres possui “genuína vocação para as questões mais candentes da era da globalização, com provas dadas nos assuntos relativos a refugiados, uma facilidade muito grande de expressão e comunicação com todos os interlocutores, uma atitude em que a sua modéstia se sobrepõe a qualquer tipo de arrogância, uma enorme capacidade de criar pontes... isso é essencial para a ONU.” O governo Português congratulou-se muito com esta vitória, considerando ser “uma escolha que muito prestigia o país e vem reconhecer o elevado mérito e a notável carreira de serviço público de António Guterres, tanto a nível nacional como internacional, destacando o trabalho que desenvolveu ao longo de dez anos em prol da defesa dos direitos humanos, enquanto Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados - ACNUR”. Maria João Soares, 11ºH

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Rua Santos Pousada, 1204 - 4000 – 483 Porto Tel/Fax.: 225 024 938 / Tlm.: 911 710 979 Email: porto.antas@naomaispelo.pt

A sua experiência em terreno e o facto de ter estado com muitos refugiados foram algumas das razões pela qual ele foi eleito. Ao longo da sua vida, manteve sempre iniciativas no campo da solidariedade: fundou o Conselho Português para os Refugiados e a Associação para a Defesa do Consumidor (DECO), tendo ainda presidido ao Centro de Ação Social Universitário, uma associação responsável por projetos de desenvolvimento social em bairros desfavorecidos em Lisboa. Recentemente, tornou-se uma figura muito importante a nível mundial ao ser eleito para o cargo de Secretáriogeral da Organização das Nações Unidas. No entanto, o português não foi escolhido aleatoriamente. Muitas fontes o descrevem como o homem ideal para este cargo. António Guterres, sendo um homem com uma vocação para fazer o bem, com uma carreira política impressionante, uma capacidade de diálogo e de tolerância muito importante, apresenta-se com valores muito prestigiados para ocupar este lugar. Segundo António Monteiro


nova bíblia O Jornalesas assistiu à apresentação do trabalho do Professor Frederico Lourenço que se debruçou sobre a tradução de uma nova Bíblia, desta vez, a partir da sua versão grega e iniciando-se com o Novo Testamento.

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ais relevância tem este facto se soubermos que o fez sozinho e que pretende abarcar igualmente o Antigo Testamento. O valor desta tradução, como é já reconhecido pelos especialistas, é incalculável. A Ana Catarina Melo, aluna do 12ºF desta nossa Escola, não poderia faltar a este acontecimento, levando consigo uma grande curiosidade (e nossa também) que a fez entrevistar não só o Professor Frederico Lourenço, cuja disponibilidade, humildade e simpatia só pode ser tributo dos grandes espíritos, como também o Padre Rui Santiago que apresentou a obra. O Padre Anselmo Borges esteve igualmente presente na Biblioteca Almeida Garrett, local escolhido para debater a nova tradução da Bíblia. Convidamos-vos, sinceramente, a não perder uma leitura que é uma marca importantíssima e belíssima da Humanidade, agora numa nova versão.

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A sua tradução da Bíblia é um trabalho que é considerado monumental. Qual é a principal diferença desta tradução para outras que foram feitas anteriormente? Professor Frederico Lourenço: A principal diferença está no texto a partir do qual estou a traduzir o Antigo Testamento. Dado que já foram traduzidas para português as versões hebraica e latina do Antigo Testamento, optei por traduzir a versão grega (chamada «Septuaginta»), que contém 53 livros, sendo portanto a mais extensa versão do Antigo Testamento. Esta versão grega é muito interessante, pois foi o Antigo Testamento dos primeiros cristãos. A Bíblia mais antiga que existe um manuscrito do século IV, contendo o Antigo e o Novo Testamento em grego, atualmente no Museu Britânico de Londres - é justamente a Bíblia Grega. Na Biblioteca do Vaticano existe um manuscrito da mesma altura, todo em grego também. Numa recente entrevista ao Expresso, afirma que esta Bíblia é para ser lida igualmente por não-cristãos. Mas quem faz a tradução tem de o ser? Professor Frederico Lourenço: Depende da finalidade da tradução. No caso de tradução da Bíblia que se baseie somente em critérios históricolinguísticos (como é o caso da minha tradução), não é relevante que religião tem o tradutor. A perspetiva sob a qual o texto está a ser trabalhado é objetiva e imparcial. O importante da minha tradução no que toca ao público que a queira ler, é que não parte do princípio de que quem lê é católico, ou protestante ou sequer cristão. Ten-

tei manter essa isenção, o que pode levar a que agnósticos, ateus ou pessoas de outras religiões se interessem por ler a Bíblia que, na minha opinião, é o livro mais fascinante que existe. Qual o conselho que dá aos jovens que tal como eu, frequentam o ensino secundário, para que exista um melhor conhecimento da Bíblia? Professor Frederico Lourenço: O conselho que dou é que se tome consciência da variedade enorme de abordagens possíveis à Bíblia. Muitos católicos por sistema não lêem a Bíblia, o que eu considero uma pena. Por seu lado, os ateus, pelo facto de serem ateus, têm logo uma justificação para passarem ao lado deste livro. Mas a Bíblia tem uma mensagem (na verdade, uma riqueza enorme de mensagens) que interessa a toda a gente, porque a Bíblia - além do que nos diz sobre a relação entre a pessoa humana e Deus - é um retrato fiel da humanidade, em tudo o que ela tem de bom e de mau. Para muitas pessoas que nunca empreenderam essa tarefa, a leitura da Bíblia pode ser um choque. O ser humano é muito, muito mau. Mas depois há um conjunto de respostas aos anseios humanos que vale a pena conhecer. Mas só conhece quem lê por si. Não dá de outra maneira. Foto: Ana Catarina Melo com o Professor Frederico Lourenço Ana Catarina Melo, 12ºF Na ocasião em que foi feita a entrevista ao Professor Frederico Lourenço, não sabíamos que iria ganhar o

Prémio Pessoa 2016.

Parabéns ao Professor e à entrevistadora que teve a ideia de o colocar nas páginas do nosso jornal.


Conferência l economia ABC da Economia Pessoal No âmbito da disciplina de economia, realizou-se uma conferência, dinamizada pela Dra. Ana Passos do Gabinete de Apoio da DECO, que ajuda famílias a renunciar a dívidas, como forma de celebração do Dia Mundial da Poupança, dia 31 de outubro. ou mesmo não pondo um relógio para que as pessoas se percam no tempo e utilizam sempre música suave como pano de fundo, para tranquilizar as pessoas, excepto nas horas de ponta , em que a música é mais agitada. Os jovens são o público mais influenciado pelas campanhas de marketing e de publicidade, sendo assim importante, desde cedo, incentivar os adolescentes a adquirir atos de poupança. Estes são também os principais influenciadores do consumo das famílias. Os agregados familiares têm dificuldade em distinguir necessidades de desejos. As necessidades correspondem a tudo aquilo que é indispensável para a sobrevivência do Homem. Já os desejos são aquilo que torna o homem num ser ambicioso, e correspondem aos bens que não são necessários em geral para a sobrevivência do homem, mas sim para atingir um certo patamar social. Para concluir, a sessão deu-nos uma visão geral do que é poupar e do quanto é importante para as famílias estarem atentos aos riscos do consumo, e “refrescou” a ideia da poupança. ESAS, 26 de outubro de 2016 Ana Filipa Ramalho e Rosa Margarida Costa, 11º G

Did you Know, There are many different ways you can reduce your ecological footprint? 

Save Your Water!

Take shorter and less frequent showers. Run the dishwasher and laundry machine only when they’re full. Close the faucet when you don’t need to use it while brushing your teeth and doing the dishes.

 

11ºA

When Buying Food And Goods:

Shop at your local farmer’s market for more organic and ecological food. Choose food and goods with less packaging to reduce plastic waste.

Making a difference starts with small actions, so take yours now and help keep our planet healthy!

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urante a conferência foram transmitidos alguns factos importantes sobre a poupança entre os quais que 85 por cento dos portugueses não sabe onde gasta o dinheiro e nem controlar o seu orçamento, como é caso do consumo de bens supérfluos, nomeadamente o tabaco (supondo que um indivíduo adquire um maço de tabaco por dia, pelo preço médio de 5 euros, ao fim de um mês, gastará 150 euros). No sentido de evitar estas despesas, todas as famílias são aconselhadas a executar um orçamento mensal, que é uma “fotografia” da sua situação financeira, e que nos mostra para onde vai o dinheiro e o saldo disponível para aplicar de modo a reduzir gastos supérfluos. Em Portugal, a realidade vivida é uma situação de endividamento excessivo, sendo que 59 por cento dos portugueses não efetua quaisquer poupanças, 89 por cento não possui rendimentos suficientes e 9 por cento não acha a poupança uma prioridade. Assim sendo, as famílias que não tem rendimentos suficientes, veem-se se obrigadas a recorrer ao crédito, sendo que 57 por cento pede ajuda aos bancos para poder pagar créditos anteriormente inferidos, devido a situações de desemprego e a cortes salariais. As grandes superfícies comerciais, especificamente os hipermercados e supermercados, aliciam ao consumo excessivo, colocando os bens essenciais no fundo das lojas e os bens de maior valor ao nível dos nossos olhos,


eleições americanas "Como é que vamos explicar isto aos nossos filhos?" - Li dezenas de comentários semelhantes a este. Desde pequenos são-nos incutidas as noções de tolerância, de igualdade e de respeito e, hoje, eleito presidente de uma das maiores potências mundiais da atualidade, temos um ser nacionalista, sexista, racista, com ideias perigosas e sem qualquer conhecimento do mundo ou vontade de aprender. Dia 8 de Novembro de 2016 foi revelado o resultado eleitoral nos Estados Unidos: Donald Trump é o novo Capitão América.

“ Make America Great Again “

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pós longos meses de campanha, os americanos votaram e não foi a maioria que ganhou. De facto, os democratas, com mais 1 000 000 de votos do que os republicanos, entregaram a Mr. Trump a chave da Casa Branca, pois este varreu os votos de todos os estados centrais conseguindo assim atingir o “número mágico” de representantes no Colégio Eleitoral. Ganharam os “male, white and poor”, os chamados “hillbillies”, que se sentem marginalizados pelo sistema político americano e que tendem a considerar Washington e o Governo Federal como os causadores dos seus problemas. Ganharam porque, em contexto de crise, de dificuldades económicas e de rápidas transformações sociais, estes tornaram-se um grupo particularmente vulnerável e Trump apenas teve de dirigir agilmente o seu discurso. Ganharam porque se identificam com os ideais deste senhor - e estará isto relacionado com a falta de escolaridade e instrução que caracteriza estes estados? Mas atenção, a América não deixou de ser a América. Aliás, eu diria mesmo que este foi apenas um reflexo daquilo que aquele país realmente é. Para o bem e para o mal. Quer gostemos, quer não. Em diversos momentos da história norte-americana considerou-se que os problemas internos eram provenientes de elementos vindos do exterior: fossem eles os imigrantes irlandeses, russos ou mexicanos ou os imigrantes judeus, católicos ou, mais recentemente, os muçulmanos. Trump tem sido claro a este respeito, para contentamento dos seus apoiantes: os mexicanos deveriam ficar do outro lado do muro, os muçulmanos deveriam ser proibidos de entrar

Quem é Donald Trump?

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recente eleição de Donald Trump virou o mundo de «pernas para o ar», com um candidato tão popular como controverso. Ora, isto tem gerado diversos protestos espalhados por toda a América por parte, principalmente, dos Democratas que não aceitam a surpresa do resultado da eleição. No entanto, o cenário era diferente antes do dia 8 de novembro: os Democratas exigiam dos Republicanos

nos Estados Unidos, os imigrantes sem documentos deveriam ser deportados. Trump promete uma América mais segura e diz-se aberto a utilizar armas nucleares. É, porém, de realçar que mais de metade da população dos Estados Unidos se absteve. Será isto alarmante ou muito alarmante? As pessoas tomaram a decisão de não votar, não eleger aquele que vai ser a cara do país, porque não se identificam com nenhum canditado. Ou, tão ou mais grave, riscam a cruz no “menos mau”. Fala-se numa Terceira Grande Guerra, o que é, com certeza, uma previsão precipitada, mas o Mundo tremeu com esta decisão, e o futuro é uma incógnita quando a América está nas mãos de um presidente que, até agora, se revelou imprudente. Em conclusão, mesmo que Trump não tivesse ganho as eleições a “América de Trump” existia e existirá sempre. Mais assustador do que isso, é o facto destes movimentos nacionalistas estarem a ganhar força noutros cantos do mundo: França ou Inglaterra são bons exemplos. A América não deixou de ser a América mas, se há característica que define bem os americanos, é que, a seguir aos seus dias negros, seguiram-se sempre - sempre - os seus melhores momentos. Inês Sincero, 11ºH

que aceitassem o resultado da eleição fosse ele qual fosse. Donald Trump foi um candidato muito pouco convencional, mostrando-se afastado das lides políticas, ao contrário da sua adversária Hillary Clinton, há muito no sistema. Trump, o 45º presidente americano, terá sido alvo de uma campanha de difamação por parte dos media liberais que, através de sondagens e artigos de opinião nos jornais, tentaram influenciar o resultado da eleição, ou, nas palavras de Trump: «the election is rigged». Pessoalmente, penso que esta eleição foi um «abrir de olhos» para as pessoas que, fartas do rumo político que

tem levado o mundo, votou na mudança, numa baforada de ar fresco que arrisca abalar as fundações da democracia bafienta e ultrapassada que nos pretende representar. Deste momento único da História, podemos apenas ficar à espera do resultado desta «revolução», aguardando pacientemente a sua repercussão na Europa e, sobretudo, que voltemos a ser prósperos. Em conclusão, foi sobretudo uma vitória do povo que, contra o «establishment», fez ouvir a sua voz. Afonso Magalhães, 12º F


O lugar da cultura

Cultural language is an operating system, a simple interface rendered feeble and listless when tested with divinity or a true understanding of the human condition.” – The 1975, Loving Someone

condição humana nos premiou com certos valores: o Amor, a Paz, a Igualdade (sendo que este exige o seu reconhecimento), a Liberdade, o Respeito, entre outros, que são bases perenes e universais da sociedade global. Reflito agora: se a objetividade axiológica se afirma, que lugar toma a Cultura no meio de valores que regem o mundo (dos que verdadeiramente acreditam no poder imaterial)? A racionalidade capacitou-nos para responder a situações com os valores acima enumerados em mente para que a existência de conflitos de ordem moral sejam evitados. A questão é que uma enorme parte da nossa civilização, dubiamente chamada de avançada, permanece embaciada pelo poder da ignorância. Logo, se a universalidade destes valores permanece, a Cultura limita-se a ser uma consequência da construção de uma sociedade e a base de desenvolvimento da mesma, ocupando um segundo lugar quando alguém compreende verdadeiramente o objetivo da condição humana, que se traduz na igualdade e no respeito por todos os seres. Excluindo religiões, nacionalidades, costumes, estados socioeconómicos, somos todos iguais e é tudo muito simples. Marta Gonçalves, 11ºI

Did you Know, There are many different ways you can reduce your ecological footprint?

Transports

You can walk, bike or take the bus/subway to reduce the CO2 emissions by a minimum of 20%.

When going on vacation/ going on a trip, avoid short airplane trips and try to use the bus or the train.

11ºA

At Home

Install energy-saving lightbulbs in your home, not only will this save you energy but also it will save you money.

Use biodegradable and non-toxic cleaning products to protect the environment and also your health.

Making a difference starts with small actions, so take yours now and help keep our planet healthy!

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o modo filosófico, a definição de “Cultura” é praticamente impossível. Depois de diversas reestruturações ao longo dos tempos, o conceito associado à palavra foi-se tornando cada vez mais complexo e, ironicamente, indefinido. Porém, exponho a maneira mais simples de definir este vocábulo: "todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade" (Edward B. Tylor). A partir desta definição, concluímos então que cada sociedade tem a sua cultura. Quando nascemos, estamos já, à partida, delimitados pela cultura da sociedade onde nos integraram. Crescemos e formámo-nos a partir dessa delimitação. A Cultura faz, sem dúvida alguma, parte da nossa pessoa, tanto coletiva como individual. Porém, fui confrontada com uma diferente visão do papel da cultura na sociedade global, que não pretende retirar-lhe importância, mas que me fez refletir e concluir que esta personalidade “partilhada” de cada pessoa se “torna frágil e apática quando testada pela teologia ou pela verdadeira compreensão da condição humana.” Ou seja, a Cultura torna-se um sistema frágil, algo que quase se põe “de parte” quando percebemos verdadeiramente que, no fim, somos todos iguais, somos todos humanos. Deixarei a teologia para outro pensador pois esta ainda me causa certas dúvidas. Mas exponho com toda a certeza que a


os meus colegas Depois da tempestade vem a bonança João Maria Pontes

Lembro-me do João, talvez no segundo ou terceiro ano, afirmar – mais convicto que todos os outros da turma – aquilo que queria ser quando crescesse. “ Vou ser golfista ”- dizia o rapaz cujo taco, na altura, devia ser maior que ele. Agora, com 16 anos, está no 11º ano, estuda Línguas e Humanidades e carrega, entre muitos outros, o título de bicampeão nacional, de vice-campeão do mundo e a felicidade indescritível de ter vencido uma luta tremenda.

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ntegrante da seleção nacional há vários anos consecutivos, João vai conhecendo o mundo ao participar em competições em qualquer canto da Europa. “ Vou para competir e para vencer, quase não me resta tempo para visitar a cidade, mas não deixo de ser um sortudo viajante, que guarda para sempre a cultura do local. “ O trabalho árduo de horas a fio de treino, todos os dias, tem frutos e, Pontes, um amante de golfe desde muito cedo, estava em clara ascensão na cena golfística nacional e internacional, quando lhe foi diagnosticado um tumor no cérebro. Os primeiros sintomas – convulsões, tonturas e, mais tarde, um zumbido no ouvido direito – surgiram no final de Junho de 2015. Estava a competir em Lugo, na Galiza, quando saíram os resultados da ressonância magnética. “ Os meus pais ligaramme e disseram que me iam buscar imediatamente, mas não me disseram porquê…”. Quando percebeu o que se passava, sempre pensou positivo. Obviamente, sentiase ligeiramente receoso, mas o seu grupo de amigos mais próximos, com quem partilhou o drama, aliviou o seu nervosismo. A 7 de Setembro foi operado e, consigo, para a sala de operação, levou uma bola de golfe. Quando acordou, pediu para fazer testes de mobilidade e de força. Felizmente, estava tudo bem. Depois, quis logo marcar data para voltar a jogar. “ Acho que foi precisamente por não ter caído na gravidade da situação que não me deixei abater. Este desporto é a minha vida e, acreditem ou não, foi a minha sede de golf que me ajudou a recuperar mais rapidamente. “ O atleta de Miramar necessita apenas de ser vigiado com alguma frequência mas, um ano depois deste episódio, está já a treinar sem restrições e a recuperar os seis meses em que esteve parado. Nos últimos meses, tem participado em vários torneios tem obtido resultados extraordinários, bem como tem conseguido conciliar o sucesso desportivo com o escolar, caracterizando-se como um “aluno mediano, mas interessado e esforçado. “ O grupo de amigos caracteriza-o como modesto, despreocupado e cheio de sentido de humor. É um rapaz cheio de coragem e capaz de atingir tudo aquilo que mais ambicionar. “ Já só sonho em ir para os Estados Unidos quando terminar o 12º ano. Eu sou feliz em Portugal, mas não haverá ninguém mais realizado do que eu quando for estudar o que mais gosto para lá. ” Inês Sincero 11ºH


... somos todos diferentes

O João Vale foi aluno da Aurélia há meia dúzia de anos e deixou-nos depois de concluir o secundário. Voltou à escola a nosso pedido, já de cadeira elétrica, para nos falar da sua num ambiente onde certas diferenças não são toleradas.

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O João não desiste. Continua a sonhar com um trabalho o secundário, escolheu a área das Ciências, penem hotelaria mas, enquanto ele não aparece, arranjou um sando fazer investigação mas, quando chegou ao plano B! Estudar Engenharia Informática, já que sempre 12º ano, já era outra a sua preferência – Gestão Hoteleira teve uma aptidão natural para as tecnologias e é uma - preferência que mantém, apesar das área mais versátil, por não exigir dificuldades com que se tem defrontatanta logística, uma vez que, “Até do no mundo do trabalho. se pode trabalhar em casa…”. Por (…)a vertente social O João revelou-nos que, para tentar isso, há cerca de um mês, ingrestrabalhar no mundo hoteleiro, teve que sou na FEUP, onde se está a inteé uma das maiores enfrentar muitas dificuldades por ter grar sem grandes dificuldades. lacunas que há a mobilidade reduzida. Segundo ele, a No entanto, apesar de se ter inteGestão Hoteleira é uma área em que se grado sempre bem onde estudou, colmatar relativaexige, pelo menos a quem está a comeonde estuda hoje na faculdade e mente ``a integração çar, uma certa polivalência, o que implionde tem trabalhado, o João conca fazer desde o transporte de bagafessou-nos que se considera limidas pessoas com algens e as camas à receção de pessoas. tado socialmente por estar numa guma patologia na Não basta ter formação, ter vontade, cadeira de rodas. É de opinião que confessa-nos o João. Em 90% dos ca“a vertente social é uma das maiosociedade atual.” sos, as razões que lhe foram apontadas res lacunas que há a colmatar relaJoão Vale para não ser admitido foram a sua falta tivamente à integração das pessoas de robustez física ou o facto de os hocom alguma patologia na sociedatéis não terem espaço para a circulação de atual”. de cadeiras elétricas. A legislação portuguesa exige que as empresas contratem uma percentagem de pessoas Na foto: com patologias e há áreas em que isso acontece. No enJoão Vale com Alexandra Sousa durante a entrevista tanto, em Portugal, “não conheço ninguém com deficiência a trabalhar em Gestão Hoteleira… pelo menos com Alexandra R. Sousa, 11ºH cadeira de rodas”, disse o João.


O lugar do «Lugar da Ciência» Desde há anos que o JornalESAS tem vindo a dar conta da enorme atividade do Lugar da Ciência na nossa Escola, não só nas inúmeras ações que vão acontecendo, algumas bem inesperadas, mas com um cunho de qualidade inegável que já o fez ganhar alguns prémios e reconhecimentos públicos que projetam muito positivamente o nome da ESAS. Achámos importante falar com o Professor Carlos Morais, o grande impulsionador do Lugar da Ciência. Vamos por partes. Quem são os professores que fazem parte deste núcleo? O Lugar da Ciência começou a ser pensado em 2008|2009 por alguns professores dos atuais Departamento das Ciências Experimentais e Departamento de Matemática e Tecnologias da Informação e da Comunicação. Constatou-se então que existiam condições efectivas na ESAS para a definição de um espaço aberto à divulgação da Ciência e Tecnologia, aberto à criação de novos públicos apreciadores das referidas temáticas. Fundou-se assim um movimento dedicado à promoção do gosto pela descoberta, pelo conhecimento e pela experimentação científica. Desde então, as actividades do Lugar, assim como os novos projetos, têm sido delineados por professores desses Departamentos e têm contado também com o envolvimento de professores de outros Departamentos. Definiram-se objetivos, inventariam-se atividades e apoios possíveis, estabeleceram-se as linhas gerais de ação do Lugar da Ciência. Quais foram os objetivos que nortearam a fundação do Lugar da Ciência?

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Na lista de objetivos gerais então definidos estão presentes, entre outros, a divulgação da ciência e tecnologia junto da comunidade escolar, o envolvimento de alunos em atividades na referida temática e o estabelecimento de ligações ao ensino superior e a centros de investigação. Pensamos que estas atividades podem ajudar a ver a ciência e a tecnologia de outros pontos de vista. Espera-se que todas elas sejam estimulantes para a curiosidade dos estudantes e deseja-se que estes venham a estar melhor informados para as suas escolhas e melhor preparados para a participação em projetos futuros, adquirindo novos métodos de trabalho e desenvolvendo a sua capacidade de cooperação. Assim, por alto, poder-se-á fazer uma estimativa do número de alunos que passaram pelo Lugar da Ciência desde a sua fundação? E, neste ano, quantos alunos estão envolvidos nas suas atividades? O número de alunos e professores que têm passado pelas atividades do Lugar da Ciência tem variado de ano para ano, mas certo é que o Lugar da Ciência tem mobilizado directa e indirectamente um grande número de estudantes quer para as atividades regulares, ao longo do ano, quer para as outras que são realizadas em momentos específicos do ano como é o caso da Semana da Ciência e Tecnologia, que já vai na 11ª edição. Durante todos estes anos temos envolvido predominantemente alunos da ESAS, mas, com a passagem a Agrupamento, temos igualmente movimentado alunos das outras escolas, Jardim de Infância Aurélia de Sousa, as escolas do 1º Ciclo e, também, alunos do 2º ciclo, da Escola Básica Augusto Gil.

Ao longo dos anos registamos um envolvimento direto e indireto de cerca de 500 a 600 estudantes nas conferências e atividades laboratoriais das Semanas da Ciência e Tecnologia, e nas atividades regulares do Lugar da Ciência como, por exemplo, Põe-te a Andar Robô, o projeto de divulgação da robótica na escola, Círculo Básico de Matemática, o projeto de divulgação da matemática na escola, BE_AS (Balão Estratosférico Aurélia de Sousa), o projeto do domínio aeroespacial da escola, e Atmosfera, vida até onde?, projeto SEI (Sociedade Escolas e Investigação) da Câmara Municipal do Porto, desenvolvido em parceria com o Instituto i3S. Ao longo dos anos registamos um envolvimento direto e indireto de cerca de 500 a 600 estudantes nas conferências e atividades laboratoriais das Semanas da Ciência e Tecnologia, e nas atividades regulares do Lugar da Ciência como, por exemplo, Põe-te a Andar Robô, o projeto de divulgação da robótica na escola, Círculo Básico de Matemática, o projeto de divulgação da matemática na escola, BE_AS (Balão Estratosférico Aurélia de Sousa), o projeto do domínio aeroespacial da escola, e Atmosfera, vida até onde?, projeto SEI (Sociedade Escolas e Investigação) da Câmara Municipal do Porto, desenvolvido em parceria com o Instituto i3S.


Este ano letivo, em setembro, arrancamos com uma nova iniciativa, a Bem-Vindos à Ciência, para darmos mais visibilidade na escola à Ciência e à Tecnologia em tempo de regresso de férias. Apresentou-se então a exposição Momentos da Ficção Científica no corredor do refeitório e organizaram-se atividades em todas as salas do corredor dos Laboratórios; uma dedicada à Matemática e outras à Biologia, à Geologia e à Física, uma outra dedicada às atividades de engenharia na escola (robótica e balão estratosférico) e outra sala com uma feira de fósseis e minerais. Foi um momento importante da atividade do Lugar da Ciência pois passaram pelas referidas salas todas as turmas do 7º ao 12º ano que tiveram receção nesse dia. Estas atividades contaram com a participação direta de alunos que estiveram envolvidos em projetos no ano passado. A Semana da Ciência e Tecnologia tem sido um momento marcante do Lugar da Ciência pela mobilização e pelos conteúdos que são tratados. Muitos alunos assistem a conferências e participam em atividades de laboratório organizadas muito especialmente para alunos do 10º ano e do 3º Ciclo. Muitos deles aprendem, por exemplo, a estar numa conferência interessando-se, fazendo perguntas, querendo mais conhecimento e entusiasmando-se por alguma temática em particular. Dias antes do início da Semana é habitual apresentarmos no auditório uma conferência de abertura proferida habitualmente por oradores de reconhecido mérito científico e que este ano foi dedicada à Genética das Populações. Do programa deste ano temos de referir que os nossos convidados trataram, de forma magnífica, temas como o cancro, o mundo da nanotecnologia, a ligação entre física e medicina, as inesperadas relações entre a matemática e

a arte, assim como o domínio aeroespacial, associado a um projeto em desenvolvimento na nossa escola – o do Balão Estratosférico Aurélia de Sousa. Finalmente, devemos também evidenciar que a Semana 2016 contou, entre os seus conferencistas, com uma ex- aluna da escola, hoje investigadora no Instituto i3S, com um aluno do 12º ano (turma D) da escola e com a participação da Associação de Voluntariado Universitário VO.U que apresentou, entre outras coisas, a exposição Caixas ninho. Muito interessantes foram as experiências de comunicação realizadas no Laboratório Aberto de Física, designadas genericamente por Vem descobrir a mensagem…. Bom, vamos agora a uma questão um pouco mais complicada: a Ciência tem sido bem tratada, no Ensino Secundário, pelas diversas tutelas? Como deveria ser incluída, quer nas atividades ou nos currículos? Até ao momento, que se saiba, ninguém da tutela hostilizou as nossas atividades, mas também não introduziu mecanismos para melhorar condições para a concretização deste tipo de ação. No entanto, já tivemos o apoio indireto da tutela através de programas Ciência Viva como o Ciência na Hora e o Escolher Ciência. Este ano assistimos à integração do Lugar da Ciência na Rede Nacional de Clubes Ciência Viva da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica. Desde a sua fundação que o Lugar da Ciência tem tido o apoio e o incentivo da Direção da Escola|Agrupamento, mas também de outras entidades como a Fundação Calouste Gulbenkian, em 2013 e 2014. No ano anterior, beneficiamos dos apoios da Fundação Ilídio Pinho, do projeto SEI (Sociedade Escolas e Investigação da Câmara Municipal do Porto) através do i3S, do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e Computadores da FEUP e do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto.

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Este ano o LdC arrancou em força. Estamos (na altura desta entrevista) a assistir à Semana da Ciência. Quais as atividades que se podem destacar como marcantes, sabendo, desde logo, que todas elas são imprescindíveis?


Relativamente à segunda pergunta, devemos esclarecer que as atividades por nós desenvolvidas são de extensão curricular, umas podem ser desenvolvidas em aula, outras saem do espaço da sala de aula, não pretendendo qualquer delas colidir com a ação do professor nem com os programas. Procuram, isso sim, prolongar a disponibilidade, o interesse e a curiosidade de cada um para outras áreas do conhecimento, para outras fronteiras, mobilizando conhecimentos curriculares e outros que muitas vezes não podem ser tratados em aula. São exemplos dessas atividades as desenvolvidas em Põe-te a andar robô e em Balão Estratosférico Aurélia de Sousa. O espaço de intervenção do Lugar da Ciência tem de ser definido com equilíbrio, tendo em conta esta realidade e as disponibilidades de cada um dos intervenientes. Em síntese, verificamos que o trabalho desenvolvido tem sido muito gratificante e tem mostrado que é possível, com atividades de índole científica e tecnológica, estimular a curiosidade de muitos estudantes e de promover e desenvolver uma cultura científica e tecnológica, preparando os alunos para novos desafios. Pensámos que o envolvimento dos estudantes nestas atividades pode comprometê-los mais nas suas tarefas escolares e ajudá-los a fazerem melhores escolhas pessoais, escolares e profissionais. Acreditamos que, por esta via, a escola se mostra mais estimulante para muitos dos alunos que a procuram. Na perspetiva do LdC, a Ciência é igualmente transversal para com as Humanidades e com a Artes, ou situa-se somente no campo dito das Ciências Exatas? De facto, desde a sua génese, foi decidido alargar a acção do Lugar da Ciência a outras áreas disciplinares no entendimento de que a cultura científica e tecnológica é parte integrante do desenvolvimento pessoal, social e cultural de todos. São duas áreas complementares que incluem formas diferentes de ver, são duas ferramentas indispensáveis para se compreender o mundo e a natureza. Na ação do Lugar da Ciência, esse entendimento tem vindo a ser concretizado pelo envolvimento de outras áreas do conhecimento como a Filosofia, a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa.

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É possível fazer um pequeno balanço das atividades do LdC que obtiveram projeção pública? A atividade do Lugar da Ciência tem ajudado a projetar diretamente a imagem da Escola Secundária Aurélia de Sousa e, recentemente, a do Agrupamento. Podemos mencionar, como exemplo, algumas dessas acções: a recente integração do Lugar da Ciência na Rede Nacional de Clubes Ciência Viva como Clube Ciência Viva Aurélia de Sousa, a participação em sessões organizadas fora da escola como os Encontros de Escolas envolvidas no projeto BEE – Balões Estratosféricos nas Escola, organizados na FEUP; participação em dois Festivais Nacionais de Robótica, organizados pela Sociedade Portuguesa de Robótica; a intervenção na Mostra SEI – encontro de escolas apoiadas pela Câmara Municipal do Porto que teve lugar na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, organizada pela Câmara Municipal do Porto. E ainda com a divulgação da atividade do Lugar da Ciência num Encontro de Escolas Associadas da Unesco. Facto relevante foi o de algumas destas intervenções (FNR, FEUP e Mostra SEI) terem sido bem protagonizadas por estudantes envolvidos nos projetos. Em janeiro próximo, dois estudantes da turma A do 12º ano, o João e a Mariana, irão apresentar um trabalho no âmbito da meteorologia, no Encontro de Jovens Cientistas da Unesco. Nas fotos: prof.ª Fernanda Rodrigues fazendo demonstração de experiência; 2º lançamento do balão estratosférico; Laboratório de Ciências; aluna e professoras com a camisola do Lugar da Ciência Carlos Morais (prof.) entrevistado por equipa Jornalesas


A Igreja da Lapa e a arquitetura Neoclássica

objetivo desta saída foi desenvolver a sensibilidade estética e adquirir consciência crítica da História de Arte, assente na visualização e conhecimento de obras relevantes, concretamente conhecendo o edifício da Igreja da Lapa, uma obra emblemática da arquitetura Neoclássica do Porto - A Cultura do Salão (Neoclassicismo) Esta Igreja Neoclássica de uma só nave começou a ser construída em meados do século XVIII, tendo a última torre ficado concluída cerca de 1863. O projeto é do arquiteto José Figueiredo Seixas. A singularidade desta igreja está também no facto de nela estar guardado o coração de D. Pedro I, Imperador do Brasil, que o doou ao povo portuense como prova de afeição e reconhecimento. No exterior, expliquei o edifício da Igreja, dando natural destaque à fachada com as suas duas torres, colunas e frontões. Os alunos repararam nas quatro esculturas no topo, em granito, representando as figuras bíblicas de Judite, Ester, Raquel e Sara e fizeram diversas perguntas sobre as mesmas, particularmente sobre a da esquerda que representa Judite segurando a cabeça de Holofernes, tema que curiosamente já lhes tinha sido mostrado - Cultura do Palco – Barroco, através da análise de um quadro de Caravaggio, o pintor mais importante do Barroco Italiano. No interior pudemos ver, além da nave principal com o arco triunfal de granito esculpido, o retábulo-mor idealizado pelo escultor Simão de Brito e executado pelo entalhador Manuel Moreira da Silva, que tem na sua base uma bela imagem de Nossa Senhora da Lapa do séc. XVIII, o grandioso órgão (de 1995), os vitrais (dos anos 20 e 30 do Séc. XX), o salão lateral, conhecido por Sala dos Quadros, repleto de pinturas de personalidades do Porto, muitos deles benfeitores da Irmandade da Igreja da Lapa, estando também exposto nessa sala o antigo relógio da torre (inglês, Séc. XIX) e ainda um magnífico quadro de S. Sebastião, da autoria de Joaquim Rafael. No altar de S. José, pudemos observar um interessante presépio miniatura, da escola de Machado de Castro. Assim, os alunos ficaram com uma noção bastante completa da arquitetura, pintura, escultura, vitrais e mobiliário desta Igreja, representativa do estilo Neoclássico, mas também de diversos outros estilos posteriores.

Igreja da Lapa, dia 22 de Novembro de 2016, Curso Profissional de Turismo - 12ºano António Carvalhal, professor da Disciplina de História da Cultura e das Artes

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geografia - Cantinho das aromáticas Cheira bem, cheira a… Cantinho das Aromáticas! Esta é uma das poucas quintas, em espaço urbano, que pratica a Agricultura Biológica, em toda a União Europeia.

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ste espaço reúne as condições necessárias para o cultivo em modo biológico, ou seja, sem uso de químicos de síntese, de mais de 200 espécies utilizadas posteriormente na indústria farmacêutica, para fins terapêuticos e medicinais, na cosmética, em condimentos para a utilização culinária, chás e infusões. Das espécies cultivadas, a grande maioria é autóctones, apenas 10 por cento tem outras origens. Podemos encontrar a Perpétua-roxa que ajuda a combater problemas de garganta; a Stevia que contém 120 vezes mais açúcar do que a cana-de-açúcar e à qual os diabéticos são tolerantes; o Tomilho-limão que é ótimo para tratamento de doenças respiratórias e para o tempero de várias carnes e peixes; o Cardo-penteador utilizado em tempos para cardar a lã e coagular o leite na produção de queijos. Para além destas espécies vegetais, a quinta ainda acolhe diversas espécies animais nomeadamente o Burro Mirandês, que se encontra ameaçado de extinção, bovinos de raça Barrosã e os cavalos Garranos do Gerês que, no seu conjunto, ajudam à manutenção geral da quinta. Uma das técnicas utilizadas nesta exploração agrícola, e que muito nos surpreendeu, consiste na cobertura total do solo por uma tela negra, onde apenas ficam os orifícios correspondentes às plantas em desenvolvimento. Este recurso tem várias funções: evita o crescimento de ervas daninhas, conserva a humidade, promove o aumento da temperatura do solo e protege-o dos agentes externos. Além disso, evita a utilização de tratores e o consumo de combustíveis, com a consequente libertação de dióxido de carbono. A quinta conta ainda com estufas, controladas por um sistema computorizado, uma estação meteorológica, sistemas de rega gota-gota e a implementação de painéis de aproveitamento de energia solar. Todos estes meios

têm em vista a sustentabilidade do ambiente. No entanto, o interesse deste lugar não é só de carácter económico e ambiental, mas também histórico, visto possuir um pequeno castelo onde, segundo a lenda, Inês de Castro passava o seu tempo, enquanto D. Pedro ia pescar no rio Douro. O Cantinho das Aromáticas possui diversos certificados nacionais e internacionais que atestam a qualidade dos seus produtos, entre eles a Global GAP e a ECOCERT. É também merecedor de um selo de certificação KOSHER, atribuído aos produtos que são fabricados de acordo com os princípios judaicos. Para a construção deste espaço emblemático foi necessário um grande investimento que contou com o apoio dos fundos comunitários. Em suma, o Cantinho das Aromáticas alia práticas de agricultura sustentável com a promoção da biodiversidade, animal e vegetal, não esquecendo a modernidade, a tecnologia e “carinho” pela agricultura. Cantinho das Aromáticas / Canidelo/V.N.Gaia, 15 de novembro de 2016 - Geografia Foto: alunas da turma 11ºG, no campo das Perpétuas-roxas Ana Filipa Ramalho e Rosa Margarida Costa, 11ºG


Viagem à Idade Média - literatura

Neste dia ensolarado de novembro teve lugar a visita de estudo a Santa Maria de Salzedas, Ucanha e S. João de Tarouca, para que os alunos pudessem sedimentar os seus conhecimentos sobre a vida medieval.

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Foto: turma I do 10ºano com as professoras Zaida Braga e Carmo Oliveira

Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

Visita de Estudo a Santa Maria de Salzedas, Ucanha e S. João de Tarouca: Turmas 10ºI/10ºH 15 de novembro de 2016 Jô Gabriel Costa, 10ºI

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pós uma hilariante viagem de camioneta, as turmas chegaram ao Convento de Santa Maria de Salzedas, que visitaram, acompanhadas por um guia, que as fez percorrer o antigo monumento, que ostenta preciosidades ainda intactas, como os azulejos da época barroca, pinturas de Grão Vasco e muitos objectos de arte sacra, dos séculos XV e XVI. O mosteiro sofreu obras de restauro já no início do século XXI e o espaço é muito iluminado e aberto, o que tornou a visita mais agradável. O almoço ao ar livre decorreu na bela vila de Ucanha, fazendo os alunos uma pausa para interiorizar o género de ambiente, que é certamente diferente daquele a que estão habituados. As pessoas com o sotaque carregado, a paisagem intensa de verde devido às colossais montanhas e o carácter religioso do espaço fazem de Ucanha um lugar realmente diferente e impressionante. Depois do almoço, rumou-se a Tarouca, onde se destacam igualmente as paisagens e o ambiente fresco e agradável, perfeito para se relaxar ou passear em plena paz de espírito. Foi também em Tarouca que se visitou o Mosteiro de S. João de Tarouca, um lugar imponente, primeiro convento da ordem de Cister em Portugal e onde se pode admirar o túmulo de D. Pedro Afonso, conde de Barcelos, filho bastardo do rei D. Dinis, e autor do mais importante Livro de Linhagens da nossa literatura medieval . A visita concluiu-se com uma breve passagem pelo centro histórico de Lamego, para provar a famosa bola. Refira-se, ainda, que, apesar da aventura “rodoviária”, houve momentos de agradável convívio e de divertimento que permitiram um melhor conhecimento de todos, alunos e professores, aspeto muito importante neste início de ano letivo, até porque a maioria dos elementos que compõem o 10ºI e o 10º K frequentam a Aurélia de Sousa pela primeira vez.


dia mundial da filosofia

No dia 17 de novembro, comemorou-se o Dia Mundial da Filosofia e, entre outras atividades, foi levada a cabo uma exposição de trabalhos, realizados pelos alunos, no átrio da ESAS. Ficam aqui destacadas algumas das frases, retiradas dos trabalhos dos alunos, para uma eventual reflexão…

Os homens fazem a sua própria história, mas não o fazem como querem… a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. Karl Marx

Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.

Simone de Beauvoir

É preferível ser um homem insatisfeito do que um porco satisfeito; é preferível ser um Sócrates insatisfeito do que um imbecil satisfeito. John Stuart Mill

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A coordenadora do Grupo Disciplinar de Filosofia Blandina Lopes


Seguindo Reis...ou talvez não

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m dia de férias é pouco, uma hora de sono, muito menos, mas um minuto em frente ao micro-ondas é demasiado. Algo de uma cadência constante inigualável, o Tempo é, contudo, subordinado a um tremendo carácter subjetivo. Não, os dias de Verão não passam mais depressa, em relação aos destinados às quatro paredes da escola. Vinte e quatro horas em pleno agosto são eximiamente iguais às do dia de hoje. Uma conclusão simples, no entanto, de compreensão assim não tão simplista. Com efeito, apesar de o fluir dos ponteiros ser o mesmo para cada um de nós, cabe a cada um saber como usufruí-lo. Desengane-se quem julga conseguir batalhar contra o Cronos, pois é uma luta com resultado frustrante e inevitável. Sendo assim, há que saber ser um bom perdedor e lidar com esta derrota, ou melhor, o implacável passar do tempo. Deste modo, há variadas formas de encarar algo que é de feição universal. Não é por acaso que não existe um verbo próprio para o tempo; há muitos: “esperar”, “(des)esperar”, mas o meu preferido é “viver”. O ser pensante contemporâneo, por vezes, esquece-se desse. O tempo é imutável e, apesar de muitos esforços para tal, é impossível «roubá-lo». Assim, passa o tempo sem deixares que ele passe por ti. Um minuto desperdiçado são sessenta segundos irrecuperáveis. No entanto, não temas os erros cometidos no dia de hoje, terás muitos mais pela frente para os remediar. O tempo não cura tudo, mas tudo tem cura no tempo. Não percas horas, mas, como também dificilmente as vais ganhar, transforma-as, simplesmente! Tomás Barreto, 12.ºE

Rua Santos Pousada , 1222 4000-483 Porto Tlf. 225029821

Rua Aurélia de Sousa,49

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á aproximadamente 40 mil anos, os hominídeos já se sentavam ao redor de fogueiras e tocavam flautas feitas com ossos de animais. Foi uma das mais impressionantes descobertas arqueológicas dos últimos tempos, encontrada num acampamento Neandertal (variante extinta da raça humana). Escapou apenas um fragmento da peça, feita com osso de urso. A sua idade – entre 40 a 85 mil anos atrás– garantia que ali se encontrava o mais antigo instrumento musical já descoberto e que todos os flautistas podem ter ainda mais orgulho no seu instrumento, pois a flauta, com tanta história e a quem deverá ser concedido o devido respeito, é considerada o primeiro instrumento inventado pelo Homem. Cláudia Gomes, 8ª C

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O instrumento mais antigo do Mundo


radiografia de uma caminhada l desporto Da ESAS até Espinho: Caminhada urbana e na Orla marítima de Gaia No cérebro! Qual foi o meu pensamento? Vou ser capaz!

Nos olhos! O que vi? ESAS, Ruas do Porto, Praça da Batalha, Escadas dos Guindais, Ponte D. Luís, Rio Douro; Centro Histórico do Porto, Cais de Gaia, Afurada, Estuário do Douro, Flamingos, Cabedelo, Passadiços das praias de VNG, areia, gaivotas, Mar, …, Espinho, comboio, Estação S. Bento.

Nos ouvidos! Que sons me marcaram mais? As conversas com os colegas, as gaivotas, as ondas do mar…

No coração! Estão os sentimentos que experimentei… Amizade, companheirismo, cansaço, superação, alegria, emoção…

Adaptado de “A Radiografia de um espetáculo” de Madalena Vitorino

Na barriga! Nasceu alguma vontade de mudança? Sim. Fazer uma nova caminhada na montanha, talvez na Serra do Gerês!

Nas pernas! Quantos quilómetros andamos?

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Demos 38.495 passos para percorrer uma distância de 26,946 Km, em 05 horas 31 minutos e 05 segundos. Andamos a uma velocidade de 4,9 Km/h e gastamos 479,6 Kcal.

Nos pés! Em algum momento tive vontade de fugir? Sim, os quilómetros entre a ponte D. Luís e o Estuário do Douro foram muitos – pelo menos pareceram até porque a fome começava a apertar. Mais para a frente, lá para os lados da Aguda, Espinho ainda parecia tão longe …

ESAS, 4 de outubro de 2016 - 12ºB, C e E


IV Corta-mato do Agrupamento Infantis A feminino Maria Almeida – 5ºB Milza - 4 ºano - Fontinha Matilde Gomes – 5ºB Mariana Martins – 5ºE Matilde Teixeira Vicente – 4ºA3Fontinha Laura Silva – 5ºB

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oram 339 participantes, de vários escalões etários, desde o 4.º até ao 12.º ano, que se apresentaram, entusiasmados, na linha de partida, fazendo do desporto uma verdadeira festa. À semelhança do ano passado, os alunos da sala de multideficiência da EB Augusto Gil voltaram a participar, abrilhantando com a sua presença uma prova que se quer aberta a todos. Mas, 17 de novembro é também o Dia Mundial Do Não Fumador, este ano com uma campanha dedicada aos ambientes 100% livres de fumo, apelando à frequência de espaços livres de tabaco. Aproveite, respire à vontade e, acrescentamos nós, pratique exercício físico. “Não queimes a tua vida” é o slogan da Administração Regional de Saúde do Porto e é também a mensagem que gostávamos de transmitir às 103 meninas e 236 meninos que responderam à nossa chamada. Esta prova serve também para apurar os representantes do Agrupamento no Corta-Mato Distrital que, por sua vez, seleciona os participantes do distrito do Porto no Corta-Mato Nacional - uma das mais emblemáticas provas do calendário desportivo anual do Programa do Desporto Escolar. A todos e todas que, na solarenga manhã de 17 de novembro, participaram nesta prova escolar, os nossos parabéns! A todos e todas que, no próximo dia 9 de fevereiro, estarão no Parque da Cidade do Porto a representar o nosso Agrupamento, fazemos votos que continuem a usufruir do prazer de participar nas provas de Corta-Mato. Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa, 12 novembro 2016 Catarina Cachapuz, profª de Educação Física

Infantis B feminino Maria Luísa Vilaça – 7ºC1 Clara Ferreira – 7ºA1 Ana Pereira – 7ºD1 Maria Eduarda Dias - 6ºC Carolina Marques - 7ºB1 Iracema Manarte - 7ºD1 Infantis B masculino Gonçalo Delfim Pinto dos Santos – 7ºB1 Guilherme de Sequeira Almeida – 7ºC1 Raul Botelho – 7ºE1 Raul Henriques – 7ºD João de Sousa Neves – 7ºC1 Luís Assis – 7ºD1 Iniciadas Carlota Aparício – 8ºD1 Bárbara Magalhães - 8ª1 Bruna Micaela Borges - 9ºA1 Alice carvalho – 8ºD1 Maria Leonor Agante – 9ºB2 Sofia Domingues – 8ºA1 Iniciados Tomás Cardoso – 8ºA1 Nuno Veloso – 9ºF1 Manuel de Sousa N. Barão - 9ºd1 Miguel Ângelo Felisberto – 9ºA2 Hugo Miguel Cardoso – 8ºC2 Guilherme Carlos Fortunato - 9ºD1 Juvenis feminino Jéssica Ferreira – 10ºE Bruna Ventura – 8ºB2 Carolina Ribeiro – 9ºD2 Daniela Patrícia Queza – 9ºB2 Ana Catarina Sousa – 9ºB2 Juvenis masculino Nuno Martins – 10ºA Eduardo Alves – 12º H Diogo Filipe Peralta – 9ºA2 Adrian Harley Morais - 10º B Henrique Manuel Dias - 10ºD João Pires - 11ºE

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Pelo quarto ano consecutivo, alunos de todos os estabelecimentos de ensino do Agrupamento juntaram-se para participar no Corta-Mato escolar.

APURADOS PARA O CORTA-MATO DISTRITAL

Infantil A masculino Gonçalo Martim Gomes – 4ºB2 Florinhas Jorge Cardoso – 5ºF Guilherme Tavares Soares – 4ºB2 Florinhas José Costa – 5ºC Isac Samuel Pinto Carinhas – 4ºB3 Fonti. Diogo Oliveira – 4ºD1 Fontinha


filme Before the Flood

As alterações climáticas tratadas por um ator Não é um tema inovador para um documentário, mas não deixa de ser de extrema importância. Leonardo Dicaprio decidiu, neste novo projeto, dar a conhecer a sua perspetiva sobre as alterações climáticas. facto chocante deste documentário que tem, por isso, uma sensibilização política. Este filme, para além de todo o impacto sobre as alterações climáticas que pretende exercer nos espectadores, apela ainda para a beleza e diversidade natural do nosso planeta. Vingando as positivas críticas que recebeu, o documentário revela-se um importante instrumento de educação e apelo a um dos maiores problemas com que a humanidade se debate nos dias de hoje. Dicaprio usa como base o famoso quadro de Bosch “The Garden of Earthly Delights” para mostrar que, se não forem tomadas medidas efetivas para combater este problema, a última tela do quadro será a realidade das próximas gerações.

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uma viagem que durou dois anos, o ator americano contactou com pessoas de todo o mundo e de todas as áreas para perceber e fazer perceber aos espectadores o que realmente está a acontecer com o nosso planeta e o que há para mudar, o que ele afirma ser muita coisa. O filme foca as alterações que estão a acontecer neste momento, mas também as que já aconteceram. Desde as recentes inundações em Miami até às florestas queimadas da Indonésia, passando pelas intoxicadas avenidas de Pequim, Dicaprio mostra-nos as consequências da ação humana. Assistimos às diversas entrevistas de pessoas com receio de sair à rua devido aos fumos industriais que, muitas vezes, deixam as cidades chinesas como que em dias de nevoeiro. O narrador faz uma enorme crítica e um apelo às grandes potências para que mudem os seus atos. Contacta com uma líder indiana que o confronta com os enormes problemas de falta de condições básicas de vida com que a India se depara hoje em dia, e até que ponto é possível equilibrar as necessidades básicas de sobrevivência da população mais pobre com as alterações climáticas. Dicaprio mostra, ainda, uma certa revolta contra a própria nação, visto que os Estados Unidos se apresentam como o principal país pioneiro de mudança das alterações climáticas mas, na prática, continua a ser uma das nações mais poluentes. Vemos líderes internacionais a não acreditarem no aquecimento global e em todas as suas implicações, o que acaba por ser um

Pormenor Bosch “The Garden of Earthly Delights”

Marta Gonçalves, 11º I


livros Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa, de Judith Kerr

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a minha opinião, o livro Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-rosa, de Judith Kerr, é um livro muito bom. É uma boa introdução ao tema da 2ª Guerra Mundial para leitores jovens. Trata da vida de uma família que tem de sair do seu país ainda antes de Hitler ter sido eleito presidente, por medo do que poderia acontecer, sendo que o pai era um escritor e crítico feroz do regime nazi. Todos os acontecimentos são vistos pelo olhar de uma criança de 9 anos. O que eu acho fascinante neste livro é o facto de ser uma história em parte autobiográfica, já que a autora passou por tudo isto em tenra idade. No geral, é um livro muito engraçado, em certos pontos, mas também muito sentimental. Mostra a dor e sofrimento por que passaram as famílias judias no tempo de Hitler. Rita Teixeira, 7.º C

de Maria Teresa Maia Gonzalez

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al como o título indica, este livro é uma compilação de cartas escritas por uma adolescente de 14 anos, que sofre de bullying. As cartas são destinadas ao seu pai, que mora longe com outra mulher e desconhece o seu sofrimento. Este romance retrata um realidade violenta e dramática e incentiva os leitores a pedirem ajuda e a não fazerem bullying como resposta. Na minha opinião, este livro pode ferir as suscetibilidades dos leitores mais sensíveis pela forma real e dramática como está escrito. No entanto, acho que deve ser lido por todos os alunos, pois o que é relatado no livro acontece muito frequentemente na vida real. Beatriz Marques Coutinho, 7ºC

O Número das Estrelas, de Lois Lowry

A

narrativa passa-se na Dinamarca, em 1943, durante a 2.ª Guerra Mundial. A protagonista (Annemarie), com apenas 10 anos, tem grande experiência da vida dura e difícil dos Judeus naquela altura, pois a sua melhor amiga (Ellen) é judia. Annemarie e a respetiva família ajudam Ellen, acolhendo-a em sua casa. Desta forma, protegem-na dos soldados nazis. Porém, Ellen tem de se refugiar com a sua família na Suécia, até a guerra acabar. A autora, já muito experiente em escrever livros para jovens, mais uma vez consegue obter uma obra acima da média pela popularidade. Considero o livro de fácil leitura. Apresenta uma mensagem forte de como era a vida naquela época e com uma escrita cativante. Na minha opinião, vale a pena lê-lo. Maria Luísa Vilaça, 7.º C

25 l Jornalesas l dezembro 2016 l X L V I

Cartas da Beatriz,


livros O Feiticeiro de Oz

de Lyman Frank Baum

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Feiticeiro de Oz foi escrito por Lyman Frank Baum (Nova Iorque 18561919). É o conto fantástico norte-americano mais célebre em todo o mundo. Trata-se de uma fantasia com descrições magníficas e personagens muito originais. Esta história fala-nos sobre Dorothy, uma menina que vivia no Kansas com a sua tia Em e o seu tio Henry, numa pequena casa muito pouco acolhedora. Certo dia, um enorme ciclone surgiu no horizonte e parecia ser muito perigoso. Dorothy não teve tempo de abrir o alçapão do abrigo para ciclones e, juntamente com o seu cão Toto, é transportada pelo ciclone até uma terra desconhecida. Quando lá chegam, Dorothy é chamada de “Feiticeira” pelos Munchkins, os estranhos habitantes locais. Ela deseja voltar para casa e a única solução será pedir ajuda a Oz, o grande e terrível feiticeiro da Cidade Esmeralda. A menina viverá uma incrível aventura pelo trilho dos tijolos amarelos, durante a qual conhecerá as mais estranhas personagens: um Espantalho que desejava um cérebro, um Lenhador de Lata que não tinha coração e um Leão cobarde. Com a ajuda de todos os amigos, Dorothy consegue chegar a Oz, mas naquele estranho país nem tudo é o que parece. Apesar de ser uma história do século XIX, mantém uma linguagem muito atual e divertida, conseguindo despertar as emoções e o suspense no leitor. Rita Amorim Lopes, 7ºC

O Retrato de Dorian Gray

26 l Jornalesas l dezembro 2016 l X L V I

de Oscar Wilde

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econhecido poeta e ensaísta da sua época, Oscar Wilde nasceu em Dublin no dia 16 de outubro de 1854. Entre variados trabalhos, surge o seu único romance, “O Retrato de Dorian Gray”, que, após a sua publicação em 1890, acaba por ser também adaptado para o cinema. Esta obra, cujo principal cenário é Londres do século XIX, tem como personagem principal Dorian Gray, um belo jovem amante das artes, pertencente à alta burguesia inglesa, em quem Basil Hallard encontra a inspiração para pintar um quadro que transcenda todos os demais. É então que a personagem principal começa a demonstrar o receio de envelhecer, acabando por desejar manter a sua juventude a todo o custo. Através do confronto entre a situação de Dorian Gray e o seu retrato face à passagem do tempo, Oscar Wilde consegue captar a atenção dos leitores fazendo uma analogia entre o quadro e o próprio modelo, sendo que é no primeiro que se vão verificar as principais consequências dos atos corruptos do segundo, ou seja, o retrato marca toda a passagem do tempo e revela a desonestidade do jovem, enquanto o mesmo continuará eternamente com uma aparência jovem e angelical. Com efeito, este é um romance que pretende não só apelar a uma reflexão acerca da arte e do belo, mas também demonstrar a impossibilidade de atingir a perfeição ou de ser imortal. É uma excelente crítica a todos aqueles que vivem de aparências, o que confere ao livro intemporalidade, sendo assim de total recomendação. Vasco Ribeiro, 11ºA


índice

economia A época mais dispendiosa do ano

C.M.P. melhores alunos

2

Escola para pais ?

3

Entrevista Marina Viana

4

Guterres l ONU

6

eleições americanas

8

O lugar da cultura

9

nova bíblia

10

ABC da economia

11

Os meus colegas

12

O lugar do “lugar da Ciência”

14

Igreja da Lapa

17

Cantinho das Aromáticas

18

Idade Média - Tarouca

19

Dia mundial da filosofia

20

Este ano, os portugueses contam gastar menos nas compras de Natal relativamente a 2015, descendo ligeiramente o valor de cada presente. Mas a descida é pouco significativa, mantendo-se valores altos comparativamente aos anos mais baixos registados (2011 e 2014).

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m média, estima-se que cada consumidor português gastará cerca de 211 euros, segundo os inquiridos pelo Observador Cetelem. As previsões de gastos dos portugueses são, assim, mais modestas do que o máximo registado em 2015, quando a intenção era de gastar em média 241€ nas compras de Natal. Ainda assim, são previsões mais altas do que os valores registados pela Cetelem entre 2011 e 2014, quando ficavam sempre abaixo dos duzentos euros. A maior parte dos consumidores portugueses prefere comprar os presentes só nas duas últimas semanas antes do dia de Natal — cerca de 31% dos inquiridos. 28% diz que começa a fazer as compras com um mês de antecedência. Na minoria estão aqueles que deixam tudo para a última semana — 10% — e os que começam com dois meses de antecedência, que são apenas 5%. Estas estimativas podem ser úteis às empresas de publicidade/marketing, visando um aumento do consumo nesta época tão dispendiosa. Numa realidade europeia, em França a tendência também é para descer. Segundo um inquérito, os franceses têm um orçamento menos em conta, e esperam gastar cerca de 244 euros nas prendas de Natal. Em Espanha, os dados mais recentes de intenções de consumo para o Natal relativamente à comida, ao lazer e presentes, cada agregado espanhol previa gastar 684 euros, em média. Deste total, 264 euros seriam destinados às prendas. Assim, conclui-se que Portugal, à semelhança dos membros da UE, estima gastar menos dinheiro nesta época.

Seguindo Reis...

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Radiografia de uma corrida

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Filme l Before the Flood

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Livros

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Natal - economia

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27 l Jornalesas l dezembro 2016 l X L V I

Constança Soares da Costa e Margarida Varejão Bastos, 11ºG


Editorial

FICHA TÉCNICA

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fim da Escola? Não, não estamos a falar de rankings ou de coisas do género. Trata-se de convocar para o JornalESAS, e no espaço diminuto que nos é permitido para um editorial, um debate sobre Educação que perpassa em quase toda a Europa, com destaque para a França. Como diria o Eça, Portugal tem a mania de imitar a França… mas com décadas de atraso! O que se tenta aqui mostrar são os vetores desse mesmo debate, há alguns anos impensável para toda a comunidade escolar. Senão vejamos: 1. A escolaridade obrigatória dos pais e encarregados de educação, dada por um ensino público de qualidade e por alguns colégios, aumentou exponencialmente os seus graus académicos, o que induz ao ensino dos filhos dentro do estrito espaço da família, excluindo o espaço-escola como privilegiado para a aprendizagem. 2. Nota-se, portanto, uma percentagem cada vez maior das crianças e jovens cujos parentes optam pelo ensino doméstico tendo, somente, de dar contas uma vez por ano (!!) à inspeção e às estruturas do ministério de educação francês, provavelmente para aferição de conhecimentos (dizemos nós…). As associações de ensino doméstico multiplicam-se por toda a Europa com destaque para França, Grã-Bretanha, Alemanha e Bélgica. 3. Defendem alguns pensadores ligados ao «fim da escola» que os alunos precisariam somente de duas a três horas por dia para aprenderem os conteúdos dados pelos professores em oito horas de aulas. 4. As novas tecnologias dispensariam totalmente o papel do professor como veículo de aprendizagem. 5. A arquitetura da escola vem diretamente do século XVIII, não se tendo adaptado às novas necessidades intelectuais da criança e do jovem. Adote-se, então, estruturas modulares que se ampliam ou diminuem conforme as necessidades dos alunos e professores. Como diria Dâmaso Salcede, essa personagem inesquecível de Eça, «chic a valer!» 6. Acabe-se igualmente com a escala de 0 a 20. Porquê? Traduzo Pierre Merle, um sociólogo da educação francês: «Em França, não é bem visto, pelos professores, dar demasiadas boas notas. Procura-se as classificações medianas. Os resultados são conhecidos: sentimento de injustiça nos alunos e um rancor nas relações entre professores e alunos, perda de confiança em si próprios por parte dos alunos, choques na comunidade escolar, etc.». Acabe-se, pois, com todas as escalas classificadoras. 7. A escola não soube responder às necessidades do mercado de trabalho (seja o que isso for), portanto, a haver uma escola, esta deve cobrir somente o ensino profissional ou profissionalizante. 8. A escola não respondeu minimamente à falta de segurança, indisciplina e violência que grassa nas sociedades modernas. 9. A escola não é capaz de acompanhar a rapidez dos avanços científicos, produzindo ensinamentos caducos e facilmente desmontáveis pela atualidade. E por aí fora… Ora, ao contrário do que muitos pensam, isto não é novo para a comunidade escolar. De tempos a tempos a educação é invadida (e vendida) por estas «teses» que de inovadoras têm muito pouco. O que há de novo, então? É que este debate atingiu foros universais e políticos principalmente no espaço europeu. Não saberemos o que daí sairá (até do Parlamento Europeu que a discute) e algumas teses têm até alguma razão de ser e serão matéria séria para um debate sério. Mas acabar com a escola é uma tendência cada vez mais ouvida e lida. O JornalESAS só coloca duas questões que se vislumbram problemáticas: a ser assim, acabando com a escola (e poupando os milhões que o Estado investe nela), promovendo o ensino doméstico que aumenta de percentagem de ano para ano, como se sociabiliza então a criança? Depois de nos ter em sido pedidas mil e uma atividades de integração social para as crianças e jovens, para além dos conteúdos ministrados, será a família por si só capaz dessa mesma socialização, feita na crítica, no debate de ideias contrárias, na apresentação de conclusões assentes no entendimento do outro? A segunda questão: em vez de uma escola virada para a rapidez científica (algumas tão rápidas a ser apresentadas que se tornam em fraudes), não será melhor transformar a escola num espaço de «desaceleração», de mastigar o tempo e os conhecimentos, consolidando um saber clássico, fruto de um trabalho secular de construção de uma Humanidade melhor e cimentada em valores verdadeiramente solidários? Não será esse o papel insubstituível da escola?

Coordenadores: António Catarino (prof.), Carmo Rola (profª), Julieta Viegas (profª) e Maria João Cerqueira (profª) Revisão de textos: Maria João Cerqueira (profª) Revisão geral : Maria João Cerqueira (profª) Capa: Montagem feita com com obras da pintora Aurélia de Sousa por Carmo Rola (profª) Paginação e Maquetagem: Julieta Viegas (profª) Fotografia: António Carvalhal (prof.), Clube de Fotografia

Equipa redatorial: Adriana Silva, 11ºA, Afonso Magalhães, 12ºF, Alessio Rottoli, 11ºA, Alexandra R. Sousa, 11ºH, Ana Catarina Melo, 12ºF, Ana Filipa Ramalho 11ºG, António Carvalhal, prof., António Catarino, prof., Beatriz Marques Coutinho, 7ºC, Carlos Morais, prof., Carmo Rola, profª, Catarina Cachapuz, profª, Clara Falcão, profª, Cláudia Gomes, 8ºC, Constança S. Costa, 11ºG, Eduardo Cidade, 11ºA, Fátima Alves, profª, Graça Martins, profª, Inês Sincero, 11ºH, Jô Gabriel Costa, 10ºI, José Miguel Barbosa 10ºH. Julieta Viegas, profª, Lia Costa, 11ºA, Luís Carvalho,11ºA, Maria João Cerqueira, profª, Margarida V. Bastos, 11ºG, Maria João Soares, 11ºH, Maria Luísa Vilaça, 7º C, Mariana Passos, 11ºA, Marta Gonçalves 11ºI, Rita Amorim Lopes, 7ºC, Rita Teixeira, 7º C, Rosa Margarida Costa, 11ºG, Sara Berény (ex- aluna da ESAS),Tomás Barreto, 12ºE, Vasco Ribeiro, 11ºA e Zaida Braga, profª.

Financiamento: Estrela Branca l Pão quente, pastelaria; Deriva Editores l livros, Olmar l materiais de escritório; Oporto essência | cabeleireiro low cost; Helena Costa l cabeleireiro; Susana Abreu | cabeleireiros, estética e cosmética; UrbanClinic l Estética e Escola Secundária/3 Aurélia de Sousa.

dezembro. 2016 http:// www.issuu.com (pesquisa: jornalesas)

António Catarino (prof.) ESCOLA SECUNDÁRIA/3 AURÉLIA DE SOUSA Rua Aurélia de Sousa - 4000-099 Porto Telf. 225021773 equipa.jornalesas@gmail.com

1,00 €

blog da biblioteca http://bibliotecaesas.blogspot.pt/

Os textos para a edição XLVl (46) do Jornalesas foram redigidos segundo as normas do acordo ortográfico


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