Informativo da Província Camiliana Brasileira - Edição Jan/Fev/Mar 2023

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QUARESMA E CAMPANHA DA FRATERNIDADE

Reflexões para viver uma frutuosa preparação para celebrar adequadamente a Páscoa do Senhor.

ESCRITOS DO PADRE LUÍS TEZZA

XXXI DIA MUNDIAL DO DOENTE 2023 Confira a mensagem do Papa Francisco nas palavras do Pe. José Wilson.
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O carisma Camiliano para além da missão.

Apresentação

Expediente

Ano 6 - Número 18 - 2023

Informativo da Província

Camiliana Brasileira

Provincial

Pe. Mateus Locatelli, M.I.

Conselheiros:

Pe. Adailton Mendes da Silva, M.I.

Pe. Mário Luís Kozik, M.I.

Pe. Ariston dos Santos Barros, M.I.

Pe. Junior César dos Santos Moreira, M.I.

Produção

Agência Arcanjo

Edição

Pamela Taís Cesco Gambin

Diagramação

Eduardo Luis Formentini

Revisão

Pe. Gilmar Antônio Aguiar, M.I.

Pe. Eloi Bataglion Júnior, M.I.

Corações ardentes por vida nova!

Vivemos os primeiros meses de 2023 inspirados em temas cruciais para a Igreja: o III Ano Vocacional, o Dia Mundial do Enfermo, a Campanha de Fraternidade e a Quaresma.

Inspirados pela celebração do III Ano Vocacional, buscamos promover a vocação nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade. Pelo tema e lema, refletimos à imagem de um coração ardente e pés a caminho ao despertar de todas as vocações, como graça e missão a serviço do Reino de Deus.

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Falando em vocação, a mensagem anual do Papa Francisco sobre a celebração do Dia Mundial do Doente faz um apelo por melhores condições de tratamento e atenção às pessoas em situação de enfermidade. Neste ano, somos convidados a refletir sobre o tema: “Trata bem dele!” (Lc 10,35): A compaixão como exercício sinodal de cura, nos motivando a caminharmos juntos na experiência de fragilidade e doença.

Com o tema “Fraternidade e Fome” e lema “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 14,16), a Campanha da Fraternidade de 2023 (CNBB) trata sobre o objetivo de extirpar definitivamente o flagelo da fome. “Lembremo-nos de que aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós”. Como pede Papa Francisco, que possamos ser vida ao próximo, partilhando o nosso pão do dia a dia com quem mais precisa.

Ao lembrar do pobre e do exemplo misericordioso de Cristo, vivemos a Quaresma iluminados pela vivência da nossa fé.“Eis o tempo de conversão, eis o dia da Salvação. Ao Pai voltemos e junto cantemos: eis o tempo de conversão”. Desejamos uma ótima leitura a todos!

EDITORIAL 2

Palavra do

Começar um novo ano é sempre uma possibilidade de dar graças a Deus pelo que vivemos e, sobretudo, almejar novos horizontes com esperança e alegria. A vida é constante movimento e renovação, queiramos ou não. Ela exige que nós estejamos sempre numa dinâmica de superação do “eu” pelo “nós”. A Vida Religiosa Consagrada, particularmente, vê nesta dinâmica um dos seus grandes pilares, pois ela parte do encontro com uma Pessoa e nos convida a ser anunciadores, multiplicadores da Boa-Nova de Jesus.

Foi este o convite do Cardeal Dom João Braz de Aviz em sua Carta pelo XXVI Dia Mundial da Vida Consagrada, que celebramos em 2 de fevereiro:

“Quanto entusiasmo no início das nossas histórias vocacionais, quanto encanto ao descobrir que o Senhor também me chama a realizar este sonho de bem para a humanidade! Reavivemos e cuidemos de nossa pertença porque, o sabemos muito bem, com o tempo corre o risco de perder força, sobretudo quando substituímos a atratividade do nós pela força do eu.”

Partindo da compreensão da vida de cada ser humano como um grande dom, a Igreja no Brasil, neste Ano Vocacional, nos recorda algo muito belo: que cada um de nós é um “promotor vocacional”, de maneira que cada ação da nossa vida pode contribuir para despertar no outro aquilo que há de mais nobre e sublime, ajudando-o a encontrar o sentido da sua existência. Tal perspectiva nos fará compreender a vocação como graça e missão, tendo corações ardentes

e pés a caminho, pois, uma vez tendo nos encontrado com o Senhor ressuscitado, nossa vida nunca mais poderá continuar sendo a mesma.

Tal busca de sentido perpassa toda a nossa vida, mas somos convidados a refletir sobre ele sobretudo em alguns momentos mais fortes da nossa existência cristã, como no tempo da Quaresma. Este período é propício para vivermos a prática da esmola, da oração e do jejum, tendo este último uma grande ligação com o tema que somos convidados a refletir na Campanha da Fraternidade deste ano: a fome. Esta não é apenas um “fenômeno social”, mas um verdadeiro escândalo para a humanidade, que contratestemunha o projeto do Criador, o qual deseja a vida em plenitude à humanidade, criada à sua imagem e semelhança.

Que todas estas motivações nos impulsionem a viver a nossa vocação com coragem e alegria, sabendo que nunca estamos sós, pois também a nós é anunciada aquela saudação que mudou radicalmente a vida de Maria: “O Senhor está contigo” (Lc 1,28). Que Nossa Senhora, modelo de consagrada, nos ajude a respondermos ao chamado de Deus à nossa vida.

Por Pe.
Provincial
Provincial
Mateus Locatelli, M.I.
EDITORIAL 3

Retiro Anual da Província

24 a 27 de janeiro

O retiro anual da Província é um período especial de encontro com os irmãos e com Deus, tempo de oração e fraternidade, tempo de silenciar mas também de ouvir. Foi com estas motivações que o orientador do retiro, Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, nos convidou a experimentar de 24 a 27 de janeiro dias de especial graça, recordando que “o coração do religioso é terra sagrada onde Deus pisa”.

Partindo da grande tradição da espiritualidade cristã, fomos conduzidos a rezar a partir da pedagogia do encontro, a maneira com que Jesus vivia e interagia com aqueles que se encontrava e a maneira com a qual se relaciona também conosco, nos chamando à comunhão e ao encontro com o Pai numa relação de amor e de amizade.

Sem dúvida, os dias de retiro foram um tempo propício para dialogar com Deus, nos conduzindo a reconhecer e descobrir a sua presença em nossa história, que é, verdadeiramente, história da salvação, da sua presença amorosa e misericordiosa na nossa vida cotidiana.

Por Diác. Gabriel Anderson Barbosa e Pe. Gilmar Antônio Aguiar, M.I.
Espiritualidade NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA
Pe. Gilmar Antônio Aguiar, M.I.
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Retiro Anual da Província

Pe.
Gilmar Antônio Aguiar, M.I. Espiritualidade NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA
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Ordenação Presbiteral

Padre Eloi

No dia 18 de março, Solenidade de São José, na Paróquia Camiliana São Luiz Gonzaga, em Iomerê – SC, aconteceu a ordenação presbiteral do Pe. Eloi

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Ordenação Presbiteral Padre Danilo

No dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes, na Paróquia Nossa Senhora do Belém, em Descalvado - SP, aconteceu a ordenação

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Todo ano, na celebração do Dia Mundial do Doente, o Papa publica uma mensagem apelando por melhores condições de tratamento e atenção às pessoas em situação de enfermidade. Neste ano, o Santo Padre nos convida a refletir com o tema:

“Trata bem dele!” (Lc 10,35): A compaixão como exercício sinodal de cura, nos motivando a caminharmos juntos na experiência de fragilidade e doença.

Ao apoderar-se das palavras de Ezequiel (34,3-4.15-16), ressalta o duro juízo do profeta sobre aqueles que exercem poder sobre o povo, e afirma que a experiência da doença e da fragilidade nos coloca no centro da solicitude do Senhor. Colocando em evidência a parábola do Bom Samaritano, o Papa remete-nos à sua encíclica Fratelli tutti, que faz uma leitura atualizada daquela. Na parábola, somente o samaritano, objeto de desprezo, “deixa-se mover pela compaixão e cuida daquele estranho na estrada, tratando-o como irmão”. Para superar os atentados à vida e à sua dignidade, “basta um momento de atenção, o movimento da compaixão”, para gerar um mundo mais fraterno.

Ao afirmar que não estamos preparados para a doença, a idade avançada, a vulnerabilidade e a fragilidade, somos tentados a abandonar o outro, ou nos afastarmos para não sermos um peso na sua vida, emergindo assim a solidão e o sentimento de injustiça. Confrontada com o exemplo do bom samaritano e as circunstâncias históricas atravessadas, a Igreja torna-se um verdadeiro “hospital de campanha” na sua missão de cuidar.

A parábola do Bom Samaritano sugere a prática da fraternidade organizada para opor-se ao mal. A recomendação do samaritano ao estalajadeiro: “Trata bem dele!”, Jesus estende a todos:

Enfim, “Não tem valor só o que funciona, nem conta só quem produz. As pessoas doentes estão no âmago do povo de Deus, que avança juntamente com eles como profecia duma humanidade onde cada qual é precioso e ninguém deve ser descartado”.

“Vai e faz tu também o mesmo”.
GERAL
Conexão Pe. José Wilson, M.I.
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Fraternidade e Fome – CF 2023

Estamos nos preparando para celebrar o tempo mais forte e significativo na liturgia da Igreja. Tempo em que fazemos memória do mistério salvador de Jesus: sua paixão, morte e ressurreição. Dentro do ciclo da Páscoa, a Igreja nos convida a iniciar essa caminhada com o tempo da Quaresma, quarenta dias que antecedem a Páscoa.

O Tempo Quaresmal nos faz um grande convite à conversão. Tal atitude não pode ser superficial e estética, mas sim profunda e estrutural. O profeta Joel nos ajuda a compreender a necessidade de uma verdadeira conversão quando diz: “rasgai o coração e não as vestes” (Jl 2,13). Uma conversão integral da ser humano que se dá em três dimensões: pessoal, eclesial, social.

Na dimensão pessoal, a partir do encontro pessoal com Jesus, somos convidados a estabelecer uma relação de amizade com Ele: “eu vos chamo de amigos” (Jo 15,15). Nesta relação é necessário se abrir e acolher sua identidade, para aprendermos a responder quem é Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,13). A partir do conhecimento da pessoa de Jesus, a conversão se dá na nossa configuração a Ele: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (Fl 2,5).

Na dimensão eclesial somos chamados, neste Tempo Quaresmal, a tomar consciência de uma verdade: “Somos povo que está a caminho e busca a santidade”. Nascemos do querer de Deus, porque Ele nos reúne em seu amor. Estamos a caminho e aprendemos cada dia os passos de Jesus. Buscamos a santidade na medida em que conhecemos nossa missão de cristãos e vivemos os valores do Reino. Nos desviamos muitas vezes do caminho e pecamos quando não fazemos de Jesus o centro da nossa fé. Quando o nosso querer se impõe sobre a criatividade do Espírito, quando as nossas comunidades não dão testemunho de Jesus, quando nos esquecemos do nosso compromisso com as pessoas fragilizadas.

CENTRAL
Somos povo que está a caminho e busca a santidade
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“Dai-lhes vós mesmos de comer”:

Na dimensão social, a Igreja no Brasil traz sempre um tema para a nossa reflexão, desde 1961, durante a Quaresma, na Campanha da Fraternidade. Para o ano de 2023 o tema será: “Fraternidade e Fome” e o lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Mas, qual a importância dessa campanha para nós? A Campanha da Fraternidade é um meio eficiente para nos ajudar neste nosso processo de conversão. Sabemos dos grandes dramas sociais do nosso país. Reconhecemos que a pobreza tem aumentado e que o rosto dos vulneráveis têm diversas facetas. Precisamos, também, nos converter, proposta de toda Quaresma. Não basta mantermos um assistencialismo. É preciso abraçar a metodologia da mudança sistêmica/estrutural.

A CF 2023 tem o objetivo de sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo (objetivo geral da CF 2023, manual da CF 2023). O tema também está relacionado com as palavras do Papa Francisco na mensagem para os 75 anos da ONU para a alimentação e a agricultura, em outubro de 2020:

“Para a humanidade, a fome não é apenas uma tragédia, mas também uma vergonha. Em grande parte, é provocada por uma distribuição desigual dos frutos da terra, à qual se acrescentam a falta de investimentos no setor agrícola, as consequências das mudanças climáticas e o aumento dos conflitos em várias regiões do planeta. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Diante desta realidade, não podemos permanecer insensíveis ou paralisados. Somos todos responsáveis.”

“Eis o tempo de conversão, eis o dia da Salvação. Ao Pai voltemos e junto cantemos: eis o tempo de conversão”. Assumamos este Caminho Quaresmal, iluminados pela vivência da nossa fé. Sejamos uma Igreja santa, capazes de testemunharmos Jesus Cristo e de amar os famintos que têm fome e sede de justiça.

Central Pe. Fábio
CENTRAL
Eduardo Pinto, M.I.
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Uma resposta de amor ao chamado de Cristo

Em Conegliano, Província de Treviso, Itália, no dia 1º de novembro de 1841, nasceu Luís Tezza. Filho de Augusto e Catarina Nedwiedt. A família gozava de boa reputação. A mãe era uma alma de Deus. O pai exercia a profissão de médico e foi de grande exemplo ao pequeno Luís, que aprendeu dele o amor e a dedicação aos enfermos. Pe. Luís Tezza foi proclamado Beato pela Igreja no dia 4 de novembro de 2001, por sua Santidade o Papa São João Paulo II.

Estamos celebrando neste ano o primeiro centenário da morte do Pe. Luís Tezza. As celebrações festivas, tiveram início no dia 25 de setembro de 2022, com a solene Missa de abertura. No decorrer deste ano diversas são as atividades que estão sendo desenvolvidas, tais como: visita às paróquias, aos doentes, aos grupos de pastoral da saúde, de jovens e junto aos nossos colaboradores, tudo para tornar o nosso amado Fundador mais conhecido e amado por todos.

E, para mais enriquecer essa especial comemoração, estamos acompanhando, com imensa alegria, o processo de um possível milagre na Diocese de Ribeirão Preto – SP, por intercessão do Bem-aventurado Pe. Luís Tezza. Todo o material recolhido foi enviado ao Dicastério da Causa dos Santos, em Roma. Nessa alegria, aguardamos a esperança de, em breve, vermos elevado à honra dos altares o nosso querido Fundador. A celebração do centenário se concluirá no dia 26 de setembro de 2023 com a solene celebração Eucarística no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

Pe. Luís Tezza nos ensina com o seu testemunho de vida que a santidade é acessível a todas as pessoas, que é possível percorrer este caminho no desenvolver das atividades diárias, como ele diz: a santidade consiste em “fazer o bem, e este bem, bem feito, na condição e estado ao qual Deus nos colocou. Nada mais e nada além disso”. Toda a vida do Pe. Luís Tezza foi iluminada e sustentada por um profundo abandono em Deus e à sua Divina Vontade. Neste peregrinar aqui na terra aprendeu a superar suas próprias

“A santidade, ideal de perfeição a que todos são chamados, não consiste num tipo de vida excepcional, mas na capacidade de viver a vida normal, impregnando-a intensamente dos valores evangélicos de justiça, de paz, de reconciliação e de amor”.

limitações e tendências egoístas da natureza e a direcionar suas energias humanas e espirituais para o serviço oblativo aos irmãos mais pobres e necessitados de assistência.

Pe. Luís Tezza manifestou ao mundo a beleza da face misericordiosa de Cristo no serviço aos doentes e no incansável cuidado das almas que lhe foram confiadas. No silêncio e no escondimento viveu sua vocação e missão e, de modo extraordinário, irradiou sempre a fé e a confiança na Divina Providência. Experimentando ele mesmo o imenso amor de Deus em sua vida, foi transformado pela graça em um grande apóstolo deste mesmo amor para com aqueles que sofrem, trabalhando incansavelmente pelo bem do próximo e a sua salvação.

A vida do santo é permeada por grandes alegrias e sofrimentos. Na vida do Pe. Luís Tezza não foi diferente. Não faltaram cruzes, mas, de modo extraordinário, unia os seus sofrimentos aos de Cristo, imitando-o no seu amor e entrega à vontade do Pai.

Pe. Luís Tezza ensina com o seu testemunho de vida, “uma espiritualidade sólida e exemplar, orientada para quem sofre, expressa na obediência e no abandono em Deus, na entrega convicta e submissa aos superiores”. Uma atividade apostólica do carisma camiliano de caridade misericordiosa, no serviço sacerdotal e paterno de confessor, de seguro e decidido diretor de almas e, finalmente, de exímio fundador de uma congregação abençoada por Deus e por São Camilo, hoje espalhada por todo o mundo.

Em seu peregrinar, Pe. Luís Tezza consumiu toda a sua vida na constante busca da vontade de Deus. Deixou-se conduzir plenamente, abandonando-se, por inteiro, a Ele. Que do céu, junto de Deus, ele interceda por nós e nos acompanhe a fim de alcançarmos um dia a pátria celeste.

Carisma FORMAÇÃO
Ir. Beatriz Reis Souza fsc
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Encontro com as Ministras dos Enfermos de São Camilo

Como continuadoras da missão de Jesus, nas pegadas da Madre Maria Domingas, as Irmãs Ministras dos Enfermos de São Camilo assumem e vivem o carisma de testemunhar no mundo o amor misericordioso de Deus, proclamar a ternura de Deus para com os doentes, os pobres e os marginalizados. É a missão do cuidado da vida!

A FUNDADORA

Nascida em Lucca, em 17 de fevereiro de 1789, filha de Pedro Brun e Giovana Granuci, Maria Domingas ficou órfã de pai aos 12 anos de idade, tendo, a partir disso, crescido sob a orientação afetuosa e inteligente da mãe, que soube imprimir na filha as mais belas virtudes cristãs, tornando-se um exemplo de resignação e santidade diante das adversidades.

Se mantém de pé no enfrentamento de todos os sofrimentos que virão: a perda do amado esposo após cinco meses de matrimônio, já estando grávida do filho Lorenzo, o qual morre aos 8 anos de idade.

Maria Domingas não se fecha em seu luto e sofrimentos, mas, pelo contrário, é convidada pelo Pároco e pelo Bispo a assumir frentes de pastorais, catequese, fundar uma associação de senhoras para assistir aos enfermos, ajudar Congregações que estão em decadência, construir um mosteiro para as Irmãs da Visitação de São Francisco de Sales, entre tantas outras atividades eclesiais. Por último, funda a Congregação.

PRESENÇA MISSIONÁRIA

Hoje a Congregação está em clima de expansão: a América Latina abraçou a Comunidade do Haiti; abriu novas missões no Vietnam, Índia, Indonésia e, por último, em Burkina Faso, mantendo presença na China; muitas jovens estão ingressando nas diferentes etapas de formação.

ANO VOCACIONAL DA CONGREGAÇÃO

Em 23 de janeiro de 2023, a Madre Geral, Ir. Lucia Walker, convocou toda a Congregação para a abertura do ano Vocacional. Um momento único, do qual todas as nações participaram com cantos, coreografias, oração, reflexão. A Madre Geral apresentou as jovens das diferentes etapas de formação, de todas as nações.

O lema do ano vocacional é: Vinde e vede - Proclamar a ternura de Deus. Cada Província, Delegação e Comunidade local fará uma abertura solene do Ano vocacional. Já foram feitas camisas com a logomarca e impressos outros materiais. Na Província Latino Americana, a abertura do ano vocacional será no dia 12 de fevereiro, data em que se celebra o jubileu de 50 anos de vida consagrada das Irmãs Idilia Dall’Agnol e Maria da Salete Resende.

A programação de cada comunidade será organizada com vídeos via redes socias, meios de Comunicação e jornadas vocacionais onde estamos presentes.

FORMAÇÃO
Carisma Ir. Marisa Inêz Mosena, M.I.
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O tripé da Vida Religiosa

É muito importante ter sempre presente aquela realidade que se encontra além dos votos e que constitui o coração da vida religiosa. Esta realidade, que no fundo se identifica com a vida cristã, apresenta três dimensões fundamentais, sendo:

o acesso à intimidade com Deus. Também na história da minha Ordem podemos distinguir claramente as três dimensões na vida do fundador. Em primeiro lugar, Camilo teve a experiência de Deus, descoberto como amor e ternura, que o levou à conversão do coração, no caminho de Manfredônia. Restabelecida a comunhão com Deus, Camilo se sentiu reenviado ao homem, a serviço do Reino. Assim o vemos no hospital de São Tiago, vivendo intensamente a primeira e a terceira dimensão: a comunhão com Deus e o serviço aos doentes. Mas não estava plenamente feliz. Sofria enormemente ao ver-se sozinho no serviço de tantos necessitados.

Já encontramos estas três dimensões expressas no Evangelho, quando Jesus chamou os primeiros discípulos para estar com ele e ser enviados a serviço do Reino. Nos Atos dos Apóstolos, os primeiros crentes, desejando imitar a comunidade dos apóstolos que tiveram o privilégio de partilhar a vida com Cristo, decidiram viver juntos a experiência de Deus e da comunhão fraterna. Destas reuniam força e coragem para anunciar o Reino de Deus, presente, graças à ressurreição de Cristo.

Na vida religiosa da Igreja pós-apostólica, buscou-se, num primeiro momento, viver somente a primeira dimensão. Os anacoretas partiam para o deserto para viverem sozinhos a experiência de Deus. A que desilusão eles foram ao encontro, bem a testemunha Pacômio, que depois de sete anos de mortificação solitária no deserto, viu o seu pretendido autodomínio ruir numa discussão com um coirmão. Perdeu o controle porque um coirmão pensava de modo diferente dele! Depois de anos de ascese, estava ainda na fase da polêmica...

Descoberta a segunda dimensão – a comunhão fraterna – a vida religiosa não tardou a viver de maneira mais empenhada também o serviço ao Reino, que concretamente se traduz em um serviço ao homem, seguindo Jesus que não veio para ser servido pelos outros, mas colocou-se a serviço dos outros para tornar possível a todos

Estava Camilo com esta angústia no coração, percorrendo as enfermarias do hospital nas horas noturnas, quando subitamente, perto da festa da Assunção de 1582, teve uma inspiração – o carisma do Espírito – de não mais trabalhar sozinho, mas junto, em comunhão com um grupo de homens de Deus que tivessem a mesma vocação de servir os doentes por amor. Imediatamente chamou os primeiros cinco que, confortados e animados pelo Crucifixo, juraram viver e trabalhar juntos. Naquele momento nasceu a Ordem camiliana, que depois se desenvolveu e foi aprovada pela Igreja como Congregação e depois como Ordem. Foi quando descobriu e viveu a dimensão comunitária que Camilo se tornou Camiliano.

Lendo a vida manuscrita de Pe. Sanzio Cicatelli, contemporâneo de São Camilo, vemos com quanto cuidado Camilo e os nossos primeiros coirmãos cultivaram as três dimensões: oração, vida comum e serviço aos doentes. Viver estas três dimensões é também conditio sine qua non para ter novas e autênticas vocações. Os jovens de hoje que batem à porta da vida religiosa buscam no fundo uma experiência profunda de Deus, uma comunidade viva de pessoas e um serviço ao homem que mereça a doação da própria vida. Mais urgente que o problema das vocações é formar comunidades que vivam plenamente este tripé.

Trajetória Camiliana Pe. Calisto Vendrame (in memoriam) - trecho retirado do livro Essere religiosi oggi, traduzido pelo Pe. Geraldo Bogoni
CAMILIANOS
1. A experiência de Deus; 2. A experiência da fraternidade;
13
3. A missão a serviço do Reino.
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