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Boletim trimestral da ACLA Out-Nov-Dez/2010 - Ano 1 - no 1

ACLA Academia Cachoeirense de Letras e Artes

Renasce a Academia de Letras e Artes

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Foto: Maria Lúcia Capucho

epois de quase 30 anos desativada, a Academia Cachoeirense de Letras e Artes (ACLA) está de volta. A iniciativa partiu do Grupo de Trabalho pela Revitalização Histórica e Cultural de Cachoeira Paulista. O novo presidente é o escritor Guto Capucho, tendo Jurandir Rodrigues como secretário. O mandato é de dois anos. Além deles, também são novos membros acadêmicos os escritores Izabel Fortes Pontes e Iran Barboza e o artista plástico Jurandir Fábio Monteiro. Ruth Guimarães é presidente de honra. A ACLA terá também membros adjuntos, candidatos a efetivos. “A Academia chega para agitar o meio cultural de Cachoeira Paulista”, afirma Guto Capucho.

Escritores da ACLA: Ruth Guimarães, Jurandir Rodrigues, Izabel Fortes, Carlos Varella, Iran Barboza e Guto Capucho

EXPEDIENTE - Textos e Edição: Claudia Varella Mtb. 21.596 - claudiavarella@gmail.com

PATRONOS: Valdomiro Silveira e Ovídio de Castro Membros efetivos da ACLA:

no 1: Agostinho Ramos (falecido) no 2: Carlos Varella no 3: Clara Ferreira do Prado (falecida) no 4: Eloy Simões no 5: Jair Alves Barbosa no 6: José Nunes Cardoso (falecido) no 7: Juão França Viana no 8: Juracy de Paula Lico no 9: Nelson Lorena (falecido) n o 10: Newton Gonçalves de Barros (falecido) no 11: Otton Fernandes Barbosa (falecido) no 12: Ruth Guimarães no 13: Severino A. Moreira Barbosa

no 14: Jairo Gomes Ramos (falecido) no 15: Sebastião Albano Nogueira de Sá no 16: Ismar da Silva Leal no 17: Joaquim Ma Guimarães Botelho no 18: não há registro no 19: Guido Machado Braga no 20: José Botelho Neto (falecido) no 21: Gabriel Chalita no 22: Guto Capucho no 23: Iran Barboza no 24: Izabel Fortes Pontes no 25: Jurandir Fábio Monteiro no 26: Jurandir Rodrigues

Academia teve início com 11 membros Fundada em 1972 por Ruth Guimarães, com 11 membros, a Academia somente se estruturou em 1975, sob a presidência de Jair Alves Barbosa (passou a ter 13 membros). A cadeira dos acadêmicos tinha cada uma o seu patrono. Até 1975 a Academia foi presidida por Ruth. Em 1978, na gestão de Carlos Varella, foi reformulada e passou a abranger também os artistas cachoeirenses de outras áreas, teve seu nome mudado para ACLA e os próprios acadêmicos (20) passaram a dar seu nome para a cadeira que ocupam. O presidente seguinte foi Juracy de Paula Lico e, depois, Guido Machado Braga, que praticamente extinguiu suas atividades. Sob a presidência de Carlos Varella, a ACLA realizou debates sobre Eutanásia, Reencarnação, Óvnis, Papel da Imprensa, Parapsicologia, Liberdade Sexual; Júri Simulado de Judas; Mostra Coletiva de Artes Plásticas; relançamento de livro de Agostinho Ramos; palestras em comemoração do Centenário da Imprensa Cachoeirense; e a publicação mensal do Suplemento Literário no jornal O Cachoeirense.

Agende-se As reuniões da ACLA são mensais e ocorrem sempre no último sábado do mês, às 10h, no Clube Literário e Recreativo de Cachoeira Paulista, que cedeu o espaço.


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Posse tem homenagem a Carlos Varella, Manifesto e Café Literário escritor Carlos Varella foi o homenageado do 1o Encontro de Arte e Cultura do Clube Literário de Cachoeira Paulista, de 14 a 17 de outubro. Com sete livros publicados, ele representou, como membro da Academia Cachoeirense de Letras e Artes (ACLA), os escritores da cidade. “Estou aqui pela literatura, como escritor, e esta homenagem - que recebo e agradeço - eu a divido com todos aqueles outros cachoeirenses que se devotam a compor poesia e a escrever prosa. Porque acredito que a nossa luta seja a mesma: a de ser lido”, discursou. Na mesma cerimônia, outros cin-

co membros da ACLA foEscritor recebe placa ram empossados: Guto de diretoria do Clube Capucho, Iran Barboza, Izabel Fortes, Jurandir Fábio e Jurandir Rodrigues. Também fazem parte da ACLA (e serão empossados em janeiro) Jorge Chalita (músico), Dirceu Motta (escritor), Antonio Comonian e Roberto Mendes (artistas plásticos). A Ruth Guimarães, presidente de honra da ACLA e membro da Academia Pau- nifesto, direcionado à instituição e a lista de Letras, leu na cerimônia o Ma- “todo povo da minha terra”.

Café Literário reúne livros e obras dos artistas

Manifesto da ACLA

Com o relançamento dos livros dos escritores e a exposição das obras dos artistas cachoeirenses, a ACLA promoveu o Café Literário, dentro do 1o Encontro de Arte e Cultura do Clube Literário de Cachoeira Paulista, no dia 15 de outubro. O evento teve também um sarau literário, com a leitura de trechos de obras dos artistas - alguns deles são escritores da cidade, mas ainda não integram a ACLA. “O Café Literário ajudou os próprios escritores a conhecerem um a obra do outro, além de ter proporcionado ao público uma noite repleta de poesia e muita literatura boa. As obras dos artistas também chamaram a atenção de todos nós”, ressaltou Guto Capucho, presidente da ACLA. Foto: Thaís Varella

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Foto: Maria Lúcia Capucho

Ruth Guimarães lê a biografia de Izabel Fortes; abaixo, artistas dividem a mesa do café

Foto: Claudia Varella

Estas palavras, não as dirijo somente aos integrantes presentes das Sete Artes aqui entre nós, mas a todo povo da minha terra, árvore milagrosa que frutificou em espiritualidade. A própria conformação cachoeirense, com a igreja no alto, refletindo-se no grande rio Paraíba, que corre na várzea como se se visse num espelho e proporcionando a imagem de uma catedral submersa nos dá o nosso destino. A que vem as atividades mais recentes no terreno das artes e da literatura? Que faremos das nossas mais recentes intenções de conhecimento? A ideia de criar uma prática constante, crescente e atuante que proporcione aos valores surgidos no nosso povo, destacando-os e dando-lhes elementos para trabalharem seguidamente em prol de um meio social melhor e que eleve as almas até o céu – e que a arte tenha as armas eficientes, para que vivamos intensamente e possamos provar que nem só de pão vive o homem, mas também da graça de Deus sendo a arte uma de suas ramificações. Cidade pobre como a nossa, sem grandes possibilidades, produz entretanto valores artísticos a se emparelharem com os melhores da pátria e possivelmente com os melhores do mundo. O amor e a poesia são as duas mais valiosas formas de conhecimento que existem. E nós temos os nossos poetas para nos elucidarem a respeito de nossos sentimentos, pois são a forma mais perfeita de conhecimento. A arte possibilita o crescimento integral. A que viemos, os acadêmicos de Cachoeira Paulista? A tornar a vida mais bela, cheia de conhecimento que não encontraríamos de outra maneira, de uma solidariedade impossível de conseguir de outra fonte, mas que se completam na convivência e na alegria de viver em plenitude. Cachoeira Paulista, cidade pobre, como és rica dos teus talentos! Cidade pequenina, como és grande! (Ruth Guimarães)

Foto: Jurandir Rodrigues

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Quem são os acadêmicos cachoeirenses Ruth Guimarães: presidente de honra da ACLA Foto: Olavo Botelho

terno, o português José Botelho, guarda-chaves da Estrada de Ferro Central do Brasil, na rua do Aterro, atual Carlos Pinto, “entre as barrancas do rio Paraíba e os trilhos da estrada de ferro”. Aos dez anos de idade, publicou seus primeiros versos nos jornais locais A Região e A Notícia. Frequentou a Escola de Arte Dramática, de Alfredo Mesquita, estudando Dramaturgia e Crítica. Foi aluna e discípula de Mário de Andrade, que a iniciou nos estudos de folclore e literatura popular. Trabalhou para diversas editoras como revisora e tradutora. Escreveu crônicas, artigos e crítica literária para jornais e revistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Lisboa: Correio Paulistano, A Gazeta, Diário de São Paulo,

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os 90 anos de idade, a escritora Ruth Guimarães é atualmente a personalidade cachoeirense mais importante da história literária de Cachoeira Paulista. Além de membro e presidente de honra da ACLA, ela é imortal da Academia Paulista de Letras, ao lado de escritores como Lygia Fagundes Telles, Ignácio de Loyola Brandão, Ruth Rocha e Tatiana Belinky. Ruth Guimarães Botelho nasceu em Cachoeira Paulista, no dia 13 de junho de 1920, em sítio do avô ma-

Folha da Manhã, publicando contos no Suplemento Literário do jornal O Estado de S.Paulo e crônicas semanais para o jornal Folha de S.Paulo. Foi repórter das revistas Noite Ilustrada, Carioca, Globo, Semana Ilustrada, Senhora, Quatro Rodas, Realidade, Atualidades Literárias e Revista Lusitana (Portugal). Em 1946, lançou pela Editora da Livraria Globo seu primeiro livro, Água Funda, romance que retrata o universo rural e caipira do Vale do Paraíba paulista e mineiro, nas vertentes da serra da Mantiqueira, sucesso de público e crítica. Um dos primeiros críticos a lhe dar atenção foi Antonio Cândido, seu amigo até hoje e autor do prefácio da reedição lançada em 2004. No lançamento de Água Funda, em 1946, estiveram presentes Guimarães Rosa e Lygia Fagundes Telles. “A gente passa nesta vida, como canoa em água funda. Passa. A água bole um pouco. E depois não fica mais nada. E quando alguém mexe com varejão no lodo e turva a correnteza, isso também não tem importância. Água vem, água vai, fica tudo no mesmo outra vez.” (trecho de Água Funda).

Gabriel Chalita: 42 anos e 52 livros publicados em Direito e em Ciências Sociais; graduado em Direito e em Filosofia. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Cachoeira Paulista aos 19 anos de idade e atuou em diversas ONGs, entre elas a Julad (Juventude Latino Americana pela Democracia). Foi Secretário de Estado da Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer do Governo do Estado de São Paulo; Secretário de

Foto: Divulgação

Nascido em 30 de abril de 1969, em Cachoeira Paulista, Gabriel Chalita revelou-se como escritor já aos 12 anos, quando publicou seu primeiro livro. Aos 15, fez uma coleção destinada a crianças em idade de catequese. Sua obra compõese, hoje, de 52 títulos, desde livros didáticos até tratados sobre a ética e a filosofia. Entre eles: Os Dez Mandamentos da Ética, Ética do Rei Menino, Pedagogia do Amor, Vivendo a Filosofia, Pedagogia da Amizade e Cartas entre Amigos (em parceria com Padre Fábio de Melo). Dos 52 livros publicados, dois títulos já foram lançados no exterior. Contam com edições em língua estrangeira: Os Dez Mandamentos da Ética, lançado em 2004 na Argentina, Chile e Espanha, e Pedagogia do Amor, lançado na Espanha em 2006. É Doutor em Filosofia do Direito e em Comunicação e Semiótica; Mestre

Estado da Educação de São Paulo e Presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação do Brasil) por dois mandatos. Atualmente, ele é professor dos programas de graduação e pós-graduação da PUC e da Universidade Presbiteriana Mackenzie e palestrante nas áreas de filosofia, ética, relações interpessoais e educação. É membro da Academia Brasileira de Educação e da Academia Paulista de Letras. É apresentador dos programas de rádio e tv Papo Aberto, ambos pela TV Canção Nova. Exerce o seu primeiro mandato como vereador da cidade de São Paulo, tendo recebido a expressiva votação de 102 mil votos, destacando-se como o vereador mais votado no Brasil, em 2008. Nas eleições 2010, foi eleito deputado federal, com 560.022 votos. Site: www.gabrielchalita.com.br

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Guará e formou-se em Filosofia na Faculdade Salesiana de Lorena.

Guto Capucho: 3 livros, professor e socialista!

Jurandir Rodrigues e sua Acontecência

Jurandir Fábio representou o Brasil na Itália

O Sonho da Ovelha no Trigal de Outono (haikais), Letras de Fúria e A Dança das Nuvens sobre os Mortos. Estes são os três livros publicados do escritor Guto Capucho.“Escrevi muito esse ano. Reuni poemas e contos esparsos para poder lançar dois livros em 2011, um de poemas e um de contos”, diz. Natural de Cruzeiro, Guto é professor de História e poeta. Tem 43 anos, é casado com Rebecca e pai de dois filhos. E socialista.

Filho de seu Geraldo e dona Lídia Sofia, Jurandir Rodrigues nasceu no Pitéu e foi criado no Alto da Boa Vista. É casado com Maria Lúcia dos Santos Capucho. Sem filhos. Formado em Letras e com pósgraduação em estudos literários pela Fatea, Jurandir trabalha como professor de Português. Já foi repórter do jornal Primeira Página, em Cachoeira. Em 2010, ele lançou seu primeiro livro, Acontecência, pelo Selo Vale em Poesia da Editora Multifoco.

Que tal ter um trabalho seu representando o Brasil na Itália? Pois o artista plástico Jurandir Fábio tem esse feito no seu currículo. Em 2005 foi classificado no concurso Internacional da Academia Nacional de Artes Plásticas, em Poços de Caldas, tendo assim seu trabalho como um dos representantes brasileiros na Itália. No mesmo ano, Jurandir Fábio representou Cachoeira na fase Regional do Mapa Cultural Paulista, na modalidade Artes Plásticas, em Ilhabela. Natural de Caçapava, ele iniciou sua carreira fazendo esculturas de madeira, aos 14 anos de idade. Em 2004 , já ganhou prêmio: foi o 1o colocado na III Mostra de Artes Plásticas Quissak Júnior, em Guará. Em 2006, ele participou da exposição de arte contemporânea Territórios, no Buriti Shopping em Guará e também lançou O Expectador da Vida. Formado em Educação Artística pela Fatea, o artista inaugurou sua 1a obra pública em 2010 na Praça Prado Fo.

Blog: Acontecência http://jurandir-rodrigues.blogspot.com/

Estatuto da ACLA em discussão Com a ajuda de Jair Alves Barbosa (na foto) e de Carlos Varella (dois acadêmicos que já passaram pela presidência da ACLA), a diretoria atual e seus membros iniciaram, em dezembro, os trabalhos de atualização do Estatuto da instituição.

Foto: Claudia Varella

“O Estatuto precisa ser atualizado, com pequenas alterações e acréscimos, devendo ser incorporadas nele as normas legais. As academias de letras costumam seguir os moldes da ABL, que seguiu o molde da francesa. No nosso caso acho que isso não é necessário. Temos de ter uma ACLA nossa, desprendida do modelo tradicional. Nada de formalidades”, opinou Carlos Varella.

Foto: Acervo pessoal

Admirador na literatura de Machado de Assis, José Saramago, Gabriel Garcia Marquez, Ruth Guimarães, Carlos Lacerda e Ernest Hemingway, entre outros, Carlos Varella escreve sem parar. Nem bem acaba de publicar um livro, já está escrevendo contos para os seguintes. Depois de Garranchos (1967), O Olhar do Coveiro (1997), A Paixão de uma Vida (2000), Beco dos Aflitos

(2002), Santo Frei (2004), Praça de Guerra (2007) e Contos de uma Cidade Mágica (2009), ele lançará em 2011 seu 8o livro de contos: Terra de Histórias. “Faço literatura como hobby”, afirma ele, que define-se como livrepensador, ateu, liberal e pragmático. Como cronista, colaborou em vários jornais da região. Editou os jornais Revisão (na Faculdade) e Primeira Página. Ele é membro da Academia desde a sua fundação. Filho de Yolanda e Nelson Varella, Carlos nasceu em Cachoeira em 1945. É microempresário, casado com Iara, tem 4 filhos do primeiro casamento. Fez o curso primário no Grupão, o ginasial no Severino, o colegial no Instituto de Educação de

Blog: http://blogdocapucho.blogspot.com/

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Fotos: Claudia Varella

Foto: Claudia Varella

Carlos Varella lança o 8o livro em 2011


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Joaquim: filho de escritor, escritor é

Foto: Claudia Varella

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ada mais, nada menos que filho da escritora Ruth Guimarães e do fotógrafo José Botelho Neto, o seu Zizinho. Talento, portanto, não lhe falta. Herdou dos pais ilustres. Joaquim Maria Guimarães Botelho é prova viva do ditado “adaptado” Filho de escritor, escritor é. Presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), Joaquim Maria é jornalista, escritor, palestrante e professor. Mestre em Crítica Literária pela PUC-SP, ele é autor de vários livros, dentre eles Gerenciamento da Carreira do Executivo Brasileiro (coautoria com Thomas A. Case, fundador do Grupo Catho), Imprensa, Poder e Crítica e Redação Empresarial sem Mistérios. Também assinou tra-

duções do inglês e do espanhol. Foi professor da Universidade de Taubaté e da Uniban, onde formou jornalistas que hoje atuam com destaque na imprensa. Há 30 anos atuando como jornalista, ele comandou equipes na revista Manchete, TV Globo, TV Bandeirantes e jornal ValeParaibano. “Sempre cuidei para que a elaboração das notícias permitisse entendimento claro por parte do leitor e do telespectador, fosse ele empresário ou gari”, explica. Com o mesmo espírito, Joaquim Maria atuou na Embraer, no INPE e na Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. É casado com Tânia. Sem filhos.

Poeta nas páginas de O Cachoeirense

Izabel Fortes abriu seu “baú de rabisco”

Email: iranbarboza@bol.com.br Blog: www.iranbarboza.blogspot.com

Foto: Acervo pessoal

Os primeiros textos publicados pelo poeta Iran Estevam Barboza foram no jornal O Cachoeirense, entre as décadas de 1980 e 1990. Anos depois, ele se aventurou na publicação de livros. Publicou três: Um Quê de Poesia (2005), Dona Sebastiana de Tal... e outros poemas inoportunos, porém, anódinos (2007) e Café com Içás (2010). Nascido em Cachoeira Paulista em 29 de dezembro de 1969, Iran é filho de Antônio Aleixo e Elena. Servidor público, é casado com Cláudia e tem uma filha, a Thálitha. Atualmente, exerce o cargo de vereador em Cachoeira pelo PSDB. Ele fez o ensino fundamental na escola Paulo Virgínio (1977-1984) e o Ensino Médio na Escola Severino Moreira Barbosa (1985-1987). Ingressou nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, sendo classificado em 1 o lugar no vestibular daquele ano para o Curso de Letras (1989), desistindo, porém, de prosseguir estudos por razões financeiras.

Site: www.joaquimmariabotelho.com.br/

Foi em 1941 que nasci na pequena Cachoeira. Apesar de meus pais, Sebastião Fortes e Maria Aparecida Nogueira Fortes, não terem recebido nenhum manual de instrução de como lidar com criança, creio que eles deram conta do recado. Tenho certeza de que foi o amor dos dois o responsável por terem feito de mim uma amante da vida. A morte de papai, quando eu tinha 14 anos, amadureceu-me prematuramente. Foi meu rito de passagem Não tive adolescência. Por essa época, os livros foram meus grandes companheiros, além de alguns namoradinhos e muitos poemas melosos. Enfiei a cara nos livros e nos estudos. Fiz o curso Clássico no Instituto de Educação Rodrigues Alves em Guaratinguetá. Tive que estudar muito para acompanhar a turma. Por essa época li

Foto: Claudia Varella

muitos livros e procurava me identificar com as personagens. Viajei com Huck pelo Mississipi no livro As Aventuras de Huck, de Mark Twain, sofri com As Mulherzinhas, de May Alcott, vivi os dramas de A Senhora, de José de Alencar, e muitos e muitos outros... Aos 18 anos, entrei na Faculdade de Letras da PUC, em São Paulo. Como não conseguisse produzir boa literatura, parei de escrever. Até que rabisquei alguma coisa, mas nem tinha coragem de mostrar para ninguém. Em 1964, comecei a dar aulas e me aposentei em 1993. Nessa época nem tempo tinha para escrever. Sempre briguei com a gramática e valorizei a leitura de bons livros de literatura. Meus alunos viviam perguntando por que eu não escrevia o meu livro, já que exigia tanta leitura de bons livros. Em 1967, casei-me, rodei mundo, o tempo passou, tive três filhos lindos que, juntos com minhas queridas noras, me deram de presente seis netos maravilhosos. De uns tempos para cá, resolvi passar para o papel as histórias e estórias que contava para meus filhos e hoje conto para os netos Como professora de língua e literatura sempre fui muito crítica com o que escrevia, mas, agora, aposentada, mais livre e avó, resolvi abrir para vocês o meu baú de rabiscos! (Izabel Fortes, autora do livro A Ubá do Curumim)

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Esculturas da ACLA na Praça Prado Fo Fotos: Jurandir Rodrigues

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lém de a estátua do Soldado Constitucionalista, feita por Nelson Lorena (1902-1990), a principal praça de Cachoeira Paulista (a Prado Filho) ganhou mais quatro escultuJurandir Fábio e sua 1a obra ras, sendo três de pública; no detalhe, busto de dr. Jurandir Fábio. Darwin feita por Newton Lorena São dele os bustos dos três soldados cachoeirenses O quarque morreram no terremoto do Hai- to busto é ti, no início do ano: Antônio José Ana- do médico cleto, Rodrigo Augusto da Silva e dr. DarTiago Anaya Detirmermani. “Esta é win Ayminha primeira obra pública”, revela moré do Prado, cujo centenário de nasJurandir Fábio. cimento foi comemorado em 2010). A reinauguração da praça - que O busto foi feito por Newton Lorena, agora conta também com uma con- filho de Nelson Lorena. As quatro cha acústica - ocorreu no dia 6 de obras fazem parte do Memorial de novembro. Soldados e Benfeitores da Cidade.

Roberto Mendes: talento sem fronteiras

Foto: Claudia Varella

inho” “Cam a teca l e T

(Roberto Mendes) Blog: blogdorobertomendes.blogspot.com

Autodidata, Antonio Gomes Comonian, de 56 anos, é um artista que coleciona prêmios. Em 2010, foram seis prêmios conquistados em exposições no Rio de Janeiro. Site: www.camonian.com.br

Cultivando a natureza

√ 10/2010: Medalha de Ouro no o 8 Salão de Artes Plásticas da Liga da ADESG (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra), no Rio de Janeiro. Obra: Cultivando a Natureza. √ 09/2010: Paleta de Ouro no 3o Salão de Artes Plásticas da Liga da Defesa Nacional, no Rio de Janeiro. Obra: Cultivando a Natureza. √ 08/2010: Medalha de Prata no o 10 Salão de Artes Pláticas na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro. Obra: Contemplação do Lago. √ 07/2010: Medalha de Prata no 1o Salão de Artes Plásticas do Saber Cultural no Auditório do Museu Histórico do Exército no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Obra: Manhã no Campo. √ 05/2010: Medalha de Prata no o 1 Salão de Artes Plásticas do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), no Rio de Janeiro. Obra: A Natureza em Harmonia. √ 03/2010: Medalha de Prata no 7o Salão de Artes Plásticas da Academia Brasileira do Meio Ambiente no Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Obra: Quando a Nascente Desperta.

Foto: Claudia Varella

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As montanhas, os rios, a luz brilhante das paisagens, os retratos são minhas principais buscas para o aprimoramento das minhas obras. Tive iniciação artística ainda jovem, frequentando e pesquisando em galerias, museus e revistas para me aprofundar e me dedicar à arte. Cursei em São Paulo a Escola Panamericana de Arte, aulas de modelo vivo na Pinaco-

do Estado de São Paulo e aprimoramento de óleo sobre tela. Frequentei a Feira de Artes, na cidade de Embu das Artes, em São Paulo, participando também de várias exposições, muitas delas em minha cidade natal. Muito me honra ser reconhecido onde nasci e vendo meu nome incluído na Semana do Artista Cachoeirense. Tenho obras no Museu Jairo Ramos e participei de várias exposições no Parque Ecológico, na Câmara Municipal e no Clube Literário. Posso dizer que o talento do artista brasileiro não observa fronteiras e uma boa obra de arte é apreciada em qualquer lugar do mundo.

Antonio Comonian coleciona prêmios


ACLA

Escritores e artistas divulgam a ACLA A

Foto: Rebecca Capucho

No Serelepe, Guto Capucho, Carlos Varella, Ruth Guimarães, Izabel Fortes, Jurandir Fábio, Jurandir Rodrigues e Iran Barboza

tes, Jurandir Fábio, Jurandir Rodrigues e Iran Barboza participaram de um sarau na Mostra Cultural 2010 - O Vale do Paraíba, da escola CEDSerelepe, em Cachoeira. “Fomos muito bem recebidos, apresentados um por um à plateia e muito elogiados pela Maria do Carmo, que coordenou o sarau. Em nossa homenagem, os alunos fizeram apresentação dos personagens infantis de Monteiro Lobato, apresentações musicais e declamação de poesias. Depois visitamos a exposição, ciceroneados pelas professoras, na qual foram destaChá Literário na ETEC

Palestra

cadas em painéis as entre- Foto: Professora Renata vistas que os alunos haviam feito conosco e nossas obras”, contou Carlos Varella. Um senhora da plateia comentou que, apesar de morar em Cachoeira há 50 anos, nunca havia ouvido falar que Ruth Guimarães, era escritora... “Por aí se vê que o sarau serviu para alguma coisa”, diz Varella. Izabel Fortes tem história parecida. “Uma ami- Izabel fala sobre temática indígena aos alunos do Grupão ga do bairro do Embaú mostrava meu livro para as crianças dizendo que conhecia a autora. De repente, uma criança perguntou se a autora era uma pessoa ou se só as máquinas que faziam os livros”, conta a escritora. Em agosto, Izabel ministrou palestra na EMEF Dr. Evangelista Rodrigues, o Grupão, para falar de seu livro, A Ubá do Curumim, lançaIran Barboza participa de Café Literário na do este ano e com a temática indíescola José de Godoy Roseira, em Cachoeira gena. O convite a escritora surgiu de uma forma inusitada. A profes- e Jurandir Fábio, com O Expectador sora Raquel propôs a seus alunos da Vida, participaram de uma sessão que fizessem um trabalho sobre in- de autógrafos. Jurandir Fábio tamdígenas e uma de suas alunas pro- bém expôs suas obras no recinto do curou uma vizinha, professora apo- evento, enquanto que o outro Juransentada, para lhe emprestar algum dir (o Rodrigues) ministrou a palesmaterial sobre o assunto. Quem era tra Literatura e Tecnologia. No Chá Literário da ETEC, os esta vizinha? Izabel Fortes, que, além alunos declamaram poemas do livro de ir a escola para falar com os alunos, Acontecência. O evento, na biblioteca emprestou seus dicionários de palada escola, reuniu Guto Capucho, vras indígenas. “Se você quiser ser, Ruth Guimarães, Jurandir Fábio e ter algo diferente, tem que fazer algo Roberto Mendes, estes últimos exdiferente”, disse Izabel a alunos e propuseram algumas de suas obras. fessores do Grupão. O escritor Iran Barboza participou Jurandir Rodrigues, secretário da do Café Literário na Escola MuniciACLA e autor de Acontecência, tampal EMEIEF Diretor José de Godoy bém fez palestra de literatura para Roseira, na Margem Esquerda, para alunos da escola Regina Pompeia Pinfalar às crianças sobre a importância a to, em Cachoeira. Em outubro, na 8 da leitura. “O Café Literário foi um edição da a projeto da prof Adriana Aparecida Feira Itino Senac Assunção, que teve por objetivo colonerante car as crianças em contato com escride Troca de Livros, tores cachoeirenses e, assim, desdo Senac pertar nelas a necessidade e curioside Guará, dade pela escrita e leitura”, afirmou. Em dezembro, ele participou do Ju r a n d i r R o d r i - 1o Chá Literário do EJA (Educação gues, com de Jovens e Adultos). É a ACLA marFotos: Maria Lúcia Capucho 7 Acontecência, cando presença! Foto: Rosemara Simões

Academia Cachoeirense de Letras e Artes (ACLA) nem bem foi reativada em agosto, e seus membros já puseram-se na ativa total. Em 2010, vários eventos contaram com a presença de integrantes da ACLA. Houve também vários lançamento de livros e premiações. “A ideia era reforçar o nome da instituição nos eventos culturais e literários de Cachoeira e região. Então, todos nós sempre falávamos em nome da Academia”, explica Guto Capucho, presidente da ACLA. Em agosto, Guto Capucho, Carlos Varella, Ruth Guimarães, Izabel For-


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Nove livros lançados em 2010 Dias depois, na Bienal, foi a vez Lançamento de Café com Içás, na escola de Joaquim Maria lançar o seu: Paulo Virgínio, em agosto Redação Sem Mistério. Ele já havia lançado o livro dias antes na Fnac, em São Paulo. Gabriel Chalita lançou quatro livros este ano - PHN: 12 Histórias de Amor, A Ética do Rei Menino, O Peixe Azul (com ilustrações de Maurício de Sousa) e Cartas entre Amigos - Sobre Ganhar e Perder (em parceria com o padre Fábio de Melo) - este dois últimos na Bienal. Em abril, Izabel Fortes lançou bagagem, Ruth Guimarães lançou em em Campinas (SP) e depois em Ca- junho João Barandão e Outras Hischoeira, o livro A Ubá do Curumim. tórias, no qual ela reúne contos fol“Trata-se de um livro infanto-ju- clóricos da região do Vale do Paraíba. venil sobre um indiozinho que ama “Estes contos me foram narrados seu pai, seu povo e sua vida

Foto: Alex Ribeiro

Foto: Claudia Varella

Foto: Revista Contigo

Foto: Olavo Botelho

2010 foi um ano bem produtivo para os escritores da ACLA: houve o lançamento de nove livros, sendo quatro na 21 a Bienal Internacional de São Convite do lançamento de Ubá, em Campinas Paulo, em agosto. Depois de fazer o lançamento em Cachoeira, em feve- selvagem. Para virar índio reiro, Jurandir Rodrigues lançou adulto, ele passa por um ritual de passagem muito sé- Gabriel Chalita e pe. Fábio de Melo autografam livro Foto: Claudia Varella rio”, resume. Jurandir Rodrigues Ela conta que sempre gostou de por minha avó durante a minha inlança seu ouvir, quando criança, e de ler, de- fância e colhidos em conversas com Acontecência na pois que cresceu, sobre os índios: pessoas simples da zona rural”, diz. Bienal do Livro Em setembro e em outubro, Ruth seus costumes, suas crenças, seu jeito livre de viver. “Resolvi contar para Guimarães promoveu o relançaos netos as histórias acumuladas na mento coletivo de vários de seus limemória, e eles me perguntavam: Vó, vros, durante café da tarde na sua capor que você não escreve um livro com sa, em Cachoeira. Parabéns a todos! suas histórias sobre os índios? Aceitei a sugestão.” Joaquim Maria autografa o Café com Içás foi o livro lan- exemplar de seu livro para a çado pelo escritor Iran Barbo- jornalista Claudia Varella za na escola Paulo Virgínio, em agosto. “Quero também aqui agradecer os que, no lançaAcontecência na Bienal pelo selo Vale mento do meu livro, deram viem Poesia (de escritores do Vale do da, som, interpretação e forma Paraíba). “Participar da Bienal dá vi- aos meus textos. São eles, Disibilidade ao autor. Hoje falta espaço mas Barbosa, Guto Capucho para o escritor. Portanto, ter contato e Jurandir Rodrigues”, agracom outros escritores e leitores é fan- dece Iran. tástico”, opina. Com mais de 40 livros na 8


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