Revista Viração - Edição 93 - Fevereiro/2013

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tecnologia Qualcomm, no qual entrevistou cinco mil pessoas nos Estados Unidos, Reino Unido, China, Índia, Coreia do Sul, África do Sul, Indonésia e Brasil. As imagens frutos de sexting podem ser usadas como uma forma de vingança, por meio da exposição humilhante do outro na rede. Os motivos podem ser diversos, como o término de um relacionamento, uma traição, ou até mesmo uma simples briga. As imagens são espalhadas na web, causando todo o tipo de constrangimento para a pessoa exposta. De acordo com o blogueiro Ande Teixeira, esses casos são muito comuns na internet. “A gente cansa de ver casos de ex-namorados expondo ex-namoradas, então não é uma coisa muito segura.” Mesmo sendo adepto do sexting, Ande tem suas ressalvas: “Eu não sou a favor de você identificar o seu rosto em nenhuma situação, mesmo para o namorado. Nunca sabemos o dia de amanhã”, completa. Uma vez postado um conteúdo é praticamente impossível retirá-lo da rede. É o que Ande Teixeira chama de “efeito internet”, o fato de, qualquer conteúdo postado ficar virtualmente “para sempre” na internet. A psicóloga da SaferNet Juliana Cunha comenta que “chega a ser uma ironia, mas é interessante dizer que todo mundo no futuro deveria ter direito de mudar o próprio nome para poder apagar o passado que a internet gravou”. Ela diz que as pessoas estão começando a entender os efeitos reais das postagens na rede somente agora. Garantir o direito à informação, intimidade, vida privada, e imagem na era da internet não tem sido tarefa fácil. Em seu livro Direito e Internet: Liberdade de Informação, Privacidade e Responsabilidade Civil, Liliana Paesani explica que “o problema reside no fato de que a internet não é uma entidade física, e as leis existentes só fazem sentido onde há fronteiras e jurisdições tradicionais.” De acordo com o promotor da Vara da Infância e da Juventude de Campo Grande, Sérgio Harfouche, as leis não conseguem acompanhar as mudanças provocadas pela internet e, hoje, não existem aparatos legais que possam dar suporte às vítimas das consequências negativas do sexting. A recomendação da SaferNet é que as pessoas não produzam ou deixem os outros produzirem fotos, vídeos ou arquivos em áudio que possam prejudicá-las depois, em nenhum meio eletrônico. Juliana afirma que “é difícil, mas a gente sabe que uma vez registradas as imagens, que podem ser íntimas, ou que podem ser de uma situação constrangedora, você corre o risco dessas imagens serem roubadas. Então é muito difícil você ter controle disso”, finaliza. V

*Uma das Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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