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TIK TOK: DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO

Rede social mais popular entre adolescentes vive onda de revivals de música de catálogo, e você também pode tentar tirar uma casquinha

por_ Ricardo Silva de_ São Paulo

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A rede social mais popular entre adolescentes e adultos de até 24 anos é, individualmente, a maior esperança para a música de catálogo. Qualquer coisa produzida antes do ano 2000, mostram os números das grandes plataformas, tem pouquíssimas audições. O mesmo não ocorre no TikTok. Essa rede baseada na publicação de vídeos virais de estética deliberadamente tosca, com dancinhas, desafios e situações cômicas — quase sempre com música de fundo — tem como marca o efeito manada. Literalmente, um vídeo de sucesso ali pode ganhar 200 mil imitações em algumas horas. O irônico é que várias das publicações dos juveníssimos membros do TikTok têm hits das décadas de 70, 80, 90 e 2000 como trilha sonora.

Há alguns meses, um vídeo viralizou com a faixa “Dreams”, lançada em 1977 pelo Fleetwood Mac, e que voltou ao top 10 da Billboard. Não parou por aí: músicas antigas de David Bowie, Lilly Allen, Gilberto Gil e Shakira saíram do fundo do baú para ocupar posições de destaque no streaming.

Prova desse poder de mobilização do TikTok é que o Spotify lançou recentemente a playlist Viral Hits, com mais de 2 milhões de seguidores, para reverberar as canções que bombam na rede social de origem chinesa. No Brasil, uma playlist local com a mesma pegada foi batizada de Hits da Internet e já tem mais de 300 mil seguidores.

“O sucesso no TikTok pertence aos usuários e, especialmente, aos criadores de conteúdo. São eles que criam, adotam e ampliam tendências”, resume Roberta Guimarães, diretora de Conteúdo Musical do TikTok Brasil. Uma estratégia que a plataforma sugere para tentar tirar uma casquinha dos revivals de catálogo é que os artistas — ou suas equipes de marketing — publiquem vídeos engraçados e de apelo popular com músicas que queiram voltar a trabalhar. Depois, é preciso promover o link ali mesmo e em outras redes, na esperança de cair no gosto dos adolescentes.

Não que isso seja garantia de grandes lucros financeiros dentro do próprio TikTok. Apesar de já ter acordo com as majors para pagamento de direitos fonomecânicos, a companhia ainda está em negociação com o Ecad e não paga execução pública, por exemplo. O grande pulo do gato seria ir parar nas já mencionadas playlists do Spotify e de outras plataformas. E aí, sim, conseguir transformar aquele velho hit “esquecido” outra vez numa fonte de receitas.

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