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UBC FECHA ACORDO COM SPA, UMA NOVA PONTE ENTRE BRASIL E PORTUGAL

Três dos maiores artistas da ‘terrinha’ celebram a parceria, pela qual serão representados exclusivamente em território brasileiro pela nossa associação

por_ Hérica Marmo de_ Lisboa

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Carminho, uma das principais fadistas da nova geração: ‘o acordo é um grande passo’

Carminho, uma das principais fadistas da nova geração: ‘o acordo é um grande passo’

A saudade, essa palavra tão própria da língua portuguesa, é grande além-mar. Acostumados a cruzar o oceano várias vezes ao ano para se apresentarem aos fãs brasileiros, artistas como Carminho, Ana Moura e António Zambujo aguardam a liberação dos bloqueios aéreos e sanitários para o esperado reencontro. Enquanto isso, mantêm o intercâmbio cultural com a ajuda das plataformas de streaming. E os trabalhos de antes, durante e depois da pandemia não só deles, mas de todos os portugueses ouvidos no Brasil, passam a ser representados exclusivamente pela UBC, que acaba de firmar um novo acordo com a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

O acordo estabelece a reciprocidade na representação mútua entre os associados de ambas as sociedades. Anteriormente, apenas os associados da UBC eram representados em Portugal pela SPA. Agora, o oposto também vale. Com isso, a UBC será a responsável por recolher e enviar à SPA os valores referentes à execução pública no Brasil de canções de artistas portugueses.

Carminho, que já gravou com Chico Buarque, Milton Nascimento e Marisa Monte, entre outras estrelas da música brasileira, acredita que a parceria é consequência da crescente troca entre os dois países. “Comigo, as parcerias aconteceram sempre muito naturalmente. Só nos deparamos com as questões burocráticas mais tarde. Mas o acordo de representação é muito facilitador e um grande passo para essa ligação”, opina a fadista, que está voltando aos palcos portugueses, seguindo os protocolos de distanciamento social e ainda disponibilizando ingressos para os fãs assistirem on-line de qualquer lugar do planeta.

Durante a parada obrigatória imposta pela pandemia, Carminho fez uma live com Moreno Veloso e esteve na plateia virtual de outras apresentações do gênero. “Tem sido diferente e renovadora essa forma de as pessoas se apresentarem. Os artistas tiveram que se reinventar, e é bonito ver as pessoas tentarem, nunca desistirem”, diz ela, destacando as lives de Caetano Veloso entre as preferidas: “Foram inesquecíveis. Fabulosas.”

A pausa nas viagens também não abalou a forte relação de António Zambujo com o Brasil. É dele o sotaque português entre os cantores que Gal Costa escolheu para o projeto de comemoração dos seus 75 anos. No disco de duetos “Nenhuma Dor”, a dupla divide “Pois É”, de Chico Buarque e Tom Jobim. “Foi uma surpresa muito boa. Fiquei muito feliz pelo convite, pela sugestão da música, de dois dos maiores autores brasileiros, e também por estar ali ao lado de outros cantores fantásticos, que admiro: o Tim Bernardes, o Rodrigo Amarante, o Silva, o Criolo... tanta gente boa”, afirma.

Zambujo: colaboração constante e plural com o Brasil

Zambujo: colaboração constante e plural com o Brasil

Em abril, o artista lançou “António Zambujo Voz e Violão”, que tem outras conexões com o Brasil. No disco de temas originais e releituras de músicas que foram importantes para a sua história, está “Como 2 e 2”, de Caetano. Além disso, o nome é uma reverência a “João Voz e Violão”, último álbum de estúdio de João Gilberto. “Foi um disco que mudou a minha vida e me influenciou muito. Então, decidi homenageá-lo dando esse título”, explica.

UM NOVO CANAL PARA PROMOVER E VIABILIZAR COLABORAÇÕES.

Ana Moura

Outra artista portuguesa muito conhecida no Brasil, Ana Moura também aproveitou a quarentena para preparar um novo disco. Com previsão de lançamento para setembro, a cantora liberou nas plataformas o single “Andorinhas”, no fim de abril, e considera o público brasileiro um “porto seguro” para esse trabalho. “O Brasil sempre abraçou a vanguarda na música, e é aí que eu me vejo com este novo projeto. Pus na minha música a mistura que pulsava em mim e que vai ecoar no Brasil. Sinto que me vão entender”, aposta Ana Moura, que tem grandes expectativas em relação ao acordo entre a UBC e a SPA: “A vontade que sempre tive de colaborar mais estreitamente com artistas brasileiros tem mais um canal para ajudar a promover e viabilizar essas colaborações.”