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ENCONTRO/ENCUENTRO LATINO

Artistas do Brasil e de outros países do continente se aproximam cada vez mais, e festa do Grammy Latino vira símbolo desse namoro cultural

de_ São Paulo

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No Oeste da América do Sul, um paredão rochoso de 7,2 mil quilômetros de extensão marca uma separação física entre o continente e o “outro lado”, o Pacífico. No panorama musical latino-americano, parece que os Andes estão é ao redor do Brasil. Frequentemente apartados, de costas uns aos outros, brasileiros e outros latino-americanos vêm escalando essa montanha imaginária e se encontrando no topo. Parcerias, feats, projetos unificadores aproximam os gêneros variadíssimos do nosso país aos de Colômbia (reggaeton, cúmbia), Argentina/Uruguai/Chile (rock), Porto Rico (pop latino), Cuba (salsa-pop).

Um evento simboliza, como poucos, o namoro cultural entre nossos povos: o Grammy Latino. Desenhada para contemplar as múltiplas manifestações musicais de Norte a Sul do continente, a festa anual é uma das raras ocasiões em que se pode ver Anitta e a mexicana Sofía Reyes, Rosalía (Espanha) e Carminho (Portugal), Paula Fernandes e Luis Fonsi confraternizando, fazendo contatos… quem sabe combinando parcerias? “É um barato, um grande prazer poder estar com tanta gente com a qual tenho afinidade, e foi uma honra poder fazer o show de abertura”, disse Anitta, referindo-se a “La Vida Es Un Carnaval”, hit de Victor Daniel imortalizado pela diva cubana Celia Cruz que ela cantou em perfeito espanhol ao lado de Olga Tañón (Porto Rico) e Milly Quezada (República Dominicana).

Para Pedro Dash, um dos produtores de “Kisses”, de Anitta, indicado a melhor álbum de música urbana, analisar os finalistas da premiação é se dar conta de que o que se produz no Brasil e lá fora já não é assim tão diferente. “Nossos sons e culturas estão se misturando. Posso dizer por experiência própria, pois nós (Los Brasileros/Head Media) estamos produzindo cada vez mais artistas latinos”, ele afirmou. Dash fez ainda uma observação curiosa sobre um certo mal-estar da turma do reggaeton pelo que considerou uma sub-representação do gênero na edição 2019 do prêmio: “Entendo (a bronca), é o reggaeton que leva a música latina para o mundo hoje!”

Anitta entre Olga Tañón e Milly Quezada, no número de abertura da última edição do Grammy Latino: símbolo de aproximação

Anitta entre Olga Tañón e Milly Quezada, no número de abertura da última edição do Grammy Latino: símbolo de aproximação

Outra empolgada com a possibilidade de mostrar seu trabalho — mesmo num gênero tão genuinamente brasileiro como o sertanejo — e receber bons feedbacks foi Paula Fernandes. “Sou muito grata por poder compartilhar músicas e experiências com artistas tão incríveis”, descreveu a artista, que já esteve em outras edições e conheceu muitos criadores de outros países. “Duas das grandes parcerias na minha carreira foram com (o espanhol) Alejandro Sanz e (o colombiano) Juanes”, lembrou Paula, que, além de ter sido indicada a melhor álbum sertanejo, com “Hora Certa”, subiu ao palco para apresentar um prêmio ao lado do ator cubano William Levy.

União transcultural e transnacional que, para Gabriel Abaroa, presidente da Academia Latina de Gravação, responsável pelo Grammy, deve prevalecer: “Temos recebido propostas de grupos brasileiros para organizar seus próprios Grammy, ao que eu, como líder desta organização, absolutamente me oponho. A intenção da Academia não é isolar o Brasil, mas servir como uma embaixada onde ele possa expor seu produto, o melhor de sua música.”

LEIA MAIS: Gabriel Abaroa, da Academia Latina de Gravação, analisa os pontos em comum entre brasileiros e latinos e as oportunidades de networking para nós nos Estados Unidos ubc.vc/Abaroa

Acima, Paula Fernandes e o ator cubano William Levy durante um momento do prêmio; abaixo, Erasmo Carlos recebe o troféu Live Achievement, pelo conjunto da sua obra, na edição de 2018, tendo ao fundo Aloysio Reis, diretor-geral da Sony/ATV e diretor financeiro da UBC

Acima, Paula Fernandes e o ator cubano William Levy durante um momento do prêmio; abaixo, Erasmo Carlos recebe o troféu Live Achievement, pelo conjunto da sua obra, na edição de 2018, tendo ao fundo Aloysio Reis, diretor-geral da Sony/ATV e diretor financeiro da UBC