Street Ground #03

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- O que te inspira na hora de criar suas artes e/ou na hora de tocar? Algum artista, musica, lugar? Eu não tenho muito essas de “inspiração”, geralmente eu vou lá e faço. Nunca reparei no que me inspira, eu posso, por exemplo estar andando de ônibus e ter uma ideia, ou vendo TV mesmo… Mas gosto de fazer tudo ouvindo o bom e velho punk. Tem artistas sim que eu tenho como referência (as vezes nem no plano estético, mas no modo como ele opera, na maneira que encara a “arte”). Sobre lugar, acho que a cidade onde eu moro mesmo, ela me inspira sim. Essa coisa meio caótica de São Paulo, do volume descenessário, das pessoas se esbarrando, do lambe-lambe velho se desfazendo, da coisa suja… Eu não encaro isso de maneira natural não, acho essa cidade aqui um caos, uma coisa horrivel que deu errado. E ela é um re�lexo do que é o resto do mundo também… Ver a coisa sob essa perspectiva do erro, do fracasso, me inspira. Eu gosto de pensar também que eu tenho esse “poder sobrenatural” de não ser impactado por absolutamente nenhuma propaganda, nada. Tudo que eu vejo nesse sentido se torna ridiculo, absurdo mesmo, aí eu tento ampli�icar o senso de absurdo e ridículo nos meus trabalhos. Claro que eu tava brincando chamando isso de “super poder”, na real enxergar as coisas assim seria o mínimo que se espera de alguém que tenha uma visão crítica das coisas, isso eu peguei do punk. Junta tudo passando pelo prisma da minha personalidade ranzinza e da nisso. Como eu falei no começo, nunca parei pra pensar nisso, mas resumindo “inspriação” acho que é isso: ser punk e ranzinza numa cidade grande onde tudo é sujo e todo mundo tá se amontando pra te convencer a “mudar de lado”.

- Cara, muito obrigado pela entrevista, agora pra �inalizar, mande um recado, agradecimento... o que você quiser. O espaço é seu.

Cara, valeu pelo interesse em me entrevistar e pelo espaço. Eu só queria dizer pra que as pessoas não morram, ou seja, não deixem de produzir coisas elas mesmas. To falando de uma das forças mais poderosa atreladas ao punk, que é o Faça-Você-Mesmo. De onde eu venho a gente faz nossa própria música, nossa propria literatura (porque esse seu zine não deixa de ser isso), nossa propria arte, as vezes ate nossa propria comida, etc. Isso não pode morrer, é legal que a gente tenha ao menos um mínimo de controle sobre nossa vida em oposição a se reduzir a uma pessoa que consume tudo que é oferecido pelos outros e não insere nada de pessoal, de humano. contatos: antitudo.com / antitudo.tumblr.com / flickr.com/antitudo / antitudo@gmail.com


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