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nยบ 1 - Pรกscoa 2012
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www.flickr.com/photos/pelikularevista
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pelikularevista@yahoo.com
Em mem贸ria do meu pai,
Ant贸nio Oct谩vio Carneiro, um amigo da fotografia.
REVISTA PELIKULA nº 1 - Páscoa 2012
Fundador: Filipe Carneiro
Conselho Técnico: Luís Ferreirinha, Mário Esteves, Filipe Carneiro
Princípio Editorial:
“fotografia em cru” – este é o fundamento que a revista procura;
um pequeno acerto de pós-produção será aceitável.
Fotógrafos:
Filipe Carneiro
Inês Carneiro
Ivo Assis
João Mota
Joaquim Ferreira
Jorge Machado
Jorge Reis
Luís Ferreirinha
Manuel Varzim
Mário Almeida
Mário Castro
Mário Esteves
Nuno João
Nuno Soares
Octávio Carneiro
Rita Mota
Fotografia da capa: de Mário Castro
Artigo de Opinião: “A LINHA DO DOURO” por Mário Esteves
Apoio Informático: Filipe Lourenço
CONVITE: os apaixonados pela fotografia que pretendam publicar as suas fotos nesta revista, poderão enviar os
seus trabalhos para o mail pelikularevista@yahoo.com
(assume-se que as fotos enviadas - no máximo 5 - são de autoria legítima e têm carácter gratuito;
pede-se um mínimo de 2000 pixeis no lado pequeno da foto e resolução a 300 ppi)
PATROCÍNIO e Impressão Gráfica: GRAFISLAB, Designers e Impressores
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A fotografia nasceu oficialmente em França entre 1826 e 1839 por dois encenadores de teatro, Niépce e Daguerre. Em 1826 Niépce usou uma câmara escura para projectar a luz sobre uma placa de vidro revestida com um material fotossensível. Foi talvez a primeira imagem fotográfica, mas com uma qualidade muito sofrível e um componente técnico muito laborioso. Daguerre em 1837, com a preciosa ajuda de Niépce, desenvolveu imagens com uma nitidez e contraste consideráveis. Para isso criou o Daguerreótipo, uma câmara escura em forma de pequena caixa de madeira, que apresentou ao público em 1939 (já após a morte de Niépce). Estava criada a primeira câmara fotográfica. A fotografia não mais parou de crescer. Desde o preto e branco até à cor, começando no analógico até ao digital dos dias de hoje, a fotografia tem deslumbrado e arrebatado corações; o seu impacto no mundo é grandioso e impossível de descrever num simples texto. Tem sido usada para os mais variados fins. Desde o sentido estético e documental, passando pelo estudo científico e jurídico, é também explorada com objectivos menos nobres. Mas é o lado bom e positivo, o belo e o artístico que interessa. Uma boa fotografia é muitas vezes, e simplesmente, uma imagem com impacto. Fotografia é mais imaginação do que visão e o resultado final depende de uma organização adequada entre o pensamento e a técnica. Esta revista, à semelhança de outras, pretende promover o conhecimento e o gosto pela fotografia. O seu princípio editorial procura a fotografia em cru, muito embora uma pequena manipulação de pósprodução seja aceitável. Todos os formatos de suporte de imagem são possíveis, com um carinho especial pelo analógico que se mantém vivo e pelo preto e branco que nunca deixou de se afirmar. Será sempre apresentado um tema livre de texto, cujo conteúdo não deve colidir com os princípios básicos da ética. Os amigos da fotografia, os bons e os menos bons, os melhores e os fantásticos, poderão publicar nesta revista se assim o entenderem. Têm apenas que sentir paixão e vontade de evoluir cada vez mais. Este é o trajecto que pessoalmente me tenho esforçado por percorrer. Como diz o filósofo: “ há os que fazem, os que vêm e os que criticam”. Embora tenhamos de tudo um pouco, nesta revista procuramos mais o fazer. A todos muito obrigado.
Filipe Carneiro
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Noctívago Luís Ferreirinha
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Luz na Arrábida Conjugação do dramatismo de um fim de tarde de chuva com o dourado do Porto. Irrepetível.
Manuel Varzim
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Rabelos Nevoeiro do Porto sobre os Rabelos de Gaia
Manuel Varzim
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Jo達o Mota
Jo達o Mota
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Jo達o Mota
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Histórias de Uma Vida Luís Ferreirinha
Céu Agreste Textura áspera, durante o dia, só mesmo com 1600 ISO e filtro ND
Octávio Carneiro
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JoĂŁo Mota
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Sonhos Perdidos LuĂs Ferreirinha
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Mem贸rias Sentidas Lu铆s Ferreirinha
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Jo達o Mota
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Nocturna LuĂs Ferreirinha
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Jorge Machado (em anal贸gico)
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Manequins Vivos Inês Carneiro
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Maquilhagem Inês Carneiro
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Inês Carneiro
Octávio Carneiro
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19 Tradição e Moderno Nuno João
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Mรกrio Almeida
Jorge Reis
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Mรกrio Esteves
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Joaquim Ferreira
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Mรกrio Castro
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Petroquímica Leça da Palmeira, 2h30 AM
Filipe Carneiro
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Mรกrio Castro
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Era tudo assim..., em anal贸gico Filipe Carneiro
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Orvalho “Mergulhando” a máquina fotográfica no meio da erva molhada, esta foi a mais conseguida de entre várias tentativas.
Manuel Varzim
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Pantera Negra No crepĂşsculo...
Filipe Carneiro
Hunter Eyes O olhar... quase no escuro.
Filipe Carneiro
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Ataque Atrás das grades e após incauta provocação, numa fracção de segundo dá-se o ataque...
Filipe Carneiro
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Mário Almeida
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Raposa Nuno Jo達o
Ivo Assis
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Folhas Secas no Riacho No gerĂŞs, tirado sobre um riacho com magia.
Manuel Varzim
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MĂĄrio Almeida
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Rita Mota
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Rita Mota
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A LINHA DO DOURO
Portugal, segunda metade do século XIX. As primeiras tendências de industrialização imprimem uma dinâmica nunca antes vista na sociedade. De facto, a adopção das inovações técnicas que permitiam substituir o trabalho humano pela mecanização – nomeadamente no aproveitamento da força elástica do vapor de água – abriram horizontes inimagináveis tornando célere e vigoroso o arranque da Revolução Industrial no nosso país. Não obstante, o crescimento económico díspar entre as várias regiões do nosso país gerou diferenças cada vez mais significativas entre as localidades litorais relativamente às do interior. Começaram assim a intensificar-se as trocas mercantis entre essas localidades, utilizando-se para tal as vias de comunicação tradicionais, nomeadamente as vias fluviais e marítimas. À semelhança do que aconteceu no início século em Inglaterra, a utilização dos caminhos-de-ferro, permitiria transportar várias mercadorias com óbvia redução de custos e aceleração dos tempos de entrega. Romperam-se túneis, abriramse vias para assentar os carris mágicos, aproximaram-se localidades, uniram-se regiões remotas e chegou-se onde anteriormente não se chegava. É neste contexto, comum a tantos outros por essa Europa fora – e não só – que se esboça o caminho-de-ferro do grandioso Vale do Douro. Porta natural de expansão para a vizinha Espanha, caminho de escoamento de produtos importados e/ou exportados via porto de Leixões ou Alfândega do Porto, o comboio permitia para além disso chegar às regiões de Trás-os-Montes e do Alto Douro. Formalmente, o Decreto-Lei de 2 de Julho de 1867 confirma o arranque desta magistral linha férrea que tantas vezes ao longo do seu percurso atravessa viadutos de suster a respiração e aproveita para beijar o rio Douro quando as necessidades do terreno assim o ditam. Paralelamente, constitui um eixo de primordial importância permitindo, agora através da via métrica, ramificações para o interior do país, chegar onde antes nunca se tinha chegado. As obras iniciaram-se em 8 de Julho de 1873. À medida que as obras iam avançando, e de molde a chegar ao importante porto comercial da Régua, tornou-se imperioso vencer o rio Sousa e o rio Tâmega através de pontes metálicas. Surgiu de seguida a necessidade de se escavarem os primeiros túneis até que chegamos ao rio Douro através do viaduto da Pala. Daqui para frente, a via férrea juntava-se ao meio fluvial encaixando-se em encostas de xisto, transpondo afluentes e perfurando montes de grandes dimensões. Chegou-se assim à Régua em 15 de Julho de 1879. 6 Anos! 6 anos de sangue, suor e lágrimas. 6 anos de picaretas, de dinamite e de uma força sobre-humana que talharam uma via que ainda hoje é fundamental à região do Douro vinhateiro. Um ano depois chegou-se à belíssima localidade do Pinhão. Estávamos em Junho de 1880. Uma vez vencido o troço final até à fronteira com a vizinha Espanha impunha-se a continuidade da via em território espanhol chegando aos planaltos de Castela, plataforma para Salamanca e Madrid. Para trás ficavam o Tua, o Pocinho, o lugar de Ferradosa e Barca d’Alva. A 9 de Dezembro de 1887 abriu-se a mais directa via terrestre que até hoje existiu entre a cidade do Porto e o resto da Europa! A criação, no início do séc. XX do rápido Porto - Medina del Campo com ligação a Madrid Irun / Hendaye atesta a afirmação acima proferida.
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As primeiras 3 décadas do século XX vincaram a importância da Linha do Douro, nomeadamente através das vias de penetração para o interior de Trás-os-Montes, o que significou um acréscimo de passageiros e de mercadorias oriundos destas terras tão portuguesas. No entanto, a primeira grande guerra bem como a depressão de 1929 associados ao total desinteresse do Estado Novo no que aos transportes públicos dizia respeito, precipitaram o começo do fim desta magnífica linha. Nos anos cinquenta do Século XX esta linha já estava envelhecida, os carris gastos, o rápido Porto-Medina suprimido! O tráfego de mercadorias ia paulatinamente sendo transferido para a linha da Beira –Alta: tão longe! O declínio acentuavase… Condenada a Linha do Douro, a sua morte lenta foi-se consumando ao longo dos anos, suprimindo-se ou limitando-se fortemente os comboios além Pinhão. A suspensão por parte da RENFE da sua ligação a Barca D’Alva foi a “machadada final” na Linha Internacional do Douro! Já neste século, com a importância do Douro Vinhateiro a sobressair e a servir de fomento para a exploração turística da região, tentou-se em vão100 reabrir as memórias do passado e devolver a dignidade à linha. Actualmente o comboio turístico a vapor que parte da Régua é uma ténue e triste evocação do nobre passado. Disse… Mário Esteves
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Mรกrio Esteves
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Old Train (em anal贸gico) Nuno Soares
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From the Train (em anal贸gico) Nuno Soares
Railway Ghosts (em anal贸gico) Nuno Soares
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Conection (em anal贸gico) Nuno Soares
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Fragmentos Lu铆s Ferreirinha
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Filipe Carneiro
InĂŞs Carneiro
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Mรกrio Esteves
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