Notícias do Mar n.º 347

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Notícias do Mar

Voo do Guarda-Rios

O Homem do Tejo

Texto Carlos Salgado

e o Turismo

O homem do Tejo foi influenciado pelas características próprias das diferentes regiões que o rio atravessa, culturalmente diferentes entre si, e por conseguinte o homem tagano teve de adaptar-se às condições em que viveu e foi adoptando comportamentos também diferentes no seu modo de vida, usos e costumes e actividades laborais, bem assim como na etnografia, nos saberes e nos sabores e nos modos de exteriorizar os seus sentimentos, e graças a isso o nosso Tejo é rico em tradições, memórias, afectos e emoções, o que contribui para enriquecer a oferta turística do nosso maior rio e da sua bacia hidrográfica

C

aros leitores, como não me canso de divulgar nas minhas crónicas publicadas neste jornal, as valências que podem e devem fazer do Tejo um destino turístico de referência, na crónica deste mês ouso repetir umas quantas coisas que venho dizendo ao longo do tempo, o que não deixa de contribuir para avivar a memória dos operadores turísticos, dos investidores e empreendedores, bem assim como dos edis dos municípios ribeirinhos do Tejo. O rio Tejo formou a sua bacia hidrográfica que se estende desde a região da serra da Estrela até ao Atlântico, e nessa travessia encontram-se as regiões da Beira Baixa, do Alto Alentejo, do Ribatejo e do Estuário (a Grande Lisboa), que

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ocupam praticamente 1/3 do terri­tório de Portugal continental, e graças à extensa rede de afluentes do Tejo, incluindo os sub-afluentes, os ri­beiros, e as ribeiras, a sua bacia é tão ampla. Cada uma dessas regiões, desde a fronteira até ao Atlântico tem características bem diferenciadas devido à sua geografia, aos solos e ao próprio clima, o que contribuiu para criar uma pluralidade de paisagens e foi gerando uma biodiversidade fora do comum que determinou a classificação de inúmeros Parques, Reservas Naturais e Zonas de Protecção Protegida, e por isso também gerou uma rica panóplia de ofertas turísticas que devem ser aproveitadas e potenciadas com saber. È com estas mais valias que

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deve ser construído o futuro turístico sustentável do Tejo. É preciso repensar qual deve ser o melhor “ turismo ” para o Tejo segundo uma óptica realista, alicerçada numa relação de qualidade e continuidade. A organização da oferta turística, a promoção integrada e a gestão participada são algumas das dimensões mais inovadoras, tendo em vista a afirmação de uma marca diferenciadora no contexto do turismo nacional. Voltando a fazer referência a essa panóplia de ofertas turísticas do Tejo nacional que nenhum outro rio português possui com tanta diversidade, das quais passo a destacar algumas: O Artesanato - O Tejo define o carácter do homem, dálhe a inspiração e oferece-lhe

os materiais mais adequados à criação da sua arte, que está intimamente ligada ao artesanato. O Folclore - directamente relacionado com a faina campestre e com as festas e momentos de diversão, ele retrata a vivência humana dos trabalhos agrícolas e também da faina da pesca artesanal, folclore esse que assimila etnográfica e musicalmente, por vezes as características de outras regiões, que se foram enraizando graças às migrações sazonais inter-regionais de trabalhadores. Particularmente na região ribatejana é de destacar os trabalhos da criação, tratamento e treino do cavalo de raça e da condução e lide do gado bravo e também da vinha e do vinho, entre outros. A Gastronomia – Os solos férteis disponibilizam uma farta variedade de produtos agro-alimentares e de peixe do rio que, mulheres e homens dotados para a cozinha, dotes esses que são transmitidos de geração em geração, transformam esses produtos e apuram-nos nas mais variadas iguarias. Os Vinhos – a vitivinicultura do vale do Tejo, com destaque para o Alentejo e Ribatejo, tem uma história secular pois graças à genialidade do homem e dos fertilíssimos solos regionais que determinam algumas manchas vinícolas superiores, produzem-se vinhos de variadas castas, que são preciosos néctares. A Festa Brava – com maior evidência nas regiões do Ribatejo e do Estuário, a festa dos toiros está profundamente enraizada na cultura do povo que, com paixão e valentia, participa nas largadas, nas esperas, nas touradas, e nas tentas como


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