Notícias do Mar n.º 323

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Notícias do Mar

Texto e Fotografia de Arquivo Carlos Salgado

Conhecer e Viajar pelo tejo

O Contingente da Apanha da Ostra no Estuário do Tejo Atingiu 6.992 Ton. em1969/70 O meu entrevistado é o Dr. António Antunes Dias, biólogo, professor e reconhecido especialista em Zonas Húmidas que, durante a sua prestigiosa carreira, foi Chefe do Serviço Regional de Setúbal do Instituto Nacional de Investigação das Pescas, director da Reserva Natural do Estuário do Sado e também da Reserva Natural do Estuário do Tejo.

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Dr. António Dias 34

2013 Novembro 323

inha que iniciar a entrevista pela seguinte pergunta: C.S. Caro Dr. Antunes Dias, somos do tempo das Ostras Portuguesas do Tejo serem exportadas às toneladas, para França. Como se explica que elas tenham sido mortas (exterminadas) a partir de meados do século passado? A.D. Antes de responder concretamente à pergunta formulada, gostaria de deixar explícito que a conhecida ostra portuguesa Crassostrea angolata é originária do Estuário do Tejo, segundo Bouchon Brandely (1822), como refere o então Director do Instituto Nacional de Investigação das Pescas – Vilela (1975). Voltando à sua pergunta direi o seguinte: O tributil de estanho (Bu3 Sn+), vulgarmente conhecido por TBT e componente das tintas antifoulling utilizadas na pintura do casco das embarcações, é altamente tóxico para bivalves. Foi a causa do desaparecimento dos bancos de ostras porque, mesmo em baixas concentrações nos sedimentos ou na água provoca anomalias na calcificação interferindo com o chamado metabolismo do cálcio e a níveis pouco mais elevados, dá origem a perturbações na embriogénese e no crescimento larvar e juvenil. As concentrações de tributil de estanho (Bu3 Sn+) apresentaram um máximo de 1155±247 em sedimentos do Estaleiro da Lisnave. C. S. O senhor acompanhou de perto o período em que esta nossa ostra era uma riqueza para o país e como ela se desenvolvia e era tratada antes de ser exportada. O que pode contar-nos sobre esse período? A.D. Efectivamente a partir de Outubro de 1966, data em que iniciei a minha carreira profissional no então Instituto de Biologia


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