Notícias do Mar n.º 317

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Pesca Desportiva

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eformado de uma multinacional, Martim Meneses tem agora todo o tempo que quiser, para desfrutar a sua paixão, a pesca. A entrevista que lhe fazemos vai servir para dar umas dicas da sua experiência, falar das suas aventuras de pesca e contar aos que pensam que pescar é só meter o anzol com isco na água, pois se houver peixe… já está. Não é bem assim! Em Portugal, onde começou a pescar e qual foi o primeiro peixinho que meteu no saco? Comecei a pescar com 10 anos nos buracos das rochas da praia da Parede. Aos 12 anos recebi a pimeira cana de pesca,

dada por um tio e então dediquei-me nas férias, na foz do Ave em Vila do Conde, com minhoca apanhada por mim como tinha visto fazer no Tejo, perto do Cais das Colunas, quando faltava à aula para ir ver pescar. O primeiro peixe que apanhei foi uma sargueta que amanhei e comi. Em Portugal, na pesca da costa, como gosta de pescar mais, nas praias aos robalos ou na rocha aos sargos? Comecei a ir à pesca mais a sério com 16 anos em S.Pedro do Estoril com o Tenente Carvalho Branco. Ainda está em S.Pedro a pedra com o nome dele, onde ía de noite ao can-

Barracuda comida à nossa vista,por outra maior,quando era rebocada para o barco

Xareu

deio e pescava nas rochas aos sargos. Nessa altura eu pescava esencialmente das rochas ou da muralha na Torre de Belém e ainda na quina da praia de Carcavelos. Pesquei de tudo mas essencialmente sargos e sarguetas e alguns robalos. Sei que gosta muito de pescar em África quando foi que começou? Quando fui para comandante do destacamento de Quimariamba, no norte de Angola (guardar a ponte sobre o rio Cugo), não descancei enquanto no PAD de Sanza não me fizeran um anzol de um prego e com ele atado a uma corda (não empatado), iscado com carne de cabra do mato, apanhei um bagre de mais de 15 Kg. Um peixe que os meus soldados comeram deliciados. Para o tirar do buraco na lama onde entocou, demorei mais de 8 horas. Nessa altura devo ter apanhado os bagres todos que havia no rio. Quando fui na 1ª operação

na Serra do Uige, em Carmona, já ía prevenido, comprei uma cana, carreto, linhas e anzois e a partir dai, sempre que subia à serra em operações passava pela ponte do rio Lufige, fazia um descansso e apanhava uns peixinhos com pouco mais de 100 gramas que todos comiamos como uma iguaria, quando chegavamos ao cimo da Serra. Os soldados e um furriel de tropa, naturais da provincia, já não dispensavam que eu fosse à pesca, mesmo quando tinham que fazer segurança porque a zona era de combates e fui atacado duas vezes, quando estava a pescar. Todos os rios de Angola onde passei sentiram a minha mão, mas o sucesso foi sempre relativo, até arranjar amostras de colher que me deram grandes pescarias, de peixes parecidos com os nossos escalos. Nunca gostei de peixe de água doce nem para comer e agora, de vez em quando, lá como um achigã, mas realmente não gosto. 2013 Maio 317

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