revista Oiticica - A Pureza É um Mito

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B7 Bólide Vidro 1, 1963 | B32 Bólide Vidro 15, 1965/1966 | B31 Bólide Vidro Nº 14 ”Estar”, 1965/1966 | Foto: Edouard Fraipont

“O que seria então o objeto? Uma nova categoria ou uma nova maneira de ser da proposição estética? A meu ver, apesar de também possuir esses dois sentidos, a proposição mais importante do objeto, dos fazedores de objeto, seria a de um novo comportamento perceptivo, criado na participação cada vez maior do espectador, chegando-se a uma superação do objeto como fim da expressão estética. Para mim, na minha evolução, o objeto foi uma passagem para experiências cada vez mais comprometidas com o comportamento individual de cada participador; faço questão de afirmar que não há a procura, aqui, de um ‘novo condicionamento’ para o participador, mas sim a derrubada de todo condicionamento para a procura da liberdade individual, através de proposições cada vez mais abertas visando fazer com que cada um encontre em si mesmo, pela disponibilidade, pelo improviso, sua liberdade interior, a pista para o estado criador – seria o que Mário Pedrosa definiu profeticamente como ‘exercício experimental da liberdade’.” OITICICA, Hélio. Aparecimento do supra-sensorial na arte brasileira. In Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 102. Trecho de texto escrito em dezembro de 1967.

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