Ocupação Giramundo Teatro de Bonecos

Page 1

ÃO

ku” rês co, -se do es.

ca tro se am uz.

nte do um ão.

69


praticados no mundo todo

Na Europa, assumiu di formas sendo conhecido “Guignol” na França, “Punch” na Inglaterra, “Kar na Alemanha, “Pulcinnella tália.

No Oriente, encontrou na o local onde desenvolveu virtuosística de manipul sendo praticado até hoje.

Como personagem anárq popular e contraditória boneco de luva se iden fortemente com o povo, cr uma linguagem própria fixando a rua como seu tea

O Mamulengo do nordes Brasil, de fundo popular, este gênero.

De manipulação muito dif boneco de luva exige mu marionetista pois este deve criando vozes e interpret às vezes, duas personage mesmo tempo.

F

undado em 1970 e ainda em atividade, o grupo de teatro de bonecos Giramundo tem uma história tão50 incrível quanto38aquelas que ele leva para os palcos. Ao longo de mais de 40 anos, o coletivo mineiro explorou as mais diferentes técnicas de construção e manipulação de marionetes e abordou os mais diversos temas em espetáculos para públicos variados – sem contar as recentes experiências com suportes audiovisuais e digitais –, compondo uma trajetória que se reinventa constantemente... Feito o mundo, que não para de girar.

Dizem que o boneco de é o único boneco onde sangue dentro, o sangue mãos do marionetista.

BONECO TRINGLE

Do francês “tringle”, v Tem o corp sustentado 58 haste metá fixada na c

E é nessa rodopiante e incessante trajetória que a 21ª Ocupação Itaú Cultural se aventura. Além de uma exposição, em cartaz entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, o programa apresenta uma mostra de peças da companhia – e, em itaucultural.org.br/ocupacao, traz textos, fotos e vídeos ligados ao universo do Giramundo.

Pode-se ad movimento pernas e m simplificad

Tradiciona praticado

Itaú Cultural

MAROTE da Itália, n

no Norte d É considera

Variação simplificad do boneco do boneco de vara este gênero se pres Por figuraçõe ser mo bem para e dança. Nãoopossu ferro, “tri controles nas mãos movimento nem na cabeça ma e rá o bombrusco manipulado pode tirar muitos ef de seus movimento soltos.

66

68


A ARTE DE MOVER

P

uxando os fios da história do Giramundo, chegamos à infância de Álvaro Apocalypse (19372003) em sua Ouro Fino natal. Era lá que, observados pelas montanhas do sul de Minas Gerais, o menino e seus irmãos brincavam de imaginar e materializar uma cidade povoada só por brinquedos e bonecos. Álvaro, por assim dizer, não deixou de lado essa brincadeira até morrer, aos 66 anos, mesmo – ou principalmente – quando investido de papéis profissionais como os de pintor, desenhista, gravador, cenógrafo e diretor de teatro.

Já em Belo Horizonte, depois de estudar gravura em metal e litografia na lendária Escola Guignard – uma instituição muito mais preocupada em estimular a experimentação e a criação artísticas do

que em produzir e distribuir diplomas –, Álvaro começou, em 1959, a dar aulas de desenho na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde conheceu sua futura mulher, Terezinha Veloso (1936-2003), também artista plástica e docente no local. Em 1970, os dois iniciaram uma parceria artística com a aluna Maria do Carmo Vivacqua Martins, a Madu, bolando apresentações cênicas informais, com bonecos um tanto rudimentares, para crianças, familiares e amigos na residência de campo do casal em Lagoa Santa, região metropolitana da capital mineira. E as sessões domésticas daquela que foi considerada uma inventiva e carismática versão de A Bela Adormecida deram o que falar. Em 1971 o Giramundo levou para o Teatro Marília, no centro da cidade, sua releitura do conto de fadas do francês Charles Perrault (1628-1703) – e foi justamente para a França que o grupo rumou no ano seguinte, como convidado do 1º Festival Mundial de Teatro de Marionetes, em Charleville-Mézières. A passagem pela comuna francesa, espécie de meca do teatro de bonecos, deu ao grupo a chance de conhecer e absorver a sofisticação das produções europeias – as mais avançadas técnicas de manipulação e o apuro nas concepções de luz, cenografia, som e figurinos,

Terezinha Veloso, Álvaro Apocalypse e Madu: a origem do Giramundo A Bela Adormecida: o príncipe acorda a princesa e a peça desperta a atenção do público para o coletivo mineiro [fotos: acervo Giramundo]

Cobra Norato: a cultura brasileira como protagonista [foto e desenho: acervo Giramundo]

por exemplo. Adaptado da ópera do espanhol Manuel de Falla (1876-1946) – baseada, por sua vez, em passagens do romance Dom Quixote, de Miguel de Cervantes (1547-1616) –, o espetáculo El Retablo de Maese Pedro é prova disso. A montagem estreou na edição de 1976 do Festival de Inverno de Ouro Preto e sua passagem pelo Rio de Janeiro, no ano seguinte, projetou nacionalmente o trabalho dos artistas – capazes de trazer à luz “uma pequena joia”, no dizer do crítico Yan Michalski (1932-1990), admirado pela habilidade que a peça tinha de transcender o público infantil e fisgar o adulto com igual respeito à inteligência mútua.

lidade e de uma capacidade de executar com naturalidade e precisão movimentos complexos que lhes conferem um poder de convicção profundamente humano.” CONSCIÊNCIAS HISTÓRICA, POLÍTICA E CULTURAL A ambição pela forma atraiu a ambição pelo conteúdo. E, sem deixar de surpreender o público com os – constantemente renovados – aspectos técnicos e estéticos dos espetáculos, o Giramundo foi abrindo uma linha de interpretação da realidade e do imaginário brasileiros. Em 1979, por exemplo, o coletivo embonecou o poema “Cobra Norato”, escrito pelo modernista gaúcho Raul Bopp (1898-1984) com base na lenda amazônica do menino que é serpente durante os dias e à noite vira gente novamente. À peça, uma das

“Na roupagem que o grupo lhe deu”, comentou Michalski no extinto Jornal do Brasil, “a pequena ópera de Manuel de Falla é antes de mais nada obra de artistas plásticos, adotando como ponto de partida uma imagem realista da figura humana, mas submetendo-a a uma estilização intensamente expressiva e poética”. Vai ver o crítico chegou a duvidar se o que via no palco eram atores ou marionetes. “A qualidade técnica da movimentação chega a ser impressionante. Os bonecos são dotados de uma agiO Guarani [foto: acervo Giramundo]


Pode ter entre 12 a 30 fios que

Chamado no Brasil de fantoche, o boneco de luva é um dos mais

Conhecido no Brasil como “marionete”, é de construção complexa e manipulação difícil.

BONECO DE LUVA

BONECO DE FIO

mais premiadas na trajetória do grupo, seguiram-se trabalhos como O Guarani, de 1986, adaptação da ópera homônima de Carlos Gomes (1836-1896) – e, consequentemente, do romance de José de Alencar (1829-1877) – sobre o choque entre índios e colonizadores; Tiradentes: uma História de Títeres e Marionetes, de 1992, focado no período da inconfidência mineira; e Os Orixás, de 2001, sobre a influência da cultura negra na formação da identidade cultural brasileira.

a frente. Ao mesmo tempo que revê e resume a trajetória do Giramundo, reunindo em uma só apresentação todas as técnicas de manipulação já adotadas pelo coletivo, a peça é a primeira a trazer em seu elenco um boneco digital – no caso, o Gato de Cheshire, elaborado por meio do sensor de movimentos Kinect. Na virada da década de 1960 para a de 1970, por sinal, Álvaro já pensava em produzir animações em stop motion – com fotos de marionetes projetadas a 24 quadros por segundo, gerando uma ilusão de movimento. Contudo, e felizmente no caso, as condições de produção em vídeo eram precárias na época.

Mas não é só de história que vive o Giramundo. Atualmente dirigido por Marcos Malafaia, Ulisses Tavares e Beatriz Apocalypse, filha de Álvaro, o grupo conta com outros 22 integrantes e segue somando novas montagens ao seu repertório – como Alice no País das Maravilhas, de 2013. Adaptação hi-tech do livro do inglês Lewis Carroll (1832-1898), o espetáculo bem que poderia ser definido pelo Chapeleiro Maluco como algo que aponta, simultaneamente, para trás e para

Localizada desde o início dos anos 2000 no bairro Floresta, em Belo Horizonte, a atual sede do grupo comporta uma oficina, um estúdio de animação, um teatro, uma escola – que promove cursos de modelagem, confecção e manipulação de bonecos voltados tanto para crianças e adolescentes quanto para estudantes e profissionais da área – e um museu. Nesse último espaço, como que em uma zona livre onde os personagens de diferentes histórias podem se encontrar,

o Dom Quixote de El Retablo de Maese Pedro descansa ao lado de Cobra Norato, Alice e centenas de outros atores e atrizes de madeira, pano, papel machê, resina, fibra de vidro, policarbonato... Suspensas no teto ou apoiadas no chão e nas paredes, as marionetes criadas por Álvaro, Terezinha, Madu, Beatriz, Marcos, Ulisses e os outros representantes de carne e osso do Giramundo podem ser vistas de perto, com sua riqueza de detalhes e articulações – exibindo uma beleza que, no entanto, só se revela completamente quando em movimento. Seja em ação, seja em repouso, em todo caso, os bonecos do Giramundo podem ser objetos manipuláveis – mas são eles que mexem com a gente. Valmir Santos é jornalista, crítico e pesquisador teatral. Mestre em artes cênicas e coautor do site Teatrojornal – Leituras de Cena [teatrojornal.com.br], integrou a comissão de seleção do programa Rumos Itaú Cultural 2013.

O garoto – ou melhor, o boneco – Pedro, de Pedro e o Lobo, espetáculo mais apresentado da companhia Museu Giramundo: o maior acervo de teatro de bonecos das Américas [fotos: André Seiti]

Alice no País das Maravilhas: o passado e o futuro do Giramundo Beatriz Apocalypse, Ulisses Tavares e Marcos Malafaia (de camiseta preta): a atual diretoria do grupo [fotos: acervo Giramundo]

sábado 29 novembro 2014 a domingo 11 janeiro 2015 terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30] sábado, domingo e feriado 11h às 20h Aos sábados e domingos, das 11h às 15h, trechos de espetáculos do grupo são apresentados em um palco montado dentro do espaço expositivo. E, às quintas e sextas, das 15h às 20h, um artista instala sua oficina portátil no local – e o público pode assistir de perto à construção de uma marionete (o artista tira folga nos dias 25 e 26 de dezembro e 1º e 2 de janeiro). A Ocupação Giramundo ainda promove, no Itaú Cultural e no Auditório Ibirapuera, a exibição de cinco peças da companhia. Confira a programação em itaucultural.org.br/ocupacao.


OCUPAÇÃO GIRAMUNDO Realização Itaú Cultural Curadoria Itaú Cultural [Núcleos de Educação e Relacionamento e de Enciclopédia] e Giramundo [Beatriz Apocalypse, Marcos Malafaia e Ulisses Tavares] Projeto expográfico Thereza Faria Assistência Patrícia Foresti Consultoria Ulisses Tavares ITAÚ CULTURAL Presidente Milú Villela Diretor superintendente Eduardo Saron Superintendente administrativo Sérgio M. Miyazaki NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E RELACIONAMENTO Gerência Valéria Toloi Coordenação Tatiana Prado Produção executiva Ana Estaregui e Tiago Ferraz Supervisão de atendimento ao público Nathalie Bonome e Silvio Santis Coordenação de atendimento educativo Samara Ferreira Educadores Ana Figueiredo (estagiária), Bianca Selofite, Claudia Malaco, Débora Fernandes, Fernanda Kunis (estagiária), Guilherme Ferreira, Isabela Quattrer (estagiária), Josiane Cavalcanti, Maria Meskelis, Raphael Giannini, Samantha Nascimento (estagiária) e Thiago Borazanian

ÃO

ku” rês co, -se do es.

NÚCLEO DE ENCICLOPÉDIA Gerência Tânia Rodrigues Coordenação Glaucy Tudda Produção executiva Laércio Menezes

ca atro se am uz.

NÚCLEO DE AUDIOVISUAL E LITERATURA Gerência Claudiney Ferreira Coordenação Kety Fernandes Produção de conteúdo audiovisual Jahitza Balaniuk Roteiro, captação e edição de imagens Karina Fogaça Captação de imagens André Seiti Captação de áudio Ana Paula Fiorotto

nte do um ão.

69

NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO Gerência Ana de Fátima Sousa Produção editorial Lívia G. Hazarabedian e Raphaella Rodrigues Coordenação de texto Carlos Costa

Produção e edição de texto Thiago Rosenberg Edição do site Maria Clara Matos Revisão de texto Polyana Lima Coordenação de design Jader Rosa Comunicação visual Yoshiharu Arakaki Projeto gráfico e diagramação Liane Iwahashi Fotos André Seiti Tratamento de imagens Humberto Pimentel (terceirizado) NÚCLEO DE PRODUÇÃO DE EVENTOS Gerência Henrique Idoeta Soares Coordenação (exposição) Edvaldo Inácio Silva e Vinícius Ramos Produção (exposição) Aline Arroyo Barbosa de Oliveira (terceirizada), Carmen Cristina Fajardo Luccas, Daniel Suares (terceirizado), Erica Pedrosa Galante, Fabio Marotta, Fernanda Carnaúba (terceirizada) e Wanderley Bispo Coordenação (espetáculos) Januario José Rolo de Santis Produção (espetáculos) Janaina Bernardes, Julia Retondo (terceirizada), Marcos Miranda, Priscila Moraes e Vinicius Francisco (terceirizado) PUBLICAÇÃO IMPRESSA Texto Valmir Santos Ilustrações intervenção gráfica sobre desenhos de Álvaro Apocalypse e Marcos Malafaia Fotos André Seiti e Giramundo Edição Thiago Rosenberg Produção Lívia G. Hazarabedian Coordenação de design Jader Rosa Projeto gráfico Liane Iwahashi Revisão Polyana Lima GIRAMUNDO Textos Marcos Malafaia Supervisão de restauração e direção de ensaios Beatriz Apocalypse Ateliê de restauração Ana Fagundes, Bárbara Andalécio e Fabíola Rosa Coordenação de produção e montagem Beatriz Apocalypse Auxiliares de montagem Debora Lutz, Guilherme Benoni e Ricardo da Mata Marionetistas da exposição Camila Polastchek, Debora Lutz, Guilherme Benoni e Paulo Emílio Luz Instrutor da oficina do marionetista Daniel Bowie Programação visual (ilustrações) Álvaro Apocalypse e Marcos Malafaia


oche, s mais .

Pode ter entre 12 a 30 fios que convergem para a “cruz de manipulação” onde ficam ao alcance das mãos do marionetista.

versas como como sperl” a” na

É um gênero que permite movimentos muito próximos dos movimentos humanos ou animais.

China forma ação,

Por ser acionado por fios, o marionete se move de modo lento e delicado.

quica, , o tificou iando a, e atro.

Para o desenvolvimento da técnica de manipulação, o marionetista precisa conhecer o comportamento especial BONECO DE VARA do movimento do marionete encarando-o como um pêndulo.

te do utiliza

Montado em torno de uma vara principal que sustenta o conjunto, este gênero é derivado do “wayang”, gênero de boneco da ilha de Java, Indonésia.

ícil, o to do atuar ando, ns ao

A técnica se espandiu modernamente por todo o mundo através de numerosas variações.

luva corre e das

Este tipo de boneco é manipulado de baixo para cima sendo o marionetista oculto por uma tapadeira. 51

No caso do Wayang de Java, o manipulador opera o boneco sentado no chão sendo a tapadeira uma faixa de tecido relativamente baixa.

39

Já no teatro de vara do ocidente, os marionetistas manipulam estes bonecos de pé, sendo a tapadeira mais alta. Normalmente, o boneco possui apenas uma vara em uma das mãos. Mas marionetistas habilidosos, podem mover duas varas simultaneamente. Um marionetista auxiliar também pode mover a segunda vara.

OA

, vara. po o por uma álica cabeça.

BONECO DE BALCÃ

59

dicionar os de cabeça, mãos de forma a.

Derivado do “bunra japonês, que utiliza manipuladores por bone este gênero difundiu pelo ocidente originan diversas varian

Dentre as quais, se desta a curiosa forma de tea onde os marionetistas vestem de preto e se torn invisíveis pelo jogo de

mente ao sul a Bélgica e a França. ado o “pai” da o de fio. a,

Chamado informalme

de “balcão” é manipula Algumas das técnicas de por apoiando-se n manipulação detrás bonecos pedestal, mesa ou balc

ta vido por varas de es ui ngle” apresenta

os de tipo as ápido. r

Realização

eitos s

entrada franca

68

itaucultural.org.br fone 11 2168 1777 atendimento@itaucultural.org.br avenida paulista 149 são paulo sp 01311 000 [estação brigadeiro do metrô] Alvará de Funcionamento de Local de Reunião – Protocolo: 2012.0.267.202 – Lotação: 742 pessoas Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) – Número: 121335 – Vencimento: 1/9/2017


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.