Prêmio Itaú Cultural 30 Anos

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O Itaú Cultural está celebrando seus 30 anos e, para ampliar seus conceitos de ação, oferece o Prêmio Itaú Cultural 30 Anos a dez pessoas e coletivos que atuaram de forma relevante e sinérgica nesse período, intervindo significativamente na vida artística e cultural do país. Diversidade. Hibridismos. Geografias. Territórios. Polifonia. Redimensionamento de fronteiras, diálogo entre margens, periferias e centros e o Brasil interior. Esses foram os conceitos norteadores da premiação, que se soma às outras iniciativas do instituto, onde diariamente são celebradas nossa arte e nossa cultura. Para o prêmio foram definidas cinco categorias que dialogam com programas fundamentais do Itaú Cultural, como Rumos Itaú Cultural, Ocupação Itaú Cultural e Enciclopédia Itaú Cultural. Com trajetórias que não se limitam a áreas de atuação específicas, os nomes levantados pela comissão de seleção foram analisados com base na relevância de seus trabalhos no período de 1987 a 2017. A comissão de seleção foi formada por Agnaldo Farias, Ana de Fátima Sousa, Ana Maria Gonçalves, Antonio Nóbrega, Beth Néspoli, Carlos Augusto Calil, Edson Natale, Galiana Brasil, Heloisa Buarque de Hollanda e Valéria Toloi. Eduardo Saron Diretor do Itaú Cultural



AS CATEGORIAS APRENDER ações na área de educação além da escola formal Ana Mae Barbosa Mestre Meia-Noite (Gilson Santana)

CRIAR artistas-criadores com trajetória de extrema relevância entre 1987 e 2017 Lia Rodrigues Véio (Cícero Alves dos Santos)

EXPERIMENTAR pesquisas que impulsionaram transformações de linguagens artísticas e culturais Hermeto Pascoal Teatro da Vertigem

INSPIRAR pensadores que transformaram e que inspiram seguidores até hoje Eliana Sousa Silva Niède Guidon

MOBILIZAR líderes que inspiram mudanças; com sua trajetória e coerência provocaram alterações, revisões, reflexões, transformações Davi Kopenawa Sueli Carneiro



APRENDER ações na área de educação além da escola formal


foto: AndrĂŠ Seiti


“APRENDER é um processo contínuo

e inesgotável de tomar conhecimento de si e do mundo. Aprender, conhecer, se conscientizar e saber são elos de uma mesma corrente em ação para tornar homens e mulheres responsáveis pelas suas próprias escolhas na vida.”

Ana Mae Barbosa

Ana Mae Barbosa (Rio de Janeiro, 1936) está na gênese da arte-educação brasileira e conjuga em sua trajetória os verbos aprender e ensinar em todos os seus modos e tempos. Professora aposentada da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), desenvolveu, influenciada pelo educador Paulo Freire (1921-1997), o que chamou de abordagem triangular para o ensino de artes, concepção sustentada sobre a contextualização histórica, a apreciação da obra e o fazer artístico. Acumula diversos prêmios e mais de uma dezena de livros que são referência para a arte-educação contemporânea. “Ana Mae Barbosa vem dedicando sua vida a formar artistas e a fazer com que as pessoas estreitem sua relação com a arte para que possam perceber a vida sob ângulos insuspeitados. Por intermédio de métodos pedagógicos como a abordagem triangular, implantou a disciplina de arte-educação, hoje disseminada em escolas e instituições culturais de todo o país. Como diretora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), redefiniu o escopo das instituições museológicas, dando um golpe mortal no seu perfil elitista e obrigando-as a pensar a inclusão da comunidade, de modo que se comprometessem com a formação intelectual dos jovens por meio dos insumos estéticos que a educação formal não logra atingir. Aposentada, redobrou suas atividades; armada com seu riso luminoso e sua transbordante generosidade, segue lutando para que a arte saia da margem e passe a ocupar uma posição central na nossa cultura, na nossa vida.” Agnaldo Farias é professor, curador, crítico de arte e membro do júri do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.


foto: AlĂ­cia Peres | Bela Baderna


“APRENDER significa conhecer o que

se está ensinando; conhecer para poder ensinar. É estar sempre... à procura do aprendizado, desde seu nascimento. É estar sempre... alerta com o que o mundo lhe oferece e com o que você pode oferecer ao mundo. É estar sempre... num estado de aprendizagem. É estar sempre aprendendo a aprender.”

Mestre Meia-Noite

Gilson Santana, mais conhecido como Mestre Meia-Noite (Pernambuco, 1957), é mestre de capoeira, bailarino e educador. Em 1988, fundou o Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, que visa aproximar a comunidade de Chão de Estrelas, na zona norte do Recife, de suas raízes africanas. Para isso, a entidade promove aulas de percussão, dança e bordado, cursos de alfabetização e reforço escolar, entre outras atividades, para crianças e jovens da região – capacitando-os, até mesmo, para difundir essas técnicas e esses saberes por meio de outras iniciativas. “Conheci Meia-Noite em Recife, no começo da década de 1970. Depois, quando vim para São Paulo, perdi-o de vista por algum tempo. Quando o reencontrei, em meados dos anos 1990, ele se tornara não só um grande dançarino, mas também um inspirado educador. Coincidentemente, eu em São Paulo e ele lá no Recife, começáramos a associar nossa atividade de artista à de educador. Eu fundara o Brincante e ele, o Daruê Malungo. Meia-Noite, todavia, dera um passo mais arrojado: fincara sua instituição na periferia da cidade, na comunidade de Chão de Estrelas, dando à sua iniciativa uma imensa função e amplitude social. Seu trabalho, compartilhado com o de sua mulher, Vilma, tornou-se exemplar e inspirador. Meu querido amigo Meia-Noite é uma daquelas pessoas que revigoram em mim a esperança de um Brasil onde os espíritos de confraternização e solidariedade se tornem os grandes distintivos de sua natureza profunda.” Antonio Nóbrega é músico, dançarino, coreógrafo, pesquisador das tradições culturais brasileiras e membro do júri do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.



CRIAR artistas-criadores com trajetória de extrema relevância entre 1987 e 2017


foto: Sammi Landweer


“CRIAR é sempre um encontro e um

ininterrupto processo de construção e destruição. Nós, artistas brasileiros, compartilhamos da imprevisibilidade dos recursos para a manutenção de nossas atividades, e cada um de nós procura estratégias diferentes para continuar criando. Posso afirmar que criar no Brasil é um processo contínuo de afirmação, investimento e resistência.” Lia Rodrigues Lia Rodrigues (São Paulo, 1965) é coreógrafa e está há mais de duas décadas à frente da companhia de dança que leva seu nome, com um trabalho reconhecido no Brasil e no exterior. Participou da criação do Grupo Andança e, com pouco mais de 20 anos, foi estudar em Paris, integrando a Companhia Maguy Marin. Em 1983, Lia voltou para o Brasil, passando a morar no Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Lá, entre outras ações, criou e produziu por muitos anos o Festival Rio Cena Contemporânea. Militante em prol de uma política cultural mais justa, mudou a sede da sua companhia para a comunidade Nova Holanda, integrante do Complexo da Maré, em 2007. Além de aulas para a comunidade, promove encontros sobre arte e apresenta espetáculos do repertório do grupo e de outros artistas. “O trabalho de criação de Lia Rodrigues é bem singular. Ela tem uma habilidade de trabalhar questões muito brasileiras e contemporâneas, mas com uma profundidade de discurso e de pesquisa de movimento muito bem acordada. Por equilibrar tão bem forças e energias que são muito caras a esse universo da criação, Lia é uma espécie de xamã. Outra coisa impressionante é que, apesar de sair muito para outros países, ela fala sobre o Brasil profundo. Na obra dela tem muito da Maré, aquele lugar que a escolheu, a transpassou e é definidor do trabalho dela, reverberando na dança que ela faz. A dança de Lia é Maré também. Ela fala da sua aldeia e consegue ser universal, fazendo com que a gente se identifique e se veja representado ali.” Galiana Brasil, integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos, é gerente de Artes Cênicas do Itaú Cultural.


foto: AlĂ­cia Peres | Bela Baderna


“CRIAR é um dom que a mentalidade

manda e sua imaginação faz. Criar para mim é dar vida às madeiras mortas, porque a arte também é vida e, criando, eu renasço todo dia.”

Véio

Com um nome escolhido em homenagem ao Padre Cícero, figura mítica no cenário religioso nordestino, Cícero Alves dos Santos (Sergipe, 1947) ganhou ainda criança o apelido de Véio porque gostava muito de andar com pessoas mais velhas para escutar suas histórias. Foi assim que ele ficou conhecido como artista, um dos mais importantes da arte popular brasileira. Autodidata, fez suas primeiras obras na infância, usando cera de abelha. Com mostras já realizadas no Brasil e no exterior, Véio cria esculturas em madeira com dimensões muito variadas (indo de 1 milímetro a 12 metros de altura), feitas com restos do que ele encontra na mata perto do sítio onde vive, no município sergipano de Feira Nova. “Demiurgo, Véio inventa bichos, que passam a existir. É mais que um grande artista. Tem plena consciência de sua classe, além do poder prodigioso de sua intuição. Sua obra reflete o ambiente onde vive, vocaliza uma tradição cada vez mais desvalorizada. Pouco esculpidas umas e muito esculpidas outras; grandes peças ou miniaturas, pelas quais fala alto e fala baixo, grita e sussurra; anedóticas ou metafísicas, suas esculturas são de algum modo inclassificáveis. No entorno de sua casa, em pleno sertão nordestino, Véio plantou um jardim de assombrações. Descarrego ou espantalho para proteger da contaminação do presente o seu mundo autêntico?” Carlos Augusto Calil, integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos, é cineasta, crítico e professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).



EXPERIMENTAR pesquisas que impulsionaram transformações de linguagens artísticas e culturais


foto: AndrĂŠ Seiti


“O EXPERIMENTAR é muito importante, mas primeiro tem de sentir. Sentir e experimentar.”

Hermeto Pascoal

Para Hermeto Pascoal (Alagoas, 1936) tudo é música. Compositor, arranjador e multiinstrumentista, não cabe em gêneros e conceitos e surpreende com uma profícua produção de dezenas de discos e centenas de shows. É uma referência para sucessivas gerações de artistas populares e eruditos, um mago dos sons. E a invenção no campo artístico transborda em sua percepção de mundo – aos 80 anos, disponibilizou grande parte de sua obra para uso livre na web. “Arquimedes de Siracusa (287 a.C.–212 a.C.), matemático, físico, astrônomo e inventor grego, dizia que brincar é condição fundamental para ser sério. Hermeto Pascoal vem brincando com a música de maneira genial e livre nos últimos 30 anos. Sentir, brincar e experimentar são verbos que definem Hermeto.” Edson Natale é gerente de Música do Itaú Cultural e integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.


foto: AlĂ­cia Peres | Bela Baderna


“Nossa experimentação está ligada

ao risco. Não apenas ao risco simbólico do erro, mas ao risco físico. Nossa experimentação dialoga com o aqui e o agora. Não trata só de linguagem, mas da cidade, da política, do país, de questões que nos incomodam como cidadãos.”

Antônio Araújo, do Teatro da Vertigem

A física mecânica aplicada aos movimentos do ator. A pesquisa sem resultados necessários. O tempo expandido. O corpo presente. A (re)ocupação dos espaços. As inquietações sociais e políticas. Essas são algumas das pistas para descobrir o experimentalismo do Teatro da Vertigem, relevante grupo cênico contemporâneo. Criado em 1991, com sede no Bixiga, em São Paulo, realizou mais de 21 espetáculos em diversas cidades, explorando espaços não convencionais e levando o público a ser coator dos trabalhos. Acumula dezenas de prêmios e segue experimentando sua história, protagonizada pelo diretor e encenador Antônio Araújo (Minas Gerais, 1966), pelo iluminador Guilherme Bonfanti (São Paulo, 1956) e pela diretora Eliana Monteiro (São Paulo, 1965). “O Teatro da Vertigem entende a cidade como uma escrita e experimenta com essa escrita. Por exemplo, ocupou uma igreja, um hospital abandonado e um rio poluído, e experimentou uma poética que levava o público a perceber os textos desses locais e a refletir sobre eles. Não é a única experimentação do grupo, mas é a mais radical e consciente, e que atinge o espectador.” Beth Néspoli, crítica de teatro e integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.



INSPIRAR pensadores que transformaram e que inspiram seguidores atĂŠ hoje


foto: AndrĂŠ Seiti


“Sou uma pessoa que empreendeu

em vários aspectos e dedico minha vida a construir meios que possam garantir direitos das populações faveladas, tendo como referência de atuação a Favela da Maré, lugar onde vivi 28 anos, onde funciona a instituição que fundei e onde faço um trabalho que me alimenta de significados. Fico feliz quando alguém nos diz que nosso trabalho serviu de inspiração para pensar novas questões e buscar construir novas práticas e novos conceitos para reinventar um lugar, uma cidade.”

Eliana Sousa Silva

Eliana Sousa Silva (Paraíba, 1962) vive no Rio de Janeiro desde os 7 anos. É diretorafundadora da Redes de Desenvolvimento da Maré, instituição da sociedade civil que articula diálogos entre moradores da Maré, o Poder Público e a iniciativa privada, em busca de um desenvolvimento sustentável a partir de cinco eixos prioritários: educação, arte e cultura, comunicação, desenvolvimento territorial e segurança pública. Graduada em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eliana tem mestrado em educação e doutorado em serviço social. A Maré, onde atua, é um conjunto de 16 favelas, com uma população de 129 mil pessoas. Apesar dos problemas, tem entre suas conquistas o fato de ser a favela com o maior número proporcional de habitantes com ensino superior completo, este também um dos frutos do trabalho da Redes da Maré. “Eliana é muito maravilhosa. Ela tem um pensamento acadêmico orgânico sobre a violência na periferia. Uma atitude tão brava e guerreira que inspira essa meninada de hoje a levar adiante a causa contra a violência. Ela é um mulherão!” Heloisa Buarque de Hollanda é escritora e pesquisadora e integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.


foto: AndrĂŠ Pessoa


“INSPIRAR para mim são pessoas,

palavras, figuras, músicas, paisagens, animais que fazem com que meu cérebro elabore uma resposta!”

Niède Guidon

Niède Guidon (São Paulo, 1933) vive e trabalha no Piauí desde a década de 1970 e foi lá que se tornou um dos nomes mais atuantes na conservação e na manutenção de relíquias pré-históricas em solo brasileiro. Formada em história natural pela Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em arqueologia pré-histórica pela Sorbonne (França), é administradora do Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI). Muito mais que administrar esse patrimônio cultural da Unesco, Niède desenvolveu estudos arqueológicos que provam a chegada do homem à América muito antes do que se pensava. “Niède Guidon colocou as Américas – e especificamente o Nordeste do Brasil – no radar da arqueologia mundial. Mas o fato é que ela fez muito mais. E ela é muito mais. Niède é uma entidade, uma guerrilheira e a principal guardiã da história do homem primitivo do sertão brasileiro. O Parque Nacional Serra da Capivara só existe porque Niède existe. É uma mulher que nos inspira diariamente a saber mais de nós e a saber que, para construir futuros, é preciso olhar para trás, reconhecer legados e preservar a história de nossos ancestrais.” Ana de Fátima Sousa, integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos, é gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento do Itaú Cultural.



MOBILIZAR líderes que inspiram mudanças; com sua trajetória e coerência provocaram alterações, revisões, reflexões, transformações


foto: AlĂ­cia Peres | Bela Baderna


“As autoridades não indígenas

escutam muito pouco; elas não estão acreditando no nosso trabalho, na nossa luta para preservar o nosso lugar, o lugar onde nascemos e onde queremos permanecer até acabar a nossa vida.”

Davi Kopenawa

Xamã e líder político dos ianomâmis, Davi Kopenawa (Amazonas, ca. 1956) é um incansável defensor da Floresta Amazônica e do seu povo, composto de mais de 600 comunidades entre o norte do Brasil e o sul da Venezuela. Fundador da associação Hutukara, que representa grande parte dessa etnia no território nacional, foi um dos principais responsáveis – em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92) – pelo reconhecimento da Terra Indígena Ianomâmi por parte do governo brasileiro. Sua trajetória, sua visão de mundo e suas preocupações acerca do meio ambiente são comentadas nos relatos que deu ao etnólogo Bruce Albert e que resultaram no livro A Queda do Céu, publicado no Brasil em 2015. “Quando penso em Davi, eu me lembro de sua resposta àquela pergunta que martela o tempo todo na minha cabeça: qual é a nossa missão, a missão dos napë (brancos), para evitar que o céu caia? Sua resposta não foi direta; sutilmente, ele indicou que nós devemos entender que este tempo de agora não é mais nosso. É deles, dos ianomâmis, dos mundurucus, dos caxinauás, dos xavantes, dos crenaques, dos guaranis e de tantos outros. É o tempo deles de segurar o céu; por eles, e por nós, eles fazem isso. E pedem somente nosso respeito, pedem espaço, direitos, eles querem a terra que é deles desde sempre. Os verdadeiros brasileiros. Nossa missão de napë? Educar nossos filhos, ensinar a eles os valores íntegros desses homens e mulheres, mostrar aos nossos filhos que o mundo não é dos brancos, que os privilégios não devem ser nossos. Que temos muito a aprender neste mundo para que o céu não caia – e que precisamos, sim, de ajuda. Mais que ajuda, precisamos entender que podemos ajudar quem sabe mais.” Valéria Toloi é gerente do Núcleo de Educação e Relacionamento do Itaú Cultural e integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.


foto: AndrĂŠ Seiti


“MOBILIZAR pela equidade racial e de

gênero significa convocar e organizar recursos para o enfrentamento do racismo e do sexismo e para a superação das desigualdades sociais; significa ainda construir e/ou potencializar instrumentos políticos para a visibilização e o equacionamento das demandas sociais de mulheres e negros; supõe também sensibilizar para o acolhimento dessas demandas como pressuposto do respeito à dignidade humana em sua diversidade; almeja, enfim, construir alianças para a promoção da efetiva igualdade de direitos e oportunidades para tod@s.” Sueli Carneiro

A filósofa, escritora e ativista Sueli Carneiro (São Paulo, 1950) é referência no que diz respeito à luta contra as desigualdades racial e de gênero no Brasil. Fundou, em 1988, o Geledés – Instituto da Mulher Negra, por meio do qual criou programas como o SOS Racismo, serviço de atendimento jurídico e psicológico a vítimas de discriminação, e o Projeto Rappers, voltado para a juventude negra. Doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP), participou da audiência pública que o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou em 2010 para discutir a constitucionalidade das cotas raciais nas universidades brasileiras – e sua defesa foi decisiva para a manutenção da medida. “Além de seus impactos imediatos, as ações que Sueli desenvolveu com o Geledés serviram de modelo para iniciativas adotadas por órgãos do governo e outras instituições do país e do exterior. Sua atuação é uma inspiração para quem viveu as últimas três décadas do Brasil – e certamente continuará sendo para as próximas gerações.” Ana Maria Gonçalves é escritora e integrante da comissão de seleção do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos.



Em 1987, Olavo Setubal fundou o Itaú Cultural, que hoje está em todo o país – em exposições itinerantes, com o Rumos Itaú Cultural e nas edições do programa Ocupação – e presente no mundo digital com a Enciclopédia Itaú Cultural e outras frentes. O legado que Olavo Setubal deixou e soubemos multiplicar. Milú Villela Presidente do Itaú Cultural


Prêmio Itaú Cultural 30 Anos segunda 12 de junho de 2017 às 20h

Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer Avenida Pedro Álvares Cabral, s/no, Parque Ibirapuera – Portão 2




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