GEORREFORÇOS 2013 – WORKSHOP DE GEOSSINTÉTICOS

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DESTAQUE

GEORREFORÇOS 2013 – WORKSHOP DE GEOSSINTÉTICOS Encontro destaca a utilização dos geossintéticos e a parceria entre o Brasil e a Alemanha em obras de engenharia Por Dellana Wolney

Fotos: Renato Couto / Editora Rudder

Georreforços 2013 – Workshop de Geossintéticos

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O Club Transatlântico em São Paulo recebeu no dia 20 de agosto a terceira edição do Georreforços – Workshop de Geossintéticos. O evento bienal contou com a presença de profissionais e acadêmicos que discutiram importantes casos de obras do Brasil e do mundo, bem como pesquisas e tendências tecnológicas. Na ocasião também foram comemorados os 15 anos da filial brasileira da empresa Huesker, organizadora do workshop, além da integração do evento no programa oficial do ano “Alemanha + Brasil 2013 – 2014”. O Georreforços 2013 contou com o apoio da Associação de Engenheiros Brasil + Alemanha e da Câmara de Comércio e Indústria Brasil + Alemanha. As estreitas relações entre a Alemanha e o Brasil têm uma longa tradição. Atualmente, os dois países estão unidos numa parceria estratégica para enfrentar os desafios recorrentes da engenharia. O Georreforços 2013 faz parte da programação oficial de eventos desse ano comemorativo, por contribuir na troca de experiências e conhecimento em áreas de grande importância para os dois países como a infraestrutura, tecnologia e engenharia. De acordo com o diretor da Huesker Brasil, Flávio Montez, a ideia foi trazer ao Brasil profissionais com experiência internacional em pesquisas e projetos geotécnicos para enfatizarem a aplicação de geossintéticos para reforço. “Claramente o objetivo já justifica o nome ‘Georreforços’, e por estar incluso no programa oficial do ‘Ano da Alemanha no Brasil’, decidimos convidar dois professores conceituados na Alemanha para proferirem as palestras técnicas, além do diretor técnico da Huesker Alemanha e do presidente da Associação dos Engenheiros Brasil – Alemanha”, conta. “A Huesker fundou sua filial no Brasil em 1998, com o objetivo de desenvolver o mercado de geossintéticos de forma técnica e responsável. Para isso, investiu na formação de uma equipe de engenharia de alto nível, capaz de dar suporte técnico aos mais desafiadores projetos, visando sempre encontrar a melhor solução técnica, dentro das restrições orçamentárias que sempre existem em qualquer tipo de investimento. Também foi construída uma rede de representantes técnicos-comerciais em todo o território nacional, que é o nosso primeiro e mais importante contato com o mercado. Hoje, a Huesker possui uma posição consolidada no mercado, mas estamos constantemente buscando melhorias em nossos processos, produtos e soluções”, analisa Montez.

APRESENTAÇÕES Buscando apresentar aos participantes a importância do intercâmbio de conhecimentos e parceria entre o Brasil e a Alemanha, a primeira palestra foi “A Contribuição da Engenharia Alemã nos Desafios do Brasil” ministrada pelo engenheiro mecânico e presidente

da Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha, Cristian Müller. Na ocasião foi mostrado como as empresas alemãs têm participado historicamente no desenvolvimento do Brasil, citando exemplos de sinergias bemsucedidas com empresas brasileiras. Müller afirma que atualmente a engenharia alemã é uma referência em tecnologia e que no Brasil existem aproximadamente 1.700 mil empresas alemãs com um quadro de mais de 250 mil funcionários, responsáveis por aproximadamente 10% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Estas empresas são em sua maioria do ramo tecnológico, oriundas dos anos que migraram para o Brasil para desenvolver a indústria nacional. Os seus engenheiros possuem hoje um papel fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias, processos e, consequentemente, no crescimento da economia brasileira. Em todas as grandes obras do Brasil existe a participação de alguma empresa multinacional relevante. “A participação da engenharia alemã é forte e assim permanecerá. Não acredito que haverá grandes mudanças neste aspecto. O risco que tem de ser levado a sério é o fato de o Brasil estar passando por um processo de desindustrialização, o que pode afetar os investimentos em projetos de engenharia a nível nacional, favorecendo a importação dos objetos industrializados. Não se trata de um problema de qualificação dos engenheiros alemães e brasileiros e sim da situação macroeconômica que vivemos no momento. O governo está trabalhando para confrontar e melhorar a situação das empresas no Brasil, em especial, as que são do setor de bens de capital, que produzem tecnologia de ponta, em sua maioria com fundo alemão, no Brasil”, analisa Müller. Para ele, apresentações como estas, que contam com palestrantes alemães, exemplificam de forma prática e clara situações existentes na Alemanha e a solução aplicada a este processo, além de trocar informações diretas e precisas com problemas e desafios da engenharia em ambas as nações esclarecendo e buscando soluções inteligentes desenvolvidas pelos engenheiros dos dois países. “Conhecer pessoas, desenvolver novos contatos para a troca ativa de informações é o maior benefício para os participantes. Saber que outras pessoas também têm os mesmos desafios e de ter o conhecimento de como eles são resolvidos e administrados traz uma confiança ao engenheiro brasileiro, destaca o presidente da Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha. A segunda palestra foi ministrada pelo engenheiro civil e gerente do Departamento de Elementos Finitos de Baugrund (Dresden), Thomas Meier. Seu tema foi “Dimensionamento de Estruturas em Solo Reforçado com Geossintéticos Considerando Análises com Métodos de Elementos Finitos”, onde abordou diversos aspectos teóricos de soluções de engenharia baseados em FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 7


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uma modelagem numérica, com ênfase na utilização de geossintéticos em projetos de aterros reforçados. E para a complementação dos métodos analíticos foram mostrados casos práticos dessas aplicações. “Reforços Geossintéticos em Fundações e Obras de Terra: Desenvolvimentos na Alemanha e Aplicações no Brasil” foi apresentado pelo engenheiro civil, diretor do Instituto de Geotecnia da Universidade de Stuttgart e professor titular na disciplina de Mecânica dos Solos e das Rochas, Christian Moormann. Ele mostrou as pesquisas relacionadas aos geossintéticos, destacando a área de aterros sobre estacas e tubos e/ou contêineres de geotêxteis, além do caso prático de um dos principais projetos de reforço geossintético onde participou ativamente do projeto geotécnico e da implantação na 8 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS

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1 O diretor da Huesker Brasil, Flávio฀Montez฀• 2 O engenheiro mecânico e presidente da Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha, Cristian Müller •฀ 3 O engenheiro civil e gerente do Departamento de Elementos Finitos de Baugrund (Dresden), Thomas Meier, que ministrou a palestra “Dimensionamento de Estruturas em Solo Reforçado com Geossintéticos Considerando Análises com Métodos de Elementos Finitos” •฀ ฀ 4 “Reforços Geossintéticos em Fundações e Obras de Terra: Desenvolvimentos na Alemanha e Aplicações no Brasil” foi o tema apresentado pelo engenheiro civil, diretor do Instituto de Geotecnia da Universidade de Stuttgart e professor titular na disciplina de Mecânica dos Solos e das Rochas, Christian Moormann •฀ ฀ 5 O engenheiro civil, diretor técnico de engenharia da Huesker Synthetic GmbH e professor convidado da Universidade Técnica de Siegen, Dimiter Alexiew, discutiu o tema “Dos Diques em Rüstersieller Watt (Alemanha) às Obras para a Copa do Mundo (Brasil): 50 Anos de Evolução dos Geossintéticos” •฀฀ 6 A gerente de engenharia da Huesker Brasil, Cristina Schmidt compôs a mesa de debate •฀฀ 7 O diretor-geral da Huesker Alemanha, Friedrich Hans Grandin durante o encerramento •฀฀ 8 Flávio Montez fazendo os agradecimentos a Friedrich Hans Grandin pela presença e contribuição

Companhia Siderúrgica do Atlântico. A palestra resumiu sua experiência teórica e prática na solução dos desafios impostos por essa obra, que até hoje é considerada um marco da engenharia nacional.

50 ANOS DE GEOSSINTÉTICOS Para fazer um panorama histórico sobre os 50 anos da utilização dos geossintéticos foi convidado o engenheiro civil, diretor-técnico de engenharia da Huesker Synthetic GmbH e professor convidado da Universidade Técnica de Siegen, Dimiter Alexiew, para discutir o tema “Dos Diques em Rüstersieller Watt (Alemanha) às Obras para a Copa do Mundo (Brasil): 50 Anos de Evolução dos Geossintéticos”. Sua apresentação foi um resumo dos principais projetos com geossinté-


Os participantes brindando o aniversário de 15 anos da Huesker Brasil durante o coquetel FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 9


ticos nos últimos 50 anos, destacando as aplicações de reforço de solo, especialmente as inovadoras com caráter pioneiro. De acordo com Alexiew, as primeiras aplicações de geotêxteis foram para filtragem, como o caso do primeiro projeto fornecido pela Huesker, um dique no norte da Alemanha (Rüstersieller Watt), utilizando sacos personalizados de poliamida preenchidos por areia para construir uma estrutura dique crítica. “Para aplicações de reforço do solo, os primeiros produtos foram desenvolvidos no final dos anos 70 como o Stabilenk®, um poliéster de alta resistência geotêxtil utilizado para reforço de aterros sobre solos moles. Na década de 80 as geogrelhas Fortrac® foram desenvolvidas também com poliéster. No final dos anos 90, outros polímeros foram introduzidos para aplicações de reforço do solo, como o aramide e o álcool de polivinil também conhecido como PVA”, explica. A Huesker foi a principal empresa a estudar e implementar estes novos polímeros no mercado, e esse esforço foi reconhecido em 2010 pela IGS (Sociedade Internacional de Geossintéticos), que concedeu a empresa pelas conquistas neste campo o IGS Award. Atualmente, o PVA é amplamente utilizado em todo o mundo, inclusive no Brasil. Alexiew conta que o maior projeto de geossintéticos para reforço de solo foi no Rio de Janeiro em um estaleiro de uma empresa siderúrgica, construída sobre um solo muito mole, onde uma enorme quantidade de geogrelhas e geotêxteis de PVA com elevada força aplicada (até 1.600 kN/m de resistência à tração, em torno de 5% de deformação) foi utilizada. Com o massivo número de obras para os futuros eventos esportivos no Brasil, estão sendo empregadas tecnologias em diversas áreas da engenharia. “Nos trabalhos para a Copa do Mundo 2014, os geossintéticos foram usados em alguns estádios de futebol, na construção de muros de arrimo feito com solo reforçado como no caso do Estádio Castelão, em Fortaleza. Os materiais geossintéticos utilizados neste trabalho foram projetados para ter vida útil de mais de 120 anos. Neste caso específico, o trabalho foi construído com geogrelhas PVA, o que significa que durante esses 120 anos são esperados menos de 0,5% de tensão de fluência. Em prol dos eventos esportivos houve também outras aplicações de geossintéticos em estradas e aeroportos, como o reforço de asfalto e o reforço de base de pavimento”, destaca Alexiew. Para ele, o Brasil atualmente é muito desenvolvido na área dos geossintéticos. “Muitos profissionais brasileiros publicam artigos técnicos em conferências internacionais e pela qualidade do seu trabalho são reconhecidos mundialmente. É perceptível que os engenheiros brasileiros são abertos às novas tecnologias e estão continuamente à procura de soluções, trazendo com isso uma série de vantagens técnicas e econômicas para o emprego desses materiais no País. Por outro lado, na Alemanha, há mais opções de produtos e procedimentos de design. Então, por consequência, essa troca de informações, ex10 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS

periências e filosofia de engenharia dos geossintéticos é relevante para ambos”, reforça. “É sempre um imenso prazer vir ao Brasil, eu realmente amo esse país e sou sempre muito bem recebido. Para mim, o Georreforços 2013 foi extremamente organizado e se consolidou como um evento tradicional, pois já está na sua terceira edição. As discussões tiveram um excelente nível técnico, principalmente pelo público qualificado presente. Agradeço a Huesker Brasil pelo convite e espero ansiosamente voltar para participar de ocasiões como esta”, completa Alexiew.

ENCERRAMENTO Compondo a mesa de debate a gerente de engenharia da Huesker Brasil, Cristina Schmidt falou sobre a relevância do Georreforços e do caminho de sucesso que o evento traçou, assim como os 15 anos da filial da Huesker no Brasil. “Seguramente, é uma trajetória de muito trabalho e merecido sucesso. No início, houve grande dedicação e perseverança daqueles que aceitaram o desafio de desenvolver o mercado de geossintéticos para reforço de solos no Brasil, em uma época em que pouco se conhecia sobre o assunto. Atualmente, essa mesma filosofia é mantida, buscando a renovação contínua e o conhecimento com novos materiais e aplicações, de acordo com as necessidades que são apresentadas pelos nossos clientes”, enfatiza. Para ela, o Georreforços gera bons frutos tanto para os participantes, palestrantes quanto para a Huesker. “Como resultado principal, temos o compartilhamento de novos conhecimentos. É uma oportunidade para a troca de experiências e aproximação entre pessoas com os mesmos interesses, evidenciadas nas discussões de alto nível ao final das palestras. Também é motivo para simplesmente encontrar os amigos e comemorar essa data tão importante”, completa. No final do evento, a Huesker ofereceu aos participantes um coquetel e o diretor da empresa, Flávio Montez, fez os agradecimentos e falou dos resultados positivos que a terceira edição do encontro rendeu. “O evento atingiu totalmente os nossos objetivos, que era permitir essa interação dos profissionais brasileiros com especialistas internacionais. Participaram desse seminário cerca de 200 pessoas, a maioria delas diretamente envolvidas em projetos e pesquisas com geossintéticos. Também comemoramos uma data muito importante e um marco para a Huesker, 15 anos de Brasil”, finaliza. Também esteve presente no encerramento o diretor geral da Huesker Alemanha, Friedrich Hans Grandin. No comando da Huesker desde o final de 2012, Grandin possui grande afinidade com o Brasil, pois morou e trabalhou no Brasil entre os anos de 1988 e 1991, onde aprendeu a falar português com fluência, ele brindou os quinze anos da Huesker Brasil junto com os demais convidados e comentou sobre as conquistas e inovações que a empresa trouxe para o Brasil durante esse tempo.


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