A persistência que levou ao sucesso - Perfil – José Carlos Vertematti

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Revista FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS

Agosto de 2014

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Ano 5 Nº 47 R$ 27,00

Ano 5 – Nº 47 – Agosto de 2014

anos

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Edição de Aniversário


Perfil – José Carlos Vertematti

A persistência que levou ao sucesso Com uma trajetória consolidada, José Carlos Vertematti deixou sua marca no segmento de geossintéticos através de muito trabalho e grandes conquistas

Dellana Wolney / Editora Rudder

Fotos: Arquivo Pessoal

Por Dellana Wolney

José Carlos Vertematti

Após 40 anos de carreira, José Carlos Vertematti deixou um legado de grandes contribuições para a engenharia geotécnica, especialmente na área de geossintéticos, porém sua trajetória não termina com a aposentadoria, é o que ele garante ao contar a sua história. Naturais da Itália, seus avós maternos e paternos chegaram ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial, assim como milhares de outros imigrantes. Aqui se estabeleceram trabalhando na zona leste de São Paulo (SP), na Mooca, Belém e Tatuapé, bairros conhecidos por abrigarem diversos imigrantes europeus. 22 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS

Família em 1954. Da esquerda para a direita: Vicentina (mãe), Rosa (irmã), Carlos (avô), Rosa (avó), Atílio (tio), o próprio José Carlos e José (pai)

Vertematti nasceu no bairro Belenzinho, onde viveu toda a sua infância e conta que as ruas naquela época eram todas calçadas com paralelepípedos e já no Tatuapé, onde também morou por um tempo, as vias eram de terra, sem nenhuma pavimentação, o que ele se lembra com clareza, devido a profissão que exerce até hoje. Além deste fato, ele relata sobre a liberdade que as crianças tinham naquela época e recorda dos seus principais divertimentos. “Eu tive o privilégio

de morar numa pequena vila de sobrados geminados, de brincar de pega-pega, lenço atrás, queimada, taco, bolinha de gude, rodar pião com fieira, andar de carrinho de rolimãs, empinar pipas sem cortante e soltar balões de até 64 folhas”. Nos anos de 1950 a 1960, além dos ônibus e carros importados, o transporte de pessoas era feito pelos belíssimos bondes abertos e fechados, chamados de camarões, pois eram vermelhos. Os serviços de venda e entrega de pães,


Prêmio de Honra ao Mérito em 1957 – Grupo Escolar Amadeu Amaral. Professora Odete e Vertematti Assassinato da Coral no CPOR. Acampamento em 1968

Hora do Rancho no CPOR. Acampamento em 1968

carnes e coleta de lixo eram feitos com carroças puxadas por cavalos. Ao relembrar esse período, ele descreve outra lembrança marcante: “Aos 10 anos de idade, vi o Brasil ser campeão mundial de futebol na Copa do Mundo da Suécia no ano de 1958, naquela noite inesquecível o céu da cidade ficou forrado de balões, que hoje são proibidos”. Bem diferente da sua área de atuação, nesta fase Vertematti determinou que quando crescesse gostaria de ser bombeiro, motorista de ônibus ou escoteiro, porém no ano de 1960 ele acompanhou de perto, como ele diz: de calção, camiseta e descalço, o asfaltamento da Rua Serra

Treinamento do CPOR em 1968

de Japí, no Tatuapé, feito com maravilhosas moto-niveladoras, rolos de pneus e de tambor, todos movidos a vapor, com caldeiras alimentadas a lenha. Segundo ele, esta experiência pode ter sido fundamental para subliminarmente, influenciar sua decisão de se tornar um engenheiro.

Vida de estudante Sua fase estudantil teve início na Escola Largo do Belém, que na época era uma das melhores escolas estaduais de São Paulo, lá ele cursou o primário. “Meus amigos que estudavam em outras escolas, talvez por inveja, diziam o slogan: ‘Grupo Escolar Amadeu Amaral / entra

burro e sai animal’”, conta ele que tanto no primeiro como no segundo grau, sempre gostou e se destacou nas matérias de Física e Matemática, o que já era indício da sua futura profissão. Após o colegial, Vertematti em seguida foi convocado para prestar serviço militar no CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército do Brasil). Para ele foi um ano muito sacrificante, pois passava o dia inteiro na instituição e à noite fazia um curso pré-vestibular Anglo, o que lhe rendia apenas três horas de sono. Embora o desejo de seus pais fosse que ele seguisse a carreira de médico, Vertematti FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 23


Colação de Grau da Poli-USP. Palácio das Convenções em 1974

Geoforma Tubular. Aplicação Piloto em São Luís (MA) em 1981

já tinha decidido fazer Engenharia Civil e teria que ser em uma universidade pública, visto que sua família não tinha condições de arcar com as despesas de uma universidade particular. Como diz o ditado “querer é poder”, no ano de 1970, José Carlos Vertematti ingressou na Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) e também casou com Ana Maria.“Foram anos difíceis, pois eu estava casado, já tinha um filho, tinha que estudar o dia inteiro e morava com os meus pais. Resolvi então trabalhar à noite e nos fins de semana como fotógrafo profissional. Comprei um livro, estudei fotografia, meus pais me ajudaram a montar um laboratório fotográfico em casa e começamos a trabalhar, eu e a minha esposa. Fazíamos reportagens de festas, aniversários, casamentos e venda de fotos de porta em porta”, descreve. Para conseguir concluir a faculdade sem repetência, o único período que lhe sobrava era a madrugada. Com persistência e o apoio de sua esposa, este tempo ele usava para estudar física, matemática, desenho técnico, resistência dos materiais e hidráulica. Vertematti lembra com carinho que Ana Maria ficava acordada junto com ele, muitas vezes passando e costurando roupas, lendo ou fazendo café.“Sem este apoio eu não teria conseguido me formar engenheiro civil em 1974”, diz. O quinto ano de faculdade costuma ser o último e também um dos mais difíceis. Nesta época, ele conta que teve que cursar sete matérias do próprio semestre e mais quatro dependências. O ano frenético resultou em um bloqueio mental causado pela nicotina, pois fumava dois maços de cigarros diariamente. Mas no mês de julho de 1974, ele conseguiu parar de fumar e também passar nas 11 matérias. Neste mesmo ano ele se formou e hoje completa 40 anos como engenheiro civil e 44 anos de casamento.

A descoberta do geossintético

Projeto Zanzalá: 4.000 m de geoformas tubulares. Cubatão (SP) – 1982 24 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS

O ano de 1975 foi de mudanças, pois o estresse resultante do esforço físico e mental do ano anterior pedia uma trégua. Assim, até o mês de março, Vertematti teve o seu descanso merecido, pois em seguida começaria sua busca por um


Palestra na Convenção Sul-Americana Bidim. Campos do Jordão (SP) – 1985

Geoformas tubulares: 800 m. Camaçari (BA) – 1983

lugar ao sol.“Estávamos em pleno período da Ditadura Militar e eu tinha certeza que logo conseguiria colocação profissional, pois o mercado estava aquecido, o governo desenvolvia o PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) que era responsável pelo ‘Milagre Brasileiro’, com obras de engenharia eclodindo em todo o território nacional”, afirma. Nesta fase do Brasil havia muitas chances de trabalhos em empresas brasileiras com obras no exterior como a ferrovia Bagdá-Basra, no Iraque. Porém, a oportunidade de Vertematti chegou aqui mesmo no Brasil. Seu colega de turma na faculdade e engenheiro, Paulo Roberto Aguiar, estava trabalhando na empresa Rhodia S.A e na ocasião ligou pedindo para que ele se candidatasse a uma vaga que surgira no mesmo setor da empresa, a função seria o desenvolvimento técnico e mercadológico de um novo produto chamado Bidim. Na época não existiam os termos geossintético e geotêxtil, e o Bidim era denominado como sendo um tecido não tecido. Como desde criança sempre se mostrou um inovador e desafiador por natureza, decidiu ir atrás desta oportunidade e após cerca de dois meses de testes, provas e exames médicos foi aprovado e se tornou mais um colaborador da Rhodia S.A. A equipe técnico-comercial Bidim era formada por quatro engenheiros recém-formados e contratados: Paulo Roberto Aguiar, Agenor Cremonese,

Luiz Fernando Serra e José Carlos Vertematti. Estava nascendo a era dos geossintéticos no Brasil. Do mês de março de 1975 ao mês de 1985 Vertematti trabalhou na Rhodia, no setor chamado “Atividade Bidim”, atuando sempre como engenheiro técnico-comercial, desenvolvendo as aplicações do geotêxtil Bidim em obras de drenagem profunda, aterros sobre solos moles, reforço de aterros e taludes, drenos verticais, formas têxteis, drenagem em barragens de terra e rejeitos. A partir de 1985 a 1988 foi nomeado como gerente de projetos do CEAG (Centro de Apoio Gerencial) de Goiânia (GO) e de São Paulo, hoje conhecido como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), lá ele trabalhava gerenciando vários programas de desenvolvimento das pequenas e médias indústrias como cursos de formação profissional e consultoria empresarial. Além destas atribuições, Vertematti foi gerente técnico-comercial da empresa Ramalho Comercial de 1989 a 1996, na qual deu continuidade ao desenvolvimento do mercado de geossintéticos, dentro da linha de produtos representados e área de atuação da empresa. Até 1998 foi sócio-gerente da empresa VERAM, onde atuou como diretor-técnico na comercialização de uma vasta linha de produtos geossintéticos para todo o Estado de São Paulo. Outubro de 1998 foi a época em que fundou a JCV Técnicas e Soluções de

Vertematti e sua esposa Ana Maria em Salsalito (EUA) em 1982

Engenharia S/S, empresa que desenvolvia projetos e consultorias nas áreas de engenharia geotécnica e hidráulica. Lá permaneceu 10 anos e paralelamente surgiu a INPROGEO (Indústria de Produtos Geossintéticos) também fundada por ele. A empresa ficou incubada no CIETEC (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas da USP) para desenvolver o produto GCDE (Geocomposto Drenante Extensível), por ele patenteado posteriormente.

Conquistas Sua atuação na Huesker, empresa onde se aposentou neste ano, começou em 2008 como engenheiro de desenvolvimento de aplicações e produtos, cuja função era de aperfeiçoar o segmento de produtos aplicáveis em obras hidráulicas e ambientais. A Huesker, que possui matriz alemã (fundada em 1861), iniciou suas atividades no Brasil em 1998, dando ênfase aos seus produtos utilizados em reforço de solos, principalmente as geogrelhas e os geotêxteis tecidos. “Minha função era desenvolver as aplicações dos geos­sintéticos Huesker para obras de engenharia hidráulica e saneamento, FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 25


Vertematti e sua esposa na Praia Jardim de Alá, Salvador (BA) em 1983

Aniversário do seu filho Gerson. Da esquerda para a direita: Nino (sogro), Ana Maria (esposa), José Carlos Vertematti, Mirtes (sogra), Vicentina (mãe) e José (pai)

Gerson, Wagner, Ana Maria e Vertematti. Ilha Bela (SP) 1985

criando uma nova imagem da empresa e mostrando sua competência neste novo mercado”, explica Vertematti. Na engenharia sanitária, o produto trabalhado foi a geoforma tubular SoilTain DW utilizada para a dessecagem de lodos e lamas em ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto), ETAs (Estações de Tratamento de Água) e ETEIs (Estações de Tratamento de Efluentes Industriais). Já na engenharia hidráulica os produ26 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS

tos mais trabalhados foram as geoformas tubulares SoilTain CP (preenchidas hidraulicamente com areia), as bolsas SoilTain Bag e os colchões Incomat (preenchidos com argamassa ou micro-­ concreto bombeado), todos utilizáveis em obras de controle de erosão de margens e fundo de canais e rios, como também em portos e obras marítimas. Sua atividade na Huesker também consistia em realizar visitas técnicas,

desenvolver estudos e projetos junto a projetistas, consultores, empreiteiras e obras. O cumprimento destes serviços permitiu ao engenheiro viajar para Alemanha, Holanda e praticamente todo o Brasil, a fim de conhecer outras tecnologias na área e aprimorar as técnicas nacionais. Desde fevereiro deste ano ele reativou a empresa JCV, onde está atuando na consultoria de projetos geotécnicos e hidráulicos que envolvam a utilização de produtos geossintéticos. Dono de uma longa carreira, o engenheiro coleciona diversas obras e dentre elas Vertematti possui algumas que lhe renderam mais satisfação. Nos anos de 1981 e 1982, o Projeto Zanzalá, em Cubatão (SP) hoje conhecido como Jardim Nova República foi um dos empreendimentos mais desafiadores, visto que a obra pretendia abrigar todas as famílias que ocupavam a Vila Socó e Vila Parisi, onde o efeito da poluição atmosférica causava sérios danos à saúde dos moradores. Ele conta que quando foi chamado pela primeira vez, a obra estava paralisada, pois as dragas afundavam no mangue e não conseguiam construir os diques de contenção dos aterros hidráulicos. “Não havia solução viável para atender ao cronograma e orçamento da obra. Foi então que desenvolvi o Dique Contínuo de Contenção construído com as geoformas tubulares dotadas de bo-


Formatura do seu filho Wagner em 1996. Da esquerda para a direita: Gerson e Wagner

Gerson e a família. Da esquerda para a direita: Victor (neto), Lorenzo (neto), Daniela (nora) e Gerson (filho)

Produtos desenvolvidos e patenteados por José Carlos Vertematti: •

1981 – Geoforma Tubular também conhecida como “salsichão”. Patente requerida em 1981, quando na Rhodia S.A. A principal característica deste produto é, através do bombeamento hidráulico de uma mistura de água com partículas sólidas (areia, esgoto, efluentes industriais etc.), retirar a água da mistura mantendo as partículas sólidas dentro das geoformas. Os direitos da patente foram cedidos para a Rhodia. 1982 – Dreno Vertical Composto também conhecido como “geodreno”. Patente requerida em 1982, quando também atuava na Rhodia S.A. A principal característica deste produto é que quando cravado verticalmente em um solo mole e compressível, ele drena radialmente a água existente no solo e a conduz verticalmente para fora do solo. Desta forma, o solo fica mais resistente e menos suscetível a recalques. Os direitos da patente foram cedidos para a Rhodia. 1998 – GCDE (Geocomposto Drenante Extensível). Patente requerida em 1998. Sua finalidade é atuar como dreno subsuperficial ou profundo, com custo e cronograma menores que os obtidos normalmente com a utilização de materiais convencionais como tubos, brita e areia. Sua principal característica é ser extremamente leve e compressível, assim como pode aumentar oito vezes seu volume ao ser instalado na vala, quando comparado ao seu volume embalado. 2009 – Forma Têxtil Reutilizável. Patente requerida em 2009. Trata-se de uma geoforma tubular, semelhante à descrita acima, porém com a característica de ser reutilizável (a geoforma tubular original, desenvolvida em 1981 só pode ser utilizada uma vez), reduzindo significativamente os custos para os clientes. Os direitos da patente foram cedidos para a Huesker. 2009 – Capa de Reforço para Formas Têxteis. Patente requerida em 2009. É uma capa que envolve a geoforma tubular lhe conferindo maior resistência mecânica. Desta forma, é possível utilizar geotêxteis menos resistentes para confeccionar as geoformas tubulares, diminuindo seus custos. A capa de reforço pode ser aberta, a geoforma já preenchida pode ser retirada e novos refis (novas geoformas vazias) podem ser utilizados em conjunto com a mesma capa por várias vezes, reduzindo os custos finais. Os direitos da patente foram cedidos para a Huesker.

cais uniformemente espaçados ao longo de seus comprimentos. Foram construídos aproximadamente 4.000 m de diques, com isso a obra foi concluída

e as famílias transferidas. Este projeto rendeu apresentações nos Estados Unidos, permitiu a divulgação desta nova técnica no mundo inteiro e hoje

possui diversos desdobramentos e aperfeiçoamentos”, enfatiza Vertematti. Para ele, outro trabalho notório foi a coordenação do MBG (Manual Brasileiro de FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 27


Geossintéticos), iniciada em 2001, cuja primeira edição foi lançada em outubro de 2004 e contou com a participação de 26 renomados autores brasileiros. Tratava-se de um projeto pioneiro que até hoje contribui para o ensino e formação de novos engenheiros civis. Porém este desafio ainda não acabou. Atualmente, Vertematti está trabalhando na revisão da segunda edição do MBG, que deverá ser impressa até o fim deste ano.

Influências profissionais Utilização da geoforma SoilTain em uma ETE no ano de 2008

Utilização da geoforma SoilTain em uma ETEI no ano de 2013

Teste de preenchimento da geoforma Incomat com argamassa para uso em atracadouro no ano de 2012 28 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS

Em relação aos profissionais que o influenciaram nestes 40 anos de trabalho, ele destaca em ordem cronológica os conselhos e contribuições dos figurantes que sempre estiveram ao seu lado. “O colega, amigo e engenheiro, Paulo Roberto Aguiar que me encaminhou para o mundo dos geossintéticos e sempre foi meu parceiro no desenvolvimento de projetos, obras, palestras, apostilas técnicas, cursos e participação em eventos”, lembra. Ele também se recorda com carinho da principal orientação profissional que teve, concedida pelo engenheiro e gerente da GMI (Gerência de Mercados Industriais) da Rhodia, Luiz Bersou:“As coisas acontecem lá fora, não quero ver cadeiras quentes”. Já o gerente de atividade da Bidim, Ricardo Holthausen, sempre o incentivou e foi decisivo na aprovação da sua viagem para o Congresso Internacional de Geotêxteis em Las Vegas, Estados Unidos, para a apresentação do trabalho técnico “Continuous Retaining Dikes by Means of Geotextiles”. Ele também conta que na sua trajetória teve o apoio e a orientação diversas vezes do maior especialista em geossintéticos do mundo, que atua neste segmento desde 1970, o professor Jean Pierre Giroud. José Carlos Vertematti não poderia deixar de mencionar uma figura muito importante, o engenheiro e diretor da Huesker, Flávio Teixeira Montez, que é seu colega e amigo desde 1990.“Tivemos os primeiros contatos na área de geossintéticos juntos, no ano em que nos conhecemos. Em 2008 fui convidado a me juntar à competente equipe técnica da Huesker, quando me foi dada a chance de desenvolver vários produtos e aplicações na área de engenharia hidráulica”,ressalta. Vindo de uma época onde os termos geotêxtil, geossintético, geoformas,


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Teste de preenchimento subaquático da geo­ forma Incomat com argamassa para uso em fundo de lagoa no ano de 2012

Evento Huesker “Reforzando Alianzas” (América do Sul). Búzios – 2013

estavam surgindo. “A maior prova disso é que o emprego me procurou em vez de eu procurá-lo”.

Projeções futuras

Vertematti fazendo uma homenagem para sua esposa Ana Maria durante sua festa de despedida da Huesker

geo­grelha, geomembrana ainda não existiam no Brasil, ele conta que tanto os engenheiros projetistas como os engenheiros de obras achavam engraçado, inútil e perigoso utilizar um “cobertor” dentro da terra, em uma obra de engenharia, mas ainda sim relembra que teve muita sorte no início de sua carreira, pois se formou num momento em que o mercado de engenharia estava aquecido, como hoje, e novas empresas e produtos

Hoje ao lembrar-se da sua trajetória diz que sempre adorou desafios e a descoberta do novo, e que a atuação em uma área técnico-comercial como engenheiro de pesquisa e desenvolvimento de aplicações lhe caiu como uma luva. Sua satisfação é ter tido a oportunidade de desenvolver novos mercados, novos produtos, novas aplicações, novas invenções e novas publicações. Segundo ele, dois tipos de atitudes contribuíram muito para o desenvolvimento do seu trabalho: a atuação 50% do tempo dentro do escritório e 50% em campo. Ao citar o seu segredo de uma trajetória de sucesso ele esclarece: “Nos contatos com os clientes é necessário escutar mais e falar menos. Além disso, me casei cedo, e este fato me ajudou muito, pois minha esposa Ana Maria sempre me apoiou, desde a faculdade até hoje, atuando nas áreas administrativas, de cobrança e no comercial em todas as empresas e desenvolvimentos que fiz e venho fazendo”. Com uma boa relação familiar nítida, além da sua esposa, seu filho Wagner José formado em TI (Tecnologia da Informação) tem o ajudado muito nas atividades diárias, destravando os computadores, pesquisando os melhores equipamentos e aplicativos de informática, bem como atuando como cadista na elaboração de desenhos técnicos. Seu outro filho, Gerson Luis que presen-

teou Vertematti com dois netos (Victor e Lorenzo), também é formado em TI e sempre o ajudou na elaboração dos textos, figuras e formatação das publicações e trabalhos que desenvolve. Seus dois filhos atualmente estão desenvolvendo um drone (octacóptero) dotado de câmera fotográfica com alta definição de imagem e grande precisão de foco. A finalidade é fotografar a evolução de uma obra ao longo de sua construção. “Não consegui fazer tudo que queria, mas o que fiz foi com total dedicação e empenho”, comenta Vertematti que nos próximos dois anos, com a reativação da JCV pretende atuar na área de consultoria e projetos, sempre ligados à utilização de produtos geossintéticos. “Posteriormente desenvolverei projetos de patentes de produtos que tenho em mente, ligados ao segmento de geossintéticos, equipamentos de escavação, utilidades domésticas e higiene pessoal (por enquanto)”. Ele se mostra otimista com os seus planos e também com o futuro da engenharia, visto que, na última década, o Brasil tem avançado muito em quase todos os setores de atividades, especialmente na engenharia. “O país tem condições de se desenvolver ainda mais, ficando emparelhado tecnicamente com as nações de primeiro mundo (vide nossa indústria aeronáutica e naval). Se conseguirmos estancar a corrupção e priorizar a educação em todos os níveis (como fez e vem fazendo a Coreia do Sul), canalizaremos toda a criatividade e competência para empreendimentos positivos”, finaliza. FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 29


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